Centro Universitário – UniFMU CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA Efeitos do Treinamento de Futebol Analisando a Composição Corporal e a Capacidade de Velocidade em Adolescentes. Rony Risério Marcondes Machado Nº 37 – 1414 C TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Prof. Andréa Ramirez 1 São Paulo, 03 de Dezembro de 2003. AGRADECIMENTOS Agradeço às pessoas que me ajudaram neste trabalho, em especial a minha namorada, sem as quais não conseguiria realizá-lo. Ao Esporte Clube Pinheiros, aos professores responsáveis que gentilmente possibilitaram as visitas e a realização dos testes, e aos atletas que se submeteram aos mesmos. À minha orientadora, Prof. Andréa Ramirez, pelas orientações e explicações atenciosas, por novas experiências e, acima de tudo, pela amizade adquirida durante a elaboração deste trabalho. 2 RESUMO O futebol é um desporto caracterizado pela alternância de ações motoras intensas e de curta duração, evidenciando a importância da preparação física para o desempenho do jogo. O objetivo desse estudo foi mostrar métodos de treinamento analisando seus efeitos na composição corporal e na capacidade velocidade, em praticantes de futebol com idade entre 14 a 17 anos, abordando também a formação motora, aspectos genéticos e alguns fatores que possam interferir no condicionamento físico do atleta de futebol. Esses atletas integram as equipes das categorias infantil e infanto do Esporte Clube Pinheiros e treinam no mesmo, em condições favoráveis ao esporte (local conservado, campo / materiais adequados às faixas etárias, bolas, traves). Foram analisados a composição corporal, através das medidas de peso, altura e dobras cutâneas, bem como e a capacidade de velocidade através do teste de 50 metros. As amostras foram realizadas em fevereiro de 2003 e reavaliadas em junho de 2003. Na primeira avaliação, nota-se grande diferença da composição corporal de cada atleta analisado, o que na reavaliação pode-se observar com exceção dos atletas 7 e 8, que os percentuais de gorduras diminuiram, porém apenas o atleta 2 mais se aproximou da média do grupo, segundo as novas porcentagens (x = 16,41). Os atletas 3 e 10 (4,7 e 7,6% respectivamente) continuam com os índices abaixo do considerado ótimo pela literatura (de 10,1 – 20%). Na primeira avaliação do teste de velocidade os atletas mantiveram boa média, apenas os atletas 1 e 4 obtiveram marcas abaixo de 7 segundos (6,7 e 6,2 seg. respectivamente). Quando reavaliados 4 atletas (1, 4, 6 e 7) obtiveram marcas abaixo de 7 segundos, os demais continuaram próximos á média do grupo. Estatisticamente nas análises de velocidade e massa magra não houve marcas significativas de melhora, no entanto no percentual de gordura podemos afirmar com 95% de confiança que os atletas melhoraram seus índices. Com a elaboração desse estudo, vimos que inúmeros fatores envolvem a formação de um atleta. Isso possibilitou o conhecimento dos cuidados necessários no treinamento de jovens atletas de futebol, bem como a importância de se conhecer e pesquisar sobre os melhores métodos de preparação física e seus efeitos. 3 SUMÁRIO I. Introdução 1. Histórico do Futebol 01 2. Desenvolvimento Motor 2. 1. Conceitos 03 2. 2. Principais Modelos e Teorias de Desenvolvimento Motor 04 2. 3. Princípios e Fases do Desenvolvimento Motor 2. 4. Desenvolvimento Motor no Esporte 10 3. Treinamento Físico em Crianças e Adolescentes 11 4. Características Genéticas 16 5. Nutrição 17 6. Condicionamento Físico 18 7. Resistência Anaeróbia 22 7. 1. Treinamento Anaeróbio 25 7. 2. Métodos do Treinamento Anaeróbio para o Futebol 29 7. 3. Efeitos do Treinamento Anaeróbio 30 II. Objetivo 32 III. Metodologia 3. 1. Amostra 33 3. 2. Procedimentos 33 3. 3. Análise de Dados 35 Pg Pg Pg Pg 09 Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg Pg 4 IV. Resultados e Discussão 4. 1. Variáveis Antropométricas 36 4. 2. Teste de 50m (Velocidade) 38 4. 3. Teste T Student 39 V. Conclusão VI. Referências Bibliográficas Pg 42 Anexos Pg Pg Pg Pg 40 Pg 5 I. INTRODUÇÃO 1. Histórico do Futebol Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o futebol tem sua origem no mundo asiático há cerca de cinco mil anos a. C., na China e há quatro mil e quinhentos anos a. C, no Japão. A sua invenção atribui-se ao reino de Yang Tsé em dois mil e quinhentos anos a. C, onde o jogo era disputado por oito jogadores em um campo de 14 m² , com duas estacas ligadas por um fio de seda em cada extremo do campo, bola redonda de 2cm de diâmetro, feita de couro e recheada de cabelo de crina. Em outros países, principalmente na Europa, surgiram jogos com características semelhantes ao esporte praticado na China, e mais especificamente na Inglaterra em 16 de outubro de 1066 pelos seguidores de William (o conquistador após a batalha de Hastings). O esporte cresceu rapidamente neste país, sendo fundado a Federação Inglesa de Futebol (English Foot Ball Association) em 26 de outubro de 1863. Em 21 de maio de 1904, foi fundada em Paris a Federation Internationale de Football Association (FIFA), dirigida pelo brasileiro Jean Marie Faustin Godefreid Havelange, o Dr. João Havelange. Atualmente o dirigente é o suíço Joseph Blatter. A FIFA auxilia e impõem as regras nas federações do mundo inteiro, sendo ela também a organizadora do maior evento de futebol, a Copa do Mundo, a cada quatro anos. Na América do Sul, o primeiro clube a ser instituído foi na Argentina (Buenos Aires Football Club – “B. A. F. C”), em 1867. No Brasil, o seu surgimento é conferido a Charles Müller, nascido em 1874 brasileiro, descendente de ingleses, educado na Banister Court School (Southamptom, Inglaterra), onde conheceu o football, por ele se encantou e praticou jogando pelo time do condado de Hampshire. De volta ao Brasil, em 6 1894, trouxe consigo as duas primeiras bolas, uma delas logo apelidada de “peluda” (por ainda conter pelos no couro), uniformes e chuteiras. Organizou o primeiro jogo, do qual também participou no São Paulo Atletic Club, clube de ingleses fundado em 1888, onde se praticava principalmente o críquet (cricket). Em 1897, um imigrante alemão de nome Hans Nobling, reforçou a implantação do futebol no Brasil. Formou o “Nobling Team” que ao desaparecer levou a fundação do S. C. Germânia, de alemães, sendo o primeiro passo para a fundação do S. C. Internacional de Porto Alegre, em 1899. O primeiro time de futebol foi a Associação Atlética Mackenzie, criado em 1898. Hoje o número de times no Brasil tanto profissional como amador, é incalculável. A seleção do país já conquistou cinco Copas do Mundo (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002), tornando- se a única pentacampeã. O futebol no Brasil profissionaliza-se cada dia mais com a criação das federações, a regulamentação da profissão de atleta profissional de futebol (Lei 6354/ 1976) e principalmente pela grandiosidade que os clubes, hoje tradicionais, obtiveram envolvendo um grande número de torcedores apaixonados. Com essa profissionalização, a estrutura dos clubes de futebol melhora a cada dia em diferentes áreas, sendo uma delas o treinamento específico para o esporte, ou seja, a preparação física dos atletas. O condicionamento físico para a modalidade futebol privilegia especialmente fatores da capacidade: resistência aeróbia, anaeróbia, força, velocidade e flexibilidade. A prática da modalidade está diretamente ligada a resistência anaeróbia dos praticantes, porque este é um esporte caracterizado por ações motoras intensas e de curta duração. Esses fatores físicos fazem com que os atletas obtenham destaque tático e técnico, ou seja, com uma maior resistência, estes apresentam um melhor rendimento. Os preparadores físicos precisam ampliar seus conhecimentos, tornandoos assim mais abrangentes e multidisciplinares, atuando de uma forma mais científica do que empírica. 7 Paralelo aos aspectos físicos, táticos e técnicos que a modalidade proporciona, também vamos considerar o desenvolvimento motor e a influência genética na adolescência. 2. Desenvolvimento Motor 2. 1. Conceitos O desenvolvimento motor refere-se às habilidades motoras, essas podem ser em diversos segmentos sejam eles profissionais ou esportivo. Envolve atividades simples e fundamentais como caminhar, correr, arremessar, que aprendemos progressivamente com o crescimento. Na aprendizagem de uma habilidade um indivíduo passa por três estágios: cognitivo, associativo e autônomo. Dentre as diversas características de cada estágio uma importante mudança decorrente da prática ocorre nos processos da atenção. No estágio cognitivo o indivíduo está tentando compreender os objetivos da tarefa, o que sobrecarrega os mecanismos da atenção proporcionando uma performance inconsistente. Após um certo período de prática, ele passará para o estágio associativo, no qual consegue manter uma performance mais estável, sendo capaz inclusive de detectar alguns erros. As necessidades de atenção neste estágio decrescem significativamente. Depois de muita prática, ele será capaz de atingir o terceiro e último estágio (autônomo), no qual a habilidade está bem desenvolvida permitindo que o indivíduo realize-a com consistência e quase sem pensar. Para POHLMANN (1986) citado por BENDA (2001), a coordenação é a capacidade de ordenar, organizar e harmonizar todos os movimentos parciais e operações simultâneas e sucessivas de ação baseando-se numa meta determinada. A coordenação motora é definida por SCHMIDT (1993) como uma conseqüência de processos associados com a prática ou experiência levando a uma mudança permanente na capacidade de executar respostas BENDA (2001). 