N.º 67 | jan-fev 2012 | 2,50 € A revista dos profissionais da restauração estratégia na restauração entrevista Rafael Ventura “Uma estratégia deve ser revista sempre que não se verifica o retorno pretendido” UM dia com Diogo Noronha e Nuno Bergonse Duas cabeças, uma só estratégia na cozinha www.recheio.pt Lojas certificadas: Fig. Foz, Viseu, Aveiro, V. Real, Castelo Branco, T. Vedras, Braga, Mirandela, Abóboda, Fogueteiro, Ermesinde, Mercado, V. Conde, T. Novas, Leiria, Barreiro, Aeroporto, Barcelos, Albufeira, Plataforma Porto, Loures, C. Rainha, Porto, Portimão, Lagos, Faro, Plataforma Lisboa, Tavira e Madeira. Este concurso é uma iniciativa de: Organização: Depois de mais uma edição deste grande concurso promovido pelo Recheio e pela Norge foram consagrados três novos vencedores, em três categorias distintas: publicidade Tradicional João Lopes, Hotel Príncipe da Beira. Prato - O Bacalhau da Noruega, a couve e o grão. Rápida Samuel Duarte, Alba Villas. Prato - Pastel de Bacalhau da Noruega em grão. Gastronómica Duarte Eira, Casa da Calçada. Prato - Bacalhau da Noruega assado numa versão contemporânea. Todos os participantes desta edição estão de parabéns pela sua excelente prestação e criatividade. Os vencedores terão agora a oportunidade de rumar à Noruega, onde participarão num curso intensivo do prestigiado Gastronomic Institute. Vamos continuar à descoberta de novos talentos para mais receitas inspiradas num dos ingredientes mais apreciados em Portugal, o bacalhau. Pela culinária, inovar, inovar. :editorial Estratégia: o seu negócio já tem uma? Neste início do ano, trazemos-lhe um tema que, além de transversal a todos os negócios, assume uma importância decisiva em qualquer organização. Estratégia é uma palavra que muitos consideram teórica e académica, mas que, no final do dia, é a área de gestão onde se encontra a visão que temos para o nosso negócio, com as nossas capacidades e experiências profissionais que nos podem tornar diferentes e atraentes para os nossos clientes. Conheça também por isso, as opiniões de um especialista sobre este assunto, na rubrica de entrevista. Rafael Ventura, diretor-geral de uma das principais consultoras na área da restauração e hotelaria, explica-nos a importância da estratégia para os negócios deste setor. Em reportagem, falamos-lhe de uma tendência crescente na restauração: as reservas online. Com vantagens para restaurantes e consumidores, pode ser uma mais-valia na gestão, principalmente num contexto em que a Internet tem um peso cada vez maior. Saiba também neste número tudo sobre a 7.ª edição da Revolta do Bacalhau, o concurso gastronómico organizado pelo Recheio e pela Norge, que este ano se democratizou ainda mais, ao contar com três categorias e três vencedores. Conheça ainda as principais conclusões dos dois dias do Congresso Nacional dos Profissionais de Cozinha , cujo tema era a ligação gastronómica entre Portugal e França. Um evento que contou com o Recheio como patrocinador principal. Despeço-me parafraseando o administrador delegado de Jerónimo Martins, Pedro Santos, que numa carta recente enviada a todos os colaboradores do grupo escreveu “se o pior está para vir, o melhor de nós também ainda está por se revelar”. Com amizade e até sempre, David Azevedo Lopes Diretor-geral do Recheio Cash & Carry Revista disponível em formato PDF em www.recheio.pt. Esta revista foi redigida nos termos do Novo Acordo Ortográfico. ficha técnica Propriedade e edição: Recheio, Cash&Carry, S.A., Rua Ator António Silva n.º7, 1600-404 Lisboa NIF: 500145415 Diretora: Paula Hortinha Diretora Adjunta: Rita Duarte Redação: IA&RB, Isabel Afonso e Rui Botelho, Lda., Av. Marechal Carmona 462, 2750-312 Cascais Colaboradores: Amílcar Malhó, Arlindo Madeira, Hélio Loureiro, Isabel Margarido, Luís Figueiredo, Luís Lopes, Margarida Sabino, Pedro Breda, Rita Martelo, Rita Soares, Rui Santos, Susana Pasadas, Teresa Fernandes, Vítor Almeida, Vítor Esteves Departamento Comercial: Rita Duarte Direção de Fotografia: Produções Suaves Direção Gráfica: IA&RB, Isabel Afonso e Rui Botelho, Lda. Pré-impressão: Ideias Práticas, Lda. Impressão: Prodout – Gestão e Produção em Outsoursing, Lda. Handling: BM Apoio, Soc. de Atividades Publicitárias, Lda. Depósito Legal: 268343/07 Registo E.R.C. nº: 125332 Publicação: Bimestral Tiragem: 50.000 exemplares 06 Notícias do setor 08 Um dia à moda do Chefe Diogo Noronha e Nuno Bergonse Conheceram-se em Barcelona, em 2006, e quatro anos depois abriram um negócio juntos. Atualmente, o restaurante Pedro e o Lobo é ainda um “projeto em construção”, mas afirma-se como um dos espaços mais aclamados de Lisboa. 12 Reportagem Revolta do Bacalhau 16 Nutrição 17 Segurança alimentar 18 Dossier 23 Opinião 24 Tendências 26 Menu do Chefe 29 30 Reportagem MasterChef Cliente da casa Portugália A 10 de Junho de 1925 abriu, na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, a primeira Cervejaria Portugália. Oitenta e seis anos depois, o Grupo Portugália Restauração conta com 38 unidades, emprega 877 colaboradores e é a maior cadeia portuguesa de cervejarias. 4 notícias recheio 32 Saúde Pública e Medicina do trabalho 33 Segredos da Cozinha :índice 34 Entrevista Rafael Ventura Analisar o mercado e o próprio negócio são pilares essenciais para definir uma estratégia. Rafael Ventura, consultor na área da restauração e hotelaria, ajuda-nos a definir este conceito e explica qual a sua importância no contexto de uma empresa. 37 Cliente frequente 38 Vinho & companhia 40 Gestão ambiental 41 Conselho jurídico 42 Sabores de Portugal 43 Opinião 44 ACPP em foco 45 Reportagem Congresso Nacional dos Profissionais de Cozinha A conclusão começou a desenhar-se logo nas primeiras apresentações e dois dias de congresso serviram apenas para a confirmar. As cozinhas portuguesa e francesa estão intrinsecamente ligadas. E não é apenas pela técnica. 47 Opinião 48 Equipamentos 49 Gestão na restauração 50 À mesa com notícias recheio 5 :notícias do setor IVA na restauração a 23% É oficial e a notícia não foi bem recebida. Tanto a AHRESP como a APHORT, as principais associações do setor, demonstraram o seu desagrado, acusando o governo de abandonar os empresários da restauração e hotelaria, obrigando-os a tomar medidas extremas nos seus negócios. Lisboa Sem Reservas Chefe e apresentador do programa No Reservations, Anthony Bourdain veio a Lisboa no passado mês de dezembro. Esta é a segunda vez que grava em Portugal, sendo que a primeira foi nos Açores. Tiago Bonito é Chefe Cozinheiro do Ano Organizado pelas Edições do Gosto em parceria com a ACPP – Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal, o concurso Chefe Cozinheiro do Ano já se confirmou como um dos mais importantes certames de gastronomia realizados em Portugal. A sua 22.ª edição tem como vencedor Tiago Bonito, chefe do Vilalara Thalassa Resort (Armação de Pêra), que, não contente com o primeiro lugar, arrecadou que distingue o concorrente que se ainda o prémio Helmut Ziebell – destaque numa das suas criações pela inovação –, com a sua sobremesa. O vencedor prepara-se para a aperfeiçoar a sua técnica culinária com o Chefe Grant Achatz, no Alínea, em Chicago. Um restaurante com 3 estrelas Michelin, considerado o 6.º melhor do mundo, pela revista britânica Restaurant Magazine. A prata e o bronze foram para Jorge Sousa, do Hotel Tiara Park Atlantic Porto e António Nascimento, chefe do Hotel Cliff Bay, respetivamente. Restaurante Tágide 1.ª Edição do Chefs Abroad Organizada pela Chefs Agency e a Brandscape, a iniciativa Chefs Abroad surge como um novo veículo para a internacionalização das marcas portuguesas na área da gastronomia. A 1.ª edição aconteceu no passado mês de Novembro, em Bruxelas. Saiba mais em www.chefs-abroad.com Feira do Fumeiro e do Presunto de Barroso A 21.ª edição desta feira ocorre entre 26 e 29 de Janeiro, na vila de Montalegre e conta com 73 produtores inscritos. Esta iniciativa apresenta-se como o maior cartaz turístico da região, esperando-se milhares de visitantes naquela que é a capital do fumeiro. 6 notícias recheio do Paço Páginas de comer e Restaurante chorarTerreiro por mais Nos últimos meses, a ala das livrarias dedicada à culinária portuguesa cresceu a olhos vistos. O mais português de todos os jugoslavos apresenta o seu Papa Quilómetros - Uma Caminhada Pela Gastronomia Portuguesa. Ljubomir Stanisic partilha um livro que, mais do que culinário, é um diário de viagem e uma ode à gastronomia portuguesa. Também Miguel Pires, coautor do blogue Mesa Marcada, decidiu partilhar o seu vasto conhecimento das ruas e vielas culinárias da capital, no livro Lisboa à Mesa. Neste guia, pode descobrir onde comer e comprar as melhores iguarias da cidade. Também a não esquecer o tão útil Lisboa Chefes & Restaurantes, edição 2012, pelas Edições do Gosto. Por entre as categorias Gastronómico – fine dining, Contemporâneo – fresh air e Regional – classic, encontram-se os 30 melhores Chefes e proprietários dos espaços lisboetas. :notícias do setor Tribute to Claudia O festival mais gourmet de Portugal está de volta Edição 2011 Essência do Vinho – Porto 2012 A Essência do Vinho e a Associação Comercial do Porto, com o apoio da Câmara Municipal do Porto, organizam, de 16 a 19 de fevereiro, a 9.ª edição do evento Essência do Vinho, no Palácio da Bolsa. O evento é reconhecido como a mais importante mostra de vinhos no nosso país, reunindo os principais produtores e enólogos portugueses em contacto direto com o consumidor. Os pontos altos do certame são a prova livre de mais de 3.000 vinhos, um intenso programa paralelo de ações conduzidas por especialistas de renome, a eleição do “TOP TEN dos Vinhos Portugueses” e a atribuição dos prémios “Os Melhores do Ano” da revista WINE – A Essência do Vinho. A última edição excedeu todas expectativas ao receber cerca de 20.000 visitantes, dos quais 1.500 foram estrangeiros, e 50 jornalistas e líderes de opinião internacionais. De 12 de 22 de Janeiro, o Vila Joya Boutique Resort organiza a 6.ª edição do International Gourmet Festival, trazendo à sua cozinha 65 Estrelas Michelin, vindas um pouco de todo o mundo. Como vem sendo tradição, a primeira noite oficial, a 13 de Janeiro, intitula-se Estrelas Michelin em Portugal e junta a Dieter Koschina, os Chefes com esta distinção no nosso país, como é o caso de Vincent Farges, Dieter Koschina Benoît Sinthon, Vítor Matos ou Hans Neuner. Nas noites seguintes, são os galadoardos estrangeiros Hans Välimäki, Joachim, Magnus Nillson, Shaun Hergatt, Alain Passard, April Bloomfield, Laurent Grãs, Normand Laprise e Massimmo Bottura que prometem exceder as expectativas dos comensais. Tribute to Claudia, como o nome indica, pretende prestar homenagem a Claudia Jung, fundadora do Vila Joya e grande apreciadora da cozinha de autor, falecida há 12 anos. 12 estrelas na constelação gastronómica portuguesa O momento mais importante do ano para Chefes e restaurantes chegou. O guia mais importante da restauração mundial, o Guia Michelin, divulgou a lista de laureados, para 2012, e Portugal não desiludiu. Além das estrelas que já existiam, duas estreias foram protagonizadas pelo Feitoria (Lisboa-Belém) e pelo The Yeatman (Vila Nova de Gaia). Com uma estrela mantêm-se os restaurantes Largo do Paço – Casa da Calçada (Amarante), o Arcadas – Quinta das Lágrimas (Coimbra), o Tavares (Lisboa), com Aimé Barroyer no lugar de José Avillez, o Hotel Fortaleza do Guincho (Cascais), o Willie’s (Vilamoura), o Henrique Leis (Almancil), o São Gabriel (Almancil) e Il Gallo d’Oro – Hotel Cliff Bay (Funchal). A cozinha de Dieter Koschina, no Vila Joya (Albufeira), mantém as duas estrelas, que detém desde 1999, e o vizinho The Ocean (Lagoa) consegue a também uma segunda. Quem sabe a estrela perdida pelo Amadeus (Almancil). agradecimentos Restaurante Pedro e o Lobo, Lisboa Hotéis Altis, Lisboa Restaurante Eleven, Lisboa Restaurante Casa Aleixo, Porto BestTables, Lisboa Restaurante Quo Vadis, Matosinhos Restaurante Furnas do Guincho, Cascais Grupo Portugália, Lisboa Ventura Hospitality Consulting, Lisboa notícias recheio 7 :um dia à moda do chefe 8 notícias recheio :um dia à moda do chefe Diogo Noronha e Nuno Bergonse duas cabeças, uma só estratégia na cozinha Conheceram-se em Barcelona, em 2006, e quatro anos depois abriram um negócio juntos. Atualmente, o restaurante Pedro e o Lobo é ainda um “projeto em construção”, mas afirma-se como um dos espaços mais aclamados de Lisboa. Texto: Rafaela Mendes | Fotografia: António Cabral Diogo Noronha e Nuno Bergonse em 5 datas 2003 Diogo Noronha e Nuno Bergonse começam a trabalhar como cozinheiros. 2006 Diogo integra a equipa do restaurante Per Se, em Nova Iorque, enquanto Nuno trabalha no restaurante Caravela, em Londres, e depois no VírGula, em Lisboa. 2007 Conhecem-se no restaurante Moo, em Barcelona, onde ambos trabalham. 