Anemia infecciosa eqüina - Comentário sobre a epidemiologia e controle
EDSON DE FARIA 1
JOSÉ ROBERTO PINHO DE ANDRADE LIMA 2
EsAEx – Escola de Administração do Exército, Rua Terrritório do Amapá, Nº 455, Pituba, Salvador, Brasil
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[email protected] 2
Resumo. Este trabalho aborda o aspecto epidemiológico acerca da anemia infecciosa eqüina, bem
como o mecanismo de controle da mesma, com a finalidade de monitorar sua incidência e traçar
medidas de controle nos quartéis onde há criação de eqüinos. Foram utilizados estudos bibliográficos
a respeito do assunto. Porém, constatou-se a dificuldade de se compilar os dados nacionalmente .
Palavras-chaves:anemia, equino
Abstract. This work is about the epidemic aspect of equine infections anemia, as well as its control
mecanism, in order to monitor its incidence and to trace control measures in the quaters where there
is equine creation. Bibliographical studies about tjhis subjects were made. How ever, it was difficult
to gether data nationally.
Key words.anemia, equine
:
1. Introdução
Conhecida também como febre dos pântanos
("swamp fever"), porque nas áreas pantanosas a
população de insetos hematófagos é muito grande e
os animais ficam mais expostos à contaminação, a
Anemia Infecciosa Eqüina (AIE) é uma doença
essencialmente crônica, embora possa se apresentar
em fases hiperaguda, aguda e subaguda. A
sintomatologia caracteriza-se por episódios febris,
perda de peso, debilidade progressiva, icterícia das
mucosas, edemas subcutâneos e anemia.
O interesse pelo estudo dessa afecção surgiu da
necessidade de monitorar sua incidência nos
territórios de cria de eqüinos pelo Exército brasileiro.
Ressalte-se a dificuldade de obtenção de dados, tanto
no Ministério da Saúde, como no Ministério da
Agricultura no sentido de apresentar dados os mais
atualizados possíveis, sendo objetivo deste trabalho
comentar acerca da epidemiologia da doença, bem
como o que vem sendo feito para controla-la.
Conforme os estudos de Carvalho Jr (1998), no
Brasil, a existência da doença, foi admitida em 1952,
em São Paulo. Porém só em 1967 ela foi oficialmente
reconhecida através de lesões anatomo-patológicas de
animal necropsiado no Jockey Clube do Rio de
Janeiro.
Em 1976, um surto de grandes proporções
ocorreu na região do pantanal mato-grossense. Sendo
uma área predisponente à população de vetores
hematófagos, um grande número de eqüídeos foi
dizimado pela AIE, acreditando-se que outras
doenças típicas da região estivessem associadas com
anemia infecciosa, enfraquecendo ainda mais o
estado geral dos animais, advindo então a morte.
No Brasil, devido às peculiaridades semelhantes
entre o vírus da AIE e o da AIDS, a doença é também
conhecida como "AIDS do cavalo", especialmente
nas regiões sul e sudeste.(CARVALHO,1998).
2.Desenvolvimento
2.1 Considerações iniciais
Preliminarmente é importante definir sinteticamente a
doença ora estudada - a anemia Infecciosa Eqüina
(A.I.E.) é uma afecção cosmopolita dos eqüinos,
causada por um RNA-vírus da família Retroviridae ,
subfamília Lentavirinae, gênero Lentivírus, mede em
torno de 90-200 nm e tem um envelope que envolve a
área central; é muito resistente, sobrevivendo por
várias horas quando exposto à luz solar e por, pelo
menos, 15 minutos, quando fervido (Corrêa &
Corrêa, 1992).