8 A coordenação está relacionada com a programação, organização e regulação do movimento, com a finalidade deste apresentar harmonia e precisão. O desenvolvimento é um termo amplo que se refere a todos os processos de mudança pelos quais as potencialidades de um indivíduo se desdobram e aparecem como novas qualidades, habilidades, traços e características do crescimento, maturação, aprendizagem e realização (PIKUNAS, 1979) citado por BENDA (1999). O desenvolvimento motor consiste também num processo seqüencial e continuado, relativo à idade de onde um indivíduo progride de um movimento simples sem habilidade, até o ponto de conseguir habilidades motoras complexas e organizadas, e finalmente, o ajustamento destas habilidades acompanham o envelhecimento (HAYWOOD, 1993) citado por BENDA (1999). 2. 2. Principais Modelos e Teorias de Desenvolvimento Motor Será citado alguns estágios de desenvolvimento de acordo com as teorias e modelos elaborados por grandes estudiosos no assunto sobre o desenvolvimento. É importante salientar aqui, que cada autor procurou nomear de uma forma suas divisões e abordagens, mas que todos eles sempre o fazem de maneira parecida. A grande diferença dos trabalhos está no modo com abordam essas fases, preocupando-se mais com algum aspecto que outro autor não tenha dado tanta ênfase. A) Jean Piaget citado por ANDERÁOS (1999), BEE (1996), FREIRE (1999), RAPPAPORT (1981) Após perceber que as crianças seguiam uma seqüência parecida no desenvolvimento de certas idéias, supôs que (...) “a criança é uma participante ativa no desenvolvimento do conhecimento, construindo seu próprio entendimento” (BEE, 1996). Sua teoria divide o desenvolvimento em 4 estágios: 9 1a. Infância: 0-2 anos Período Sensório Motor: A criança não pensa no sentido de planejar suas ações. Aquisições: Construção da noção do "EU" (vai se individualizando e diferenciando o próprio corpo do mundo externo), noção de objeto permanente - descobre que as pessoas e as coisas existem mesmo estando fora do seu campo de visão. 2a. Infância: 2-6 anos Criança pré – escolar: Se inicia com a aquisição da linguagem e terminam com o ingresso no 1o. Grau / Os valores morais da criança são os valores dos pais. Período Pré Operatório: Período marcado pela aquisição da fala oral. A criança consegue representar mentalmente objetos ausentes e seu vocabulário vai se tornando rico. O pensamento recebe o nome de egocêntrico (a criança compreende o mundo tendo si próprio como centro- percebe as coisas em parte). Características importantes: Animismo (atribui intenções humanas e sentimentos a objetos e animais), antropomorfismo (atribui forma humana a objetos e animais) e transdedutividade ( parte de princípios particulares para entender o particular). Meninice: 6-12 anos (Começa com o ingresso no 1o. Grau e termina com o início da puberdade). Período das Operações Concretas: Seu raciocínio só é possível em relação a objetos que possa pegar e ver (preso a realidade). Transformações: O pensamento torna-se menos egocêntrico, o pensamento adquire reversibilidade, aquisição da noção de conservação (massa/volume/quantidade) e inclusão de classes e ordenação serial. Puberdade/ Adolescência: 12 anos em diante Período das Operações Formais: Começa a raciocinar por hipóteses (situações vividas). B) SIGMUND FREUD citado por BEE (1996) e ANDERÁOS (1990). 10 A abordagem de Freud volta-se para as abordagens psicosexuais do desenvolvimento, onde (...) “todas as habilidades cognitivas se desenvolvem apenas porque as crianças precisam delas para obter gratificação; elas não têm vida independente”. Freud dividiu seu estudo em 5 estágios: Fase Oral (0-2 anos): Busca o prazer e o conhecimento através da boca. Fase Anal (2 e 3 anos): A criança passa a controlar os esfíncteres. Fase Fálica (4 e 5 anos): A criança passa a ter a percepção da diferença entre os sexos. O interesse pelo progenitor do sexo oposto caracteriza o Complexo de Édipo. Fase de Latência (6 a 12 anos): Os impulsos sexuais se aquietam em função da educação e a criança se dedica mais às relações com o grupo social. Fase Genital (12 anos em diante): Agora, já não mais criança, o adolescente já entende melhor seu desenvolvimento sexual. C) Jean Le Bouch citado por ANDERÁOS (1999) e FREIRE (1999). Le Bouch estudou a estruturação do esquema corporal onde as experiências vividas pelo indivíduo, seus conhecimentos armazenados sobre o corpo e a relação com o ambiente caminham juntos para o desenvolvimento. D) David Gallahue citado por ANDERÁOS (1999), GALLARDO (1997) e GALLAHUE (1998). Para Gallahue (1998), o desenvolvimento motor é relacionado com as idades, mas não dependente delas. Para que o desenvolvimento seja entendido como um processo, a perspectiva dos Sistemas Dinâmicos exprime uma visão de constante mudança no organismo. Basta analisar que não há uma regra ou uma forma única de desenvolver as habilidades, que os processos de desenvolvimento não são iguais porém são auto organizados. 11 Gallahue criou um modelo de desenvolvimento motor numa ampulheta, justificando a descontinuidade do desenvolvimento e a necessidade de estar inserido no esquema de sistemas dinâmicos. Fase dos Movimentos Reflexivos ( Gestação) Os movimentos que o feto realiza, são reflexivos, isto é, são involuntários e controlados sub - corticalmente, sendo base para as fases a seguir. A fase dos movimentos reflexivos se subdivide em: • Estágio de Codificação das Informações (0-4 meses ): Por meio do reflexo, até aproximadamente 4 meses, o bebê é capaz de colher informações e buscar alimentos. • Estágio de Decodificação das Informações (4m-nascimento): Aos poucos os movimentos passam a ser voluntários. Fase dos Movimentos Rudimentares (Nasc-2 anos) São os primeiros movimentos voluntários, como ganho de controle do músculo do pescoço e tronco (sustentação da cabeça), tarefas manipulativas e movimentos locomotores. Esta fase se subdivide em: • Estágio de Inibição dos Reflexos (nasc-1 ano): Os movimentos do bebê são crescentemente influenciados pelo desenvolvimento do córtex cerebral. E apesar dos movimentos serem voluntários, não são controlados (sem refinamento). • Estágio do Pré-Controle (1-2 anos): A criança aprende a ganhar e manter o equilíbrio, manipular objetos e se locomover no ambiente com um grau muito bom de eficiência. Fase dos Movimentos Fundamentais (2-7 anos) Os movimentos passam a ser refinados. Subdivide-se em: • Estágio Inicial (2-3 anos): Caracteriza-se pelas primeiras tentativas da criança em executar habilidades motoras fundamentais. • Estágio Elementar (4-5 anos): A execução ainda é incorreta, porém adquire maior controle sobre os movimentos. • Estágio Maduro (6-7 anos): Movimentos coordenados, com algumas falhas de 12 educação. Fase dos Movimentos Especializados (7 em diante) • Estágio Geral ( 7-10 anos): A criança está envolvida na descoberta e na combinação dos movimentos. • Estágio Específico (11-13 anos): Ocorre um aumento da sofisticação cognitiva e há um grande número de experiências acumuladas. A criança passa a procurar ou evitar atividades específicas. • Estágio Especializado (14 anos em diante): Os estágios anteriores culminam neste. E) Urie Bronfenbrenner citado por BRANDÃO (1996). Teoria Ecológica do Desenvolvimento Humano – A ecologia do desenvolvimento humano é o estudo de uma progressiva e mútua acomodação, através do curso da vida, entre um ativo ser humano em crescimento e as propriedades em mudanças nos ambientes imediatos nos quais a pessoa em desenvolvimento vive; como este processo é afetado pelas relações entre estes ambientes e em um contexto maior pelos ambientes nos quais estão inseridos. A teoria ecológica do desenvolvimento humano de Urie Bronfenbrenner, é dividida pelo autor em sistemas distintos, porém estes se interagem em relação ao indivíduo em desenvolvimento, ao ambiente onde vive, aos ambientes onde ele se relaciona e ao tempo. Cada um destes sistemas recebeu uma denominação: microssistema, mesossistema, exossistema e macrossistema. Microssistema: É um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais experenciados pela pessoa em desenvolvimento em um dado ambiente com características físicas e materiais particulares e que contém outras pessoas com características distintas de temperamento, personalidade e sistema de crenças. Mesossistema: Compreende as ligações e processos que tem lugar entre dois ou mais ambientes que contém a pessoa em desenvolvimento (por exemplo, as relações entre a casa e a escola). Em outras palavras, um mesossistema é um sistema de microssistemas. 13 Exossistema: Rodeia a ligação e os processos que tem lugar entre dois ou mais ambientes, no mínimo um deles não contém necessariamente a pessoa em desenvolvimento, mas no qual eventos acontecem que podem influenciar processos dentro do ambiente imediato que contém a pessoa (por exemplo, para a criança a relação entre a casa e o local de trabalho dos pais). Macrossistema: Consiste de todo um padrão de micros, mesos e exossistemas característicos de uma dada cultura, subcultura ou outro contexto social maior, com um particular referencial desenvolvimentista - investigativo para o sistema de crenças, recursos, riscos, estilos de vida, estruturas, oportunidades, opções de vida e padrões de intercâmbio social que estão incluídos em cada um destes sistemas. O macrossistema pode ser visto como a arquitetura societal de uma particular tradição, subcultura ou outro contexto social maior. 2. 3. Princípios e Fases do Desenvolvimento Motor Segundo CORBIN (1980) citado por BENDA (1999), o desenvolvimento apresenta os seguintes princípios: • Princípio da Continuidade: desenvolvimento do nascimento até a morte; • Princípio da Totalidade: o desenvolvimento ocorre em todos os seus aspectos simultaneamente (intelectual, motor, social, emocional, entre outros); • Princípio da Especificidade: apesar de ser global, desenvolvendo sempre todos os aspectos (motor, intelectual, social, emocional, entre outros), o desenvolvimento será enfatizado em um aspecto em cada situação; • Princípio da Progressividade: o desenvolvimento não ocorre de forma rápida, é um processo longo e lento, porém está sempre em evolução; • Princípio da Individualidade: o desenvolvimento é diferente para cada pessoa, respeitando suas características e experiências vivenciadas. 