DANIEL PIRES DO ESPIRITO SANTO ANEMIA INFECCIOSA EQUINA CAMPO GRANDE – MS 2008 DANIEL PIRES DO ESPIRITO SANTO ANEMIA INFECCIOSA EQUINA Trabalho apresentado para o cumprimento de trabalho de conclusão de curso de especialização Latu sensu em Defesa e Vigilância Sanitária Animal – UCB. CAMPO GRANDE – MS 2008 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 4 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................ 5 2.1. Histórico............................................................................................................................ 5 2.2. Etiologia............................................................................................................................ 5 2.3. Epidemiologia................................................................................................................... 6 2.4. Patogenia.......................................................................................................................... 7 2.5. Sinais Clínicos................................................................................................................. 7 2.6. Patologia........................................................................................................................... 8 2.7. Diagnóstico....................................................................................................................... 9 2.8. Prognóstico....................................................................................................................... 9 2.9. Tratamento........................................................................................................................ 10 2.10. Controle e Profilaxia....................................................................................................... 10 3. CONCLUSÃO....................................................................................................................... 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................... 13 1. INTRODUÇÃO A anemia infecciosa eqüina (A.I.E) é uma doença determinada por um vírus, exclusiva de eqüinos, que causa grandes perdas econômicas. A enfermidade é mais freqüente em terrenos baixos e mal drenados ou em zonas úmidas muito florestadas, é uma afecção cosmopolita conhecida também como febre dos pântanos. Encontra-se disseminada em vários paises, sob várias formas clínicas. É uma doença de grande importância na eqüídeo cultura nacional, uma vez que não apresenta tratamento e sua principal forma de controle é a eliminação de animais infectados e apesar de sua importância, pouca avaliações acerca dos fatores determinantes de sua prevalência no país foram realizadas e ainda não existe um programa eficiente que possa erradicar a doença devido ao fato que as regiões pantaneiras são de grandes extensões e a A.I.E é de alto endemismo destes locais. Este trabalho tem por objetivo discorrer sobre todos os aspectos da Anemia Infecciosa Eqüina. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Histórico O quadro clínico da anemia infecciosa foi descrito pela primeira vez por Lignèe, em 1843. Em 1859, Anginiard conseguiu demonstrar o caráter contagioso da doença mediante transmissão experimental de sangue de um eqüino doente a outro sadio (RICHETER, 1999). A primeira referência sobre a doença no Brasil foi em 1954 na qual foram descritos os achados clínicos, hematológicos e necroscópicos de casos de infecção experimental, obtida com amostras de vírus isolado em São Paulo (ALMEIDA, 1974) No Pantanal, segundo informações de fazendeiros e técnicos que vivem na região, a doença teria chegado em 1974, provavelmente trazida por cavalos contaminados de outros estados. Na época a doença dizimou tropas inteiras, e muitos pecuaristas chegaram a pensar que a pecuária do Pantanal estaria comprometida (SILVA, 1997). 