UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CAMPUS DE GUARATINGUETÁ VITOR EDUARDO ORELLANA GALVÃO DESENVOLVIMENTO DA MALHA URBANA DE GUARATINGUETÁ E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO Guaratinguetá 2013 VITOR EDUARDO ORELLANA GALVÃO DESENVOLVIMENTO DA MALHA URBANA DE GUARATINGUETÁ E PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO Trabalho de Graduação apresentado ao Conselho de Curso de Graduação em Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, como parte dos requisitos para obtenção do diploma de Graduação em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Enos Arneiro Nogueira da Silva Guaratinguetá 2013 G182d Galvão, Vitor Eduardo Orellana Desenvolvimento da malha urbana de Guaratinguetá e propostas de intervenção / Vitor Eduardo Orellana Galvão – Guaratinguetá : [s.n], 2013. 65 f. : il. Bibliografia : f. 64-65 Trabalho de Graduação em Engenharia Civil – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, 2013. Orientador: Prof. Dr. Enos Arneiro Nogueira da Silva 1. Urbanização I. Título CDU 71 À minha mãe Emília, Danieli e Bruno e aos amigos, que sempre me incentivaram e apoiaram com carinho e bons pensamentos. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar à Deus por me proteger e abençoar em todos os momentos de minha vida, por me dar saúde, capacidade, fé e força para lutar. À minha mãe por todo amor, incentivo e cooperação em todos os meus anos de vida e por se esforçar para que eu pudesse estudar e realizar um sonho. Ao meu irmão Bruno pela força e companheirismo. Agradeço ao Professor Enos Arneiro Nogueira da Silva, pelas palavras de amizade, pela paciência nos meus deslizes, por todo conhecimento compartilhado e especialmente pela orientação nesse trabalho, que ficarão guardados para o resto de minha vida. Agradeço a Danieli Santos Oliveira, por ser minha companheira, pelo incentivo e conselhos em minhas ações sempre de forma amorosa e sensata, buscando o melhor para mim e para nós. A todos meus parentes pela força e bons sentimentos, pelas palavras ternas e incentivo para a minha formação. Aos meus amigos de Guaratinguetá que assistiram minha formação e sempre torceram pelo meu sucesso. Aos meus amigos da faculdade que compartilharam junto comigo todos os prazeres e aflições desse período das nossas vidas, em especial ao Thomás, Bruno, Tiago, Matheus, Robson, Wallace, Tarcísio, Bruno, Rafael, Gustavo, Vinícius, Guilherme que felizmente entraram na minha vida e agregaram muito. “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível” Charles Chaplin Galvão, V. E. O. O Desenvolvimento da Malha Urbana da Guaratinguetá e Propostas de Intervenção Urbana. 2013. 65 f. Trabalho de Graduação (Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2013. RESUMO O trabalho é composto do histórico da cidade de Guaratinguetá, bem como dados de sua qualidade de vida, desenvolvimento econômico e da população, o transporte no Brasil e o sistema de transporte da cidade que servem de base para fundamentar o desenvolvimento de sua malha urbana. A malha urbana da cidade foi levantada com plantas da cidade em diferentes anos, através de documentos conseguidos no Museu Frei Galvão e Prefeitura de Guaratinguetá para assim verificar a forma de ocupação do solo e os vetores de crescimento da cidade durante o tempo. Estudaram-se também os acessos rodoviários da cidade dando enfoque para um acesso que foi objeto de uma proposta de intervenção urbana. Uma entrevista direta foi realizada e gravada com uma das responsáveis pelo planejamento da malha urbana da cidade afim de se levantar informações sobre o desenvolvimento histórico, as possibilidades futuras de intervenções na malha urbana e também problemas encontrados e outras curiosidades. Através do estudo observou-se que a malha urbana de Guaratinguetá vem se desenvolvendo de forma planejada desde 1970 e que isso a destaca da maioria das cidades do Vale do Paraíba. O trabalho é fundamentado em conceitos de cidade sustentáveis e também em dados quantitativos e qualitativos de setores responsáveis. PALAVRAS-CHAVE: desenvolvimento da malha urbana de Guaratinguetá, levantamento da malha urbana, vetores de crescimento, acessos rodoviários, proposta de intervenção urbana. Galvão, V. E. O. The Development of Urban Mesh Guaratinguetá and Proposed Urban Intervention. 2013. 65 f. Graduate Work (Graduate in Civil Engineering) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, 2013. ABSTRACT The work consists of the historical city of Guaratinguetá, as well as data on their quality of life, economic development and population, transportation in Brazil and the transportation system of the city serving as a basis to support the development of the urban network. The urban fabric of the city was raised with plants of the city in different years, documents obtained by the Museum and Hall of Frei Galvão Guaratinguetá well to check the form of land use and growth drivers of the city over time. We studied also the main access roads to the city by focusing on an approach that has been the subject of a proposed urban intervention. A direct interview was performed and recorded with one of those responsible for planning the urban fabric of the city in order to gather information on the historical development, the future possibilities of interventions in the urban as well as problems encountered and other curiosities. Through the study it was observed that the urban grid Guaratinguetá developing a planned since 1970 and that the highlights of most cities in the Paraíba Valley. The work is grounded in concepts of sustainable city and also in quantitative and qualitative data from sectors responsible. KEYWORDS: the urban development of Guaratinguetá, the urban survey, growth drivers, road access, urban intervention proposal . LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Catedral de Santo Antônio no centro da cidade..............................................17 Figura 2 – Cidade de Guaratinguetá colonial, ligação do centro ao bairro pedregulho .18 Figura 3 – Rodovia Presidente Dutra ..............................................................................19 Figura 4 – Planta da cidade de Guaratinguetá no século XIX .........................................22 Figura 5 – Posição no ranking de riqueza .......................................................................23 Figura 6 – Situação economia de Guaratinguetá 2009 ....................................................24 Figura 7 – Divisão da economia de Guaratinguetá 2009 ................................................24 Figura 8 – Posição no ranking de longevidade ................................................................25 Figura 9 – Evolução populacional de Guaratinguetá entre 1992 e 2010 .........................26 Figura 10 – Pirâmide etária de Guaratinguetá censo 2010 ..............................................26 Figura 11 – Distribuição modal brasileira de transportes regionais de cargas em 2011 .29 Figura 12 – Frota municipal de veículos de Guaratinguetá em gráfico ..........................32 Figura 13 – Estação ferroviária restaurada ......................................................................34 Figura 14 – Prédio sucateado no complexo da estação ...................................................35 Figura 15 – Vista em planta do acesso de Guaratinguetá na divisa com Aparecida .......36 Figura 16 – Vista do acesso de Guaratinguetá na divisa com Aparecida ........................37 Figura 17 – Vista do acesso de Guaratinguetá próximo a Rodoviária ............................37 Figura 18 – Vista do acesso de Guaratinguetá próximo a Rodoviária ............................38 Figura 19 – Vista do acesso de Guaratinguetá próximo ao Recinto de Exposições ........39 Figura 20 – Vista da passagem através de bueiros de água pluvial.................................39 Figura 21 – Vista da passagem através de bueiros de água pluvial.................................40 Figura 22 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo no Município de Guaratinguetá 2010 .. 42 Figura 23 – Início do crescimento da mancha urbana .....................................................43 Figura 24 – Entrada de Guaratinguetá em 1827 ..............................................................44 Figura 25 – Evolução da mancha urbana e passagem da linha de ferro ..........................44 Figura 26 – Evolução da mancha urbana para outro lado do Rio Paraíba ......................45 Figura 27 – Ponte de madeira de ligação do centro ao bairro Pedregulho ..................... 45 Figura 28 – Passagem da Rodovia Presidente Dutra e bairro Pedregulho ......................46 Figura 29 – Evolução da mancha urbana e adensamento ................................................46 Figura 30 – Planta de Guaratinguetá em 1821 ................................................................47 Figura 31 – Planta de Guaratinguetá em 1864 ................................................................48 Figura 32 – Planta de Guaratinguetá em 1915 ................................................................48 Figura 33 – Planta de Guaratinguetá em 1938 ................................................................49 Figura 34 – Planta de Guaratinguetá em 1982 ................................................................49 Figura 35 – Planta de Guaratinguetá em 1996 ................................................................50 Figura 36 – Mapa do Município de Guaratinguetá Janeiro de 2013 ...............................51 Figura 37 – Proposta de rotatória entre Av. Padroeira do Brasil e Avenida Santos Dumont ........................................................................................................................... 