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N.º 179 - Fevereiro 2007 - 2,00 euros
FUNDAÇÃO
GULBENKIAN
50 anos
de cultura,
ciência,
educação e
solidariedade
ENTREVISTA
Rui Vilar
TERRA NOSSA
Costa Nova
VIAGENS
Montevideu
MACBETH
no Trindade
TURISMO ASSOCIATIVO#2.qxp
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Turismo
Associativo
Programa para grupos
vocacionado para as áreas de
acção social, desportiva e cultural
CONTACTE OS NOSSOS CENTROS DE FÉRIAS
Turismo
Associativo
todo o ano
l [email protected] l www.inatel.pt
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Sumário
4
26
EDITORIAL
TERRA NOSSA
6
COSTA NOVA A VILA
MULTICOLORIDA
N.º 179 - Fevereiro 2007 - 2,00 euros
FUNDAÇÃO
GULBENKIAN
50 anos
de cultura,
ciência,
educação e
solidariedade
MACBETH
no Trindade
ENTREVISTA
Rui Vilar
CARTAS E COLUNA
TERRA NOSSA
Costa Nova
VIAGENS
DO PROVEDOR
Montevideu
7
NA CAPA
NOTÍCIAS
Foto: José Frade
12
MACBETH
NO TRINDADE
CONCURSO DE
FOTOGRAFIA
No âmbito de uma extensa e
diversificada programação
comemorativa dos 140 anos do
Teatro, a sala principal do
Trindade será palco, até 15 de
Março, de “Macbeth”, uma das
mais notáveis e representadas
peças de William Shakespeare.
60
14
AS GRANDES
FUNDAÇÕES
PORTUGUESAS (1)
A REVOLUÇÃO
GULBENKIAN
Criada por um culto e
benemérito
milionário arménio,
apaixonado pelo
nosso país, a mais
conhecida e influente
Fundação
portuguesa, e uma
das mais importantes
a nível europeu,
prossegue as
comemorações do seu
50º aniversário com
um vasto e ambicioso
programa de acções
para o próximo meio
século.
19
ENTREVISTA
Rui Vilar,
presidente da
Fundação Gulbenkian
A escassas dezenas de
quilómetros de Aveiro
e de Ílhavo, duas
cidades com forte
tradição marítima, a
Costa Nova é um caso
exemplar de
património
arquitectónico popular,
bem recuperado e
preservado.
diversidade a sua
maior riqueza.
42
OLHO VIVO
44
A CASA NA ÁRVORE
46
PORTUGAL
E A LUSOFONIA
48
O TEMPO E O
MUNDO
32
50
PAIXÕES
VIAGENS
34
NA HISTÓRIA
COMUNIDADES
51
PORTUGUESAS
BOA VIDA
Maria Mendes, luso –
francesa é mestre em
ballet indiano
70
36
79
VIAGENS
A CHEFE SUGERE
MONTEVIDEU
Cataplana de Lombos
de tamboril com
amêijoas da Lagoa de
Óbidos
Mergulhar no
passado e descobrir
alguns dos encantos
da América do Sul
não é complicado se
decidir “perder-se”
em Montevideu, uma
cidade onde se
destaca o “calor”
humano e o
dinamismo crescente
de uma sociedade que
encontra na
CLUBE TEMPO LIVRE
81
O TEMPO E AS
PALAVRAS
Maria Alice Vila
Fabião
82
Crónica
Joaquim Letria
Revista Mensal: e-mail: [email protected] - Propriedade do INATEL (Instituto Nacional para Aproveitamento dos Tempos Livres dos Trabalhadores) Presidente: José Alarcão Troni VicePresidentes: Luís Ressano Garcia Lamas e Vítor Ventura Sede do INATEL: Calçada de Sant’Ana, 180, 1169-062 LISBOA, Tel. 210027000 Fax 210027061, Nº Pessoa Colectiva:
500122237 Director: José Alarcão Troni Editor: Eugénio Alves Grafismo: José Souto Fotografia: José Frade Coordenação: Glória Lambelho Colaboradores: Ana Santos, André Letria,
Carlos Barbosa de Oliveira, Carlos Blanco, Eduardo Raposo, Francisca Rigaud, Gil Montalverne, Helena Aleixo, Humberto Lopes, Joaquim Diabinho, Joaquim Durão, José Jorge
Letria, Lourdes Féria, Maria Augusta Drago, Marta Martins, Paula Silva, Pedro Barrocas, Pedro Soares, Rodrigues Vaz, Sérgio Barrocas, Tharuga Lattas, Vítor Ribeiro.Cronistas:
Alice Vieira, Álvaro Belo Marques, Artur Queirós, Baptista Bastos, Maria Alice Vila Fabião, Fernando Dacosta, João Aguiar, Luís Miguel Pereira, Rogério Vidigal.
Redacção: Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 LISBOA Telef. 210027000 Fax: 210027061 E-Mail [email protected] Publicidade: Tel. 210027187 Pré-impressão e impressão
– Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA. Casal Stª Leopoldina, 2730-052 Queluz de Baixo. Telef. 214345400 Dep. Legal: 41725/90. Registo de propriedade na D.G.C.S. nº 114484. Registo de Empresas Jornalísticas na D.G.C.S. nº 214483. Preço: 2,00 euros Tiragem deste número: 179.044 exemplares
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Editorial
JOSÉ ALARCÃO TRONI
2007
Ano de todos os desafios
Por despacho de Sua Exa. o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, de 28
de Dezembro de 2006, foi homologado o Plano e Orçamento do INATEL para 2007,
aprovado, por unanimidade, pelo Conselho Geral, na sessão de 7 do mesmo mês.
Estão, também, assinados os despachos conjuntos que aprovam, respectivamente,
os Programas Turismo Sénior e Saúde e Termalismo Sénior para o ano em curso.
PLANO E ORÇAMENTO
ntrou, pois, em vigor o Plano e Orçamento
para 2007. É com realismo e preocupação que
anoto a redução administrativa de 2.8 milhões de
euros, na receita e na despesa, decorrente da situação conjuntural das finanças públicas do país.
Como cidadão, não posso deixar de concordar com o
corte; como gestor, este exige-me, e à Direcção a que
tenho a honra de presidir, redobrada atenção no
acompanhamento da execução orçamental da
despesa – mas, também, na necessidade do correspondente aumento da receita – com vista à concretização do quinto equilíbrio financeiro e orçamental consecutivo.
O equilíbrio orçamental em 2007 constitui, assim, o
primeiro desafio do ano em curso.
E
DESAFIOS 2007
omo referi, no editorial anterior, o ano de 2007
representará para o INATEL o ano de todos os
desafios. A criação da Fundação INATEL.. A Gestão
da Mudança, com a implementação dos novos
Sistemas e Tecnologias de Organização e Informação. O PDE – Plano de Desenvolvimento Estratégico (2007/13), coincidindo com o recém-aprovado
QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional
– o quarto Quadro Comunitário de Apoio a Portugal
– que será submetido à aprovação do Ministério da
Tutela e do Conselho Geral, no âmbito do processo
orçamental para 2008. O encerramento do “dossier”
relativo ao Polis Albufeira, com a aprovação definiti-
C
4 TempoLivre
Fe v e r e i r o 2 0 0 6
va do plano director de reabilitação da mata e das
obras do Centro de Férias , cuja facturação – nunca o
poderemos esquecer – representa 60% da receita do
Turismo Social. O aprofundamento da abertura do
INATEL à sociedade civil e ao país real, através da
celebração de um “pipe-line” de protocolos de
parceria estratégica, com prioridade para as duas
Confederações Sindicais – CGTP e UGT. O movimento associativo, em Portugal e na Diáspora. O
movimento cooperativo e da economia social, com
destaque para o Montepio Geral, as fundações e
associações de utilidade pública. A ANMP – Associação Nacional dos Municípios Portugueses. A
ANAFRE - Associação Nacional das Freguesias. A
Misericórdia de Lisboa e a União das Misericórdias
Portuguesas, a Confederação das IPSS. As Universidades e Politécnicos. As Regiões de Turismo e a sua
Associação. O ACIME – Alto Comissariado para a
Imigração e Minorias Étnicas. A CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. A SHIP –
Sociedade História da Independência de Portugal.
As principais associações representativas dos jovens,
reformados e deficientes, bem como as empresas
mais actuantes nos planos da ética e da responsabilidade social.
FUNDAÇÕES
Tempo Livre inicia, no presente número, a
ronda das principais fundações portuguesas e
da sua obra. À Fundação Calouste Gulbenkian, a
quem Portugal tanto deve nos domínios das
Ciências, Letras, Artes, Beneficência, Cooperação e
A
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reabilitação do Património Monumental Português
no Mundo - endereçamos sinceros parabéns pelo
ano cinquentenário que está comemorando.
SHAKESPEARE NO TRINDADE
a época teatral de 2007 – ano do seu centésimo
quadragésimo aniversário – o Teatro da
Trindade apresentará duas obras clássicas de
William Shakespeare – Macbeth e Hamleth.
O Macbeth, peça recentemente estreada, revela
excelentes cenários, guarda-roupa e interpretação,
pelo que recomendo, vivamente, aos nossos 250 mil
associados e suas famílias, assim como ao sistema
educativo – universitário, politécnico e secundário –
que não percam o espectáculo, o qual honra o INATEL e os encenadores e actores pelos qualidade e
ineditismo da versão portuguesa.
N
BTL – BOLSA DE TURISMO DE LISBOA
INATEL esteve representado na BTL – Bolsa
de Turismo de Lisboa – com um pavilhão,
muito digno e de grande visibilidade, inspirado no
Arco do Triunfo da Defense, cumprindo a sua
responsabilidade de primeira organização de
Turismo Social do país no âmbito do Turismo e do
destino Portugal.
No último trimestre do ano, no quadro da
Presidência Portuguesa da União Europeia, realizarse-ão, em Portugal, o Seminário Europeu de Turismo
(26/27 de Outubro) e o Congresso Ibérico de
Termalismo (data a fixar), nos quais o Turismo Social
e o INATEL esperam protagonizar a respectiva
importância crescente nos sectores turístico e termal
do nosso país.
Também o BITS – Bureau International du
Tourisme Social contactou o INATEL quanto à possibilidade da realização, em Portugal - Fátima - no mês de
Novembro, durante a Presidência Portuguesa, de
um Seminário Internacional, integrado na agenda
dos 90 anos das Aparições de Nossa Senhora,
reunindo as principais sete cidades europeias com
santuários e os respectivos municípios, de entre os
quais Ourém, no qual seria discutida a problemáti-
O
ca do Turismo Social, Cultural e Religioso na Europa
e no Mundo.
Conquanto sensível à importância do desafio, o
INATEL contactará as suas autoridades tutelares, na
medida em que o projectado fórum internacional, a
realizar-se em Portugal, ocorrerá na recta final do
processo de reforma estatutária e institucional, o que
pode acarretar alguma dificuldade logística e organizativa.
CAPARICA
ast but not least, o Atlântico continua o seu
ataque, de séculos se não de milénios, à Duna
da Caparica.
As autoridades do Ambiente e da Protecção Civil –
apesar de certo alarmismo da opinião pública – continuam a tranquilizar o INATEL e os associados
campistas, no sentido de que nem as actuais marés
vivas nem as previstas para o equinócio da primavera porão em risco a Mata de Santo António e o
Parque de Campismo da Caparica.
Os meus Vice-Presidentes e eu próprio visitámos,
por diversas vezes, o local e estamos convencidos da
razoabilidade da desdramatização do problema,
pelo menos em 2007, pressupondo, obviamente, a
realização das anunciadas obras de engenharia de
fundo para sustentação da Duna.
No entanto, o Atlântico é o Atlântico. E toda a Costa
da Caparica, até à Falésia, está abaixo do nível do mar.
Parece-me, assim, ganhar nova urgência – apesar
da simultânea, complexa e vultuosíssima, questão
do Polis de Albufeira – a reavaliação do plano
director do INATEL - Caparica, equacionando-se a
eventual transferência do Parque de Campismo para
localização mais distante da frente de mar, com a
reutilização do espaço actual para área de lazer,
desporto e passeios pedonal e ciclável. Também,
quanto ao cine-teatro – cujas obras estão paradas há
bastantes anos, na sequência de contenciosos antigos com projectistas e empreiteiros – se deverá, no
âmbito da revisão do plano director, decidir, em
definitivo, pela conclusão do edifício ou pelo abandono do projecto e implosão da estrutura inacabada
existente. I
L
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Notícias
Concerto de Ano Novo
Com a sala principal do Teatro da Trindade
empenho da presidente da associação,
repleta, o tradicional Concerto de Ano
Margarida Lancastre, na realização do
Novo do Inatel juntou as vozes de dezenas
concerto-espectáculo e pelo trabalho
de jovens intérpretes dos Pequenos
que desenvolve junto das crianças. O
Cantores de Belém, do Estoril, do Instituto
Presidente do Instituto assinalou ainda o
Gregoriano de Lisboa, da Classe de Coro do
facto deste concerto de abertura da
Conservatório Metropolitano de Música, do
agenda cultural do Inatel para 2007 ter
Coro Gospel e do Coro da Câmara de
decorrido num dos espaços mais em-
Cascais, num magnífico espectáculo de
blemáticos do Instituto, que comemora,
luz e cor, com canções de Natal e do
este ano, 140 anos de actividade.
Mundo e uma representação cénica, da
Alarcão Troni sublinhou, na circunstân-
autoria da associação “Acordar a História
cia, a importante intervenção cultural
Adormecida – Museu das Crianças”.
prevista para o Trindade, no 2º semestre
José Alarcão Troni, Presidente do Inatel,
de 2007, no âmbito da presidência por-
usou da palavra, no início, para elogiar o
tuguesa da União Europeia.
A Direcção do Inatel conviveu, no “foyer” do Trindade, com algumas das individualidades presentes no concerto
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Notícias
Passeio a Almoster
Rectificação:
No primeiro domingo de Janeiro teve
paisagens naturais, como a nascente
lugar, por iniciativa da Delegação de
do Rio Tordo, afluente do Nabão, e do
Leiria do INATEL e da Junta de
contacto, orientado por um historiador,
Viagem “Trás-os-Montes
e Alto Douro”
Freguesia de Almoster, mais um
com lugares e edifícios do património
O preço da viagem Inatel “Trás
Passeio
caminhada,
local, como o: Cruzeiro Fiéis de Deus,
-os-Montes e Alto Douro”, pre-
assente numa vertente turístico-cultu-
de 1560, a Igreja de S. Salvador do
vista para o mês de Maio, e
ral, envolveu meia centena de partici-
Mundo, do séc. XVI, Carvalhal, Lagoa
indicado na reportagem sobre
pantes que desfrutaram de magnificas
Nova e o Lagar do Duque de Cadaval.
Rio de Onor, página 19 da
Pedestre.
A
edição TL nº 178, de Janeiro de
2007, não está correcto. Com
as nossas desculpas pelo lapso, informamos que na próxima edição da revista, Março
2007, será divulgado o custo
definitivo desta viagem à belíssima região do Nordeste português.
Programas para seniores
na Fundação Cupertino de Miranda
Associação Termas de
Portugal
aposta na imagem
e comunicação
Adequar a oferta dos produtos à diversidade da procura do turismo termal e traçar
Consciente da importância do papel edu-
nando a cada um deles vivências e exper-
estratégias de abordagem ao mercado são
cacional que lhe cabe, dos constantes
iências enriquecedoras. O público Sénior
alguns dos objectivos da Comissão de
processos de transformação social e da
é relevante para a Fundação, pois além
Comunicação e Marketing da Associação
consequente formação de novos públi-
deste segmento da população estar a
das Termas de Portugal, presidida por José
cos, a Fundação Cupertino de Miranda
aumentar de ano para ano, as visitas de
Alarcão Troni, presidente do Inatel, que
anuncia grandes novidades para a pro-
seniores ao Museu também têm cresci-
conta com uma qualificada equipa de oito
gramação deste ano.
do bastante. “Quem conta um conto”... é
profissionais com competências em
O Museu – que hoje se apresenta como
uma actividade dirigida para este público
gestão, marketing ou comunicação. Casos
empreendedor social, local de entreteni-
para quem o dinheiro é memória de tem-
de Luís Mexias Alves, Termas de Monte
mento e agente de mudança - para além
pos passados, de dificuldades, de formas
Real, Cristina Araújo, Empresa Águas do
de programas específicos para crianças,
de estar no mundo muito diferentes.
Vimeiro, Diogo Barbosa, Empresa das
escolas e famílias, aposta agora em dois
A pensar nas famílias, o Museu do Papel
Águas de MM de Caldelas, Ana Ladeiras,
novos segmentos da sociedade : os
Moeda criou aos fins-de-semana dois
Município de Chaves, António Pinheiro,
seniores e as pessoas com deficiência.
programas divertidos, onde pais e filhos
Sociedade das Termas de Monchique,
Com o objectivo de promover a
podem em conjunto participar. «Bancos
Nuno Ferreira, Sociedade Águas do Luso,
sociedade de conhecimento, a edu-
Familiares do Porto» e «Trilhas e Tricas»
Carla Vaz, VMPS Águas e Turismo e Teresa
cação, a cultura e a ocupação de tempos
permitem que os agregados familiares se
Vieira, Sociedade de Turismo de Santa
livres de forma lúdica e didáctica, a
juntem no Museu para se divertirem, e
Maria da Feira. A equipa, que terá em linha
Fundação desenvolveu para este ano
para desenvolverem a criatividade, o tra-
de conta a saúde, bem-estar, natureza,
uma série de programas direccionados
balho em equipa e ainda a importante
beleza e estilos de vida dos portugueses, já
para cada um destes públicos proporcio-
interacção entre pais e filhos.
se encontra em funções
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“Inscrever a Europa nas paredes das cidades”
“Portugal,
Defesa
e Afirmação”
O Instituto Franco-Português
corde” em Paris em 1989,
(IFP) apresenta na sua sede e
Bruxelas em 1992, Haïfa em
na Galeria Ratton, em Lisboa,
1994, Estocolmo em 1998,
“Portugal, Defesa e
até 18 do corrente mês, duas
Berlim em 2000), utilizando
Afirmação” é o tema do
exposições, uma documental
como suporte o azulejo, Fran-
seminário marcado para o
e uma fotográfica, da artista
çoise Schein realiza, desde
próximo dia 14 no auditório
francesa Françoise Schein,
1999, no Rio de Janeiro, um
da Universidade Católica
sob o tema “O Caminho dos
conjunto de obras de arte
Portuguesa, no Porto, com
urbana com a população des-
a participação do Prof.
Direitos - Os azulejos como
material de difusão dos direitos humanos”.
favorecida das favelas da cidade.
Adriano Moreira. Inserido
Conhecida pelo seu trabalho de arte urbana
Desde 2003 este trabalho foi retomado por mu-
no ciclo Conferências do
em cerâmica sobre os direitos do homem nos
lheres das comunidades criando a Azulejaria
Castelo, promovidas pelo
metropolitanos das cidades do mundo
com a qual elas desenvolvem as suas próprias
Instituto de Defesa
(Estação Parque em Lisboa em 1994, “Con-
obras, de forma independente.
Nacional Universidade
Católica (pólo do Porto) e
Globalização é tema do IX PortoCartoon-World Festival
da Delegação do Norte da
Associação dos Auditores
dos Cursos de Defesa
O Museu Nacional da Imprensa lança a
cingir-se ao tema principal há a categoria de Tema
Nacional, com o apoio da
“Globalização” como mote para o IX Porto-
Livre que pode incluir a política internacional, os
Delegação Inatel do Porto,
Cartoon-World Festival, a realizar em Junho
costumes, a vida social, a comunicação, etc…
o seminário conta ainda
próximo. Com a escolha deste tema, o organi-
Os vencedores do PortoCartoon receberão um
com a presença do
zador do festival- que tem o patrocínio da CGD
prémio monetário, o troféu do festival, desenhado
Embaixador Martins da
- pretende que cartunistas em todo o mundo
pelo Arqto. Siza Vieira e garrafas especiais de
Cruz, do General Loureiro
reflictam com humor sobre o impacto que a
Vinho do Porto. Os trabalhos concorrentes ao IX
dos Santos, do Eng.
Globalização vem tendo nos mais diversos sec-
PortoCartoon devem ser remetidos para a sede
Marques dos Santos e do
tores da sociedade, à escala mundial.
do Museu Nacional da Imprensa (E. N. 108 nº
prof. Doutor David Justino.
Para os cartunistas concorrentes que não queiram
206, 4300-316 Porto) até 31 de Março.
A entrada é gratuita.
Cantar as Janeiras
“Conheça a Nossa Terra”
O Encontro de Grupos de Cantadores de Janeiras e
de Reis, que teve lugar no Inatel Santa Maria da
Feira, em Janeiro passado, teve uma forte e animada participação de associados do Instituto.
Dezenas de associados viajaram até ao Algarve,
em Dezembro último, no âmbito do programa
“Conheça a Nossa Terra”, uma iniciativa do Inatel
Viseu.
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Notícias
Noite de Gala
no Trindade
Numerosas individualidades e figuras da cena artística
portuguesa marcaram presença na estreia de “Macbeth”,
uma das mais notáveis peças de Shakespeare que assinala
a programação comemorativa dos 140 anos do Teatro da
Trindade. Maria Barroso, o ministro dos Assuntos
Parlamentares Augusto Santos Silva, Roberto Carneiro,
Bagão Félix, Vítor de
Sousa, Cucha Carvalheiro
e Sandra Celas foram,
entre outras, presenças
em destaque na abertura
da temporada 2007 do
Trindade. José Alarcão
Troni e Luís Lamas, presidente e vice-presidente da Direcção
BTL 2007
do Inatel, foram os anfitriões em mais uma estreia
memorável no histórico palco da capital. Em cena, no
Os programas seniores e férias 2007 estiveram em
Trindade, até 15 de Março, “Macbeth” estará,
destaque no stand do Inatel na Bolsa de Turismo de Lisboa.
posteriormente, noutros palcos nacionais, a saber: Barreiro,
Milhares de visitantes, incluindo profissionais do sector,
Ponta Delgada, Guimarães, Aveiro, Famalicão, Montijo,
estiverem presentes, na última semana de Janeiro, no mais
Torres Novas, Braga, Beja, Guarda, Leiria, Portalegre,
importante certame nacional de turismo. Com 18 anos de
Coimbra, Évora, Vila Real e Sintra.
existência, a BTL é um marco na actividade dos profissionais de turismo, que participam e visitam a feira com o intuito de dinamizar o seu negócio, confraternizar com os colegas do sector e anunciar as respectivas novidades. Para
muitos dos visitantes não profissionais, cujo número
aumenta, ano após ano, a BTL, é a oportunidade de escolha do seu próximo destino de fim-de-semana ou de férias.
Rectificação > Maria Belém Pinto Soares,
associada residente no Porto e vencedora do 1º
prémio de fotografia do Turismo Sénior 2006,
recebe o prémio respectivo. Por lapso, na edição
de Novembro da TL,
foi publicada uma
foto que, erradamente, ilustrava a
entrega do referido
galardão àquela
nossa associada. As
nossas desculpas.
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GRANDES PROMOÇÕES
Portugal Património
Oito anos levaram Duarte Belo, arquitecto
e fotógrafo, e Álvaro Duarte de Almeida,
2007
pintor e professor, a concretizar – com o
apoio de seis dezenas de colaboradores e
o acompanhamento científico dos catedráticos. José Mattoso (História), Paulo
Pereira (História de Arte) e Teresa Belo
(Linguística), os 10 volumes de Portugal
Património, um monumental documento
que nos dá a conhecer, de forma exaustiva, o imenso e riquíssimo património, natural e construído, do nosso País.
Editado pelo Círculo de Leitores (“a obra
de maior investimento feita até agora pelo
Círculo”, garante o seu presidente, João
Alvim), “Portugal Património” custou na
sua preparação cerca de um milhão de
euros. Para as oito mil fotos publicadas,
Duarte Belo recolheu 600 mil, numa
maratona de 300 mil quilómetros por todo
o território nacional. “Não conheço obra
tão completa e detalhada”, sublinha José
SERRA DA ESTRELA
O PARAíSO DE BELEZA BRANCA
Preços a partir de 18,85 Euros p/pessoa em quarto duplo.
Aproveite as nossas promoções de Fim-de-semana em
época baixa a preços convidativos.
Mattoso acerca deste monumental trabalho de 10 volumes, com 9000 entrada e
mais de 60 mil referências, onde o tratamento das unidades de património é feito
em forma de ficheiro, com texto e imagem
(fotografia e cartografia) a conviverem de
forma harmoniosa.
Para mais informações e/ou reservas contactar
directamente os Centros de Férias aderentes: Piódão
(telef. 235 730 100/1), Serra da Estrela (275 980 300) e
Fornos de Algodres (271 776 016)
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Fotos Premiadas
[1]
[ 1 ] Fernando Panão, Lisboa –
Sócio n.º 40983
[ 2 ] Maria Valente, Porto Alto –
Sócio n.º 52982
[ 3 ] Sérgio Guerra, S. João do Estoril –
Sócio n.º 204212
Menções Honrosas
[ a ] Carlos Pereira,
Lisboa
–
Sócio n.º 343578
[ b ] Armando Isaac,
Massamá
–
Sócio n.º 246319
[ c ] Vítor Félix,
S. M. Infesta
–
[a]
[b]
Sócio n.º 446942
[c]
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REGULAMENTO
1. Concurso Nacional de Fotografia da
revista Tempo Livre. Periodicidade
mensal. Podem participar todos os
sócios do Inatel, excluindo os seus funcionários e os elementos da redacção e
colaboradores da revista Tempo Livre.
2. Enviar as fotos para: Revista Tempo
Livre - Concurso de Fotografia, Calçada
de Sant’Ana, 180 - 1169-062 Lisboa.
3. A data limite para a recepção dos trabalhos é o dia 10 de cada mês.
4. O tema é livre e cada concorrente
pode enviar, mensalmente, um máximo
de 3 fotografias de formato mínimo de
10x15 cm e máximo de 18x24 cm., em
papel, cor ou preto e branco, sem qualquer suporte.
5. Não são aceites diapositivos e as
fotos concorrentes não serão devolvidas.
6. O concurso é limitado aos sócios do
Inatel. Todas as fotos devem ser assinaladas no verso com o nome do autor,
direcção, telefone e número de associado do Inatel.
[2]
7. A Tempo Livre publicará, em cada
mês, as seis melhores fotos (três premiadas e três menções honrosas), seleccionadas entre as enviadas no prazo
previsto.
