UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO – QUALITTAS
CURSO DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL
CANINA
Maíra Vieira Mouron
São Paulo, Set 2008.
MAÍRA VIEIRA MOURON
Aluna do curso de Pós – Graduação em Clínica Médica de Pequenos Animais, pelo
Centro de Pós-Graduação Qualittas, juntamente com a Universidade Castelo branco.
MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL
CANINA
Trabalho monográfico de conclusão do
curso de Pós Graduação em Clínica
Médica de Pequenos animais apresentado
à UCB como requisito parcial para a
obtenção do título de especializado em
Clínica Médica de Pequenos Animais
sob a orientação do(a) Prof. Harald
Fernando Vicente de Brito.
São Paulo, Set de 2008.
FOLHA DE APROVAÇÂO
“MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO DA LEISHMANIOSE VISCERAL
CANINA”
Elaborado por Maíra Vieira Mouron, aluna do curso de pós-graduação em clinica
Médica de pequenos animais do Centro de pós-graduação – Qualittas, juntamente
com a Universidade Castelo Branco.
___________________________________________________________________
Professor e Orientador
Harald Fernando Vicente de Brito
São Paulo, _____de___________de 2008.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais por sempre me apoiarem, ao Rodrigo por sempre me
compreender, as clinicas que durante esse ano eu trabalhei e me “liberavam” para ira
para a pós. Aos Professores da Qualittas que foram espetaculares, ao Wagner, em
especial ao meu Orientador Harald. Aos animais por se doarem para o nosso
aprendizado e aperfeiçoamento e é claro que não poderia esquecer de agradecer as
minhas amigas mais que especiais que fiz durante a pós, em especial: Jú,
Robertinha, Andréia e Bianca...Meninas vcs foram demais, jamais esquecerei todos
os momentos que passamos juntas.
Valeu muito!!!!!!!
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, que são a minha base e a minha vida e
dedico a uma pessoa muito especial que é tudo na minha vida, meu noivo Rodrigo,
por sempre me apoiarem e me darem força em tudo que eu almejava.
Ao meu irmão, minha vozinha Rosária e a todos os meus amigos...
E claro como não poderia deixar de dedicar aos meus anjos de quatro patas,
Sheid, Puff, Tuquinho e ao meu eterno Pink.
“Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais e, nesse dia, um crime contra
qualquer um deles será um crime contra a humanidade”.
(Leonardo da Vinci)
RESUMO
Tema: Métodos de diagnóstico da leishmaniose visceral canina
Autora: Mouron, Maíra Vieira
Orientador: Prof.M.Sc. Brito, Harald Fernando Vicente de
A leishmaniose visceral canina é uma doença infecciosa de caráter zoonótico,
ou seja, que acomete os seres humanos e animais domésticos e silvestres. O
parasito da Leishmaniose é um protozoário difásico intracelular obrigatório que
pertence ao gênero Leishmania. Sua Transmissão é feita por meio de vetores
dípteros denominados flebotomíneos, estes pertencem a várias espécies do gênero
Lutzomyia. Os cães exercem um papel fundamental, pois são considerados os
principais reservatórios da Leishmaniose visceral. Devido à grande variedade dos
sinais clínicos da doença e à grande porcentagem de cães assintomáticos, o
diagnóstico laboratorial é de grande importância. Os principais exames são:
parasitológicos, sorológicos, imunológicos e moleculares. Dentre os testes
sorológicos os mais utilizados são o ELISA e a imunofluorescência indireta, dentre os
parasitológicos o mais utilizado é o citológico. Além dessas técnicas, o PCR também
vem sendo bastante utilizado, apresentando alta sensibilidade e especificidade.
PALAVRAS-CHAVE: Cães, reservatório, diagnóstico, leishmaniose visceral.