58 Figura 38 – Proposta de avenida paralela à Avenida Padroeira do Brasil e viaduto ...... 59 Figura 39 – Proposta de ligação da entrada de Guaratinguetá ao bairro Chácara Selles 60 Figura 40 – Proposta de rotarória no anel viário Mario Covas .......................................60 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Grupo 2 IPRS.................................................................................................23 Tabela 2 – Projeção da população urbana de Guaratinguetá...........................................27 Tabela 3 – Transporte de cargas e pessoas no Brasil......................................................30 Tabela 4 – Transporte de cargas em países de grande extensão territorial......................31 Tabela 5 – Frota de Guaratinguetá, Estado de São Paulo e do Brasil.............................33 LISTA DE ABREVIATURAS IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística EEAR – Escola de Especialistas de Aeronáutica IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social IDH – Índice de Desenvolvimento Humano SAAEG – Serviço Autônomo de Águas, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá CSN – Companhia Siderúrgica Nacional) PNLT – Plano Nacional de Logística e Transporte TCU – Tribunal de Contas da União FIESP – Federação das Industrias do Estado de São Paulo OAC – Obras de Arte Corrente VLT – Veículo leve sobre trilhos IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano EPA – Environmental Protection Agency SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13 2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 16 3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 16 4. METODOLOGIA ............................................................................................................ 16 5. O MUNICÍPIO DE GUARATINGUETÁ ...................................................................... 17 5.1. HISTÓRICO DA CIDADE ................................................................................................ 17 5.2. QUALIDADE DE VIDA EM GUARATINGUETÁ ......................................................... 21 5.3. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ........................................................................... 21 5.4. DESENVOLVIMENTO POPULACIONAL ..................................................................... 25 5.5. SISTEMA DE TRANSPORTE .......................................................................................... 27 5.5.1. Transporte no Brasil ....................................................................................................... 29 5.1.2. Transporte em Guaratinguetá ....................................................................................... 32 5.1.3. A estrada de ferro em Guaratinguetá............................................................................ 33 6. OS ACESSOS RODOVIÁRIOS DA CIDADE .............................................................. 36 7. LEVANTAMENTO DA MALHA URBANA A PARTIR DE 1821 ............................ 41 8. LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES JUNTO A PREFEITURA DE GUARATINGUETÁ ................................................................................................................. 53 9. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO URBANA EM GUARATINGUETÁ .................. 58 10. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 62 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 64 13 1. Introdução O presente trabalho estuda o desenvolvimento da malha urbana de Guaratinguetá levantando-a através de plantas em diferentes anos. São estudadas também as características históricas da cidade bem como seu desenvolvimento econômico e populacional, e o sistema de transporte presente na cidade. O estudo também analisa os acessos rodoviários e faz propostas de intervenção na malha urbana da cidade, além de apresentar uma entrevista com a arquiteta da Secretaria de Planejamento e Coordenação de Guaratinguetá, Maria Teresa da Cunha, filha do responsável pelo planejamento da malha urbana da cidade Dr. Ariberto Pereira da Cunha, A cidade de Guaratinguetá iniciou seu processo de crescimento e desenvolvimento da malha urbana às margens do Rio Paraíba e sua fundação foi em 1630. Ao longo do tempo diversos fatores influenciaram para o crescimento e evolução da malha urbana da cidade, fatores como ciclos de café, cana de açúcar e ouro, passagem de uma linha férrea, chegada de rodovia federal dentre outros. A intensificação do processo de urbanização da cidade de Guaratinguetá ocorreu na década de 1970 como reflexo do contexto nacional, onde a população passou a ocupar os centros urbanos saindo da zona rural. Segundo MARICATO (2001, p. 16) no Brasil, assim como em outros países da América Latina, o intenso processo de urbanização se deu principalmente na segunda metade do século XX, sendo que em 1940 a população urbana era de 26,3% totalizando 18 milhões e já em 2000 ela passou para 81,2% num total de 138 milhões de pessoas. A urbanização do país esta diretamente ligada a sua industrialização e conforme K. Davis (p. 19) “quanto mais tarde um país se torna industrializado, tanto mais rápida a sua urbanização”. Embora a intensificação do processo de urbanização de Guaratinguetá tenha se dado na década de 1970, esse processo não ocorreu de forma muito acelerada na cidade. Guaratinguetá possui hoje uma malha urbana que começou a ser planejada na década de 1970 e com isso o crescimento e desenvolvimento da malha urbana da cidade está ocorrendo de forma organizada diferenciando a cidade da maioria das outras do Vale do Paraíba, com exceção de São José dos Campos. A preocupação com as questões ambientais passou a ser pauta de diversas discussões nas últimas décadas, e ao se tratar de desenvolvimento de uma cidade e 14 também de sua malha urbana a sustentabilidade desse processo deve ser levada em consideração. Segundo KEELER (2010, p. 214) uma situação que gera preocupação ambiental é a grande dispersão urbana que causa consequências ambientais significativas. Observamos também a preocupação ambiental em grandes aglomerações urbanas em alguns pontos do território (SERRA, p. 5) e tais aglomerações não estão isoladas, mas ligadas através de uma rede de linhas ao longo das quais se observam movimentos (HAGGETT, p. 43). A problemática causada por grandes aglomerações ficam mais evidenciadas nas grandes cidades, onde o excesso de resíduos produzidos pela população se torna um problema logístico e ambiental. A poluição ambiental devido a gases provenientes da queima de combustíveis fósseis pelos veículos e industrias e também por outros processos industrias geram gases nocivos e pioram a qualidade do ar atmosférico e consequentemente a qualidade de vida das pessoas. Segundo KEELER (2010, p. 212) que aborda a necessidade da criação de comunidades sustentáveis, atualmente os seres humanos precisam do equivalente a 1,2 planeta para obterem alimentos, madeiras e fibra, e também para fins de absorção de seus resíduos e emissões. Com isso o planeta se encontra sobrecarregado e sem capacidade de renovação ecológica, isso fica evidenciado nas mudanças climáticas e desastres ambientais cada vez mais intensos e devastadores. Guaratinguetá assim como a maioria das cidades brasileiras vem adotando um modelo globalizado de desenvolvimento que é o da moradia em centros urbanos com grande uso do sistema rodoviário. O país se acostumou a dar maior ênfase ao sistema rodoviário de transporte principalmente devido aos interesses de grandes organizações estrangeiras que exigem do nosso governo a infraestrutura necessária para a comercialização e uso de seus produtos. Mesmo com o enorme potencial hidroviário que o país possui, esse sistema é pouco difundido para o escoamento de mercadorias e transporte de pessoas, assim como o sistema ferroviário que se encontra extremamente defasado e incapaz de atender a alta demanda necessária para um país continental como o Brasil. Dessa forma, mesmo Guaratinguetá sendo cortada por uma ferrovia e também por um rio a cidade não usa nenhum desses modais de transporte. A opção pelo sistema rodoviário de transporte e o grande uso veículos individuais vem trazendo problemas para Guaratinguetá. Observamos excesso de veículos e trânsito lento no centro histórico da cidade durante a manhã e a tarde e nas 15 principais avenidas em horários de pico. Mesmo tendo sua malha urbana planejada o conceito de transporte atual não permite um sistema ainda mais eficiente. A malha urbana da cidade de Guaratinguetá evoluiu de diversas formas no tempo impulsionada por interesses e necessidades. As características da cidade e os diferentes vetores de crescimento que a cidade possuiu ao longo do tempo culminaram para que a malha urbana da cidade chegasse no ponto que se encontra hoje. Dessa forma as informações do Capítulo 5 servem para apresentar a cidade de Guaratinguetá e embasar o desenvolvimento de sua malha urbana. O Capítulo 6 apresenta os acessos rodoviários da cidade e faz também o diagnóstico de um dos principais acessos da cidade. O Capítulo 7 faz o levantamento da malha urbana de Guaratinguetá desde 1821 através de plantas da cidade em diferentes períodos, adquiridas junto a órgãos públicos responsáveis, Museu Frei Galvão e outros materiais. O Capítulo 8 levanta informações quanto à malha urbana da cidade junto a órgãos públicos. O levantamento é realizado através de entrevista direta. O Capítulo 9 traz a proposta de intervenção na malha urbana de Guaratinguetá através da modificação em alguns locais da planta do município. 