8. Não serão seleccionadas, no mesmo
ano, as fotos de um concorrente premiado nesse ano
9. Prémios: cada uma das três fotos
seleccionadas terá como prémio um fim
de semana (duas noites) para duas pessoas num dos Centros de Férias do
Inatel, durante a época baixa, em
regime APA (alojamento e pequeno
almoço). O premiado(a) deve contactar
a redacção da «TL»
[3]
10. Grande Prémio Anual: uma viagem
a escolher na Brochura Inatel Turismo
Social até ao montante de 1750 Euros. A
este prémio, a publicar na revista
Tempo Livre de Setembro de 2007, concorrem todas as fotos premiadas e publicadas nos meses em que decorre o
concurso.
11. O júri será composto por dois
responsáveis da revista Tempo Livre e
por um fotógrafo de reconhecido
prestígio.
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FUNDAÇÕES PORTUGUESAS [1]
MEIO SÉCULO DE CULTURA, CIÊNCIA, EDUCAÇÃO E SOLIDARIEDADE
A revolução Gulbenkian
Criada por um culto e benemérito milionário arménio, apaixonado pelo nosso país, a mais
conhecida e influente Fundação portuguesa, e uma das mais importantes a nível europeu,
prossegue as comemorações do seu 50º aniversário com um vasto e ambicioso programa de
acções para o próximo meio século.
E
leita pela Associação da
Imprensa Estrangeira em
Portugal (AIEP) a “Personalidade do Ano 2006”,
como reconhecimento do seu papel,
durante 50 anos, no panorama cultural, artístico e educativo português, a FCG – considerada como
um verdadeiro ministério da
Cultura e Ciência do nosso país até
aos anos 80 - foi bem mais longe na
acção benemérita, nomeadamente
no domínio da saúde e da protecção
social. A sua contribuição para a
modernização da medicina em Porugal, sobretudo a preventiva, nomeadamente por meio de subsídios
ou doação de equipamentos aos
hospitais teve impacto decisivo na
evolução dos cuidados de saúde
entre nós, proporcionando a introdução de novas técnicas, métodos e
tecnologias medicinais.
A face mais visível da Fundação
respeita, entretanto, a uma longa e
intensa acção cultural, nos campos
da museologia, museografia, artes
plásticas, história de arte, arqueologia, estética, música, dança, teatro,
cinema e actividades editoriais. O
Museu Gulbenkian, inaugurado em
1965, que alberga o espólio legado
pelo fundador, é considerado, como
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Fe v e r e i r o 2 0 0 7
Biombo francês século XVIII
colecção de uma só pessoa, um dos
mais notáveis a nível europeu. Peças
do antigo Egipto (3000 anos A.C.);
moedas e medalhas da Grécia clássica; medalhões romanos do século III;
peças e objectos de arte da Mesopotâmia, Pérsia, Arménia, Turquia,
Síria, Índia, China e Japão; tapeçarias, mobiliário e ourivesaria da
Europa da Renascença e do século
XVII; uma impressionante colecção
de quadros do século XV ao século
XX, com telas de, entre outros, Roger
Van der Weyden, Rubens, Van Dyck,
Rembrandt, William Turner, Corot,
Fragonard, Manet, Degas, Renoir e
Monet; e, finalmente, uma colecção
rara, a nível mundial, de peças de
um dos grandes nomes da Arte
Nova, René Lalique, de quem
Gulbenkian foi dedicado amigo.
Marcantes, ainda, na modernização da cultura portuguesa, foram a
divulgação de artistas nacionais e
estrangeiros, no âmbito do Centro de
Arte Moderna e do Acarte, as bolsas
de estudo ou subsídios, o incremento
do teatro contemporâneo e infantil e
os ciclos de cinema, nos anos 60/70. A
Orquestra, o Coro Gulbenkian e
Ballet, criados na década de 60,
foram, por sua vez, em conjunto com
os Festivais de Música, iniciados em
1957, essenciais no plano do desenvolvimento da música e da dança em
Portugal, bem como na expansão
internacional da nossa cultura.
MILHARES DE BOLSAS
Mais de 3000 cientistas, professores e
investigadores beneficiaram, nestes 50
anos, de 5806 bolsas de pós-graduação
para estudos e pesquisas científicas
em 38 países. Registe-se o facto de tão
impressionantes números não incluírem as bolsas concedidas pela fundação no âmbito artístico, às comunidades arménias ou no programa de
ajuda ao desenvolvimento. E, apesar
dos fundos comunitários recebidos
pelo Estado português após a integração europeia, a Fundação é, ainda,
desde os anos 80, a segunda instituição nacional em esforço financeiro
para atribuição de bolsas de estudo de
pós-graduação no estrangeiro. Mais
recentemente, e dada a existência de
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José Frade
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FUNDAÇÕES PORTUGUESAS [1] CALOUSTE GULBENKIAN
Pormenor do jardim da Fundação e, em baixo, rosto feminino, um pendente de René Lalique que integra o acervo da Fundação
outras entidades que investem no
mesmo sentido, o esforço da FCG
aponta para a atribuição de bolsas a
candidatos de excelência e à cooperação com universidades portuguesas
e estrangeiras.
No plano editorial destacaram-se
as revistas Colóquio/Ciências, Colóquio/Artes e a, ainda sobrevivente,
Colóquio/Letras, criada em 1971 e
considerada a mais importante
revista dedicada ao estudo da literatura portuguesa. Inestimáveis
foram, ainda, a acção desenvolvida
com as bibliotecas itinerantes e, na
área da investigação científica, a
criação do prestigiado Instituto
Gulbenkian Ciência, de Oeiras.
A FCG apoia também programas e
projectos de natureza científica, educacional e artística; desenvolve uma
intensa actividade editorial, sobretudo através do seu plano de edições
de manuais universitários; promove
e estimula projectos de ajuda ao
desenvolvimento com os países
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africanos de língua portuguesa e Timor-Leste; promove a cultura portuguesa no estrangeiro; e desenvolve um programa de preservação
dos testemunhos da presença portuguesa no mundo (na Europa,
África, Ásia e América Latina).
INFLUÊNCIA,
EXPOSIÇÕES, PRÉMIOS
A avaliação do impacte da FCG na
vida portuguesa no último meio século está a ser feita por uma equipa
coordenada pelo sociólogo António
Barreto. Da equipa de investigadores
fazem ainda parte António Correia de Campos, José Medeiros Ferreira e Kenneth Maxwell.
No âmbito, ainda, das
comemorações do 50º
aniversário, e a par de
inesquecíveis concertos
com orquestras e solistas
de renome, destacou-se a
concorridíssima exposição
da obra de Amadeo de Souza-Cardoso, um dos grandes acontecimentos culturais de 2006, e a anunciada
exposição “50 Anos de Arte Portuguesa”, que promete ser um marco
cultural em 2007.
O cinquentenário da Fundação
permitiu, também, a criação de cinco
importantes Prémios Calouste Gulbenkian, com a duração de cinco
anos, nas áreas das Artes, Beneficência, Ciência, Educação e Internacional.
O Prémio Artes (artes visuais, artes
performativas, música, cinema, arquitectura e design), no valor de
50.000 Euros, vigorará por
cinco anos e pretende ser um
estímulo a contribuições
originais e inovadoras no
campo da arte contemporânea, nos seus vários
modos de expressão, e
ainda encontrar outras formas de enriquecimento do
património artístico e da sua
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Calouste Sarkis Gulbenkian (1869 -1955)
Culto, rico e benemérito
C
alouste Gulbenkian
oriundos do Médio Oriente, uma
nasceu em Scutari,
escultura egípcia do período
actualmente Üsküdar (Istambul) a
ptolomaico, um torso grego do
29 de Março de 1869, numa
século V a.C., bem como um
família de abastados comerciantes
notável conjunto de arte europeia
arménios. Educado na escola local
com obras de Lucas Cranach, o
até aos treze anos, estudou em
Velho, Van Dyck, Largillière,
Marselha e posteriormente no
Hubert Robert, Reynolds,
King’s College em Londres,
Hoppner, Dupré, Courbet e Rodin.
diplomando-se com distinção no
É de destacar igualmente a
Department of Engineering and
doação de uma pintura de Joos
Applied Sciences (1887). Em 1902
van Cleve, de grande significado
adquiriu a cidadania britânica. A
simbólico, o retrato de Leonor de
sua vida profissional foi
Áustria, terceira mulher de D.
vocacionada para a indústria do
Manuel I de Portugal (c. 1469-
petróleo, desempenhando um
1521).
papel primordial no seu
C
desenvolvimento no Médio
Oriente.
ulminando a sua gratidão
ao País, Calouste
Gulbenkian, deixou expresso no
No âmbito desta indústria,
seu testamento a vontade de criar
participou em importantes
uma personalidade ecléctica, mas
uma fundação com o seu nome. A
negociações a nível mundial,
criteriosa, a colecção reflecte a
Fundação Calouste Gulbenkian,
nomeadamente na criação da
sua vivência. As suas origens
constituída em 1956 pelo
Turkish Oil Company, cujas acções
estão patentes na quantidade de
empenho de José Azeredo
foram dispersas pela Anglo-
obras islâmicas e a sua educação
Perdigão, o seu advogado
Persian Oil Company, Royal
europeia reflecte-se no interesse
português, inaugurou em 1969, as
Dutch-Shell e Deutsche Bank.
pelos grandes mestres da Pintura,
suas instalações definitivas que
Destas acções, 5% reverteram
Escultura e Artes Decorativas.
incluíam o Museu onde se reúne
para o negociador - Calouste Gul-
Em busca de tranquilidade,
"sob o mesmo tecto" a totalidade
benkian. Em 1928, quando as
chegou a Lisboa em Abril de 1942,
da colecção de arte.
acções foram redistribuídas, foi-
tendo passado os últimos treze
Cumprindo os objectivos
lhe garantida, mais uma vez, a
anos da sua vida no Hotel Aviz,
artísticos, educativos,
sua percentagem habitual,
onde viria a morrer a 20 de Julho
filantrópicos e científicos de-
passando a ser conhecido como o
de 1955.
finidos pelo seu patrono, a FCG
“Senhor 5 por cento”.
Detentor de uma fortuna colossal,
R
econhecido pela boa
influenciou poderosamente a
hospitalidade “que nunca
sociedade portuguesa e, graças à
o bem sucedido homem de
havia sentido em mais lado
acção desenvolvida noutros
negócios tornara-se num dos mais
nenhum”, presenteou, entre 1949
países, adquiriu um raro prestígio
notáveis coleccionadores de arte
e 1952, o Museu Nacional de Arte
internacional. É, meio século
do século XX.
Antiga de Lisboa com um
passado, uma das dez grandes
Definindo-se a si mesmo como
importante núcleo de azulejos
fundações europeias.
I
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FUNDAÇÕES PORTUGUESAS [1] CALOUSTE GULBENKIAN
Hall de entrada do
CAM; porcelanas
chinesas em exposição
no Museu Calouste
Gulbenkian;
em baixo, a orquestra
e o coro da Gulbenkian
no auditório principal
[Fotos: José Manuel Costa Alves]
compreensão. Será atribuído, em cerimónia a realizar em Julho próximo.
As candidaturas deste e dos restantes
prémios, realizam-se de 2 de Janeiro a
15 de Março de cada ano
O Prémio Beneficência, também
no valor de 50 mil euros e inscrito
nas quatro finalidades estatutárias
da Fundação, visa contribuir para a
divulgação de actuações inovadoras
e com real impacto ao nível da saúde
e do desenvolvimento social e
humano. Será atribuído na mesma
data do Prémio Artes.
O Prémio Gulbenkian de Ciência,
atribuído regularmente desde 1976,
conquistou um lugar de grande
prestígio no seio dos cientistas portugueses, é renovado por ocasião
do 50 º aniversário da Fundação,
18 TempoLivre
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também no valor de 50.000 Euros ,
tem como objectivo distinguir a
actividade criativa da comunidade
científica portuguesa, em termos
do seu contributo relevante para a
ciência em particular no âmbito das
Ciências Básicas (Matemática e
Ciências da Computação; Ciências
Físicas; Ciências da Vida) e das
Ciências Sociais e Humanas. Em
2007, o Prémio será atribuído na
área das Ciências Básicas.
Prémio Gulbenkian Educação tem
com o objectivo de distinguir uma
pessoa ou uma instituição que, com
grande mérito e qualidade assinalável, promova o desenvolvimento de
actividades educativas e formativas.
Valor 50.000 Euros e entregue também em cerimónia a realizar em
Julho próximo. Finalmente, o Prémio
Internacional Calouste Gulbenkian,
no valor de 100.000 Euros, tem como
objectivo distinguir uma individualidade ou uma instituição que, pelo
seu pensamento ou acção, tenha
contribuído de forma decisiva e com
particular impacto para a compreensão, defesa ou promoção dos valores
universais da condição humana, em
particular nos seguintes âmbitos: A respeito pela diferença e diálogo
inter-cultural, inter-étnico ou interreligioso; B - respeito pela biodiversidade e defesa do ambiente, na relação dos homens com a natureza.
Em 2007, o prémio será atribuído aos
trabalhos sobre o respeito pelo diálogo inter-cultural e inter-étnico ou
inter-religioso. I
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Rui Vilar
«A Fundação Gulbenkian
tem um novo dinamismo»
Gestor de reconhecidos méritos, mas atento e empenhado, desde muito jovem, na vida
cultural e no trabalho cívico, o sucessor de Azeredo Perdigão, Ferrer Correia
e Vítor Sá Machado na liderança da mais influente e prestigiada fundação portuguesa,
apostou numa celebração memorável dos 50 anos da instituição, apostada,
agora – sublinha- numa acção mais dinâmica, para “atrair novos públicos”.
Tempo Livre - O êxito da exposição de Amadeo Souza
Cardoso, quer pela qualidade quer pelo número de visitantes,
foi uma bela prenda dos 50 anos da FCG. Haverá outras
exposições deste nível?
Rui Vilar – As comemorações do cinquentenário só
terminam em Julho. Haverá ainda grandes
exposições, como a relativa aos “50 Anos de
Arte Portuguesa”, com obras de artistas
nacionais que a Fundação de algum
modo apoiou. E está prevista, de
Fevereiro a Abril, uma grande
exposição de fotografia e engenharia
que se chama “INGenuidades”, utilizando o étimo da palavra engenho,
com mais de 300 imagens de grandes
fotógrafos internacionais e acompanhando o progresso técnico e o percurso da arte
fotográfica até aos nossos dias. É comissariada
por Jorge Calado e será também apresentada, no
Outono, no Palais des Beaux-Arts, em Bruxelas, por
ocasião da presidência portuguesa da União Europeia.
TL – E há a célebre colecção Cartier…
RV – Abre também em Fevereiro e estará até final de
Abril. É uma notável exposição de jóias Cartier, algumas
delas adquiridas por Calouste Gulbenkian. É um con-
junto de 230 peças - jóias, relógios e outros objectos pertencentes, na sua grande maioria, à Colecção Cartier.
Esta exposição é uma recriação da que esteve nos principais museus do mundo: no Ermitage, em São
Petersburgo, no British Museum, de Londres, no
Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque e
no Museu de Xangai. Será outro grande
momento do nosso 50º aniversário.
A fechar o fórum cultural “O Estado
do Mundo”, teremos uma grande
exposição internacional, dirigida por
duas comissárias, uma turca e outra
norte-americana, que também irá
cobrir a contemporaneidade internacional, sobretudo os artistas daqueles
países que não fazem parte dos roteiros
habituais: os países emergentes, os países
asiáticos, a Austrália. É uma proposta de
reaprendizagem do mundo através do encontro com
outras sociedades e com uma nova dimensão intelectual e artística.
TL – Será, portanto, como em 2006, um ano Gulbenkian em
grande estilo.
RV - …E em 2008. Não quero ser juiz em causa
própria, mas penso que a Fundação tem um novo
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FUNDAÇÕES PORTUGUESAS [1] CALOUSTE GULBENKIAN
quando cheguei à Fundação, tinha 950. Hoje somos 530.
dinamismo que começa a atrair novos públicos. A aposFoi, portanto, um processo de que o dr. Azeredo
ta que fizemos nos programas educativos, quer do
Perdigão teve clara consciência, que o Prof. Ferrer
Museu quer do Centro de Arte Moderna, e agora o proCorreia assumiu, que o dr. Sá Machado impulsiograma educativo da música, que se chama
nou e que, naturalmente, eu tive de consoli“Descobrir a Música na Gulbenkian”, tem um
dar. Hoje, a palavra reestruturação saiu
efeito multiplicador e de atracção da gente
«Tudo
do nosso léxico. A nossa preocupação,
nova. O mesmo acontece com os prose conjuga para
agora, é aproveitarmos todo o capital
gramas de divulgação da Ciência. Tudo
que a Fundação
de recursos humanos, de equipamenisso se conjuga para que a Fundação
tenha um público
tos, de bens culturais e científicos que
tenha um público novo a beneficiar de
novo a beneficiar
temos e, portanto, não estamos pretudo aquilo que nós podemos proporde tudo aquilo
ocupados em reduzir, mas em tirar o
cionar.
que nós podemos
máximo partido do que a Fundação
proporcionar»
tem.
TL – Isso parece desmentir a ideia de que,
com a evolução ocorrida nos últimos 20 anos na
sociedade portuguesa e com o aparecimento de outras importantes fundações, como a FLAD, Serralves, a
Fundação Oriente, o CCB e a Fundação Champalimaud, a
Gulbenkian tivesse perdido aquela dinâmica e imagem que fez
com que fosse considerada, durante décadas, como o verdadeiro ministério da Cultura e da Ciência do nosso país…
RV – Na vida da Fundação há, realmente, dois períodos. O do antigo regime, em que a Fundação teve um
papel de modernização, em muitas áreas supletivo do
Estado, não apenas na cultura, mas, por exemplo, na
saúde e na ciência. Hoje, vejo a Fundação com uma
função que não é tanto de suprir as falhas ou carências
da acção do Estado, mas de ir mais além e ter um papel
inovador e, na medida do possível, abrir caminhos.
Penso que a oferta cultural ou científica de novas fundações, como é o caso da Fundação Champalimaud, só
pode ser bem vinda porque dá aos portugueses novas
oportunidades. Não estamos em competição com
ninguém. A nossa competição é com a qualidade que
queremos conferir às nossas iniciativas.
TL - No processo de reestruturação iniciado pelo dr. Vítor Sá
Machado, a FCG reduziu para cerca de metade o número dos
seus quadros. Isso não terá afectado os grandes objectivos do
seu mandato, nomeadamente o ambicioso programa de
acções, inscritos igualmente nas comemorações dos 50 anos
da instituição?
RV – O dr. Sá Machado assumiu claramente a palavra
reestruturação, mas esse processo começou antes. O
próprio dr. Azeredo Perdigão, nos últimos anos do seu
mandato, compreendeu que a Fundação não podia
manter o número de pessoal e o nível de despesa na
área administrativa. Em meados dos anos 80, a
Fundação chegou a ter 1250 pessoas. Há dez anos,
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TL - As quatro grandes áreas de trabalho para o
futuro definidas pela Fundação - beneficência, arte, ciência
e educação – serão apoiadas de modo semelhante, ou haverá
áreas merecedoras de uma atenção privilegiada?
RV – Dessas quatro grandes áreas que estão definidas,
quer no testamento quer nos estatutos, tradicionalmente a Arte teve sempre um peso maior pelo facto de
aí existirem actividades directas da Fundação, como é o
caso do Museu, da Orquestra e do Coro, do Centro de
Arte Moderna. Mas tem havido, ao longo do tempo
oscilações na distribuição relativa e, nos últimos anos,
uma das áreas que tem tido crescimento tem sido a área
da Ciência, não apenas pelo reforço dos meios para o
Instituto Gulbenkian de Ciência, como pelas acções
promovidas de divulgação científica e de apoio à investigação. Quanto à área da Beneficência, inicialmente
houve um grande investimento na saúde pública e no
equipamento dos hospitais. Hoje, estamos muito mais
no software e em áreas sociais novas como é o caso da
imigração. É um dever da própria Fundação estar atenta às mudanças que ocorrem na nossa sociedade e no
mundo e, portanto, responder a outras expectativas.
TL - Falou, há meses, numa entrevista, de um vasto leque de
parcerias existentes e possíveis com as universidades e com
organizações da sociedade civil. Pode destacar algumas?
RV – Muitas vezes, há iniciativas que têm melhores
resultados se nós chamarmos quem as pode realizar
melhor e, por isso, a Fundação tem procurado encontrar parceiros em muitos domínios. Praticamente todas
as universidades são parceiras neste ou naquele projecto da Fundação. Posso referir também as parcerias com
instituições científicas: o nosso Instituto de Ciência é
um laboratório associado com o ITQB e o IBET. E temos,
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nessa área, não só no Médio Oriente – onde tradipor exemplo, parcerias internacionais no movimento
cionalmente a Fundação estava – mas também nos
europeu de fundações, quer no campo da saúde públinovos países onde diversificamos a nossa presença,
ca quer no campo das migrações e vamos, provavelcomo é o caso do Cazaquistão, da Argélia, do Brasil e
mente, integrar-nos num projecto muito interessante
de Angola.
lançado pelo NEF (Network of European
Foundations) no domínio da democracia
participativa.
TL - Sempre teve posições de destaque na
Não estamos
em competição com sociedade portuguesa. Foi governante, preTL - Com os preços actuais do petróleo, a
sidiu ao maior banco do país, dirige, agora,
ninguém. A nossa
situação financeira da Fundação deve ser
a uma das mais importantes fundações
competição é com
bem mais folgada…
europeias…Em qual destes cargos teve
a qualidade que
RV – É evidente que, a curto prazo,
maior prazer ou se sentiu mais realizado?
queremos conferir
os preços altos do petróleo favorecem
RV – Sempre gostei de tudo aquilo
às
nossas
a Fundação, mas esta fase de preços
que fiz. Posso dizer que, nesse aspecto,
iniciativas
muito elevados do petróleo tem gerado
sou um homem de sorte e penso que a
também, do lado da produção, um esforço
muito acrescido de investimento. E nós não
podemos deixar de acompanhar esse investimento. Em
termos de receitas é assim. Em termos de investimento,
temos sido chamados a participações muito vultuosas
Fundação Gulbenkian é um privilégio
porque me permite combinar a minha profissão
de gestor com o gosto que tenho pelas coisas da cultura
e do trabalho cívico.I
Eugénio Alves [texto] José Frade [fotos]
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TEATRO DA TRINDADE >140 ANOS
Vivo
e activo
Inaugurado a 30 de Setembro de 1867 com o drama em cinco actos “A Mãe dos
Pobres” de Ernesto Biester, o Teatro da Trindade tem tido, até aos dias de hoje,
administrações privadas e públicas, através da FNAT – Fundação Nacional para
Alegria no Trabalho e do INATEL – Instituto Nacional Para o Aproveitamento de
Tempos Livres dos Trabalhadores, que lhe sucedeu.
IMPLANTADO NUMA DAS ZONAS MAIS ANTIGAS
de Lisboa, entre o Chiado e o Bairro Alto, no local onde,
antes do grande Terramoto de 1755, existira o Palácio
dos Condes de Alva, o Teatro da Trindade deveu a sua
existência à iniciativa do empresário, homem de letras e
director teatral Francisco Palha (1824 – 1890). Em 1866,
Francisco Palha constituiu uma sociedade destinada à
construção do novo teatro, que viria a ser desenhado
pelo arquitecto Miguel Evaristo de Lima Pinto.
Desde então, o Trindade tem estado associado a
alguns dos mais importantes e marcantes acontecimentos culturais na cidade de Lisboa.
Entre 1921 e 1924, após a aquisição do edifício pela
Anglo Portuguese Telephone Company, o Teatro viveu
um período complicado, até a intervenção do empresário José Loureiro que negociou a sua aquisição
com a companhia inglesa, reabrindo a 5 de Fevereiro de
1924.
O Trindade voltou, então, a receber os grandes nomes
do Teatro Português, que marcaram as várias épocas até
aos dias de hoje. Sempre ligado ao teatro musicado, fi22 TempoLivre
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zeram história o grupo de Bailados Portugueses “Verde
Gaio”, na década de 40, e os espectáculos da
“Companhia Portuguesa de Ópera”, de que foi sede
entre 1963 e 1975.
Sempre sob gestão privada, foi sede também de algumas importantes Companhias de Teatro em Portugal: “
Os Comediantes de Lisboa”, “ Teatro d’Arte de Lisboa”
e “Teatro Nacional Popular”.
A difícil situação económica dos teatros e companhias
teatrais nos anos 60 foi ultrapassada no Trindade com a
sua aquisição, em 1962, pela FNAT (Fundação Nacional
para a Alegria no Trabalho). Em 1975, e na sequência
das transformações ocorridas após o 25 de Abril de
1974, o INATEL herdeiro do património da FNAT, tem
assegurado a direcção e actividade do Teatro até aos
nossos dias.
A partir de 1996, e com a organização do Festival de
Música INATEL 96, a programação do Trindade
avançou para o aumento e diversificação da oferta cultural a todo país.
A criação de um conjunto de parcerias com os espaços
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1 - «Mergulho quântico no mar da deusa do gelo» | 2 - «Terramoto 1755» | 3 - «As bodas de Fígaro» | 4 - «Othello»
[3]
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TEATRO DA TRINDADE >140 ANOS
2007
Programação 1º semestre
Sala Principal
MACBETH, 23 Jan. a 15 Mar.
HAMLET, 22 Mar.a 29 Abr.
RAQUEL TAVARES, 5 Mai.
VITORINO, 9 a 13 Mai.
NAMANHA MAKBUNHE, 24 Mai. a 24 Jun.
MISS DAISY, 5 a 29 Jul.
Sala Estúdio
PROVAVELMENTE UMA PESSOA, 24 Jan. a 18 Fev.
ANIÑANDO, 1 Mar. a 1 Abr.
MEMÓRIAS ALGODÃO DOCE, 18 Abr. 13 Mai.
FIMFA LX, 24 Mai.a 10 Jun.
Teatro Bar
MONSIEUR PIPON, 1 a 24 Fev.
ZEN OU O SEXO EM PAX, 8 a 31 Mar.
culturais existentes, que permitisse, em condições mínimas, receber e apresentar condignamente e com regularidade espectáculos, levou o Teatro a enveredar por
uma politica de produção artística, nomeadamente a
criação de eventos que sejam ao mesmo tempo experimentais e populares, capazes de chegar ao grande
público.
Em 1997, estreia “Cyrano” a partir de Cyrano de
Bergerac, de Edmond Rostand. Espectáculo que percorreu o país, com 30 representações em 25 localidades
diferentes.
Querendo ligar a tradição à inovação, na perspectiva
também de chegar ao grande público, produziu-se, em
1998, a ópera “O Homem que confundiu a sua Mulher
com um Chapéu “, com música de Michael Nyman e
libretto de Christopher Rawlence, a partir de um relato
clínico de Oliver Sacks.