ABSTRACT
Topic: Canine visceral leishmaniasis – Methods of diagnostic
Author: Mouron, Maíra Vieira
Advisor: Prof.M.Sc. Brito, Harald Fernando Vicente de
The canine visceral leishmaniasis is a zoonotic disease of character, that
affects humans and domestic animals and wild. The parasite of Leishmaniasis is a
protozoan difásico intracellular binding that belongs to the genus Leishmania. His
transfer is made through vectors flies called sand fly, they belong to different species
of the genus Lutzomyia. The dogs have a crucial role because it is considered the
main reservoirs of visceral leishmaniasis. Due to the wide variety of clinical signs of
disease and the large percentage of dogs asymptomatic, the laboratory diagnosis is
of great importance. The main examinations are: parasitological, serological,
immunological and molecular. Among the serological tests are the most used the
ELISA and indirect immunofluorescence, parasitological among the most widely used
is the cytologic. In addition to these techniques, PCR is being widely used also
showing high sensitivity and specificity.
KEYWORDS: Dogs, Tank, diagnosis, visceral leishmaniasis
SUMÁRIO
1. Introdução........................................................................................................12
2. Etiologia............................................................................................................12
3. Ciclo evolutivo..................................................................................................13
3.1. Ciclo de Transmissão.................................................................................13
3.2. O Vetor.......................................................................................................14
3.3. O Parasito..................................................................................................15
4. Manifestações Clinicas.....................................................................................16
5. Diagnóstico.......................................................................................................17
5.1.Exames Parasitológicos.............................................................................18
5.1.1.Citologia e histologia.....................................................................18
5.1.2.Cultivo In Vitro (cultura)................................................................18
5.1.3. Cultivo In Vivo ( inoculações em animais)...................................19
5.2. Exames Imunológicos.............................................................................19
5.2.1. Testes intradérmicos (reação de Montenegro)............................19
5.3. Testes Sorológicos...................................................................................19
5.3.1. Reação de Aglutinação (DAT).....................................................19
5.3.2. Reação de imunofluorescência Indireta (RIFI)............................20
5.3.3. Reação de fixação de Complemento (RFC), Hemaglutinação
Indireta (HAI) e Contra-imunoeletroforese (CIE).........................................................20
5.3.4. Reações Imunoenzimáticas (ELISA)...........................................21
5.3.5. testes Imunocromatográficos.......................................................21
5.4. Detecção de antígenos por sondas de DNA e PCR...............................22
6. Conclusão........................................................................................................23
7. Referências Bibliográficas................................................................................24
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Manifestações Clinicas da Leishmaniose..............................................17
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Ciclo de Transmissão............................................................................14
Figura 2. Flebotomíneo sobre a pele...................................................................15
1.Introdução
A leishmaniose visceral canina é uma doença infecciosa de caráter zoonótico,
causada por um protozoário do gênero Leishmania (NIETO et al., 1999), e
transmitida por vetores dípteros denominados flebotomíneos, pertencentes a várias
espécies do gênero Lutzomyia (FEITOSA et al., 2000). A leishmaniose visceral
canina é uma das doenças parasitárias mais importantes do mundo e, pelo risco de
transmissão para o homem, permanece um desafio para a saúde pública em 65
países (DANTAS-TORRES et al., 2006), estando presente na Ásia, África, Europa e
Américas. As principais áreas endêmicas do Brasil encontram-se na região do
nordeste, do Maranhão até a Bahia, e também em Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo (REY 2001).
A leishmaniose possui grande importância, por apresentar alta taxa de
mortalidade em humanos infectados, quando a doença não é diagnosticada
precocemente, e o tratamento não é instituído em tempo hábil (BARROUIN-MELO et
al., 2004).
Os cães exercem um papel fundamental na perpetuação da doença, sendo
considerados
como
os
principais
reservatórios
da
leishmaniose
visceral
(VERCAMMEN et al., 1997), porém o sacrifício de animais soropositivos vem
gerando grandes debates entre cientistas, médicos veterinários, autoridades
sanitárias e comunidade em geral (RIBEIRO, 2005).