16 2. Objetivos O estudo busca levantar o desenvolvimento da malha urbana da cidade de Guaratinguetá. Analisar os acessos rodoviários da cidade. Propor melhorias para o desenvolvimento urbano da cidade de Guaratinguetá com base na análise do acesso rodoviário que faz divisa com Aparecida. 3. Justificativa O trabalho servirá como fonte de pesquisa para futuros Trabalhos de Graduação. Pode ainda ser uma fonte de estudo auxiliando alternativas de melhorias urbanas e a qualidade de vida da população. O fato de o aluno ser morador da cidade de Guaratinguetá, de possuir prévio conhecimento sobre a malha urbana da cidade e seus principais acessos muito contribuirá para a realização desse Trabalho de Graduação. 4. Metodologia Foi feito um levantamento bibliográfico sobre a história do desenvolvimento da malha urbana de Guaratinguetá e também a análise de plantas e mapas da cidade ao longo do tempo. Foram determinados os vetores de desenvolvimento da malha urbana da cidade de Guaratinguetá, bem como a atual situação dos principais acessos da cidade. Para a obtenção destes dados recorreu-se à Prefeitura Municipal da cidade, a Secretaria de Planejamento, ao Museu Frei Galvão e à Biblioteca da UNESP de Guaratinguetá. Foram realizadas visitas aos principais acessos da cidade, em diferentes horários do dia, fez-se uma documentação fotográfica o que muito contribuiu com as análises. 17 5. O município de Guaratinguetá 5.1. Histórico da cidade Nesse capítulo buscar-se-á familiarizar o leitor com a cidade de Guaratinguetá focando principalmente nos dados relevantes para o entendimento da proposta desse trabalho. Nesse intuito serão apresentados alguns dados históricos do crescimento e formação da cidade, o crescimento e desenvolvimento da malha urbana e das vias rodoviárias da cidade e vetores de crescimento. A cidade de Guaratinguetá está localizada no Vale do Paraíba no Estado de São Paulo e sua história começa com o conhecimento do povoamento por Jacques Félix e seus filhos conforme consta no Livro Tombo da Catedral de Santo Antônio em 1628. Guaratinguetá foi fundada em 13 de junho de 1630, data essa que foi dedicada ao Santo Padroeiro e marcada pela construção de uma capela. No local da antiga capela hoje se encontra a Catedral de Santo Antônio localizada no centro da cidade. Figura 1 - Catedral de Santo Antônio no centro da cidade (Fonte: Museu Frei Galvão) A origem do nome da cidade vem do Tupi-Guarani, onde “guará” significa garça, “tinga” significa branca e “eta" significa muito portanto, Guaratinguetá é o local de “muitas garças brancas”. O povoado de Guaratinguetá passou a vila a partir do momento que uma estrada foi construída e também teve um pelourinho erguido em 1651. A história da cidade está muito relacionada à região do Vale do Paraíba, por estar inserida no eixo entre Rio de Janeiro e São Paulo e próximo a Minas Gerais, 18 Estados que foram responsáveis por grande parte do desenvolvimento do Brasil colonial. No século XVIII a cidade destacou-se como uma das principais Vilas da Capitania no Vale do Paraíba devido aos ciclos do ouro e do açúcar. Outro fator que destacou a cidade, foi à importância religiosa do local, fato que ficou ainda mais evidente com o aparecimento da imagem de Nossa Senhora da Conceição em 1717 nas águas do Rio Paraíba que posteriormente originou a cidade de Aparecida. A importância religiosa da cidade será tratada nesse trabalho apenas no aspecto de aumentar o conhecimento sobre a região e como embasamento para o seu desenvolvimento, tanto no campo social como territorial. Dessa forma, informações mais específicas sobre a evolução história da região no campo religioso não serão abordadas. Assim como mencionado anteriormente, Guaratinguetá teve grande importância no período do café cujo auge foi no século XIX. Nesse mesmo século, no ano de 1844 Guaratinguetá deixa de ser vila e passa a ser considerada cidade. Anos mais tarde ,em 1877, a cidade recebe a chegada da linha férrea que liga São Paulo ao Rio de Janeiro o que causa grande transformação e impacto em diversos aspectos, principalmente na produção de cafeeira que em 1988 tem seu ápice. Figura 2 – Cidade de Guaratinguetá colonial, ligação do centro ao bairro pedregulho (Fonte: Museu Frei Galvão) O século XIX ainda reservou à cidade o início do desenvolvimento educacional com implantação da Escola Complementar, o Ginásio Nogueira da Gama, a Escola de Comércio e a Escola de Pharmácia. Ainda nesse período houve o surgimento da Banda, o “Theatro”, do Mercado e clubes e a cidade foi também a pioneira regional com a imprensa inaugurando o jornal “O Mosaico”, criado em 1858. 19 No século XX Guaratinguetá vivencia uma nova comunidade com a criação da EEAR – Escola de Especialistas de Aeronáutica, posteriormente o campus da Unesp – Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, do Senac e mais recentemente à criação da Fatec. Essa nova comunidade modifica a cidade em vários aspectos sociais e territoriais e causam grande influência no tema abordado nesse trabalho. A atividade industrial começou a crescer em Guaratinguetá a partir da década de 1950 quando a Rodovia Presidente Dutra chegou ao município sendo seu marco arquitetônico a construção do Hotel Clube dos 500. Em 1951 a pavimentação entre Guaratinguetá e Caçapava ainda não existia, porém 339 km dos 405 km previstos já estavam concluídos. Figura 3 – Rodovia Presidente Dutra (Fonte: Foto Imoto) Outro fator que alavanca o crescimento e desenvolvimento da cidade é o turismo religioso devido à proximidade com Aparecida, à Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, à devoção dos peregrinos ao primeiro Santo canonizado brasileiro, Frei Galvão, e também às visitas aos templos religiosos históricos que mesclam fé, arquitetura e beleza. O turismo no meio rural também é uma característica da cidade devido à exuberância da região no entorno, como a Serra da Mantiqueira e o caminho do mar. No espaço urbano encontramos uma arquitetura com traços de diversas épocas como colonial, neoclássica, moderna e contemporânea fundidas à cultura da cidade, mesclando passado e presente. 20 A cidade e a região receberam influência dos acontecimentos mundiais de uma forma geral, isso fica ilustrado com a passagem da linha férrea e da via Dutra que só foi possível devido à revolução industrial, com o ciclo do ouro e do café e mais tarde, no século XX, a mudança econômica dando foco à industrialização, ao aumento da atividade comercial e à pecuária extensiva. Nesse século também se pôde evidenciar grandes crises econômicas de nível global, o esgotamento de terras causando diversos problemas sociais que vivenciamos atualmente. Muitos desses problemas serão determinantes para o desenvolvimento e melhor compreensão da problemática encontrada atualmente na cidade de Guaratinguetá. A formação administrativa de Guaratinguetá se iniciou com a Freguesia criada com a denominação de Santo Antonio de Guaratinguetá, em 1630, no município de Taubaté. Pela Lei n.º 2, ou 219, de 23-01-1844, é elevada a categoria de vila e cidade com a denominação de Guaratinguetá, desmembrado então do município de Taubaté. Em 1891 é criado o distrito de Aparecida e anexado a vila de Santo Antonio de Guaratinguetá conforme Lei Provincial n.º 19, de 04-03-1842, e Decreto Estadual n.º 147, de 04-04-1891 (Fonte: Guaratinguetá (SP). Prefeitura. 2013). Até então a divisão administrativa referente a 1911, o município era constituído de dois distritos: Guaratinguetá e Aparecida. Através da Lei Estadual n.º 2.312, de 17-12-1928, o município de Guaratinguetá é desmembrado do distrito de Aparecida que é levado à categoria de município. Da mesma forma o distrito de Potim foi anexado a Guaratinguetá pela Lei Estadual n.º 3.198, de 23-12-1981 e posteriormente pela Lei Estadual n.º 7.644, de 3012-1991, é desmembrado do município de Guaratinguetá e elevado à categoria de município. 21 5.2. Qualidade de vida em Guaratinguetá O atual capítulo também trará informações quantitativas sobre o desenvolvimento da cidade nos campos econômico e populacional visto que esses fatores influem no desenvolvimento da malha urbana. Os dados foram levantados principalmente junto ao IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sites especializados e documentos de órgãos ligados à cidade de Guaratinguetá. Os dados indicam a atual situação do município permitindo embasar as propostas necessárias de intervenção urbanísticas, as quais podem servir como alternativa para a construção de uma cidade mais sustentável. Para melhor basear os dados aqui apresentados buscaram-se informações no IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social (2010). O IPRS faz uma radiografia da qualidade de vida nos municípios do Estado de São Paulo e constitui uma importante ferramenta para identificação e qualificação dos desafios aos governos e à sociedade para a promoção do desenvolvimento humano. Apesar do IPRS se assemelhar ao IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, no que tange às análises, o IPRS vai além pois trabalha com variáveis associadas à condição de vida das pessoas de uma forma mais ampla que caracterizam e explicam melhor a situação do desenvolvimento humano nos municípios da região do Estado. O IPRS como ferramenta de planejamento para o desenvolvimento se baseia em 3 dimensões: riqueza, longevidade e escolaridade. Com essas dimensões é possível criar outras possibilidades para a compreensão de diferentes fenômenos econômicos e sociais e suas inter-relações. Com o IPRS é possível elaborar diagnóstico e assim direcionar as diretrizes e ações no campo das políticas públicas e aquelas que deveriam ser adotadas pelo setor privado, além de outras organizações da sociedade civil. 