21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
II-166 – TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS
PROVENIENTES DA FOSCAÇÃO DE VIDRO, VISANDO O REUSO
Julio Schreier(1)
Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da USP. Aluno de Mestrado da Escola Politécnica
da USP.
Flávia Cristina L. Cammarota(2)
Engenheira Civil pela Escola Politécnica da USP. Aluna de Mestrado da Escola Politécnica
da USP e da University of Surrey, Guilford – Inglaterra.
Márcio José I. Cipriani(3)
Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da USP. Aluno de Mestrado da Escola Politécnica
da USP.
Sidney Seckler Ferreira Filho (4)
Engenheiro Civil pela Escola Politécnica da USP. Professor Assistente Doutor do Departamento de Engenharia
Hidráulica e Sanitária da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo em Regime de Dedicação Integral à
Docência e Pesquisa.
Endereço (1): Av. Professor Almeida Prado, 271 - Prédio de Engenharia Civil. Departamento de Engenharia
Hidráulica e Sanitária - Cidade Universitária - São Paulo - SP - Brasil - CEP: 05508-900 - Tel: (011) 38185396 e-mail: ssffilho@usp.
RESUMO
A constante necessidade pela reutilização de água pelas industrias vem demandando a criação de novas técnicas
de tratamento de efluentes. O custo da água afeta cada vez mais a produção e o efluente gerado nos processos
de fabricação passou a ser vislumbrado como potencial fonte deste recurso. O presente trabalho teve por
propósito avaliar o tratamento do efluente gerado na indústria de foscação de vidro. O efluente tratado possuía
altas concentrações de íons fluoreto (F¯), nitrogênio amoniacal, sólidos dissolvidos totais e baixo pH. O
processo utilizado foi o tratamento físico-químico que mostrou-se eficiente na remoção dos íons fluoreto,
porém gerando um efluente com elevada turbidez. Esta questão foi resolvida com a adição de um polímero
aniônico durante o processo de tratamento que auxiliou na sedimentação do material precipitado. Os resultados
obtidos foram satisfatórios, com remoção de aproximadamente 98% dos íons fluoreto presentes, porém não
atinigindo padrões de potabilidade. O efluente gerado passou então por um tratamento de filtração por
membranas, objeto de outro trabalho desenvolvido a partir dos dados obtidos desta primeira etapa.
PALAVRAS-CHAVE:.Coagulação, floculação, sedimentação, precipitação físico-química, polímero.
INTRODUÇÃO
A água é um bem essencial na sobrevivência dos seres vivos. Durante centenas de anos ela foi considerada um
bem inesgotável e que não precisava de nenhuma forma de conservação e/ou proteção. O desenvolvimento
industrial levou a um crescimento populacional acelerado e áreas antes desabitadas, passaram a ser ocupadas,
gerando um aumento na demanda para o fornecimento de água . Diante deste crescimento populacional uma
maior quantidade de bens passou a ser produzida, com a geração de maior quantidade de resíduos. Parte destes
eram lançados nos corpos d’água sem que houvesse nenhum controle sobre o uso ou a poluição dos mesmos.
Somente há algumas décadas, os governos dos países atentaram para o fato de que a água não era mais um bem
inesgotável e que seu uso deveria ser regulamentado através de legislações. Através desta medida procurou-se
limitar a quantidade de poluentes lançados pelas indústrias, obrigando as mesmas a tratarem seus efluentes
antes do lançamento nos corpos d’água. Porém com o aumento no consumo de água e uma possível escassez da
mesma, o preço para o consumidor final, principalmente para as indústrias, foi aumentado continuamente. A
alternativa adotada para a redução nos custos de produção foi o tratamento da mesma para o reuso. A água
proveniente do processo produtivo passou a ser tratada e reutilizada. Atualmente diversas empresas estão
desenvolvendo processos de tratamento para a reutilização do efluente gerado. Dentro deste contexto foi
realizada uma pesquisa sobre tratamento de efluente industrial.