2.2 Etiologia O vírus da anemia infecciosa eqüina é oficialmente classificado no gênero Lentivirinae da família Retroviridae, baseado na sua estrutura, organização genética, atividade de transcriptase reversa e reatividade sorológica cruzada. O vírus da AIE é um vírus formado por RNA, envelopado, contendo um núcleo de forma cônica e densa. O mais importante fator que contribui para a persistência viral, provavelmente seja a habilidade do vírus em inserir uma cópia de DNA do material genético viral dentro do hospedeiro. Esse DNA pode então ficar “dormente” por longos períodos de tempo com pouca ou nenhuma transcrição ou translação de genes virais. Se a célula não está expressando antígeno viral, ela não será reconhecida como sendo infectada pelos métodos de vigilância imune do hospedeiro (WEIBLEN, 1998). O vírus da anemia conserva sua capacidade infectante durante, aproximadamente, 7 meses à temperatura ambiente no sangue seco; no chão é conservado por aproximadamente 27 semanas; na urina e fezes, 2 meses e meio; no soro e porções de órgãos à 10ºC, pelo menos 4 anos; no soro liofilizado, não menos de 6 anos, mas no esterco amontoado, menos de 30 dias. A conservação habitual para a preparação do soro com fenol a 0,5% não inativa o vírus com segurança; a formalina a 0,4% mata-o no prazo de 30 dias à temperatura de frigorífico. O frio não influi sobre o vírus da anemia; ao contrario, a luz solar direta inativa-o em poucas horas. É lábil frente a valores extremos de pH (acima de 12 e abaixo de 2,5); a 56ºC é inativado em 60 minutos (RICHETER, 1999). 2.3 Epidemiologia O vírus da AIE é transmitido entre cavalos infectados e não infectados pela transferência de sangue ou derivados sangüíneos. Isso ocorre mais comumente durante a alimentação interrompida de grandes insetos hematófagos, especialmente os da família Tabanus tananus (mosca do cavalo e mosca do veado). A mosca do estábulo (Stomoxys spp.) e alguns mosquitos como pólvora (Cullicoides spp.) pode também servir de vetores mecânicos para o vírus da AIE (WEIBLEN, 1998). O vírus é transmitido mecanicamente por insetos hematófagos, sobre tudo espécies de Tabanus e de Stomoxys. Ele sobrevive somente por curtos períodos no aparelho bucal das moscas. Esses insetos hematófagos geralmente obtêm uma refeição completa de sangue de um único hospedeiro. Se interrompidos durante a alimentação, podem transferir o vírus para outro hospedeiro quando tornam a se alimentar. A transmissão ocorre com mais freqüência no verão, durante períodos de altas atividades de insetos, em áreas pantanosas baixas próximas a florestas, o habitat preferido dos tabanídeos. A transmissão iatrogênica pode ocorrer por meio de agulhas ou instrumentos cirúrgicos contaminados, e a transmissão intrauterina, embora ocorra, é incomum (QUINN, 2005). Todos os eqüídeos são sensíveis, sem que haja preferência por raça, sexo e idade, porém o asno e a mula, só desenvolvem formas subagudas, crônicas ou inaparentes. São susceptíveis principalmente os animais desnutridos, parasitados e debilitados (SILVA, 1997). Estudos a campo revelam que a distância de vôo dos tabanídeos pode ultrapassar 6,6 km e que estes podem acompanhar um eqüídeo até 2 km. Este fato sugere que cavalos infectados e cavalos susceptíveis devem ser segregados a uma distância de 183 metros, para reduzir a probabilidade de transmissão. Entretanto tal distância poderia ser facilmente transposta pelos vetores carreados por ventos fortes ou em regiões onde a população de tabanídeos é numerosa, essa medida pode não oferecer segurança adequada (CARVALHO JÚNIOR, 1981). No Brasil, o problema ainda continua atingindo proporções preocupantes no Pantanal do Mato Grosso e na Ilha de Marajó, devido, evidentemente, às características geoclimáticas dessas regiões (THOMASSIAM, 2005). Existem outras formas de transmissão do vírus da AIE, mais são menos comuns. Éguas infectadas podem transmitir verticalmente o vírus para o feto. A infecção ocorre provavelmente nos surtos onde existem casos agudos da doença. No cruzamento de cavalos clinicamente normais, mas sorologicamente positivos parece haver pouco risco de infecção congênita. Em experimentos