2. Etiologia
O agente etiológico da Leishmaniose é um protozoário difásico que pertence à
ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae e gênero Leishmania (GREENE,
2006). O microorganismo causador da leishmaniose visceral foi descoberto por
William Leishman em 1900. Esta descoberta foi e reportada independentemente por
Leishman e por Charles Donovan em 1903 (BELDING et al., 1961). Existem 30
espécies diferentes de leishmaniose encontradas em várias partes do Mundo
(GREENE, 2006). Segundo Rey (2001), a leishmaniose visceral tem como principal
agente etiológico a Leishmania donovani na África, Índia e China, a Leishmania
infantum na África, Oriente Médio e China e a Leishmania chagasi nas Américas. No
Brasil a espécie mais freqüentemente encontrada é a Leishmania chagasi e o vetor
mais comumente encontrado é Leishania logipalpis e L. cruzi (BRASIL et al., 2003;
ROSA e OLIVEIRA, 1997).
3.Ciclo evolutivo
As fêmeas geralmente realizam um repasto sanguíneo completo para se dar
um ciclo gonotrófico. O ciclo de vida completo compõem-se da seguinte forma: fase
embrionária, de 7 a 10 dias, fase larvária de 15 a 60 dias, fase de pupa,de 7 a 14
dias e adulto, cuja longevidade é de 20 dias. O tempo do desenvolvimento do ovo ao
adulto é de aproximadamente 30 dias, a temperaturas médias de 20ºC. As
temperaturas inferiores afetam o crescimento larvário e a atividade do inseto adulto
torna-se diminuída, aumentando, portanto o tempo de desenvolvimento do ovo ao
adulto (BRASIL et al., 2003; ROSA e OLIVEIRA, 1997).
3.1. Ciclo de transmissão
Os flebotomíneos ingerem as formas amastigotas quando se alimentam de um
mamífero infectado. Uma vez no tubo digestivo do inseto, estas formas diferenciamse e replicam-se em promastigotas. Posteriormente, as formas promastigotas
migram para a faringe misturando-se com a saliva e é repassado ao novo hospedeiro
[HFVB1] Comentário: Coloqu
e o gênero por extenso.
através da picada do inseto. Em modelos experimentais, os promastigotas se
convertem em amastigotas nos macrófagos da pele, multiplicam-se e disseminam-se
para fagócitos mononucleares através do sistema retículo endotelial. As células
parasitadas mostram forte tendência a invadir baço, fígado e medula óssea (NEVES
e SANTUCCI, 2001-2002).
FIGURA 1: Ciclo de transmissão
Fonte: NEVES e SANTUCCI, 2001-2002.
3.2. O vetor
O inseto transmissor da leishmaniose visceral americana é um inseto da
família Psychodidade, espécie Lutzomyia longipalpis, sendo comumente chamado de
flebotomíneo e popularmente conhecido por mosquito palha, birigui ou cangalhinha.
É pequeno, coberto de pêlos e de coloração clara (cor de palha ou castanho claro). É
facilmente reconhecível pelo seu comportamento ao voar em saltitos e pousar com
as asas entreabertas e ligeiramente levantadas, em vez de se cruzarem sobre o
dorso. Vivem, preferencialmente, ao nível do solo, próximos a vegetação em raízes
e/ou troncos de árvores, podendo ser encontrados em tocas de animais. Gostam de
lugares com pouca luz, úmidos, sem vento e que tenham alimento por perto. De um
modo geral, para seu desenvolvimento requerem temperaturas entre 20 e 30ºC,
umidade superiores a 80% e matéria orgânica. Ambos os sexos necessitam de
carboidratos, que são extraídos da seiva de plantas como fonte energética (NEVES e
SANTUCCI, 2001-2002).
Os machos se alimentam de substâncias açucaradas de excreções de afídeos
(pulgões). Já as fêmeas, além de se alimentarem de carboidratos, os quais são
importantes para o desenvolvimento da Leishmania no tubo digestivo do inseto,
ingerem também sangue do vários animais, transmitindo a leishmaniose. O repasto
sangüíneo é executado geralmente no crepúsculo ou à noite. (MARCONDES, 2001).
A fêmea faz postura de aproximadamente 40 a 70 ovos em local úmido, que
contenha matéria orgânica, e protegido de luz (MARCONDES, 2001). Nas estações
de chuvas aumenta a população de L. longipalpis, o que causa também um aumento
da transmissão da leishmaniose (FRANÇA-SILVA et al, 2005). As picadas nos
animais ocorrem em áreas com poucos pêlos, como focinhos, orelhas e região
genital (MARCONDES, 2001).
