os
CASOS EXTRA-PROPOSICIONAIS
DE CASOS DE ANDERSON
{1977}
NA TEORIA
--
parte
LOCALrSTICA
II
Mauricio Brito de Carvalho.
Unlversldade
quinze diferentes
adjuntos
circunstanciais
vimos que todos podem receber
[Iocativo)
outras
simples.
Veremos,
da gramatica
uma unica analise
no que se segue,
que
da gramatica
bem ser analisada
como instancias
do caso [Iocativo]
nao um [Iocativo)
sil\lples,
com a teoria
Cumpre.
do portuguese
baixo:
e
da teoria
uma serie
tradicional
de
pode tam-
mas, desta
vez,
mas sim um caso complexo [Iocativo.abla-
Estamos pressupondo.
familiaridade
tradicional
dentro
circunstanciais
tivo).
expressOes
Federal de Minas Cerais(ufmg).
nas considerac;Oes
de casos
localrstica
uma certa
de John M. Anderson
primeiramente.
que consideremos
sobre
teceremos
as quais
abaixo,
alguns
algumas sentenc;as
comentarios
logo a-
Indicar
0
lugar onde ela mora.
simples de Betim.
Indlcando
Em (1.b).
0
temos
0
[ablatlvo)
lugar de onde se orlglna a orlen-
tatao espadal representada na sententa.
bem como um [Ioc:ativo)
simples. para Belo Horizonte. indlcando
0
lugar para onde se dl-
rige a orientatao especial da sententa.
Ja em O.c).
temos a ex-
pressao por L.agoasanta. que reune.em um unlco referente. as
orientatOes de origem e alvo espaclals. portanto. uma caso com-
3.0
Mais Instancias do casu complexo [Iocativo.ablatlvo)
Vejamos. agora. a exempllflcatao de uma serle de expres-
amillses:
a analise de casos localfstica. entre colchetes. segulda
da analise da gramatlca tradlcional:
e. 0 MCbio IIOITeU •• ~.
IlOC;ititl I
a·
Dlatribuho.
0
pio -
b. lIe. diacutlr •••
••
8dj. adY. de _
m.
l1oc••••~j.
1to ~
an.
de oI1atdIIldciD
•.•
lroc;iIiIT I
adj.
adY.
de..e-lw...
A expressao sublinhada em (2.a).
por uma estrada de terra.
recebeu. em algumas propostas anteriores da gramatica de casos.
a .ilmilise de (prolativo) (ou (path)).
Parece-me desnecessario
p,roppr um caso a mais na teoria. com todas as compliCCl4;Oes
daf adyindas. para poder dar conta de tals expressOes. quando dispomos
da. possibilidade de considerar que
que
;':
0
Iablativo) e
'.
0
0
(prolativo) nada mais
e do
(Iocativo). reunidos em um unico referente.
a que Anderson. por exemplo. denomina um caso complexo (Iocativo.
ablativo).
A gramatica tradicional analisa tais expressOes como Ins-
tancias de uma adjunto circunstancial de lugar por onde.
Em (2.b).
temos. segundo a gramatica tradicional. um adjunto
adVerbial de meio. Podemos analisar tais expressOes. como instanda's'de-um caso complexo (Iocativo.ablativo);
tal analise parece
f~'~ttficadaquando parafraseamos (2.b) por senten~s
como Ela veio
com uma bicicleta I Ela veio (por meio) de (uma) bicicleta. onde a
semelhanc;adestas parafrases com a senten~
(2.a)
e
Em (2.c). a expressao sublinhada com cuidado
adverbial de modo. segundo a gramatica tradicional.
bem clara.
e um adjunto
A proximidade
de significados e de marcadores preposicionais superficiais entre modo
e meio (Ele veio com uma bicicleta I Ele veio com cuidado) parece
justificar plenamente uma analise que a expressao com cuidado em
(2.c) acima seja uma instancia do caso complexo (Iocativo.ablativo).