ABES – Trabalhos Técnicos
1
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
O efluente estudado é gerado no setor de foscação de utensílios e frascos de uma indústria de fabricação e
processamento de vidros. No passado, a foscação de vidros dava-se com operações de jateamento de areia na
superfície dos objetos, visando remover uma fina camada de material. Com o desgaste resultante do processo
de jateamento, o material perdia as características de transparência e rugosidade. Entretanto, a rugosidade final
do objeto apresentava irregularidades pela desigual aplicação do jato, razão pela qual o processo industrial foi
alterado, passando-se a aplicar produtos químicos ácidos na superfície dos mesmos. Com a imersão dos frascos
em ácido, uma fina camada superficial é removida pela corrosão uniforme, obtendo-se melhor qualidade final
da superfície foscada.
Os ácidos utilizados no processo industrial são o ácido fluorídrico (HF) e o difluoreto de amônio (NH4F-HF),
sendo fornecidos em solução aquosa e diluídos antes de serem colocados na câmara. Após o tratamento os
frascos são imersos em um tanque d’água de lavagem para a remoção do excedente de ácido presente na
superfície dos frascos. Dentro deste, introduz-se constantemente água limpa através do jateamento das peças,
que substitui o efluente (água e ácido) descartado no processo. A água resultante da lavagem das peças é a
geradora do efluente em estudo, apresentando altas concentrações de íons fluoreto (F¯), nitrogênio amoniacal,
sólidos dissolvidos totais e baixo pH.
O processo industrial está indicado na Figura 1.
Figura 1 – Representação Esquemática do Processo Industrial
Água
Limpa
Preparação
do Frasco
Imersão em
banho ácido
HF e NH4-HF
Lavagem
dos Frascos
Secagem
em estufa
Efluente
Visando a melhoria do processo industrial, optou-se por realizar um estudo para viabilização da tratabilidade
deste efluente visando o reuso, uma vez que o efluente final apresenta altas concentrações de fluoreto e
nitrogênio amoniacal.
A remoção de fluoreto em efluentes industriais é comumente efetivada por precipitação química através da
adição de cal, possibilitando a formação do fluoreto de cálcio. Como as partículas coloidais de fluoreto de
cálcio apresentam dimensões na faixa de 1 µm a 10 µm, faz-se necessário acelerar a sua remoção da fase líquida
mediante o emprego de auxiliares de coagulação e floculação.
Após este processo, torna-se necessária uma etapa de micro-filtração para redução da concentração dos íons
fluoreto remanescentes e dos sólidos dissolvidos totais do efluente, para que este possa vir a ser reutilizado.
Outra etapa necessária é a passagem da amostra através de resinas de troca iônica para remoção de possíveis
moléculas de Cálcio que ainda não tenham sido removidas. A presença destas moléculas na amostra podem
comprometer o sistema de tratamento precipitando-se na superfície das membranas e obstruindo os seus poros.
Após estas etapas de polimento as amostras passam por um processo de osmose reversa, gerando um efluente
próprio para ser reutilizado no processo industrial, conforme indicado na Figura 2.
2
ABES – Trabalhos Técnicos
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
Figura 2 – Fluxograma do tratamento visando o Reuso.
Polímero
Ca(OH)2
Correção de pH
Remoção do
FCoagulação/Floculação
Sedimentação
Microfiltração
Resinas de
Troca Iônica
Osmose
Reversa
Reuso
O escopo desta pesquisa foi o tratamento físico-químico que teve continuidade em outro trabalho que utilizouse do material resultante deste processo para gerar um efluente que pudesse ser reutilizado pela indústria. Esta
pesquisa teve por objetivo otimizar esta forma de tratamento através da utilização de um processo de membrana
por osmose reversa. A pesquisa mencionada intitula-se Tratamento de Águas Residuárias Provenientes de
Indústria de Vidro por Processo de Membrana, Visando o Reuso, também publicada nos Anais deste
congresso sob a sigla II-168.
MATERIAIS E MÉTODOS
A coleta de amostras foi efetuada com o auxílio de uma bomba hidráulica manual diretamente no tanque de
lavagem de frascos. O efluente foi acondicionado em bombonas de 20 litros, perfazendo um total de 80 litros
coletados por visita à indústria.
