DISCURSO DO GENERAL CHEFE DO ESTADO-MAIOR DA FORÇA AÉREA 61º ANIVERSÁRIO DA FORÇA AÉREA LEIRIA, 30 DE JUNHO DE 2013 Exmo. Senhor Ministro da Defesa Nacional Dignou-se V. Exa. Presidir a esta cerimónia, em que comemoramos e lembramos o esforço de todas as pessoas, militares e funcionários civis que, ao longo dos últimos 61 anos, têm servido Portugal na Força Aérea, com honra e total dedicação à Pátria. Em meu nome pessoal e em nome dos homens e das mulheres que tenho o orgulho de comandar, manifesto o nosso profundo reconhecimento pela disponibilidade de V. Exa. para estar junto da Força Aérea na celebração do seu dia. Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Leiria Exma. Senhora Presidente da Junta de Freguesia de Leiria Exmo. Senhor General Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Exma. Senhora Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional Exmo. Senhor Vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional Exmo. Senhor General Taveira Martins, Ex-Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Exmo. Senhor Tenente-General Chefe da Casa Militar da Presidência da República 1 / 11 Exmo. Senhor Tenente-General Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana Exmo. Senhor Presidente do Instituto Politécnico de Leiria Exmo. Senhor Tenente-General Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, em representação do Chefe do Estado-Maior do Exército Exmo. Senhor Secretário-Geral do Ministério da Defesa Nacional Exmos. Senhores Diretores-Gerais do Ministério da Defesa Nacional Exmo. Senhor Presidente da Direção Central da Liga dos Combatentes Exmo. Senhor Vice-Almirante Inspetor-Geral de Marinha, em representação do Chefe do Estado-Maior da Armada Senhores Almirantes e Oficiais Generais Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Monte Real Senhores Adidos Militares Ilustres Autoridades Minhas senhoras e senhores A presença de Vossas excelências nesta cerimónia é por nós interpretada como um ato de vincada consideração e estima pela Força Aérea, que muito apreciamos e agradecemos. Saúdo, por isso, com elevada estima e gratidão o povo desta nossa região, que tão fraternamente nos têm acolhido, e deixo uma menção especial de apreço a toda a população das autarquias limítrofes da Base Aérea nº 5, face visível da Força Aérea na região de Leiria, pela forma tão amiga como nos têm acolhido no seu seio. 2 / 11 Srs. Comandantes, Diretores e Chefes das Unidades, Órgãos e Serviços da Força Aérea Srs. Oficiais, Sargentos, Praças e Funcionários Civis da Força Aérea Celebramos o 61º aniversário da criação da nossa Força Aérea, como ramo independente das Forças Armadas. Com muito orgulho, aprendemos com o exemplo do passado, e trabalhamos no presente a preparar o futuro. Hoje, somos nós quem diariamente tem a responsabilidade de executar a Missão. Somos, todos nós, integrados numa grande tripulação, coesa, disciplinada, unida no propósito, focada no que há que fazer e, discretamente e sem alarde, fazer bem. É, por isso, de inteira justiça uma palavra de profundo apreço, agradecimento e muita estima, a todos os oficiais, sargentos, praças e funcionários civis que servem na Força Aérea, pela lealdade, dedicação e coragem com que, têm cumprido as nobres tarefas que nos estão cometidas, seja em território nacional ou nos contextos internacionais que Portugal integra. Também para os militares que neste mesmo momento estão em serviço de alerta no território nacional, e os que estão destacados a cumprir missões no estrangeiro ao serviço de Portugal e dos Portugueses, uma palavra de estímulo, amizade, e que a N. Sra. do Ar os proteja. Nesta saudação cumpre-me englobar as nossas famílias, pelo apoio e sacrifício connosco partilhados, a quem agradeço com a mais elevada consideração. 3 / 11 Senhor Ministro Distintos Convidados A Unidade representativa da Força Aérea na região escolhida para a realização das comemorações deste nosso aniversário, a Base Aérea nº 5, em Monte Real, reflete, simultaneamente, os atributos ímpares do Poder Aéreo, a singularidade da Missão, a dedicação completa ao emprego eficaz e seguro dos meios, e o percurso evolutivo da própria Instituição no trilhar dum caminho balizado pela excelência e marcado pela otimização dos recursos disponíveis. Com efeito, esta foi a primeira Unidade desenhada e construída sob a égide da Força Aérea, tendo-lhe sido atribuída, desde a sua fundação, a responsabilidade pela defesa do Espaço Aéreo Nacional, missão prioritária que legalmente nos continua confiada. Ao referir a Base Aérea de Monte Real, faço-o não só por ser a que mais se identifica com a comunidade local, mas também por ser um bom exemplo, felizmente entre muitos outros na Força Aérea, da concretização de uma visão, há muito cimentada no Ramo, de que a modernidade tecnológica se alicerça na qualidade das pessoas, na sua competência técnica e formação militar. Ao longo destes 61 anos, a Força Aérea tem evoluído continuamente perseguindo uma visão de modernidade, um plano sustentável e uma execução rigorosa, no sentido de se ajustar às envolventes políticas, aos ambientes operacionais, aos meios disponíveis, e às missões atribuídas. 