2008 Da relação profissional e de amizade que os une, nasce a ideia do projeto Pedro e o Lobo. 2010 Abertura do restaurante Pedro e o Lobo, a 16 de agosto. Rigor, exigência e uma abordagem criativa muito própria constituem a bagagem que Diogo Noronha e Nuno Bergonse trouxeram de experiências anteriores e que fazem agora parte da identidade do restaurante Pedro e o Lobo. Uma terceira vertente, a valorização do espaço, foi trazida pelo terceiro sócio, que é arquiteto. Também dessas experiências, nomeadamente em cidades culturalmente dinâmicas como Nova Iorque, Londres ou Barcelona, Diogo e Nuno valorizam algo importante, mas difícil de definir: a capacidade de ser subtil. “Este negócio tem de ter muita subtileza e acho que as cozinhas por onde passámos se revelaram pilares bastante sólidos neste processo de aprendizagem”, explica Diogo. Mas, afinal, qual é o conceito e a estratégia que nascem desta dinâmica? Nuno Bergonse esclarece. “É um restaurante atual, cosmopolita e com uma gastronomia contemporânea. Uma cozinha de perfecionistas.” Uma abordagem que não descura o contexto, com bastante atenção à realidade portuguesa, nem os produtos. “Respeitamos os produtos ao máximo, e tentamos usar técnicas que alinhem com eles na perfeição”, explica Nuno. E respeito não significa ter medo de arriscar, como diz Diogo Noronha, que não vê na cozinha muitos limites. Mas, como em qualquer negócio, também num restaurante o risco tem de ser calculado. Como refere Nuno Bergonse, “o risco no processo criativo só tem razão de ser se for aceite na sala.” Afirmando que não entram em devaneios e tentam, acima de tudo, conhecer sempre melhor o seu público, Nuno explica que o espaço para fazer coisas novas também tem de ser fomentado. “Há margem para arriscar, mas ela também tem de ser criada por nós cozinheiros, senão não há estímulo.” E se, nos primeiros tempos, a presença dos dois na cozinha era essencial para que esta funcionasse, neste momento, Diogo e Nuno já conseguem dedicar algum do seu tempo a pensar no futuro. Um futuro que passa por outros formatos de negócio ou até mesmo um novo restaurante. Embora não adiantem ainda nada de concreto, deixam a ideia no ar. Temos, por isso, de esperar para ver. notícias recheio 9 :um dia à moda do chefe o prato dos chefes Do cuidado em proporcionar uma boa refeição do início ao fim advém a aposta dos Chefes nas sobremesas. De acordo com os seus criadores, para além de desafiar algumas ideias pré-concebidas – por exemplo na conjugação do doce com os gelado de coentros e na diversidade de texturas, sabores e temperaturas –, o prato que se segue presta ainda homenagem à pastelaria portuguesa. Bolo húmido de polenta e marmelos, creme inglês e gelado de coentros (6 pessoas) Massa para as formas –– 150 g de manteiga –– 1 ovo –– 150 g de açúcar em pó –– 350 g de farinha de trigo –– sal q.b. Aparelho do bolo –– 200 g de farinha de milho –– 80 g de farinha de amêndoa –– 5 ovos –– 125 g de açúcar em pó –– 100 g de manteiga sem sal Gelado de coentros –– 200 g de natas –– 60 g de gemas –– 40 g de açúcar –– 1 vagem de baunilha –– 200 g de coentros escaldados Creme inglês –– 200 g de natas –– 60 g de gemas –– 40 g de açúcar –– 1 vagem de baunilha 10 notícias recheio Comece por fazer a massa para as formas, colocando todos os ingredientes num processador até ficar homogénea mas esfarelada, tipo farofa. Depois de triturar, misture bem os ingredientes com as mãos até a massa ficar compacta. Enrole-a em película aderente e deixe repousar no frio durante 4 horas. Com um rolo, abra a massa e corte um disco do tamanho da forma, cobrindo as laterais. Para o aparelho do bolo, bata a manteiga e o açúcar até ficar cremoso. Junte os ovos e mexa até ficar uma mistura branca. Adicione pouco a pouco a farinha de milho e a de amêndoas, esperando que fique homogéneo. Recheie os moldes até metade com este preparado, coloque uma fatia fina de marmelada no meio e termine com o aparelho de farinha de milho. Coza durante 15 minutos a 180ºC. Faça agora o gelado de coentros: misture as gemas com uma parte do açúcar; coloque as natas até aos 83ºC com uma vagem de baunilha; adicione pouco a pouco os ovos e o restante açúcar, até obter uma textura cremosa. Deixe arrefecer e triture com os coentros. Passe por um passador fino e processe na máquina de gelados. Para finalizar, prepare o molho inglês. Misture as gemas com uma parte do açúcar. Coloque as natas até aos 83ºC e junte a baunilha. Adicione, pouco a pouco, o restante açúcar, até obter uma textura cremosa. ReCheio Cash & CaRRy aPReseNta o food cost iDeaL PaRa o seU NeGÓCio. estável competitivo Rentável publicidade www.recheio.pt Os preços que fazem mais pela rentabilidade do seu negócio estão no Recheio. Dos produtos alimentares aos não alimentares; das marcas próprias às grandes marcas da indústria – a escolha é grande, os preços são sempre pequenos. Descubra as soluções rentáveis que cozinhámos para si e saboreie o sucesso do seu negócio. Com o Recheio, claro. :reportagem 1 − Prova da categoria Rápida 7. ª Edição da Revolta do Bacalhau bacalhau à moda de todos Foi na cidade Invicta, que o Recheio e a Norge apresentaram mais uma edição da Revolta do Bacalhau. Novas categorias, novos concorrentes, novas receitas e novos sabores brindaram ao produto-rei. Texto: Luísa Pereira Pela culinária, inovar, inovar. O lema que foi mote de todas as edições tomou vida, mais do que nunca, nesta 7.ª edição. Na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, 16 finalistas, a concurso em três categorias e avaliados por sete Chefes, provaram que há mais de 1001 maneiras de confecionar bacalhau. O desafio? Apresentar novas propostas de receitas de Bacalhau da Noruega, procurando modelos tradicionais ou complementares de uso dos produtos, técnicas e equipamentos para a confeção. Hélio Loureiro, presidente do Júri A acompanhar a Revolta desde a génese É presidente do júri desde a 1.ª edição. Quais as principais diferenças desde o início? O concurso tem evoluído muito do ponto de vista técnico e de participação, pois há cada vez mais jovens a quererem concorrer. Tem havido também uma evolução no conteúdo e na técnica. Porquê instituir três categorias? Havia uma necessidade de que todos os setores da restauração participassem no concurso. :reportagem 01 O prémio final? Um curso intensivo no prestigia- mostrar um pouco os produtos da nossa terra do Gastronomic Institute, na Noruega, onde re- como o grão, o bacalhau e a couve, senti-me mais ceberão formação sobre o pescado. Mais do que seguro”. E a ideia era mesmo essa: “com produtos isto, e como explica o presidente do júri, Hélio portugueses, é possível fazer um prato diferente, Loureiro, “o vencedor terá sempre no seu currí- saboroso e que me permitiu ganhar o concurso. Já culo a medalha sobre o mais tradicional produto foi uma vitória chegar até aqui e fico muito contenportuguês”. A partir daqui te por ter ganho”, concluiu. O lema que foi mote de todas foi cada um por si e todos Já Samuel Duarte, do Alba pelo bacalhau. as edições tomou vida, mais do Villas, venceu na categoria No final do dia, 16 pratos Rápida com o prato “Pastel que nunca, nesta 7.ª edição e 10 horas mais tarde, o júri de Bacalhau da Noruega em deliberou. João Lopes, do Hotel Príncipe da Beira, grão”. Comunicador por natureza, apressou-se a e o seu prato “O Bacalhau da Noruega, a couve e contar como chegou à Revolta. “Estávamos todos o grão”, venceram a categoria Tradicional. Feliz, e no hotel e o Chefe, que já participou o ano pasporque já concorrera anteriormente, explicou por- sado, convidou dois dos meus colegas e pôs-me que lhe fez mais sentido concorrer este ano. “Com o bichinho também a mim. Juntávamo-nos para a aliciante da categoria tradicional, onde poderia fazer os treinos e cada um de nós dava o aval Desta forma, abarcamos todos os componentes que a área incorpora de uma forma não elitista. Na era da cozinha de autor o que esperar destes novos cozinheiros? Sobretudo que sejam autênticos. Que valorizem aquilo que é a gastronomia portuguesa. Aquilo a que se chama cozinha de autor obriga cada um a ser genuíno e essa capacidade vem também das nossas raízes e da procura incessante de ser português e de ser nacional. Não pensa que existe o risco da saturação do mercado? Se houver uma responsabilização das pessoas, e elas não tentarem fazer disto um circo, isso não acontece. Mas se tratarmos a cozinha como um show-off, aí as pessoas vão saturar-se. Há vários jovens que regressam ao concurso. Que significado vê nisto? Quando se concorre a algo deve existir sempre essa humildade e esse espírito de trabalho e de nunca estar satisfeito com o lugar que se ganha, nem que seja o primeiro lugar. Essa responsabilidade que temos quando estamos a concorrer deve ser sempre na esperança de ficarmos cada vez melhores. No meio de tantos talentos, são mais os que ascendem ou os que caem? Quando o trabalho é sério, custa é manter. Subir é sempre fácil. Atingir o topo pode ser rápido, o problema é a competitividade. O que estes jovens precisam é de esforço, trabalho, capacidade de liderança e manter-se fiéis a eles próprios. Saber manter onotícias rigor e a coerência. recheio 13 Vítor Matos, júri da categoria Gastronómica De vencedor a júri da Revolta do Bacalhau 02 Qual a importância deste evento? É importante na medida em que promove o que é a nossa cozinha e os nossos sabores, porque os portugueses ainda são fiéis à tradição. É também importante para os jovens e para as casas onde trabalham, pois estas têm a obrigação de os apoiarem. Quando ganhei, na primeira edição, foi muito importante para mim e tenho cozinheiros a trabalhar comigo que já participaram e ganharam este concurso. Este ano, tenho dois cozinheiros a concorrer, e a nossa função não é fazer-lhes tudo mas mostrar-lhes o caminho. Como é estar no papel de júri? É uma experiência interessante, sem dúvida, mas um pouco estranha. É a primeira vez que estou a fazer isto e dá-me vontade de lhes dizer o que estão a fazer mal e de ser benevolente. Porque isto aqui, mais do que tudo, é uma partilha entre todos e nem sempre o mais importante é ganhar. O que se ganha com as participações nos concursos? Sempre que concorri ao Chefe Cozinheiro do Ano, por exemplo, aprendi mais alguma coisa. Concorri três vezes até ganhar e, de cada vez que o fiz, o meu nível subiu. Percebi que havia pessoas melhores do que eu e aprendi com elas. Ninguém é dono de uma técnica ou de um sabor, e é essa partilha de receitas e experiências que é importante. O que se pede aos concorrentes? Hoje em dia não se come só por comer, também temos de nos divertir, e é isso que pedimos a estes jovens. Que criem ideias que sejam transversais e que brinquem com os sabores e os sentidos, que se tornem geniais e nos surpreendam. Que nos contem uma história. 05 2 − André Cruz; 3 − Cerimónia de entrega de prémios; 4 − Prato vencedor da categoria Rápida; 5 − João Lopes, Samuel Duarte e Duarte Eira; 6 − Prato vencedor da categoria Gastronómica; 7 − Workshop de bacalhau, com o Chefe Marco Gomes sobre o prato que estava a ser feito. E foi assim que fomos melhorando. Posso dizer que o meu prato inicialmente não era nada disto, deu uma volta de 180 graus”. Na cozinha da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto, debateu-se com algumas adversidades. “Tive dificuldade com o tempo, porque os fogões e a fritadeira eram diferentes daqueles onde treinei, mas acabou tudo bem”. Mais do que bem, acabou em vitória! Na categoria Gastronómica, a vitória é novamente nortenha. Seguindo os passos do seu Chefe – Vítor Matos, 1.º vencedor da Revolta do Bacalhau –, Duarte Eira, da Casa da Calçada, vence com “O Bacalhau da Noruega assado numa versão contemporânea”. :reportagem 03 04 06 Visivelmente emocionado, foi parco nas palavras. “Foi difícil. Foi complicado gerir o tempo mas correu tudo bem e estou muito feliz”. Na hora de escolher os vencedores, “o critério que mais pesa é o sabor porque é o que está mais intrínseco”, explica o presidente do júri. “Segue-se depois o mise en place, as técnicas culinárias e a higiene, claro”. Sobre o nível dos concorrentes a cada edição, o júri é peremptório: “Os jovens de hoje cada vez me surpreendem mais, daí que todos os anos vão aparecendo mais técnicas novas, mais novidades e os concorrentes vão sendo cada vez mais criativos e inovadores. Por isso vão aparecendo a cada ano mais sabores, mais texturas e mais inovação”. 