O efluente foi posteriormente disposto em uma caixa de volume igual a 130 litros para homogeneização da
amostra. A seguir, foram tomadas alíquotas para a sua caracterização físico-química. Os parâmetros analisados
foram: fluoretos, nitrogênio amoniacal, turbidez, pH, dureza, série de sólidos. Os valores destes parâmetros
encontrados nas amostras analisadas estão indicados na tabela 1.
Tabela 1 - Valores médios, mínimos e máximos resultantes da caracterização do efluente.
Parâmetro
Médio
Mínimo
Máximo
850
480
1500
Fluoretos (mg/l)
196
128
247
Nitrogênio Amoniacal (mg/l)
13,2
7,1
21,5
Turbidez (UNT)
3,02
3,96
pH
Série de Sólidos
94
5
213
Sólidos Suspensos Totais (SST) (mg/l)
82
3
182
Sólidos Suspensos Fixos (SSF) (mg/l)
12
2
31
Sólidos Suspensos Voláteis (SSV) (mg/l)
195
144
366
Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) (mg/l)
187
138
356
Sólidos Dissolvidos Fixos (SDF) (mg/l)
8
6
10
Sólidos Dissolvidos Voláteis (SDV) (mg/l)
Realizados os ensaios de caracterização pôde-se determinar a quantidade de produtos químicos necessários para
a remoção do fluoreto.
O produto químico escolhido para a remoção do fluoreto por processo físico-químico foi o cálcio. Este pode
ser empregado na forma de cal virgem (CaO) ou hidratada (Ca(OH)2). As soluções utilizadas foram preparadas
em concentrações iguais a 20 g/l.
ABES – Trabalhos Técnicos
3
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A avaliação das alternativas de precipitação química foram analisadas através da execução de ensaios de JARTEST. Estes foram executados com volume de amostra igual a 1,5 litros por jarro. Para cada ensaio executado
foi fixada uma dosagem de cálcio e variado o pH dos jarros. Este procedimento teve por objetivo avaliar a
influência do pH no tratamento fisico-químico.
Numa segunda fase de ensaios procurou-se alternativas de engenharia que permitissem aumentar a velocidade
de sedimentação do CaF 2, visto que grande parte dos cristais precipitados ainda ficava em suspensão após um
tempo de sedimentação pré-fixado. Deste modo, foi considerada a adição de um polímero como alternativa de
tratamento. Foram selecionados diferentes polímeros a serem testados, sendo esta escolha efetuada em conjunto
com o fabricante (BETZDEARBORN).
Foram realizados ensaios de Jar Test com concentrações de Ca(OH)2 acima da estequiometria, combinando-se
com polímeros catiônicos ou aniônicos, ambos de alto peso molecular. A Tabela 2 apresenta um resumo dos
ensaios de Jar Test executados.
Tabela 2 – Resumo dos ensaios de Precipitação Química (Jar Test)
Ensaio
Ca(OH)2
Polímero
pH
1
Sim
Não
Variável
2
Sim
Não
Variável
3
Sim
Não
Variável
4
Sim
Não
Variável
5
Sim
Não
Variável
6
Sim
Não
Variável
7
Sim
Não
Variável
8
Sim
Não
Variável
9
Sim
Não
Variável
10
Sim
Não
Variável
11
Sim
Não
Variável
12
Sim
Não
Variável
13
Sim
Sim - F11 (Aniônico)
Fixo – 11,8
14
Sim
Sim – ANP 1099 (Aniônico)
Fixo – 11,8
15
Sim
Sim – CE 2666 (Catiônico)
Fixo – 11,8
16
Sim
Sim – CP 1604 (Catiônico)
Fixo – 11,8
17
Sim
Sim - ANP 1099 (Aniônico)
Fixo – 12,0
18
Sim
Sim - CE 2666 (Catiônico)
Fixo – 12,0
19
Sim
Sim - ANP 1099 (Aniônico)
Fixo – 11,8
20
Sim
Sim - CP 1604 (Catiônico)
Fixo – 12,0
21
Sim
Sim - CE 2666 (Catiônico)
Fixo – 12,0
APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
CARACTERIZAÇÃO DO EFLUENTE
A Tabela 3 apresenta os valores médios, mínimos e máximos referentes à caracterização do efluente industrial
proveniente da etapa de foscação de vidros.