A abertura do Trindade aos actores jovens alcança um
rumo decisivo com “Romeu e Julieta”, espectáculo de
referência na forma como uma nova energia irrompeu
pelo teatro, na abordagem de um clássico de
Shakespeare.
Recuperar ou fazer renascer a tradição lírica do Teatro
da Trindade, nomeadamente da Companhia Portuguesa
de Ópera com a produção de “AS Bodas de Fígaro” (2000
e 2006), “A Casinha de Chocolate” (2003) e a ópera contemporânea “Os Fugitivos”, uma ópera de José Eduardo
Rocha, com libreto de Rui Zink, foram outros momentos
altos na programação dos últimos anos.
E, numa época dominada pelos inovação tecnológica
e pelos avanços científicos, o Trindade mostrou, com
espectáculos como “Proof ”, “O Último Tango de
Fermat”, “Esse Espermatozóide é meu”, “Picasso e
Einstein”, estar, em termos de programação teatral,
atento e conectado com as novas realidades,
Os musicais, as homenagens (Germana Tânger,
Fernando Amado, Rui Mendes, Cármen Dolores), as
efemérides (1755 – o grande Terramoto) e o teatro politico (“da Bósnia “, Kerosene, “O Magnifico Reitor”) são,
ainda, exemplos significativos de um trabalho envolvendo, muitos mais espectáculos e dezenas de actores e
criadores que fizeram, e fazem, do Teatro da Trindade,
um marco cultural do nosso País.
Teatro da Trindade, 140 anos, vivo e activo. I
Rui Sérgio*
MIND FX,12 a 28 Abr.
HISTÓRIA DE PORTUGAL EM 60 MINUTOS, 14 Jun.
a 14 Jul.
24 TempoLivre
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* Elementos de consulta: “ O Teatro da Trindade – 125 anos
de vida “, de Tomás Ribas; Flyer “Teatro da Trindade – O
Teatro da Lisboa” – 130 anos
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TERRA NOSSA
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COSTA NOVA
A vila multicolorida
O extremo oriental da Costa Nova, uma linha recta com cerca de três
centenas de metros, é um regalo para a vista: ao lado umas das outras,
sucedem-se as casinhas às riscas com as mais variadas cores e os mais
surpreendentes contrastes, num misto colorido único em Portugal.
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TERRA NOSSA
s listas vermelhas e verdes e azuis e
amarelas, pinceladas na vertical ou na
horizontal, combinam na perfeição com
as listas brancas intercalares, em igual
formato e disposição. O cenário é quase
irrealista e parece retirado de um filme de animação
para crianças, tamanha é a alegria transmitida por aquelas cores garridas das fachadas das casas.
A escassas dezenas de quilómetros de Aveiro e de
Ílhavo, duas cidades com forte tradição marítima, a
Costa Nova é um caso exemplar de como o património
arquitectónico popular, quando bem recuperado e
preservado, pode transformar uma pequena e
aparentemente insignificante terra de pescadores numa
das mais originais, surpreendentes e raras montras da
beleza da arquitectura tradicional portuguesa. Ao olhar
de qualquer transeunte, as fachadas coloridas destas
casinhas estreitas transbordam uma inesperada
imagem de autenticidade, como se tivessem sido sempre assim arranjadas e bonitas. Os antigos palheiros de
madeira dos pescadores, modestas construções que
serviam de armazém à actividade piscatória, são hoje,
depois de adaptados às necessidades da vida moderna,
preciosas jóias da arte da construção civil em Portugal.
A
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A Costa Nova não é mais do que um pequeno aglomerado populacional de pescadores edificado sobre
uma estreita faixa de areias encravada entre o mar
encrespado do Atlântico e as águas serenas da laguna da
Ria de Aveiro. Com menos de um quilómetro de largura
e sob a permanente ameaça do avanço do mar no
Inverno, esta estreita faixa de areia concentrou desde o
início as construções na zona mais interior do sistema
dunar, onde o terreno é mais alto, e na margem da ria,
onde é menor a probabilidade de haver inundações. E
hoje, apesar da proliferação das moradias em cimento, é
ainda possível vislumbrar os sinais dos condicionalismos impostos pelas condições naturais adversas à acção
humana.
Mesmo ocupando a zona mais alta do sistema dunar,
a malha urbana é marcada por ruas e escadarias estreitas e edifícios estreitos, de piso térreo e andar superior,
apertados uns contra os outros. Ao primeiro olhar, tudo
parece pequenino e limitado pela falta de espaço. E, de
facto, olhando em direcção a Ocidente, percebe-se rapidamente a razão de ser de tamanha pequenez: o mar
encrespado está logo ali, depois das dunas, a menos de
quinhentos metros.
A Costa Nova foi fundada no início do século XIX por
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GUIA
A Costa Nova é uma
André é um antigo arrastão
caixinha de surpresas não só
bacalhoeiro. Nascido para a
no que diz respeito à beleza
pesca em 1948, o Santo
da arquitectura e à dimensão
André é hoje um museu
das dunas de areia, como à
que pretende mostrar como
qualidade e diversidade da
se vivia e trabalhava a
gastronomia local. Apertada
bordo dos barcos que iam à
entre a Ria de Aveiro e o
pesca do bacalhau nos
oceano Atlântico, a cozinha
mares gelados do Atlântico
local, como não podia deixar
Norte.
de ser, prima pela riqueza e
Jardim Oudinot, Forte da
frescura do pescado. Os
Barra, Gafanha da Nazaré.
anos de história e
Hotel de Ílhavo
sofrem uma influência
Museu Marítimo de Ílhavo
experiência na arte da
Av. Mário Sacramento, 113
marítima predominante:
Av. Dr. Rocha Madahil
porcelana. Uma visita pela
Tel.: 234 329 860
marisco, peixes para a grelha
Tel.: 234 329 608
Quinta da Vista Alegre
Ílhavo
(rodovalho, robalo, linguado),
Este museu é um lugar de
permite visitar o museu, a
Hotel da Barra
caldeiradas e cataplanas de
memória da população de
fábrica, o bairro social do
Av. Fernandes Lavrador, 18
peixe, onde as enguias
Ílhavo. Criado em 1937,
século XIX, as lojas, a
Praia da Barra
marcam presença, feijoada
acolhe três exposições
capela, o palácio e o teatro.
Tele.: 234 369 156
de e arroz de marisco, arroz
permanentes: Sala Capitão
de polvo com gambas,
Francisco Marques,
Posto de Turismo de Ílhavo
[email protected]
fritadas de peixe, bacalhau.
dedicada à pesa do
Av. 25 de Abril
Residencial Farol da Barra
Apesar da influência
bacalhau à linha; Sala da
Tel.: 234 325 911
Praia da Barra
marítima, as carnes também
Ria, Sala dos Mares, onde é
estão presentes, com bifes e
exibido um rico conjunto de
medalhões de vitela. Os ovos
embarcações antigas em
moles são um ícone
miniatura, instrumentos de
Inatel Santa Maria
COMER
gastronómico da região.
pesca e outros artefactos.
da Feira
Clube de Vela
sabores da cozinha local
E-mail:
Tel.: 234 390 600
DORMIR
Tem ainda um conjunto de
Nos seus 80 quartos,
da Costa Nova
A NÃO PERDER
milhares de conchas
com casa de banho
Av. José Estevão
Palheiro José Estevão
recolhidas por todo o
privativa,
Te.: 234 360 250
Av. José Estêvão (junto ao
mundo testemunho das
aquecimento central,
Costa Nova
Ancoradouro de Recreio
fainas agro-marítimas na
telef. e Tv via satélite,
Restaurante Marisqueira
O palheiro de José Estevão,
laguna de Aveiro.
um casal
Costa Nova
paga 29 euros na época
Av. Marginal José Estevão,
destacado político do
século XIX, é uma antiga
Centro de Visitas da Vista
baixa (até Abril). Em
75
casa típica onde se
Alegre
automóvel,
Tel.: 234 369 816
reuniam políticos e
Vista Alegre
gastam-se cerca de 20
Costa Nova
intelectuais da época. Eça
Tel.: 234 320 600 / 628
minutos para chegar à
Restaurante A Praia do
de Queiroz era um
Criado com o objectivo de
Costa Nova.
Tubarão
frequentador habitual.
dar a conhecer a história da
Telef. 256 372 048/9; e-
Av. Marginal José Estevão,
Vista Alegre, este centro
mail:
136
Navio Museu Santo André
proporciona uma
[email protected]
Tel.: 234 369 602
O Navio-Museu Santo
descoberta dos quase 200
Costa Nova
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TERRA NOSSA
habitantes de Ílhavo, na sequência da abertura da barra
da Ria de Aveiro, em 1808. Com esta obra marítima, os
pescadores ilhavenses, que tinham “companhas” de
arte xávega em S. Jacinto, foram forçados a deslocar-se
mais para sul. Escolheram para centro da sua actividade
piscatória um local que ficava na direcção de Ílhavo,
frente à Gafanha da Encarnação (antiga Gafanha da
Gramata), onde existia um enorme prado verdejante. E
chamaram a esse lugar Costa Nova do Prado: Costa
Nova, em alternativa à “costa velha” de S. Jacinto; do
Prado, por haver ali um grande prado verdejante.
No início, a Costa Nova não era mais do que um
aglomerado de palheiros, construções em tábuas de
madeira sobrepostas e cobertas com caniço (daí a designação “palheiro”), para armazenar as alfaias da apanha
das algas e da faina marítima. Mais tarde, os pescadores
de Ílhavo e de terras vizinhas, em conjunto com as suas
famílias, e os comerciantes de pescado transferiram-se
para ali e converteram os palheiros em habitações.
Com a divulgação de que os banhos de mar eram
uma terapia para os males do corpo humano, uma
moda proveniente da Europa do Norte, a Costa Nova
do Prado começou a ser frequentada como praia de
banhos a partir de 1822. E, em 1840, a povoação estava
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Fe v e r e i r o 2 0 0 7
no auge da sua fama como destino de veraneio, com
famílias de Aveiro, Ílhavo, Vagos e Beira entre o grupo
de banhistas já habituais.
Quase dois séculos após a fundação como centro de
actividade piscatória, a Costa Nova, por força da
decadência da pesca, recuperou a antiga fama de destino de férias: o mar bravo, cuja fúria invernal exige
cuidados redobrados na protecção desta zona costeira,
e a beleza da Ria de Aveiro atraem cada vez mais turistas. O comércio local dinamizou-se, com a instalação de
novos restaurantes. E, para acolher o número crescente
de turistas, edificaram-se complexos de apartamentos
turísticos.
A aparência da vila ficou mais requintada com a
restauração dos antigos palheiros dos pescadores. E são
justamente estas casinhas de cores garridas, sinais que
evocam a policromia dos barcos moliceiros, símbolos
emblemáticos das águas da ria, a maior surpresa e a
principal atracção turística da Costa Nova do Prado.
Nem o mar encrespado, nem a enorme linha recta da
praia, nem as dunas altas desta zona costeira impressionam tanto como o contraste das cores vivas das
fachadas dos antigos palheiros dos pescadores. I
António Sérgio Azenha [texto e fotos]
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PAIXÕES
RUI OLIVEIRA
Viajar na História
com soldadinhos de chumbo
Do pó de tijolo do Estoril Open em ténis, passando pelo
asfalto da Volta a Portugal em bicicleta, até à recente poeira
do Rali Lisboa-Dakar, Rui Oliveira – responsável pelos
Gabinetes de Imprensa dos eventos da João Lagos Sports –
encontra refúgio no coleccionismo de soldados de chumbo.
Um passatempo que foi cultivando ao
longo dos anos, procurando enriquecer uma colecção que sem ser muito
vasta, tem peças de qualidade encontradas pelos cinco cantos do mundo e
ao sabor de viagens realizadas por
motivos profissionais ou de lazer.
“Como qualquer coleccionador – sublinha - fui adquirindo conhecimentos
e apercebi-me que o mercado português tem um vazio muito grande
nesta área específica e que muitas das
marcas mais reputadas não estavam
representadas em Portugal, obrigando os aficionados a procurarem os
seus modelos no estrangeiro”.
Foi assim que surgiu a possibilidade de trazer para o nosso país
duas marcas que embora muito
diferentes acabam por ser complementares: a CBG Mignot, com o
romantismo dos seus moldes de
1900, preciosamente conservados
pela manufactura francesa, e a King
and Country, especialista na reprodução de modelos de alta qualidade,
com uma excelente pintura manual.
Em finais do século XIX, em Paris
– assinala o apaixonado coleccionador e divulgador - surgiram os
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primeiros moldes dos soldadinhos
de chumbo que marcaram a infância de gerações. “Brinquedos que
exerceram o fascínio de muitos
meninos nas suas “batalhas” caseiras e que contribuíram para a
compreensão da história universal.”
“Os grandes momentos que marcaram a humanidade e as suas
tendências, de Napoleão, passando
pelas duas Grandes Guerras e pelo
colonialismo europeu em terras
africanas ou no extremo oriente,
tudo está soberbamente reproduzido à escala e pintado com inegável
perícia”, acrescenta Rui Oliveira.
O seu coleccionismo militante
(www.collectmini.pt) não se esgota,
porém, em peças alusivas a antigas
batalhas e a sucessivas gerações de
militares. A vida para além da guerra, com temas civis tão eloquentes
como o circo, a praia em 1900 ou a
reprodução das profissões na longínqua China, da Cidade Proibida à
velha Hong-Kong, estão patentes
em colecções invulgares que, para
além da sua beleza figurativa em
termos de decoração, nos permitem
viajar no tempo. SB
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Dos faraós
aos astros do cinema…
As descobertas da arqueologia provam a
milenar existência de miniaturas de soldados, brinquedos muito apreciados, bem
antes da era cristã, por faraós do antigo
Egipto e imperadores chineses. Gregos e
romanos coleccionaram, por sua vez,
miniaturas de soldados de bronze, tendência mantida por reis na Idade Média,
com modelos em madeira e barro. No
século XIX, as colecções reais tinham o
brilho do ouro e da prata, e é na viragem
para o século XX que empresas, como a
CBG Mignot e a King and Country, contribuem para a sua “democratização” com
o fabrico em série dos celebrados soldadinhos de chumbo. Tornaram-se célebres
as colecções de figures como H.G. Wells,
Winston Churchill, Douglas Fairbanks,
James Mason and Peter Cushing. A
colecção, já vendida, do já falecido multimilionário Malcolm Forbes, esteve durante uma dezena de anos num castelo
próximo de Tânger (Marrocos). Ultrapassava as 100 mil peças e recriava algumas das mais célebres batalhas, de
Waterloo a Dien Bien Phu.
Actualmente, são cerca de 200 as empresas em todo o mundo – com destaque para
a produção chinesa, mais barata e abundante - dedicadas ao fabrico destas peças
em metal e plástico, tanto para coleccionadores como para crianças e brinquedos infantis.
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COMUNIDADES PORTUGUESAS
LUSO – FRANCESA MESTRE EM BALLET INDIANO
Emoção, melodia e ritmo
na dança de Maria Mendes
Nascida em França, com raízes portuguesas e uma experiência de 10 anos a viver no continente
indiano, Maria Mendes de Oliveira ou Tarikavalli, uma bailarina apaixonada pela Bharata
Natyam, uma dança tradicional do sul da Índia, considera-se uma “filha do mundo” que sonha
estabelecer-se e ensinar a sua arte em Portugal, onde em Novembro e Janeiro realizou vários
espectáculos e workshops de dança.
MARIA MENDES DE OLIVEIRA nasceu em 1965, filha
de pai e mãe portugueses emigrados em França, iniciou
os seus estudos pela dança clássica, interessou-se pela
contemporânea e pelo Athata-Yoga e, depois de uma formação na Faculdade de Dança da Sorbonne, em Paris, e
de uma passagem pelo continente indiano dedicou-se
ao estudo da Bharata Natyam, uma dança clássica do sul
da Índia, que mistura emoção, melodia e ritmo.
Foi na Sorbonne que conheceu Amala Devi, professora de dança indiana e sua primeira mestre, que lhe
reorientou o percurso profissional e de vida.
“Na Sorbonne havia uma turma de dança que tinha
mesmo a disciplina de Bahrata Natyam leccionada por
Amala Devi. Por pura curiosidade, entrei nessa aula,
comecei a praticar e quanto mais praticava mais gostava. Matriculei-me também da sua escola privada para
aprender mais. Fui também ver um espectáculo de uma
das alunas dela, que era francesa, e que actuou como
uma profissional. Naquele dia percebi que mesmo uma
ocidental poderia ser bailarina clássica do sul da Índia.
E se uma francesa o poderia fazer, uma portuguesa
como eu ainda mais, dadas as ligações culturais tão
fortes de mais de 500 anos entre Portugal e a Índia”,
conta.
É também à professora que deve o seu nome artístico
- Tarikavalli.
“‘Tarika’ é pequena estrela, ‘Valli’ quer dizer grinalda
ou também pode significar planta trepadeira. Portanto,
o meu nome artístico significa ‘trepadeira de estrelas’
ou ‘grinalda de estrelas’”, explica, adiantando que a
mudança de nome é consequência de uma transformação profunda.
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“Quando trabalhamos na área do Bharata Natyam
pode haver uma profunda transformação interior do
indivíduo, o que nem sempre acontece. Mas quando
ocorre e o mestre a sente, dá outro nome à bailarina. A
minha mestre, Amala Devi, deu-me então o nome de
Tarikavalli”.
Foi também Amala Devi que aos 20 anos a confiou à
célebre dupla de bailarinos/coreógrafos Krishna Rao e
Chandrabhaga Devi, na cidade indiana de Bangalore,
onde viveu mais de uma década pontuada por
inúmeras viagens à França.
“Fui muito a medo (para a Índia), era uma menina de
20 anos e nunca tinha saído de ao pé dos meus pais,
mas quando parti já tinha uma base muito sólida.
Quando cheguei, foi só aprender os repertórios coreográficos e começar logo a trabalhar. Tinha sido formada
por uma mestre que tinha vivido na Índia vários anos e
que não me formou só no aspecto da técnica, mas também no plano cultural. E para alguém poder receber os
ensinamentos lá, é necessário algo mais do que dominar
as técnicas. Tem que se ter alguns conhecimentos sobre
a cultura, sobre os costumes e os hábitos das pessoas,
porque há coisas que podemos fazer e outras não. E se
erramos neste aspecto, nunca seremos muito bem
aceites”, recorda.
À medida que a experiência indiana lhe permitia
construir um vasto repertório, começou em 1993 a apresentar as suas primeiras criações em Paris.
No ano seguinte, começa a redigir as traduções literais dos textos das suas coreografias, com Vasundhara
Filliozat. Em 1996, recebe uma bolsa de estudo do
Governo indiano e, em 2000, conhece Sri Dayalasingam
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(discípulo de Adyar K. Lakshman), mestre de dança, em
Paris. Prossegue a formação com o seu acompanhamento e participa nos espectáculos da sua companhia, “Narthanalayam”.
Paralelamente, desenvolve a carreira a solo, o que a
leva, em 2001, a fundar a escola de dança “Amrita”, em
Bobigny. Para além de realizar regularmente cursos e
workshops em Lyon e Lisboa, dá inúmeros recitais por
toda a Europa e pela Índia, e é frequentemente convidada para actuar em diversos teatros, centros culturais,
festivais e estágios internacionais.
Tarikavalli actuou pela primeira vez em Portugal em
2002, no Teatro da Trindade, ficando surpreendida com
o interesse e entusiasmo do público nacional pela sua
arte.
A bailarina regressou em Novembro e Janeiro para
uma série de espectáculos nos distritos de Setúbal e
Santarém e ainda um no Centro Cultural de Belém, em
Lisboa, enquadrado por workshops de aproximação à
dança tradicional do sul da Índia para um público-alvo
a partir dos 5 anos. Em “Viagem no dorso de um elefante”, Tarikavalli propõe às crianças «uma viagem que
parte ao encontro da cultura indiana, através das suas
artes tradicionais: o conto, a dança e a música».
Para a bailarina apresentar-se no país dos seus pais é
“sempre muito bom”.
“Os meus pais saíram de Portugal por razões eco-
nómicas, como vários portugueses o fizeram naquela
época dos anos sessenta, por isso para mim vir a
Portugal com outro tipo de “bagagem” é um grande
prazer”, diz Tarikavalli.
Para já é a única portuguesa a dançar profissionalmente este tipo de dança, mas a luso-decendente acredita que em breve terá concorrência porque os workshops que tem realizado começam a dar os seus frutos.
“Até agora sou a única, mas talvez não por muito
tempo porque tenho várias pessoas que estão a trabalhar comigo em workshops. Uma aluna minha foi para
a Índia para estudar, o que quer dizer que há vocações
que estão a nascer. Isto para mim, como professora, é
muito bom. Diz-se, na Índia, que todos os conhecimentos que recebemos têm que ser retransmitidos em ensinamentos”.
Actualmente, continua a trabalhar na sua escola em
França, uma vez por mês, mas desenvolve mais o seu
trabalho em Portugal, onde deseja vir morar definitivamente em breve.
“É muito complicado. Com as constantes viagens, o
facto de ensinar dança clássica indiana, ter vivido tantos
anos em França e agora ter regressado a Portugal,
parece mais que sou uma filha do Mundo. Já nem sei
bem de onde sou. São muitas culturas juntas, mas realmente sinto as minhas raízes cá”. I
Cristina Fernandes Ferreira
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VIAGENS
MONTEVIDEU
Encantos sul-americanos
Mergulhar no passado e descobrir alguns dos encantos da América
do Sul não é complicado se decidir “perder-se” em Montevideu, uma
cidade onde se destaca o “calor” humano e o dinamismo crescente
de uma sociedade que encontra na diversidade a sua maior riqueza.
capital do Uruguai é fértil em espaços verdes e conserva inúmeros
vestígios de arquitectura colonial,
facto a que não é alheia a presença de
muitos descendentes de europeus.
Do ponto turístico oferece uma
ampla gama de possibilidades, desde uma variada
actividade cultural, a centros para compras, passeios ou
diversão: Montevideu tem vida, está em permanente
transformação, é segura e as questões ambientais ganham espaço.
A cidade moderniza-se enquanto revela uma abertura e acolhedora solidariedade que os visitantes sentem
e apreciam: é cosmopolita, mas mantém uma atmosfera
calma que lhe da um encanto peculiar.
A zona urbana é geralmente plana e convida a passeios a pé ou de bicicleta, mas não faltam transportes
públicos – algo antiquados – ou táxis, que não cobram
muito mais.
No Verão usufrua de 22 km de “ramblas” (16 km dos
quais são praias) encostadas ao Rio da Prata, num
espaço privilegiado para as caminhadas e prática de
desporto, a pesca ou banhos. De resto, encontra
A
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avenidas povoadas de árvores, calmas ruas de bairro,
praças e parques…
A vida cultural também é intensa, com teatros, cinemas e museus para apreciar os mais diversos estilos de
arte. Carnaval e tango também são imagem de marca da
cultura dos uruguaios.
A “ORIGEM” PORTUGUESA
Montevideu é o centro político, comercial e financeiro
do país, sede administrativa da Mercosul, e está localizada em frente ao Rio de la Plata, que também banha
Buenos Aires, capital da Argentina. Alberga milhão e
meio de pessoas, metade da população do país.
O nascimento da cidade remonta a 1726 quando a
coroa espanhola ordenou a Bruno Maurício de Zabala
que fortificasse os portos de Montevideu e Maldonado,
para afastar as tropas portuguesas do Rio da Prata,
onde fundaram Colónia de Sacramento, a uns 180 km.
As obras de fortificação de Montevideu terminaram em
1741 e as primeiras famílias chegaram de Buenos Aires e
depois das Ilhas Canárias. Conquistada por Portugal em
1817, a cidade pertenceu ao Brasil (1821) no reinado de D.
Pedro I e, com o apoio da Argentina, tornou-se indepen-
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VIAGENS
dente volvidos sete anos, assumindo-se como capital do
Uruguai. A cidade cresceu em torno do seu porto,
encravado na baia, em cujo extremo se situa o “cerro”
(monte) que, segundo a lenda, deu o nome à cidade.
“CIUDAD VIEJA”: O CORAÇÃO BATE FORTE
A cidade velha é o coração da cidade, onde passado e
presente convivem entre edifícios históricos (estilo
colonial) e uma sucessão de novos espaços de comércio,
restauração, galerias de arte e vida nocturna. Para os
descobrir, basta seguir a sua curiosidade…
Próxima do porto, da estação ferroviária e dos bancos, esta zona sempre foi habitacional, mas a tendência
está a mudar nos últimos anos, pois as casas vão sendo
recuperadas para fins diversos.
A descoberta e o encanto podem começar pela
pedestre Rua Sarandí, onde encontra um pouco de
tudo o que a cidade velha significa.
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O mercado do porto é um dos ex-libris: a antiga
estrutura de vidro e ferro (estava para ser estação ferroviária em Santiago do Chile) ficou “ancorada” em
Montevideu e foi transformada em mercado há mais de
um século, tornando-se local de encontro de culturas.
Diariamente ressoam os acordes do tango, os tambores e violão, mas é ao sábado que a festa atinge maior
esplendor. A tradição de beber “medio y medio”, uma
mistura de espumante e vinho branco, mantém-se viva
em vários locais desde há dois séculos.
Vá ainda à zona da Praça Zabala, uma verdadeira
evocação arquitectónica à Paris do século XVIII. Num
dos lados encontra o Palácio Taranco que actualmente
alberga o Museu de Artes Decorativas.
Na Praça da Independência fica o Mausoléu de
Artigas, com uma enorme estátua do herói nacional, e o
edifício de 26 andares Palácio Salvo, um símbolo de
Montevideu, o edifício mais alto da América Latina,
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GUIA
País: Uruguai
2006) é o principal do país e
Cidade: Montevideu.
o mais antigo em actividade
População: 1.269.648 (em
de toda a América Latina.
2004, pouco menos de
Se aprecia boa gastronomia,
metade da população do
experimente as carnes
país).
assadas de primeira quali-
Fronteiras: 579 km com a
dade de animais criados nos
Argentina, 985 km com o
vastos e férteis campos:
Brasil e 660 km de costa.
prove “asado” ou “parrilla-
Superfície: 176,215 Km2.
da”, bem como um “chivito
Idioma: castelhano
al plato” ou um simples
Clima: No Inverno a temper-
“pancho.
atura mínima não costuma
baixar dos 13º e no Verão
Dormir
ronda os 30º.
Radisson Montevideu *****,
Como ir: Pode voar a partir
Plaza Independência, 759, Ur
de Lisboa ou Porto através
11100, telef. +598 2 9020111,
da Ibéria e Lufthansa, com
[email protected].
escalas em Espanha e
No coração da zona comer-
Alemanha, respectivamente.
cial e financeira. Todos os
luxos e a cidade velha a
aquando da sua construção em 1927 e, ainda hoje, o
mais alto da cidade.