14 De uma forma geral, para BENDA (1999), o desenvolvimento do ser humano ocorre de forma integrada, no qual estão presentes os desenvolvimentos cognitivos, sexual, social e motor. De acordo com a maioria do teóricos, o desenvolvimento motor acontece de forma contínua e sequencial segundo a direção céfalo – caudal, próximo – distal , ou seja, da cabeça para os pés e de dentro para fora. As partes do corpo crescem em proporções diversas e em diferentes épocas, desde a primeira infância até a maturidade. A primeira infância vai do nascimento até os três anos de idade e compreende três fases: fase sensorial ou recém – nascido, fase motora ou do bebê e fase glóssica ou da criança pequena. A segunda infância vai dos três aos seis anos e a terceira infância dos seis aos dez anos da vida. A fase da puberdade de onze à doze anos, respectivamente, para meninas e meninos, estendendo-se até os quatorze anos. A adolescência tem início por volta dos quatorze anos, estendendo- se até os dezoito anos. Os teóricos do desenvolvimento, de modo geral, consideram a maturação fator importante no desenvolvimento motor, porém não desprezam a influência genética, as experiências e a influência do meio externo. Segundo RODRIGUES (1993), as fases do desenvolvimento motor são: 1. Recém Nascido ( zero à três meses); 2. Bebê (quatro à doze meses); 3. Criança (um à três anos); 4. Pré Escolar (três à seis anos); 5. Idade Escolar (seis à dez anos); 6. Puberdade (onze à quatorze anos); 7. Adolescência (quatorze à dezoito). 3. 4. Desenvolvimento Motor no Esporte No presente estudo foi dado ênfase à fase 7, adolescência, pois nesta está inclusa a faixa etária em questão. 15 A adolescência é a fase que se estende da puberdade até a maturidade e se caracteriza pela estabilização da diferenciação sexual e por uma progressiva individualização. O comportamento motor, inicialmente, não está totalmente equilibrado, contudo se apresenta mais seguro. Entre os quinze e dezenove anos, aproximadamente, o rendimento motor alcança o máximo de desenvolvimento. Este é o momento ideal para aprendizagem motora sem limitações, principalmente com referência às atividades esportivas. As meninas têm preferência por atividades esportivas de menor esforço físico e de maior habilidade, enquanto os meninos se dedicam às atividades que demandam maior intensidade. Os meninos manifestam maior prontidão para aprendizagem motora e também maior rendimento nas tarefas que implicam força, resistência, velocidade e coragem. Quanto ao desenvolvimento das formas básicas como correr saltar e lançar, os meninos apresentam maior rendimento do que as meninas. Essas formas de movimento estão, nesta fase, diretamente relacionada às diferenças específicas do sexo. As capacidades motoras (força, resistência e coordenação) se apresentam mais desenvolvidas nos meninos enquanto que as meninas possuem maior flexibilidade, com exceção das articulações dos ombros. De modo geral, o maior desenvolvimento da flexibilidade é alcançado por volta dos vinte anos, diminuindo consideravelmente desde o décimo ano de vida, quando não solicitado. 3. Treinamento Físico em Crianças e Adolescentes De acordo com PINTO (1991) o sistema de preparação e o treinamento de qualquer modalidade desportiva requer o conhecimento mais exato possível das características e exigências impostas pela competição: A caracterização ou melhor, a tipificação do esforço realizado pelos jogadores de futebol durante o jogo, torna-se assim essencial para podermos determinar as características bem como os meios e métodos de treinamento mais congruentes como os objetivos definidos no sentido de ser mais eficaz (OLIVEIRA et al, 2000). 16 Segundo MACEK & VAÚRA (1980), um grande número de institutos e pesquisadores estão preocupados com aspectos do treinamento em crianças e adolescentes. Esta preocupação pode estar vinculada ao interesse de se criar mais campeonatos ou simplesmente ao fato de se conhecer a extensão do efeito da atividade física e do esporte, já que estes são parte integrante da vida das crianças e adolescentes. Os métodos de treinamento trabalhados por crianças e adolescentes devem ser estudados e planejados para que seus efeitos sejam positivo, principalmente quando se trata de corpos em formação. A atividade física é talvez o comportamento mais observado em crianças e adolescentes, pelo fato de apresentarem maior necessidade de gasto energético através de atividades e brincadeiras vigorosas, além de atividades esportivas estruturadas, pois a atividade física evoca elevados níveis de metabolismo e dispêndio de energia. A maioria das atividades físicas nas quais as crianças naturalmente se engajam, podem ser largamente classificadas como anaeróbias na essência, desde que estas atividades geralmente requerem rápidas demandas energéticas e são de curta duração. É realmente raro que uma criança naturalmente se envolva em corridas de longa distância ou outras formas de atividades de endurance. Apesar das crianças preferirem atividades físicas de curta duração, a função anaeróbia da criança pré pubertária tem sido inferior àquelas apresentadas por indivíduos pubertários ou adultos. A maioria das informações sobre o desenvolvimento da capacidade anaeróbia e potência anaeróbia vem de estudos que utilizam medidas de performance como o teste de Wingate (este teste máximo em bicicleta de 30 segundos é empregado com o intuito de analisar três índices: produção de potência mecânica (total em 30 segundos), potência média, potência máxima (para 5 segundos), potência de pico (é a diferença entre o maior e o menor valor de potência máxima, para 5 segundos), taxa de fadiga) ou mais recentemente o teste de corrida de 40 segundos onde o objetivo é medir indiretamente a potência anaeróbia total (alática + lática), introduzido por MATSUDO et al (1986). Esses 17 estudos tem demonstrado que a função anaeróbia melhora com a idade mesmo quando o crescimento e mudanças no tamanho do corpo são considerados. KUROWSKI (1977) relatou um aumento de aproximadamente 20% na potência anaeróbia relativa (Kcal/ Kg) em 294 crianças de 09 a 16 anos no teste de Margaria. BAR’OR (1983) mostrou resultados similares para o pico de potência e potência média (índices da capacidade anaeróbia) em meninos e meninas de 08 a 14 anos, usando o “Teste de Wingate”. Em estudo realizado com 720 crianças e jovens de 07 a 18 anos, quando usou o teste de corrida de 40 segundos. Assim parece que crianças apresentam níveis mais baixos de metabolismo anaeróbio e isto parece estar relacionado ao status de maturidade física. ROCHA et al (1986) também observou relação entre aumento na capacidade anaeróbia com a idade detectando os baixos níveis de lactato sangüíneo, a atividade das enzimas metabólicas, limiar anaeróbio e a função anaeróbia relacionada à cinética do consumo de oxigênio no início do exercício (BOILEAU, 1989). No estudo onde foram avaliados por antropometria, teste de capacidade anaeróbia (Can), teste de potência aeróbia (Pa) e velocidade de corrida no limiar anaeróbio (VCL) a principal conclusão foi de que o treinamento de futebol, parece aumentar a VCL sem modificar a composição corporal de seus praticantes. Proficiência em termos de desempenho motor é um importante atributo no repertório de conduta motora de crianças e adolescentes (GALLAHUE, 1989) efetiva participação em programas de atividade física. Por essa razão, tem surgido considerável interesse em todo o mundo quanto ao desenvolvimento de estudos para obter informações com relação aos índices de desempenho motor entre os integrantes da população jovem. Dentro do esporto e suas complexidades, podemos inteirar três componentes: o indivíduo, o meio ambiente e a tarefa. Segundo TIEGEL nos jogos esportivos coletivos, se deve, paralelamente possibilitar ao aluno a tomada de decisões, desenvolvendo assim, os processos cognitivos subjacentes a esta. A preocupação de professores de educação física e técnicos esportivos em estimular o desenvolvimento equilibrado das capacidades físicas, técnicas, táticas 18 e psicológicas deve ser constante, objetivando a formação integral do indivíduo. Neste processo de ensino aprendizagem treinamento, o planejamento sistemático e consciente gera caminhos seguros para a formação biopsicossocial de indivíduos que gostam da prática esportiva e podem aspirar ser atleta, ou para a prática como melhora do potencial de saúde, ou pelo valor do lazer. O futebol de campo é um esporte muito praticado nas escolas e nos clubes. Consequentemente, impõe-se que os professores de educação física que o utilizam como conteúdo de suas aulas e aqueles que trabalham em escola de iniciação ao futebol tenham uma fundamentação teórica suficientemente ampla e consistente em relação a tão importante capacidade inerente ao rendimento esportivo. O processo de formação esportiva do modelo criado na Escola de Educação Física da Universidade Federal de Minas Gerais, proposto por GRECO (1998), “caracteriza-se por curtos períodos de duração de cada uma das fases, o que permite que exista uma aproximação com evolução ontogenética. Por outro, evita-se a especialização precoce, pois esta, juntamente com a competição sistemática e alta competição, não são construtivas para as crianças”. O modelo proposto pelo autor é dirigido fundamentalmente para os jogos coletivos e divide-se nas seguintes fases: 1. Pré Escolar (3 a 6 anos): processo caracterizado nas três áreas de manifestação da aprendizagem, ou seja na unidade e complexidade do sistema cognição emoção motivação; 