4
ABES – Trabalhos Técnicos
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
Tabela 3 - Valores médios, mínimos e máximos resultantes da caracterização do efluente.
Parâmetro
Médio
Mínimo
Máximo
Fluoretos (mg/l)
850
480
1500
Nitrogênio Amoniacal (mg/l)
196
128
247
Turbidez (UNT)
13,2
7,1
21,5
pH
-------3,02
3,96
Série de Sólidos
SST (mg/l)
94
5
213
SSF (mg/l)
82
3
182
SSV (mg/l)
12
2
31
SDT (mg/l)
195
144
366
SDF (mg/l)
187
138
356
SDV (mg/l)
8
6
10
TRATAMENTO FÍSICO-QUÍMICO – DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS
As análises de caracterização do efluente coletado apresentaram alta concentração de íons fluoreto e de
nitrogênio amoniacal nas amostras, dependendo do tipo de frasco a ser fosqueado e da sua quantidade na
esteira.
A técnica adotada para a remoção dos íons fluoreto foi o da precipitação físico-química com cálcio.
Primeiramente, foram executadas baterias de ensaios de JAR-TEST com adição de diferentes quantidades de
Ca(OH)2. O índice de remoção de íons fluoreto foi muito variável, dependendo das concentrações de Ca(OH)2
adicionadas e da faixa de pH adotada. As Figuras 3 e 4 apresentam a comparação da eficiência na remoção dos
íons fluoreto com as diferentes faixas de pH adotadas e as diferentes concentrações de Ca(OH)2.
1600
Concentração de íons fluoreto (mg/l)
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
2
4
6
15%
pH
35%
65%
8
10
12
Concentração inicial de fluoretos = 1300 mg/l
100%
135%
200%
Porcentagem da dosagem estequiométrica de Ca(OH) 2 para precipitação da concentração de íons fluoreto
Figura 3 - Variação da Remoção de íons fluoreto em função da variação do pH e da
concentração de Ca(OH)2
ABES – Trabalhos Técnicos
5
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
1200
Concentração de íons fluoreto (mg/l)
1000
800
600
400
200
0
2
4
6
35%
pH
50%
65%
8
10
12
Concentração inicial de fluoretos = 1112 mg/l
100%
165%
200%
Porcentagem da dodagem estequiométrica de Ca(OH) 2 para precipitação da concentração de íons fluoreto
Figura 4 - Variação da Remoção de íons fluoreto em função da variação do pH e da
concentração de Ca(OH)2
Através da análise destas Figuras verificou-se que o pH não tem influência na remoção dos íons fluoreto.
Somente a variação da concentração de Ca(OH)2 modificou a eficiência do processo.
As concentrações de Ca(OH)2 adicionadas acima da quantidade estequiométrica mostraram-se mais eficientes
na remoção de íons fluoreto; porém, isso gerou um aumento da turbidez no efluente tratado, conforme
apresentado na Figura 5.
400
350
Turbidez (UNT)
300
250
200
150
100
50
0
6
7
8
9
pH
10
11
12
13
Concentração inicial de fluoretos = 1112 mg/l
165%
200%
Porcentagem da dosagem estequiométrica de Ca(OH)2 para precipitação da concentração de íons fluoreto
Figura 5 - Turbidez no efluente tratado
6
ABES – Trabalhos Técnicos
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
Esta turbidez era causada pelo precipitado de fluoreto de cálcio não sedimentado. Uma das hipóteses
formuladas para explicar a não sedimentabilidade dos flocos de fluoreto de cálcio está relacionada à sua carga
elétrica, o que pôde ser verificado através da determinação do seu potencial zeta.
A alternativa encontrada para a neutralização das cargas superficiais dos cristais de fluoreto de cálcio foi a
utilização de polímeros.
Para tanto, foram empregados polímeros aniônicos, não-iônicos e catiônicos indicados na Tabela 4, em
diferentes concentrações com a finalidade de avaliar a sua eficiência.