4 / 11 Por isso, a palavra reestruturação, hoje tão em voga, não é algo de novo para nós, nem nos assusta. Temo-lo feito sistematicamente, por iniciativa própria, desde há longos anos. Na busca permanente pelo equilíbrio certo entre as exigências da Missão e os recursos disponíveis, temos vindo a redimensionar o dispositivo, na estrutura da força e nos efetivos, procurando sempre ser mais eficientes. Temos feito muito, e temo-lo feito bem. A cultura de missão e de serviço exige meios humanos (tripulações, pessoal de manutenção e de apoio) e meios materiais (aeronaves, sistemas de comando e controlo, e infraestruturas) dedicadas 24 sobre 24 horas, 365 dias por ano, para assegurar alertas de elevada prontidão no Continente, na Madeira e nos Açores, que se traduzem em 6 Esquadras de Voo, sedeadas em 6 Unidades, com missões de que destaco a vigilância e o policiamento aéreo do espaço nacional, o patrulhamento da zona económica exclusiva e do espaço interterritorial, a evacuação de doentes, o transporte de órgãos para transplante, a busca e salvamento, a proteção ambiental, e a cooperação com as Forças de Segurança e com a Proteção Civil. Em missões humanitárias e de apoio à paz, ações de segurança cooperativa, ou de cooperação militar com os países lusófonos, os Militares da nossa Força Aérea, transportando as cores nacionais e a cruz de Cristo, têm sido e serão sempre, um símbolo da presença digna e da participação útil e ativa de Portugal na promoção da paz e da segurança, ao serviço do interesse nacional. 5 / 11 A nossa “razão de ser” vive-se diariamente nas nossas Unidades, mas também em cada um de nós, porque enquanto Força Aérea e enquanto militares, somos postos à prova permanentemente, sem aviso, mas sempre com urgência, sendo tantas e tantas vezes a tripulação da Força Aérea que constitui a única ligação entre o desespero e a esperança. Especialmente neste dia, partilhamos por isso, a alegria e a satisfação do dever cumprido, do sentido da nossa Missão, da certeza de que somos relevantes e imprescindíveis para Portugal e para os portugueses. Senhor Ministro Distintos convidados Militares e civis, Tudo o que fazemos na Força Aérea é orientado pelo interesse de Portugal. Para que possa operar com segurança, é imprescindível que sejam mantidos os níveis de proficiência, a motivação, e a entrega à Missão, fatores diretamente relacionados com a capacidade da Força Aérea para treinar, operar, regenerar e sustentar os meios humanos e materiais de forma coerente e atempada. Face à evolução dos orçamentos atribuídos, desde 2010 temos vindo a reduzir significativamente as horas de voo efetuadas, cerca de 36% em 2 anos, a prontidão das aeronaves, ações de qualificação e formação, e a manutenção de infraestruturas. 6 / 11 Desta realidade resulta uma degradação da capacidade de resposta do Ramo, que temos conseguido mitigar, mas que limita as opções possíveis para manter o nível de empenho, e proporcionar a necessária experiência de voo aos mais novos, de modo a alimentar as Esquadras de voo e a regenerar o potencial humano. Contudo, temos cumprido e em segurança, condição essencial e intrínseca a tudo o que fazemos, e perante a qual não somos nem nunca seremos condescendentes. Assim, permito-me realçar, no decurso do ano transato, e no âmbito do envolvimento internacional na concretização da política externa do Estado: - as Forças Nacionais Destacadas no Afeganistão; - a participação nas operações “Ative Endeavor” e “Frontex”, de controlo de atividades ilícitas no Mediterrâneo e de salvaguarda das fronteiras externas da União Europeia; - o Policiamento Aéreo na Islândia, no âmbito da Segurança Cooperativa definida pela Aliança Atlântica; - a operação “Manatim”, acionada para a eventual retirada de cidadãos nacionais, na sequência do golpe militar na República da Guiné Bissau; - e, entre outras, a cooperação técnico-militar. No que concerne a outras missões de interesse público, continuam a assumir grande destaque as 361 missões de Evacuação Sanitária e de transporte de órgãos humanos para transplante, bem como as 74 missões de Busca e Salvamento em ambiente marítimo, traduzidas no transporte de 421 doentes e sinistrados. 7 / 11 É o número mais elevado dos últimos anos e, embora respeitem às três parcelas do território nacional, saliento que 84% das evacuações aeromédicas foram executadas nas Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores, onde a dispersão geográfica, a vastidão da área oceânica e as persistentes condições meteorológicas adversas, determinam necessidades especiais de apoio a quem ali vive e um forte sentido de utilidade a quem opera. Senhor Ministro Distintos convidados Militares e civis, A Força Aérea é, desde há muito, uma reconhecida “escola de competências” e uma indubitável “escola de cidadania”, que contribui para o desenvolvimento do país e para a garantia da preservação dos “valores perenes” da Nação. Mas porque temos de fazer sempre bem para servir melhor, não nos deslumbramos com o sucesso, prosseguindo continuamente em busca da excelência. Por isso, se o conjunto das pessoas que servem