2. Universal (6 a 12 anos): procura-se desenvolver todas as capacidades motoras e coordenativas de uma forma geral, criando uma base ampla e variada de ações que ressaltem o aspecto lúdico, onde o ensinoaprendizagem treinamento deve ser trabalhado de acordo com a idade e o nível de experiência motora; 3. Orientação (12 a 14 anos): deve-se procurar o desenvolvimento e aperfeiçoamento das capacidades físicas (motoras e coordenativas) e se iniciar o processo de fixação e aprimoramento das técnicas, em sua forma global; 19 4. Direção (14 a 16 anos): com base no nível anterior, pode-se começar com aperfeiçoamento e a especialização técnica em uma ou duas modalidades esportivas; 5. Especialização (16 a 18 anos); 6. Aproximação/ Integração (18 a 21 anos); e 7. Alto Nível (a partir dos 21 anos). No presente estudo enfatizamos as fases 4 e 5, direção e especialização respectivamente, pois nestas estão inclusas as faixas etárias em questão. Na fase denominada “Direção” (14 a 16 anos), é importante destacar a necessidade de que o jovem realize e participe de duas ou três modalidades esportivas, as quais devem ser, de preferência, complementares. Paulatinamente, aperfeiçoam-se as técnicas que encaminhem o atleta à otimização do seu rendimento. As técnicas são trabalhadas em situações apresentadas na forma de exercícios complexos, em que a requisição da técnica seja variável em relação aos seus parâmetros de execução e aplicação. A inteligência e a capacidade de jogo continuarão a ser desenvolvidas por meio de atividades que exijam a aplicação do conhecimento adquirido na fase de “Orientação”, de forma tal a efetivar a concretização dos conceitos teóricos em ações esportivas. Deve-se, portanto, continuar utilizando exercícios complexos que apresentem exigências de execução relacionadas com o tipo de técnica a ser aplicada e incluam os parâmetros necessários para o êxito da ação, assim como exercícios que impliquem uma tomada de decisão no sentido tático, ou seja, do que será feito. As atividades relacionadas com futebol, nesta fase, devem ser mais complexas e envolver mais de uma técnica na solução da tarefa motora. O exemplo seria um exercício de cruzamentos na área, em que o indivíduo tenha como objetivo converter gols, utilizando todas as técnicas possíveis, adequadas e permitidas pela regra, para aquele momento. Na “Especialização” (16 a 18 anos), é incrementado o trabalho nas áreas específicas da modalidade. Procura-se o aperfeiçoamento e a otimização do 20 potencial físico, técnico e tático, que deve ser base para o emprego de comportamentos táticos de alto nível. Inicia-se, paralelamente, um processo de estabilização das capacidades psíquicas. A participação em competições aumenta sensivelmente. Sobre o aspecto da integração do treinamento técnico com o treinamento tático, conformando assim um treinamento técnico tático, é importante destacar que o desenvolvimento dos processos cognitivos no marco do processo de ensino aprendizagem treinamento é um pré-requisito fundamental. Para isso será necessário: “desenvolver e aperfeiçoar a regulação dos programas e processos motores, particularmente em situações sob influência da ação do adversário, respeitando a cooperação com colegas e diminuindo o tempo que o jogador necessita para recepção, descoberta e elaboração das informações, a fim de minimizar a quantidade de erros no jogo” (KONZAG & KONZAG, 1981). A regulação dos programas motores é realizada pela união do treinamento técnico com o treinamento tático, e ambos serão integrados em um treinamento teórico. A diminuição dos erros é proposta através de um processo metodológico que se baseia na construção de árvores genealógicas para tomada de decisão. FREIRE (1995) estudou o comportamento motor de indivíduos realizando “o chute à gol”, comparando o comportamento motor de oito indivíduos e verificando que nenhum repete o do outro. No entanto para PIAGET (1973) citado por FREIRE (1995), a regularidade é invisível, quando trata-se de esquemas como daquilo que se repete em cada ação, mesmo depois de ter afirmado que toda ação motora é original, isto é, que nunca uma delas repete qualquer outra anterior. Num treinamento de futebol é necessário treinar todas as possibilidades de tomada de decisão, ou seja, após a percepção de todo ambiente externo (posicionamento dos jogadores adversários e local que se encontra no campo) e ambiente interno (seu corpo), verificar quais as possibilidades existentes de êxito e optar pela mais adequada. 4. Características Genéticas 21 Para MAIA et al (1999) o desporto moderno, legado inequívoco do espírito e cultura humana, oferece a todos um conjunto variado de benefícios que percorre um largo espectro do domínio biológico ao psicológico. Enquanto produto cultural do homem é uma fonte inesgotável de sociabilização concorrendo com o papel do modelo familiar na transmissão de valores fundamentais da humanidade. Quando estudamos princípios de treinamento, temos o princípio da individualidade biológica que nos diz sobre as características herdadas (genótipo) e as adquiridas após o nascimento (fenótipo). Isso nos leva a pensar em quais aspectos são mais importantes para se encaminhar uma criança ou jovem para determinada modalidade esportiva. Saber distinguir o que é influência do meio e o que realmente é herança genética, seria o que podemos considerar como mais completo. Contudo podemos citar como exemplo algumas definições: • “A atividade física tem como peculiaridade causar modificações profundas no equilíbrio interno do organismo, levando-o a desenvolver mecanismos fisiológicos adaptativos variados, de acordo com o tipo de atividade física implementada” (GALLANI et al, 1997); • Desenvolvimento de um pico de performance, característica em atletas de competição, depende das adaptações fisiológicas resultantes de vários anos de treinamento físico (NEUFER, 1989 apud EVANGELISTA e BRUM, 1979). Diante desses fatos nos deparamos com a influência da genética nos futuros atletas. A relação daqueles que possuem uma característica própria para determinada capacidade física e o treinamento específico na busca de novos atletas. 5. Nutrição Para GUERRA et al (2001), a nutrição é um aspecto fundamental para o desempenho, a demanda energética dos treinamentos e competições requer que os jogadores consumam uma dieta balanceada particularmente rica em carboidratos. Segundo BURKE et al (1998) atualmente há muitas pesquisas que 22 tentam relacionar o índice glicêmico do alimento com sintoma de fadiga durante o exercício físico (ROSSI et al, 1999). De acordo com Guerra et al (2001) os futebolistas estão sob risco constante de deficiências latentes de micronutrientes pelo desgaste muscular, perdas intestinais, sudorese intensa, viagens constantes, mudanças de fuso horário, cardápios e ainda os maiores desbalanceamentos que ocorre pelo elevado consumo de proteínas, gorduras e a baixa ingestão de carboidratos. O futebol envolve exercícios intermitentes e a intensidade do esforço físico depende do posicionamento do atleta, qualidade do adversário e importância do jogo, onde se observa as principais alterações metabólicas desses atletas com prováveis implicações nutricionais e/ ou na conduta dietética para melhor desempenho. A hidratação é um fator importante que deve ser considerado antes, durante e após o exercício. Como um jogo de futebol tem a duração média de 90 minutos, é freqüente ocorrerem problemas associados à termorregulação e ao balanço hídrico. Sabe-se que o treinamento físico associado ao estresse térmico, aumenta o fluxo cutâneo de sangue e a produção de suor. Há grande variedade individual de perda hídrica devido às diferentes composições corporais, taxas metabólicas, aclimatação do atleta, temperatura e umidade ambiental, variedade e intensidade de exercícios realizados durante um jogo e diferenças nas funções desempenhadas. O desempenho durante jogos ou treinos pode diminuir 30% com a perda de 5 a 6% do peso corporal e a recuperação das reservas hídricas pode não se completar entre 48 e 72 horas. A redução do peso pode persistir mesmo após 24 horas de ingestão. A oferta de líquidos é mais importante que a disponibilidade de carboidratos , no desempenho físico em exercícios de resistência ao calor. 6. Condicionamento Físico Segundo STIEHLER et al (1998) a condição física do atleta de futebol é de suma importância para que ele tenha a mínima condição de aplicar um plano 23 técnico e tático, e manter o maior tempo possível um nível elevado de tolerâncias à fadiga e aos altos índices de concentração (MARTIN, 1999). Por isso que um treinamento adequado pode garantir a um atleta essas condições para que na hora do jogo ele possa ter um bom desempenho. OLIVEIRA et al (2000) acreditam que mesmo tendo em vista que existem outros fatores individuais, o aspecto físico assume papel de suma importância no processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento técnico e tático do futebolista. O futebol é uma modalidade com exercícios intermitentes de intensidade variável. Esportes com bola podem ser caracterizados como atividades intermitentes, com freqüentes transações de esforço de alta intensidade para períodos de recuperação e vice-versa. Os períodos de alta intensidade compreendem movimentos ou deslocamentos vigorosos de natureza anaeróbia, que devem ser sustentados pelos jogadores durante todo o tempo de duração da partida, com o mínimo de fadiga (KOKUBUN et al, 1996). Quanto maior o condicionamento do atleta, por mais tempo ele suportará o esforço realizado dentro da partida e a fadiga será menor. A intermitência das atividades em partida tem importante implicação para o desempenho e para as respostas fisiológicas ao exercício. Tem sido extensivamente demonstrado que exercícios intermitentes podem ser sustentados por períodos de tempo muito maiores do que exercícios contínuos, particularmente quando a duração dos períodos de esforço e recuperação são respectivamente menores e maiores (ASTRAND & CHISTENSSEN, 1960; CHISTENSSEN, HEDMAN & SALTIN, 1960) citado por KOKUBUN (1996). Fisiologicamente, exercícios intermitentes apresentam menor concentração de lactato sangüíneo e oportunidade de reposição dos fosfatos de alta energia e do oxigênio da mioglobina muscular nas fases de repouso. É bastante provável também que a reposição dos fosfatos de alta energia nos períodos de recuperação, contribua para a inibição das atividades de enzimas glicolíticas em razão da diminuição dos fosfatos inorgânicos e ADP (MADEK, HECK & HOLLMANN, 1983) citado por KOKUBUN (1996). 