FIGURA 2: Flebotomíneo sobre a pele (Meddia)
Fonte: NEVES e SANTUCCI, 2001-2002.
[HFVB2] Comentário: Mude
para a parte superior, conforme
normas.
3.3. O parasito
Ao realizar o repasto sanguíneo, o flebotomíneo inocula o parasito na derme
do hospedeiro vertebrado, na forma promastigota (MARCONDES, 2001; RAMOS et
al, 1994), a qual invade as células do Sistema Monocítico Fagocitário (SMF),
desenvolve-se para a forma amastigota, e se multiplica dentro dos macrófagos
(RAMOS et al, 1994), ocorrendo a seguir o rompimento destas células e
disseminação dos protozoários para órgãos ricos em células do SMF (NEVES,
2003). Segundo Marcondes (2001), as formas promastigotas que estão na
probóscida do vetor devido ao bloqueio do proventriculo deste, pela intensa
multiplicação do parasito (MARCONDES, 2001). Ao se alimentar com o sangue de
um animal infectado, o vetor ingere e armazena a forma amastigota do parasito, a
qual não lhe causa nenhum dano. Após seis dias, o parasito já se encontra na forma
infectante, promastigota (PENNACCHI e RENDA, 2000). Transformação esta que
ocorre por divisão binária, no tubo digestivo do vetor (URQUHART et al, 1998). Após
este processo o flebotomíneo transmite a doença para outros vertebrados
(PENNACCHI e RENDA, 2000). Segundo Freitas (2006), a transmissão de
leishmaniose pode ocorrer também por transfusões sangüíneas e por carrapatos.
4. Manifestações clínicas
As manifestações clínicas da leishmaniose variam conforme o período de
incubação, que pode ser de um mês a sete anos (GREENE, 2006; NELSON e
COUTO, 2006). A infecção causa a produção elevada de imunecomplexos que ficam
circulantes, até se depositarem nos tecidos. A deposição destes nos vasos
sangüíneos é a causa das principais complicações da leishmaniose, como vasculite,
poliartrite, uveite e glomerolunefrite. (GREENE, 2006).
Em animais com manifestações clínicas de leishmaniose (Quadro 1), as
principais alterações clínico-patológicas na forma aguda são bastante expressivas,
podendo ser observado no hemograma anemia, trombocitopenia, linfopenia e
leucocitose com desvio à esquerda. Na bioquímica sérica, as enzimas hepáticas
comumente estão alteradas, a albumina está diminuída e a globulina aumentada. O
cão pode apresentar também proteinúria e azotemia. Segundo Nelson e Couto
(2006); Ferreira e Ávila (2001), animais assintomáticos têm pouca ou nenhuma
alteração nesses exames.
QUADRO 1: Manifestações clínicas da leishmaniose.
FONTE: GREENE, 2006; NELSON e COUTO, 2006.
Alterações inespecíficas:
Febre crônica
perda progressiva de peso,
poliúria e polidipsia,
linfoadenomegalia,
esplenomegalia,
caquexia (estagio final)
[HFVB3] Comentário: Mude
para a parte superior, conforme
normas.
Alterações do sistema digestivo:
anorexia e vômitos
diarréia crônica,
melena,
úlceras de mucosa gástrica e intestinal
Alterações do trato urinário:
glomerulonefrite, nefrite intersticial,
hematúria,
insuficiência renal
Alterações tegumentares:
alopecia periocular,
úlceras mucocutâneas descamativas
hiperqueratose
nódulos intradérmicos no focinho pina, orelhas e
coxins,
fissuras nos coxins e ulceras interdigitais
onicogrifose, paroníquea, onicomadese
Alterações respiratórias:
renite, espirros,
tosse,
pneumonia intersticial
hepatomegalia, hepatite crônica
Alterações hepáticas:
Alterações da coagulação:
epistaxe, petéquias
Alterações cardíacas:
miocardite aguda não supurativa, pericardite
Alterações locomotoras:
neuralgia, poliartrite, sinovite, polimiosite,
osteomielite
Alterações oculares:
uveite, conjuntivite
5. Diagnóstico
O diagnostico clínico da leishmaniose canina constitui-se, muitas vezes, em
um desafio para o Médico Veterinário, devido à grande variedade de sintomas da
doença e à grande porcentagem de cães assintomáticos (FERRER, 1999).