na Força Aérea, o seu recrutamento, a sua formação, valorização profissional e retenção, continuam a constituir pilares fundamentais para o nosso êxito, o aspeto operacional, ou seja, os meios e a sua regeneração, são também um elemento crítico. A nossa principal preocupação prende-se, portanto, com a possibilidade de garantir, por um lado, o treino e a proficiência de operadores, mecânicos e tripulações em número suficiente que nos 8 / 11 permita cumprir as atividades de apoio e de manutenção que sustentam as operações superiormente determinadas, por outro, a regeneração do potencial de voo e das infraestruturas, de modo a manter níveis de disponibilidade adequados. No que respeita às aeronaves, a paragem motivada pela incapacidade financeira para suportar ações de manutenção obrigatórias, implica menor disponibilidade de meios, que, em algumas frotas, pode, já num prazo relativamente curto, vir a afetar a capacidade do Ramo. Urge, portanto, encontrar soluções que permitam minorar esta seria limitação. Também a redução das horas de voo, fruto dos imperativos orçamentais, obrigou à retirada do voo de alguns pilotos, e ao atraso ou mesmo paragem da qualificação de outros, o que, a manter-se, dificultará, a possibilidade de a Força Aérea garantir, a prazo, a de regeneração de tripulações, característica essencial da dinâmica do nosso Ramo, situação agravada pela permanente concorrência do mercado aeronáutico civil, e para a qual poderemos não ter capacidade de resposta. Senhor Ministro Os consecutivos ajustamentos internos e a busca da otimização dos recursos disponíveis, é a atitude que sempre nos orientou internamente e que, na atual conjuntura, mantemos num sentido mais global, com uma participação ativa nas propostas e trabalhos de reestruturação da Defesa Nacional, orientados por uma política orçamental de rigor e uma visão de conjunto. 9 / 11 Conforme já reiterado e confirmado pela prática, a Força Aérea mantém total disponibilidade para cooperar, de forma participativa, franca e leal, nas medidas que impliquem ação deste Ramo, realçando que os imperativos de reforma e integração, sejam devidamente ponderados no que respeita à centralização de recursos, que só devem concretizar-se em situações em que haja clara vantagem para o conjunto, demonstrada com ganhos de eficiência. Importa igualmente preservar a identidade e a especificidade, já que o elemento multiplicador da força militar conjunta continua a assentar na qualidade das pessoas e na competência de cada uma das partes, pelo que a cultura institucional assume enorme relevância no próprio emprego dos meios e na obtenção do produto final. É sobretudo nas situações mais complexas e difíceis, como as que atualmente se nos deparam, que se torna imperioso “cuidar das pessoas”, fazendo eco das suas justas necessidades, anseios e expectativas, pois a consecutiva redução da componente humana faz com que a Força Aérea esteja, cada vez mais, alicerçada e dependente do seu valor, da sua qualidade e, sobretudo, da sua atitude e enraizamento à Instituição, pelo que devem ser encontrados elementos motivadores que mitiguem, nas fronteiras dos valores éticos e morais, inerentes à nossa condição de militares, o esforço permanente que lhes é exigido. Oficiais, sargentos, praças e funcionários civis da Força Aérea É graças ao vosso elevado esforço e dedicação que a Força Aérea tem sido capaz de gerar a dinâmica que, como Ramo independente, sempre lhe tem permitido responder com prontidão e eficiência a todos os desafios, mostrando-se uma Instituição inovadora e criativa. 10 / 11 Este último ano, evidenciou, uma vez mais, que o essencial da nossa Instituição reside no profissionalismo e espírito de missão das Mulheres e Homens, militares e civis, que com grande esforço e sacrifício se empenharam no cumprimento escrupuloso do Dever, numa prova inequívoca de grande dedicação ao serviço e de nítida compreensão do importante papel que desempenham na sociedade a que pertencem. Por isso, e num momento crítico da nossa história, influenciado por todos os condicionalismos que afetam a realidade nacional, vos exorto a manter coragem e serenidade, empenhamento e lealdade, profissionalismo e verticalidade. Só assim será possível ultrapassar as enormes dificuldades com que temos vindo a ser confrontados, manter a esperança no futuro e a certeza de que seremos capazes de cumprir a nobre missão de servir Portugal na Força Aérea que hoje temos a honra e o privilégio de aqui celebrar. Senhor Ministro Os nossos antecedentes históricos, as ações desenvolvidas e os serviços prestados ao longo de 61 anos, sublimam e creditam a Força Aérea e o País e dignificam todos os que nela serviram e servem. A nossa conduta é, como sempre foi, a de servir com honra e total dedicação quando e onde a Nação o determinar. Estou convicto de que a dinâmica e a motivação que nos tem animado, devidamente reconhecida e apoiada por V. Exa., nos ajudará a manter essa postura de exemplar dedicação à “causa pública”, que sempre caracterizou e continuará a distinguir a atuação da Força Aérea, fazendo dela uma referência ética da Nação. Disse. 11 / 11