Em (2.d). estamos diante. segundo a gramatica tradicional. de
um adjunto adverbial de instrumento.
Ifcito invocar
0
este refor~do.
Uma vez mais. parece-nos
paralelismo meio I modo I instrumento (paralelismo
tambem aqui pela preposic;ao superficial ident ica:
com a tJreicleta I com culdado I com uma pedra) e considerar que
tais adjuntos reflitam um caso complexo (Iocativo.ablatlvo).
Em (2.e). a expressao de AIDS
e um adjunto
de causa. segundo a gramatlca tradlclonal.
Em termos de u-
ma analise localfstlca de casos. tal expressao.
plos anterlores.
blativoJ,
0
e uril instancla
adverbial
como nos exem-
do caso complexo Ilocatlvo.a-
que pode ser naturalmente proposto. dadas as pos-
sfveis parafrases:
morreu de AIDS I morreu atraves de AIDS
I morreu com AIDS.
Note-se. uma vez mais.
0
paralelismo
entre as preposic;Oessuperficiais destas expressOes.
Em (2. f). temos. segundo a gramatica tradicional. um
adjunto adverbial de conformldade.
Propomos. aqui tambem.
um caso complexo llocativo.ablativo) para tais expressOes. numa analise localfstica.
As parafrases posslvels para (2.f) con-
firmam esta analise: eIes procederam de acordo com a lei I
eles procederam da fonna como reza a lei I eles proeederam
do modo como dita a lei I eles procederam com a lei'
eles
proc:ederam pela forma da lei I eles procederam ao Iado da
lei. expressOes estas que mostram uma clara semelhanc;acom
(2.b).
(2.c) e (2.d).
como fica patente. tanto pelos signlfi-
cados das parafrases acima. comparadas aquelas sentenc;as.
quanto pelo uso das dlversas preposic;oes em ambos os conjuntos de sentenc;as (isto e. em (2.b) a (2.d).
comparadas as pa-
rafrases de (2. f) apresentadas acima).
Em (2.g),
dlstribu~.
estamos diante de um adjunto adverbial de
segundo algumas propostas da gramatica tradi-
cional (d. Maciel (1916)).
A expressao com os pobres. slno-
nima de pelos pobres. par '8fltre os pobres. tem um claro sentido que nos permlte anallsa-Ia como um Ilocatlvo.ablatlvo).
pols
a distribuic;ao
dos paes se da de um pobre
demals pobres
(=llocatlvo)).
Ihante ocorre com (2.h).
alidade,
segundo
por assim dizer.
em que
a gramatica
adjunto
0
tradicional,
e tem
(2.g).
51 pressupOe
e outro,
discutiram
Em (2.i),
adverbial
entre
a expressao
de materia.
As parafrases
esta analise:
bordado
tensidade.
adverbial
sentido
sublinhada
Pela proposta
de mutu-
muito proximo a
dlscutlram
com um
a ouro e um adjunto
que ora estamos fazendo,
do casu complexo (Iocativo,abla-
posslveis
para tal expressao
com OUro' bordado
bordado a ouro do princlpio
Finalmente,
Situac;ao seme-
de um para outro.
esta seria mais uma instancia
tivo).
0
aos
e tambem analisado
como um (Iocatlvo,ablatlvoJ,
pois discutiram
(=Iablativo))
em (2.j),
confirmam
por meio de ouro,
ao tim.
temos um adjunto
Gostarfamos de propor
adverbial
de in-
para estas expressoes
tam-
bem uma analise em termos do casu complexo (Iocativo,ablativo);
observemos as diversas
tovelos,
parafrases
posslveis:
ele fala por todos nOs juntos,
ele fala pelos co-
com claro significado
espadal.