07 o júri Presidente Hélio Loureiro (Porto Palácio Hotel) Categoria Tradicional Rui Paula (restaurantes DOC e DOP) Jerónimo Ferreira (Sheraton Porto Hotel & Spa) Categoria Rápida Nuno Barros (restaurante 1300 Taberna) Frederico Carvalho (restaurantes Guilty by Olivier e Olivier Avenida) Categoria Gastronómica Nuno Diniz (York House Hotel) Vítor Matos (Casa da Calçada Relais & Chateaux) notícias recheio 15 :nutrição Rita Soares, Rita Martelo e Susana Pasadas Nutricionistas nutrition value: uma tendência a seguir O valor nutricional das ofertas alimentares assume-se como uma marca de qualidade do serviço prestado. Garantir a adequação dos menus ao público-alvo é uma estratégia importante na restauração. Já pensou em demarcar-se da concorrência através do Nutrition value (conhecimento nutricional)? Cada vez mais, as pessoas estão atentas, informadas e preocupadas com a saúde, bem-estar e aspeto físico, questões a que o seu estabelecimento pode responder. Siga as novas tendências e procure conhecer a população envolvente. Depois, só precisa de seguir as nossas sugestões para “seduzir” futuros clientes: • Seja um bom português. Ajude a melhorar a economia nacional, optando pelos nossos produtos e disponibilizando as origens dos ingredientes. Quanto mais rápido chegarem à mesa, mais salvaguardado é o seu valor nutricional, tornando-se uma mais-valia para a saúde. 16 lizadores. Em média, os homens precisa de doses maiores. Já as senhoras, preocupadas com a linha, vão provavelmente preferir saladas, frutas variadas e sanduíches de pão de mistura ou integral. Como muita gente vai ao ginásio à hora de almoço, e o tempo tem de ser rentabilizado, disponibilize refeições práticas e saudáveis para levar para o trabalho. –– Perto de um spa, a melhor opção são os pratos depurativos e caldosos, como sopas com pequenas porções de carne, peixe, queijo e/ou feijão, saladas, chás, infusões e smoothies, que refrescam e fornecem energia. • “Mediterranize-se”. O convívio durante as refeições faz bem à alma e à saúde. Disponha as mesas por forma a criar um ambiente acolhedor, dando ao dia a dia dos seus clientes um agradável toque familiar. Disponibilize legumes e vegetais em diferentes momentos da refeição, começando com couvert e acepipes (palitos de cenoura, espargos grelhados, shots de vegetais ou azeitonas). –– Se o seu restaurante estiver inserido num bairro cujos residentes já têm a experiência da idade, é importante que os pratos remetam às origens. Uma breve descrição da receita aumenta a cultura gastronómica e o gosto pelas mesmas. Nesta idade, os sentidos podem já não estar tão apurados e o toque das ervas aromáticas vai ajudar a salientar o sabor, de pratos com e sem sal. Tenha disponíveis refeições que se possam levar para casa, em formatos multi-pack, com uma entrada de legumes e uma peça de fruta. • Adapte-se: –– Perto de um ginásio, oriente a sua ementa respondendo às motivações e necessidades dos seus uti- Uma das formas de se diferenciar da concorrência e agradar os seus clientes pode ser através do Nutrition value… Acompanhe esta tendência! notícias recheio :segurança alimentar Teresa Fernandes Coordenadora de Segurança Alimentar da iSBS [email protected] edulcorantes: mais uma opção para uma vida doce Ao longo dos tempos, têm sido utilizados diversos alimentos para adoçar a nossa alimentação, como o mel ou o açúcar. Hoje em dia, temos também uma série de novos edulcorantes (adoçantes), que constituem uma alternativa ao açúcar. Os edulcorantes utilizam-se para substituir o açúcar no fabrico de géneros alimentícios de valor energético reduzido, de alimentos não cariogénicos (que não provocam cáries) e de alimentos sem adição de açúcar para prolongar a validade durante a exposição, bem como na elaboração de produtos dietéticos. Por não causarem cáries dentárias, podem ser utilizados para adoçar produtos como pastas dentífricas e elixires. Os dois tipos de edulcorantes existentes (intensos e hipocalóricos) podem desempenhar um papel importante na alimentação saudável, porque permitem não sacrificar o prazer de consumir alimentos doces. Os edulcorantes intensos proporcionam um sabor doce forte, sem adição de calorias ou com uma quantidade reduzida destas. Como são muito doces, devem usar-se pequenas quantidades. São exemplos de edulcorantes intensos o acesulfame K, o aspartame, o ciclamato, a sacarina, a tautamina e a neo-hesperidina di-hidrochalcona. Existem ainda os adoçantes hipocalóricos ou “póliois”. Têm um poder adoçante menor do que o açúcar (sacarose) e um valor calórico mais baixo. Pertencem a este grupo o sorbitol, o manitol, o isomalte, o maltitol, o xilitol e o lactiol. A legislação comunitária especifica os edulcorantes que podem ser introduzidos no mercado, bem como as suas condições de utilização. Salvo disposições em contrário, os edulcorantes não podem ser utilizados em alimentos destinados a lactentes e crianças de tenra idade. Está também estabelecida a obrigatoriedade de rotulagem dos alimentos que contenham edulcorantes, assim como as respectivas advertências. Deixamos-lhe alguns exemplos: • Polióis (por exemplo sorbitol ou lactitol): “o seu consumo excessivo pode ter efeitos laxativos”. • Aspartame: “contém uma fonte de fenilalanina” (se as pessoas sofrerem de fenilcetonúria, não conseguem metabolizar este aminoácido). • Sal de aspartame-acessulfame: “contém uma fonte de fenilalanina”. O uso de adoçantes, principalmente os articifiais, ainda hoje gera muita polémica. Há quem diga que causam diversos tipos de problemas, mas não existem constatações que realmente validem essas informações. De qualquer forma, é essencial respeitar o seu limite de consumo. notícias recheio 17 :dossier 18 notícias recheio :dossier estratégia na restauração um passo à frente da concorrência A grande mudança no mercado da restauração nos últimos anos é que tudo muda mais rapidamente. Torna-se por isso cada vez mais importante ter estratégias bem definidas e atualizadas para conseguir conquistar clientes antes da concorrência. Texto: Rafaela Mendes No contexto atual, em que o mercado tem muitos operadores e o consumidor tem de escolher constantemente a melhor opção, construir uma estratégia consistente e que seja vivida por toda a empresa é um caminho necessário para ter sucesso. Hoje, é um pilar estrutural de qualquer negócio e não é mais do que um modelo antecipado de comportamento que analisa informações internas e externas à empresa. Com base nessa observação, determinam-se quais as opções a tomar a curto, médio e longo prazo para conseguir diferenciar-se e ganhar vantagem em relação à concorrência. Marketing estratégico – algumas noções Antes de formular uma estratégia de marketing, é necessário efetuar um diagnóstico do próprio negócio (análise de pontos fortes e pontos fracos), assim como do mercado envolvente (oportunidades e ameaças existentes). Daí resultará uma segmentação do mercado que definirá a estratégia de marketing. notícias recheio 19 :dossier Com base nesta primeira análise torna-se depois imperativo estudar de forma profunda a concorrência e a influência dos diferentes tipos de fornecedor e potenciais clientes, o que permitirá antecipar alterações do mercado e o surgimento de novos concorrentes. Outro elemento essencial a analisar (senão mesmo o mais importante) é o produto que tem para oferecer. No caso dos negócios de restauração engloba não só o produto em si – o tipo de gastronomia –, mas também o serviço. Importa perceber o que é (e que necessidades deve satisfazer), para quem é (a que clientes se destina) e como (de que 1 − Restaurante Altis Grill D. Fernando | 2 − Restaurante Hotel forma e com que ferramentas conseguirá satisfazer Altis Coffee Shop | 3 − Restaurante Altis Prime Lounge Caffe 4 − Restaurante Altis Belém Cafeteria Mensagem essas necessidades). No que diz respeito às estratégias competitivas, o que levará o cliente a preferir o seu espaço em detrimento de outros, estas Depois de traçada a estratégia, e para conseguir dividem-se em dois grandes grupos: o custo e atingir com sucesso o mercado em que se insere, é a diferenciação. Se decidir que a sua estratégia assenta no necessário definir uma série de políticas operacionais, baixo custo (cujo controlo pode permitir que ofe- genericamente designadas por marketing mix. Estas reça um preço mais baixo), deverá ser capaz de o analisam o produto, a comunicação, a distribuição e o manter a longo prazo, sob pena de ter apostado preço e constituem a referência básica do gestor nas numa opção que não é viável para o seu negó- atividades e decisões do dia a dia e é importante que cio. Questões como a locaestejam escritas no plano de lização (que implique memarketing da empresa. Construir uma estratégia nores custos), a inovação consistente e que seja vivida por Das análises e decisões antecnológica, as economias teriores declinará o posicionatoda a empresa é um caminho de escala e até mesmo o mento do seu restaurante no necessário para ter sucesso outsourcing ou a escolha de mercado. Trata-se daquilo que produtos que não precisem o distingue da concorrência e de muita manipulação (como os de 4.ª ou 5.ª pode estar baseado em pilares tão diversos como o gama) podem ser o caminho certo para conse- tipo de comida, o serviço ou até mesmo a localização, guir levar a cabo aquilo que determinou. mas deve ser claro o suficiente para que, com o temSe a opção recair sobre a diferenciação, po, os consumidores passem a identificá-lo sem difivariáveis como o tipo de produto, o serviço, a culdades (mesmo que não pensem nele ativamente). formação da equipa, a localização ou a inovação Ruben Paula é professor na Escola de Hotelaria são fatores essenciais para se distanciar face a e Turismo de Lisboa e diretor-geral de três unidanegócios com as mesmas características. des dos Hotéis Altis. Referindo que estratégia é, Algumas notas para construir uma boa estratégia Antes de tomar qualquer decisão estratégia, pense se de facto é válido para o seu negócio. Uma máquina dispendiosa para a cozinha, por exemplo, pode não trazer retorno suficiente para o que vai investir. Nunca perca de vista as suas forças e fraquezas. As coisas boas devem ser exploradas e as menos boas precisam de ser controladas. Considere as opiniões dos seus funcionários. Têm um contacto diário com os clientes que, devido à sua função pode não conseguir ter. Podem apresentar-lhe soluções válidas e sentir-se-ão valorizados nas suas funções. Divida o seu tempo de trabalho. Reserve algum para falar com os clientes e para visitar a concorrência. Afastar-se da realidade pode ser o primeiro passo para perder a noção dela. Pense qual o melhor plano de comunicação para o seu restaurante. Pode mesmo ter um responsável de marketing e relações públicas, que ajude o seu espaço de restauração a estar presente nos media. :dossier 01 03 02 no fundo, a escolha do caminho para atingir os objetivos, resume os grandes pilares a considerar no caso de espaços de restauração. “Deve ter em conta uma análise enquanto Unidade Estratégica de Gestão (o negócio daquele restaurante em específico), assim como os concorrentes e o seu posicionamento no mercado.” A cada negócio a sua estratégia Embora os princípios a analisar para implementar uma estratégia sejam semelhantes, o resultado deve ser diferente e adaptado, resultando de uma conjugação entre a identidade do espaço e as características do mercado. Assim, mesmo quando várias unidades de restauração 04 fazem parte de um grupo, cada uma deve ter a sua estratégia e todas devem interagir entre si. Ruben Paula dá o exemplo da cadeia em que trabalha. “Como todas as nossas unidades se localizam em Lisboa, a nossa estratégia é mais vasta: cada uma foi pensada de forma complementar e a não concorrer com as outras.” Para os responsáveis da Casa Aleixo, um restaurante tradicional no Porto que conta já 63 anos de história com a atual gerência, a análise da concorrência é essencial. Mas quem verdadeiramente determina a estratégia são os clientes. “Estamos sempre atentos às sugestões e fazemos muitas alterações que são solicitadas. Afinal, o cliente é o responsável pelo notícias recheio 21 :dossier 05 5, 6 − Restaurante Eleven Página ao lado − Pratos do restaurante Eleven sucesso do nosso negócio”, diz Sara Oliveira, diretora O papel dos recursos humanos comercial do restaurante. Sendo a restauração um negócio de serviços, os coNo caso do Eleven, restaurante lisboeta gerido laboradores assumem um papel preponderante. De pelo Lágrimas Hotels & Emotions, o tipo de gas- acordo com Ruben Paula, “os recursos humanos são, tronomia praticado é um pilar essencial. De acor- sem dúvida, uma das vantagens competitivas mais do com Miguel Júdice, CEO do grupo, “a cozinha é importantes”. Até porque, se as pessoas da equipa um elemento central da nossa estratégia, é acima não souberem exactamente o que devem fazer e porde tudo através dela que nos diferenciamos e tenta- quê – algo que é estrategicamente definido –, podem mos cativar os clientes”. Por isso, o nome do Chefe estar a “dar o seu máximo”, mas na direção errada. Joachim Koerper faz parte da Este professor diz ainda que assinatura da marca. “as pessoas fazem parte da esPartilhar estratégias melhora Miguel Júdice defende que tratégia e devem sentir que cooa cooperação, o espírito ter um caminho bem definido é peram na sua definição e execuessencial, pois só assim se con- de equipa e o empenhamento ção. Têm de saber como podem segue ter uma proposta de vacontribuir