O diagnóstico laboratorial da leishmaniose se constitui fundamentalmente de
três grupos de exames. Sendo eles: os exames parasitológicos, imunológicos e
complementares (FERREIRA e ÁVILA, 2001).
5.1. Exames Parasitológicos
5.1.1. Citologia e histologia
Os diagnósticos citológico e histológico consistem na observação direta de
formas amastigotas do parasito em esfregaços de aspirados ou imprints, ou em
preparados histológicos de órgãos linfóides: linfonodos, medula óssea, baço e/ou
fígado (FERRER et al, 1999). Para a citologia, o material proveniente destes tecidos
aspirados, é fixado em álcool etílico e corado pelo método de Giemsa ou como
alternativa, pelos métodos Wright, Leishman ou Diff-Quick (MILLER e GONÇALVES,
1999).
A citologia realizada em material colhido do baço, por biópsia aspirativa com
agulha fina e a cultura representam os principais testes diagnósticos para
confirmação da leishmaniose visceral canina, na maioria dos países onde a doença é
endêmica (BARROUIN-MELO et al, 2006), sendo a citologia o método mais simples
e mais utilizado nas clínicas veterinárias (FERRER et al, 1999).
O mielograma é bastante caracterizado, evidenciando alteração significativa
na relação E/G (série eritrocítica/ série granulocítica). Muitas vezes se o parasitismo
é intenso, e os macrófagos estão repletos de formas amastigotas de leishmania no
interior do citoplasma (FERREIRA e ÁVILA, 2001).
Segundo Brasil (2003) o exame citológico tem especificidade relativamente
elevada, mas dependendo do período em que se procura o parasito, passa a ter no
máximo 80% em cães sintomáticos e menor especificidade ainda em cães
assintomáticos. Koutinas et al. (2001) concordam parcialmente, pois afirmam que a
única desvantagem deste método é a sua baixa sensibilidade, que é em torno de
60%.
5.1.2. Cultivo in vitro (cultura)
Os meios para cultura podem ser mono ou bifásicos. O NNN (Novy-NicolleMcNeal) é o mais comumente utilizado. Nestas culturas devem ser colocados
materiais aspirados de medula óssea, baço, fígado e linfonodos. Elas devem ser
incubadas à temperatura ambiente sendo examinadas duas vezes por semana,
durante quatro semanas. (FERREIRA e ÁVILA, 2001). O maior problema deste
método é a demora para obtenção do resultado (REY, 2001).
5.1.3. Cultivo in vivo (inoculações em animais)
As cepas viscerotrópicas são inoculadas em hamsters, por via intraperitoneal,
e as cepas dermotrópicas nas regiões do focinho e dos membros. Os resultados da
cultura in vivo de cepas dermatropicas são de elevada positividade, causando lesões
no local da aplicação. Os de cepas viscerotrópicas, podem evidenciar sinais
sugestivos de infecção (FERREIRA e ÁVILA, 2001). Contudo, segundo Rey (2001),
mesmo este método sendo bastante sensível, não é considerado prático para o
diagnóstico de rotina, pois pode levar meses para sua conclusão.
5.2. Exames imunológicos
5.2.1. Teste Intradérmicos (reação de Montenegro)
É mais utilizado para diagnóstico da leishmaniose tegumentar. A visceral
apresenta resposta de hipersensibilidade retardada a antígenos de leishmaniose,
resultando, quase sempre, em resposta negativa na fase aguda da doença
(FERREIRA e ÁVILA, 2001). São utilizadas para este teste, suspensão de
promastigotas provenientes de cultura, lavadas e re-suspensas em NaCl 0,9%
adicionado de 5% de fenol, com uma concentração final de 10 milhões de
promastigotas por mililitro. Este preparado é injetado por via intradérmica, na dose de
0,1 ml. A leitura é realizada com 48 a 72 horas após a inoculação (REY, 2001).