Perto, a Praça Matriz tem dois edifícios do tempo da
fundação de Montevideu: a catedral Metropolitana
(com restos mortais de importantes figuras do país) e o
mítico Cabildo, onde já funcionou a sede de governo,
prisão, tribunal superior de justiça, polícia e até o parlamento - hoje em dia é o Museu e Arquivo Histórico.
É nesta Praça Matriz que aos sábados se realiza o
Passeio Cultural da Cidade Velha que reúne artistas de
rua, espectáculos musicais, visitas guiadas, leituras,
desfiles, ateliers, etc…Ao cair da noite, a vida acelera
em torno de restaurantes, discotecas, pubs e bares,
alguns dos quais parte de um roteiro histórico de estabelecimentos com mais de 200 anos.
VERÃO ANIMADO E CARNAVAL LONGO
Obrigatório
seus pés.
Há várias coisas “obri-
Crystal Palace Hotel ****,
gatórias” em Montevideu,
Av. 18 de Júlio, nº 1.210,
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VIAGENS
nesta altura que as longas praias de
Montevideu ganham vida adicional, com milhares de pessoas a
usufruir das areias finas e brancas
na margem das águas tépidas do
Rio da Prata.
São 16 km de praias vigiadas
onde as preocupações ambientais
são uma questão de honra, como se
pode comprovar nas “certificadas”
Ramírez, Pocitos, Buceo e Malvin.
Durante a época estival, actividades recreativas e desportos ganham protagonismo, principalmente o surf, futebol, voleibol andebol e râguebi de praia.
Em Montevideu celebra-se um Carnaval com estilo
muito próprio e que tem a fama de ser o mais longo do
mundo, de Janeiro até Março, com ensaios, desfiles,
actuações e os 40 dias consecutivos do concurso oficial
de agrupamentos.
Mais do que uma festa, parece
um modo de viver Montevideu: o
segredo está na diferença dos
ingredientes e nas proporções da
mistura.
São dezenas de milhar de pessoas
que se envolvem num espectáculo
único de ritmo, cor e som. Com a
termos do chá-mate (um vício
nacional) debaixo do braço, famílias
completas assistem aos ensaios,
passando dessa forma as cálidas
noites de Verão.
As “murgas” (bandas) evoluem
com cantos que vão desde o candombe (musica típica da cidade,
com raízes africanas) à milonga. Ao todo são 14 cantores
e três percussionistas (bombo, redoblante e pratos).
Bem mais teatrais, parodistas e humoristas completam a
festa: os primeiros actuam parodiando obras conhecidas, enquanto os segundos inventam situações disparatadas, relacionadas com a sociedade local.
No espectáculo há ainda quem cante e dance o tango,
salsa, funcky, hip hop e outros ritmos.
O “desfile de Llamadas” é o principal atractivo de
origem africana. É uma experiência inesquecível sentir a
vibração de mais de meia centena de tambores pelas ruas.
Diz-se por aqui que ninguém conhece o Carnaval até
que não sinta na profundeza da sua alma a sensação
provocada pelo troar dos tambores e candombe, nem
tenha ouvido o canto nasal das murgas sob a noite
estrelada do céu de Montevideu.
O BERÇO DO TANGO?
Os uruguaios reclamam a origem do tango, popularizando internacionalmente pela Argentina. Tudo
começou com os milhares de imigrantes (de origem
diversa) que passaram a retratar os enigmas sobre amor,
mote e o passar do tempo com uma nova musica e
dança, muito sensuais.
Cada par, por um momento único, irrepetível, tenta
fundir-se em apenas uma alma.
A música africana está nos seus alicerces, tal como ritmos e instrumentos europeus e criolos, numa mistura
tumultuosa. Bajo Fundo Tango Club é um conhecido
grupo que explora a vertente electrónica deste estilo,
numa harmoniosa colaboração entre executantes
uruguaios e argentinos. I
Rui Barbosa Batista [texto e fotos]
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OlhoVivo
Ano novo,
vida nova?
Uma curiosa pesquisa realizada
através da Internet pelo Professor
Richard Wiseman, da Universidade
de Hertfordshire (Reino Unido),
mostrou que as resoluções de ano
novo estão a tomar um caminho
diferente do tradicional. Das 1.600
pessoas que participaram,
revelando as suas decisões para o
ano de 2007, menos de 1%
declarou que pretendia ser
ecologicamente mais responsável;
a mesma percentagem decidiu que
iria investir na melhoria da sua
relação ou encontrar outro
parceiro. Por outro lado, as
decisões mais populares para este
ano são a perda de peso (34%), a
melhoria da condição física (17%) e
o abandono dos cigarros (8%).
Segundo o investigador, uma
percentagem surpreendente de
pessoas afirmou ainda que iria
tentar melhorar a sua performance
no trabalho e aproveitar mais a
vida.
Depilação suave
e duradoura
Uma conhecida marca de
electrodomésticos patenteou
recentemente uma máquina de
depilação que se aproxima muito
convenientemente da definitiva,
mas de uma forma bem mais
suave. Trata-se de uma espécie de
lâmina que actua com luzes quase
infravermelhas que, ao passarem
por cima dos pêlos, põem os
folículos num estado dormente,
parando o crescimento. Segundo a
marca, três sessões em duas
semanas reduzem em 90% os
crescimento dos pêlos durante
várias semanas. Veremos se e
quando chegará ao mercado!
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~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Marta Martins [ textos ] André Letria [ ilustrações ]
Animais de estimação
Ao contrário da imagem popular, um estudo finlandês, divulgado na publicação PloS ONE, revelou que a maior parte
dos donos de animais de estimação não são jovens
activos que praticam muito exercício físico. Na realidade,
quem tem mais animais de companhia são pessoas com mais
de 40 anos, estabelecidas na vida, com uma ligeira predominância das classes economicamente mais baixas;
o estudo também revelou que os donos de animais
apresentam um maior índice de massa corporal, fumam mais e praticam menos exercício
do que a restante população, o que permite
antever mais problemas de saúde no futuro.
Humor saudável…
Da Noruega chega a prova de que o bom humor prolonga a vida. O
estudo foi realizado no St. Olav’s Hospital e publicado no The
International Journal of Psychiatry in Medicine, e refere-se a um
grupo de pessoas com doenças crónicas dos rins, obrigadas a
fazer hemodiálise pelo menos uma vez por semana, sob
pena de morte. Quando pesadas todas as suas características pessoais (idade, sexo, educação, qualidade de vida) e
o seu grau de sentido de humor, este último factor foi o
único que se revelou decisivo no prolongamento da vida
dos pacientes. Ou seja, os doentes com mais elevado sentido de humor reduziam em 30% a sua probabilidade de
morrer nos dois anos seguintes.
Riso contagioso
De duas universidades britânicas chega-nos a prova de que o riso é contagioso.
Investigadores da University College London e da Imperial College London realizaram um
estudo onde demonstraram que sons positivos, tais como um riso ou um grito de satisfação,
provocam uma resposta no cérebro do ouvinte. Esta resposta ocorre precisamente na região
do cérebro que é activada quando nos rimos, como que a
preparar a cara para rir também. Era já
conhecida a reacção de naturalmente
imitar os gestos dos interlocutores,
mas agora ficou provada a reacção
cerebral específica ao riso. Os cientistas acreditam que o mecanismo procura
ajudar a integração social, já que este
tipo de sons ocorre normalmente em situações de grupo.
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Compra, não compra
Um estudo realizado na Stanford University /EUA) e publicado na revista Neuron revelou (literalmente!) o mecanismo físico que ocorre quando alguém decide se compra ou não determinado bem. Os voluntários tiveram os seus cérebros analisados enquanto lhes eram
mostradas imagens de bens de maior ou menor valor e, posteriormente, o respectivo preço. Através das imagens do cérebro em actividade, os investigadores conseguiram detectar o que acontece quando alguém quer algo e tem de decidir se vai
ou não pagar por isso: quando o preço atribuído era alto, a região do cérebro que era
activada fazia ‘desligar’ as restantes, permitindo prever que a pessoa decidiria não
comprar. Ou seja, segundo a pesquisa, a compra é mesmo um processo mental de
avaliação entre o prazer da aquisição e a dor do pagamento. No futuro, os investigadores esperam poder perceber melhor os compradores e jogadores compulsivos, verificando se os seus cérebros funcionam da mesma forma ou apresentam alguma espécie de ‘anomalia’ durante este processo.
Forma e conteúdo
Segundo um estudo realizado pelo Dr. Robert Heath, da University of Bath (Reino Unido), a mensagem publicitária
é quase irrelevante – muito mais importante é o conteúdo emocional do anúncio, a forma como apela e se relaciona com os espectadores. Segundo o seu artigo no Journal of Advertising Research, desde que o formato do
anúncio seja criativo e toque as emoções das pessoas (principalmente de forma positiva), a reacção destas à marca
é muito mais positiva, mesmo quando a mensagem é nula, do que quando os anúncios são meramente informativos e racionais. Ou seja, a forma é muito mais importante do que o conteúdo.
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entre os cientis
a psicóloga Christine Garver-Apgar, da Universidade de New México (EUA) e
os seus colegas analisaram a relação entre as semelhanças genéticas entre um
casal e a sua fidelidade ao parceiro. Este tipo de estudo já havia demonstrado
a atracção instantânea provocada por genes diferentes, nunca tinha sido medida a sua influência numa relação estável e duradoura. O que os pesquisadores
encontraram foi uma relação total entre os dois factores – mas apenas nas mulheres: quanto mais diferenças havia entre o casal, mais provável era que elas
fossem fiéis e se sentissem atraídas pelo parceiro, e o inverso também – quanto mais semelhantes os genes, mais elevadas as hipótese de as mulheres
procurarem outros parceiros sexuais. Nos homens, o factor genético não
mostrou qualquer influência na fidelidade.
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A CASA NA ÁRVORE | SUSANA NEVES
Jacarandá: a árvore da boa fortuna
Na Argentina há um grande Jacarandá que assobia tangos na Plaza de Flores. Quem o descreve
é o jornalista e escritor Alejandro Dolina no livro “As crónicas de um anjo cinzento”. Para os
franceses, esta espécie tropical é a “árvore das ostras” porque os seus frutos, lenhosos, semelhantes a castanholas andaluzes, libertam sementes aladas.
as é graças à cor da floração, o azul-lilás
das pequenas flores, que o Jacaranda
Mimosaefolia D. Don (da família das
Bignoniaceae), é reconhecido como uma
das mais belas árvores ornamentais urbanas. A sua
origem localiza-se, no entanto, na Argentina, e nas
longínquas e ameaçadas florestas do Brasil.
Caso excepcional no mundo da botânica a designação
Jacarandá é utilizada em quase todos os países, mas
deriva de “y-acá-ratá”, vocábulo pertencente à língua
dos índios tupi-guarani – assim o confirma o historiador
e filólogo algarvio José Pedro Machado (1914-2005).
No “Pequeno Dicionário Tupi-Guarani de um
Manezinho”, consultável online esclarece-se o sentido
de “y-acá-ratá”: quer dizer “o que tem o centro duro”
(www.ufsc.br).
Demasiado sucinta, esta explicação não se aplica ao
Jacaranda Mimosaefolia D. Don, do qual ainda é possível encontrar belíssimos exemplares, sobretudo, no
Brasil (São Paulo e Minas Gerais), Portugal (no Porto, a
árvore do Largo do Viriato está classificada), África do
Sul (Pretória é a “cidade dos Jacarandá”), Estados
Unidos da América e Austrália.
A madeira da árvore, que em Portugal floresce em
Maio e Junho, e por vezes, ainda de Setembro a
Outubro, é bastante diferente de outras espécies também genericamente chamadas Jacarandá, essas sim,
úteis à fabricação de móveis e instrumentos musicais
(entre eles, o xilofone).
No site brasileiro “Carpintaria Progresso” apontam-se as
diferenças e a razão do equívoco: “O facto de receber o
nome de Jacarandá - refere-se ao Jacaranda Mimosaefolia
D. Don -, tem trazido confusões, porque esse nome define
perfeitamente, no comércio nacional e internacional, um
tipo de madeira pesada, dura, parda ou escura, de aspecto agradável, que a torna muito apreciada. As espécies
responsáveis por esse tipo de madeira são, principalmente, o Jacarandá-Pardo ou Paulista (Machaerium
Villostpn), Caviúna ou Pau-ferro (Machaeriun scieroxyion) e Jacarandá da Baía (Daibergia nigra)”. Em oposição,
a madeira do Jacaranda Mimosaefolia D. Don por ser
M
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“leve, macia e branca” é mais indicada para a “construção
de brinquedos, embalagens leves, peças curvadas, como
saltos para calçados e tamancos, cabos de vassoura,
etc”(http://www.nwm.com.br/progresso/madeiras/jacara
ndamimoso.htm).
Feita esta distinção, é possível inferir que algumas
peças de mobiliário da colecção do Palácio Nacional de
Queluz ou outras do Palácio da Pena, em Sintra, identificadas como sendo de Jacarandá não são certamente da
espécie Mimosaefolia. Parece igualmente remota, a hipótese de, durante o período das Descobertas, o Jacaranda
Mimosaefolia D. Don ter sido usado como lastro dos
navios garantindo-lhes maior peso e estabilidade.
A floração anual desta árvore (cujas raízes são benéficas ao tratamento da sífilis), pelo contrário, continua a
suscitar surpresa, alegria e tranquilidade, encontrandose entre as mais referidas na internet mas também em
crónicas, poemas e canções. “A Este a Oeste/ chove e
choverá/ uma e mais outra flor celeste/ do Jacarandá”,
são os primeiros versos da canção que a escritora
argentina María Elena Walsh lhe dedica.
á quem admire tanto o Jacarandá em flor
que faça mapas da sua localização na
cidade. É o caso de Suda Yoshio, guia turístico japonês, a viver em Portugal há 27
anos. Sem aparentar o mínimo de esforço, em duas
horas, desenha de memória as árvores que gosta de
contemplar durante a floração em Lisboa, mas também,
na Covilhã, Porto, no Castelo de Silves, Évora, Faro e na
Ilha da Madeira. “Não podendo estar no Japão para ver
as cerejeiras em flor (sakura), observo a beleza dos
Jacarandás”.
Quem sabe se é a beleza exótica desta árvore, o perfume tropical que emana das suas flores que favorecem
a inteligência dos estudantes universitários de Pretória?
Diz-se que se uma simples flor lhes cair na cabeça é
seguro passarem em todos os exames. Numa cidade
onde foram plantados 70 mil Jacarandás a probabilidade de ser bem sucedido só pode ser tão grande como
a de conseguir respirar. I
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Jacarandá no parque Eduardo VII [ Foto de Nuno Serrano ]
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PORTUGAL E A LUSOFONIA | PEDRO CID
A qualidade da democracia
Em 25 de Abril de 1974 foi derrubado, pela força das armas, o
m poucas horas esfarelou-se, caiu de podre e
sem resistências o regime político que
ficou conhecido pelo “Estado Novo”, que
governou o País desde um outro anterior
golpe de Estado, o 28 de Maio de 1926 e cuja figura
principal foi Oliveira Salazar.
Nos primeiros dias que seguiram ao 25 de Abril,
entre a euforia popular e a nova classe política,
incluindo os militares, percebeu-se que não se tratava de um simples golpe militar – como alguns desejariam – mas de uma verdadeira revolução política,
como desmantelamento das instituições do regime
anterior e a construção de um novo sistema político,
assente numa hierarquia de Estado e no bom funcionamento dos partidos políticos, até então
proibidos.
Uma revolução tem sempre aspectos controversos, eventualmente negativos. O nosso País não
fugiu à regra, mas, pode dizer-se que hoje, à distância de quase 33 anos, o saldo é francamente positivo.
Com todos os acidentes de percurso, temos consolidado em Portugal um verdadeiro regime democrático, com instituições que funcionam, com respeito
pela liberdade de todos e de cada um. Passámos por
algumas dificuldades, mesmo no período de euforia
que seguiu ao 25 de Abril, a mais delicada das quais
se centrou no fim da guerra, na independência dos
territórios africanos que implicou a descolonização e
no regresso ao país de cerca de meio milhão de
cidadãos oriundos, sobretudo de Angola e de
Moçambique, mas também de S. Tomé, de Cabo
Verde ou da Guiné Bissau.
A descolonização deixou marcas de sofrimento em
muitos milhares de pessoas, só agora começam a
surgir testemunhos do modo e da forma como ela se
processou, nas difíceis condições político militares
da altura - os dois recentes livros de Almeida Santos
são de leitura obrigatória para se conhecerem e
avaliarem a novas luzes, alguns factos relevantes
desse tempo – mas a verdade é a integração na
sociedade portuguesa dos “retornados” como então
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O general Ramalho Eanes foi
foi, ao longo destes quase 33
anos de democracia, o
dirigente português que maior
poder concentrou nas suas
mãos: foi Presidente da
República, Presidente do
Conselho da Revolução e
Chefe do Estado Maior General
das Forças Armadas.
Empossou seis governos
e cinco primeiros ministros
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, o Governo a que então presidia o prof. Marcello Caetano.
se chamaram (depreciativa e injustamente) foi absolutamente exemplar. São muito raros, os portugueses, hoje mais envelhecidos, que pensam o contrário.
A própria tutela político militar decorrente de dois
pactos celebrados entre as forças partidárias, conhecidos hoje por Pactos MFA/Partidos, sendo
condicionante em muitos aspectos, foi um travão
oportuno para alguns radicalismos que chegaram a
desenhar-se entre nós. As Forças Armadas, através
dos seus chefes militares e dos principais operacionais do 25 de Abril assumiram um poder fiscalizador sobre as instituições políticas civis, através
do Conselho da Revolução. É certo que atrasaram
alguns ímpetos reformadores de alguns governos,
nomeadamente quando Francisco Sá Carneiro
chegou ao poder, como primeiro ministro. Todavia,
os militares nunca permitiram quaisquer desvios à
linha democrática que presidiu ao 25 de Abril.
É certo também que houve circunstâncias felizes
no desenrolar dos acontecimentos, entre os quais e
destaca a eleição, por sufrágio directo e universal do
Presidente da República, logo a seguir à aprovação
da Constituição de 1976. Por uma margem esmagadora foi, então eleito, o general António dos
Santos Ramalho Eanes, ao tempo general graduado
e com uma acção político - militar de relevo entre
1974 e a sua eleição, pouco mais de dois anos depois.
Neste período avulta a acção que teve no 25 de
Novembro.
general Eanes foi, ao longo destes quase
33 anos de democracia, o dirigente português que maior poder concentrou nas
suas mãos. Foi, ao mesmo tempo e
durante vários anos, Presidente da República e
Presidente do Conselho da Revolução e Chefe do
Estado Maior General das Forças Armadas.
Empossou seis governos e cinco primeiros ministros, fez discursos controversos, conhecidos por
“tomba governos”, mas manteve sempre isenção e
O
coerência e é hoje considerado a justo título uma
trave mestra estruturante do actual regime
democrático português.
epois de ter cumprido dois mandatos,
Ramalho Eanes mantém a dignidade de
Conselheiro de Estado e doutorou-se
recentemente, já depois de ter ultrapassado os 70 anos, na Universidade de Navarra, com
uma tese intitulada “Sociedade Civil e poder Político
em Portugal”. Um dos arguentes nas provas de
doutoramento foi o professor Jorge Miranda, catedrático da faculdade de Direito de Lisboa e um dos
principais constitucionalistas portugueses. Na intervenção que fez, Jorge Miranda disse que Ramalho
Eanes tinha as características dos “heróis de
Portugal”.
A tese espraia-se por cerca de duas mil páginas e
relata o factos históricos determinantes da revolução
do 25 de Abril e os que marcaram o acidentado caminho de transição, instauração e institucionalização da Democracia em Portugal.
Eanes sublinha que a sua intenção ao escrever o
seu trabalho foi proceder a uma reflexão sobre a
interacção entre o poder político e a sociedade civil
nesse período, tão rico e diversificado de acontecimentos.
Duas conclusões principais resultam da tese do
antigo Presidente: Quando o Estado se esquece que
é uma instituição da sociedade civil, contribui para o
divórcio com os cidadãos. Por outro lado, a democratização tardia de Portugal resultou da inexistência de uma sociedade civil sólida, com conhecimentos, com vontade e sentido de responsabilidade,
capaz de apoiar, de fiscalizar e de julgar a actuação
do poder político, eleito livremente para conduzir os
destinos do País.
Estas conclusões são o ponto de partida para
futuras reflexões, sobre a qualidade da nossa democracia e as exigências que sobre ela devem ter todos
os cidadãos. I
D
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O TEMPO E O MUNDO | DUARTE IVO CRUZ
Um ano europeu
Quatro factores conferem ao ano que se iniciou uma relevância no ponto de vista
europeu, que singularizam de certo modo, mas tornam extremamente exigente o exercício politico-diplomático respectivo.São eles, por ordem de importância para Portugal,
a Presidência da UE, a adesão da Roménia e da Bulgária, a entrada da Eslovénia no
euro e, até, os 50 anos do Tratado de Roma.
A PRESIDÊNCIA DA UE
Como bem sabemos, Portugal assume a Presidência da UE no segundo semestre de 2007.
Participei a nível de cúpula na primeira, quando
os países membros eram 12 e bem mais homogéneos. E acompanhei a segunda como responsável
internacional de um grande serviço público. Posso
avaliar o que representa o exercício de uma
Presidência.
m primeiro lugar, o controlo, calendarização e execução de uma multiplicidade de tarefas que correspondem ao
próprio âmbito global da política
europeia, com a complexidade, dispersão e heterogeneidade dos assuntos em agenda. Imaginase a carga política, económica, técnica e até protocolar e de segurança, os conflitos nacionais em
presença, a pressão dos dossiers e a “obrigatoriedade” de se alcançarem resultados concretos:
assim se julga um país, um Governo e uma
administração.
Em segundo lugar, a necessidade de coordenar
a Comissão e o proprio Conselho europeu, sendo
certo que a primeira envolve centenas de técnicos,
além dos Comissários, e o segundo envolve, hoje,
27 Primeiros-Ministros e o Presidente da França,
que não sabemos, ainda, quem será.
Em terceiro lugar, a organização e presidência
de dezenas de Conselhos de Ministros sectoriais,
com a complexidade técnica dos assuntos em
agenda e as susceptibilidades politicas dos participantes. E nem se diga que são todos conhecidos
dos homólogos portugueses, pois a taxa de substituição de membros do Governo é alta por essa
Europa fora.
Mas mais complicado é o inesperado. A Presidência, juntamente com a Comissão, tem de
E
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tomar a iniciativa da reacção da UE a toda e qualquer ocorrência internacional relevante que
surja por esse vasto mundo, e concertar-se com os
26 Governos membros antes de assumir e divulgar a respectiva posição comum. Isto vai desde
golpes de Estado e tsunamis e tem de ser feito
imediatamente!
A ADESÃO DA ROMÉNIA E DA BULGÁRIA
Os comentadores internacionais gostam de mostrar que conhecem o terreno. Aqui estou à vontade, pois conheço razoavelmente os dois novos
Estados membros e não foi como turista que,
repetidamente, os visitei: quatro vezes a Roménia,
duas vezes a Bulgária. Em ambos por desempenho
de funções, falei com Presidentes de República,
Primeiros-Ministros, membros dos Governos e
empresários. Com a particularidade de ter acompanhado, lá e cá, os processos de mudança...
Lá e cá, porque, depois da queda do muro de
Berlim e da libertação dos regimes comunistas, os
Bucareste
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novos Governos viram em Portugal um bom
modelo de adesão à então CEE.
E mais: nas primeiras visitas que fiz aos dois
países, tive oportunidade de sentir o vento da
História em situações opostas. Na Roménia, perguntaram-me se já tinha visto “a varanda”, de
onde Ceausescu escapou de helicóptero para a
execução, três dias depois. Mas na Bulgária ainda
assisti a uma reunião presidida pelo velho Jikov,
um estalinista vindo dos confins da História, com
ar bem disposto! Governou ainda uns dois anos e
sobreviveu, aliás com dignidade de tratamento
(residência fixa) mais uns dois ou três.
ra bem: que efeitos terá, na estrutura
global da dinâmica europeia, a adesão
destes dois países? Diremos que, em
primeiro lugar, 27 membros constituem uma amálgama heterogénea difícil de
gerir. Goste-se ou não, a chamada Constituição
europeia começa a ser um imperativo, não como
Constituição mas como Acordo renovado de
adaptação ao gigantismo crescente da UE. O que
envolve opções extremamente delicadas, como
bem sabemos. E a mais complexa é a garantia da
direcção colectiva, em igualdade de circunstâncias
e direitos dos 27 países, naquilo que é essencial
para a salvaguarda das soberanias nacionais, de
que ninguém abre mão e com toda a razão: o contrário é impensável.
É também da representatividade dos Estados no
ratio das populações e outros indicadores, que
cobrem desde Malta à Polónia.
E com isto me escuso de alinhar números e
dados que mostram as fragilidades das economias
recém chegadas e ainda menos, opiniões acerca
do ambiente e das sociedades respectivas. Em
1986 também tínhamos problemas e correu
O
Pormenor de Sófia, capital da Bulgária
muitíssimo bem o nosso processo de adesão.
Mas com um alerta: estes novos membros, necessariamente colidem com os antigos no acesso a
Fundos. Portugal negociou muito bem as verbas
que, no mercado interno servem de suporte ao
QREN. Vamos ver como correm as coisas até 31 de
Dezembro de 2012...
A ADESÃO DA ESLOVÉNIA AO EURO
A Eslovénia é um dos países mais agradáveis do
Leste, ou pelo menos Liubliana, única cidade
onde estive. A adesão ao Euro mostra a vitalidade
e equilíbrio desta pequena economia saudável.
Mas a nossa negociação foi excelente: e agora a
Comissão toma-nos como exemplo do que se não
deve fazer! Lições da vida comunitária.
O CINQUENTENÁRIO
E finalmente: a UE, ou se quisermos, o Tratado de
Roma faz 50 anos. Passou de seis membros para
27, de três acordos para uma União. No mapa,
cobre quase a Europa do Atlântico aos Urais de
que falava, nos anos 80, o Presidente Gorbachov
(por incrível que pareça também falei com ele, já
demitido, aqui em Lisboa). Tem fronteiras na
Rússia e cobre a antiga zona de segurança do
Pacto de Varsóvia /Comecom.