2.2- Etiologia
Segundo o que ensina Carvalho (1998) a etiologia
viral foi estabelecida no início do presente século por
dois pesquisadores, que demonstraram que o agente
era infeccioso e filtrável. Em 1961, KOBAYASHI
realizou estudos da propagação viral "in vitro",
logrando êxito nas culturas de medula óssea e de
leucócitos. Os trabalhos de Kobayashi foram a base
para propagação viral "in vitro". O vírus RNA da
AIE tem uma estreita afinidade com o vírus da
imunodeficiência humana (HIV), verificada através
de análises antigênicas e genéticas. A reatividade
sorológica cruzada entre o vírus da AIE e o da
imunodeficiência humana tem sido documentada. As
lentiviroses induzem infecções persistentes em seus
hospedeiros naturais, lançando substanciais desafios
para o desenvolvimento do imunógeno. O vírus sofre
mutação antigênica logo após sua entrada no
organismo do animal, provocando a formação de
novas variantes e impossibilitando qualquer
tratamento ou vacinação, como ocorre na síndrome
da imunodeficiência adquirida, AIDS. As partículas
virais mostram considerável pleomorfismo, embora a
maioria delas seja esférica com diâmetros entre 50 a
200 nm e possuindo um envelope de 7 a 9 nm de
espessura.
O vírus é resistente à tripsina porém sensível ao
éter; tem comportamento alterado quando submetido
a pHs ácidos ou alcalinos; é muito estável a baixas
temperaturas, podendo ser estocado a -200C por
longos anos sem perder sua infectividade. É inativado
quando submetido a 56° C por 60 minutos; exposto à
luz solar durante 30 a 60 minutos, é destruído. O
núcleo contém a enzima transcriptase reversa. O vírus
da AIE se propaga mais lentamente que os demais e
para sua multiplicação depende da síntese do DNA.
Morfologicamente é muito semelhante ao vírus da
"visna". Um mesmo animal pode albergar duas
variantes
do
vírus
em
seu
organismo,
concomitantemente. Há uma variedade grande de
variantes e elas são antigenicamente diferentes entre
si. Essa variação antigênica representa o maior
obstáculo ao desenvolvimento de vacinas. Várias
tentativas nesse sentido foram e vêm sendo
realizadas, sem contudo se lograr o êxito desejado.
A persistência do vírus nos cavalos infectados
pode ser explicada de várias maneiras: o vírus pode
ser estranho em seu comportamento físico e químico;
se multiplicar intracelularmente onde não é atingido
pelos anticorpos neutralizantes; ser infectante e
alterar a imunocompetência celular; os anticorpos
dirigidos contra o vírus são raros e ineficientes; uma
ou duas dessas possibilidades podem se combinar e
atuar conjuntamente. A anemia é característica
fundamental da AIE e é o resultado de dois
mecanismos gerais, sendo o mais importante a
hemólise intra e extravascular mediada por
mecanismos imunológicos.
Na patologia desta doença não só o agente causa
depressão da medula óssea hematopoética e
diminuição da duração normal das hemácias
circulantes, como também a doença desencadeia
fenômenos de imunopatologia. Anticorpos aderem
aos glóbulos vermelhos, sensibilizando-os e então há
fixação de C' 3 e talvez outras frações do
complemento e conseqüente hemólise intra e
extravascular. A intermitência de sintomas deve-se a
que o vírus continua a multiplicar-se no interior das
células do reticulo-endotelial em ritmo lento, quando
há alto nível de anticorpos.
O cavalo doente é o principal elo na cadeia
epidemiológica. O eqüinos são os únicos animais
suscetíveis ao vírus da AIE e não há contágio direto
de um animal a outro. Estudos epidemiológicos têm
demonstrado que os vetores naturais envolvidos são
os Dípteros, incluindo-se a mosca dos estábulos
(stomoxys calcitrans) e a mosca do cavalo (Tabanus
sp). Ambos caracterizam-se pela hematofagia e
telmofagia em conseqüência à picada dolorida que
conduz o cavalo a defender-se dos vetores.
O vírus no aparelho bucal da mosca do cavalo
perde a infectividade antes de 4 horas.