24 Durante uma partida, a distância percorrida por um atleta e o esforço realizado depende do nível de exigência do jogo, mas normalmente os estudos realizados nos oferece uma estimativa desse esforço dividido pela posição dos jogadores, sejam eles defensores, alas, meio campistas e atacantes. Segundo OLIVEIRA et al (2000) os deslocamentos são divididos em três tipos: • Deslocamentos para frente: subdividindo-se em andar, trotar (corrida lenta ) e corrida rápida (sprint); • Deslocamentos laterais: subdividindo-se em andar e trotar; • Deslocamentos para trás: subdividindo-se também em andar e trotar. Tabela 1 – Tipos de deslocamentos e médias de acordo com a posição dos jogadores. Zagueiros e Laterais Atacantes Meio Campistas MOVIMENTOS PARA FRENTE Andar 3984m 2276m 2076m Trotar 2248m 3174m 4359m Corrida Rápida 986m 1476m 1199m Andar 511m 212m 201m Trotar 238m 40m 129m Andar 37m 26m 32m Trotar 350m 122m 241m 8Km354m 7km333m 8km237m MOVIMENTOS PARA TRÁS MOVIMENTOS LATERAIS Média Total Percorrida A tabela 1 mostra que os defensores em sua maior parte correm em uma intensidade baixa (mais andam do que correm), os meio campistas desenvolvem o trote, e os atacantes são os que possuem um maior equilíbrio entre andar, trotar e correr rápido. 25 Os dados acima revelam uma estimativa do esforço desenvolvido pelos jogadores, fortalecendo cada vez mais a importância do condicionamento físico. O preparador físico de uma equipe de futebol, deve ter todo um planejamento e um cronograma do campeonato, executando seu trabalho conforme uma necessidade específica e momentânea, seguindo os princípios do treinamento físico, ou seja, as regras ou princípios que influenciam os aspectos biológicos e pedagógicos. São eles: • Princípio da conscientização: realizar exercícios compreendendo os verdadeiros motivos da sua aplicação; • Princípio da saúde: bem estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou de enfermidade; • Princípio da individualidade biológica: diz respeito às diferenças existentes entre as pessoas quanto à carga genética (genótipo) e às experiências adquiridas após o nascimento (fenótipo), de acordo com DANTAS (1997) citado por MONTEIRO (2000); • Princípio da adaptação fisiológica: reações fisiológicas que asseguram os fundamentos da adaptação fisiológica do organismo às mudanças das condições circundantes e que tendem a conservar a estabilidade relativa de seu meio interno (NISHCHENKO e MONOZAROV, 1995) citado por MONTEIRO (2000); • Princípio da sobrecarga: aumento progressivo na carga de trabalho, a partir do momento em que o indivíduo adapta-se a essa carga para a melhoria de aptidão física; • Princípio da continuidade e reversibilidade: os efeitos do treinamento são transitórios e reversíveis; • Princípio da manutenção: uma vez que a pessoa esteja adaptada fisiologicamente a um nível de estimulação e que não haja mais sobrecarga, não se desenvolvem maiores adaptações fisiológicas; • Princípio da especificidade: os efeitos do treinamento são específicos para as partes e sistemas corporais solicitados (BARBANTI, 1997) citado por MONTEIRO (2000). 26 Notamos que inúmeros fatores envolvem o ganho e a manutenção da performance de um atleta. Segundo SANTOS (1999) o futebol assume características particulares, já que a respectiva dimensão de aleatoriedade permite que no confronto entre equipes aconteça um grande equilíbrio dependendo do nível competitivo. Segundo GALLANI et al (1997) a atividade física tem como peculiaridade causar modificações profundas no equilíbrio interno do organismo, levando-o a desenvolver mecanismo fisiológicos adaptativos variados de acordo com o tipo de atividade implementada. O condicionamento leva a pessoa ao aperfeiçoamento das qualidades físicas, bem como à especificidade dos exercícios e de cada função da modalidade. Segundo WEINECK (2000) o condicionamento físico pode ser apresentado como sinônimo para o conjunto de todos os fatores de performance, psíquicos, físicos, técnicos – táticos, cognitivos e sociais. 7. Resistência Anaeróbia Resistência anaeróbia é a qualidade que permite a um atleta sustentar o maior tempo possível uma atividade física relativamente generalizada, em condições anaeróbias, isto é, uma situação de débito do oxigênio (TUBINO, 1977). Um esforço anaeróbio pode ser explicado pelas solicitações fisiológicas de oxigênio de um atleta no esforço superior à sua capacidade de consumo, provocando um acúmulo de débito de oxigênio, o qual deverá desaparecer após o término do esforço. Segundo TUBINO (1977) para se obter o cálculo de débito de oxigênio total de um esforço, é preciso medir o consumo de oxigênio na recuperação do atleta por um tempo determinado, subtrair do consumo de oxigênio no repouso, também calculado na mesma duração determinada. A variável principal na medição da capacidade anaeróbia é o tempo que os atletas conseguem suportar o esforço, após atingir a anaerobiose. 27 Ao término de sessões de treinamento, cujos conteúdos sejam fundamentalmente anaeróbios, ocorrem mecanismos fisiológicos de compensação os quais permitem: • A reconstituição das reservas de oxigênio do organismo; • A eliminação dos resíduos metabólicos; • A recomposição das reservas de mioglobina dos músculos. A freqüência cardíaca deve ser controlada, pois indica se o estímulo do treinamento do atleta deve decrescer de intensidade ou ser interrompido. Através dela o treinador tem condições de saber como está reagindo o organismo da pessoa. A freqüência determina o esforço da pessoa. O limiar anaeróbio (LA), também é muito importante e favorece o estudo e a verificação da resistência anaeróbia. Este índice (LA) tem sido identificado como um bom predito da “performance” da corrida, respondendo por 70 – 90% da variação da performance para distâncias compreendidas entre 3,2 – 42,2Km. SIMÕES et al (1998) diz que o limiar anaeróbio é um parâmetro de aptidão aeróbia, que vem sendo extensivamente utilizado em clínica médica na prescrição de intensidade de exercícios para o treinamento e em pesquisa na área de fisiologia. Em outros estudos, verificou-se que 81% de variação da performance em ciclistas que apresentavam valores similares de VO2 máx. podia ser atribuída às diferenças entre as % de VO2 máx., equivalentes ao LA (COYLE et ali, 1988), citado por DENADAI (1995). O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx.), é uma boa medida de caráter geral dos fatores cardiorespiratórios e metabólicos que afetam a capacidade máxima dos organismos em captar, transportar e utilizar o oxigênio. Esta foi durante muito tempo considerada o melhor índice para se determinar a performance em esportes de longa duração (ASTRANI, 1956; TAYLOR et ali, 1995) citado por DENADAI (1995). GOLLNICK & SALTIN (1980) citado por DENADAI (1995) propõem que o VO2 máx. e a capacidade de resistência em exercícios submáximos são limitados por diferentes mecanismos, ou seja, o VO2 máx. parece estar relacionado com 28 fatores cardiovasculares, como o débito cardíaco máximo e a atividade das enzimas oxidativas. Deste modo pode-se propor que o VO2 máx. e o LA são determinados por diferentes mecanismos. Enquanto o LA está mais relacionado com o estado metabólico (capacidade oxidativa) dos músculos, o VO2 máx. estaria mais dependente dos fatores cardiovasculares. O que podemos também considerar para o desenvolvimento da resistência anaeróbia em relação ao desempenho físico e especificamente para a modalidade futebol como também alguns esportes de quadra, é a força de membros inferiores. Com esse intuito, existem alguns trabalhos que tentam correlacionar a circunferência da perna com a força de membros superiores e inferiores. Segundo SIGMARINGA e FRANÇA (1992) a performance esportiva levanta questões para a ciência do esporte que os profissionais da área tentam solucionar. Uma das questões levantadas se refere à influência da estatura da composição corporal sobre o desempenho físico. Apesar da evolução tecnológica dos últimos anos, o número de questões sem respostas permanece elevado. Por esse antropométricos, motivo, a relação tem recebido desempenho esforços tão físico acentuados versus aspectos por parte dos pesquisadores. Testes realizados demonstraram que a média de altura e o peso diferiu significativamente para o grupo masculino em relação ao grupo feminino estudado. Fato semelhante ocorreu nas médias de IVS (impulsão vertical sem auxílio dos braços), IH (impulsão horizontal), na circunferência de perna e nas dobras cutâneas, em favor do grupo masculino. Quando verificado a associação das variáveis, os resultados obtidos mostraram que não houve correlação significativa entre circunferência de perna com a força de membros superiores e inferiores. Também podemos considerar a potência muscular em relação à composição corporal. Não existe consenso entre os pesquisadores no que diz respeito a quais medidas constituem a estimativa mais válida de desempenho anaeróbio, embora 29 vários testes de laboratório tenham sido desenvolvidos. Uma avaliação popular é o “Teste de Wingate”. Os resultados encontrados nessa pesquisa foram: 1. Uma carga de resistência de 0,095 Kp/ Kg de peso corporal, determina uma maior produção de potência média do que cargas de resistência mais baixas; 2. Quando a produção de potência média foi expressa em W/Kg, não foram encontradas diferenças significativas para valores de produção de potência para indivíduos do sexo feminino com baixa e alta massa; 3. Quando a produção de potência máxima foi expressa em W/Kg, mulheres com baixa soma de dobras cutâneas, apresentam produção de potência média significativamente maior que mulheres com alta soma de dobras cutâneas. Apenas alguns aspectos que envolvem a resistência anaeróbia foram expostos no trabalho. Muitas são as variáveis envolvidas, tanto na parte fisiológica como também na parte psicológica. No futebol conforme já dito, a semelhança da formação da resistência anaeróbia com o jogo, garante a formação dos componentes relevantes a ele. A resistência anaeróbia é treinada por meio de jogos com pequeno número de jogadores, devido à freqüente situação de disputa, esse método exige altíssima força de vontade e capacidade de tolerância à fadiga, ou treinada de forma que os exercícios possam determinar intensidades de sobrecarga aliadas à especificidade que o preparador ou técnico determine. O organismo está sendo adaptado fisiologicamente a uma determinada situação, o ganho de resistência específica para aquela modalidade, pode alcançar níveis ótimos, desde que trabalhada adequadamente. 