A Europa mudou. I
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VIAGENS NA HISTÓRIA | JOÃO AGUIAR
O que faltava dizer
Não é a primeira vez que, nestas crónicas, abordo a revolução de 1383 – 1385. Aliás, a
crónica do mês passado focava um assunto que lhe está muito próximo, isto é, a batalha dos Atoleiros.
meiro mérito é o seu êxito, nasce uma nova dinastia
ra, se volto à mesma época e a um
que levará Portugal ao firmamento dos países
tema já referido anteriormente, é
descobridores. Estes acontecimentos revolupor duas razões; primeira, nunca é
cionários mereciam ser conhecidos e reconhecidos».
demais recordar um facto tão
Conhecidos e reconhecidos: é isso o que faz falta.
importante e que tende a cair no esquecimento;
Tanto a nível internacional como (em primeiro
1383 deveria ser recordado, pelo menos, com o
lugar) a nível nacional. Na Europa, o século XIV,
destaque dado ao 25 de Abril de 1974. Segunda
tempo de transição, foi fértil em levantamenrazão: faltava ainda dizer-vos qualquer
tos populares, motins e revoltas. De
coisa — o significado europeu, e
todos esses tumultos, os mais conhecimesmo mundial, do que ocorreu
dos foram as «jacqueries», em
durante aqueles dois anos dos
França. As classes populares querifinais do século XIV.
am libertar-se do jugo da nobreza,
Às vezes, temos uma visão
os burgueses queriam um lugar
mais nítida do nosso país
ao Sol. Mas, nesse século XIV, tais
quando o olhamos com os
movimentos acabaram por ser
olhos de um estrangeiro. É o
todos esmagados; serviram de
que se passa neste caso em
prelúdio à futura transformação e
relação a um autor francês
nada mais. Excepto em Portugal. Aí —
pouco conhecido, o francês
D. João I
ou melhor, aqui — a revolução venceu; e
Dominique Lelièvre, autor de um
venceu (o que é muito importante) de um
livro que passou quase desapercebido:
modo «operacional», isto é: foi possível encontrar
«Mer et Révolution». A maior parte desta obra
um novo equilíbrio.
não nos traz propriamente novidades, mesmo
De modo revolucionário, contra toda a tradição,
porque, na sua maioria, as fontes são portugueelegeu-se um novo rei para que iniciasse uma nova
sas (a começar pelo incomparável Fernão
dinastia. O povo reclamou ao Mestre de Avis que os
Lopes). Porém, ao introduzir o assunto do seu
ricos pagassem taxas, fintas e talhas, tal como os
livro perante os leitores, o autor faz algumas
pobres pagavam. Os mesteirais passaram a estar
considerações que, regra geral, os meus comparepresentados no governo municipal de Lisboa e
triotas (aqueles, bem poucos, que conhecem o
outras cidades. O conselho régio deixou de ser
assunto) nunca fazem, nem lhes entra sequer na
somente formado por nobres e membros do alto
cabeça.
clero: os letrados falavam agora mais alto.
É assim que Dominique Lelièvre faz notar que
os portugueses «foram os únicos na Europa a
conseguir com êxito, à escala de uma nação, uma
ão tenho espaço, evidentemente, para
“revolução burguesa” (1383 – 85)». E, mais adienumerar as mudanças trazidas pela
ante, acrescenta: «Se o caso de Portugal é único,
revolução. O que importa, repito, é
não é por isso menos exemplar, tanto pela vitória
que, na ideia de um escritor não porconseguida pelas armas com uma táctica tipicatuguês, esta revolução é um caso único e exemplar.
mente “burguesa” já experimentada na Flandres
O que é inteiramente correcto. Mas nós, os descenperante os orgulhosos senhores franceses, como
dentes de toda aquela gente que fez a revolução de
pelos avanços sociais, mesmo que estes hajam
83 – 85, teremos acaso uma opinião sobre o assunto?
sido minimizados ao longo dos decénios seSaberemos, sequer, de que é que se trata?
guintes. Desta “revolução burguesa”, cujo priÉ uma dúvida, no mínimo, angustiante.I
O
N
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BOAVIDA
CONSUMO
LIVRO ABERTO
ARTES
São inúmeros os
casos de
consumidores que se
queixam da má
assistência que lhes é
prestada quando têm
problemas
informáticos.
“Quase Memórias”,
de António de
Almeida Santos,
constituiu
um dos grandes
acontecimentos
editoriais recentes.
O grande
acontecimento
do início do ano
foi a apresentação
do tríptico de Paula
Rego “Vanitas”, no
Centro de Arte
Moderna.
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Página 54
MÚSICAS
NO PALCO
Quatro anos após
uma surpreendente
estreia discográfica,
a franco - italiana
Carla Bruni
acaba de lançar
o CD “No Promises”.
A sala principal
do Trindade
apresenta, até 15
de Março, MacBeth,
uma das mais
conhecidas e
representadas obras
de Shakespeare.
Página 58
Página 56
CINEMA EM CASA
“Volver”, de Pedro
Almodôvar,
um dos grandes
acontecimentos
cinematográficos
de 2006,
já está disponível
em DVD.
Página 62
Página 60
FILMES MEMÓRIA
À MESA
SAÚDE
Fernando Dacosta
viu e adorou “Babel”,
e não entende
as apreciações
destruidoras
da maioria dos
críticos portugueses.
É possível, com
alguns conhecimentos
e imaginação,
compor, diariamente,
refeições saborosas
e saudáveis.
A banalização
e o uso incorrecto
dos antibióticos
é uma das principais
causas para
estes deixarem
de ser eficazes.
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Página 65
INFORMÁTICA
AO VOLANTE
PALAVRAS DA LEI
Quem os não tem
hoje, entre os mais
jovens, leitores de
MP3?
Apresentamos
dois dispositivos
que vão atrair as
atenções.
Campeão do Mundo
de Ralis de Carros
de Produção,
Armindo Araújo
quer bisar em 2007,
e competir, em 2008,
no Mundial
principal.
Há maneira de,
no caso de um
elemento do casal
falecer, o cônjuge
sobrevivente
salvaguardar-se
de um dos outros
herdeiros.
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BOAVIDA
C O N S U M O
NOVAS TECNOLOGIAS
TÊM VELHAS PRÁTICAS
Eficiência na assistência técnica e simpatia no atendimento são predicados frequentemente ausentes no mercado das novas tecnologias.
Em termos de defesa do consumidor, é caso para dizer que o sector
vive na Idade da Pedra.
Carlos Barbosa de Oliveira
N
ão inúmeros e variados
os casos de consumidores que se queixam da
má assistência que lhes é
prestada, quando têm um problema com o seu computador ou
impressora. A história que se relata
é apenas um dos muitos casos que,
com inusitada frequência, ocorrem
no mundo das novas tecnologias.
Sem aviso prévio, o computador
recusou-se naquele dia a trabalhar.
Anunciando repetidamente a ocorrência de “erro”, acabou por bloquear e permanecer inerte, deixando o consumidor à beira de um
ataque de nervos. Telefonou
para o estabelecimento onde
adquirira o aparelho, mas
não obteve resposta. Resolveu deslocar-se ao local e...
surpresa! A loja encerrara. Valeu-lhe o facto de, na factura
da compra, constar
um endereço electrónico. Ligou
para o número
de telefone que
lá vinha indicado, esclareceu o
que se passava, e
pediu a deslocação
de um técnico a casa.
Logo o desenganaram. Se o
aparelho estava avariado, teria que o
levar ele mesmo
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a uma morada que lhe indicaram.
O local não era de fácil acesso,
sendo obrigado a “deslindar” um
novelo de ruas estreitas de sentido
proibido. Para além da dificuldade
de estacionamento, o consumidor
ainda foi obrigado a carregar aquele “trambolho” por umas escadas
André Letria
I
esconsas, onde ao mínimo deslize
se escorrega na pedra polida ou
num “cocó” de cão. Escorrendo
suor por todos os poros entrou por
fim, triunfante, no estabelecimento. Foi logo atendido, mas levou
algum tempo a refazer-se da surpresa quando a funcionária lhe
disse que as reparações não eram
efectuadas ali...
Argumentou que lhe tinham
dado a informação do endereço
pelo telefone, mas como resposta
obteve um encolher de ombros e a
indicação do local onde devia dirigir-se. Ainda perguntou, timidamente, se não podiam receber o
aparelho e fazerem eles a trasladação, uma vez que a empresa era
a mesma, mas a resposta foi
peremptória: “Se o informaram
mal, o problema não é nosso”! (Ai
não, então de quem será? – perguntou aos seus botões).
A pé, e sem direito a contestação,
porque “são apenas umas
centenas de metros”, o
nosso consumidor lá
chegou ao novo
porto de abrigo.
Esperava-o uma
porta, de fraco
porte, onde computador e corpo
humano (ainda que
magro e sem barriga)
não passavam simultaneamente. Lá pediu ajuda a
uma funcionária que permanecia
sentada -olhando de soslaio para
as vãs tentativas que fazia em
entrar através da fenda de uma
porta que apenas podia ser aberta
do interior - depositou o moribundo em cima do balcão, enquanto
reclamava pela desinformação de
que se considerava vítima. Nem
uma resposta obteve, quanto mais
um pedido de desculpas!
Depois de alguns minutos de
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meditação, a funcionária lá lhe
disse, por entre dentes e uma
pastilha elástica que de quando em
vez fogueteava em balão por entre
os lábios carnudos, que ia fazer um
orçamento da reparação. Quando?
Dali a uma semana! O protagonista
desta história abriu a boca de
espanto. Uma semana para fazer
um orçamento? Teria ouvido bem?
Para que não restassem dúvidas a
dama da pastilha elástica sugeriu
que, no caso de ter pressa, se dirigisse a outro local.
Abrevie-se a história apenas para
dizer que, passadas três semanas,
nada de orçamento. “Ainda não tivemos tempo de pegar no seu computador”- respondem de cada vez
que tenta obter informações por
telefone. O consumidor desesperou
e já adquiriu outro aparelho, não
sem que antes se informasse detalhadamente acerca das condições de
assistência. As promessas foram
muitas, mas o seu maior anseio é
não ter nenhuma avaria...
Desta história, ficou uma lição:
no mundo das novas tecnologias
(seja na informática, nos telemóveis, na televisão por cabo, ou
na Internet), sobra arrogância e
falta profissionalismo e respeito
pelos consumidores. É cada vez
mais difícil separar “o trigo do
joio”, e os consumidores deixam-se
aliciar por preços aparentemente
convidativos, mas que acabam por
se revelar bastante elevados, face à
fraca (ou mesmo inexistente...)
assistência pós – venda.
O “choque tecnológico” tem que
passar por maior respeito pelos
direitos dos consumidores, pelo
cumprimento dos prazos de garantia e por uma assistência rápida e
eficaz. Sejam “empresas de vão de
escada” ou grandes lojas de marcas
brancas, só pode haver lugar para
quem respeite os consumidores.I
Consultório DECO
Hotel
de qualidade inferior
RECLAMAÇÃO > Este ano,
decidimos fazer uma "viagem de
sonho" que consiste na
realização de um cruzeiro pelas
Caraíbas. Devido ao elevado
preço da viagem, foi-nos
proposto pela agência o seu
pagamento a prestações. Será
tal opção a mais correcta?
ENQUADRAMENTO
JURÍDICO > Atendendo ao
actual fenómeno de
sobreendividamento das
famílias, o recurso ao
crédito,
independentemente da sua
modalidade, deverá ser
sempre devidamente
ponderado.
O recurso ao crédito para a
realização de uma viagem e
porque não se reveste de
um carácter de
essencialidade requer uma
ponderação ainda maior.
Se o orçamento familiar
ainda possuir capacidade
de endividamento e,
ponderadas as
circunstâncias, se decidir
pela realização da viagem,
deverá obter-se o máximo
de informação possível
sobre o financiamento.
Assim, é primordial obter
informação sobre a
modalidade de crédito que
irá financiar a realização da
viagem.
A figura contratual mais
utilizada para este tipo de
financiamentos é o
contrato de crédito ao
consumo e, neste tipo
contratual, os juros e
encargos (reflectidos na
chamada TAEG - Taxa
Anual Efectiva de Encargos
Global) podem assumir
valores bastante elevados
ou seja, é uma forma de
crédito que pode ser muito
dispendiosa.
Devido a esse facto,
aconselha-se uma prévia
pesquisa no mercado a fim
de encontrar TAEGs de
valor mais baixo
(atendendo a que os
valores daquela podem
variar entre os 12% e os
40%).
A leitura e compreensão de
todo o clausulado do
contrato de crédito é,
igualmente, importante
para que não restem
dúvidas sobre o teor do
mesmo. I
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BOAVIDA
L I V R O
A B E R T O
DA MEMÓRIA
DA DESCOLONIZAÇÃO
AO RETRATO DE FIDEL
Do ponto de vista da preservação da memória colectiva, num país que sistematicamente a desvaloriza, a edição dos dois volumes de “Quase
Memórias”, de António de Almeida Santos, constituiu um dos grandes
acontecimentos editoriais de 2006.
I José
Jorge Letria
C
om a chancela da Casa das
Letras, esta obra extensa,
profunda e polémica percorre o período que vai do
colonialismo à descolonização, detendo-se, depois, no complexo processo de descolonização de cada um
dos territórios. Trata-se de uma viagem pela memória feita por um dos
mais destacados protagonistas da
política portuguesa das últimas três
décadas. Ao arrumar e organizar a sua
memória pessoal, António de Almeida Santos dá também um contributo precioso para o trabalho dos especialistas da História Contemporânea.
Pelas mais de mil páginas destes dois
volumes passam as figuras, as datas e
os factos, sendo este trabalho de evocação e reconstituição servido por um
estilo límpido e rigoroso. “Quase
Memória”, exactamente porque opera
com a matéria viva da memória, é
uma daquelas obras que contrariam a
tendência consumista e ligeira para o
“ler e deitar fora”. Estamos perante
dois volumes que vieram para ficar,
sobretudo porque convidam à reabertura e revisitação de outras memórias
e porque podem despoletar um
saudável debate que permanece por
fazer.
É DE UMA OUTRA memória que
falamos, também contemporânea,
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quando referimos a publicação
recente, coma chancela da Campo
das Letras, de “Fidel Castro-Biografia
a Duas Vozes”, do ensaísta e professor Ignacio Ramonet. Estamos na
presença de um extenso e intenso
diálogo que se estende por mais de
600 páginas profusamente ilustradas.
Embora resistindo à tentação do
proselitismo, Ramonet não esconde
nem nega a simpatia e admiração
que nutre pelo líder da
Revolução Cubana,
o que não o impede
de o confrontar com
questões de difícil
resposta. Entretanto,
ao aceitar a realização desta exaustiva
entrevista, deixando
muito outros pedidos
sem resposta, também Fidel revelou a
confiança que deposita em Ignacio Ramonet. Já no final de
um longa vida e a
braços com graves
problemas de saúde,
Fidel surge neste livro
como uma figura mítica e quase ascética,
admirador de Cervantes e do seu imortal
D. Quixote, com o qual
tem cada vez mais
parecenças físicas, ficando por
demonstrar se a sua utopia da construção de um “Homem Novo”
esteve alguma vez à beira de realizar
na grande ilha das Caraíbas.
Da mesma editora é o livro
“Pensar a Música, Mudar o Mundo:
Fernando Lopes-Graça”, conjunto
de ensaios de Mário Vieira de
Carvalho, actual secretário de Estado da Cultura sobre o grande compositor e ensaísta cujo centenário
do nascimento se comemorou em
Dezembro de 2006 e ao longo de
todo esse ano. Um livro importante
para se conhecer melhor o pensamento e a obra de uma das grandes
figuras da cultura portuguesa contemporânea. Também da Campo
das Letras e para quem se interessa
pela defesa dos direitos dos consumidores é o livro “Este Consumo
que nos Consome”, de Beja Santos,
um dos grandes especialistas portugueses sobre o assunto, cuja voz
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gostaríamos de voltar a ouvir na
rádio e na televisão, alertando-nos
para o modo como os nossos direitos são frequentemente violados
quando nos assumimos apenas
como consumidores esquecendo os
cidadãos que também somos.
A TEOREMA acaba de lançar a quin-
ta edição de “Seis Propostas para o
Próximo Milénio”, do italiano Italo
Calvino, com tradução de José
Colaço Barreiros, que reúne as seis
conferências realizadas pelo escritor
e ensaísta em Harvard em 1986-86.
Uma obra fundamental, que é sempre preciso revisitar quando pensamos no futuro que a cada passo se
faz presente. Da mesma editora é,
na colecção Mitos, “O Mel do Leão”,
do escritor isarealita David Grossaman, traduzido em 25 línguas,
que narra, no estilo forte e inventivo
do autor, o mito de Salomão. Ainda
da Teorema, destaque para “As
Férias do Menino Nicolau”, da
dupla Sempé-Goscinny, e mais um
álbum da Mafalda, do argentino
Quino, sempre certeiro e irreverente.
“COISAS DE MULHERES!” é o título de um volume integrado na
Biblioteca-Arquivo Teatral Francisco
Pillado Mayor e que reúne quatro
peças da professora universitária,
destacada investigadora pessoana,
poetisa e dramaturga Teresa Rita
Lopes. O texto que apresenta a obra
é do professor e ensaísta espanhol
Perfecto E. Cuadrado, da Universidade das Baleares, conhecido estudioso do movimento surrealista
em Portugal.
“MAPA MÚNDI”, da Oficina do
Livro, é a mais recente incursão de
Clara Pinto Correia no domínio da
ficção narrativa. Com o subtítulo “As
Viagens Imaginárias na História da
Europa” é um dos livros mais interessantes da autora, revelando um
aturado trabalho de investigação
histórica e uma invulgar capacidade
de efabulação. Partindo de factos e
documentos autênticos, a escritora
constrói uma obra de difícil catalogação onde realidade e ficção se
misturam, abrindo as portas para
uma fascinante geografia imaginária que nos faz pensar em nomes
como Jorge Luís Borges ou Alberto
Manguel.
AS APOSTAS da Ambar, neste começo
de ano, vão, para além da edição de
uma notável colectânea de crónicas
de Gonzalo Torrente Ballester publicadas durante anos num jornal de
Vigo e que constituem um olhar
poderoso e crítico sobre a realidade
espanhola do pós-guerra, para a
reedição em Portugal de “Incidente
em Antares”, de Erico Veríssimo, “Os
Olhos dos Massais”, do espanhol
Javier Salinas, para “Espiral de
Artilharia”, do mexicano Ignacio
Padilla, e “À Meia-Luz”, da portuguesa Cristina Silva, um dos nomes a ter
em conta na ficção narrativa nacional
dos anos mais recentes.
“O ESPELHO DE SALOMÃO”, de
León Arsenal, é uma das apostas de
Publicações Dom Quixote, estando
no centro da trama narrativa um
documento escrito numa língua
esquecida que indica um caminho
que pode conduzir ao tesouro oculto dos visigodos. Um bom enredo
para quem gosta do género.I
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BOAVIDA
A
R
T
E
S
De Paula Rego a Adriana Molder:
SINAIS DE MODERNIDADE
Além da ARCO, em Madrid, que ali se vai realizar de 15 a 19 deste mês, cada vez mais também um acontecimento cultural português, não só pela ampla participação das nossas galerias e artistas mas, sobretudo, pelo
grande número de interessados que todos os anos se deslocam fielmente à linda capital espanhola, o grande
acontecimento do início do ano foi a apresentação do tríptico de Paula Rego “Vanitas”, que faz agora parte
da colecção permanente do Centro de Arte Moderna, em Lisboa.
I Rodrigues
Vaz
E
xecutado a partir do conto
de Almeida Faria, “Vanitas, 51 Avenue d’Iena”,
segundo Eduardo Lourenço, «No centro do tríptico, de
braços cruzados, entre retrato em
majestade e realístico auto-retrato,
Paula Rego preside à cerimónia da
vida entre sono onde a morte se
esquece e vida que de olhos bem
abertos parece disposta a “matar a
morte”, como Shakespeare ousou
escrever». Por isso é que «Não é
uma Vanitas, máscara de Deus ou
da sua ausência, por isso sumptuosa. É a nossa, contemporâneo56 TempoLivre
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ascética, quase infantil. Talvez só
agora nossa verdadeira morte. Quer
dizer, vida sem transcendência».
TERESA MAGALHÃES NA VALBOM
A apresentação dos últimos trabalhos
de Teresa Magalhães, na Galeria
Valbom, também em Lisboa, depois
de “Painéis para o Terceiro Milénio”,
que mostrou nos finais de 2005 na
Sociedade Nacional de Belas Artes,
confirma, de novo, o que dizia em
1990 o crítico Fernando de Azevedo:
deles «irrompe necessário e a tempo
exacto uma pintura lindíssima», que é
o que acontece, «sempre, que
avançou por dentro de si própria», o
que a leva a esboçar «uma outra inten-
sidade da sua percepção do real ou
quase adivinhação que tem do quotidiano, do dia-a-dia simples, da sensibilidade à vida. E deslumbra. Não há
outra palavra.”
Como ela própria declara, «Pintura
é imagem. Pintura é um conceito,
um raciocínio, uma ideia. Pintura é
uma linguagem. Pintura é um sentimento, um desejo. Pintura é um
indivíduo. Pintura é um país, uma
época, um universo. Pintura é uma
aposta.» É por isso que a sua pintura
nasce estritamente da manipulação
da cor, concebendo-se em superfície,
determinando-se pelo gesto. Porque,
como acentuou há alguns anos o
professor Rocha de Sousa, «na base
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Desenho de
André Trindade
Tinta-da-china sobre papel esquisso de Adriana Molder
de todo o processo desta obra existe
uma forte consciência do suporte e
dos seus limites – que o mesmo é
dizer das linhas de estruturado rectângulo inicial e de certas divisões
orgânicas que ele permite.»
E é ainda a cor que Eduardo Serra
exalta, quando fala sobre a pintura
de Teresa Magalhães: «Cor riscada,
raspada, matéria ferida que se agarra
à tela. Cor que conquista o espaço da
tela sem o ocupar. Cor que não deixa
espaço para o negro, para a noite.»
ANDRÉ TRINDADE
E ADRIANA MOLDER
Da manipulação da cor, se bem que
noutro sentido – para acentuar a
O tríptico “Vanitas”,
de Paula Rego e, à direita, pintura
de Teresa Magalhães
agressividade dos tempos e ambiências actuais – parte igualmente o
jovem artista plástico André Trindade,
que apresenta na Galeria Municipal
de Torres Vedras “Welcome Home”,
pintura e instalação vídeo onde colecciona sinais para compreender a modernidade.
Segundo Rui Matoso, «um sopro
indomável de ironia trágica atravessa
a obra de André Trindade, despoletando um processo que ele próprio
nomeia de Evil Twist. Deste vórtice
infernal não escapam as representações da História nem os ícones contemporâneos da ética e da estética.»
E sinais de modernidade são dados
igualmente por Adriana Molder que,
no Espaço Arte Contemporânea da
Fundação Carmona e Costa, apresenta “A Madrugada de Wilhelm e
Leopoldine”, uma espécie de diário
das viagens da artista, de Nova York
a Budapeste, contadas em tinta-dachina a partir de um suporte aparentemente frágil – papel esquisso que acentua um certo ar impressionista, o qual é valorizado por uma
montagem eficiente e dinâmica,
onde o retrato tem um papel fundamental. I
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BOAVIDA
M
Ú
S
I
C
A
S
anglo-saxónica: William Butler Yeats,
Wystan Hugh Auden, Christiana
Rosseti, Walter de la Maré, Emily
Dickinson e Dorothy Parker.
Surge, assim, “No Promises”, com
onze temas singularmente interpretados pela voz sussurrada de
Carla e com arranjos musicais e
produção do “histórico” guitarrista
e compositor Louis Bertignac, ex“Téléphone”, grupo rock fundado
em 1977.
O resultado final traduz-se num
trabalho discográfico amável e ao
qual se adere sobretudo com
grande simpatia. É extremamente
agradável ouvir “No Promises”.
A ESTREIA DOS “OIOAI”
BOAS “PROMESSAS”
DE CARLA BRUNI
Quatro anos após uma surpreendente estreia discográfica, a franco - italiana Carla Bruni acaba de lançar o CD “No Promises”, trabalho escorreito e de bom gosto, porém cantado em inglês, conforme as imposições
da “globalização” que também na indústria musical se faz sentir.
I
Victor Ribeiro
H
á quatro anos, com CD
“Quelqu`un m´a dit”,
Carla Bruni prenunciava
uma espécie de ressurgimento da chamada “cantiga de
autor”, devidamente revista e adaptada à realidade dos nossos dias.
Em poucas semanas, a cantora
vendeu mais de 1,2 milhões de cópias
em França e mais de 800 mil no
estrangeiro, fenómeno algo excêntrico à lenta dissolução musical francesa
ocorrida desde o final década de 60
do Século XX, até aos nossos dias.
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Salvaguardadíssimas as devidas
diferenças, Carla Bruni terá actuado
subliminarmente na memória colectiva de uma França que, com compreensível orgulho, recorda Ferrat,
Reggiani, Brassens ou Ferré, entre
outros, embora, no plano interpretativo, a cantora esteja muito mais
próxima de antigas glórias como
Françoise Hardy ou Jane Birkin.
Admiradora confessa de Bob Dylan, Rolling Stones e Marianne
Faithfull, Carla Bruni resolveu pôr
de parte (definitivamente?) a língua
francesa e seleccionou uns quantos
poetas de referência de expressão
O “Oioai” é um novo grupo de rock
português, que acaba de surgir no
mercado discográfico nacional com
um CD com aquele mesmo título.
Ouve-se sem constrangimento e,
aparentemente, conseguirá singrar
num mundo onde tudo parece
estar inventado.
Para já e compreensivelmente,
são patentes as influências acolhidas pelos “Oioai” junto de outros
grupos, designadamente dos “Toranja”. Sempre assim foi e será,
quando se trata de tentar criar algo
de novo. Apesar disso, os “Oioai”
têm já uma sonoridade própria e
revelam capacidades criadoras muito acima da mediania.
No que se refere aos textos, o
grupo mostra ainda alguma incapacidade para “formatar ”, com
equilíbrio, as palavras à música, ou
vice-versa. Nesta arte, são mestres
autores como Jorge Palma, Sérgio
Godinho, Chico Buarque…
Ouçamos, então, com merecida
atenção os “Oioai”: Pedro Puppe
(voz e guitarra), João Neto (guitarra, “lap steel” e voz), Fred Ferreira
(bateria, voz e piano) e Nuno
Espírito Santo (baixo e coros). I
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BOAVIDA
N O PA L C O
MACBETH NO TRINDADE
No âmbito de uma extensa e diversificada programação comemorativa dos 140 anos do Teatro,
a sala principal do Trindade será palco, até 15 de Março, de uma das mais conhecidas
e representadas obras de Shakespeare.