Uma barreira espacial em torno de 200 metros
entre os animais positivos e os negativos pode reduzir
a probabilidade de transmissão. Entretanto, tal
distância poderia ser facilmente transposta pelos
vetores carreados por ventos fortes. Há indícios de
que os tabanídeos voltem a se alimentar no mesmo
cavalo quando a distância entre os mesmos é maior
que 36 metros. A transmissão pode ocorrer
artificialmente, através de material cirúrgico
infectado, como agulhas hipodérmicas, sonda
esofagiana, trocater e, ainda, aparadores de casco,
arreios, esporas e outros fomites contaminados. A
esterilização de todo material utilizado nos eqüinos é
muito importante, haja vista que o vírus resiste á
560C por 60 minutos. O homem atua na transmissão e
disseminação da doença por diversas maneiras:
quando
agulhas
não
utiliza
hipodérmicas
descartáveis, por ocasião da colheita de material de
vários animais para fins de diagnóstico; quando por
razões econômicas ou sentimentais não permite o
sacrifício de seu animal infectado, pondo em risco
seu próprio plantel e rebanhos de propriedades
adjacentes.
É muito comum a transmissão da égua para o
potro; se a égua estiver clinicamente doente, ela
poderá infectar o potro de duas maneiras: intrauterinamente, transferindo o vírus para o feto, ou
logo após o nascimento, através do colostro.
Entretanto, pode ocorrer que a égua passe para o
potro somente anticorpos pelo colostro.
O grande temor dos criadores e proprietários é
encontrar um garanhão infectado. O animal desse
porte exige intensos cuidados, haja vista representar
um grande investimento. A possibilidade dele se
infectar ocorre ainda quando é jovem, misturado com
outros cavalos. O garanhão, no momento da
cobertura pode transmitir a anemia infecciosa se
estiver numa fase de viremia, isto é, quando há uma
exacerbação do vírus no organismo do animal e
grande quantidade de vírus no sêmen. Se estiver
numa fase crônica, será difícil ocorrer a transmissão.
O período de incubação da anemia infecciosa é
variável e depende da dose infectante com que o
animal se infectou; pode ser de 3 a 70 dias, porém a
média é de 15 a 20 dias. Uma vez infectado, o cavalo
torna-se um portador permanente da AIE,
independente da ausência ou severidade dos
sintomas, passando a ser um foco em potencial, e por
isto deve ser eliminado.
A anemia infecciosa eqüina é hoje diagnosticada
pela prova de imunodifusão em gel de ágar,
específica para o vírus da doença, conhecida
mundialmente como "teste de Coggins".
O transporte e a movimentação de eqüinos ficam
condicionados à obtenção do atestado negativo do
"teste
de
Coggins".
Somente
laboratórios
credenciados pelo Ministério da Agricultura e
Abastecimento é estão autorizados a emitir estes
atestados. Para fins de viagens, ingresso em
exposições e similares, o atestado válido por 60 dias.
Para as entidades controladas como sociedades
hípicas, jockey- clubes e afins, a validade é de 180
dias. Embora o "teste de Coggins" seja reconhecido
como de alta sensibilidade e especificidade, pode
algumas vezes apresentar resultados equivocados,
especialmente pela leitura e interpretação subjetivas
do médico veterinário habilitado.
O imunosorbente ligado a enzimas competitivas
(C-ELISA), é um teste imunoenzimático, rápido e
sensível, porém menos específico, e apresenta como
vantagens leitura e interpretação após duas horas,
permitindo a realização de um grande número de
testes, principalmente a nível de campo, com a
finalidade de levantamentos sorológicos.
3. Defesa Sanitária
A AIE apresenta sérias implicações produtivas,
comerciais e políticas como perda de peso e morte
dos animais, prejuízo na capacidade de trabalho,
diminuição do valor de mercado dos animais. O
Brasil, visando o combate, criou em 1979, a
Comissão Nacional de Anemia Infecciosa Eqüina
(CECAIE). Segundo essa comissão, em cada unidade
da Federação, o combate seria feito através da
Comissão Estadual da Anemia Infecciosa Eqüina.
É importante ressaltar, que existe hoje um
comércio clandestino de animais, praticado por
ciganos, e evidenciado pelos responsáveis técnicos
dos laboratórios e por nosso pessoal regional,
principalmente nas regiões do Norte, Nordeste,
Noroeste e Centro-oeste. Neste sentido, as normas
restritivas
referentes
à
obrigatoriedade
de
apresentação de exame negativo para AIE, para o
trânsito interestadual e participação em eventos
oficiais (Exposições, Feiras, Rodeios, etc.), não são
por si só, barreiras sanitárias suficientes para impedir
a expansão dos focos da doença para outras regiões
dentro do Estado. Daí a urgência em implementar
ações mais efetivas no controle desta infecção.