7.1. Treinamento Anaeróbio Atualmente antes do início dos campeonatos é feito um programa de treinamento, planejamento, onde contém a pré temporada, o trabalho durante a 30 temporada, excepcionalmente o trabalho para atletas lesionados, a integração com o técnico e o trabalho sobre as estatísticas. A fase de pré temporada é um período de preparação das equipes após as férias que antecede o início dos campeonatos do ano, ocasião fundamental esta para que os jogadores recebam preparação física adequada. Antes do início do trabalho algumas equipes avaliam seus atletas, para identificarem a condição física (principalmente) que os mesmos se encontram. Dentre vários testes a composição corporal será um dos índices avaliados . Esta é calculada à partir do peso e da altura do indivíduo e pelas medidas das dobras cutâneas feitas através do aparelho de adipômetro. De acordo com LOHMAN (1987) citado por LOPES et al (1999) os dados a seguir descrevem a classificação dos índices para avaliação da composição corporal. CLASSIFICAÇÃO MASCULINO FEMININO Muito Baixo Até 6,0 Até 12,0 Baixo 6,1 – 10,0 12,1 – 15, 0 Ótimo 10,1 – 20,0 15,1 – 25,0 Moderado Alto 20,1 – 25,0 25,1 – 30,0 Alto 25,1 – 31,0 30,1 – 35,5 Muito Alto + 31,1 + 35,6 Durante a temporada o trabalho físico é voltado para a manutenção das qualidades dos atletas e também para a recuperação à fadiga, decorrente a intensidade do jogo. Quando ocorre um caso de lesão, este atleta fará o tratamento médico e consequentemente diminuirá sua performance, cabe então ao preparador físico a recuperação desta, tomando os devidos cuidados para não ocasionar uma nova lesão. Integrando-se com a direção técnica, o preparador físico mantém sempre o contato com o técnico da sua equipe, a fim de saber qual a sua prioridade em relação aos atletas para determinada fase da competição, elaborando assim melhor o seu programa de trabalho. 31 A base do desenvolvimento físico envolve as principais formas de exigência motora e dentro dessas estão envolvidas as qualidades físicas de velocidade, força, flexibilidade, resistência aeróbia e resistência anaeróbia. Velocidade: é uma capacidade verdadeiramente múltipla, a qual pertencem não somente ao reagir e agir rápido, a saída e a corrida, a velocidade no tratamento com a bola, o sprint e a parada, como também o reconhecimento e tomada rápida de decisão. Força: uma definição precisa de força que inclua tanto o seu aspecto físico quanto o psíquico, é muito difícil em comparação à sua definição estritamente física, pois isso refere-se ao fato de que os tipos e as características de força, de trabalho muscular e da tensão muscular, entre outros, são muito influenciáveis. A definição de força só será dada, portanto, em conjunto com as formas desta capacidade relevantes à performance num jogo de futebol. Flexibilidade: é sem dúvida um componente importante para a performance durante uma partida de 90 minutos, envolvendo diretamente a mobilidade dos jogadores. Resistência Aeróbia: Como demonstraram as pesquisas de HAKKINEN, KOUHANEN e KOMI (1987, 240) citado por WEINECK (2000) qualquer atleta até mesmo os halterofilistas, necessitam de um desenvolvimento satisfatório da resistência aeróbia, com a finalidade de que possam conduzir um treinamento intenso e com grande volume. Portanto não devemos perguntar “se” a resistência aeróbia deve fazer parte da preparação física de um jogador de futebol, mas sim “qual” o volume de treinamento fará parte do seu treinamento. Resistência Anaeróbia: Acredita- se que todas as potencialidades expostas são de grande importância para o treinamento físico para o futebol, porém o trabalho anaeróbio envolve a porção mais específica do jogo. A resistência anaeróbia depende da aeróbia para o seu desenvolvimento, possuindo características independentes, ou seja, contém métodos e conteúdos próprios. O preparador físico deve incluir no treinamento exercícios que desenvolvam a resistência anaeróbia lática e a resistência anaeróbia alática. 32 Esta fase do treinamento é longa, pois obedece a intervalos, onde por exemplo podemos citar os métodos utilizados, como o intervalado e o de repetição. A crescente semelhança da formação da resistência anaeróbia com o jogo, garante a formação dos componentes relevantes a ele. Segundo WEINECK (2000) mudanças repetidas de forma intervalada e em seqüência, exigem do jogador a capacidade de eliminar a elevada taxa de ácido lático proveniente de fases intensas de sobrecarga nas passagens de corridas de recuperação e, com isso, poder iniciar a próxima repetição consideravelmente recuperado. A resistência anaeróbia é treinada por meio de jogos com pequeno número de jogadores, por causa da freqüente situação de disputa, esse método exige altíssima força de vontade e capacidade de tolerância à fadiga, ou treinada de forma que os exercícios possam determinar intensidades de sobrecargas aliada a especificidade que o Preparador ou Técnico determine. Apesar das particularidades quanto á idade, as crianças e adolescentes mostram em princípios as mesmas adaptações que os adultos, em que não só valores da performance morfológica e cardiopulmonar elevam-se mais também parâmetros fisiológicos. A respeito da capacidade anaeróbia, é preciso levar em consideração a realização do treinamento em crianças e adolescentes, a escolha dos métodos e dos meios de treinamento, bem como a dosagem da intensidade e a duração do treinamento têm de ser adaptadas ás necessidade fisiológicas dessa faixa etária. De acordo com HAKKINENN et al (1987) apud WEINECK (1994) o atleta de futebol em seu treinamento deve desenvolver uma resistência geral com enfoque no aumento da tolerância à fadiga, ou seja, à necessidade de elevar a velocidade no limiar anaeróbio e também do VO2 máx.; uma resistência específica, com aumento da velocidade e da resistência de velocidade, ou seja, mantendo contentemente elevados os níveis de potência anaeróbia alática e lática (MARTINS et al 1999). Para Evangelista et al (1999) o desenvolvimento de um pico de performance, depende também das adaptações fisiológicas das resultantes de vários anos de treinamento físico: aumento do volume sistólico, aumento do metabolismo oxidativo do músculo esquelético e o aumento do consumo máximo de oxigênio. 33 7. 2. Métodos do Treinamento Anaeróbio para o Futebol Segundo OLIVEIRA et al (2000) o futebol se classifica entre as modalidades esportivas complexas não mensuráveis, cíclicas acíclicas (os gestos desportivos não se repetem em intervalos regulares). Por esse e outros fatores a importância de conhecer e pesquisar quais os métodos mais adequados para a preparação física do futebol. WEINECK (2000) divide os métodos de treinamento anaeróbio em quatro fases: 1. Método contínuo: desenvolve a resistência anaeróbia; 2. Método intervalado: extensivo caracterizado pela alta intensidade de sobrecarga e o intensivo caracterizado pela alta intensidade e pelo baixo volume de sobrecarga. O método intervalado contínuo é o que mais se aproxima do jogo, com um trabalho voltado para potência e resistência de força rápida, tem intervalos de 5 a 6 segundos. Após o término da sobrecarga, as pressões sangüíneas sistólicas e diastólicas diminuem rapidamente e a amplitude da pressão sangüínea aumenta fortemente, o que resulta em um grande volume de ejeção, além da exigência seletiva de fibras de contração rápida, depleção dos estoques de glicogênio, hipertrofia das fibras e aumento do VO2 máx. O trabalho é realizado além do “limiar anaeróbio”; 3. Método de repetição: desenvolve a melhora da capacidade de aceleração, a elevação de resistência de forças de sprint e o desenvolvimento da força e da resistência de força, trabalhando essencialmente na capacidade anaeróbia alática; 4. Método de jogo: um dos grandes aspectos do treinamento é a especificidade da modalidade, e o método de jogo é o que apresenta uma maior semelhança com o jogo, desenvolvendo não só a parte física como também a aquisição de experiência em competição, a melhora do comportamento tático e técnico, além do preparo psicológico. 