I
Maria Mesquita
A
história de Macbeth é
intemporal, e tão relevante hoje, em que cada
dia há massacres de
inocentes, como no dia em que
Shakespeare a apresentou ao rei
Jaime I, por ocasião da visita do rei
da Dinamarca, em 1606. A tragédia
de Macbeth é uma análise política de
um golpe de estado e das suas consequências: os efeitos psicológicos e
desintegração da personalidade
quando entregue às forças malignas,
sem esperança de redenção.
Mas Macbeth também é um thril-
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ler com um desenrolar rápido, intenso, cheio de humor e vulnerabilidade no meio da brutalidade e forças do sobrenatural.
Pela sua força e complexidade,
‘Macbeth’ é comparável a outras
grandes obras de Shakespear, como
‘Hamlet’ e ‘Romeu e Julieta’. As paixões que estão em cena tornam-nos
a todos cúmplices e críticos dos
Macbeth, o casal de nobres capazes
de matar o seu rei. Sentimo-nos,
simultaneamente, repelidos e atraídos por eles. O que pretendiam com
tão terrível crime? Que impulsos,
interiores ou exteriores, os conduziram a tal desenlace?
Uns vêem na peça um retrato da
ambição política na sua forma mais
primitiva; outros, uma fábula sobre
a irracionalidade do mal, ou sobre o
encontro com os limites quase
visíveis da vida e da morte, e sobre
os poderes negativos e positivos da
nossa ânsia de sobrevivência; outros ainda um braço de ferro entre
as forças do feminino e do masculino, que transcende os motivos mais
aparentes da fábula histórica.
Tal como Macbeth, todos temos a
angústia de saber mais sobre a
nossa vontade. Queremos saber
quem governa. Se temos nós a primazia, ou os outros, que nos fazem
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frente, pela força ou pelos afectos.
Ou outras forças ainda, que desconhecemos em nós, ou nos cercam. Vivemos por nós, ou somos
vividos por forças que nos empurram a cada escolha? E esse saber, de que nos serviria, na hora de
julgarmos os nossos actos?
Ficha Técnica:
NO TEATRO ABERTO
Texto: William Shakespeare; Encenação:
Bruno Bravo; Tradução e adaptação:
Fernando Villas-Boas; Cenário: Stephane
Alberto; Figurinos: Paulo Mosqueteiro;
Música: Sérgio Delgado; Desenho de Luz:
José Manuel Rodrigues; Interpretação:
Anabela Brígida, António Rama, Bruno
Simões, Cristina Carvalhal, Diogo Dória,
João Lagarto, Sérgio Praia e Valerie
Braddell
Co-Produção: INATEL /Teatro da Trindade
e Produções Teatrais Próspero
Preços: 10 a 15 Euros; Descontos: 20% Jovens c/ – 25 anos, +65 anos, Pin
Cultura, Profissionais do Espectáculo e
Cartão FNAC; 30% - Grupos + 10 pax e
Sócios INATEL
Sessões para Escolas (sob marcação) datas:
25 Janeiro, 8 e 22 Fevereiro e 8 Março às
14h30. Preço único: 5 Euros
« O Rapaz dos Desenhos»
No âmbito do seu programa de novas criações, o Teatro Aberto apresenta a peça “O Rapaz dos Desenhos”, do canadiano Michael Healey.
Na tranquilidade de uma quinta,
dois agricultores acolhem um jovem
actor oriundo da cidade, cujo interesse é recolher o máximo de informações sobre o trabalho do campo e
histórias regionais, com o intuito de
as poder representar em espectáculos com o seu grupo de teatro. A presença de uma alma jovem vem quebrar a rotina dos dois amigos assim
como, desvendar segredos há muito
tempo escondidos. A amizade e a
magia do teatro conjugam-se de
forma a explorar um percurso inesperado pelos labirintos da memória,
mostrando como o passado também
faz parte do futuro.
são peças de um puzzle na procura
da verdade por detrás de uma misteriosa prova matemática.
Catherine tenta superar a dura
provação da morte do seu pai, um
matemático famoso que ao tempo
da sua morte já sofre de alguns distúrbios mentais. Precisamente quando a jovem começa a manifestar o
medo profundo de se vir a tornar
como o pai, a irmã mais velha,
Claire, regressa a casa para assistir
ao funeral do pai.
Hal, um antigo aluno do pai,
começa a aparecer lá por casa e
descobre um velho caderno de
notas que traz à luz do dia, um segredo bem guardado por Catherine.
Esta descoberta vai pôr à prova a
relação entre as duas irmãs e os
sentimentos românticos em crescimento entre Catherine e Hal.
Ficha Técnica:
Ficha Técnica:
Autor: Michael Healey; Versão: João
Lourenço e Vera San Payo de Lemos;
Dramaturgia: Vera San Payo de Lemos;
Figurinos: Maria Gonzaga; Cenário e encenação: João Lourenço; Interpretação: Luís
Alberto, Rui Mendes e Pedro Granger.
“AMOR À PROVA”
Escrita por David Auburn, e em
cena no Teatro Mundial até Abril
próximo, em versão cénica de Rui
Sérgio, “Amor à Prova” é a história
de uma enigmática jovem, Catherine, da sua irmã, de um pai genial e
de um jovem professor. Todos eles
Intérpretes: Hugo Sequeira, Dina Félix da
Costa, João Maria Pinto e Paula Neves.
De quarta a sábado às 21.30h | Domingos
às 16h; Preço dos Bilhetes: 15 Euros
(descontos para grupos); Bilhetes à venda
em www.ticketline.pt | Fnac | Agências
Abreu | Alvalade | Plateia | Teatro
Mundial; Informações e Reservas: telef. 21
357 40 89 (Mundial) e 21 412 17 97
(Produção). Teatro Mundial | Rua Martens
Ferrão | 12 A (a Picoas)
OUTRAS PEÇAS EM CENA:
“A Ronda das Fadas”, na Quinta da
Regaleira, em Sintra, pela companhia Tapafuros. I
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CINEMA EM CASA
DE ALMODÔVAR A OLIVER STONE
Sérgio Barrocas
N
o mês mais curto do ano, sugerimos quatro
filmes dignos de revisitação. Têm, dois deles, a
marca de Pedro Almodôvar – ‘Volver’ foi um dos
grandes acontecimentos cinematográficos de 2006 – e de
VOLVER
A LULA E A BALEIA
A história de três gerações
de mulheres: Raimunda
(Penélope Cruz) casada
com um operário a viver
do subsídio de desemprego e uma filha adolescente (Yohana Cobo), Sole
(Lola Dueñas), a sua irmã,
que ganha a vida como
cabeleireira, e a mãe de
ambas
(Carmen
Maura),
morta
num
incêndio,
juntamente
com o marido que sobrevivem ao vento quente, ao
fogo, à loucura, à superstição, e até mesmo à
morte, com amizade,
algumas mentiras e uma
vitalidade sem limites.
Uma comédia dramática
onde predomina o universo feminino, a importância da cor e a vida em
todas as suas facetas.
Nova Iorque, anos 1980,
uma família em crise com
uma situação de divórcio,
os filhos e a melhor forma
de lidar com o problema.
Uma história comovente,
com Jeff Daniels (o Pai) e
Laura Linney (a Mãe) em
grande forma, vestindo a
pele de um casal de escritores em vias de separação
que com dois filhos de idades diferentes vão aprender
a redefinir um novo rumo
para as suas vidas.
Vencedor de dois prémios
no festival de cinema
independente de
Sundance
é um filme
equilibrado, subtil
na forma
como retrata as relações e
com uma banda sonora
inesquecível.
Volver;
REALIZAÇÃO: Pedro
Almodôvar; Com: Penélope
Cruz, Carmen Maura, Lola
Dueñas, Blanca Portillo,
Yohana Cobo; Espanha,
121m, cor, 2006; EDIÇÃO:
Prisvideo
TÍTULO ORIGINAL:
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The Squid and
the Whale; REALIZAÇÃO: Noah
Baumbach; Com Jeff Daniels,
Laura Linney, Jesse Eisenberg,
Owen Kline, Anna Paquin,
Halley Feiffer; EUA, 81m, cor,
2005; EDIÇÃO: Lusomundo
TÍTULO ORIGINAL:
WORLD TRADE CENTER
O polémico Oliver Stone
volta a surpreender com
Oliver Stone, no seu forte e surpreendente regresso à
realização, inspirado no trágico 11 de Setembro
novaiorquino. ‘A Lula e a Baleia’ (de Noah Baumbach) e
‘O Mundo’, um retrato da China contemporânea de Jia
Zhang-Ke, são, igualmente, duas boas surpresas do ano
que findou. Marcos, o Big Ben e as
Pirâmides do Egipto- sem
ter de deixar os subúrbios
de Pequim.
Todos os dias, a bela e
jovem Tao e os demais
funcionários
deste parque
encantam
os visitantes
com fascinantes espectáculos e temas.
Este filme é um mosaico
delicado dos momentos
da vida de cada um dos
que trabalham no parque,
onde haverá casamentos
e separações, lealdades e
infidelidades, alegrias e
tragédias.
esta história de luta pela
sobrevivência de dois
polícias de Nova Iorque
presos nos escombros das
torres gémeas no trágico
11 de Setembro de 2001.
Baseada em factos ocorridos nesse dia, esta é a
história de John
McLoughlin (Nicolas
Cage) e Will Jimeno
(Michael Peña), o drama
vivido pelas suas famílias
e a alegria
luminosa
do seu salvamento.
Este é um
filme
sobre a
América, feito para ajudar
a unir um povo e um país
num momento delicado
da sua história.
TÍTULO ORIGINAL:
TÍTULO ORIGINAL: World
REALIZAÇÃO:
O MUNDO
OUTROS TÍTULOS
O LEOPARDO (Costa do
Castelo) Luchino Visconti
Trade
Center; REALIZAÇÃO: Oliver
Stone; Com Nicolas Cage,
Michael Peña, Maggie
Gyllenhaal, Maria Bello, Jay
Hernandez,; EUA, 129m, cor,
2006; EDIÇÃO: Lusomundo
O World Park é um lugar
onde os visitantes podem
ver réplicas em tamanho
reduzido de monumentos
famosos -como a Torre
Eiffel, a Praça de São
Shijie;
Jia Zhang-Ke;
Com Zhao Tao, Chen
Taisheng, Jiang Zhongwel,
Wang Yiqun; China, 140m,
cor, 2006; EDIÇÃO: Atalanta
Filmes
ROMA CIDADE ABERTA
(Costa do Castelo)
Roberto Rosselini
A MINHA VIAGEM A ITÁLIA
(Midas) Martin Scorsese
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FILMES COM MEMÓRIA
O FASCÍNIO DE BABEL
Não há nesta ficção uma história dorsal, mas uma série de situações com personagens e lugares
colocados num intrigante tabuleiro de xadrez – o mundo de hoje
Fernando Dacosta
A
Babel, mítica Torre onde
se albergaram, para unirse (o que não lograram),
povos de todos os lugares e de todas as línguas, ou seja de
todas as diferenças, foi o realizador
Alejandro González Iñárritu buscar
o nome e a simbologia para a sua
última película.
Horizontal na arquitectura, esta
desenrola-se em cadeia de elos ligados ora por semelhanças ora por
contrastes, ora por rupturas ora por
justaposições, através de espirais
onduladas de insólito e implacabilidade, inocência e vertigem, sonho e
abjecção, amor e morte.
Fabulosa, a obra em causa (interpretada por um Brad Pitt, uma Cate
Blanchett e um Gael Garcia Bernal
despidos de vedetismos e de
«glamours») gira como uma esfera progressivamente desocultada/ocultada pela alma dos que
a habitam e pela claridade que a
nimba.
A luz torna-se-lhe, o que é
invulgar no actual cinema, uma
respiração encantatória, inesquecível: forte e ávida em Marrocos,
azul e esvaída no Japão, gordurosa e densa no México, baça e
morna nos Estados Unidos.
Paisagens, seres, sentimentos,
objectos, sons, silêncios, desmesuras, desistências, dores, demências são-nos transfigurados
por ela, num trabalho de recriação (plástica e psicológica) inigualável.
Sob esse caleidoscópio mutante cruzam-se, em vários conti-
nentes, pessoas de identidade (linguística, rácica, cultural, económica,
erótica) angular. A maior parte não se
conhece. A sua comunicação não chega, em alguns casos, a emergir sequer;
noutros (como nos jovens árabes a
brincar com a espingarda acidental,
como na patética cena de amor da
japonesa muda) ela torna-se comunhão de perturbador envolvimento.
Todo o filme o é, aliás, com uma
genialidade que, de tão subtil, muitos
(mesmo críticos) não a detectam.
Felizmente que os júris dos grandes festivais e galardões estão, ao
contrário do que sucedeu em Portugal, a referenciá-lo, premiando-o,
excepcionalizando-o, dilatando-o,
cumpliciando-o.
A natureza humana faz-se, nele,
um rio subterrâneo a correr nas
entrelinhas das imagens, das elip-
ses, das ligações secretas, dos desencontros/encontros. Há uma espécie de sublime (outro?) por trás
deste filme que empolga, que desconcerta – porque sugerido e não
mostrado, intuído e não revelado.
O mundo que capta, com os seus
habitantes desnivelados socialmente, geograficamente, geracionalmente, afectivamente, é uno apesar
de diverso (há fios entre o Magrebe e
o Japão, e o México, e a América), de
violento (atente-se na tomada dos
adolescentes marroquinos por
terroristas, após o tiro acidental
contra o autocarro de turistas),
de desesperante (repelente o
egoísmo dos excursionistas ao
abandonarem na aldeia a jovem
ferida e o seu companheiro em
desespero), de patético (o libidinoso bailado das ninfas nipónicas rejeitadas pelos homens), de
atroz (a inconcebível ilegalidade
da ama mexicana há décadas
radicada nos EUA)
A globalização que Alejandro
González Iñárritu metaforiza
não é, sabe-se, fácil. A Torre de
Babel, adverte-nos ele , foi exemplar disso. A sua sombra milenar
persiste, afinal, incólume. Desafiá-la é um ritual que poucos
ousam fazer – e muitos condenam que se faça. Fe v e r e i r o 2 0 0 7
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À
M E S A
UM DIA A COMER BEM E BARATO
É possível, com alguns conhecimentos e imaginação, compor refeições saborosas e saudáveis. Aliás, toda a arte
culinária mediterrânica é baseada na gestão cuidadosa das matérias-primas escassas.
I
Pedro Soares
P
ara compor um dia alimentar relativamente económico e nutricionalmente equilibrado pode come-
çar por:
Engrossar a sua sopa com leguminosas secas. Feijão, grão ou lentilhas
são alimentos extraordinariamente
baratos em função da sua qualidade
nutricional. São uma boa fonte de
aminoácidos, de energia que se liberta lentamente para a corrente
sanguínea, de fibra que é fundamental para a luta contra a doença
oncológica e para o bom funcionamento intestinal. Para além
disto, fornecem vitaminas e
minerais em quantidade
abundantes.
Acompanhar as merendas da manhã, tarde
e ceia com pão variado
e sempre que possível
de mistura. Pães de
centeio, milho, integral,
ou mistura de vários
cereais são bem vindos. O
pão de qualidade, mais escuro
e pouco salgado, é uma extraordinária fonte de vitaminas do
complexo B, de energia e de minerais. Certas estruturas como o sistema nervoso (20 000 milhões de
células) e os glóbulos vermelhos do
sangue só consomem glicose como
fonte de energia, a qual se obtém
naturalmente da digestão do pão,
entre outras fontes.
Beber dois copos de leite por dia
(simples, em batidos, misturado
com fruta, etc.) significa consumir
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muitos dos nutrientes necessários
para levar uma vida saudável.
Senão, vejamos o que contém um
copo (250 ml) de leite meio-gordo:
aminoácidos, vitamina D, vitamina
B12, cálcio, riboflavina, fósforo, vitamina A, magnésio, niacina, vitamina B6, tiamina, zinco e ácido fólico. Todos estes nutrientes encontram-se em quantidade elevadas no
leite ou nos seus derivados como o
iogurte natural e… a muito baixo
custo. Para além disto, quem bebe
leite ou seus derivados diariamente
pode fazer apenas uma pequena
refeição de peixe ou carne por dia.
Substituir os cereais de pequenoalmoço, caros, açucarados e salgados por flocos de aveia ou centeio,
bastante mais baratos, sem adição
de sal ou açúcar. Do ponto de vista
da saúde o ganho é enorme.
Sempre que possível consumir
fruta da época ao longo do dia.
Apesar da fruta ter subido bastante
nos últimos tempos, ainda a po-
demos incluir neste “cabaz” de bom
e barato. A fruta fresca, consumida
de preferência ao natural, possui
centenas de compostos químicos,
alguns ainda pouco estudados, mas
que são decisivos para a manutenção de uma vida saudável até
tarde. Assim o comprova a imensa
documentação científica que se acumulou nas últimas décadas.
Substituir a carne ou o peixe por
um ovo, duas vezes por semana,
não faz qualquer mal a um adulto
saudável que tenha uma alimentação saudável. A proteína do ovo é
de extraordinária qualidade, semelhante ou até melhor do que
aquela obtida a partir da
carne ou peixe e o preço
bastante mais reduzido.
Sempre que possível
incluir hortícolas nas
refeições principais.
Couves variadas, cenouras, cebolas, tomate, alfaces, brócolos e
demais companhia reforçam o sistema imunitário e activam funções celulares ajudando a reparar tecidos e
lutando contra a oxidação excessiva
das células.
Beba água, bastante água ao
longo do dia, a acompanhar refeições e fora dela. Sem água em abundância o sistema renal funciona mal,
o cansaço pode instalar-se nos mais
idosos e as lesões musculares podem aparecer com mais frequência.
Ainda por cima a água é barata.
Agora faça as contas e comece
2007 a poupar, comendo de forma
muito mais saudável. I
Ilustrações: André Letria
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S A Ú D E
Antibióticos
PARA
QUE VOS
QUERO?
A banalização e o uso incorrecto
dos antibióticos é uma
das principais causas para estes
deixarem de ser eficazes.
I
M. Augusta Drago
O
ma das maneiras incorrectas de empregar os
antibióticos é usá-los para tratar gripes e constipações. Muitas pessoas desconhecem que os antibióticos só servem para tratar doenças provocadas por bactérias e as gripes e constipações são de causa viral.
Outra maneira incorrecta é quando o doente não cumpre a prescrição médica, alterando o número
de tomas ou não respeitando o intervalo entre elas.
Quando o doente volta à consulta, porque não se sente curado, e
não informa o médico sobre a forma
irregular como tomou o medicamento, este pode pensar que o diagnóstico não estava correcto ou que o
antibiótico não fez efeito. O doente
sujeita-se a fazer novos exames e
pode ter que tomar outro antibióti-
co, com todas as desvantagens que
estes procedimentos acarretam.
O uso incorrecto dos antibióticos
tem contribuído para o aumento
das resistências a este tipo de medicamentos.
Na linguagem médica, a resistência de uma bactéria a um antibiótico
significa que determinado antibiótico, que em princípio era eficaz para
tratar uma doença, deixa de o ser
quando a bactéria que está na sua
origem passa a ser resistente, isto é,
já não morre com a esse antibiótico.
As bactérias em contacto com os
antibióticos modificam-se, tornamse resistentes à acção destes e passam a conviver pacificamente com
o medicamento que a princípio as
destruía.
Desde a descoberta da penicilina, nos anos 40 do século passado,
que os antibióticos se tornaram na
melhor arma terapêutica para combater as doenças provocadas por
bactérias. Desde então, os médicos
debatem-se com o problema das
resistências e já existem bactérias
que são resistentes a vários antibióticos e outras, as mais temidas,
que são resistentes a qualquer antibiótico, pelo que as doenças por
elas provocadas são intratáveis.
A melhor maneira de prevenirmos o aparecimento de bactérias
resistentes é limitarmos o uso de
antibióticos às situações que deles
precisam efectivamente.
A maior parte das infecções respiratórias e dos ouvidos são causadas por vírus. Informe-se com o seu
médico e não o pressione para lhe
receitar antibiótico.
Se tiver uma infecção grave e tiver
de tomar antibiótico, cumpra com
rigor a prescrição. Faça o tratamento até ao fim, mesmo que se sinta
melhor ou completamente bem antes de o terminar.I
[email protected]
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TEMPO INFORMÁTICO
para pertencer ao nosso quotidiano.
(Netbit: 213616310)
XMOD
MUDANÇAS
NO QUOTIDIANO
Há alguns anos, fiquei impressionado com a quantidade de pessoas que
numa cidade da Europa onde me encontrava andavam com um telemóvel
nas ruas. Hoje existem em Portugal mais telemóveis registados do que o
número de habitantes.
I
Gil Montalverne
E
u próprio me sinto quase
em pânico se saio de casa
sem ele. O mesmo acontece agora com os leitores
de MP3. Quem os não tem entre os
mais jovens e mesmo no nível etário
intermédio? Apresentamos dois dispositivos para os quais se adivinha o
mesmo fenómeno.
NOVO GPS MICHELIN
Serão poucos os que não anseiam ter
um GPS para os ajudar nas viagens
de carro. Quando apareceram eram
caros. Estão a tornar-se cada vez mais
baratos e com mais informação.
Dentro de pouco tempo serão tão
naturais como ter um telemóvel. O
novo GPS X950 da Via Michelin, com
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todos os seus Guias, ajuda-o a encontrar toda a informação que pretende
quando conduz. Tudo em tempo real.
218 Euros para Portugal/Espanha e
328 para a Europa. Itinerários alternativos se as condições de tráfico não
forem as melhores, graças a um
receptor FM, detalhe na estrada ou
nas cidades mesmo a numeração dos
prédios, guia de voz com mudança
de idioma, o Guia Verde para a informação turística e o Vermelho para
encontrar um hotel ou restaurante por categoria ou preço,
etc. Fácil, eficaz e completo tem
outra qualidade que vai apreciar. Para além de se poder fixar
na viatura, torna-se portátil e
transporta-se no bolso ou na
mão (137grs.) Vire à direita a
100 metros. Não falta muito
Um pequeno dispositivo de tamanho
de um telemóvel converte de forma
instantânea qualquer arquivo MP3
numa qualidade superior mesmo à
dos CDs originais, apenas comparável ao obtido num estúdio de
gravação. Com uma entrada directa
de áudio para qualquer tipo de
reprodutor MP3, melhora de forma
automática o som. A Creative utiliza
no Xmod a sua tecnologia X-Fi
Xtreme Fidelity com importantes
funções, tais como X-Fi Crystalizer
que analisa a música MP3, identifica
que partes do som foram transferidas
ou danificadas durante a compressão
e de imediato restaura selectivamente os altos e baixos deteriorados
durante a compressão. Uma outra
função estabelece um som envolvente virtual através de colunas ou
auscultadores. Custa à crer que nuns
simples auscultadores seja possível
sentir o som como se estivesse num
estúdio de gravação ou no centro da
acção de um filme. Mais de cem milhões de pessoas ouvem música no
formato Mp3, WMA ou AAC em PC
ou Mac e em reprodutores MP3.
Quer sentir-se como se o seu cantor
preferido estivesse a tocar para si
num concerto privado? Esta é a
experiência que o Xmod proporciona. Em breve fará parte dos dispositivos que nos acompanham diariamente (PVP:79,90 E). I
[email protected]
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A O
V O L A N T E
ARMINDO ARAÚJO
A caminho da consagração mundial
Armindo Araújo, 29 anos, Assessor de Gestão Empresarial, solteiro,vem do Minho e quer dominar o mundo dos
ralis. Nos últimos sete anos tem acumulado um palmarés único em termos nacionais. Todos os desafios que se
propôs enfrentar saldaram-se por um título.
I
Carlos Blanco
O
próximo leva-o a
cruzar as fronteiras de Portugal:
quer ser Campeão
do Mundo de Ralis de Carros
de Produção em 2007,
repetindo o feito de Rui
Madeira na década anterior
(1995), e espera competir, em
2008, no Mundial principal e
também na marca nipónica.
Sabe que este mundial 2007 não é
“favas contadas”, pois nunca participou em qualquer dos seis ralis
previstos. A tarefa mais difícil será
nas estradas com neve e gelo da
Suécia (9 a 11 de Fevereiro). Os
restantes ralis já têm mais a ver com
aquilo a que está habituado nas
provas nacionais. Grécia (Junho),
Nova Zelândia (Agosto/Setembro),
Japão (Outubro), Irlanda (Novembro) e Gales/Grã-Bretanha (Novembro/Dezembro), este com regresso
ao frio e, talvez o gelo, são os
desafios a vencer por Armindo
Araújo para atingir o topo mundial.
ADVERSÁRIOS DE RESPEITO
Os ralis são complicados, como difíceis são também os principais
adversários de Armindo Araújo.
Caso os consiga derrotar, o triunfo
no Mundial de Produção terá ainda
mais valor. O piloto residente em
Santo Tirso vai defrontar o actual
campeão, Nasser Al-Attyiah (Qatar)
que conduz um Subaru Impreza,
carro também de Toshihro Arai,
com um título no Mundial de
Produção (2005). Ainda na Subaru,
atenção para o jovem Anton Alen
(filho de Markku Alen), vencedor
da classe nos dois ralis do Mundial
em que participou em 2006, e ao
seu compatriota Kristian Sohlberg,
vice-campeão de Produção em
2002. Da Suécia, vem outro adversário de respeito: Patrick Flodin,
batido por Armindo Araújo na última edição do Rali de Portugal.
Outros rivais fortes serão o vicecampeão de 2006, o japonês Fumio
Nutahara, com uma máquina idêntica à do português e o finlandês
Juho Hanninen, vencedor nos ralis
da Suécia e da Sardenha/Itália em
2006.
PALMARÉS
Por muito bons que sejam os adversários, Armindo Araújo parte para
esta aventura determinado a
vencer, como tem feito sempre,
desde os tempos em que antes das
quatro rodas foi um dos melhores pilotos português de
Enduro em motos.
Considerado já o piloto do
Século XXI em Portugal, foi,
precisamente em 2000, que
iniciou a carreira nos automóveis, dominando o Campeonato Nacional de Promoção com um Citroen Saxo.
Sem queimar etapas, optou, em 2001, pelo troféu
Citroen Saxo de que foi vencedor.
O próximo passo foi a integração
numa equipa oficial. No final do
ano de 2002, premiou a aposta da
Automóveis Citroen com o título na
classe F3 e o terceiro lugar no
Campeonato Nacional Absoluto.
De um dia para o outro, Portugal
inteiro percebeu que tinha um ‘diamante’. Cada vez melhor “lapidado”, esse diamante brilhou ainda
mais nos anos seguintes, garantindo quatro títulos nacionais, os dois
primeiros com a Citroen e os últimos integrando a equipa oficial da
Mitsubishi Portugal.