Tabela 4 - Polímeros utilizados nos ensaios de Jar-Test
Polímero
Tipo
F-11
Aniônico
ANP-1099
Aniônico
CE-2666
Catiônico
CP-1604
Catiônico
As Figuras 6 e 7 apresentam os resultados de íons fluoreto e turbidez no sobrenadante em função do tipo e
dosagem do polímero.
30
Concentração de íons fluoreto (mg/l)
25
20
15
10
5
0
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
Concentração de polímero (mg/l)
F-11
ANP-1099
CE-2666
CP-1604
30,00
35,00
Dados iniciais:
pH=11,8
fluoretos = 500 mg/l
Relação estequiométrica 200%
Figura 6 - Variação da Concentração de íons fluoreto em função da concentração de
polímero
ABES – Trabalhos Técnicos
7
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
35
30
Turbidez (UNT)
25
20
15
10
5
0
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
Concentração de polímero (mg/l)
F-11
ANP-1099
CE-2666
30,00
35,00
Dados iniciais:
pH=11,8
fluoretos = 500 mg/l
Relação estequiométrica 200%
CP-1604
Figura 7 - Variação da Turbidez em função da concentração de polímero
Conforme pode ser observado, altas concentrações de polímeros foram eficientes em todos os casos, pois o
princípio de precipitação foi o de arraste por peso molecular. Procurou-se, então, diminuir as suas dosagens,
tendo por objetivo reduzir custos relativos à sua aquisição.
Nesta etapa, os polímeros catiônicos e os não-iônicos mostraram-se de baixa eficiência, sendo escolhidos os
polímeros aniônicos.
A eficiência de cada polímero aplicado com baixa dosagem está apresentada nas Figuras 8 e 9.
40
Concentração de íons fluoreto (mg/l)
35
30
25
20
15
10
5
0
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Concentração de polímero (mg/l)
ANP-1099
CE-2666
ANP-1099
CP-1604
CE-2666
7,00
8,00
Dados iniciais:
fluoretos = 660 mg/l
Relação estequiométrica 200%
Figura 8 - Variação da Concentração de íons fluoreto em função da concentração de
polímero
8
ABES – Trabalhos Técnicos
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
400
350
Turbidez (UNT)
300
250
200
150
100
50
0
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
Concentração de polímero (mg/l)
ANP-1099
CE-2666
ANP-1099
CP-1604
CE-2666
7,00
8,00
Dados iniciais:
fluoretos = 660 mg/l
Relação estequiométrica 200%
Figura 9 - Variação da Turbidez em função da concentração de polímero
Conforme pode ser observado um grupo de polímeros teve melhor desempenho na redução da turbidez presente
na amostra. A partir dos dados qualitativos obtidos através da análise das Figuras 8 e 9 optou-se pela utilização
de polímeros aniônicos. Selecionada a categoria de polímeros executou-se uma nova bateria de ensaios de JARTEST com diferentes concentrações destes polímeros para determinar o mais eficiente.
Ao final desta etapa verificou-se que o polímero ANP-1099 foi o mais eficiente dos polímeros aniônicos pelo
fato deste ter proporcionado um sobrenadante de baixa turbidez e flocos com alta velocidade de sedimentação.
As Tabelas 5 e 6 apresentam os resultados de ensaios de JAR-TEST ambos com volume de Ca(OH)2
correspondente a aproximadamente 200% da estequiometria. A primeira apresenta a remoção de fluoretos pela
precipitação com utilização de hidróxido de cálcio e a segunda apresenta a remoção de fluoretos pela
precipitação com utilização de hidróxido de cálcio combinado com a adição do polímero ANP-1099.