34 Algumas citações dizem que o treinamento deve se voltar para as exigências do jogo e se aproximar da realidade. “O melhor mestre para o treinamento é o jogo”. (CRAMER, 1987); “No jogo aprendemos o que é preciso treinar”. (KRAUSP et al. 1990); “O segredo do sucesso no futebol pode ser sempre procurado no treinamento”. (BECNHAKER, 1990). Para a formação da resistência anaeróbia podemos utilizar os programas de ERKENBRECHER (1990, 23/ 24) citado por WEINECK (2000) com seus circuitos (com ou sem bola) com variações acíclicas das sobrecargas. Os grupos começam ao mesmo tempo e percorrem na direção dada diferentes trechos com tarefas distribuídas sem que aconteça paralisação. Dentro desses métodos se objetiva a melhora de capacidades específicas ao futebol, e uma das mais importantes para seu desenvolvimento no jogo, é a velocidade. Ela pode ser implantada nos métodos de repetição, intervalado e de jogo, sendo dividida em coordenação, realização, treinamento de aceleração e o treinamento específico. De acordo com TOURINHO FILHO et al (1998) um considerável número de mudanças anatômicas e fisiológicas ocorrem durante a adolescência e podem influenciar na “performance” de uma corrida. Em sua pesquisa onde tinha um protocolo do teste de 40 segundos, os resultados fornecem evidências de uma mudança no metabolismo anaeróbio durante o crescimento, pois o lactato sangüíneo e muscular, atividades enzimáticas glicolíticas, débito e déficit de oxigênio, performance de potência máxima em exercícios de curta duração e velocidade máxima em testes de campo, aumentam da infância à fase adulta. 7. 3. Efeitos do Treinamento Anaeróbio Em resposta ao treinamento (MARTIN, 1977) citado por WEINECK (1999) os efeitos definem- se como sendo um processo que favorece alterações positivas de um estado físico, motor, cognitivo e afetivo. Sem dúvidas quando o treinamento for trabalhado de forma correta, os efeitos serão relacionados ao aumento da 35 performance, como a melhora da velocidade , sem causar danos a integridade física do atleta. De acordo com HAKKINENN et al (1987) apud WEINECK (1994) o atleta de futebol em seu treinamento deve desenvolver uma resistência geral com enfoque no aumento da tolerância à fadiga, ou seja, a necessidade de elevar a velocidade no limiar anaeróbio e também do VO2 máx. ; uma resistência de velocidade, ou seja, mantendo contentemente elevados os níveis de potência anaeróbia alática e lática (MARTINS et al, 1999). Outro fator analisado durante um ciclo de treinamento é o índice de massa corporal , conforme citado no trabalho, através dele temos parâmetros do índice de gordura dos atletas e qual foi a melhora com os treinamentos. A fadiga sempre surgirá devido a depressão das vias energéticas em resposta ao gasto energético pelo esforço físico. Segundo ROSSI et al (1999) a fadiga pode ser inicialmente definida como o conjunto de manifestações produzidas por trabalho ou exercícios prolongados, tendo como conseqüência a diminuição da capacidade funcional de manter ou continuar o rendimento esperado. De acordo com LEHMANN et al (1993) a fadiga é dividida em duas partes: a periférica que afeta os músculos e a central que ocorre no cérebro. PARRY – BILLINGS (1990) considera a influência dos seguintes fatores para os tipos de fadiga: • Periférica – Depleção de fosfocreatina no músculo; acúmulo de prótons no músculo; depleção de glicogênio no músculo. • Central – Decréscimo da concentração da glicose sangüínea. Aumento na proporção de concentração triptofano para os aminoácidos neutros (cadeia ramificada) no sangue. É fato que aquele atleta principalmente em um nível extremamente competitivo, levará vantagem se o seu organismo for mais resistente, tanto ao aparecimento como na recuperação da fadiga. Por isso tanto o trabalho aeróbio como o anaeróbio tem que ser bem administrado. 36 Foi observado por MCARDLE et al (1985) citado por ALVAREZ et al (1987) que a maior contribuição para a manutenção da temperatura central ocorre durante a atividade física, mesmo que esta seja executada em condições subnormais de temperatura ambiente, o que pode influenciar na resistência anaeróbia. Vale ressaltar a importância de se possuir conhecimentos e fundamentação, para não causar o “overtraining”, ou seja, o excesso de treinamento, proporcionando assim a recuperação correta (tempo de descanso suficiente e alimentação adequada). Portanto antes e após qualquer treinamento é muito importante estarmos atento ao alongamento e/ ou aquecimento dos atletas. FRIDEN et al (1986) recomenda alongamento estático antes das atividades físicas e resfriamento e massagem após as atividades para evitar a dor muscular tardia. Enquanto essa recomendação é bem aceita na prática, porém falta constatação científica para consolida-la (JUNIOR et al 1997). Para UGRINOWITSCH e BARBANTI (1998) o potencial elástico dos músculos só pode ser utilizado quando há um alongamento muscular com concomitante geração de força No dia seguinte a um jogo é comum no futebol profissional, os atletas serem submetidos a uma sessão de 15 a 20 minutos de hidroginástica, por exemplo. II. OBJETIVO O objetivo dessa pesquisa foi determinar os efeitos do treinamento na composição corporal e na capacidade velocidade, em praticantes de futebol do sexo masculino com idade entre 14 a 17 anos, observando as fases de desenvolvimento motor da faixa etária em questão. III – METODOLOGIA 37 3. 1. Amostra A amostra foi composta por dez adolescentes do sexo masculino, com idade entre 14 e 17 anos (x = 15,6 ± 0,8). Estes foram escolhidos com preferência aos que mostravam uma maior freqüência nos treinamentos (menor número de faltas). São atletas que possuem um nível sócio–econômico alto, consequentemente nível educacional compatível. Praticam o futebol duas vezes por semana, com treinos de uma hora e quinze minutos (1h15) de duração. Modalidade esta iniciada a prática por prazer ao esporte, aproximadamente aos oito anos de idade, ou seja, dependendo da idade do analisado praticam a atividade de seis a nove anos (x = 8 ± 1,264). Esses atletas integram as equipes das categorias infantil e infanto do Esporte Clube Pinheiros e treinam no mesmo, em condições favoráveis ao esporte (local conservado, campo/materiais adequados às faixas etárias, bolas, traves, etc). 3. 2. Procedimentos As primeiras amostras foram realizadas em 11 de fevereiro de 2003 e reavaliadas em 27 de junho de 2003, respeitando um intervalo de quatro meses e 16 dias, o que equivale à 20 semanas ou 37 treinos especificamente (devido aos feriados). Foram analisadas a composição corporal e a capacidade física de velocidade. A) COMPOSIÇÃO CORPORAL (LOHMAN, 1987). Material – Balança Velme modelo 110 (peso e altura) e adipômetro. 38 Procedimento – Foi mensurada as medidas de estatura em cm , o peso em kg, os atletas estavam descalços, vestindo apenas shorts e posicionados de costas para o demonstrador da balança. As medidas de dobras cutâneas foram realizadas no “Centro Integrado de Apoio ao Atleta” (Departamento de Preparação Física) do Esporte Clube Pinheiros. Os atletas estavam descalços, vestindo apenas shorts e posicionados em pé. Cada dobra é medida três vezes por um avaliador que a repassa para o apontador. As informações obtidas foram lançadas no computador e através do mesmo programa utilizado na Escola Paulista de Medicina (UNIFESP), departamento de nutrição se obtém os resultados. B) Teste de Velocidade: corrida de 50 metros. (DUARTE, 1998). Condições sob as quais o teste foi realizado – O teste foi realizado numa pista de atletismo em boas condições, das 18h30 às 19h, com temperatura aproximada de 27º C. Material – Cronômetro preciso, folha de anotação, e local plano sem obstáculo e que possua além dos 50 metros, um espaço suficiente para saída (um metro pelo menos ) e outro para chegada (15 a 20 metros). Os testes foram realizados na pista de atletismo do Esporte Clube Pinheiros. Procedimento – Para realização foi falado ao avaliado que ele deve sair na máxima velocidade e passar a faixa de chegada também na máxima velocidade. Em seguida foi mostrado a faixa de saída, dizendo que a posição correta é em afastamento antero- posterior das pernas e com o pé da frente o mais próximo possível da faixa. A voz de comando foi feita através das palavras: “ATENÇÃO” e sair correndo quando escutar “JÁ”. Então de posse do cronômetro o avaliador se colocou na linha de chegada e comandou o teste com as palavras: ATENÇÃO...JÁ... acionando o cronômetro no mesmo momento que estiver pronunciado “JÁ” e parado no momento que o avaliado cruzar a faixa de chegada. 39 Caso ocorra qualquer problema no teste e tenha que ser repetido é interessante que se espere 5 minutos. Na folha de protocolo, além dos dados de identificação, foram anotados a data, horário, marca e tipo do cronômetro, condições do solo do tempo (se possível a temperatura) e o nome do avaliador. Os avaliados ao fazerem o teste estavam trajando tênis, calção e camiseta. Sempre que formos executar reavaliações, devemos procurar manter as mesmas condições do primeiro teste, como solo, horário, cronômetro, etc.. para não chegar a um resultado que não corresponda a realidade. Permitiremos apenas uma tentativa e o resultado do teste será o tempo de percurso dos 50 metros com precisão de décimo de segundo e se for possível centésimo de segundo. 3. 3. Análise de Dados Os dados analisados visaram avaliar as diferenças anteriores e posteriores ao treinamento. Foram realizadas estatística descritiva (Média e Desvio Padrão) e Teste T Student para amostras dependentes (nível de significância). Variáveis e Hipóteses: • Hipótese experimental: Os métodos de treinamento anaeróbio descritos, poderão ter como efeito a diminuição da composição corporal e o aumento da velocidade dos atletas de futebol, sem que haja lesão nos avaliados. • Hipótese Nula: Os métodos de treinamento anaeróbio descritos, poderá ter como efeito a não modificação dos índices avaliados nos atletas, como também causar lesões em parte do grupo avaliado devido a carga de trabalho inadequada. IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados dos índices de composição corporal e velocidade estão expostos em tabelas e analisados à seguir. 