No asfalto ou na terra, tipo de
ralis que prefere, com carros de
duas (Saxo) ou quatro rodas motrizes (Lancer Evo), Armindo Araújo só conhece um mote: sempre ao
ataque… mas com um discernimento invulgar. Trunfos que poderão dar a Portugal mais um título
Mundial, na companhia do seu
inseparável navegador Miguel Ramalho. I
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PA L AV RA S D A L E I
QUOTA
DE BENS
PERTENCENTES
À ESPOSA
Há maneira de, no caso de um elemento do casal falecer,
o cônjuge sobrevivente salvaguardar-se de um dos outros
herdeiros. Sem querer de modo algum deserdar quem quer
que seja, gostaria de saber se a casa que pretendemos comprar pode ficar para o cônjuge sobrevivo. Francisca Gonçalves
?
– Sócia n.º 123431
I
Pedro Baptista-Bastos
A
nossa lei sucessória determina que, no caso do
marido falecer, há uma
parte dos bens que é
imperativamente atribuída à mulher.
Esta ideia vem do antigo direito
muçulmano, e tinha o nome de
“Terça”, isto é, havia uma terça parte
dos bens do marido que ficavam para
a sua esposa – ou à primeira das
esposas … - por lei.
Nos dias de hoje, a nossa lei
sucessória salvaguardou esse direito
da viúva, no seu artigo 2139º, n.º 1
do Código Civil, ao determinar que,
quando se divide a herança pelos
herdeiros, a viúva tem sempre que
receber uma quota nunca inferior a
um quarto do valor da herança
Se alguém morre sem fazer um
testamento, a lei sucessória chama
os seus herdeiros legítimos, e que
são a sua viúva, os seus parentes e,
se estes não existirem, o Estado.
68 TempoLivre
Fe v e r e i r o 2 0 0 7
Ao caso, há uma viúva e um
descendente. São, portanto, estes
dois chamados a herdar.
A partilha da herança, na parte que
cabe à esposa, é sempre superior a um
quarto da herança, por determinação
legal e como protecção da esposa relativamente aos bens que herdar. Terá
ela direito a mais alguma coisa? Sim.
A resposta a esta questão encontra-se no artigo 2159º, n.º 1 do
Código Civil.
Havendo uma esposa e um filho
herdeiros, a lei diz-nos que dois
terços da herança cabem-lhes obrigatoriamente; assim, um terço do valor
fica para uma, e outro terço para
outro. A terça parte final é também
dividida por metade entre ambos.
Este raciocínio é assim feito, porque
a lei obriga a encarar a partilha da
herança, numa primeira fase, de acordo com o valor dos bens que têm que
ficar sempre para os herdeiros legitimários – cônjuge, ascendentes e
descendentes – , e que nunca podem
ser afectados por quaisquer doações
em vida, ou possíveis testamentos;
grosso modo, é a quota que fica sempre para a família; daí os dois terços.
A terça parte final consiste no
valor dos bens que já podem ser
livremente atribuídos a alguém, que
pode ser um estranho, seja por
doações ou testamentos.
Como tal não aconteceu, essa
terça parte final é dividida também
pela esposa e filho.
Assim, tudo fica dependente do
valor da casa integrar-se dentro do
valor da quota legítima da esposa,
determinada de acordo com o
acima explicado. Se, porventura, a
exceder, a esposa continua com a
casa, mas terá que pagar tornas aos
outros herdeiros.
Por prudência, aconselho-a a que
ambos os esposos outorguem um
testamento, no qual atribuam a casa
ao esposo sobrevivo. I
Toda a correspondência deve ser
dirigida à Redacção da «Tempo Livre»
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CLUBE TEMPO LIVRE PASSATEMPOS
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SOLUÇÕES
1-OFERECIMENTOS. 2-OCO; OMITIRA; VIL. 3-LURA; ACENA;
BODA. 4-ALADO; IMO; RASOS. 5-0; IRIA; SAUL; N. 6-P; DANO; N;
OMAR; O. 7-ALI; A; TOA; 0; UNS. 8-NOVA; ARENA; TAÍS. 9-0;
OPACA; ODRES; A. 10-0; AROMÁTICO; O. 11-ALOR; SAPOR; NADA.
12-ROLAS; SOU; PIRES. 13-ARARAS; S; TRAÍRA.
Palavras Cruzadas > por Tharuga Lattas
Horizontais:1-Dádivas.2-Escavado; Olvidara; Insignificante. 3-Esconderijo
de coelhos ...; Mostra de longe; Festa de baptizado... 4-Leve; O âmago;
Rentes. 5-Nome pessoal feminino; Primeiro rei dos Israelitas, que morreu
pelo ano de 1115 a.C. 6-Condeno; Sucessor de Abu Becre e segundo Califa,
de 634 a 644. 7-Paxá de Jánina que se apoderou de Albânia, onde praticou as
maiores crueldades; Corda de rebocar; Certos. 8-... (João da), navegador ao
serviço de Portugal, que descobriu a Ilha de Ascensão e de Santa Helena, no
Atlântico; Liça; Celebre cortesã grega do séc. IV, amante de Alexandre e
depois de Ptolemeu II. 9-Obscura; Pessoa muito gorda e baixa (pl.). 10-Bem
cheiroso. 11-Maneira de andar ou de proceder; Rei da Pérsia, dinastia sassânida (241-272), que venceu e aprisionou o imperador Valeriano; Porto abrigado
por terras mais ou menos altas. 12-Rebolas; Estou; ... (Pedro), politico e militar cabo-verdiano... 13-Cachoeira do Rio Madeira (Brasil); Falseara.
Verticais: 1-Remoinho de água; Tecido; Pedra de altar. 2-Instrumento para
ver ao longe; Lado do navio voltado para o vento; Cheiro. 3-Em terra estranha; Cantor notável; Folha de certa palmeira que servia para se escrever.
4-Transfere para outro dia; Aguçar. 5-Nome da decima sétima letra do alfabeto grego; Enfeita; Aspecto; ... (João de), navegador português companheiro
de Vasco da Gama na primeira viagem à Índia. 6-Ave corredora australiana;
Filha de Inaco, amada de Zeus, metamorfoseada em novilha por Hera; Suf.
nom., de origem latina, que tem geralmente, sentido “pejorativo” (pl). 7Sibila; Enredos. 8-0 mesmo; Patriarca bíblico; Depois de. 9-Rei de Creta, filho
de Europa e de Zeus; Tomou nota de. 10-Pertencia; Cont. de prep. e art.;
Juntar. 11-”Sódio”(s.q.) Direcção; Rádio Clube (iniciais); “Praseodímio” (s.q.).
12-Projéctil; Conjectura. 13-Germes;Correntezas; Nome pessoal masculino.
14-Cidade da Fenícia, hoje Saída, Líbano, porto do Mediterrâneo; Níquel
(s.q.); Rio da Polónia. 15-Além (pl.); Serra de Portugal (Alentejo); Ala.
Xadrez > por Joaquim Durão
O conde belga, de origem irlandesa, Alberic O’Kelly de Galway
(1911-1980), foi uma figura frequente nos principais torneios de
meados do século transacto. Único xadrezista profissional belga do
seu tempo, ombreou com a mais alta roda da modalidade.
Frequente visitante de Espanha foi amigo dos melhores portugueses que também “vaguearam” pelas terras vizinhas nesses tempos.
Dominava excelentemente a técnica posicional, e não deixava
escapar posições de desfecho combinativo rápido. É o caso do diagrama, em que, com pretas, “liquida” o romeno Dyner fulminantemente. De uma partida de 1938.
AS PRETAS JOGAM E GANHAM
Uma partida incaracterística do estilo de O’Kelly é a miniatura que
segue, na qual abre com PR, raríssimo nele, sobretudo na sua fase
madura. Com pretas, a lenda do xadrez norteamericano Arnold
Denker. Abertura Espanhola, ou Ruy Lopez. Mar del Plata, 1948. 1
e 4 e 5 2.Cf3 Cc6 3. Bb5 f5 (a variante Janisch ou Schliemann, que
hoje se vê raramente) 4. Cc3 fxe4 5. Cxe4 d5 6. Cxe5 dxe4 7. Cxc6
bxc6 (Mais tarde melhorou-se a defesa com 7…. Dd5! 8.c4 Dd6 9.
Cxa7+ Bd7 etc) 8. Bxc6 Bd7 9.
Dh5+ Re7 10.De5+ Be6 11.d4 exd3n.p. 12.Bg5+ Cf6 13. 0-0-0 Rf7
14. The1 Bxa2? 15. Da5 Be6 16. Bxf6 Dxf6 (Também insuficiente é
16…. Gxf6 17. Txe6 seguido de 18. Bxa8) 17. Txe6!! Dxf2 (Se
17…,Rxe6 18. Dd5+ Re7 19.Dd7 mate) 18. Txd3 Rxe6 19. Dd5+ Re7
20. De5+ as pretas abandonam. Além de perderem a dama 20…
Rf7 21. Tf3+ Dxf3 22. Bxf3 as pretas não têm forma de salvarem a
qualidade – T a 8 atacada pelo Bf3.
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SOLUÇÕES
1…. Tf1+, abandona. Se 2, Cxf1 De4+ 3. Rg1 Ch3 ++ ; se 2.Rg2
Dg3++ e se 2. Txf1 Dxd6.
As pretas jogam 1…., e3-e2 e depois de, efectivamente, 2.Dc7
foram surpreendidas por Dg3+!!, e após 3.Rxg3 e1=D+
xeques sucessivos levam ao mate.
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Viagens
Contribuímos para uma melhor qualidade de vida.
Percorra Portugal e o Mundo connosco!
PORTUGAL
PÁSCOAS
A força da tradição
PROCISSÃO DAS ENDOENÇAS Páscoa em Entre-os Rios
Uma tradição secular cheia de devoção
PARTIDAS:
LISBOA/SANTARÉM/LEIRIA/COIMBRA
05 a 09 de Abril
PÁSCOA TRADICIONAL
TRANSMONTANA
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Preço por pessoa em quarto duplo: €
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SEMANA SANTA EM BRAGA
FÉRIAS DA PÁSCOA NA ILHA
DOURADA - PORTO SANTO
PARTIDAS: LISBOA
06 a 10 Abril
Preço por pessoa em quarto duplo:
€475,00
VIAGENS TEMÁTICAS
Lazer e cultura
(MOURILHE BOTICAS/CHAVES/VILAR
DE PERDIZES/MONTALEGRE/PITÕES
DAS JÚNIAS)
Uma Semana Santa recheada de tradições,
que dá a conhecer um pouco mais dos
costumes culturais, religiosos e
gastronómicos desta bela e misteriosa
região.
PARTIDAS: LISBOA/LEIRIA
05 a 09 de Abril
Preço por pessoa em quarto duplo: €
450,00
PARTIDAS: SETÚBAL/LISBOA
/SANTARÉM/LEIRIA/ - 05 a 09 Abril
Preço por pessoa em quarto duplo:
€ 385,00
PÁSCOA EM CASTELO DE VIDE
PARTIDAS: BRAGA/PORTO/AVEIRO
05 a 09 Abril
PEQUENA ROTA DOS SOLARES E
DO VINHO VERDE - Minho
(ARCOS DE VALDEVEZ MELGAÇO/
PONTE DE LIMA/PÓVOA DO
LANHOSO)
O vinho verde é para dar de beber à
alma
PARTIDAS: BEJA/ÉVORA/LISBOA
13 a 15 de Abril de 2007
Preço por pessoa em quarto duplo: €
245,00
PÁSCOA EM ALBUFEIRA
PARTIDAS:
PORTO/COIMBRA/SANTARÉM/LISBOA
NOVIDADE
CIRCUITO DA OLARIA
Arte e tradição no Alentejo
VIANA DO ALENTEJO - ALCÁÇOVAS)
Inclui almoço regional com actuação de
grupo de cante alentejano
PARTIDAS: COIMBRA/LEIRIA/LISBOA
05 a 09 Abril
20 a 22 de Abril de 2007
Preço p/pessoa em quarto duplo: € 320,00
Preço p/pessoa em quarto duplo: € 240,00
Preço p/pessoa em quarto duplo: € 275,00
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Viagens
ROTA DOS ESCRITORES DO
DOURO E TRÁS-OS-MONTES
(PORTO/ AREGOS-TORMES /
AMARANTE/VILA
REAL/SANTA MARTA
DE PENAGUIÃO/
SABROSA/
PINHÃO)
Eça de Queirós Teixeira de Pascoais
- Camilo Castelo
Branco - João de
Araújo Correia Miguel Torga
PARTIDAS:
PORTALEGRE/COVILHÃ/GUARDA/VISEU
PROGRAMA
ESPECIAL
O MELHOR DO BRASIL
SÓ COM O INATEL
IX ENCONTRO LUSO
BRASILEIRO/TURISMO
SÉNIOR
27 a 29 de Abril 2007
Preço por pessoa em quarto duplo: €
215,00
INATEL
INTERNACIONAL
ESPANHA
CIDADES PATRIMÓNIO DA
HUMANIDADE - SANTIAGO DE
COMPOSTELA
25 a 28 Abril 2007
PARTIDAS:
LEIRIA/COIMBRA/AVEIRO/PORTO
Preço por pessoa em quarto duplo:
€259,00
Convidamo-lo a atravessar o
Atlântico e a estar presente em mais
um ENCONTRO LUSOBRASILEIRO. Reviva a história, as
descobertas e deixe-se envolver pela
beleza tropical.
FESTAS
FALLAS DE VALENCIA 2007
(Autocarro)
15 a 21 Março de 2007
PARTIDAS:
COIMBRA/LEIRIA/SANTARÉM/LISBOA
Preço por pessoa em quarto duplo:
€715,00
MUSEUS DE
ESPANHA MADRID
30 Março a 03
Abril 2007
PARTIDAS:
LISBOA/SANTARÉM/COVILHÃ/GUARDA
Preço por pessoa em quarto duplo:
€479,00
FRANÇA
FÉRIAS DA PÁSCOA EM PARIS
PARTIDAS: LISBOA/PORTO/FARO
02 a 07 Abril
Preço por pessoa em quarto duplo:
€755,00
(O preço não inclui taxas de aeroporto,
segurança e combustível)
ITÁLIA
SEMANA SANTA EM ROMA
PARTIDAS: LISBOA
04 a 08 Abril
A realizar em Vitória, capital do
Estado de Espírito Santo, na 2ª
quinzena de Maio
ROTEIROS PREVISTOS:
Rio de Janeiro/Vitória/Belo
Horizonte/Ouro Preto/Mariana/
Congonhas/Petrópolis
Rio de Janeiro/Vitória /Prado/
Porto Seguro/Ilhéus/Salvador
São Paulo /Vitória /Rio
Preços e programas a divulgar
oportunamente
FAÇA JÁ
A SUA RESERVA
Preço a divulgar oportunamente
Informações e reservas nos balcões de venda da Sede e Delegações
Sede/Loja do Turismo: Calçada de Sant’Ana 180, 1169-062 Lisboa
Telf. 210027160/61/62 fax: 210027170
e-mail: [email protected] endereço: www.inatel.pt
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CUPÕES CLUBE TEMPO LIVRE
NOTA: os cupões para aquisição de Livros são válidos até ao final do ano de 2007
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2007
DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
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31de Dezembro/2007
2,74
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DESCONTO
Este cupão só é válido na compra
de 1 livro constante da nossa secção “ Novos livros ”, onde está incluído o preço de venda ao público (PVP) e respectiva Editora
Clube
TempoLivre
2,74
Euros
VALIDADE
31de Dezembro/2007
Remeter para
Clube Tempo Livre –
LIVROS, Calçada de
Sant’Ana nº 180 –
1169-062 Lisboa, o
seguinte:
G Pedido, referenciando a editora e o título
da obra pretendida;
G Cheque ou Vale dos
Correios, correspondente ao valor (PVP)
do livro, deduzindo
2,74 euros de desconto do cupão.
G Portes dos Correios
referente ao envio da
encomenda, com
excepção do
estrangeiro, serão
suportados pelo Clube
Tempo Livre. Em caso
de devolução da
encomenda, os custos
de reenvio deverão ser
suportados pelo
associado.
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CLUBE TEMPO LIVRE NOVOS LIVROS
CAMPO
DAS LETRAS
ENIGMA DE QAF
Alberto Mussa
224 pg. | 14,70 (PVP)
O enigma é o próprio árabe:
a sua origem, suas
tradições, seu nomadismo,
seus haréns, seus
algarismos, sua escrita e as
múltiplas versões de uma
história que por vezes soam
improváveis, o que as torna
ainda mais encantadoras.
Uma obra de ficção onde o
autor peregrina por
congressos de arabistas e
pelos labirintos das
bibliotecas, confrontando o
que há de autêntico e de
falso em textos milenares.
PENSAR A MÚSICA,
MUDAR O MUNDO:
FERNANDO LOPESGRAÇA
Mário Vieira de Carvalho
268 pg. | 14.70 (PVP)
Lopes-Graça jamais buscou
o êxito fácil perante um
qualquer público e também
nunca se preocupou com a
moda. Manteve a sua linha,
defendeu o seu percurso
próprio, interior, de
construção ou descoberta
da individualidade artística,
como parte integrante de
afirmação da sua própria
diferença ou singularidade
como pessoa.
74 TempoLivre
Fe v e r e i r o 2 0 0 7
CONTO DE INVERNO
William Shakespeare
180 pg. | 14,70
IMPERIUM
Robert Harris
320 pg. | 17,50 (PVP)
Seguindo os modelos
híbridos da tragicomédia
renascentista, esta é uma
história de amor que
atravessa as coordenadas
dos tempos e das idades,
pondo à prova homens e
mulheres na teia complexa
dos seus relacionamentos,
em tudo o que estes têm de
mais digno ou ignóbil. Uma
história de ciúme incontido
e obtuso, de crime e
castigo, de paixão, de dor e
de morte; mas, como
convém ao género, uma
história de final feliz, em
que, pelo eterno ciclo das
estações do ano, a
Primavera se segue ao
Inverno trazendo consigo a
reconciliação e o júbilo.
Primeiro volume de uma
trilogia que nos transporta
até aos últimos quarenta
anos da Roma republicana,
Imperium segue as
carreiras e as vidas dos
homens que lutaram por a
governar, sobretudo de
Cícero. Através dos olhos
de Tirão, seu secretário
pessoal, materializa-se
diante de nós um retrato
vivo e repleto de suspense
do mundo violento,
traiçoeiro, corrupto e
labiríntico da cena política
romana, e em especial
deste prometedor advogado
e orador brilhante.
EDITORIAL
PRESENÇA
CRIANÇA QUE NÃO
QUERIA FALAR
Torey Hayden
240 pg. | 15 (PVP)
Uma história verídica e
comovente da relação entre
uma professora que ensina
crianças com dificuldades
mentais e emocionais e a
sua aluna, Sheila, de seis
anos, abandonada por uma
mãe adolescente e que até
então apenas conheceu um
mundo onde foi severamente
maltratada e abusada. Uma
história inspiradora, relatada
pela própria professora, que
nos mostra que só uma fé
inabalável e um amor sem
condições são capazes de
chegar ao coração de uma
criança aparentemente
inacessível.
EUROPA-AMÉRICA
CRISE
Robin Cook
412 pg. | 25,50 (PVP)
Quando o Dr. Craig
Bowman soube que ia ser
processado por negligência
médica, sentiu-se chocado,
furioso e humilhado. Um
médico devotado, que
suportara duros anos de
formação e trabalhara
continuamente ao serviço
dos outros, tornara-se sócio
de uma selecta clínica
privada, onde podia
finalmente oferecer atenção
personalizada aos seus
pacientes. Mas esta vida
idílica era subitamente
interrompida e tudo podia
tornar-se pior, muito pior.
A RÃ QUE NÃO SABIA
QUE TINHA SIDO COZIDA
E OUTRAS LIÇÕES DE
VIDA
Olivier Clerc
164 pg. | 11,91 (PVP)
Uma rã que está a ser
cozida sem se aperceber,
um bambu que nasce
tardiamente, uma lagarta
que teima em romper o
casulo, uma víbora que se
aquece… As sete histórias
apresentadas servem de
ponto de partida para tirar
sete lições de vida
fundamentais, no caminho
da felicidade.
O OUTRO LADO DE MIM
Sidney Sheldon
308 pg. | 19,90 (PVP)
Num relato apaixonado, o
grande mestre da narrativa
partilha com o leitor a
história da sua vida e não
se poupa aos golpes que a
vida lhe reservou. Fala com
candura dos seus altos e
baixos, dos sucessos e das
críticas, revelando, pela
primeira vez, a sua
intimidade: as suas
profundas perdas pessoais
e a sua busca pela
felicidade.
A CIDADE DO PECADO
Harold Robbins
368 pg. | 22,50 (PVP)
Zack Riordan, filho ilegítimo
de Howard Hughes, e a sua
mãe são expulsos de Las
Vegas por influência do pai.
Porém, Zack volta anos
mais tarde decidido a fazer
fortuna.
As suas aptidões permitemlhe subir na vida e tornar-se
segurança de um casino
onde observa a corrupção,
o dinheiro fácil, a forma
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24-01-2007
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como amigos se atraiçoam
pelas costas e o charme das
mulheres que farão tudo
pela sua grande
oportunidade. Mas a vida
em Las Vegas tem um
preço… e Zack está prestes
a descobri-lo.
GRADIVA
CONTINUEM A MOERLHES O JUÍZO
A LIDERANÇA DE
GUERRA DE CHURCHILL
Sir Martin Gilbert
120 pg. | 12 (PVP)
Só Sir Martin Gilbert, a
maior autoridade sobre a
obra e a figura de Winston
Churchill, seria capaz de
captar e transmitir, num
pequeno livro, a
personalidade sensível e
frequentemente
atormentada, e a acção
decisiva do homem que
lançou e conduziu a
resistência ao nazismo
durante a II Guerra
Mundial. Continuem a
Moer-lhes o Juízo é um
verdadeiro prazer
intelectual, incontornável e
marcante.
AS ORIGENS DA VIDA
DO NASCIMENTO DA VIDA
ÀS ORIGENS DA
LINGUAGEM
John Maynard Smith e
Eörs Szathmáry
288 pg. | 17 (PVP)
Uma perspectiva original
acerca da evolução. Através
de uma escrita claríssima,
os autores explicam as
transições fundamentais
ocorridas na forma como a
informação é transmitida de
geração para geração,
desde o aparecimento das
Page 75
primeiras moléculas
replicadoras até à
capacidade linguística
única dos seres humanos.
PERGAMINHO
O QUE PODE MUDAR
UM GUIA COMPLETO
PARA O AUTOAPERFEIÇOAMENTO
Dr. Martin Seligman
400 pg. | 24 (PVP)
Uma meticulosa
investigação, que aborda os
problemas como
dependências,
comportamentos
compulsivos, depressão e
ansiedade. Inclui técnicas
terapêuticas mais indicadas
para mudar aquilo que
podemos - e queremos mudar, no sentido de nos
tornarmos pessoas mais
equilibradas e felizes.
O SEGREDO DE D.AFONSO
HENRIQUES
Jorge Laiginhas
144 pg. | 11 (PVP)
O autor desvenda, num
romance histórico único,
toda a verdade sobre
aquele que, apesar de ter
nascido “grande demais
desde o baixo-ventre até à
cabeça e demasiado curto
desde os pés até ao dito
baixo-ventre”, é o
incontestável fundador de
Portugal. É num registo
muito particular, com uma
escrita mordaz,
surpreendente e inovadora
baseada em documentação
histórica, que nos é aqui
apresentado um “capítulo”
da história de Portugal
pouco abordado nos
manuais escolares.
ROMA EDITORA
EMERG NCIAS ESTÉTICAS
Annabela Rita
240 pg. | 15 (PVP)
A imagem literária resulta
aqui da confluência de uma
vasta e diversificada
memória cultural e,
particularmente, estética
(literária, pictórica, musical,
etc.).
Revisitando textos de
Almeida Garrett, Cesário
Verde, Sophia de Mello
Breyner e Teolinda Gersão,
Annabela Rita perscrutalhes essa “museologia
íntima”, surpreendendo-se
e surpreendendo-nos na
descoberta do que neles há
de comum e os caracteriza.
NO SÓTÃO DA MEMÓRIA
Alexandre Marta
156 pg. | 10 (PVP)
Esta obra, que, no início, se
apresenta num estilo muito
simples e
encantadoramente infantil,
evolui, depois, para uma
escrita mais elaborada, em
que o leitor se sente a
viajar por espaços de
intimidade, imaginários ou
não, verdadeiramente
aliciantes. Memórias
supostamente adormecidas,
são acordadas em cada
conto de uma forma
inesperada, e vão ganhando
vida com a concretização de
um sonho que o autor
persegue desde criança.
CONVERSAS COM O MEU
PAI
Lauro Portugal
168 pg. | 12 (PVP)
Volume dedicado aos pais
de todas as idades, nas
conversas de cujos filhos se
relatam confidências,
elogios, reparos e
desabafos, que vão da
infância à idade adulta,
passando, naturalmente,
pela fase mais marcante da
vida – a adolescência.
SINAIS DE FOGO
A CONQUISTA DA
FELICIDADE
Jonathan Haidt
436 pg. | 22 (PVP)
Que podemos fazer para ter
uma vida feliz, preenchida e
com sentido? A resposta à
questão do sentido no
interior da própria vida só
pode ser encontrada na
compreensão do tipo de
criaturas que somos,
divididas em muitos
sentidos diferentes.
Com base na sabedoria
antiga e na ciência
moderna podemos
encontrar importantes
respostas a essa questão. A
hipótese da felicidade
resulta de realidades
intermédias e não é algo
que se possa encontrar,
adquirir ou alcançar
directamente.
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24-01-2007
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CLUBE TEMPO LIVRE ROTEIRO
Roteiro Inatel de actividades culturais e desportivas
AÇORES
BRAGA
COIMBRA
GUARDA
Ilha do Faial
Cultura
Cultura
Desporto
ESPECTÁCULOS: dia 10 às
20h30 – Gr. Musical Água
Viva de Braga, em Airão S.
João.
ESCOLAS DE LAZER: cursos
de Danças de Salão e
Latino Americanas,
Tapeçarias de Arraiolos,
Bordados Regionais e
Confecção, Artes
Decorativas, Pintura, Curso
de Educação Musical e
Piano, Guitarra Clássica,
CONCERTO: dias 28 às
21h30 – Gr. de Instr. de
Sopro de Coimbra, na Casa
Municipal da Cultura, em
Coimbra.