5.3. Testes Sorológicos
5.3.1. Reação de aglutinação (DAT)
Segundo Alves e Bevilacqua (2004), este método pode ser utilizado como
alternativa aos testes de Eliza e imunofluorescência indireta, pois em trabalhos
comparativos com estes, o DAT demonstrou ser igualmente sensível e específico.
A reação de aglutinação é um teste simples e de baixo custo, onde são
utilizados parasitos totais ou lisados, que são tratados com tripsina, e preservados
em formalina durante a preparação do antígeno, para evitar auto-aglutinação. Nos
anos 80, este teste foi modificado, sendo adicionado à preparação do antígeno o azul
brilhante de Coomassie, o que possibilita a visualização de títulos superiores a
1:51.200. O título indicativo de leishmaniose visceral foi considerado superior a
1:1.600. Este teste apresenta sensibilidade de 100% e especificidade 99,3%
(FERREIRA e ÁVILA, 2001).
5.3.2 Reação de imunofluorescência indireta (RIFI)
Este método é considerado o teste de eleição pelo Ministério da Saúde do
Brasil, nos inquéritos caninos, por demonstrar uma sensibilidade que varia de 90 a
100% e uma especificidade de aproximadamente 80% nas amostras de soro, além
de ser um teste de fácil execução, rápido na emissão do resultado e ter baixo custo
(ALVES e BEVILACQUA, 2004).
Para a realização da RIFI, utilizam-se as formas promastigotas como
antígenos (REY, 2001), as quais são fixadas em lâmina (FERREIRA e ÁVILA, 2001).
É freqüente a ocorrência de reações cruzadas neste método, principalmente com a
doença de Chagas, tuberculose, oncocercose, algumas micoses sistêmicas e
leishmaniose tegumentar (REY, 2001; FERREIRA e ÁVILA 2001).
Mancianti et al. (1996), trabalharam com imunofluorescência indireta relataram
especificidade de 100%, sensibilidade de 98,7% e ausência de reações cruzadas
com outras doenças.
5.3.3.Reação
de
fixação
de
complemento
(RFC),
Hemaglutinação indireta (HAI) e Contra-imunoeletroforese (CIE)
Estas técnicas foram bastante utilizadas, mas hoje estão em desuso para o
diagnóstico da leishmaniose, devido ao aparecimento de métodos reveladores de
antígeno-anticorpo mais específicos e mais simples, como os sistemas enzimáticos
(FERREIRA e ÁVILA, 2001).
5.3.4. Reações imunoenzimáticas (ELISA)
Desde que foram introduzidos no diagnóstico sorológico, o teste de ELISA
vem sendo avaliado para detecção de anticorpos específicos contra leishmaniose.
Atualmente eles são os exames mais empregados no diagnóstico desta doença, nas
versões que utilizam conjugados anti-humano ou anticão, ou mais recentemente
conjugados purificados de proteína A (FERREIRA e ÁVILA, 2001). O método ELISA,
além de muito simples e econômico, requer apenas 50µl de sangue, colhido em
papel filtro. Sua sensibilidade fica acima de 98%, mas a especificidade é de grupo e,
sendo assim, podem ocorrer reações cruzadas com outras doenças (REY, 2001).
Contudo, alguns estudos comprovam que os testes de Micro-ELISA são de eleva
sensibilidade e especificidade no diagnóstico da leishmaniose. Os antígenos
utilizados são de importância crucial para definição da especificidade do teste, como,
por exemplo, os antígenos específicos HSP70, 42kDa, GP63, rk39 e rk26. Os
sistemas denominados fast-ELISA têm sido recomendados, porque são realizados
em 30 minutos. Porém, quando se utiliza o antígeno recorrente K39, é possível
detectar apenas anticorpos circulantes presentes em animais sintomáticos com
leishmaniose visceral, sendo negativo para animais assintomáticos (FERREIRA e
ÁVILA, 2001).