com éguas prenhes soro positivas houve apenas um caso de um potro que sistematicamente apresentou reação sorológica positiva aos seis meses e doze meses de idade (SILVA, 1997). Os produtos de secreção, como muco, saliva, e lágrima podem ocasionalmente, ter vírus durante a crise febril, mas não tem influência na transmissão. Na urina só é possível se evidenciar a presença de vírus quando se utilizam grandes quantidades com finalidade de transmissão experimental. Com materiais fecais, praticamente tem sido impossível se detectar o vírus, mesmo nas crises febris (CARVALHO JÚNIOR, 1981). A morbidade varia consideravelmente e depende da cepa do vírus e do inócuo distribuído pela picada do inseto. Alguns eqüinos tornam-se agudamente doentes e morrem após a infecção, e, em outros, a infecção é clinicamente inaparente (EVANS, 2002). 2.4 Patogenia Imediatamente após a infecção, o vírus da AIE replica a altos títulos, principalmente em macrófagos maduros de tecido hepático, baço, nódulos linfáticos, pulmões, rins e glândulas adrenais. A incubação do vírus oscila dentro de limites muito amplos, de acordo com a quantidade de vírus transmitida no contágio (WEIBLEN, 1998). O vírus replica-se em macrófagos, em monócitos e em células de Kupffer. Uma viremia associada a células desenvolve-se, com disseminação pelo organismo. Os eqüinos infectados não eliminam o vírus, apesar de erigirem uma forte resposta imunológica. Tornam-se persistentemente infectados após a inserção do provírus no genoma da célula hospedeiras (QUINN, 2005). A anemia é uma característica fundamental da AIE resultante de vários mecanismos como: hemólise intra e extravascular, depressão da medula óssea e consequentemente, diminuição na produção de hemáceas (CARVALHO JÚNIOR, 1981). 2.5 Sinais Clínicos A doença pode surgir em formas agudas, subagudas e crônicas e sua diferenciação é fundamental na gravidade dos ataques, tempo de intervalo dos mesmos e grau de anemia (GUERREIRO, 1988). A doença se manifesta clinicamente de diferentes formas, sendo possível a reversão de uma forma a outra, a qualquer instante (THOMASSIAN, 2005). A forma aguda é assim caracterizada: febre que chega a 40,6ºC; respiração rápida; abatimento e cabeça baixa; debilidade nas patas, de modo que o peso do corpo é passado de um pé para outro; inapetência e perda de peso (CICCO, 1997). Às vezes, é observada melena e urina escura. As mucosas conjuntivas têm coloração vermelho-acinzentadas vitrificadas; raras vezes estão anêmicas, e mais frequentemente, ligeiramente ictéricas (RICHETER, 1999). Se o animal não morre de três a cinco dias, a doença pode tornar-se crônica (CICCO, 1997). O estágio subagudo é caracterizado por sintomas menos drásticos. Surgem acessos febris repetidos, e pode durar uma semana ou mais. Os eqüinos ficam, devido a isto, muito debilitados, apesar de não apresentar, de maneira geral, marcha vacilante e nem cambaleios nos casos agudos. As mucosas visíveis apresentam coloração vermelho desbotada ou estão ictéricas, mas, sem hemorragias petequiais (RICHETER, 1999). Na fase crônica, o apetite mostra-se comumente bom, embora a alotriofagia possa ser observada. A maioria dos óbitos ocorre em um ano de infecção. Os sobreviventes persistem como portadores assintomáticos (EVANS et al, 2002). Cavalos infectados com o vírus da AIE podem apresentar: uma síndrome febril aguda, com trombocitopenia e /ou anemia, após um período de incubação de 7 a 21 dias; uma síndrome subaguda ou crônica de febre recrudescente, perda de peso, edema ventral e anemia mais severa; ou podem parecer clinicamente normais (WEIBLEN, 1998). Eventualmente, sob condições de intenso estresse, o quadro pode voltar à forma aguda e a doença provocar a morte do animal. Os períodos de cura clínica recidivas podem se prolongar por muito tempo, ou mesmo os casos crônicos serem assintomáticos, transformando o cavalo em portador inaparente sem qualquer sinal da doença (THOMASSIAN, 2005). Há numerosos casos crônicos assintomáticos em que as animais, após o período da doença ativa, passam a ser portadores inaparentes, sem nenhum sinal que lembre a AIE e, podem eventualmente, depois de passar anos sem apresentar nenhum sinal, ter um período de atividade, embora não seja muito comum; podem morrer devido à doença, mais geralmente são reservatórios por toda a vida e não morrem pela AIE (CORREA e CORREA, 1992). De maneira geral, os eqüinos na fase crônica, são ainda capazes de trabalhar e de render esforços esportivos deles solicitados (RICHETER, 1999). 