Visita: Viagem com Arte à
ARCO - Feira Intern. de
Arte Contemporânea em
Madrid, informações na
Delegação.
Escola de Lazer: Cursos de
“Feitura de Azulejo” e de
“Iniciação à Pintura”.
ATLETISMO: dia 11 às 10h30
- 18º Rampa Cidade da
Guarda e GP Juvenis da
Guarda Gare.
BTT: dia 11 às 9h - passeio “
Os Beirões” em Maçaínhas;
dia 25 às 9h - passeio da
Vela em Guarda.
DAMAS: dia 10 às 14h torneio em Nabais em
Gouveia.
PEDESTRIANISMO: dia 11 às
10h30 - passeio “Estação –
Sé Catedral” na Guarda.
MONTANHISMO: dias 17 a 20
- acampamento, marcha e
escalada “Nevestrela 2007”,
no Covão da Ametade na
Serra da Estrela.
TÉNIS DE MESA: dia 24 às
14h - torneio de TM de “Os
Beirões” em Maçaínhas
TIRO AO ALVO: dia 3 às
14h30 - Torneio “ Cidade
de Pinhel”, em Pinhel; dia
14h30 - torneio de
Carragosela.
TEATRO: dia 3 às 20h
- peça de teatro pelo
Gr. “ As Bicas “”, na
Casa do Povo dos
Flamengos.
MÚSICA: dia 3 às 21h
- Gr. Folcl. dos
Flamengos e Filarm. “
Nova Artista
Flamenguense”, na
Casa do Povo dos
Flamengos; dia 10 às
20h30 - Noite Cult.
com artista locais, no
Salão Paroquial da
Praia do Norte; dia 23
às 21h - Quinteto da
S.F. “ Unânime
Praiense” e Tuna da
S.F. “ Unânime
Praiense “ na Soc.
Filarm. “ Unânime
Praiense, Praia do
Almoxarife; dia 24 às
22h – Gr. “ Clave Sol”
na Praia do
Almoxarife.
EXPOSIÇÃO: dia 23 às
19h – mostra de
Artesanato, Música e
Fotografia na Soc.
Filarm. Unânime
Praiense na Praia do
Almoxarife.
GASTRONOMIA: dia 23
às 19h30 - Feira
Gastronómica com
Pratos regionais e
trad. na Soc.
Filarmónica “
Unânime Praiense “,
Praia do Almoxarife.
FUTSAL: dias 3, 4, 9,
10, 24, 25 – váriso
jogos
76 TempoLivre
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Desporto
Cavaquinho e Canto, informações na Delegação.
Desporto
FUTEBOL: dias 3,4, 10,11, 17
e 18 – jornadas de Futebol
ATLETISMO: dia 4 – prova
de Estrada; dia 18 – prova
de Rampa, em Braga
DAMAS: dia 14 às 21h –
torneio de Carnaval na
Delegação
XADREZ: dia 14 às 21h –
torneio de Carnaval na
Delegação
TÉNIS DE MESA: dia 17 torneio de Inverno em
Guimarães
ORIENTAÇÃO: dias 17 e 18 –
torneios para todos
GINÁSTICA: Classes de
Manutenção na Delegação
e Pavilhão de Guimarães.
JUDO: Classes na
Delegação
ATLETISMO: dia 4 – Prova
de Estrada, Meia Maratona
M/F e IV Estafeta Granja,
Dulmeiro e Soure; dia 17 às
14h30 – torneio de Pista, no
Estádio Univer. de Coimbra.
Damas: dia 3 – início do
Cam. Distrital
Futebol: dias 7, 14, 21, 28 decorrem jornadas do
Camp.
VOLEIBOL: dia 2, 9, 16 e 23
às 21h30 – jornada do
Camp. Distrital.
XADREZ: dia 10 – Camp.
Distrital de Equipas.
Actividades Básicas:
Classes de Ginástica, Judo
e Natação em vários
CCD´s, informações na
Delegação.
COVILHÃ
Desporto
PEDESTRIANISMO: dia 25 Passeio à Serra da Estrela,
“Natureza Deslumbrante”.
ESCOLA DE PARAPENTE:
voos em Linhares da
Beira (tel. 271 776 590
ou 271 212730).
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LISBOA
T E AT R O
DA
TRINDADE
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PORTO
VIANA DO CASTELO
VISEU
Cultura
Cultura
Cultura
EXPOSIÇÃO: A partir do dia
TEATRO: dia 3 - Revista
“Elas e Eles em Brasa” pelo
Gr. de Teatro da Centro de
Instrução e Recreio de
Carreço no Centro Cult. de
Paredes de Coura; dia 10 –
Revista “Elas e Eles em
Brasa” no Teatro Diogo
Bernardes, em Ponte de
Lima; dia 24 às 21h30 ”Oficial e Carpinteiro” pelo
Gr. de Teatro da Assoc.
Cult. do Neiva – A Mó, na
Casa do Povo de Freixo.
JANEIRAS: dia 3 - Encontro
de Janeiras em Perre.
ESCOLAS DE LAZER: cursos
de Bordados e Meias
Rendadas, Folclore,
Cavaquinho e Concertina,
informações na Delegação.
ENTRUDO: dia 18 às 15h -
9 - Pintura de Nuno
Rodrigues, intitulada
“Figurações2004/2007”, na
Galeria da Delegação
VISITA: dia 24 - Passeio com
Historia(s) a Valença
CURSOS: Chi Chuan, Tango
Argentino, Restauro,
Antropologia, Escrita criativa, Língua Gestual
Portuguesa, Literatura
Portuguesa e Socorrismo,
informações na Delegação.
Desporto
Sala Principal
Até ao dia 15 de Março MACBETH
ATLETISMO: dia 25 às 10h Camp. Nacional de Estrada
e Marcha Atlética na zona
do Parque Desportivo de
Ramalde
Desporto:
Sala Estúdio
Até ao dia 18 PROVAVELMENTE UMA
PESSOA
SANTARÉM
Teatro Bar
Até ao dia 24 -
Desporto
MONSIEUR PIPON
FUTEBOL: provas do Camp.
PEDESTRIANISMO: dia 24 às
9h - Percurso Pedestre
“Caminhos da Rusticidade”
em Paredes Coura.
FUTEBOL: dias 4,11,18 e 25
– Camp. Distrital
de Futebol 11
Desfile de Máscaras e
Caretos, em Lamego,
Desfile da Dança Grande ou
Dança dos Cus em Cabanas
de Viriato e Desfile de carros Alegóricos em Lazarim
e às 21h30 - Leitura de testamento frente ao Município
e queima do Entrudo em
Repeses, Viseu.
AMENTAR DAS ALMAS: dia
24 - Ciclo do Canto do
Amentar das Almas, em
Abraveses, Alcofra, Pindelo
dos Milagres, Queira e
Travassós de Orgens.
Desporto
FUTEBOL 11: dias 4, 11, 18 e
25 às 15h – jornadas do
Camp. Distrital.
XADREZ: dia 3 às 14h –
Camp. Distrital no Pavilhão
Gim. em Viseu
Distrital de Futebol 11.
ACTIVIDADES BÁSICAS:
Desporto
GINÁSTICA: Classes de
Manutenção no Inatel
Mouraria (tel. 218861315)
Classes de Hidroginástica,
Ginástica de Manutenção e
Aérobica.
DESPORTO AR LIVRE: dia 25
- Caminhada Vale do Porto
d´Oliveira em Rio Maior.
DAMAS: dia 3 às 14h –
Camp. Distrital no Pavilhão
Gim. em Viseu
GINÁSTICA: Classes de
Manutenção no Pavilhão
Gim. em Viseu
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A CHEFE SUGERE |MARIA TERESINA GONÇALVES | INATEL FOZ DO ARELHO
Cataplana de Lombos de tamboril
com amêijoas da Lagoa de Óbidos
A Foz do Arelho tem uma localização privilegiada
por se encontrar perto da costa, naquela que é
considerada a zona turística do Oeste. A riqueza
que a costa apresenta e a sua proximidade a uma
zona de viveiros de marisco são sem dúvida uma
das características que mais marcam a gastronomia
INGREDIENTES PARA 4 PESSOAS:
8 Pedaços de lombos de tamboril com cerca 50 g
cada (cerca de 400g), 1 Kg de batatas, ½ Kg de
cebolas, ½ Kg de tomate, 1 pimento verde, 1 dl de
azeite, 100 g de miolo de mexilhão, 100 g de miolo
de berbigão, 150 g de camarão, 600 g de amêijoa
com concha da Lagoa de Óbidos, 80 g de presunto,
40 g de linguiça, 4 dentes de alho, 1 copo de vinho
branco, salsa, coentros, sal q.b., piripiri q.b.
PREPARA-SE ASSIM:
deste local. A zona da Foz do Arelho e da Lagoa de
Óbidos compreendem uma extensa “toalha de
água”, com fama pelas pescas nesta zona de
características muito próprias e seus arredores.
Neste local, é típica a captura de marisco, peixes e
outros animais aquáticos, com destaque para
enguias, amêijoas e berbigão, robalo, tainhas,
caranguejos, chocos e mexilhão.
A Cataplana que se confecciona na zona Oeste é
especial pelo sabor e aroma do seu pescado fresco
e variado, constituindo assim uma das iguarias
gastronómicas da Foz do Arelho e Lagoa de
Óbidos.
Tempere os lombos de tamboril com sal. Descasque
as batatas e as cebolas e corte-as às rodelas. Lave,
descasque e elimine as sementes do tomate e do
pimento. Corte o tomate e o pimento em pedaços,
o presunto em fatias muito finas e a linguiça em
rodelas.
Deite um pouco de azeite na cataplana para cobrir
o fundo e disponha em camadas metade das
cebolas, batatas pimentos e tomate. Junte o
mexilhão, o berbigão, o camarão e o tamboril.
Cubra com as restantes cebolas, batatas, pimentos e
tomate. Por fim, coloque as amêijoas, o presunto
em tiras e a linguiça em rodelas.
Tempere com os alhos picados, vinho branco, sal,
piripiri, salsa e coentros picados e o restante azeite.
Feche a cataplana e cozinhe durante 20 minutos.
Vire a cataplana e deixe cozinhar durante mais 10
minutos.
COMPOSIÇÃO POR PESSOA:
• 55,5 g de proteínas; • 9,3 g de gordura; • 65 g de
hidratos de carbono; • 9,3 g de fibra; • 540,5 kcal
INFORMAÇÕES E RESERVAS:
INATEL FOZ DO ARELHO
Rua Francisco de Almeida Grandela, 2500-487 Foz
do Arelho
Tel: 262 975100 - Fax: 262 975140
Email: [email protected]
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moradas
Sede
Calçada de Sant’Ana, 180
1169-062 LISBOA
Telf: 210 027 000
Fax: 210 027 027
e.mail: [email protected]
endereço: www.inatel.pt
Delegações e
Subdelegações
ANGRA DO HEROISMO
Beco do Pereira, 4
9701-868
ANGRA DO HEROISMO
Tel. 295 213 407 /215 038
Fax. 295 212 233
[email protected]
AVEIRO
Av. Dr. Lourenço
Peixinho,144/146
Edificio Oita - 4º E
3800-160 AVEIRO
Tel. 234 405 200 / 207
Fax.234 405 208
[email protected]
BEJA
Rua do Vale, 14,
7800 - 490 BEJA
Tel. 284 318 070
Fax. 284 323 163
[email protected]
BRAGA
Av. Central, 77,
4710-228 BRAGA
Tel. 253 613 320
Fax.253 214 202
[email protected]
BRAGANÇA
R. Alexandre Herculano,
111 - 1º,
5300-075 BRAGANÇA
Tel. 273 331 653
Fax. 273 326 947
[email protected]
COIMBRA
R. Dr. António Granjo, 6
3000 - 034 COIMBRA
Tel. 239 853 380
Fax.239 853 384
[email protected]
COVILHÃ
“Casa de Agostinho
Roseta”
Av. Frei Heitor Pinto, 16-B
6200-113 COVILHÃ
Tel. 275 335 893
Fax.275 327 276
[email protected]
ÉVORA
“Palácio Barrocal”
Rua Serpa Pinto, 6
7000-537 ÉVORA
Tel. 266 730 520
Fax. 266 730 521
[email protected]
FARO
“Casa Emílio Campos
Coroa”
Rua do Bocage, 54
8004 - 020 FARO
Tel. 289 898 940
Fax. 289 823 521
[email protected]
FUNCHAL
Rua Alferes Veiga Pestana,
1 L, sala 25
9050-079 FUNCHAL
Tel. 291 221 614
Fax.291 228 147
[email protected]
GUARDA
R. Mouzinho da Silveira, 1
6300-735 GUARDA
Tel. 271 212 730
Fax.271 215 779
[email protected]
HORTA
R. Comendador Ernesto
Rebelo, 10
9900 - 112 HORTA
Tel. 292 292 812
Fax.292 293 147
[email protected]
LEIRIA
“Casa Miguel Franco”
R. João XXI, 3-A r/c - Loja D
2410-114 LEIRIA
Tel. 244 832 319/834 017
Fax. 244 834 735
[email protected]
PONTA DELGADA
Rua do Contador, 73-A
9500 - 050 PONTA
DELGADA
Tel. 296 284 684
Fax. 296 283 166
[email protected]
PORTALEGRE
Praça do Outeiro
nº 17
7300-010 PORTALEGRE
Tel. 245 203 675/207 593
Fax. 245 207 569
[email protected]
PORTO
Casa “Jorge de Sena”
Rua do Bonjardim, 495
4000-126 Porto
Tel. 220 007 950
Fax. 220 007 999
[email protected]
Tel. 265 543 800
Fax. 265 543 819
[email protected]
Tel. 231 930 358
Fax. 231 930 038
[email protected]
VIANA DO CASTELO
Rua de Stº António, 117
4900 - 492
VIANA DO CASTELO
Tel. 258 823 357
Fax. 258 811 644
[email protected]
INATEL MADEIRA
Madeira - Santo da Serra
9100-267 SANTA CRUZ
Tel. 291 550 150
Fax. 291 552 227
[email protected]
VILA REAL
Av. 1º de Maio, 70-1º D
5000-651 VILA REAL
Tel. 259 324 117
Fax. 259 372 592
[email protected]
INATEL
SERRA DA ESTRELA
Manteigas,
6260-012 MANTEIGAS
Tel. 275 980 300
Fax. 275 980 340
[email protected]
VISEU
Rua do Inatel
Urb. Quinta do Bosque
3510 - 018 VISEU
Tel. 232 423 762/428 727
Fax. 232 423 781
[email protected]
INATEL OEIRAS
Alto da Barra - Estrada
Marginal,
2780-267 OEIRAS
Tel. 210 029 800
Fax. 210 029 840
[email protected]
Centros de Férias
INATEL ALBUFEIRA
Av Infante D. Henrique,
8200-862 ALBUFEIRA
Tel. 289 599 300
Fax. 289 599 340
[email protected]
INATEL CASTELO
DE VIDE
Rua Sequeira Sameiro, 6
7320 - 138
CASTELO DE VIDE
Tel. 245 900 200
Fax. 245 900 240
[email protected]
INATEL
“UM LUGAR AO SOL”
Av. Afonso Albuquerque
- S. João de Caparica
2825-450 COSTA
DE CAPARICA
Tel. 212 918 420
Fax. 212 900 051
[email protected]
INATEL ENTRE-OS-RIOS
Torre
4575-416 PORTELA PNF
Tel. 255 616 059
Fax. 255 615 170
[email protected]
SANTARÉM
Prta. Pedro Escuro, 10-2º D
2000-183 SANTARÉM
Tel. 243 309 010
Fax. 243 309 014
[email protected]
INATEL FOZ DO ARELHO
R Francisco Almeida
Grandela, 17
2500-487 FOZ DO ARELHO
Tel. 262 975 100
Fax. 262 975 140
[email protected]
SETÚBAL
Praça da República
2900-587 SETÚBAL
INATEL LUSO
Rua Dr. Costa Simões
3050 - 226 LUSO
INATEL
SANTA MARIA DA FEIRA
Santa Maria da Feira
4520-306 SANTA MARIA
DA FEIRA
Tel. 256 372 048
Fax. 256 372 583
[email protected]
INATEL PALACE
Termas - São Pedro do Sul
3660-692 VÁRZEA SPS
Tel. 232 720 200
Fax. 232 720 240
[email protected]
INATEL CERVEIRA
Lovelhe
4920-236 VILA NOVA DE
CERVEIRA
Tel. 251 708 360 a 62
Fax. 251 795 050
[email protected]
INATEL PORTO SANTO
Cabeço da Ponta
9400 PORTO SANTO
Tel. 291 980 300
Fax. 291 980 340
[email protected]
INATEL PIODÃO
6285-018 PIODÃO
Tel. 235 730 100/1
Fax. 235 730 104
[email protected]
INATEL FORNOS
DE ALGODRES
6370-401 VILA RUIVA
Tel. 271 776 016
Fax. 271 776 034
[email protected]
INATEL MONTALEGRE
Lugar de Penedones
5470-069 CHÃ/PENEDONES
Reservas: 255 616 059
(Inatel Entre-os-Rios)
[email protected]
INATEL GAVIÃO
6040-999 GAVIÃO
Reservas: 245 900 243
(Inatel Castelo de Vide)
[email protected]
Parques
de Campismo
INATEL CABEDELO
Av. dos Trabalhadores Cabedelo
4900-056 VIANA DO
CASTELO
Tel. 258 322 042
Fax. 258 331 502
[email protected]
INATEL CAPARICA
Av. Afonso Albuquerque
- S. João de Caparica
2825-450 COSTA DE
CAPARICA
Tel. 212 900 306
Fax. 212 911 553
[email protected]
INATEL
SÃO PEDRO DE MOEL
Av. do Farol, 2430-502
MARINHA GRANDE
Tel. 244 599 289
Fax. 244 599 550
[email protected]
Teatro
da Trindade
R. Nova da Trindade
1200-301 LISBOA
Tel. 213 423 200
Fax. 213 432 955
[email protected]
Parque de Jogos
1º de Maio
Av. Rio de Janeiro
1700-330 LISBOA
Tel. 218 453 470
Fax. 218 473 193
[email protected]
Parque de Jogos
de Ramalde
Rua Dr. Aarão de Lacerda
4100-015 PORTO
Tel. 226 184 684
Fax. 226 109 721
Escola
de Parapente
Linhares da Beira
Tel. 271 776 590
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O TEMPO E AS PALAVRAS | MARIA ALICE VILA FABIÃO
Num desvio do olhar...
Há uma noite, / um tempo vazio, sem testemunhas, / uma noite de unhas e silêncio, / páramo sem margens, / ilha de
gelo entre os dias; / uma noite sem ninguém / senão a sua solidão multiplicada.[…]
Octávio Paz, Espejo, in: Puerta Condenada, 1938-1946. Trad: MAVF
tempestade chega em imagens on-line,
através do monitor. Uma vez mais, os modernos tantãs da comunicação espalham a
notícia aos quatro ventos: finalmente, os
crimes hediondos foram punidos – ainda que com
outro crime que, vestido de legalidade, sempre fica
impune. Na análise das culpas, a memória torna-se particularmente selectiva – e as conivências são esquecidas.
De mãos dadas com o horror, o júbilo faz-se
frenesim, faz-se delírio, mergulha na hipocrisia, na
irracionalidade, dança uma frenética dança macabra
ao som de incandescentes palavras de circunstância.
E fala-se de (in)dignidade, de vingança, palavras de
antiga cepa clássica; fala-se de assassinato, palavra
herdada, por via indirecta, do árabe ashoshin, com o
primitivo significado de “bebedor de haxixe”. Terrível
é que, consumidores de haxixe ou não, os assassinos
se encontrem, neste caso, entre os “civilizados”
subscritores da Declaração Universal dos Direitos do
Homem (Artigo 3º: Todo o indivíduo tem direito à vida, à
liberdade e à segurança pessoal; Artigo 5º: Ninguém será
submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel,
desumano ou degradante; Artigo 10º: Toda a pessoa tem o
direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa
e publicamente julgada por um tribunal independente e
imparcial, que decida dos seus direitos e obrigações ou das
razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela
seja deduzida.)
Os homens não tiveram direito à vida. (Como direito
à vida não tiveram aqueles a quem tinham mandado
matar). Os homens não tiveram direito a um tribunal
independente e imparcial. (Como direito a um tribunal
imparcial e independente não tiveram aqueles a quem
tinham condenado à morte). Os homens eram
assassinos legais – e como tal foram legalmente
assassinados. Em nome da Justiça! Todavia, a pena de
morte, praticada ou defendida pelos próprios países
que se instituem juízes da moral mundial, constitui, em
qualquer circunstância, um castigo cruel, desumano e
degradante – e mais degradante ainda quando
transformada num espectáculo público, em que
executantes encartados admitem um que outro “erro”
A
na execução, tratam uma cabeça que cai com o mesmo
desrespeito com que o malabarista desastrado trata a
bola que fugiu ao seu controlo.
A imagem impõe-se. Em silêncio, os olhos
fecham-se sobre ela.
Não lavo as mãos. Sou testemunha, não por
ofício, mas não sou juiz, nem executor.
Num desvio do olhar, as ideias dispersam-se,
refugiam-se em distâncias e tempos longínquos.
Diziam-nos primitivos, selvagens. Jamais assinaram
qualquer declaração dos direitos de quem quer que
fosse e do que quer que fosse; jamais caminharam por
ruas asfaltadas; jamais souberam o que era um
tribunal. As suas leis foram sempre as leis da selva - da
selva remota da Nova Guiné ou das pradarias da
América do Norte, num tempo prévio à chegada do
homem civilizado com o seu poder de destruição.
ão obstante, um homem que tivesse morto
alguém, inclusive na prática da guerra, era
considerado “impuro”, até se ter submetido a cerimónias de propiciação do espírito
daqueles a quem, pela força das circunstâncias, tinha
tirado a vida, sem lhes negar o seu respeito. Em
primeiro lugar, lavava-se da sua culpa – matar não era
considerado, como nos “países civilizados”, um asséptico acto institucionalizável, profissão com obrigação
de colarinho branco e direito a reforma. Purificado,
física e espiritualmente, mediante o cumprimento de
dias (ou meses!) de isolamento e abstinência, regressava ao convívio dos seus, com quem, num cântico de
homenagem e pacificação, se dirigia à sua vítima,
dizendo: “Não estejas zangado por estar connosco a
tua cabeça. Tivéssemos menos sorte, seriam as nossas
que estariam na tua aldeia. Realizámos sacrifícios para
apaziguarmos o teu espírito, que agora pode repousar.
Por que foste nosso inimigo? Não teria sido melhor
sermos amigos? O teu sangue não teria, então, sido
derramado, e a tua cabeça estaria contigo.”
Sobre a resposta do inimigo, tudo é silêncio.
Lá fora, o dia é límpido e inocente. Devia ter
escrito sobre ele…I
N
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CRÓNICA |JOAQUIM LETRIA
As nossas vaquinhas, tlim, tlão
Sempre que vou aos Açores, perco-me de amores. É assim desde a infância, mas agora
acentua-se, e noto-o mais porque hoje em dia só nos Açores encontro vacas malhadas,
pretas e brancas. E é pelas vacas leiteiras que eu me perco.
o Alentejo, e mesmo na Holanda, as
vacas estão a ficar maioritariamente castanhas e já não são o que eram , uma
coisa que noto sempre que vou a um
sítio, ou a outro. Em Espanha, onde os touros estão
cada vez piores e chegam às praças muito estropiados, também as vacas estão diferentes. Tão modificadas estão as vacas em Espanha que lá é difícil distinguir uma vaca duma choca. Uma choca é um
macho com quem os touros se dão bem, apesar de
lhes votarem, naturalmente, o maior desprezo.
Alguém disse que o olhar vazio duma vaca é
consequência da tristeza eterna do animal. Mexemlhe nas tetas mas nunca a beijam. Contam-me que
quando aqui há tempos houve uns patuscos que
quiseram fazer do Alentejo um jardim zoológico, ou
uma reserva de caça grossa, uma vaca apaixonou-se
por um búfalo, o que, para os dois animais, viria a
ser um caso dramático, que deu azo à maldade
humana, pois um tratador menos sensível, que não
suportava ver a vaca e o búfalo de cabeças
encostadas, tratou de separar os animais, o que
redundou numa tragédia.
O búfalo acabou por esquecer a vaca e esta morreu
de desgosto sem uma palavra amiga, sequer, dos
amantes e protectores dos animais, dispersos por
outras frentes : elas nuas, a desfilarem pelas ruas de
Pamplona, ou à porta do El Corte Inglês, contra os
touros de morte e os casacos de pele, eles distraídos
por copinhos de vinho tinto nas tabernas de
Barrancos ou junto à tenda dum circo com animais
amestrados. A vaca portou-se com a maior dignidade.
Morreu sozinha, como uma vaca louca. Louca de
amor por um búfalo arrancado ao Serengueti.
Graças a Deus que esta história de amores
contrariados não chegou a Bruxelas nem aos
N
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Fe v e r e i r o 2 0 0 7
ouvidos do Barroso, o que permite que os Açores
continuem a dispor de vacas leiteiras, malhadas,
pretas e brancas, mantendo intacta a paisagem
verde, de fumos sulfurosos, com vacas sentadas e
deitadas, sem necessidade de se moverem para
encontrarem que comer, de olhos vazios e com
expressões de fêmeas mal agradecidas. Bruxelas é
um perigo para as vacas. Multa-as, se dão leite a
mais, ou manda abatê-las, se suspeita que estão
loucas.
Os ingleses, por exemplo, abateram onze milhões
de vacas com medo que elas enlouquecessem. A
mim, tudo isto se afigura um exagero, ao contrário
do que pensam médicos, veterinários e biólogos,
cientificamente mais preparados para pensarem
como pensam, ou seja, julgarem o contrário do que
eu, convencido, como estou, que nos encontramos
nas mãos de gente mais louca e perigosa do que as
vacas, e que estas, a enlouquecerem-nos, já o fazem
há muito tempo, não é de agora.
ntre a gente louca que de nós dispõe, há
quem seja pior do que as simples vacas loucas, porque se há quem não tenha juízo,
também há quem não tenha vergonha, o
que faz ainda mais falta. Penso que o mais importante é sabê-lo, para não se vir a sofrer desgostos
inúteis. O início deste ano não poderia ser mais
desconsolado e humilhante para a maioria de nós. E
o ano ainda agora começou, pelo que o seu desfecho
é, justamente, uma incógnita. Ainda não temos que
reconhecer que nos deixámos levar. Mas dá-me
ideia que, para já, estamos desconcentrados. Como
as nossas vaquinhas, quando enlouquecem…mas
que vacas tão chaladas, não dão leite, não dão
nada…tlim-tlão!
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Fevereiro 2007