5.3.5. Testes imunocromatográficos
Para a realização deste teste, utilizam-se sistemas enzimáticos com proteína
A, ligada a corantes específicos, também denominados Dot-ELISA. Ele é realizado
em papéis, o que possibilita sua utilização em áreas endêmicas, pois dispensa
etapas críticas de incubação e leitura ótica (FERREIRA & ÁVILA, 2001; MANCIANTI
et al., 1996).
Nos últimos anos o rK39 foi adaptado, para um teste imunocromatográfico
denominado TRALD (Teste Rápido Anticorpo L. donovani), com uma sensibilidade e
especificidade de 94%. Mas devemos ressaltar que este método tem baixa
sensibilidade em identificar anticorpos antileishmania em animais com infecção
assintomática por L chagasi (FERREIRA e ÁVILA, 2001). Segundo Mancianti et al.
(1996), o teste de dot-Elisa, possui várias vantagens, quando comparado à
imunofluorescência indireta, sendo as principais a rapidez na execução e a
necessidade de uma quantidade pequena de antígenos. Os autores relatam ainda
que o dot-Elisa tem sensibilidade e especificidade altas, mas apresenta reações
cruzadas com babesiose.
5.4. Detecção de antígenos por sondas de DNA e PCR
A reação em cadeia da polimerase (PCR) permite a amplificação seletiva de
seqüências do DNA do parasito, o que conseqüentemente viabiliza um instrumento
diagnóstico espécie-específico para doenças infecciosas (FERREIRA e ÁVILA, 2001)
e, segundo Rey (2001), mostra-se muito sensível para detectar casos incipientes de
leishmaniose. A PCR pode ser feita com o DNA extraído da medula óssea, biopsias
cutâneas, aspirados de linfonodos, sangue, cortes histológicos de tecidos
parafinados e também no vetor (GREENE, 2006; FERRER, 1999). Uma comparação
da PCR com sorologia para leishmaniose visceral para detecção de cães infectados
em uma área endêmica na Bahia revelou que a PCR foi 100% sensível e mais
especifico, do que a sorologia na detecção de cães comprovadamente infectados
com L. chagasi (FERREIRA e ÁVILA, 2001). Ferreira e Ávila (2001) afirmam que a
técnica da PCR é bem eficiente para detectar os estágios iniciais de infecções,
enquanto as técnicas sorológicas são mais eficazes para diagnosticar estágios
avançados. Por este motivo, os autores acreditam ser possível que a PCR venha a
se constituir num método padrão para o diagnóstico da leishmaniose. No entanto,
Rey (2001) afirma que as condições para sua realização, o alto custo, a
disponibilidade dos agentes e de equipamentos e a pouca adaptabilidade do método
ao campo, limitam seu emprego na rotina médica.
6. Conclusão
Profissionais e pesquisadores esbarram na escolha de método apropriado,
simples, sensível e específico, que possibilite o diagnóstico, não apenas dos casos
avançados, mas também dos inicias, oligossintomáticos e assintomáticos da
leishmaniose visceral canina.
As provas sorológicas mais utilizadas para o seu diagnóstico, têm apresentado
muitas reações cruzadas com outras doenças muito comuns em cães, como, por
exemplo, babesiose e erliquiose. Por este motivo, devem ser realizados,
concomitantes ao exame sorológico, outros métodos diagnósticos, como, por
exemplo, a citológiia ou o PCR, buscando, com isso, um resultado mais preciso. A
necessidade de um diagnóstico correto é fundamental para o controle da doença e
identificação de animais portadores, mas assintomáticos, os quais são reservatórios
da leishmaniose. Atualmente, a PCR é o exame com maior sensibilidade e
especificidade para a leishmaniose visceral canina, sendo também a melhor opção
diagnóstica nos casos de falhas das provas sorológicas e de identificação direta do
parasita.
7. Referências bibliográficas
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leishmaniasis in epidemiological surveys:na epidemic in Belo Horizonte, Minas
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BARROUIN–MELO, S. M.; LARANGEIRA, D. F.; TRIGO, J.; AGUIAR, P. H. P.;
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