Tabela 5 – Remoção de fluoretos através da adição de hidróxido de cálcio
Jarro
1
2
3
4
5
Vol HCl (6N) (ml)
4
9
11,5
13
Turbidez (UNT)
322
378
190
280
254
pH
11,5
10,15
8,64
8,42
7,91
Fluoretos (mg/l)
19,4
21,5
39,8
15,3
11,4
Dureza (mg/l CaCO3)
150
1000
600
1200
1300
Concentração de
4000
4000
4000
4000
4000
Ca(OH)2 (mg/l)
ABES – Trabalhos Técnicos
6
13,5
211
7,56
10,9
1500
4000
9
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
Tabela 6 – Remoção de fluoretos através da adição de hidróxido de cálcio combinado com polímero
Jarro
1
2
3
4
5
6
Concentração de
2,0
2,5
3,0
4,0
5,0
6,0
polímero (mg/l)
Turbidez (UNT)
14,0
12,6
15,7
10,7
11,4
10,1
pH
11,14
11,74
11,90
11,66
11,84
11,71
Fluoretos (mg/l)
21
16
13
15
14
14
Dureza (mg/l CaCO3)
120
400
580
500
620
600
Concentração de
2467
2467
2467
2467
2467
2467
Ca(OH)2 (mg/l)
Analisando-se as tabelas anteriores, pode-se observar que a remoção de fluoretos foi eficiente em ambos os
casos. Porém no ensaio que foi utilizado somente o Ca(OH)2, a turbidez apresentou-se mais elevada do que no
ensaio com utilização de polímeros. Portanto a utilização do polímero mais apropriado, além de reduzir a
turbidez do produto final, reduziu consideravelmente a dureza das amostras.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados experimentais obtidos, pôde-se concluir que:
• A redução dos íons fluoreto da amostra chegou próxima à exigida pela legislação ambiental.
• No entanto apenas a utilização de Ca(OH)2, embora proporcionasse uma ótima remoção dos íons fluoreto,
•
•
•
•
•
•
•
•
•
não permitiu boa sedimentabilidade dos cristais previamente formados.
Com respeito à escolha dos polímeros, pode-se afirmar que todos foram eficientes em altas concentrações;
porém, diminuindo-se as mesmas foi possível detectar os mecanismos de atuação na neutralização das
cargas elétricas.
A solução em suspensão somente foi neutralizada por polímero aniônico, pois as partículas encontravamse carregadas positivamente.
A escolha do polímero foi essencial na redução da turbidez do sobrenadante.
A remoção de íons fluoreto do efluente é de elevada importância para que a indústria possa reutilizar o
efluente, porém outras providências de ordem prática poderiam ser adotadas para a redução do consumo
de água.
A redução da quantidade de bicos para aspersão de água, pois estes apresentam-se em excesso.
A adoção de bicos menores, de menor vazão, porém com jatos mais espalhados.
Otimização da programação das máquinas. Não devendo ser operadas em vazio, ou seja, sem a passagem
de frascos.
Controle do fluxo de água, com o seu desligamento durante as pausas para alimentação e descanso dos
funcionários.
Manutenção preventiva das máquinas, resultando na redução dos custos de produção, pois estas possuíam
vários pontos de vazamento.
Estas medidas de ordem prática ajudariam a reduzir o custo de operação do sistema e a redução da emissão de
efluente.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer a todas as pessoas que tornaram possível esta pesquisa em especial à:
• CNPq que tornou possível a realização desta pesquisa através da concessão de bolsa de auxílio a pesquisa
PIBIC;
• BEATZDEARBORN através da pessoa do engenheiro Juan Pascual Iglesias que forneceu gentilmente os
polímeros utilizados na pesquisa e que sempre esteve disponível para esclarecimento de quaisquer dúvidas
técnicas e
10
ABES – Trabalhos Técnicos
21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental
•
Prof. Sidney Seckler Ferreira Filho da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo que se empenhou
em ajudar no desenvolvimento desta pesquisa e prover todo o respaldo técnico e científico para o sucesso e
conclusão da mesma.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
2.
3.
4.
BRAILE, P.M. e CAVALCANTI, J.E.W.A. “Manual de Tratamento de Águas Residuárias Industriais”;
SAWYER, C.N. e McCARTY, P.L. “Chemistry for Environmental Engineering”.
SCHREIER, J, CAMMAROTA, F. C. L., CIPRIANI, M.J.I. e FILHO, S. S. F. “Tratamento Físico-Químico
de Águas Residuárias Provenientes da Foscação de Vidro, Visando o Reuso”. 7º Simpósio de Iniciação
Científica – CNPq, 1999.
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ABES – Trabalhos Técnicos
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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e