3.1 - Dados estatísticos regionais
A legislação brasileira de saúde animal considera a
anemia infecciosa eqüina como de notificação
obrigatória, devendo o médico veterinário comunicar
aos órgãos de Defesa Sanitária Animal qualquer
eqüíno positivo para essa enfermidade. No entanto,
nota-se a dificuldade na obtenção de dados
atualizados, junto aos órgãos governamentais.
Através de dados obtidos junto à Secretaria
Nacional de Defesa Agropecuária, do Ministério da
Agricultura e Abastecimento, foi possível realizar
uma estimativa da incidência da AIE no período de
1974 a 1993, nas cinco regiões brasileiras. O rebanho
eqüídeo, até 1991, com dados fornecidos pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, era de
9.615.845 cabeças. Nesses 20 anos, 3.553.626
animais foram testados, obtendo-se 2,64% de
positivos, sendo que 8,47% foram sacrificados.
Verificou-se que as regiões sul e sudeste realizaram
mais de 50% do número total de eqüinos examinados,
demonstrando que criadores e proprietários eram
mais sensíveis quanto aos perigos da alarmante
propagação da AIE em suas propriedades. O
resultado obtido demonstrou a distribuição da doença
nas regiões do Brasil:
NORTE 11,51%,
NORDESTE 3,36%,
CENTRO OESTE 8%,
SUDESTE 0,43%,
SUL 0,32%.
3.2 - Epidemiologia da AIE em Minas Gerais
Devido a dificuldade encontrada em se descrever um
panorama da situação epidemiológica da AIE em
todos os estados do Brasil,, transcrevemos aqui a
situação do Programa Nacional de Controle da
Anemia Infecciosa Eqüina desenvolvida pelo Serviço
de Sanidade Animal em Minas Gerais – 2000.
Segundo o Relatório de AIE produzido pelo SSAMG a prevalência de animais positivos foi
respectivamente de 0,29 % e 0,24 % no biênio 19981999, em um universo de 28.530 soros testados pela
prova de IDGA. No período de janeiro a outubro de
2000, em um total de 18.173 soros examinados, 56
foram positivos, representando uma prevalência de
0,31% de animais reativos ou positivos, mostrando
que quadro epidemiológico da AIE em Minas
permaneceu sem grandes alterações. Alterações mais
acentuadas no quadro epidemiológico são observadas
quando comparamos os resultados obtidos para o
período de 1973 - 1991, mostrando prevalência de
4.25% em um universo de 61.558 soros testados
(Bevilacqua, 1993).
O programa desenvolvido pelo grupo de trabalho
do SSA-DFA-MG mantém como atividades de rotina
a produção de relatórios epidemiológicos mensais
através dos relatórios de resultados de exames
enviados pelos laboratórios credenciados, orientação
técnica aos veterinários de campo em caso de foco
(Portaria 77, de 28/09/92), bem como fiscalização e
monitoramento de laboratórios credenciados, em
conjunto com o LARA/PL.
A rede de laboratórios credenciados, após intenso
trabalho de recadastramento realizado nos anos de
1998-1999, encontra-se em conformidade com a
legislação vigente (Portaria 84, de 19/10/92). Foi
essencialmente devido a esse trabalho de nivelamento
básico da rede de laboratórios de AIE, desenvolvido
e implementado pelas técnicas Doriléia O. Resende e
Solange Olinda, e eleito pela Coordenação Geral de
Laboratórios em Brasília como referência nacional,
que é possível hoje, realizarmos um monitoramento
mais específico, envolvendo os técnicos do SSA-MG
lotados em nossas regionais, que também estão sendo
treinados para o exercício desta atividade.