2.6 Patologia Na necropsia pode observar edema subcutâneo, icterícia, hemorragias petequiais ou equimoses das membranas serosas e aumento do volume do baço, dos linfonodos e do fígado. Em casos crônicos, as únicas lesões podem ser emagrecimento e anemia (WEIBLEIN, 1998). O exame hematológico de eqüinos com doença aguda revela trombocitopenia moderada a intensa e anemia que pode ser grave. A presença de sideroleucócitos (leucócitos que contêm hemossiderina) é considerada altamente sugestiva de AIE. Exame da bioquímica sérica pode revelar aumento na concentração de bilirrubina de diminuição na concentração de ferro sérico (EVANS et al, 2002). A necropsia de animais que morrem por AIE, nos casos com episódios febris que se repetem mais de uma vez ao ano, ou naqueles em que a doença leva a morte em cursos subagudos ou crônicos com menos de seis meses de evolução, ou seja, casos bem ativos, verificam-se macroscopicamente linfonodos aumentados de volume, e com freqüência com cor amarelada-acastanhada na região cortical, devido a hemossiderina; com menor freqüência sangue anêmico, não podendo ser estimado macroscopicamente; rins de cor mais escura que a normal; esplenomegalia, edemas subcutâneos; comumente hemorragias nas serosas; icterícia; fígado com volume aumentado e acastanhado; medula óssea vermelha hiperplásica, mesmo em eqüinos adultos, em ossos longos que já não deveriam estar em período inativo como o fêmur e a tíbia, mas que voltara a função eritropoética pelo estimulo da anemia. É um quadro anatomopatológico de anemia hemolítica, que pode ocorrer em outras enfermidades. No entanto, essas lesões possuem valor, quando são afastadas as causas que produzem tal tipo de anemia. Os eqüinos só devem ser necropsiados por veterinários, a fim de evitar a disseminação do vírus (GUERREIRO, 1988; CORREA e CORREA, 1992). Nos estágios crônicos, os únicos achados macroscópicos são emaciação e palidez dos tecidos (GUERREIRO, 1988). 2.7 Diagnóstico O diagnóstico pode iniciar com a suspeita clínica baseada nos sinais de febre recorrente, trobocitopenia, anemia, edema ventral e perda de peso (WEIBLEN, 1998). A confirmação do diagnóstico obtida através da detecção de anticorpos para o antígeno p26 do núcleo do vírus da AIE. Dois testes estão em uso geral: o teste de imunodifusão em agar gel (IDAG) (teste de Coggins) é um teste de ELISA competitiva (EVANS et al, 2002). O teste de Coggins é uma prova qualitativa e reconhecida mundialmente como o método laboratorial mais importante no diagnostico da AIE, pela sua especificidade, facilidade de execução e alto grau de sensibilidade – em torno de 95% (DIAS et al, 2000). Embora ELISA seja um ensaio sensível adequado, resultados positivos devem ser confirmados por um teste IDAG mais especifico. Os resultados também podem ser confirmados por immunoblotting (QUINN, 2005). Anticorpos podem não ser detectados no inicio do curso da doença e resultados falso-positivos podem ser encontrados em potros em até seis meses de idade devido à presença de anticorpos colostrais (QUINN, 2005). A presença do vírus no sangue pode ser demonstrada por inoculação em eqüinos suscetíveis (QUINN, 2005). O diagnóstico clínico da AIE apresenta, geralmente, grandes dificuldades, já que nenhum dos sintomas são específicos, nem patognomônicos por si próprios. Resultará relativamente simples de emitir quando a doença aparece na sua forma aguda, provocando a morte em poucos dias. É difícil se for a forma crônica ou de evolução latente, nas quais, com freqüência, somente são observados ocasionais acessos de febre, irregulares e separados por longos espaços de tempo, que talvez coincidem com outras doenças de evolução febril (RICHETER, 1999). Ao exame clínico o diagnóstico diferencial de um caso crônico é extremamente difícil, portanto, o teste de Coggins deverá ser efetuado em todos os casos (GERBER, 1990). Outros testes sorológicos são imunoflorescência indireta, contraimunoeletroforese, fixação de complemento e hemaglutinação (SUGIURA E NAKAJIMA, 1982). 