5.3. Desenvolvimento econômico O desenvolvimento econômico da cidade envolve principalmente a evolução das atividades comerciais e industriais do município. Outro fator que contribui economicamente para a cidade é a bagagem histórica, turística e o religioso que configura uma grande característica regional. Guaratinguetá era ponto de passagem para Minas Gerais, para as vilas de Taubaté, São Paulo e para o porto de Paraty. As tropas de diversos municípios se 22 encontravam ao lado do Rio Paraíba, próximo ao local que hoje temos a antiga ponte metálica para suas negociações, local que era denominado o Rancho da Pedreira. Cerca de 300 animais traziam as mercadorias de diversos tipos como: feijão, milho, salgado, carne de porco e ainda frutas como o marmelo, pêra etc, e os tropeiros faziam suas negociações ficando apenas um dia, sob o lema: “Mercadoria vendida, mercadoria comprada”. Depois de feitas as trocas no rancho às mercadorias partiam para a estação de trem em carroças com destino, principalmente para o Rio de Janeiro. Nas primeiras décadas do século XVIII Guaratinguetá teve uma importante participação no ciclo do ouro nas Minas Gerais, enviando mão de obra junto aos bandeirantes de Taubaté e de Pindamonhangaba e recebeu nessa época uma Casa de Fundição do Ouro posteriormente transferida para Paraty. Nessa época o comércio era de beira de estrada, voltado para os viajantes consistindo em uma economia de subsistência. No século XIX o apogeu do período cafeeiro é atingido na cidade juntamente com o declínio dos engenhos de açúcar. O café alterou o cotidiano da cidade por impactar o trabalho no campo, as construções na cidade, a educação dos filhos dos fazendeiros que eram levados para estudar na Corte ou na Europa e o comércio de mercadorias vindas do Porto de Paraty que foram expandidas. Figura 4 – Planta da cidade de Guaratinguetá no século XIX (Fonte: Museu Frei Galvão) Atualmente a cidade de Guaratinguetá está classificada no grupo 2 no IPRS que engloba municípios bem posicionados quanto à riqueza mas que possuem deficiência em pelo menos um dos indicadores sociais, longevidade e escolaridade. 23 Tabela 1 – Grupo 2 do IPRS (Fonte: Plano de Saneamento Básico de esgotamento sanitário do município de Guaratinguetá) A Figura 5 a seguir classifica a cidade de Guaratinguetá segundo o IPRS quanto à riqueza. A classificação é comparada entre os anos de 2008 a 2010 e com a média estadual. Segundo o IPRS Guaratinguetá estava na 111ª posição do Estado de São Paulo em 2010 quanto à riqueza. Figura 5 – Posição no ranking de riqueza (Fonte: IPRS) Junto ao IBGE levantou-se a situação econômica da cidade Figura 6 e também a divisão da economia da cidade Figura 7. 24 Figura 6 – Situação economia de Guaratinguetá 2009 (Fonte: IBGE) Observa-se que em 2009 Guaratinguetá apresenta um saldo positivo na balança comercial. Figura 7 – Divisão da economia de Guaratinguetá 2009 (Fonte: IBGE) Observa-se que a economia da cidade gira em torno principalmente do setor de serviços e em segundo momento, da industria. A Agropecuária que já foi o maior 25 gerador de riquezas da cidade apresenta atualmente uma participação muito pequena na economia da cidade. 5.4. Desenvolvimento populacional Para o levantamento de informações sobre o desenvolvimento populacional de Guaratinguetá levou-se em consideração dados do censo de 2010 do IBGE, bem como informações do Plano de Saneamento Básico de Esgotamento Sanitário do Município de Guaratinguetá e também o site de informação populacional www.populacaodobrasil.com.br. Temos atualmente em Guaratinguetá 34.122 domicílios ocupados e o crescimento populacional na última década foi de 7,55%. Hoje a população é de aproximadamente 112.091 pessoas, na qual 5.309 estão na zona rural e 106.782 na zona urbana, divididas em 53.948 homens e 58.143 mulheres. Atualmente Guaratinguetá encontra-se na 498ª posição quanto à longevidade de sua população segundo o IPRS. Demais dados podem ser encontrados na Figura 8 a seguir. Figura 8 – Posição no ranking de longevidade (Fonte: IPRS) Segundo o censo de 2010 elaborado pelo IBGE a população de Guaratinguetá teve sua evolução nos períodos entre 1992 e 2010 como segue na Figura 9. 26 Figura 9 – Evolução populacional de Guaratinguetá entre 1992 e 2010 (Fonte: IBGE) A divisão por faixas etárias se dão conforme a Figura 10 a seguir. Figura 10 – Pirâmide etária de Guaratinguetá censo 2010 (Fonte: IBGE) O Plano de Saneamento Básico de esgotamento sanitário do município de Guaratinguetá elaborado pela SAAEG – Serviço Autônomo de Águas, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá, traça uma estimativa da população urbana da cidade com 27 base em dados do IBGE do total da população e das taxas de crescimento populacional do município. Tabela 2 – Projeção da população urbana de Guaratinguetá (Fonte: Plano de Saneamento Básico de esgotamento sanitário do município de Guaratinguetá) Observamos que a estimativa da população para 2038 é de aproximadamente 187.000 pessoas. Isso faz com que a seja necessário o planejamento do crescimento da malha urbana da de Guaratinguetá ao passo que a maior parte dessa população estimada provavelmente ocupará as zonas urbanas. 5.5. Sistema de transporte A transformação da cidade ocorre diariamente, isso causa mudanças na malha urbana. Ocorre o surgimento de novos carros, novas vias, loteamentos e praças, assim como novas necessidades de equipamentos urbanos. O desenvolvimento da cidade tende a ocorrer devido a sua dinamicidade e as transformações da malha urbana nem sempre são acompanhadas pelas transformações tecnológicas e pelas mudanças sociais e culturais da cidade. Segundo Prado e Passini (2003), a necessidade de locomoção é cada vez mais intensa, e as inovações tecnológicas possibilitam altas velocidades na locomoção, de 28 forma mais articulada e em menor tempo. Por outro lado, devido ao estrangulamento das vias de circulação de nossas cidades, lentidões e congestionamentos são gerados e as pessoas são obrigadas a ficarem nos veículos por muito tempo. O caso da cidade de Guaratinguetá não é diferente dos muitos casos onde a crescente evolução desenfreada do transporte individual (automóvel) causa na cidade a saturação de suas vias, que não conseguem absorver a quantidade de veículos nas ruas de forma correta, acarretando congestionamentos, acidentes, falta de local para estacionar e também o desperdício de tempo e recursos. A cultura do automóvel foi iniciada no país na década de 1920, mais precisamente no ano de 1926 quando Washington Luiz foi eleito para a presidência da república. Ele não só exaltava a cultura do automóvel como também desmerecia as ferrovias dizendo que as rodovias deveriam substituir por completo as linhas férreas, dessa forma Washington Luiz talvez tenha sido o principal ator da ideologia rodoviária no Brasil. Outro fator que fortalece o uso de automóveis e a consolidação do sistema rodoviário no Brasil citado por (LAGONEGRO, 2008, p. 46) é a ideologia americana que exerce forte influência no país, o “american way of life”, que cultua um modelo de vida focado no consumismo e que temos como exemplo de sucesso. Um exemplo da disseminação dessa ideologia foi o aporte e financiamento de um banco norteamericano para a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em 1940 no governo de Getúlio Vargas e também na criação da Petrobrás em 1953 para o controle e produção do petróleo. Vivenciamos atualmente na cidade de Guaratinguetá o transporte de pessoas pelo transporte coletivo urbano, através de automóveis e também pelo uso de bicicletas e por caminhada. O transporte coletivo na cidade é usado, em sua maior parte, por pessoas de menor renda social e que não possuem veículos. A maior parte do transporte de pessoas é feito com o uso de automóveis particulares e o transporte através de bicicleta é feito por pessoas de menor renda e/ou para prática de esportes e lazer. A grande quantidade de automóveis particulares usados vem acarretando problemas na malha urbana da cidade e impactando a qualidade de vida das pessoas. Segundo HOTTA (2007), as pessoas tem demonstrado preferência no transporte individual por ele apresentar maior atrativo se comparado aos transportes públicos, pela maior flexibilidade no tempo e no espaço, garantia de deslocamento porta-a-porta, conforto, privacidade e, além disso, oferecer status ao proprietário. 29 Sendo assim a opção prioritária por um modelo de transporte que possivelmente não se sustentará por muito tempo, o automóvel, deve dar lugar a outros sistemas de transporte. Segundo FERRAZ e TORRES (2004), as cidades nasceram para suprir as necessidades das pessoas e desenvolvem-se para o bem estar das mesmas. Sendo assim, o sistema de transporte urbano deve valorizar os modais que permitem o contato entre as pessoas e a natureza. Dessa forma é necessário priorizar o trânsito de pedestres e as bicicletas, o transporte público, sem impedir o uso de transporte particular. Um sistema balanceado é mais apropriado para um transporte urbano adequado, ou seja, um sistema integrado multimodal, com os diversos modais utilizados de maneira racional, incentivo ao uso da bicicleta e do modo a pé e sistema de transporte público, restrição e/ou desincentivo ao uso do transporte particular. 5.5.1. Transporte no Brasil Este tópico mostrará de forma objetiva, através de dados do IBGE e do Plano Nacional de Logística e Transporte - PNLT e Tribunal de Contas da União – TCU a situação geral do transporte no Brasil. A Figura 11 abaixo relaciona os percentuais de participação de cada modal estimados em função das quantidades de toneladas-quilômetros-úteis (TUKs) de cada modal, resultantes das simulações do PNLT para o ano de 2011. Figura 11 – Distribuição modal brasileira de transportes regionais de cargas em 2011 (Fonte: PNLT, 2011) Na figura acima conseguimos ter a noção das diferenças em percentual dos tipos de transportes de carga no país. Notamos a grande ênfase no sistema rodoviário em detrimento dos demais tipos de transporte de carga. 