para o sucesso da de todos lor e de conceito coerente. Algo empresa”. Até porque, na sua que, como refere, orienta a equipa “em todas as ini- opinião, partilhar estratégias melhora a cooperação, ciativas”. À semelhança do que acontece com a Casa o espírito de equipa e o empenhamento de todos. Aleixo, também para este gestor ouvir o consumidor Na Casa Aleixo, todos os funcionários são envolvié essencial. “A nossa estratégia é essencialmente defi- dos na análise. Sara Oliveira não tem dúvidas de que nida pelos clientes e pelas suas necessidades.” o sucesso até agora alcançado não seria possível sem Detentor de várias unidades de restauração, o uma equipa informada e motivada. “Almoçamos e Lágrima Hotels & Emotions define para cada uma jantamos todos os dias juntos, e é aí que partilhamos um plano de ação específico. Mas nem tudo é dife- ideias e discutimos o que aconteceu durante o serviço.” rente. “Cada restaurante tem a sua estratégia, mas Uma forma de manter os responsáveis de gestão a par todos partilham uma mesma atitude de serviço de dos desafios diários, mas também de envolver toda a qualidade e de orientação para o cliente”, explica equipa. “Um bom profissional tem de ‘vestir a camisoMiguel Júdice. la’ e sentir que é reconhecido e valorizado”, explica Sara. 22 notícias recheio :opinião Arlindo Madeira Chefe de Sala e Escanção do restaurante Tavares 06 Vinho a copo: servir com moderação Também no Eleven os objetivos são também partilhados com os colaboradores, sendo essencial que estes estejam cientes do que pretende para o restaurante. “O facto de o Chefe Koerper ser um dos sócios e estar presente ajuda nesta consolidação”, refere Miguel Júdice. Num mercado altamente concorrencial, não basta ter um olho para ser rei. Estar sempre alerta para sentir o mercado e ser capaz de pôr em perspetiva o próprio negócio são hoje palavras de ordem para uma definir uma boa estratégia. Sobre estratégia: o que ler Estratégia para PME, José Crespo de Carvalho, Ed. Sílabo Estratégia Empresarial, I. Ansoff, Ed. McGraw-Hill Competitive Strategy, M. Porter, The Free Press Competitive Advantage, M. Porter, The Free Press Sou defensor do vinho a copo, embora não entre em exageros de modas forçadas que nos tentam impor. Nos últimos anos, tem havido um movimento que tenta vender a ideia de que o vinho a copo é a solução milagrosa para um aumento em f lecha das vendas. Supostamente, o cliente sai beneficiado porque não tem de consumir duas ou três garrafas para provar vinhos diferentes durante a refeição. Sendo esta uma verdade irrefutável, devemos no entanto ter em conta a viabilidade económica deste procedimento. Há inclusive restaurantes que baseiam as suas vendas no vinho a copo, o que acaba por se revelar um erro crasso em muitos casos. Por mais que me tentem explicar, não consigo entender como é que um restaurante que serve 40 jantares tem, por exemplo, 50 referências a copo. Mesmo com os aparelhos milagrosos que por aí proliferam, o vinho depois de ser aberto não mais será igual. Ainda que se consiga um ambiente neutro dentro da garrafa, é impossível reter todos os aromas e parte da sua alma perdese. Se tivermos uma garrafa aberta, digamos 3 dias, não estamos a vender exactamente o produto que vem referido no rótulo. E não será isto defraudar o cliente? No fundo, o quero dizer é que não é necessário (nem viável) ter demasiados vinhos a copo, até porque se torna impossível fazer uma boa gestão do produto e oferecer um bom serviço. notícias recheio 23 :tendências 01 02 reservas online o seu restaurante à distância de um clique Depois de décadas dependentes de telefones, agendas ou apenas a memória do Chefe de sala para gerir todo o sistema de reservas, o negócio da restauração entrou finalmente no mundo da alta tecnologia. Texto: Luísa Pereira O dia a dia de um restaurante pode ser muito stressante. Quantas vezes, numa sexta-feira à noite, tocou o telefone e não pôde atender? E durante a manhã? Acha que o cliente volta a ligar ou vai a outro sítio? São estes e outros problemas tão bem conhecidos dos restaurantes que as plataformas online prometem solucionar. Estudos recentes revelam que a maioria das reservas online são feitas no horário mais difícil para se atenderem telefones dentro de um restaurante. Os sistemas de reservas online permitem a qualquer pessoa pesquisar e escolher o restaurante, o dia e a hora e, no mesmo momento, reservar uma mesa de forma fácil, sem perder tempo nem dinheiro com chamadas 24 notícias recheio telefónicas, mesmo quando o restaurante está fechado. “Para o restaurante é como ter um agente de reservas super eficiente, que recebe reservas 24 horas por dia, sete dias por semana”, explica Ricardo Sécio, CEO da BestTables, uma das principais plataformas a operar em Portugal. Como funciona O sistema comporta várias frentes como um software de gestão de reservas onde são carregados os dados de forma a que o sistema faça a gestão da sala com as variáveis específicas de cada restaurante e as políticas de cada gerente, e onde se pode fazer a gestão inte- :tendências 04 05 1, 2 e 3 – Restaurante Furnas do Guincho | 4 e 5 − Restaurante Quo Vadis 03 gral de todas as reservas (telefone, online, etc). Existem também mecanismos para captar e permitir as reservas pelos clientes quando eles querem e podem reservar, independentemente de o restaurante estar fechado ou não atender o telefone. Ricardo Sécio explica que “o cliente que entra no site de um restaurante só liga uma vez para reservar; se não consegue, passa ao próximo da sua lista mental. Em média, apenas 20% dos visitantes dos sites de restaurantes fazem uma reserva. Nas plataformas com reserva online no momento, esse valor triplica”. vantagem do serviço é a facilidade nas reservas e a rapidez de resposta”. Também a plataforma BestTables faz um balanço positivo. Como refere o seu CEO, a excelente aceitação por parte dos restaurantes foi uma das grandes surpresas deste projeto. “O modelo de negócio é justo e com resultados, razão pela qual temos neste momento mais do dobro dos restaurantes do que prevíamos”. Nesta plataforma, o restaurante tem apenas duas rubricas de custos: um pagamento mensal de 10 €, para publicação no guia e utilização da plataforma, e uma comissão por cada pessoa que se senta à mesa do restaurante. Efetuar a reserva Também Hildérico Coutinho, dono e gerente do resAs plataformas disponibilizam ao público toda a informa- taurante Quo Vadis, em Matosinhos, aderiu a este upgração dos restaurantes aderentes. Desta forma, cada clien- de cibernético. “Através deste serviço, evitam-se alguns te pode encontrar o que procura pelo critério que lhe for mal-entendidos, como acontece ao telefone. Também é mais conveniente (preço e menu disponível, por exem- mais atraente para as novas gerações, que se sentem mais plo), sabendo no momento se tem mesa para o dia, a confortáveis”, conclui. Há um ano na plataforma digital, hora e o número de pessoas predecidiu aderir ao serviço quantendido. Além de saber se tem do estes surgiram “com poucos As reservas online prometem mesa disponível, em poucos secustos associados”. Quanto às gundos faz a sua reserva, que no ser, futuramente, uma realidade reservas, ainda não têm a adesão em cada sala de jantar mesmo instante entra na agenda que esperavam, mas já notam do restaurante. Por sua vez, este um pequeno aumento. é informado automaticamente e o cliente recebe o seu Apesar da grande aceitação, ainda há muitos donos e-mail de confirmação com todos os detalhes da reserva, e gerentes que não veem vantagem em pagar por um inclusive o mapa para saber como chegar. serviço online quando já têm mais clientes do que aqueles que podem servir ou clientes que já frequentariam o Tendência empresarial restaurante de qualquer forma. Alexandre Ramos é o gerente do Furnas do Guincho, Sendo uma tendência cada vez mais implementada um restaurante em Cascais aberto há 50 anos. Depois na área da restauração, as reservas online prometem do contacto da BestTables, há um ano, é já um dos ser, futuramente, uma realidade em cada sala de jantar. espaços mais procurados. Apesar de ainda não ter Mais do que uma opção, poderá vir a ser uma questão valores para análise das receitas, afirma que “a maior de competitividade. notícias recheio 25 4,97 € :menu do chefe s/IVA preço menu Vítor Esteves – Chefe Executivo Meal Solutions 1 pessoa Taça de camarão com abacate (4 pessoas) 1,42 € s/IVA food cost 1 pessoa Informação Nutricional Uma porção (240 g) contém Calorias 211 11% Gordura 11,8 g 17% Saturada 2,7 g 14% Açúcar 14,4 g 16% do Valor Diário de Referência para um adulto que tem por base uma dieta de 2000 kcal. Salada Ibéria 250 g 26 notícias recheio Mel 1100 g –– –– –– –– –– –– –– –– 200 g de camarão 60/80 cozido 200 g de salada de alface ibéria 100 g tomate cereja 1 abacate (aprox. 300 g) 2 iogurtes naturais (125 g cada) 2 colheres de sopa (40 g) de mel 1 limão (100 g) cebolinho q.b. Descasque o camarão, deixando a ponta da cauda. Junte o iogurte natural com o mel, o sumo de limão e um pouco de cebolinho picado. Lamine o abacate. Numa taça, coloque a alface com as lâminas de abacate e o camarão. Verta o molho de iogurte sobre esta salada. Decore com tomate cereja e algum cebolinho (inteiro). Cebolinho 100 g Lombo de salmão com ervas frescas (4 pessoas) –– –– –– –– –– –– –– –– –– –– 3,02 € s/IVA food cost 1 pessoa Informação Nutricional Uma porção (300 g) contém Calorias 478 24% Gordura 36,5 g 52% Saturada 6,9 g 35% Sal 2,3 g 38% do Valor Diário de Referência para um adulto que tem por base uma dieta de 2000 kcal. Espinafre 400 g 600 g de lombos de salmão 400 g de espinafres frescos em folha (4.ª gama) 2 dentes de alho 2 colheres de sopa (20 g) de azeite salsa q.b. 1 colheres de sopa (8 g) de sal grosso 200 g de batatinhas novas coentros q.b. cebolinho q.b. 4 tomates cereja Escolha as folhas de espinafres e lave-as bem, escaldando-as de seguida. Coza as batatinhas. Junte metade do azeite, a salsa, os coentros e o cebolinho e triture. Numa frigideira, coloque o restante azeite e os alhos esmagados. Quando estiver quente, braseie o salmão, depois de salpicado com sal grosso. Ponha as batatinhas, sem pele, junto do salmão. Sirva o salmão sobre os espinafres salteados, com as batatinhas à volta. Decore com ervas frescas e os tomates cortados em gomos. Alho Seco Inteiro 500 g Azeite Clássico 3l notícias recheio 27 :menu do chefe Fofo de cenoura em creme de menta e romã (4 pessoas) –– –– –– –– –– –– –– –– –– –– –– –– 0,53 € s/IVA food cost 1 pessoa Ponha ao lume 25 g de açúcar com a hortelã (reserve algumas folhas). Bata as gemas com a Maizena e junte-as ao leite, mexendo até obter um creme homogéneo (passe pelo passador e reserve). Junte os ovos inteiros a 50 g de açúcar e à manteiga, misturando bem com a ajuda de uma batedeira. Quando obtiver um creme claro, junte a farinha, o fermento, a cenoura ralada e o sumo de cenoura. Envolva tudo muito bem e encha formas altas (barradas com manteiga e polvilhadas com farinha). Leve ao forno a 145ºC, durante 25 minutos. Sirva num prato, com o creme de menta, polvilhado com grãos de romã. Decore com um raminho de hortelã. Informação Nutricional Uma porção (190 g) contém Calorias 319 16% Gordura 6g 9% Saturada 3,1 g 12% Açúcar 25,9 g 29% do Valor Diário de Referência para um adulto que tem por base uma dieta de 2000 kcal. Farinha 25 kg 28 notícias recheio 125 g de farinha 75 g de açúcar 5 g de manteiga 2 gemas de ovo 2 ovos inteiros 6 g de fermento Royal (3 colheres de café) 125 g de cenoura ralada 3 colheres de sopa (30 g) de sumo de cenoura hortelã q.b. 170 g de romã 2 colheres de sopa (20 g) de farinha Maizena 150 ml de leite Cenouras 10 kg Leite UHT Meio Gordo 1l :reportagem masterchef lança novas embalagens Recheio aposta na qualidade e inovação A marca própria do Recheio destinada aos profissionais do setor HoReCa está numa nova fase de evolução. Com novas embalagens e lançamento de novos produtos, MasterChef vê assim o seu posicionamento reforçado. Texto: Cláudia Caetano Foi criada em 1997 com o objetivo de satisfazer as necessidades das cozinhas mais exigentes, oferecendo produtos de qualidade em formatos adequados. Desde então, MasterChef tem apostado na inovação e na qualidade, bem como nos preços competitivos, que permitem aos profissionais obter uma maior rentabilidade, através da redução dos custos das matérias-primas. De resto, a importância dada à qualidade fez com que MasterChef visse o seu processo de desenvolvimento de produtos certificado, tendo sido também decisiva para que o Recheio se destacasse como a primeira empresa de distribuição certificada em HACCP – Higiene e Segurança Alimentar. Presente em todas as lojas Recheio, MasterChef conta hoje com mais de 1.000 referências, abrangendo produtos de mercearia, charcutaria, laticínios, congelados, ou ainda produtos não alimentares. Rigor e exigência no desenvolvimento dos produtos De forma a garantir