2.8 Prognóstico O prognóstico é mau nos casos muito agudos e crônicos com severa depauperação, fraqueza, edema e febre recidivante (GERBER e HARTWIGK, 1990). O animal doente permanece infectado, de maneira geral, durante toda a vida. Converte-se, por conseguinte, um reservatório permanente de epidemias e, devido a isto, deve ser sacrificado de imediato (RICHETER, 1999). 2.9 Tratamento Não é conhecida uma terapêutica eficácia e, devido a isto, estão contra-indicados os ensaios de cura (RICHETER, 1999). Segundo CARVALHO JUNIOR (1998), não existe tratamento específico. O que se pode fazer é aumentar a resistência do animal, utilizar protetor hepático e administrar cardiotônico, intensificar o metabolismo (CICCO, 1997). Muitas vacinas já foram implementadas, mas até o momento nenhuma produziu resultados satisfatórios (GUERREIRO, 1988; CICCO, 1997). Até o momento não há tratamento contra a doença. Todavia certos hepatoprotetores, vitaminas e medicamentos podem minimizar a sintomatologia, entretanto, alguns paises proíbem qualquer tratamento, pois o animal continuará sendo o portador do vírus. (GERBER, 1990; CARVALHO JÚNIOR, 1981) O controle a profilaxia são, ainda, as únicas alternativas que possuímos para o combate a doença. (THOMASSIAN, 2005) 2.10 Profilaxia e Controle Medidas de controle e prevenção têm sido objetivadas em muitos paises na tentativa de conter a disseminação do vírus dentre a população de eqüídeos (WEIBLEN, 1998). Alguns autores citam como forma de profilaxia o combate aos insetos e manutenção de boas condições sanitárias, drenagem nos pastos alagados e fiscalização das aguadas e bebedouros, a fim de que os animais não bebam águas estagnadas (CICCO, 1997). SILVA (1997) citou que animais positivos e negativos para AIE foram postos em invernadas diferentes, com distância mínima de 150m entre elas. A distância mínima de 150m teve a finalidade de evitar a transmissão por mutucas. Através deste método obteve-se uma incidência (número de novos casos da doença) de 5,88% no primeiro ano; 1,47% no segundo ano; e nula no terceiro ano. Os dados indicam que o método de separação de animais positivos e negativos para a AIE foi eficiente. Ainda de acordo com SILVA (1997), os potros nascidos de éguas positivas permaneceram junto a sua mãe até idade de seis meses, quando foram desmamados. A desmama dos potros aos seis meses idade deve-se a dois fatores: 1) até a idade de seis meses, a maioria dos potros apresenta resultados positivos ao exame de IDAG. O resultado positivo deve-se a: a) anticorpos contra o vírus AIE presente no colostro e que permaneceram circulantes no sangue do potro até a idade de seis meses; 2) A partir dos seis meses, o potro vai-se tornando cada vez mais atrativo para mutucas, e o risco de transmissão aumenta quando esses permanecem juntos a suas mães positivas. Neste mesmo experimento, SILVA (1997) colocou os potros desmamados em piquetes separados dos outros eqüídeos da fazenda. O primeiro teste foi realizado aos seis meses, e o último, com oito meses de idade. O animal, que durante este período apresentou todos os resultados negativos para AIE foi colocado junto com os animais pertencentes ao grupo de animais negativos. A legislação brasileira de saúde animal considera a AIE como de notificação obrigatória, devendo o médico veterinário comunicar a casa da agricultura ou órgão local do Ministério da Agricultura o diagnóstico de casos da doença, e proceder o sacrifício dos reagentes à prova de Coggins (CORREA e CORREA, 1992; WEIBLEN, 1998). No Brasil existem algumas normas para o controle e erradicação da AIE, fiscalizadas pelo serviço de Defesa Animal, do Ministério da Agricultura. Em casos de surtos da AIE deve-se fazer a interdição da movimentação de eqüídeos nas propriedades, isolamento de animais suspeitos ou soropositivos, proibição da participação dos eqüídeos em locais onde haja a concentração de animais e eliminação dos comprovadamente positivos. O sacrifício do animal será realizado, somente, após um novo teste, 15 dias após a primeira prova. Propriedades serão consideradas controladas quando não apresentarem reagentes positivos em duas provas sucessivas de IDAG, com intervalo de 30-60 dias, e quando todo o rebanho eqüídeo for submetido ao teste pelo menos uma vez a cada 12 meses (WEIBLEN, 1998). Devido à alta incidência da doença em algumas regiões do Brasil, alguns pesquisadores, para evitar que os rebanhos sejam eliminados, estão estudando novas condições de manejo, no sentido de reduzir a incidência e criando novas condições para que se possa conviver com enfermidade (THOMASSIAN, 2005). No programa de controle de AIE realizado durante cinco anos na Fazenda Bodoquena, no município de Miranda-MS (1986 - 1990) pode-se concluir que é possível controlar a AIE com sistema agressivo de provas de 60 em 60 dias, junto com segregações dos animais positivos; o êxito do programa também esta associado a uma filosofia de conscientização de proprietários e pessoal de apoio (RIVERA e FERNANDES, 1991). Vacinas comerciais não estão disponíveis nos países ocidentais, e medidas de controle visam a reduzir o risco de infecção. Em muitos paises, a legislação requer o certificado de “livre da AIE” antes da importação. Restrição ao deslocamento de animais também é usada para minimizar o risco de disseminação da doença. Práticas de manejo incluem detecção remoção de animais soropositivos, controle de insetos e testes dos animais antes da introdução em uma propriedade, são medidas de controle convenientes. Deve ser tomado cuidado para assegurar que produtos químicos usados para desinfecção de instrumentos cirúrgicos inativem o vírus da AIE (QUINN, 2005). 3. CONCLUSÃO Como a Anemia Infecciosa Eqüina é uma doença que não tem cura e esta ligada a aspectos geográficos, ambientais, densidade de insetos e quantidade de eqüídeos, conclui-se que a melhor maneira de combater essa doença é através do controle e profilaxia. Realizando teste de Coggins e separar animais positivos dos negativos, marcar, isolar e sacrificar os positivos, utilizar somente seringas e agulhas descartáveis, desinfetar os instrumentos de cavalariça como freios e esporas, ou não utilizar os mesmos em animais positivos e negativos. Em caso que necessite trânsito de eqüídeos, sempre exigir que estes animais estejam acompanhados com seus respectivos exames negativos para A.I.E e também ao adquirir animais em leilões ou de outra propriedades. No caso do pantanal mato-grossense e sul mato-grossense, onde a doença é endêmica e alcança altos índices de positividade, a melhor maneira é a segregação dos animais positivos dos negativos, com realização de testes periódicos, não misturar os matériais de cavalariça utilizado em cada tropa depois de separados, desmamar os potros no máximo com seis meses e realizar o teste no mesmo, e eliminar os positivos naturalmente. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, G.L.G. Anemia infecciosa eqüina. In: ALMEIDA, G.LG. Boletim de Defesa Sanitária Animal. 1. ed. Brasília: Ministério da Agricultura, 1974.v.8, p.61-71, CARVALHO JÚNIOR, O.M. Aspectos gerais da anemia infecciosa eqüina. Biológico, São Paulo, 1981, 47 (8):223-237, 1981. CICCO, L.H.S. de. Anemia Infecciosa Eqüina. <http://www.saudeanimal.com.br/artigos6.htm>.Acesso em 10 de janeiro de 2008. Disponível em: CORREA, M.W; CORREA, C.N.M. Anemia Infecciosa Eqüina. In: CORREA, M.W. Enfermidades Infecciosas dos Mamíferos Domésticos. 2.ed. 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