30 Outras informações nesse sentido foram levantadas no documento realizado pelo TCU denominado Desenvolvimento de infraestrutura de transportes no Brasil: Perspectivas e Desafios. Esse documento nos fornece a Tabela 3 que também nos mostra em porcentagem a distribuição modal de transporte de carga e de passageiros e também a Tabela 4 que compara o Brasil a outros países de grande extensão territorial. Tabela 3 – Transporte de cargas e pessoas no Brasil (Fonte: TCU, 2007) Através da Tabela 3 podemos perceber quão grande é a porcentagem do transporte rodoviário de passageiros adotado pelo Brasil, consistindo em quase uma unanimidade nesse tipo de transporte. Outros modais com grande potencial para um país com as dimensões e característica do Brasil, como o ferroviário e hidroviário representam um valor ínfimo e residual no transporte de passageiros alertando sobre a necessidade de maiores investimentos nesses setores. 31 Tabela 4 – Transporte de cargas em países de grande extensão territorial (Fonte: TCU, 2007) Temos na Tabela 4 uma ilustração comparativa do Brasil com outros países com grande extensão territorial. O Brasil é o país que mais utiliza o sistema rodoviário para o transporte de cargas, modal esse que gera uma grande utilização de recursos financeiros na sua construção e manutenção. Segundo dados analisados pela Federação das Industrias do Estado de São Paulo – FIESP, o sistema rodoviário tem como desvantagens: Frete mais caros em alguns casos; Ser o de menor capacidade de carga entre todos modais; Menos competitivo para longas distâncias. Os meios de transporte e sua qualidade são fatores essenciais para o a movimentação das pessoas e também da economia de uma cidade. Segundo COCCO (2008) “Com a utilização racional dos meios de transporte é possível acelerar o desenvolvimento econômico, proporcionando a otimização dos processos de movimentação de bens, aplicando maior velocidade e racionalidade aos deslocamentos, além de proporcionar a acessibilidade necessária diversas atividades urbanas (culturais, de lazer, compras, etc.)”. 32 5.1.2. Transporte em Guaratinguetá A quantidade elevada de veículos particulares vem causando impacto negativo especialmente no centro urbano de Guaratinguetá, onde fica mais clara a problemática causada pelo excesso de veículos circulando pela malha urbana da cidade. Lá vemos escassez de locais para estacionar, ruas estreitas para a circulação dos veículos, calçadas estreitas, tráfego lento e também a parada total do transito em algumas situações. Outros locais que sofrem impactos da alta concentração de veículos particulares são as principais avenidas da cidade mais próximas ao centro. Com os dados do IBGE (2012) conseguimos ter informações sobre a atual disposição da frota do município de Guaratinguetá. Figura 12 – Frota municipal de veículos de Guaratinguetá em gráfico (Fonte: Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN - 2012.) Verifica-se a maior quantidade de automóveis em detrimento dos outros tipos de transporte. Abaixo segue uma tabela retirada do site do IBGE com os valores totais de cada tipo de transporte: 33 Tabela 5 – Frota de Guaratinguetá, Estado de São Paulo e do Brasil (Fonte: Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN - 2012.) A cidade possui também um sistema de transporte coletivo administrado pela operadora Rodoviário e turismo São José Ltda denominado TUG – Transporte Urbano de Guaratinguetá. O sistema conta atualmente com 21 linhas que ligam o centro aos bairros e vice-versa e tem seus horários de operação sendo iniciadas em algumas linhas as 5:00 h e terminando as 23:55 h, as viagens saem da rodoviária da cidade que esta localizada na Av. José Juvenal M. Santos próximo a Praça Rotary e possui terminais separados para transporte intraurbano e interurbano. 5.1.3. A estrada de ferro em Guaratinguetá Uma característica de Guaratinguetá que influencia de forma marcante a movimentação principalmente no centro da cidade, é a passagem da linha férrea para transporte de cargas. Segundo Helena Guimarães Campos (2008) em 150 anos da Estrada de Ferro Central do Brasil, a linha férrea Central do Brasil inaugurada em 1858 e que posteriormente ligou São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já foi a principal estrada de ferro do país. A estrada de ferro chegou em Guaratinguetá em 1885 no auge da produção cafeeira. A estrada de ferro Central do Brasil foi o principal meio de transporte de pessoas e cargas da região, mas com a construção da rodovia Presidente Dutra e a ênfase no 34 transporte rodoviário de cargas e passageiros a ferrovia perdeu espaço no cenário nacional. Atualmente a ferrovia Central do Brasil transporta apenas cargas e tem em suas antigas estações de passageiros diversos problemas sociais de abandono e formação de área de exclusão. Guaratinguetá possui um exemplo claro do falta de cuidado com o local da estação ferroviária. O prédio principal da estação localizado na Praça Condessa de Frontin, possui características da arquitetura inglesa que foi grande responsável pela instalação de ferrovias no país e atualmente essa edificação foi restaurada (Figura 13). Embora o prédio principal tenha passado por restauração os demais prédios que compõem o complexo se encontram extremamente sucateados e sem nenhuma condição de uso. Isso já vem se arrastando ao longo de muito tempo fazendo com que essa área se tornasse uma zona de exclusão social, onde ocorrem atividades ilícitas e principalmente no período noturno seja um local abandonado e perigoso (Figura 14). Figura 13 – Estação ferroviária restaurada (Fonte: site http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1548578&page=22) 35 Figura 14 – Prédio sucateado no complexo da estação (Fonte: site http://defender.org.br/2013/10/18/sp-antigas-estacoes-ferroviarias-sofrem-com-oabandono-no-vale-historico/) A linha férrea que corta a cidade passando pelo centro causa a parada no trânsito em diversas horas do dia. A passagem do trem pela cidade faz com que os veículos que trafegam pelos cruzamentos da linha férrea em nível, fiquem parados. O cruzamento da linha de ferro através de viadutos só é possível em quatro pontos da cidade, um deles é o Viaduto Jacobelli que está situado na Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira, outro se encontra no centro, um no bairro Santa Rita e o último se situa sobre a Av. Basf no bairro da Vila Paulista, próximo a industria química da BASF. 36 6. Os acessos rodoviários da cidade Um dos objetivos do trabalho é mostrar a relação da malha urbana atual de Guaratinguetá com seus acessos rodoviários, visto que através deles conseguimos perceber algumas evidências do problema de mobilidade urbana da cidade. Nesse capítulo trataremos através de texto e imagens problemas e possibilidades dos acessos rodoviários da cidade. Para estudar esses acessos devemos levar em conta suas particularidades visto que eles foram criados para diferentes finalidades e possuem diferentes tipos e intensidade de tráfego. Através da rodovia Presidente Dutra verificamos algumas diferenças importantes nos acessos. Alguns são mais próximos ao centro da cidade e constituem os principais acessos da cidade. São dois os acessos com essa característica e eles dão acesso aos dois lados da rodovia, um deles será objeto de estudo para proposta de intervenção urbana, o acesso de Guaratinguetá localizado na divisa com Aparecida. Figura 15 – Vista em planta do acesso de Guaratinguetá na divisa com Aparecida (Fonte: Prefeitura Municipal de Guaratinguetá) 37 Figura 16 – Vista do acesso de Guaratinguetá na divisa com Aparecida (Fonte: Google Maps) Esse acesso de entrada na cidade não mostra nenhum problema, mas a Avenida na qual ele desemboca apresenta estrangulamento do trânsito em alguns horários do dia, devido ao excesso de veículos e falta de alternativas de locomoção dos veículos. Outro acesso com características semelhantes ao ilustrado nas Figuras 15 e 16 está localizado próximo à rodoviária da cidade e do Supermercado Spani. Figura 17 – Vista do acesso de Guaratinguetá próximo a Rodoviária (Fonte: Prefeitura municipal) 38 Figura 18 – Vista do acesso de Guaratinguetá próximo a Rodoviária (Fonte: Google Maps) Esse acesso não faz fronteira direta com outras cidades, esse desemboca em uma estrada que faz ligação entre a cidade de Guaratinguetá e outras cidades como Lagoinha, Cunha e Paraty. Esses dois acessos tem em comum a ramificação para os dois lados da rodovia que se faz por debaixo do viaduto da rodovia possibilitando a passagem dos veículos para os dois lados. Sendo esses dois acessos os principais da cidade, é comum verificarmos um maior fluxo de veículos pelos mesmos e consequentemente maiores congestionamentos. Nesses acessos os congestionamentos não são sentidos diretamente na saída da rodovia, mas sim em pontos de afunilamento, cruzamentos e rotatórias já nas vias mais centrais da cidade as quais esses acessos ligam. Outro acesso da Via Dutra liga os dois lados da rodovia através de um viaduto, porém esse acesso é por cima da rodovia, diferente dos dois outros citados anteriormente. Esse acesso encontra-se mais distante do centro da cidade e tem sua utilidade mais voltada para a comunidade que ali reside, para o retorno para o sentido oposto da rodovia e também para os caminhões com