a máxima qualidade, o processo de desenvolvimento dos produtos MasterChef contempla rigorosos testes laboratoriais. Conta também com uma equipa especializada, que garante que os produtos se encontram nas melhores condições de segurança alimentar, mantendo as suas propriedades e características organoléticas, desde o fornecedor até ao ponto de venda. Durante o período que antecede a seleção do fornecedor, o produto por este apresentado sofre uma apreciação, assim como uma validação técnica. Neste processo, são avaliados, entre outros dados, os certificados de sistemas de segurança alimentar (qualidade e ambiente) e são também realizados testes cegos e estudos de mercado. A posterior seleção técnica inclui análises microbiológicas e químicas realizadas por laboratórios credenciados externos. Os fornecedores candidatos são também tecnicamente avaliados, através de auditorias e cadernos de encargos, garantindo que as propostas selecionadas são as que garantem o melhor produto final. Depois de lançados, os produtos e respetivos fornecedores continuam a ser acompanhados e avaliados. Quinze anos após a sua criação, MasterChef continua evoluir e a corresponder às expectativas dos clientes, através da criação de valor para o seu negócio. :cliente da casa 01 02 1 − Maria Martins | 2 − Portugália do Cais do Sodré portugália: tradição e inovação de mãos dadas A 10 de Junho de 1925 abriu, na Avenida Almirante Reis, em Lisboa, a primeira Cervejaria Portugália. Oitenta e seis anos depois, o Grupo Portugália Restauração conta com 38 unidades, emprega 877 colaboradores e é a maior cadeia portuguesa de cervejarias. Texto: Amílcar Malhó | Fotografia: António Cabral Tudo começou num espaço anexo à fábrica de cerveja localizada na Avenida Almirante Reis. A necessidade de servir alguns acepipes e cerveja avulso (a copo) aos clientes que aguardavam que enchessem os seus barris de cerveja tornou-se um conceito de tal êxito que levou à implementação de uma nova forma de consumir cerveja em Portugal. Grupo Portugália Restauração Conta atualmente com 16 unidades Portugália Cervejaria e 15 Portugália Balcão que, no seu conjunto, representam 67,3% das vendas. As duas cervejarias Trindade representam 11,9%, as quatro Brasserie de L’Entrecôte 7,8%; a Ribadouro 6,7% e as quatro Il Mercato di Pasta 3,6%. 30 notícias recheio Depois de muitos anos de incontestável sucesso na casa-mãe, a Cervejaria Portugália modernizou-se. Adaptando-se ao estilo de vida quotidiano, em 1997, expandiu-se, abrindo uma nova unidade no Centro Comercial Colombo. Apesar de o famoso bife com molho à Portugália continuar a ser o favorito dos clientes, foram-se introduzindo novos pratos e novos acompanhamentos, ao mesmo tempo que a rede de cervejarias Portugália crescia, um pouco por todo o país. Com o boom de centros comerciais e novos hábitos de consumo foi criado, em 2004, no Montijo, o Balcão Portugália, “um conceito que garante a mesma qualidade, com um serviço mais rápido e mais competitivo”, explica Maria Martins, responsável de Marketing da empresa. Hoje, na Portugália Cervejaria, o consumidor encontra um espaço agradável, mantendo acesa a tradição e os valores. Um reencontro com o vitral, que há vários anos caracteriza as lojas Portugália, e que nos remete para a imagem de marca do conceito original, a tradição. Já os Portugália Balcão apresentam-se com uma configuração mais actual em que os materiais utilizados transmitem sobriedade, recorrendo a mobiliário com linhas modernas e simples que contrastam com elementos tradicionais, como o azulejo que encontramos em todos os espaços. Para o sucesso da empresa muito tem contribuído a aposta na valorização dos recursos humanos. De acordo com Maria Martins, “em 2009 o Grupo proporcionou 27.770 horas de formação aos seus colaboradores e pretende, num futuro próximo, criar uma academia própria para a formação”. É caso para dizer que na Portugália, tradição e futuro bebem do mesmo copo. :cliente da casa Amêijoas à Bulhão Pato –– –– –– –– a mêijoas azeite alho coentros –– sal –– vinho branco –– limão Lave as amêijoas e reserve. Coloque o azeite numa frigideira e deixe aquecer. De seguida, adicione o alho picado e deixe fritar ligeiramente. Adicione as amêijoas e deixe fritar em lume forte até começarem a abrir, salteando de vez em quando, para envolver os ingredientes. Quando as amêijoas estiverem abertas, tempere com sal, limão e adicione vinho, deixando reduzir para apurar. Polvilhe com coentros picados e sirva de imediato. Açorda de gambas –– –– –– –– pão cozido emulsão de alho creme de marisco água –– –– –– –– coentros picados sal gema de ovo gambas Demolhe o pão e escorra no passador chinês, para retirar o excesso de água. Coloque um tacho ao lume e introduza o pão demolhado e, adicionando a emulsão de alho, misture muito bem e deixe cozinhar. De seguida, junte o creme de marisco dissolvido em água e mexa bem. Deixe cozinhar alguns minutos, até começar a borbulhar e cozer. Junte coentros picados e adicione sal, envolvendo tudo. Deixe cozinhar mais um pouco e prove. Se necessário, retifique o sal. Decore com gambas cozidas e uma gema de ovo, salpicando com coentros. Pudim flan –– leite –– ovos frescos –– sumo de limão –– água –– açúcar –– vinho do Porto Faça o caramelo, levando ao lume açúcar, água e um pouco de sumo de limão. Depois de atingir o ponto de caramelo, coloque uma colher de sopa em cada forma. Misture os ovos, o açúcar, o leite, o sumo de limão e o vinho do Porto, batendo todos os ingredientes, para obter uma mistura homogénea. Passe pelo passador chinês e retire a espuma. Encha as formas de pudim e coloque-as num tabuleiro com água fria, levando ao forno em banho-maria. Os pudins estão cozidos quando atingirem 85ºC no interior. notícias recheio 31 :saúde pública e medicina do trabalho Margarida Sabino Médica Especialista em Medicina do Trabalho o hábito “faz” a saúde pratique exercício físico A atividade física regular é uma das principais bases para a manutenção da saúde em qualquer idade. Também para os trabalhadores da restauração e hotelaria, cuja exigência física é grande, o exercício pode ser uma boa atenuante. Para produzir benefícios substanciais do ponto de vista de saúde, e segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), um adulto (18-65 anos) deve fazer 30 minutos de atividade física, de moderada intensidade, cinco dias por semana, ou 20 minutos de atividade física vigorosa três dias por semana. A actividade física moderada, pode passar por uma mudança de atitude no nosso dia a dia, bastando para isso caminhar a passo moderado ou acelerado para curtas distâncias. Andar a pé ou de bicicleta, especialmente nos meios urbanos, acrescenta exercício à sua rotina diária. Tente usar as escadas em vez do elevador, realizar tarefas de jardinagem ou praticar um desporto que o obrigue a alguma ginástica como natação, vela ou mergulho. Pode também aproveitar o tempo com as crianças caminhando, correndo ou escolhendo jogos que exijam movimento A prática de exercício físico exige um pressuposto – a regularidade – para poder traduzir-se em benefícios para o nosso metabolismo e estruturas musculo esqueléticas. De uma forma simplificada, juntamos alguns exemplos das potencialidades de intervenção positiva na nossa saúde da prática de exercício físico regular: 32 notícias recheio • Redução do risco de doenças cardiovasculares. • Redução do risco de cancro do cólon e diabetes. • Prevenção/redução dos valores da tensão arterial. • Ajuda a controlar o peso, diminui o risco de obesidade e melhora a auto imagem. • Ajuda a prevenir/reduzir a osteoporose. • Reduz o risco de desenvolver dor na região inferior das costas (lombalgias) e diminui as dores nas situações de dor crónica nas costas ou joelhos. • Ajuda a formar e a manter ossos saudáveis, músculos e articulações, e ajuda as pessoas que sofrem de situações crónicas e debilitantes a melhorarem a sua resistência. • Promove o bem-estar psicológico, reduz o stress e a ansiedade. • Ajuda a prevenir ou a controlar comportamentos de risco, especialmente entre crianças e jovens, como os consumos de álcool, tabaco ou substâncias ilícitas, e ajuda a corrigir dietas pouco saudáveis e comportamentos violentos. A prática de exercício físico deverá fazer parte do projecto educacional de todas as crianças, e mais tarde, ser um hábito/estilo de vida cuja manutenção ao longo da vida deverá ser uma responsabilidade e opção individuais na gestão da saúde. :segredos da cozinha puxar a brasa ao peixe São inúmeros os pratos que podemos criar a partir de peixes mais económicos, mas igualmente saborosos e requintados. Numa época em que é preciso economizar e repensar as ementas para tornar os preços acessíveis, aqui ficam algumas sugestões. Texto: Chefe Hélio Loureiro Faça um soufflé de peixe. Desfaça 200 g de pescada n.º 3, cozida e limpa de peles e espinhas, num robot de cozinha. Derreta 75 g manteiga num tacho, junte 60 g farinha e deixe cozer. Junte depois 3 dl de leite frio e mexa. Deixe engrossar e retire do lume. Junte o peixe, temperado com sal, pimenta e noz moscada. Junte ainda 4 gemas e misture. À parte, bata as claras em castelo firme e junte-as ao preparado. Deite num pirex alto, untado com margarina, e leve ao forno a 200Cº. Deixe cozer cerca de 20 minutos e sirva de imediato. Outro prato económico são os folhados peixe. Poderá usar, por exemplo, perca ou solha congelada. Estenda 300 g de massa folhada em retângulos. Leve ao lume 50 g de manteiga com 2 dentes de alho esmagados e salteie 400 g de espinafres. Sobre os retângulos de massa folhada coloque os espinafres e 400 g de peixe em tranches, sem espinhas e sem pele e temperado com sal e pimenta. Cubra com outro retângulo de massa folhada, aperte bem os rebordos da massa, pinte com uma gema de ovo e leve ao forno a 180ºC, durante 30 minutos. As sardinhas são sempre excelentes aliados para pratos económicos. Para um arroz, escame 24 sardinhas, tire as tripas, corte a cabeça, retire as espinhas do meio e tempere-as com sal. Num tacho coloque 0,5 dl de azeite, 200 g de cebola em rodelas finas, alho q.b. e 200 g de tomate em cacho, sem pele e sem sementes, cortado em pedaços. Deixe refogar bem. Acrescente 400 g arroz, tempere com sal, pimenta branca e 1 malagueta, e junte água (4 vezes o volume do arroz), deixando cozinhar durante 12 minutos em lume muito brando. No fim deste tempo mergulhe as sardinhas e deixe cozinhar mais 4 minutos. No momento de servir, junte 40 g de hortelã. notícias recheio 33 :entrevista Rafael Ventura, diretor-geral da Ventura Hospitality Consulting “uma estratégia deve ser revista quando não tem o retorno pretendido” Analisar o mercado e o próprio negócio são pilares essenciais para definir uma estratégia. Rafael Ventura, consultor na área da restauração e hotelaria, ajuda-nos a definir este conceito e explica qual a sua importância no contexto de uma empresa. Texto: Rafaela Mendes | Fotografia: António Cabral Criada em 2002, a Ventura Hospitality Consulting é uma empresa especializada na área do turismo, restauração e hotelaria. Rafael Ventura, o seu diretor-geral, considera que, independentemente da metodologia que se adote para traçar uma estratégia, é fundamental estar atento. Atento ao mercado e atento à evolução do seu próprio negócio. Só assim se poderão tomar medidas de médio e longo prazo que permitam sobreviver, mesmo em contextos agressivos. O que é estratégia? A estratégia, na restauração ou em qualquer outra área, passa por compreender o contexto do mercado, quando e com que recursos se vai atuar, e quais são as principais características diferenciadoras do negócio. Muitas vezes, convém partir de uma folha em branco, sem ideias pré-concebidas. No fundo, a estratégia, num negócio, é a parte do iceberg que não se vê. Conceber uma estratégia implica portanto um estudo do mercado? Sim, é através do estudo do mercado que se podem 34 notícias recheio identificar necessidades ainda não satisfeitas e oportunidades. A partir daí é que se concebe um produto ou um serviço que vá suprimir essas necessidades. Na restauração, vejo três grandes hipóteses: existe já um produto e procura-se adaptá-lo o melhor possível ao mercado; alguém tem um conceito de negócio e faz um estudo de mercado para ver se existe potencial para a ideia; ou então, existe apenas o desejo de investir em determinado mercado que se estudou e se julga ter potencial, concebendo-se depois um conceito ou produto que se adeqúe àquele mercado. Quando falamos de um espaço que já existe numa determinada localização, “encontrar mercado” significa procurar um certo tipo de clientes? Também, mas não só. Pode ser mesmo uma expansão, porque não? No negócio da restauração, faz sentido a expansão a partir de um modelo de negócio. Trata-se de replicar o conceito. E o negócio pode tornar-se ainda mais eficiente, porque gera economias de escala. Quando se inicia um processo de expansão, exige-se