4.0
Conclusao
Examinamos, na sec;ao precedente,
verbiais
da gramatica
sao instancias
tradicional
dez circunstancias
e argumentamos
que todas elas
do casu complexo Ilocativo,ablativ~).
que em Carvalho
cias adverbiais,
de um Ilocativo)
(1990c) examinamos quinze outras
para as quais propusemos
simples.
Conjuntamente,
ad-
Recorde-se
circunstan-
a analise em termos
portanto,
0
que es-
tas vlnte e cinco circunstincias
adverbiais Indicam e que os
chamados casos extra-proposlcionafs (os casos periteriCIOSde
Cook (1972» podem ser todos resumldos sob a eglde do caso
locativo, quer simples (=[locatlvoJ), quer complexo (=[Iocativo,ablatlvo)),
de acordo com a teorla de casos localfstica de
Anderson (1977).
A importancia desta proposta e signlficatlva, na medida
em que nao temos conhecimento de· qualquer outra slstematiza~ao anterior que de conta, dentro de uma abordagem de
casos, de too numerosas circunstancias extra-proposicionais.
A proposta de que tantas e tao variadas circunstancias possam ser Instancias de um unico caso [Iocativo], quer simples,
quer complexo, confere um alto grau de falsificabilidade
teorla localfstlca.
a
Como sabemos, uma das maiores vlrtudes
de uma teoria cientffica
e a de
poder ser falsificada.
Espe-
remos que investiga~Oes futuras de outros analistas, dentro
do ambito da gramatlca de casos localfstica, possam confirmar
(ou mesmo refutar) as anallses ora propostas.
5.0
Bibliografia:
Anderson, John M. 1971. The Grammar of Case: Towards a
Locallstlc Theory, Cambridge University Press: Londres.
-----,
1977. On Case Grammar: Prolegomena to a Theory of
GraalIIIitticalRelations, Croom-Helm: Londres.
Carvalho, Mauricio Brito de
1986. Uma Int~
tlcas de Casos, Imprensa Unlversltaria,
deral de Vicosa, Vi~sa,MG.
is GramiUnlversidade Fe-
-----,
1989a. 'A estrutura
interna de SNs complexos: uma analise
localrstica da gramatica de casos', comunicac;aoinl!dita~
-----,
1989b. '0 caso subjacente locatlvo na teoria de casos
localrstica de Anderson (1977)', comunicac;aoapresentada ao
XXXIVEncontro do GEL (Grupo de Estudos LingDrsticos do
Estado de Sao Paulo), Lorena, SP, a sair nos Anais do
XXXIV GEL, a ser publicado pela UNESP, Bauru-SP.
-----,
1990a. 'Algumas considerac;Oes sobre
0
caso subjacente com-
plexo (Iocativo,ablativoJ: uma analise de casos localrstica',
comunicac;aoinedita.
-----,
1990b. 'A teoria de casos localrstica de Anderson (1977)
aplicada a um trecho de Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge
Amado', comunicac;aoinedita.
-----,
1990c. 'Os cas9s extra-proposicionais
na teoria localrstica
de casos de Amerson (1977) - parte I', comunicac;aoinedita.
Cook, Walter A.
1972. 'A set of postulates for case grammar ana-
lysis', IN: Language and Unguistics Working Papers, 35-49.
Fillmore, Charles J.
(orgs.),
1968. 'The case for case', IN: Bach
&
Harms
Universals in Unguistic Theory, Holt, Rinehart
&
Winston: New York, 1-88.
Longacre. Robert E.
1976.
An Anatomy of Speech Notions, The
Peter de Ridder Press: Ghent, Belgica.
Lyons, John
1977• Semantics, vol. II, Cambridge University Press:
Londres.
Maciel, Maximiano 1916. Grarnmatlca Descrlptlva, Francisco Alves
&
Cia.: Rio de Janeiro, 6!! edic;ao.
Ribeiro, Julio
1885. Grammatlca Portugueza, Teixeira
Editora: Sao Paulo,SP, 2!! edic;ao.
&
Irmaos,
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parte II