mercadorias que abastecem as fábricas da região. O viaduto planejado há algum tempo teve sua construção dificultada pela burocracia, mas a necessidade de desenvolvimento da cidade e da zona industrial de Guaratinguetá forçou sua realização. Algumas saídas da Rodovia Presidente Dutra dão acesso a apenas um lado da rodovia com por exemplo a ilustrada na Figura 19. Diferentemente dos acessos citados até agora, a cidade possui diversas saídas que dão acesso somente a um lado da rodovia, 39 não sendo possível atravessá-la com veículos por baixo ou por cima. Esses acessos são locais e possuem um fluxo menor de veículos. Figura 19 – Vista do acesso de Guaratinguetá próximo ao Recinto de Exposições (Fonte: Arquivo pessoal) Os demais acessos utilizam bueiros celulares de escoamento de água pluvial para a passagem de veículos por baixo da rodovia (Figuras 18 e 19). Eles fazem a ligação dos dois lados da pista através de um bueiro celular por baixo da rodovia. Figura 20 – Vista da passagem através de bueiros de água pluvial (Fonte: Arquivo pessoal) 40 Figura 21 – Vista da passagem através de bueiros de água pluvial (Fonte: Arquivo pessoal) Esses bueiros são obras civis denominados OAC’s (Obras de Arte Corrente) e servem para o escoamento da água pluvial de uma dada bacia de contribuição. A finalidade dessas obras não são a passagem de veículos ou pessoas, mas acabam servindo como tal devido as suas dimensões. Essas obras estão localizadas em alguns locais que possibilitam seu acesso através da rodovia, hora somente de um lado da pista, hora através dos dois lados. 41 7. Levantamento da malha urbana a partir de 1821 A evolução e transformação da malha urbana está relacionada com o desenvolvimento da cidade nos campos econômicos, sociais e culturais. Está relacionada também aos diferentes meios de transporte que ela contém, sua evolução no tempo e também suas interferências na vida social e espacial de uma cidade. Segundo Geraldo Serra (1936, p. 5) em O Espaço Natural e a Forma Urbana as formas urbanas são geradas devido ao conjunto de relações, os movimentos de pessoas, veículos, água, combustíveis, energia, comunicações e produtos dos mais diversos ao longo das malhas e a hierarquia e estrutura das manchas que interagem com o espaço. Sendo assim a malha urbana de uma cidade é a uma das maiores expressões de sua urbanização. A organização e desenvolvimento da malha urbana de uma cidade geralmente seguem os instrumentos para o controle e desenvolvimento das cidades, o plano diretor e a Lei de uso e ocupação do solo. Segundo o livro Transporte Humano – cidades com qualidade de vida (1999), o mais abrangente instrumento para o controle do desenvolvimento das cidades é a lei que define o uso e a ocupação do solo que influenciam as condições de transporte e trânsito nas cidades. A Lei de uso e ocupação do solo é um instrumento derivado do plano diretor e visa controlar as localizações das funções urbanas como a habitacional, industrial, institucional, comercial, de serviços e de lazer. A Lei de Uso e Ocupação do Solo é um instrumento para o controle do adensamento urbano e também da malha urbana de uma cidade. O controle se dá através da divisão do solo urbano em zonas e conjunto de quadras, ou por faixas de propriedade distribuídas ao longo do sistema viário principal, os denominados corredores. Atualmente o zoneamento de Guaratinguetá está dividido como segue na Figura 22 a seguir: 42 Figura 22 – Mapa de Uso e Ocupação do Solo no Município de Guaratinguetá 2010 (Fonte: Secretaria de Planejamento Guaratinguetá) 43 Até chegar ao ponto de urbanização e zoneamento ilustrados na Figura 22, Guaratinguetá passou por diferentes períodos históricos, cada um com suas particularidades, que impulsionaram o crescimento da malha urbana da cidade. Segundo o artigo publicado na revista digital vitruvius - Percursos e processo de evolução urbana: uma análise dos deslocamentos e da segregação na cidade, por José Augusto Ribeiro da Silveira, Tomás de Albuquerque Lapa e Edson Leite Ribeiro – “O tecido urbano desenvolve-se com base em linhas diferenciadas de acesso e movimento, determinando percursos e vetores de expansão distintos. Os percursos produzidos são vistos como fator de integração e de aproximação sócio-espacial. Destacam-se aspectos como forças organizadoras, econômicas, culturais e relacionadas com as práticas dos grupamentos sociais, que articulam os percursos principais e o processo de evolução urbana.” Percebemos o desenvolvimento da mancha urbana de Guaratinguetá ao arredor do Rio Paraíba principalmente em seu início de dispersão. As figuras a seguir indicam como a mancha urbana de Guaratinguetá evoluiu. A evolução urbana de Guaratinguetá foi impulsionada pelos caminhos terrestres necessários para o movimento de pessoas e mercadorias (Figura 23) e passagem de utilidades públicas, como também pela ferrovia que passou a cortar a cidade (Figuras 25 e 26) e pela rodovia federal Presidente Dutra (Figuras 28 e 29). Com isso podemos ver como a mancha urbana, representada pela coloração amarela, evoluiu conforme o tempo e criação de vias para transporte de pessoas e mercadorias. Figura 23 – Início do crescimento da mancha urbana (Fonte: Museu Frei Galvão) 44 O processo de urbanização de Guaratinguetá se iniciou a margem esquerda do Rio Paraíba, próxima ao local onde hoje encontramos a Ponte Euclides Jesus Zerbini, Praça Martin Afonso e a Rua Comendador Rodrigues Alves. Nesse período o crescimento era impulsionado pelas atividades comerciais e de habitação que se desenvolviam nas áreas próximas ao Rio Paraíba. A imagem a seguir ilustra a entrada de Guaratinguetá no início do século XIX. Figura 24 – Entrada de Guaratinguetá em 1827 (Fonte: Museu Frei Galvão) Figura 25 – Evolução da mancha urbana e passagem da linha de ferro (Fonte: Museu Frei Galvão) 45 Na figura acima a linha férrea passa a cruzar Guaratinguetá, isso ocorreu em 1885. Podemos perceber a dispersão da mancha urbana na margem esquerda do Rio Paraíba em direção a Serra Quebra Cangalha. Figura 26 – Evolução da mancha urbana para outro lado do Rio Paraíba (Fonte: Museu Frei Galvão) Nesse ponto de evolução da mancha urbana a margem direita do Rio Paraíba começa a ser urbanizada no final do século XIX. Figura 27 – Ponte de madeira de ligação do centro ao bairro Pedregulho (Fonte: Museu Frei Galvão) 46 Figura 28 – Passagem da Rodovia Presidente Dutra e bairro Pedregulho (Fonte: Museu Frei Galvão) Na Figura 28 percebemos o adensamento do bairro do Pedregulho e Vila Paraíba na margem direita do Rio Paraíba, a passagem da Rodovia Presidente Dutra (década de 1950) e a dispersão da mancha urbana em sentido da Serra Quebra Cangalha e Aparecida. Figura 29 – Evolução da mancha urbana e adensamento (Fonte: Museu Frei Galvão) Na Figura 29 visualizamos o adensamento da mancha urbana na margem direita do Rio Paraíba ao passo que a margem esquerda não muda tanto na segunda metade do século XX. A evolução de uma malha urbana é algo muito complexo, por envolver diversas áreas do conhecimento humano. Os assuntos relacionados com a evolução urbana 47 exigem análise de profissionais capacitados para o planejamento de diversas áreas. Recentemente, mais precisamente na década de 1980 ouve o advento da percepção das questões ambientais e da degradação do planeta. Com isso as questões ambientais passaram a ser pauta prioritária quando tratamos do desenvolvimento urbano. Através da análise de mapas da cidade de Guaratinguetá em diferentes épocas, verificamos como a evolução da malha viária da cidade vem ocorrendo. Figura 30 – Planta de Guaratinguetá em 1821 (Fonte: Museu Frei Galvão) O início das vias da Vila de Guaratinguetá se deram próximas ao Rio Paraíba, onde as embarcações atracavam para fazer as trocas comerciais e descansar seus ocupantes. 48 Figura 31 – Planta de Guaratinguetá em 1864 (Fonte: Museu Frei Galvão) No mesmo século já percebemos a expansão da malha urbana para áreas mais afastadas do leito do Rio Paraíba. Verificamos as vias ao longo do centro da cidade e também vias de acesso para os locais onde hoje encontramos as cidades de Cunha (Norte da Figura 31), Lorena (Oeste da Figura 31) e Aparecida (Leste da Figura 31). Figura 32 – Planta de Guaratinguetá em 1915 (Fonte: Museu Frei Galvão) No início do século XX, em 1915, verificamos nesse trecho da planta da cidade de Guaratinguetá (Figura 32) que a principal diferença está na expansão da malha urbana no sentido da cidade de Lorena. 49 Figura 33 – Planta de Guaratinguetá em 1938 (Fonte: Museu Frei Galvão) A planta de Guaratinguetá em 1938 já apresenta o crescimento de bairros fora do centro da cidade. Nota-se o início do desenvolvimento da cidade para o outro lado do Rio Paraíba com o surgimento do hoje Parque Alberto Bayington ilustrado no canto superior esquerdo da Figura 33. Figura 34 – Planta de Guaratinguetá em 1982 (Fonte: Museu Frei Galvão) 50 Nessa planta de Guaratinguetá de 1982 percebemos a maior concentração de vias no centro da cidade. Essa planta da cidade não mostra a malha urbana completa dessa época, mas é interessante observar a diferença na quantidade de vias que foram criadas do ano de 1938 até 1982 somente no centro da cidade. O local onde passava o Ribeirão dos Mottas pelo centro da cidade, antes com poucas vias cruzando-o, aparece nessa planta com maior concentração de vias que o transpõe. Figura 35 – Planta de Guaratinguetá em 1996 (Fonte: Museu Frei Galvão) Na planta de 1996 visualizamos os diversos bairros do município. Comparando a malha urbana de 1996 com o ano de 1938 percebemos o grande adensamento ocorrido nessa época, fruto do desenvolvimento tecnológico e da mudança do paradigma de habitação, onde os centros urbanos passaram a ser a opção da maioria das pessoas em relação às zonas rurais. 