também uma nova estratégia. :entrevista notícias recheio 35 :entrevista A estratégia passa por “ver por dentro” e “ver por fora”. Como é que estas duas variáveis se devem conjugar? O que muitas vezes se faz é uma análise SWOT [Strenghts (Pontos Fortes), Weaknesses (Pontos Fracos), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças)], que é uma das ferramentas que existem. Internamente, vamos ver os pontos fracos e os pontos fortes, analisando também a liderança da empresa e os seus gestores. No mercado, vamos ver as oportunidades e as ameaças. Quando fazemos estas análises, normalmente as pessoas focam-se mais nos pontos negativos. No entanto, as ameaças, que são comuns na atual conjuntura, significam também oportunidades. No nosso contexto, por exemplo, há abertura para faixas de consumo mais baixas (tendo em conta que as famílias estão a consumir menos). Um gestor tem de saber onde quer estar em determinada altura, com objetivos de médio e longo prazo Como se devem enfrentar as ameaças? Não devemos ficar presos a elas, mas tomar medidas ofensivas. No entanto, a prudência deve ser um dos pilares de todo o investimento. Na Ventura Hospitality Consulting, temos clientes que se prepararam para a crise, e estão com quebras de apenas 4%. Olharam para movimentos macroeconómicos que nos ultrapassam a todos e tentaram encontrar soluções; analisaram as potenciais fraquezas de um ponto de vista positivo, não se focando demasiado nas ameaças. Acabaram por rentabilizar em coisas tão simples como a política energética, conseguindo reduções. A crise obriga a novas estratégias? Sim. Obriga a boas práticas que, profilaticamente, já deveriam ter sido postas em prática antes da crise. Mas a verdade é que os gestores estão a aproveitar apoios e a ter mais cuidados na gestão. O lado mau é que as mudanças que se devem à debilidade do mercado não são estratégicas, são mudanças de curto 36 notícias recheio prazo e meramente reativas. Uma estratégia só faz sentido se for a médio e longo prazo. Um gestor tem de saber onde quer estar em determinada altura, com objetivos de médio e longo prazo. Qual é a importância de pôr a estratégia no papel? É tudo. Quando colocamos os nossos objetivos num papel estamos a formalizá-los. E este documento deve ser aquilo com que nos confrontamos enquanto gestores. É uma forma de nos comprometermos. Há restaurantes com décadas de existência que, provavelmente, não têm uma estratégia escrita. Existem estratégias “informais”? Existem, sim. Porque o líder sabe perfeitamente por onde e como é que o negócio deve ir. Temos clientes que não têm nada formalizado e que sabem que o ponto fulcral é, por exemplo, o serviço. E passam essa informação no seu dia a dia de trabalho a todos os colaboradores. Se convinha formalizar? Sim. Se quiserem expandir e passar de um ponto de venda para dois ou três, o líder não está sempre ali. Além disso, há que preparar a sucessão. E isto é válido para qualquer restaurante, seja pequeno ou de maior dimensão? O que é válido para as grandes organizações deve ser ainda mais válido para as pequenas, cujo objectivo é crescer. É fundamental para o enquadramento dos seus colaboradores, para que todos compreendam qual é o objetivo da empresa. Qual é a periodicidade para se rever uma estratégia? Uma estratégia deve ser revista quando não tem o retorno pretendido. Devemos estar atentos e olhar para o negócio de uma forma crítica. Muitas vezes, ignoramos os sinais porque isso vai trazer alterações profundas e que vão pôr em causa aquilo que sabemos fazer. Ou seja, descobrimos que o nosso modus operandi já não é correto para o momento. É preciso coragem na gestão para implementar ou mudar uma estratégia. Isso implica, muitas vezes, um esforço pessoal muito elevado que, para pequenas organizações, pode ser doloroso. cliente frequente :entrevista Utiliza a Internet para saber mais sobre restaurantes? Podemos depreender que traçar uma estratégia é ser proativo e não reativo? Sim, e com vários anos de antecipação. Estamos a falar, por exemplo, de recursos humanos que devem atingir um determinado nível de preparação e de competências. E temos de pensar também nos meios financeiros e nas infraestruturas. Mas é claro que há estratégias que depois, na prática, têm de ser alteradas. Definir uma estratégia é diferente para a alta cozinha e para um restaurante médio? A metodologia é idêntica. Só tem de se adaptar a estratégia à sua dimensão. Pode ser mais formal ou menos formal, mas os princípios são os mesmos. Qual a importância dos recursos humanos e da motivação numa estratégia? Se, como gestor, tracei uma estratégia, tenho de motivar os meus colaboradores para que sua implementação seja de tal modo aproveitada que me leve a atingir os fins a que me propus, que são os objetivos de longo prazo. Claro que pode ser complicado para o proprietário de um restaurante desvendar volumes de faturação ou de negócio aos seus colaboradores. Eu pessoalmente, não acho isso negativo. Antes pelo contrário. Essa informação vai trazer-lhes uma maior consciência do negócio e da gestão. É fundamental a transparência para que todos se identifiquem com essa estratégia de resultados. Qual o papel da inovação na estratégia? A inovação é fundamental para que as empresas atinjam os seus objectivos estratégicos. Temos casos em que alterações de procedimentos – apostas focadas nos recursos humanos ou nos equipamentos, ou até no desenvolvimento de matérias-primas – resultaram em ganhos brutais na rentabilidade das empresas. E isto está na mãos de cada empresário, de cada gestor. Inovação é não perder a consciência crítica, de modo a que não deixemos de ver que o que servimos ao nosso cliente já não está bem. É não deixarmos de ir a outros restaurantes nem de nos interessarmos pelo que nos rodeia. Durante anos escolhia somente por ouvir falar ou porque me eram recomendados. Hoje, além de continuar a seguir esse costume, gosto também de investigar na Internet e ler as críticas que são feitas pelos especialistas na matéria. Virgínia Pereira 55 anos, Professora Quando escolho um novo restaurante, por vezes costumo consultar opiniões e ler críticas na Internet, para saber se é bom ou não, ou se se enquadra naquilo que procuro. Mas, maioritariamente, sigo o conselho de amigos. Paulo Barbosa 32 anos, Averiguador de seguros Normalmente, quando escolho um restaurante, vou por referências ou por curiosidade. Não tenho por hábito ir à Internet, a menos que esteja num local que não conheço, e aí pesquiso para saber qual o melhor restaurante da zona. Nuno Santos 30 anos, Técnico Financeiro Não tenho por hábito consultar a Internet para escolher. Por um lado, porque não costumo variar muito os restaurantes onde vou; por outro, porque quando vou a algum novo é por recomendação de alguém. Clara Araújo 31 anos, Gerente de loja notícias recheio 37 :vinho & companhia Luís Ramos Lopes Diretor da Revista de Vinhos os desafios da internacionalização Num mercado interno em contração, exportar faz ainda mais sentido para os produtores de vinho. Mas esse é um caminho exigente, e o sucesso está dependente de muito trabalho, investimento e profissionalismo. Na atual conjuntura, diria que nenhum produtor de vinho português se pode considerar saudável, em termos empresariais, se não exportar 60 ou 70% da sua produção. Bem longe vão os tempos em que o mercado nacional absorvia com relativa facilidade os vinhos produzidos em cada vindima. Muitos produtores, sobretudo os das regiões mais procuradas pelos consumidores, praticamente nem precisavam de vender, limitavam-se a registar as notas de encomenda. Tudo isso mudou drasticamente e não é de esperar que esses tempos voltem. Como não voltarão os apreciadores que levavam vinhos de 25 euros das prateleiras sem sequer conhecer a marca, apenas pela curiosidade de experimentar a novidade. Atualmente, o consumidor nacional é mais conhecedor, mais exigente e, sobretudo, muito mais atento à relação qualidade-preço dos vinhos. Algo que, diga-se de passagem, desde há décadas que caracteriza diversos mercados europeus. Nós é que andávamos distraídos… 38 notícias recheio Exportar é pois fundamental. Mas é mais fácil dizê-lo que fazê-lo. Sobretudo para quem esteve durante demasiados anos acostumado a um mercado interno pouco competitivo. Exportar implica, antes de mais, delinear uma estratégia de exportação que, de forma simplista, se traduz em: em que mercados vou concentrar os meus esforços, com que vinhos, quanto estou disposto a investir em tempo e dinheiro. A seleção de mercados é fundamental, pois há que concentrar esforços e investimentos e só as empresas com alguma dimensão, com grandes estruturas, podem acompanhar devidamente muitos mercados ao mesmo tempo. Um produtor mais pequeno, que não tem condições para contratar um profissional com experiência de exportação, tem de apostar em poucos mercados e aprender sobre eles. Isso implica falar com muita gente, participar em colóquios e congressos, recolher experiências, estudar todo o tipo de indicadores e estatísticas, conhecer os preços médios, saber como funcionam os canais de venda e de distribuição de cada país. :vinho & companhia Selecionados os mercados, há que tentar perceber, Estabelecida uma relação de confiança e de enem função das características do mercado e do volvimento comercial, há que acompanhar o imporperfil e preço dos vinhos que se produz, quais os tador no seu trabalho, sobretudo em ações promomais indicados para promover nesse mercado. Um cionais ou de lançamento de vinhos, o que implica produtor que faz sobretudo vinhos brancos terá também várias viagens por ano. E esse trabalho mais dificuldade num mercado que bebe quase só multiplica-se pelo número de mercados em que tintos, por exemplo. E, noutro exemplo, um produ- se pretende estar. Mas só assim é possível manter tor de vinhos de nicho, de preço elevado, deverá, uma estratégia de exportação a funcionar. Não há numa primeira fase, evitar mercados que apontam forma fácil e barata de o fazer. sobretudo para preços baixos. A fiscalidade varia Os vinhos portugueses têm vários constrangimenigualmente de mercado para mercado, o que im- tos para singrar nos mercados de exportação, e o priplica ajustes (por vezes consideráveis) dos preços meiro dos quais é a muito apagada imagem de Portugal “à saída da adega”, para que os no mundo. Não é fácil vender vinhos vinhos possam ter alguma comportugueses a um norte-americano A seleção de mercados petitividade. que não sabe onde fica este país. é fundamental, pois há Depois, há que partir para Mas os vinhos nacionais também que concentrar esforços o terreno. E aí, o produtor deve possuem algumas facetas que poe investimentos preparar-se para gastar muito dem aproveitar em seu favor. Uma tempo e dinheiro. Conseguir um delas é a diferenciação. Num mercaimportador de confiança num mercado de expor- do global em que os vinhos são cada vez mais iguais, tação leva, normalmente, alguns anos. Até lá, são oferecer um produto diferente, com carácter (seja ele várias viagens exploratórias, muitas participações dado pelas castas ou pelas características da região de em feitas e provas, centenas de contactos, a grande produção) será tendencialmente mais importante. maioria dos quais infrutíferos. E em muitos casos, É preciso interiorizar que o mercado de Portugal, depois de se começar a trabalhar com um impor- apesar de muito importante, é apenas mais um mertador, ele revela-se desadequado e há que começar cado. Para além da necessidade comercial, trabalhar tudo de novo. É que enviar umas paletes e contento- com competência também noutros mercados reforres para o estrangeiro até nem é o mais complicado; ça o conhecimento, a adaptabilidade, o rigor, a qualiverdadeiramente difícil é fazê-lo de forma segura, dade e o profissionalismo de um produtor de vinhos. continuada e consolidada. E isso é algo que nunca é demais. notícias recheio 39 :gestão ambiental Vítor Almeida Técnico de Ambiente embalagens: o poder da escolha A produção de resíduos sólidos urbanos é uma questão ambiental de extrema importância, que necessita de constante atenção e divulgação. Escolher a melhor forma de reciclar está agora nas mãos de cada um. Sabendo que tem existido um aumento significativo, resíduos sólidos nos últimos anos, constatou-se que, associada a este aumento, está a uma maior parcela dos resíduos de embalagens. De forma a solucionar esta questão, foram adotadas algumas medidas, nomeadamente a promoção da reciclagem dos resíduos de embalagens e, por outro lado, o incentivo da sua reutilização. Os estabelecimentos do canal HoReCa podem eleger a melhor opção ou até mesmo oferecer aos seus clientes a possibilidade de escolha para muitas bebidas que comercializam. De facto, estão disponíveis bebidas em embalagens descartáveis (são mais práticas e ocupam menos espaço, ficando a gestão do respectivo resíduo à responsabilidade do estabelecimento) e