40 4.1. Variáveis Antropométricas Tabela 2 – Medidas individuais de peso (em kilogramas), altura (em centímetros) e dobras cutâneas (em % gordura), bem como composição corporal dos atletas da modalidade futebol do sexo masculino, em uma avaliação inicial ( I ) e após 4 meses ( II ). Medidas Peso I II 1 63,3 63,0 2 62,0 62,0 3 59,6 59,0 4 96,5 95,0 5 69,4 69,4 6 58,1 57,5 7 54,0 54,0 8 63,7 63,7 9 65,6 64,6 10 59,9 58,7 Altura I II 179,0 179,0 175,0 175,0 178,5 178,5 185,0 185,0 177,0 177,0 170,0 170,0 160,0 160,0 175,0 175,0 171,0 171,0 180,0 180,0 Peito I II 3,4 3,4 3,7 3,7 3,2 3,2 3,8 3,8 4,3 4,3 4,0 4,0 4,6 4,6 3,3 3,3 5,1 5,1 3,3 3,3 Axila I II 6,7 6,7 7,8 7,8 4,4 4,4 16,5 16,5 10,8 10,8 5,4 5,4 6,5 6,5 5,5 5,5 8,6 8,6 4,1 4,1 Tríceps I II 10,5 10,5 8,8 8,8 3,2 3,2 22,5 22,5 13,2 13,2 7,5 7,5 11,5 11,5 5,0 5,0 8,5 8,5 3,0 3,0 Bíceps I II 4,4 4,4 4,2 4,2 3,1 3,1 11,4 11,4 4,5 4,5 3,6 3,6 5,1 5,1 3,0 3,0 3,3 3,3 3,2 3,2 S. Esc. I II 9,5 9,5 7,7 7,7 5,8 5,8 14,3 14,3 12,3 12,3 6,7 6,7 9,5 9,5 7,5 7,5 11,7 11,7 5,9 5,9 Abdome I II 12,7 12,5 13,4 13,2 8,8 8,8 36,0 35,6 17,6 17,6 8,2 8,2 20,0 20,1 9,2 8,9 19,0 18,7 9,1 9,1 S. Ilíaca I II 8,2 8,0 8,0 7,8 4,4 4,2 28,5 28,2 9,7 9,7 4,6 4,6 11,1 11,0 5,7 5,5 9,2 9,2 4,1 4,0 Coxa I II 10,7 10,5 8,8 8,5 7,6 7,3 23,0 22,4 12,7 12,5 6,8 6,5 16,9 16,7 7,7 7,4 13,5 13,2 7,5 7,2 Perna I II 3,7 3,5 3,6 3,5 4,7 4,3 4,0 4,0 4,6 4,5 4,2 4,0 4,3 4,0 3,6 3,6 4,1 4,0 4,3 4,3 % gord. I II 19,7 18,7 16,8 17,2 5,6 4,7 31,2 30,1 27,9 27,8 14,5 13,5 20,8 21,1 10,7 10,8 14,0 12,6 8,9 7,6 KgGC I II 12,6 11,8 10,4 10,7 3,3 2,8 30,1 28,6 19,4 19,3 8,4 7,8 11,2 11,4 6,8 6,9 9,2 8,2 5,35 4,5 KgMM I II 51,2 51,2 51,6 51,3 56,3 56,2 66,4 66,4 50,0 50,1 49,7 49,7 42,8 42,6 56,9 56,8 56,4 56,4 54,5 54,2 A Tabela 2 exibe os valores das variáveis analisadas para se chegar à composição corporal de cada atleta, na primeira (fevereiro) e segunda ( junho) coleta de dados. 41 Na primeira avaliação, nota-se grande diferença na composição corporal de cada atleta analisado. O atleta 2 (16,8%) foi o que se aproximou mais da média do grupo (17,01%) e os atletas 3 e 10 (5,6 e 8,9%, respectivamente) apresentaram índices abaixo do considerado ótimo pela literatura para o futebol. Os demais estão dentro da margem estabelecida como sendo “ótima”, com exceção dos atletas 4, 5 e 7,. que apresentaram índices acima do estabelecido. Na segunda avaliação podemos observar que todos com exceção dos atletas 7 e 8, diminuíram os percentuais de gordura, porém apenas o atleta 2 se aproximou mais da média do grupo, segundo as novas porcentagens (x = 16,41). Os atletas 3 e 10 (4,7 e 7,6 % respectivamente) continuaram com os índices abaixo do considerado ótimo pela literatura (de 10,1 – 20%). O número 7 está no índice considerado moderado alto, os números 4 e 5, no índice alto, os demais continuam dentro da margem estabelecida como sendo ótima. Tabela 3 – Variáveis antropométricas em uma avaliação inicial, após 4 meses, em média (x), desvio padrão (s) e delta percentual (∆ %). Variáveis Período Inicial Pós ∆% Antropométricas Peso (Kg) x 65,21 64,69 - 0,79 s 11,175 10,891 - 2,54 Estatura (cm) x 175,5 175,5 0 s 6,505 6,505 0 % Gordura x 17,01 16,41 - 3,52 s 7,698 7,836 1,792 Massa Magra (Kg) x 53,58 53,49 - 0,16 s 5,875 5,902 0,459 • ∆ %: a ordem dos valores corresponde à variação percentual entre as avaliações II e I. A Tabela 3 apresenta a média e desvio padrão de peso, altura, percentual de gordura e massa magra dos atletas avaliados no período inicial e no pós treinamento. Nela podemos verificar uma diminuição das médias em todas as variáveis, exceto na estatura que se manteve. 42 4.2. Teste de 50m (Velocidade): Tabela 4 – Velocidade em segundos numa avaliação inicial ( I ) e após 4 meses ( II ). Atleta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Amostra I 6,789 7,646 7,418 6,596 7,351 7,223 7,010 7,226 7,370 7,301 Amostra II 6,538 7,543 7,222 6,728 7,184 6,945 6,930 7,137 7,378 7,332 A Tabela 4 mostra que na primeira avaliação os atletas mantiveram boa média, apenas os atletas 1 e 4 obtiveram marcas abaixo de 7 segundos (6,7 e 6,2 seg. respectivamente). Quando reavaliados, quatro atletas (1, 4, 6 e 7) obtiveram marcas abaixo de 7 segundos, os demais continuaram próximos á média do grupo. Tabela 5 – Velocidade em uma avaliação inicial, após 4 meses, em média (x), desvio padrão (s) e delta percentual (∆ %). Período Inicial Pós ∆% Velocidade • x 7,188 7,093 - 1,321 s ~ 0,27 ~ 0,29 ~ 7,407 ∆ %: a ordem dos valores corresponde à variação percentual entre as avaliações II e I. A Tabela 5 nos mostra a média e desvio padrão dos atletas no período inicial e pós treinamento. 4.3. Teste T Student (estatística): 43 Tabela 6 – Desvio padrão da diferença (análises I e II) e razão t, para o teste de velocidade, percentual de gordura e massa magra em Kg. ★ Velocidade % Gordura KgMM S 0,223 0,658 0,13 t (calculado) 1,278 2,735 2,076 t 0,05 2,262 2,262 2,262 t 0,01 3,250 3,250 3,250 A Tabela 6 demonstra os dados estatísticos das amostras de velocidade, percentual de gordura e massa magra em Kg (composição corporal). Os dados obtidos com a presente pesquisa demonstraram a importância do treinamento para o ganho e manutenção da condição física de um atleta. Segundo SIGMARINGA e FRANÇA (1992) a performance esportiva levanta questões para a ciência do esporte que os profissionais da área tentam solucionar. Uma das questões levantadas se refere à influência da composição corporal sobre o desempenho físico. Apesar da evolução tecnológica dos últimos anos, o número de questões sem respostas permanece elevado. Os dados antropométricos da presente pesquisa foram analisados a partir da classificação dos índices de avaliação corporal, de acordo com LOHMAN (1987) citado por LOPES et al (1999) e comparados nas avaliações I e II. Os dados de velocidade foram analisados de acordo com a média e comparados nas avaliações I e II. Em ambos foram realizados o teste T para variáveis dependentes (CALDEIRA, 1984). Segundo MACEK & VAÚRA (1980) vários pesquisadores estão preocupados com aspectos do treinamento em crianças e adolescentes, preocupação esta que pode estar vinculada ao interesse de se criar um maior número de campeonatos ou conhecer a extensão do efeito da atividade física e do esporte, ao passo que estes são parte integrante da vida de crianças e adolescentes. A atividade física tem como característica causar modificações no equilíbrio interno do organismo, levando-o a desenvolver mecanismos fisiológicos adaptativos de acordo com a atividade implementada (GALLANI et al, 1997). E em resposta ao treinamento MARTIN (1977) citado por WEINECK (1999) os efeitos 44 definem-se como um processo que favorece alterações positivas de um estado físico, motor, cognitivo e afetivo. O grupo analisado é composto por adolescentes com média de idade de 15,6 anos, o que pode também ter influenciado as alterações dos índices, pois segundo TOURINHO FILHO et al (1998) um considerável número de mudanças anatômicas e fisiológicas ocorrem na adolescência e podem influenciar na “performance” e nesta mesma fase a maturação biológica pode diferir consideravelmente da mesma idade cronológica. Observa-se neste período que o nível de desempenho atingido em vários tipos de esportes, é mais dependente da idade esquelética, do que da idade cronológica (ROWLAND, 1996 citado por VILLAR e DENADAI 2001). No caso do futebol, a semelhança da formação da resistência anaeróbia com o jogo, garante a formação dos componentes relevantes a ele. De acordo com BECNHAKER (1990) o segredo do sucesso no futebol pode ser procurado no treinamento, porém para KRAUSP et al (1990) no jogo aprendemos o que é preciso treinar. V. CONCLUSÃO Com a elaboração desse estudo, vimos que inúmeros fatores envolvem a formação de um atleta, desde a elaboração de um correto programa de treinamento visando a otimização da técnica e da tática numa situação de jogo até a preservação da integridade física e psicológica utilizando atividades compatíveis ao desenvolvimento motor do atleta. Isso possibilitou a importância de se conhecer e pesquisar sobre os melhores métodos de preparação física e seus efeitos, bem como os cuidados necessários no treinamento de jovens atletas de futebol, respeitando a faixa etária e suas implicações. O futebol classifica-se entre as modalidades coletivas complexas, ou seja, os gestos desportivos não se repetem em intervalos regulares. A modalidade assume características particulares, porém como em toda atividade física, causa 45 modificações no organismo do indivíduo levando-o a se adaptar fisiologicamente da melhor maneira, buscando sempre melhores índices e resultados. Um profissional de educação física deve conhecer as etapas de desenvolvimento motor pelas quais o seu aluno / atleta passa, no caso do presente estudo os adolescentes, podendo atuar de forma sensata na elaboração de programas de treinamento adequado às suas necessidades. 46 VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ANDERÁOS, Margareth. Aprendizagem e Desenvolvimento Motor. Santo André, 1999. 159 p. Apostila da disciplina Aprendizagem e Desenvolvimento Motor do curso de Licenciatura Plena em Educação Física da Associação de Ensino João Ramalho - Faculdade de Educação Física De Santo André/ FEFISA. 2. AZEVEDO J. R. M., ALVAREZ B. R., CARDOSO A. T., BANKOFF A. D. P. Capacidade de desenvolver trabalho físico e progressivo em condições de hipotermia branda. 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Tempo / Temperatura: ___________. Medidas: • • • Peso ______Kg. Altura ______m. Dobras: Peito Axilar Tríceps Bíceps Sub Escapular Abdominal Supra Ilíaca Coxa Perna Obs. Atleta 1, atleta 2, sucessivamente para não ocorrer troca de informações. 53