51 Figura 36 – Mapa do Município de Guaratinguetá Janeiro de 2013 (Fonte: Secretaria de Planejamento e Coordenação de Guaratinguetá) 52 A última planta levantada foi a de Janeiro de 2013 (Figura 36), que é a mais próxima configuração da malha urbana atual da cidade de Guaratinguetá. Verificamos nessa planta o adensamento da malha urbana principalmente na margem à direita do Rio Paraíba e o crescimento da malha nos corredores que vão em sentido à Serra da Mantiqueira e cidade do Potim. 53 8. Levantamento de informações junto a Prefeitura de Guaratinguetá O presente capítulo trará informações levantadas junto a Prefeitura de Guaratinguetá. As informações levantadas com a Prefeitura foram junto a Secretaria de Planejamento e se basearam na coleta de plantas da cidade e entrevista direta. As plantas e a Lei de Zoneamento da cidade foram coletadas com a arquiteta Marici e a entrevista foi feita com a arquiteta Maria Teresa Cunha. A arquiteta Maria Teresa da Cunha é filha do falecido Dr. Ariberto Pereira da Cunha, responsável por grande parte do planejamento urbano de Guaratinguetá a partir da década de 1970. Atualmente em homenagem ao Dr. Ariberto Pereira da Cunha a avenida onde se localiza a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá leva o seu nome. A pesquisa foi organizada em treze perguntas e respondida conforme segue. 1) Qual sua opinião sobre a atual malha urbana de Guaratinguetá? Conforme resposta da arquiteta Maria Teresa a atual malha urbana, para o número de veículos existentes, está ficando sobrecarregada. O conceito da mobilidade urbana deve ser mudado, fazendo-se a revisão do nosso posicionamento, não só em Guaratinguetá mas em diversas cidades do Brasil, que focam no transporte individual e sobrecarregam a malha urbana. Quando priorizamos ou destacamos uma alternativa de transporte, como uso de bicicleta, uso de transporte coletivo, VLT(Veículo leve sobre trilhos), meios que não são priorizados em nossa cidade, observamos uma malha urbana menos sobrecarregada. Para melhorarmos a circulação na malha urbana precisamos de uma mudança de conceito. O exemplo do centro histórico, onde as ruas e calçadas são estreitas, mostra um problema onde as pessoas não têm muito conforto e segurança para se locomover e os veículos também não tem muito espaço. Há cerca de 10 anos foram feitas intervenções alargando calçadas no centro histórico e estreitando ruas, retirando o estacionamento de veículos. 2) Como era a cidade de Guaratinguetá há 30 anos, quanto à malha urbana? Faltavam avenidas largas? Havia ruas e calçadas estreitas? 54 Historicamente a cidade nasceu à direita do Rio Paraíba e na década de 1950 que o lado esquerdo do Rio Paraíba começou a se desenvolver com as avenidas Presidente Vargas e João Pessoa. A região da FEG e Itaguará era uma fazenda, e na década de 1970 a fazenda foi negociada criando-se a CODESG com a função de urbanizar essa área. A década de 1970 foi um marco no desenvolvimento da cidade. A partir da década de 1970 que todo o sistema viário começou a ser criado, com as avenidas Dr. Ariberto Cunha direcionando o crescimento da cidade em sentido aos bairros do Beira Rio, Parque do Sol e outros. Também nessa década foi criada a avenida JK fazendo uma ligação tirando a circulação do centro, nessa época também foram planejadas as pontes através do plano de circulação. As atividades feitas desde então muito seguem o planejamento feito nessa década. 3) Como a prefeitura de Guaratinguetá vem interferindo nas modificações da malha urbana? Quais são as principais mudanças realizadas em 30 anos? Interfere através do seguimento do planejamento traçado na década de 1970 e com as adaptações necessárias ao nosso contexto atual e criação de novos planejamentos. As principais mudanças são a criação de avenidas como a JK, Dr. Ariberto Cunha, Ponte Rosinha Filippo, Ponte Tenente Francisco Moreira dos Santos, Complexo Mario Covas dentre outros. As modificações muitas vezes necessitam de consulta e aprovação de órgãos como o ministério público onde as necessidades públicas de crescimento da cidade são levantadas para se obter a aprovação do órgão e licenciamentos da obra. Algumas propostas de intervenção que já foram planejadas são mantidas em estudo de uma forma mais sigilosa para que problemas especulativos não comecem a surgir. 4) Quais são os principais problemas da malha urbana de Guaratinguetá? Há grandes vazios urbanos? E a especulação imobiliária? São dois os principais problemas: os vazios urbanos e a especulação imobiliária. Esses problemas andam juntos. Por exemplo, a pessoa possui uma terra e a deixa parada para que no futuro ela possua um aproveitamento financeiro mais rentável com a terra, ela espera para 55 especular. A cidade cresce no entorno da terra da pessoa, o poder público disponibiliza os serviços, equipamentos, valorizando a área. Com isso as moradias para pessoas de menor poder aquisitivo são empurradas para as periferias da cidade, porque os locais mais centralizados estão muito valorizados. Empresas com interesse econômico buscam comprar áreas menos valorizadas para fazer os condomínios e fazer com que o ministério público leve os serviços e equipamentos (saúde, educação, lazer) para perto de seus empreendimentos, para terem maior lucro. O plano diretor define dentro do estatuto da cidade mecanismos como o IPTU progressivo, que ainda não são implantados em Guaratinguetá mas está em fase de estudo, que permitem a Prefeitura e Secretarias controlar a especulação imobiliária e os vazios urbanos. Outros mecanismos são a outorga onerosa, direito de preempção que garante o direito a preferência na compra de uma área. Esses mecanismos buscam evitar que o mau uso da terra seja feito. O direito da terra deve ser para viver e não para especular, não para se acumular pois assim se tira o direito do outro de ter a mesma qualidade de vida ao onerar muito a terra. O plano diretor dessa forma busca rever esse panorama. 5) Como a prefeitura pretende interferir na malha urbana visando à modernização da cidade? O que falta fazer? Faltam duas coisas. Quanto à mobilidade urbana onde devemos tornar a cidade mais acessível. Temos em Guaratinguetá um relevo bem acentuado, com isso algumas calçadas são intransitáveis. Deve existir alguma ação no sentido de melhorar o passeio público, alargamento das calçadas e a criação de mais ciclovias e incentivo ao seu uso. Dar continuidade ao planejamento do sistema viário de uma mais arterial, fazendo a distribuição do transito através de novas e atuais avenidas. 6) Qual é a postura da prefeitura quanto as principais avenidas de acesso ao município? Já existe planejamento para intervenção em algumas avenidas de forma a aproveitar a malha urbana já existente desviando parte do fluxo de veículos dessas avenidas principais. Um exemplo é o desvio de veículos da Av. Padroeira do Brasil e Av. Santos Dumont para a Rua Comandante Salgado que segue paralela a linha do trem. Outro exemplo é a continuação de obras que ligam a Av. Padroeira do Brasil ao 56 Complexo Mario Covas e Estrada Vicinal Presidente Tancredo Neves. A prefeitura quer juntamente com obras de grande impacto fazer pequenas intervenções, acupunturas urbanas. 7) Qual é o grande problema a ser enfrentado para a melhoria da malha urbana de Guaratinguetá? Guaratinguetá tem a particularidade de ser cortada pela via Dutra, linha férrea, Rio Paraíba e estar bem próxima a Serra Quebra Cangalha. O do centro histórico, o “coração da cidade”, possui todos esses fatores que são bastante complicados de se transpor porque não dependem do município e sim do governo federal. Um exemplo é o viaduto do bairro Vila Bela (próximo a AGC) que demorou muitos anos para ser construído devido a entraves e negociação com a CCR e governo federal. Outro problema é a precariedade de acessos, como o do bairro Santa Barbára que sofreu com a intervenção que a via Dutra precisou fazer em seu único acesso que passa por baixo da rodovia. Os bairros do São Manuel, Pedrinhas, Santa Rita, Pilões dentre outros também sofrem com a escassez de acessos. Os loteamentos clandestinos também são um problema que se nota e é de difícil regularização depois de feitos. A ferrovia que passa pelo centro da cidade também causa um problema pois na passagem do trem temos a parada da cidade. Temos atualmente quatro viadutos que transpõe a linha férrea, o viaduto que liga a praça da Bandeira a avenida JK, o viaduto próximo ao IML, o viaduto da Santa Rita e o viaduto próximo à BASF que foram dados pela rede ferroviária. Sendo assim um grande problema para a malha urbana de Guaratinguetá são sua limitações geográficas e a passagem de vias de transporte que são de responsabilidade do governo. 8) Fale sobre os vetores de crescimento de Guaratinguetá? A cidade tende a crescer para o lado dos corredores da região do bairro dos Pilões, Pedrinhas e sentido a cidade do Potim. Esses locais são mais planos e tendem a crescer mais nos próximos anos, sendo assim necessário o planejamento do alargamento e duplicação de vias para não ocorrer o estrangulamento no trânsito, criação de ciclovias. 57 Houve o crescimento e desenvolvimento de bairros, com o aumento de serviços e equipamentos, devido à instalação de industrias como a BASF e indústrias de apoio às atividades da BASF e posterior criação do polo industrial na cidade. Atualmente a industria AGC construída no lado Norte da Rodovia Presidente Dutra tende a levar desenvolvimento para àquela região. 9) Os acessos rodoviários a cidade através da Rodovia Presidente Dutra são suficientes? São suficientes, porém devem ser melhorados. A via Dutra corta Guaratinguetá na região mais estreita do município e possui diversos acessos ao município que devem ser melhorados. 