em embalagens reutilizáveis (apresentam menor impacte ambiental e, regra geral, uma redução de custos). Analisando o ciclo de vida das embalagens reutilizáveis por comparação com as de tara perdida, constatam-se vários benefícios ambientais, nomeadamente, poupança de energia, diminui- 40 notícias recheio ção da poluição da atmosfera e da água, diminuição do volume de resíduos e poupança de matérias-primas. Neste contexto, o vidro tem sido o material mais utilizado para embalagens reutilizáveis. O quadro seguinte compara o perfil ambiental das garrafas de vidro reutilizáveis com as de tara perdida. Adapte, assim, as suas escolhas ao tipo de negócio que gere e às infraestruturas de que dispõe, garantindo que, acima de tudo, o Ambiente sai beneficiado: promova a reutilização (bebidas em embalagens com depósito) e a reciclagem (bebidas em embalagens descartáveis). Categoria de impacte Garrafa ambiental reutilizável Garrafa de tara perdida Efeito de estufa 487 kg CO2 888 kg CO2 Energia 8.200 MJ 16.000 MJ Resíduos sólidos 42,6 kg 88,7 kg :conselho jurídico Isabel Margarido Advogada meios de pagamento: uma questão de segurança Embora os mecanismos para verificação dos meios de pagamento estejam cada vez mais desenvolvidos, a verdade é que os sistemas de burla se desenvolvem com enorme rapidez. Assim, é um direito de todos tentarem proteger o seu património. Uma das formas de pagamento que mais dúvidas levantava eram os cheques. Como forma de reduzir a incerteza de cheques sem provisão, foram tomadas várias medidas, nomeadamente, ao nível da restrição no acesso a este meio de pagamento, da colaboração ativa das entidades bancárias e da punição da emissão de cheque sem provisão. Contudo, nenhuma destas medidas se revelou efetivamente eficaz na devolução da confiança a este meio de pagamento, pelo que a solução que viabilizou a verdadeira libertação dos credores da incerteza sobre o seu efetivo ressarcimento veio pela decisão legislativa que revogou a obrigatoriedade de aceitação do cheque como meio de pagamento, o que ocorreu em 1991, com o Decreto-Lei n.º454/91. Desde essa data que os estabelecimentos comerciais têm a possibilidade de aceitar ou não que o pagamento dos serviços prestados e dos bens vendidos sejam efectuados por meio de cheque. Dos restantes meios de pagamento ao dispor do consumidor e do estabelecimento comercial, o grau de insegurança varia. No caso dos cartões de débito e de crédito, os mecanismos de proteção oferecem garantias imediatas, através da verificação automática dos dados e da viabilização da operação. Quanto ao pagamento em numerário, a insegurança assume outros contornos. Apesar de o euro ser uma das moedas mais seguras na perspetiva da contrafação, qualquer ato de comércio está sujeito a envolver uma nota falsa. Nesse contexto, o Banco de Portugal dá indicações quanto à verificação da genuinidade das notas, através de um controlo manual e visual, aplicáveis tanto por estabelecimentos comerciais, quanto por pessoas singulares. Cada ato de troca/intercâmbio de moeda deveria ser objecto dessa verificação. Para se protegerem, há já estabelecimentos comerciais que introduziram mecanismos auxiliares de verificação da genuinidade das notas, revelando-se mais eficaz do que o controlo manual e visual que é recomendado pelo Banco de Portugal. Este procedimento é, por vezes, questionado pelos consumidores, que se sentem postos em causa na sua boa fé. Contudo, trata-se de um procedimento legal. E assim como o estabelecimento o faz, também o consumidor o pode fazer, através dos mesmos meios. Tudo em nome da defesa do valor patrimonial de cada um, uma vez que a troca de uma nota genuína por outra falsa implica a perda do valor respectivo, o que qualquer um tem o direito de prevenir. notícias recheio 41 :sabores de portugal até com pedras se faz sopa... Um pouco por todo o país, há uma sopa que sempre nos relembra o lugar onde estamos. Se há algo em que a cozinha portuguesa é prolifera, é nestes caldos tão bem amados, elemento integrante das nossas refeições, que podem até ser o prato principal. Texto: Chefe Hélio Loureiro Foi sempre na terra que procurámos sustento para a nossa fome e ingredientes para as nossas receitas. Se existe uma cozinha portuguesa, esta é o resultado da incessante procura de novos sabores nos ingredientes que nos rodeiam. Fruto disso são as nossas cozinhas regionais, riquíssimas nas suas experiências, que, não sendo de ninguém, são de um povo que as foi engendrando no seu paladar. Foi esta mistura que, aos poucos, cultivou aquele que hoje chamamos de gosto luso. Veja-se as nossas sopas. Compostas por uma grande variedade de ingredientes frescos, as sopas portuguesas são saborosas, nutritivas e por vezes tão substanciais que compõem, por si só, uma refeição completa. É a mutabilidade com que podem ser confecionadas que lhes confere esta riqueza, dependendo apenas do engenho e arte de quem as faz. Podem ser feitas de mil maneiras. Basta-nos, para isso, juntar a uma água fervida um pouco de couves que vão nascendo pelas beiras dos quintais e hortas deste nosso Portugal. Ou então agriões, que crescem gratuitamente nos riachos e nas valas dos caminhos. Podem também ser as couves galegas, que no Minho crescem por todo o lado, ou então feijão e grão de bico, que as vão incrementar. Mas é a batata es- 42 notícias recheio magada, as massinhas e por vezes o arroz, o que as transforma numa refeição. Sopa. Aquilo que em muitos países é um simples prato aguado, ganha vida na nossa terra, transformada pela necessidade de criar aquilo que os nortenhos chamam de “prato de conduto”. É vasta, a nossa culinária. Basta ver como reagimos aos ventos de mudança, no início do século XX, e da quantidade de receituário que nasceu desses conturbados tempos. Recordo uma revista, dos finais do século XIX, onde, para os tempos de crise instalados, surge um manual de cozinha (ver imagem). Na capa, podia ler-se: “Mais de 1.500 receitas para ricos e pobres”. Já nesse tempo havia um apelo para que fosse feita uma visita aos velhos baús das :sabores de portugal :opinião Amilcar Malhó Jornalista receitas ancestrais e que nelas se procurasse receituário que pudesse ser adaptado à nova realidade. E é hoje necessário que esta mesma visita seja feita na tentativa de renovar a cozinha, em busca de receitas mais simples e económicas, mas mantendo a mesma autenticidade, a nossa portugalidade e indo de encontro ao gosto e sabor dos nosso clientes . Deixo aqui uma receita, prova suprema do engenho da mestria de quem faz de uma sopa um prato único da nossa gastronomia e de uma receita uma lenda. Sopa da Pedra • 3 l de água • 1 kg de feijão encarnado • 700 g de orelha de porco • 150 g de chouriço de carne • 150 chouriço de morcela • 150 g de toucinho entremeado • 150 g de cebolas • 500g de batatas • 500 g de couve portuguesa • sal, louro e pimenta q.b. Depois de demolhado o feijão, ponha-o a cozer com a orelha de porco, os enchidos, o toucinho e as cebolas. Assim que o feijão estiver cozido, tempere com sal. Quando as carnes e os enchidos estiverem cozidos, tire-os do lume e corte-os em bocados. Junte então as batatas e as couves cegadas à panela. Deixe ferver lentamente até as batatas e as couves estarem cozidas. Tire a panela do lume e introduza as carnes previamente cortadas. E porque não há sopa da pedra sem a própria, no fundo da terrina onde vai servir a sopa, coloque uma pedra bem lavada. Palmela é a 1.ª Cidade Europeia do Vinho O sucesso das “Cidades do Vinho” portuguesas levou a RECEVIN – Rede Europeia de Cidades do Vinho a instituir a “Cidade Europeia do Vinho”. A primeira, em 2012, será Palmela. O Conselho de Administração da RECEVIN analisou as seis propostas, todas elas de cidades portuguesas, sendo o projeto apresentada por este município da zona de Setúbal o escolhido. Na ocasião, o organismo europeu decidiu igualmente que a “Cidade Europeia do Vinho 2013” será italiana. Em 2014, caberá a uma cidade espanhola e, em 2015, a uma francesa. No que se refere à importância do evento criado pela AMPV, e que desde 2009 vem sendo realizado em Portugal, basta reparar que os três municípios selecionados para 2009, 2010 e 2011, respetivamente Palmela, Beja e Viana do Castelo, apresentaram candidaturas à distinção europeia para 2012. Para a escolha de Palmela entre os seis municípios concorrentes, o balanço do programa realizado em 2009 contribuiu, certamente, para a decisão do júri. Mas a fasquia terá agora de ser mais alta, o que, face às restrições financeiras que se vivem, não será fácil. A esta questão, um responsável pela candidatura respondeu que o grande trunfo da candidatura foi a criatividade e as parcerias. Afinal, parece que para além de bom vinho, temos também boas ideias. Quem sabe se um dia destes não se descobre que uma coisa está ligada à outra? notícias recheio 43 :ACPP em foco Novos módulos de formação de cozinha e pastelaria para 2012 ACPP apresenta selo de garantia de qualidade A ACPP criou um selo de garantia de qualidade, um projeto inovador no que diz respeito a critérios de análise e avaliação dos produtos. Esta iniciativa promete ser um fator decisivo para a seleção de produtos de elevada qualidade. “Acreditamos que este projeto vai revolucionar o mercado de avaliação e certificação de produtos em Portugal, permitindo uma clara identificação dos melhores produtos, quer para os profissionais de cozinha, quer para o consumidor final”, destaca Fausto Airoldi, presidente da ACPP. O processo de avaliação será feito em parceria com a empresa Comprova e submete o produto a análises microbiológicas e físico-químicas em laboratórios acreditados para géneros. A avaliação organoléptica será efetuada por um painel mínimo de 60 profissionais de cozinha, que avaliam os produtos nos seus mais variados aspetos, desde a cor, ao sabor, passando pelo aroma, textura e até mesmo a facilidade de preparação ou manuseamento. É já este ano que a ACPP lança novos cursos de formação modular e intensiva em cozinha e pastelaria. De entre os vários disponíveis na área de cozinha, é possível escolher apenas um módulo de formação, como bases de cozinha, confeção de sobremesas ou de entradas, cozinha internacional ou cozinha regional portuguesa. Optando pela pastelaria, há módulos como confeção de gelados, decoração de bolos, confeção de pães ou cremes e recheios de pastelaria. Cada um dos módulos pode ter uma duração de 25 ou 50 horas, dependendo o valor da extensão do curso. Opcionalmente, há cursos intensivos com 275 horas (pastelaria) e 500 horas (cozinha), que juntam todos os módulos individuais e que incluem 140 horas de estágio. Cursos Formação Intensiva em Pastelaria 27 de Fevereiro a 30 de Julho de 2012 500 horas (aulas) +140 horas (estágio) Formação Intensiva em Cozinha 19 de Março a 28 de Maio de 2012 275h (2.ª a 6.ª, 14h00 às 20h00) Formação Modular (em cozinha ou pastelaria) 50 horas (365 €) 25 horas (182.50 €) Data a definir. Inscrições para o e-mail: [email protected] Para ser sócio, registe-se em www.acpp.pt – Sócios (Adesão) ou contacte: Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal – Rua Sant’Ana à Lapa, 71-C – 1200-798 Lisboa • 213 622 705 • [email protected] 44 notícias recheio :reportagem Congresso Nacional dos Profissionais de Cozinha a inegável herança da cozinha francesa A conclusão começou a desenhar-se logo nas primeiras apresentações e dois dias de congresso serviram apenas para a confirmar: as cozinhas portuguesa e francesa estão intrinsecamente ligadas. E não é apenas pela técnica. Texto: Rafaela Mendes | Fotografia: António Cabral notícias recheio 45 :reportagem 02 01 Comecemos pelo fim: as ligações entre Portugal e França na gastronomia existem e são profundas. Não apenas na técnica, mas também na aproximação entre pratos das cozinhas regionais. Estas são as principais conclusões da 7.ª edição do Congresso Nacional dos Profissionais de Cozinha (CNC), realizada nos dias 9 e 10 de novembro, na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril. Vincent Farges, Chefe de cozinha da Fortaleza do Guincho, um restaurante em Cascais que acaba de ver renovada a sua estrela Michelin no Guia de 2012, foi o protagonista da primeira demonstração de cozinha. Ele próprio francês, demonstrou o quanto é possível integrar as duas realidades. Defensor das técnicas do seu país, apresentou pratos cujos produtos são portugueses, ali mesmo do mar do Guincho. Algo que Vincent Farges explica com facilidade. “Faço questão de adaptar os produtos que uso e a técnica francesa aos sabores portugueses.” Para o Chefe, o tema deste congresso tem, aliás, um valor especial. “Significa que a cozinha francesa continua a ter impacto e a ser uma referência”. 