GUIA DO PARTICIPANTE | GRUPOS PEQUENOS | SETEMBRO | 2015 Estudo 3: E seus efeitos na amizade Analisando o contexto A Bíblia nos mostra que Deus, ao terminar de criar o homem, disse: “Não é bom que ele esteja só”. Assim, em nosso coração existe uma necessidade de nos relacionarmos. O problema é que trocamos a necessidade de relacionamentos, pela necessidade de sermos amados. Por isso, vivemos na “rede” tentando fazer com que as pessoas nos amem. Zygmunt Bauman afirma: “Quando era pequeno, eu não tinha o conceito de “redes”, eu tinha o conceito de laços humanos, de comunidade. A grande diferença desses conceitos é que a comunidade e os laços de amizade procedem de nós. As redes são vivas por duas atividades diferentes: Conectar e desconectar. É fácil conectar e fazer amigos, mas é mais fácil ainda desconectar. ” Cenário Bíblico Como Bauman disse, nossas amizades são tão frágeis que qualquer coisa pode nos fazer desconectar. Davi, no Salmo 55, nos mostra exatamente isso. Este Salmo foi escrito provavelmente no momento em que ele fugia de um rei chamado Saul. Porém, neste Salmo ele está lamentando não apenas pelos inimigos que queriam mata-lo, mas, podemos perceber um desapontamento enorme pela traição de quem ele menos esperava: “Se um inimigo me insultasse, eu poderia suportar; se um adversário se levantasse contra mim, eu poderia defender-me; mas logo você, meu colega, meu companheiro, meu amigo chegado, você, com quem eu partilhava agradável comunhão enquanto íamos com a multidão festiva para a casa de Deus! (Salmos 55:12-14) O grande problema que vemos nestes versículos é que Davi era capaz de enfrentar ou se esconder dos ataques dos inimigos, mas, de amigos, ele ficou “sem chão”, era insuportável. Em tempo de dificuldades, Davi percebe-se sozinho, percebe que em uma “amizade líquida”, facilmente as pessoas se desconectam e abandonam. Como disse o Pequeno Príncipe: “... num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo”. Compartilhando no grupo 1. Você já experimentou algo parecido com o que Davi experimentou? Qual foi o seu sentimento diante disso? 2. O quanto as redes sociais influenciam para criar amizades líquidas? A perspectiva de Deus Como vimos, nos tempos difíceis, precisamos de amigos, de pessoas que podemos confiar. Em Lucas 22 vemos os últimos e terríveis momentos de Jesus, antes de caminhar para cruz. Era tempo de festa (Páscoa) e ele reúne seus amigos para um último momento juntos. Quando chegou a hora, Jesus e os seus apóstolos reclinaram-se à mesa. E disse-lhes: "Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer (Lucas 22.14-15) Antes de morrer, antes de enfrentar a cruz, Jesus deseja estar com seus amigos, ele busca abrigo naqueles que estavam ao seu lado. Mas, a mesa de Jesus era composta por péssimos amigos, pessoas falhas. Nesta mesa estavam os amigos de Jesus que iriam traí-lo, negá-lo e abandoná-lo. Em nossos relacionamentos buscamos pessoas perfeitas, mas sabemos que não é assim. A entrada do pecado na história afetou nossos relacionamentos e para resolvermos isso precisamos admitir essa confusão e perceber que todo relacionamento é difícil, mas que vale a pena. Cristo é a única esperança verdadeira para os relacionamentos. Jesus nos reconciliou com Deus, o que vem a ser a base para a forma como nos reconciliamos uns com os outros. Pois ele perdoou o “não perdoável” e relacionou-se com o “não relacionável”. Porém, o que precisamos entender é que não será numa amizade que encontraremos a verdadeira paz em nosso coração, pois, muitas vezes, os amigos irão abandonar. Só encontraremos a verdadeira paz em Deus, por isso, que Davi termina o Salmo 55 dizendo: Entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá (v.22) É por isso que Jesus ao final da sua vida, depois de comer e buscar abrigo com seus amigos, se volta para o Aquele que seria o único capaz de cuidar e sustentar a sua vida: Deus. Ele se afastou deles a uma pequena distância, ajoelhou-se e começou a orar... apareceu-lhe então um anjo do céu que o fortalecia (Lucas 22:41-43) Jesus sabia que era muito importante estar com os amigos no seu momento de dor. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia que era fundamental se refugiar em Deus, e quem de fato o fortalecia era o próprio Deus. Se Deus reina em nossos corações, a paz reina em nossos relacionamentos. Como disse C.S. Lewis, Deus restaura primeiro as coisas importantes. Somente o Evangelho pode fazer com que pessoas diferentes e imperfeitas consigam se relacionar, pois “Jesus se dispôs a tornar-se o amigo desamparado para que nós pudéssemos ter amizades cheias de amor”. Só assim nossos relacionamentos deixarão de ser líquidos, pois não é baseado no que o outro pode oferecer, mas sim no que Cristo ofereceu por nós. A nossa resposta 1. Você entende que Cristo é o único capaz de nos oferecer a verdadeira reconciliação com Deus e com o próximo? 2. Como você tem caminhado nesta história? Sozinho ou disposto a ter a companhia de amigos e pessoas que também são falhas? 3. Onde você tem encontrado refúgio para seus dias de deserto? Deixe que Deus seja o sustento para a sua vida e seus amigos um refúgio para chorar. 4. Você tem se tornado um refúgio para seus amigos?