A CECAIE-MG, o mais importante instrumento
de normatização e gerenciamento ao combate da
AIE, encontra-se desativada. O estabelecimento de
normas internas de atuação da CECAIE para o
Estado de Minas Gerais é de vital importância para
que possamos levar a termo uma política sanitária de
controle da infecção no Estado. É praticamente
impossível disciplinar procedimentos de conduta
ética veterinária e estabelecer normas e metas de
controle para AIE, que determinem confiabilidade ao
sistema Diagnóstico – Defesa Sanitária, sem a
participação efetiva de todos os seguimentos
envolvidos com este problema, ou seja: órgão
responsável pela sanidade animal em Minas (IMA),
Serviço de Sanidade Animal (SSA-MG), Conselho
Regional de Medicina Veterinária, Associação de
Criadores de Cavalos, LARA/PL e Laboratórios de
AIE credenciados, além de veterinários e
proprietários em nível de campo.
Até o momento, não existe uma definição por
parte das autoridades competentes sobre normas e
procedimentos legais para atuação em focos, ficando
a critério do proprietário a definição sobre a conduta
a tomar. Neste sentido, mesmo quando por iniciativa
própria há concordância do proprietário com o
sacrifício dos animais reativos, nós não podemos
afirmar que ocorreu necessariamente a remoção de
um foco da doença. Isso porque, não há nenhuma
norma legal, que determine a obrigatoriedade de
testar todo o rebanho eqüino na área de foco e
perifoco. Dessa forma, não há meios legais, que
possibilitem a geração de informações mais precisas
e agilização recursos técnico-finaceiro, necessários à
fundamentação e implementação de ações sanitárias
de controle dos focos.
4. Medidas profiláticas de controle
Conforme Carvalho (1998) o animal infectado é o
principal elemento na disseminação, e sua
identificação no "teste de Coggins" é o ponto de
partida para qualquer medida profilática. O animal
deve ser isolado, impedindo-se sua movimentação e,
posteriormente,
sacrificado.
Outros
fatores
contribuem para o alastramento da AIE:
concentrações de animais, como em cavalgadas,
enduros, romarias, onde a maioria de animais não foi
testada laboratorialmente. Tropas de rodeio se
deslocam de uma cidade para outra e se desviam da
fiscalização, mantendo muitas vezes animais
contaminados em sua tropa. Toda vez que for
detectado um foco em uma propriedade, ela é
interditada até que todos os animais sejam
examinados pelo teste sorológico. Simultaneamente,
animais de propriedades vizinhas (perifoco) deverão
ser examinados. Na situação em que o proprietário
não permitir que o animal seja sacrificado, a
propriedade
ficará
interditada
por
tempo
indeterminado e o responsável estará sujeito a
sanções referentes aos infratores das normas de
Defesa Sanitária Animal, estabelecidas no Código
Penal Brasileiro.
Algumas recomendações para a prevenção da
doença se fazem necessárias: não permitir a entrada e
permanência de eqüinos estranhos na propriedade,
mesmo que seja só para servir de passagem para
outra região; ao se introduzir no plantel um novo
animal, a não ser que venha com o atestado negativo
do "teste de Coggins", deve-se mantê-lo isolado
durante 30 dias até a realização de um novo exame;
controlar e combater com repelentes a população de
moscas hematófagas; colocar bovinos no meio do
rebanho eqüino, a fim de se interromper a
transmissão mecânica pelas moscas; desinfetar
constantemente estábulos e boxes com caiação,
remover a cama e pincelar as paredes com facho de
fogo; utilizar sempre material descartável, como
agulhas hipodérmicas, especialmente na colheita de
material em série para exame laboratorial. Exigir o
atestado negativo do exame sorológico para efeito de
qualquer transação, compra, venda ou coberturas; se
o animal for competir em outros municípios, na sua
volta submetê-lo a um exame laboratorial após 30
dias, a fim de se verificar sua sanidade, recordando
que o período de incubação da AIE pode ser de 15 a
20 dias para o aparecimento de anticorpos. Criadores
e proprietários devem manter uma vigilância
constante de seus rebanhos, pois os mesmos se
constituem em valioso patrimônio à eqüinocultura
brasileira. Para as características diferenciais da
doença, de acordo com os principais ecossistemas do
país, tipos de exploração econômica, manejo e
finalidade dos animais, densidade populacional e
outros
condicionantes
fatores
da
cadeia
epidemiológica da anemia infecciosa eqüina, é
necessária a elaboração de uma política sanitária
rígida e atuante, capaz de atenuar a magnitude deste
problema em todo o território nacional.(CARVALHO
JR.,1998).