03 Influência transversal A discussão sobre a influência da cozinha francesa assumiu-se como outro ponto alto desta edição do CNC. Nuno Diniz, Chefe de cozinha do York House Hotel; Benoît Sinthon, do Hotel Cliff Bay e representante dos Disciples D’Escoffier; Yannick Genard, formador da Escola de Hotelaria de Fátima e António Bóia, Chefe de cozinha do restaurante Rio’s, analisaram a questão num debate moderado pelo gastrónomo Virgílio Gomes. Se a conclusão mais imediata se referiu à influência das técnicas francesas na nossa cozinha, também as marcas nas cozinhas regionais foram trazidas à discussão. Nuno Diniz afirmou mesmo não acreditar numa “cozinha portuguesa”, mas antes numa coleção de cozinhas regionais. E se, nestas cozinhas, a influência francesa é menor, é apenas porque “tiveram de sobreviver com a pobreza, o que permitiu uma maior criação”, referiu o mesmo Chefe. Benoît Sinthon, também ele um francês a trabalhar em Portugal, defendeu que é possível usar produtos portugueses e fazer uma cozinha de influência “Somos todos franceses no que diz respeito à gastronomia” A afirmação é de Leonel Pereira, Chefe de cozinha do restaurante Panorama, do Hotel Sheraton, em Lisboa. Ainda durante a sua demonstração de cozinha, defendeu a aposta nas bases e técnicas clássicas (de origem francesa) como ponto de partida para toda a criação na cozinha. “A cozinha francesa ensinou-nos, a nós e ao mundo inteiro, a respeitar os produtos”, referiu ainda. Mais tarde, em declarações à Notícias Recheio, referiu não só a influência francesa na sua cozinha, como a relação inequívoca entre os dois países. “Acho que deve haver a coragem de assumir que há uma ligação fortíssima. No meu caso, foi fantástico: aprendi e continuo a aprender muito com os franceses. Este tema foi muito bem escolhido porque, no fundo, somos todos franceses no que diz respeito à gastronomia”. 46 notícias recheio :ACPP :reportagem :opinião em foco 04 06 1 – Vincent Farges | 2 – Leonel Pereira 05 3, 4 e 5 − Pratos elaborados nas demonstrações de cozinha Luís Figueiredo Formador de Cozinha da EHT Lisboa 6 – Debate sobre a influência da cozinha francesa francesa. Uma posição que o formador Yannich Genard reforçou, ao sensibilizar os alunos presentes na sala para o uso de produtos portugueses, aplicando as técnicas clássicas francesas. Vinho e redes sociais Também o vinho foi tema neste CNC. Embora tenha sido discutida no debate a aproximação entre os dois países, João Paulo Martins, da Revista de Vinhos, não deixou de referir que Portugal nada deve a França no que diz respeito a vinhos, até porque tem castas próprias, que conferem aos vinhos nacionais “originalidade e sabor”. Maria João de Almeida, da Vinho.Tv, referiu, por seu lado, a importância da aprendizagem que os portugueses tiveram com os franceses neste âmbito. No debate sobre as redes sociais, Vicente Themudo de Castro, do blogue EuSouGourmet, Miguel Pires, do blogue Mesa Marcada, e Pedro Cardoso, do restaurante Solar dos Presuntos, discutiram a influência das plataformas online e referiram o facto de estas terem evoluído nos últimos anos, assumindo nos dias de hoje uma enorme importância na divulgação dos espaços de restauração e hotelaria. O evento que pretende ser a maior reunião dos profissionais de cozinha e pastelaria do nosso país terminou assim com uma conclusão unânime. Para além da ligação entre Portugal e França, foi amplamente referida a necessidade de valorizar os produtos nacionais, principalmente num contexto de recessão como aquele em que vivemos. Evidente foi também a constatação de que a gastronomia portuguesa continua a evoluir, e no bom sentido. Na sua 7.ª edição, o CNC teve o Recheio como patrocinador principal. Um apoio que demonstra a sua constante preocupação em contribuir para a inovação e para a formação no setor HoReCa. O meu hobbie? Cozinhar. Desde o início do ano que os profissionais de cozinha são confrontados com pedidos de formação para pessoas que têm vontade de evoluir na cozinha mas não na via profissional. Daí nasceram inúmeros workshops elaborados um pouco por todo o país, incluindo na escola onde dou aulas. Cada vez mais as pessoas têm vontade de cozinhar de forma mais profissional. Este crescimento terá que ver com os inúmeros programas de televisão relacionados com cozinha? Ou com a crise? Como não podemos ir aos restaurantes, queremos ter a mesma qualidade/variedade em nossas casas? É um bom escape para o stress diário? Ou simplesmente porque o gosto pela cozinha é muito forte e precisamos de mais informação técnica? Não sei responder, mas qualquer workshop que seja anunciado em boas escolas, bons restaurantes ou com bons profissionais tem uma enorme adesão. Os temas e conteúdos podem ser muitos: fazer risottos; alimentação saudável; ementas de Natal; enogastronomia; bases de cozinha; confecionar carnes e peixes; cozinhar com aproveitamentos; etc. Mas a verdade é que qualquer um deles garante casa cheia. A mim dá-me muito prazer poder passar toda a informação técnica a pessoas que têm a cozinha como o seu grande hobbie. Porque não fazer o mesmo no seu restaurante e assim dinamizar o negócio? notícias recheio 47 :equipamentos Pedro Breda Gestor de marketing Fiamma – RST, S.A. [email protected] placas e grelhadores: eficiência na cozinha Numa altura em que o dia a dia das cozinhas profissionais é cada vez mais exigente e a durabilidade dos materiais cada vez menor, surgem soluções que vão ao encontro das necessidades de cada cliente. No panorama atual do canal HoReCa, as cozinhas profissionais caracterizam-se pela sua pequena dimensão, pela produção em tempos muito curtos e pelo aumento da diversidade gastronómica. Assim sendo, e com a crescente necessidade de “muscular” as cozinhas profissionais, a eficiência e a organização são cada vez mais fundamentais, num setor que muda os seus paradigmas muito rapidamente. O elevado grau de exigência do mercado, que advém dos utilizadores e das normas de qualidade estabelecidas na restauração, implica que os grandes players dos equipamentos hoteleiros estejam constantemente a inovar, 48 notícias recheio apresentando novas tecnologias que garantam a total satisfação dos seus clientes. Conscientes desta realidade, as marcas presentes no mercado apresentam linhas de equipamentos mais compactos, com materiais mais resistentes, que oferecem maior resistência térmica e uma condutividade melhorada. Estas linhas são construídas com materiais nobres, cuidadosamente selecionados e recicláveis. As suas características fazem delas um símbolo de eficiência no que concerne à performance e ao consumo energético, uma vez que consomem menos energia (por vezes, na ordem dos 40%). Tudo isto é possível devido ao uso da liga metálica duplex. Esta é composta por aço inoxidável e alumínio, que possibilita uma redução significativa do tempo de aquecimento (250ºC em menos de 5 minutos) e um aumento da produção de calor, pois todo o calor que é gerado é refletido para o núcleo da placa. O acabamento da superfície é antiaderente, tornando a limpeza uma operação extremamente fácil. Este inovador material está a ser utilizado nos equipamentos de grelhar (placas e grelhadores), que possuem controlo digital da temperatura, o que permite selecionar com precisão a temperatura desejada. Uma solução que cumpre todos os requisitos impostos nos dias de hoje: durabilidade, fácil manutenção, rapidez e sustentabilidade. :gestão na restauração Rui Santos Coordenador Técnico da EHT Estoril cartas e menus: uma abordagem tática A carta ou menu é o veículo de comunicação da oferta existente em cada negócio. Trata-se, no entanto, de um instrumento com uma função mais abrangente, que possibilita, através do seu estudo e análise, a obtenção de ferramentas de gestão. Todo o gestor ou responsável de unidade de restauração procura conhecer ou definir à partida, como aposta na adequação da oferta, o seu cliente-tipo. O perfil, capacidade de compra, gosto por determinado prato, sensibilidade ao preço, entre outros, são elementos que concorrem para o conhecimento efetivo da clientela, contribuindo para tomadas de decisão relativas à gestão do negócio. Continuando o tema apresentado no último artigo, procuramos agora fazer uma abordagem mais técnica à carta e/ou menu. Segundo estudos realizadas, o objetivo passará por criar, ou melhor, estruturar a oferta em famílias com propostas de preços equilibradas e que conduzam o potencial cliente a canalizar as suas opções para aquilo que é definido como gama média de preços. Tal opção permitirá, entre outras vantagens, a criação de standards de receita e sobretudo oscilações pouco significativas nos valores arrecadados. Neste exercício, existem alguns pontos a observar na construção de uma família e seus respetivos preços: 1. O preço do item mais alto não deve superar em mais de 2,5 a 3 vezes o valor do item de preço mais baixo. Procura-se uma compacticidade na oferta, não estendendo em demasia o intervalo de preços. 2. O número de itens de preço médio deve ser igual à soma de opções relativas aos itens de preço alto e preço baixo, em resposta ao princípio de escolha maioritária por parte do cliente em direção aos pratos de gama média. 3. A incidência das promoções com vista à obtenção de capitalização de imagem para a unidade, deve ser feita na gama média de preços. 4. Por fim, a relação entre o preço médio de procura (PMP) e preço médio de oferta (PMO), deve estar compreendida entre 0,9 e 1. Isto vai ajudar a perceber se a adequação de preços é, de facto, real e equilibrada. Tomando por base que, se o PMP é igual ao PMO, o resultado é igual à unidade, isso significa que o preço médio pelo qual os clientes pagam os seus pratos é exatamente igual à média de preços pelo qual a oferta é proposta. Dito isto, significa então que existe uma adequação/equilíbrio perfeito entre procura e oferta. A observação deste exercício em diferentes momentos, sendo estes o mais díspares possíveis, vai credibilizar os resultados e minimizar o risco na tomada de decisão. notícias recheio 49 :à mesa com “não gosto de excesso de zelo no atendimento” Pecados da gula Jornalista, escritor, dramaturgo e poeta, José Jorge Letria é autor de uma extensa obra literária traduzida em mais de uma dezena de línguas e premiada em Portugal e no estrangeiro. Texto: Amílcar Malhó Um prato Arroz de polvo sem picantes. Uma bebida Um copo (e só um) de um bom vinho alentejano. O que não consegue parar de comer Um bom cozido à portuguesa. O prato que lhe sai melhor Para não morrer de fome: ovos mexidos com cogumelos. O que não pode faltar na despensa Ovos, arroz, massa, atum em conserva, queijo, pão e manteiga sem sal. Três restaurantes que recomende Cito apenas um fora de Portugal: o restaurante Nuria, nas Ramblas, em, Barcelona, mesa de grandes autores e artistas ao longo de décadas. 50 notícias recheio Ao lado de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, foi um dos nomes destacados da canção política em Portugal, tendo sido agraciado com a Ordem da Liberdade em 1997. É atualmente presidente da Direção e do Conselho de Administração da Sociedade Portuguesa de Autores e membro do Comité Executivo do Conselho Internacional de Autores Dramáticos, Literários e Audiovisuais. Que relação tem com a enogastronomia? Sempre gostei de comer bem, em casa ou fora, e considero que a manutenção de bons hábitos alimentares é essencial para o corpo e para o espírito. Infelizmente, quase 30 anos de jornalismo e o desempenho de funções que me obrigam a viajar bastante, não me têm permitido cumprir esta regra pessoal com o grau de exigência que determinei. Qual a sua região preferida? Não tenho regiões de eleição do ponto de vista gastronómico, mas inclino-me para o Minho e para o Alentejo, também por serem exemplos de excelência e da espantosa diversidade que este país acolhe e representa. O que gosta num restaurante? Gosto de ser bem atendido e bem servido, sem uma distância antipática e também sem subserviência. Não gosto do excesso de zelo no atendimento que leva o empregado ou o gerente a virem quatro ou cinco vezes à mesa perguntar se “está tudo bem”. Se não estiver, eu trato de o dizer na altura certa, mesmo sem perguntas. O que não gosta num restaurante? Não gosto de música ambiente a despropósito, nem da vizinhança de clientes ruidosos que, às vezes, por serem muitos, se sentem donos do restaurante. Também não gosto de plasmas a transmitirem as emissões da MTV ou jogos de futebol, porque ambas as coisas nos desconcentram e distraem. Sinto que afetam o bem-estar de quem gosta de comer e de conversar em paz. publicidade www.recheio.pt publicidade 40 dias 40 produtos por semana 40 descontos imediatos Celebre o nosso aniversário e comece o ano em grande. Para tornar esta festa ainda mais especial, convidamo-lo a visitar a sua loja Recheio e descobrir todas as semanas novos produtos de marcas líderes com descontos imediatos até 14%. Esta campanha não implica limites mínimos ou máximos de compras e é válida de 3 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 2012. Aproveite esta grande oportunidade e festeje connosco 40 anos de negócios em cheio.