10) A partir de quando Guaratinguetá começou a seguir um modelo organizado de crescimento da malha urbana? Iniciou-se em 1970 com o planejamento do arquiteto Dr. Ariberto Pereira da Cunha. Ele planejou o crescimento da cidade para o outro lado do Rio Paraíba traçando avenidas e planejando outros bairros, bem como o deslocamento de equipamentos urbanos com a Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá para o seu local atual, o Fórum da cidade, casa da agricultura e demais equipamentos antes todos concentrados na praça do centro. Nesse período foi criada a CODESG com o intuito de urbanizar toda a área da antiga Fazenda Byington que tinha sua sede no casarão do atual Itaguará. 11) Qual a quantidade de casas na cidade no perímetro urbano? Mais de 34 mil domicílios. 12) Por que o Clube dos 500 tem tido um desenvolvimento lento? O clube dos 500 e toda aquela região ficaram um tempo estagnado devido à falta de acessos adequados, o viaduto que liga a Vila Bela ao outro lado da via Dutra demorou muito para ser construído embora seu planejamento já estivesse realizado. 13) Cite uma curiosidade sobre a malha urbana de Guará. O que ela tem de diferente em relação às outras cidades do Vale? Difere quanto à maioria das malhas urbanas do Vale do Paraíba por possuir um sistema viário planejado que vem sendo trabalhado há 40 anos. Diferente de São José dos Campos, Guaratinguetá não teve um crescimento tão acelerado mas possui também um sistema viário eficiente em sua maior parte. 58 9. Proposta de intervenção urbana em Guaratinguetá As propostas de intervenção na malha urbana feitas pelo aluno serão apresentadas com alterações na planta da cidade de Guaratinguetá de 2013 fornecida pela Prefeitura de Guaratinguetá. As propostas que surgiram da observação do aluno se assemelham com o que já está planejado para a malha urbana da cidade, conforme entrevista feita com a arquiteta da Secretaria de Planejamento e Coordenação, Maria Tereza Cunha. As linhas em vermelho na planta foram feitas pelo aluno e indicam a proposta de intervenção na malha urbana. As principais propostas de intervenção são: Criação de uma rotatória no encontro da Avenida Padroeira do Brasil e Avenida Santos Dumont. o Objetivos da proposta: criar uma alternativa de percurso para os veículos e demais meios de transporte que se locomovem pelas duas Avenidas e também pela Rua Comandante Salgado (paralela à linha do trem), atualmente pouco utilizada. Diminuir o fluxo e aglomeração na Praça da Bandeira. Através desse novo percurso quem vem pela Avenida Padroeira do Brasil poderá ter mais uma alternativa para alguns bairros, centro da cidade e Avenida JK. Figura 37 – Proposta de rotatória entre Av. Padroeira do Brasil e Avenida Santos Dumont (Fonte: Planta de Guaratinguetá de 2013 alterada, Prefeitura Municipal) 59 Criação de uma avenida paralela à Avenida Padroeira do Brasil do lado direito da linha do trem. o Objetivos da proposta: criar uma alternativa de percurso para os veículos e demais meios de transporte na entrada do município de Guaratinguetá, na divisa com Aparecida. Ligar a entrada de Guaratinguetá com o Complexo Mario Covas passando pela Chácara Selles. Construir um novo viaduto para transpor a linha férrea. Figura 38 – Proposta de avenida paralela à Avenida Padroeira do Brasil e viaduto (Fonte: Planta de Guaratinguetá de 2013 alterada, Prefeitura Municipal) 60 Figura 39 – Proposta de ligação da entrada de Guaratinguetá ao bairro Chácara Selles (Fonte: Planta de Guaratinguetá de 2013 alterada, Prefeitura Municipal) Criação de uma rotatória entre o Anel viário Mario Covas e Rua Júlia Antunes Moreira (01) na Chácara Selles. o Objetivos da proposta: criar uma alternativa de percurso para os veículos e demais meios de transporte no Anel viário Mario Covas. Figura 40 – Proposta de rotatória no anel viário Mario Covas (Fonte: Planta de Guaratinguetá de 2013 alterada, Prefeitura Municipal) 61 Outras propostas de intervenção urbana foram discutidas na entrevista com a arquiteta Maria Teresa da Cunha, onde se obteve a informação de que apenas 1/3 das obras que ligam o Anel Viário Mario Covas a outras áreas da cidade estão realizadas. Material referente a esse planejamento não são disponibilizados para a população para não evitar que surja especulação imobiliária antes mesmo de se iniciarem as intervenções na malha urbana. 62 10. Conclusão A sociedade ocupando cada vez mais espaços urbanos exige que as cidades sejam mais planejadas em busca de um desenvolvimento urbano sustentável. O planejamento da malha urbana de uma cidade define os direcionamentos e forma de ocupação dos espaços urbanos sendo norteado pelo Plano Diretor do município. Guaratinguetá segue atualmente um planejamento urbano que norteia o desenvolvimento da cidade. Através do levantamento da malha urbana de Guaratinguetá em plantas de diferentes anos pôde-se estudar seu desenvolvimento. O início do desenvolvimento da malha urbana da cidade se deu as margens esquerdas do Rio Paraíba, sendo o lado direito posteriormente urbanizado. O centro histórico foi o primeiro a se desenvolver, depois os bairros vizinhos às margens esquerdas do rio e somente no final do século XX o lado direito do Rio Paraíba começou a ser urbanizado devido a um planejamento de desenvolvimento para a cidade. Atualmente o maior vetor de crescimento de Guaratinguetá está em direção a Serra da Mantiqueira pois o lado oposto da cidade esbarra em uma fronteira geográfica, a Serra Quebra Cangalha. As serras no território de Guaratinguetá, o Rio Paraíba e seus afluentes que cortam a cidade e também a estrada de ferro e rodovia Presidente Dutra que a interceptam são características que exigem planejamento da malha urbana para o controle do desenvolvimento da cidade em prol do bem estar da sociedade. A análise do acesso rodoviário de Guaratinguetá que faz divisa com Aparecida levou a uma proposta de intervenção na malha urbana de forma a aumentar as possibilidades de percurso nessa via de acesso com outras áreas do município. A proposta buscou intervenções de menor impacto, que não descaracterizassem a cidade, como também intervenção de grande porte que demandam análise dos diversos fatores relacionados, buscando seguir o planejamento traçado. Parte do proposto nesse estudo se assemelha a intervenções planejadas pela Secretaria de Planejamento e Coordenação. Segundo KEELER (2010, p. 214) devido à dispersão urbana desenfreada, zonas rurais vêm sendo ocupadas com uma velocidade alarmante e com isso habitats naturais importantes vem sendo destruídos. Outro impacto relevante é na vida das pessoas que passam grande parte do seu tempo em percursos de ida e vinda, sejam para o trabalho, para obtenção de bens de consumo ou serviços, ou demais atividades rotineiras. Além do tempo, muitos recursos financeiros são gastos em longos percursos considerando o 63 valor elevado do petróleo, o valor necessário para construção e manutenção de toda infraestrutura rodoviária, e também grande poluição gerada pela queima dos combustíveis e resíduos gerados pelos veículos na sua manutenção. Dessa forma a dispersão da malha urbana causa grandes impactos na sociedade pois é através das vias que o movimento de pessoas e suas relações se dão. Formas de desenvolvimento sustentáveis devem ser aplicadas em cidades visando o controle da expansão desordenada. Uma dessas formas de desenvolvimento é o Smart Growth que conforme a Environmental Protection Agency – EPA dos Estados Unidos, o Smart Growth é o “desenvolvimento que atende a economia, a comunidade e o meio ambiente. Ele muda os termos de debate de desenvolvimento do tradicional crescimento/não crescimento para como e onde se deve acomodar um novo desenvolvimento”. (EPA, 2004) Na sociedade atual globalizada as relações diárias geralmente necessitam de uma velocidade maior, dado o curto tempo que temos para diversas atividades que nos são ditas como necessárias para o alcance do sucesso e riqueza. Dessa forma o sistema de moradia no meio urbano, sistema rodoviário e o grande uso de veículos particulares se tornaram uma rotina presente na nossa sociedade. Segundo SANTOS (2002, p. 17), o mundo confuso e confusamente percebido é dado de um mundo fabricado pelo próprio homem que exige uma referência obrigatória a aceleração contemporânea a começar pela própria velocidade. Com isso passamos a viver em um mundo sob um discurso único fundamentado na informação que se baseiam na percepção do nosso imaginário do que é bom, do que faz sucesso, passando a nos focar no império do dinheiro que torna a vida social e pessoal uma monetarização. A educação e o investimento da cidadania da população aliadas às intervenções urbanas em pequenas escalas - acupunturas urbanas segundo LERNER (2003) equilibradas com grandes intervenções, são necessárias para que possamos planejar a cidade de forma que o ser humano seja o agente principal a ser priorizado diante dessa sociedade globalizada. 64 Referências Entrevista feita pelo autor com a Arquiteta e Urbanista Maria Teresa Cunha no dia 11/11/13, na Secretaria de Planejamento e Coordenação de Guaratinguetá. KEELER, Marian; BURKE, Bill. Fundamentos de projeto de edificações sustentáveis. p. 362. Porto Alegre: Bookman, 2010. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 9ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. MARICATO, Ermínia. Brasil, cidades: alternativas para a crise urbana. Petrópolis: Vozes, 2001. SERRA, Geraldo. O espaço natural e a forma urbana. ed. São Paulo: Nobel, 1936. Pires, G. V. 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