5. Conclusão
O trabalho ora apresentado não logrou o êxito
esperado em virtude da dificuldade em se reunir
dados estatísticos em nível nacional acerca da AIE.
Mesmo após a solicitação aos órgãos responsáveis
de compila-los. Deve-se ressaltar também que o
espaço de tempo para a realização de uma pesquisa
de campo foi insuficiente, optando-se pela pesquisa
apenas de cunho bibliográfico, mesmo esta foi
prejudicada, devido às razões já descritas.
Resta alertar aos quartéis, nos locais de
identificação de focos, acerca das medidas de
controle de vetores, de deslocamento dos animais
entre os quartéis, principalmente os que se localizam
no Pantanal mato-grossense, além da importância de
exames periódicos “coggins”.
Referências
AILEO, Susan E. Manual Merck de Veterinaria, 8
ed. 2001.
CARVALHO JR., Orêncio Máximo de. Anemia
Infecciosa Equina: A AIDS do Cavalo. Revista de
Educação continuada do CRMV-SP. V.1,n.1, 1998.
Disponível em:
<http://www.geocities.com/~esabio/equinos/anemia
infecciosa2.htm/> Acesso em 28 nov. 2001.
CARVALHO JR., Orêncio Máximo de. Boletim
informativo Técnico de Veterinária Militar, 1982.
ANEXO I
RELATÓRIO ATIVIDADES ANEMIA INFECCIOSA EQÜINA
PERÍODO: JANEIRO A OUTUBRO 2000
Laboratórios existentes
37
Renovações de credenciamento
01
Credenciamento em trâmite
03
Descredenciamento em trâmite
02
ATIVIDADE
Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Jul Ago Set
Out Nov Total
Fiscalizações
laboratórios
de
01
05
Renovação
credenciamento
de
01
01
02
Solicitação
credenciamento
de
03
03
Solicitação
descredenciamento
de
Treinamentos
serviço *
em
Reuniões *
01
01
Atendimento direto ao
Público***
01
05
05
10
11
17
02
02
05
09
11
01
01
05
10
15
45
Relatórios
01
01
01 01
01
01 01
01
01 01
01
11
*Técnicos do SSA nas Representações regionais e Responsáveis Técnicos de Laboratórios
** (1) No SSA-DFA-MG (2) Com Coordenação Geral de Laboratórios e o SSA's e Coordenação de Eqüinos
DDA-DF
*** Orientações técnicas
SITUAÇÃO DA ANEMIA INFECCIOSA EM MINAS GERAIS NO
PERÍODO DE JANEIRO A OUTUBRO DE 2000
MESES
Total de
Exames
Focos
Casos
%Positivos
Sacrificados
Jan
642
02
02
0,31
01
Fev
1038
02
04
0,39
-
Mar
1521
02
02
0,13
-
Abr
1536
03
04
0,26
-
Mai
2047
04
06
0,29
-
Jun
2249
03
03
0,13
01
Jul
2487
03
03
0,12
-
Ago
2250
02
03
0,13
-
Set
2355
00
00
0,00
-
Out
2048
04
29
1,42
05
TOTAL
18.173
25
56
0,31
07
DISTRIBUIÇÃO DE FOCOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS-Jan/Out/2000
LOCALIZAÇÃO
Focos identificados
Casos
Sacrifícios
Águas Formosas
01
01
-
Almenara
01
02
-
Aparecida do Norte*
01
01
-
Arinos
06
29
-
Betim
03
03
01
Caraí
01
01
01
Carlos Chagas
01
02
-
Entre Rios de Minas
01
01
-
Itabirito
01
01
-
Nanuque
03
04
-
Manga
01
01
-
São José da Almeida
01
01
-
Teófilo Otoni
01
02
-
Uberlândia
01
05
05
Unaí
02
02
-
TOTAL
25
56
07

Foco identificado em Laboratório localizado em São Paulo
Fonte: Serviço de Sanidade Animal
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