Módulo 2 Elaboração do PPRA; Documento Base; Ferramentas para Elaboração; 1º, 2º e 3º Fases de elaboração. Elaboração do PPRA Para iniciarmos a elaboração do PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais é necessário termos o conhecimento de 3 situações que podem ocorrer, para sabermos como proceder em cada uma delas. A primeira situação: Empresas onde será elaborado pela primeira vez o PPRA. Neste caso é necessário que o responsável pela elaboração tenha total conhecimento e acesso aos procedimentos da empresa, para que o documento seja feito com o máximo de informações necessárias, tendo em vista que , este será a base para os próximos documentos a serem desenvolvidos. A segunda situação: Empresas que já possuem o PPRA porém não foram realizadas as medições dos agentes agressivos já existentes ou de novos agentes inseridos nos procedimentos da empresa e que ainda não foram incluídos no documento. Neste caso o responsável deverá fazer um levantamento para averiguar quais produtos não foram incluídos e refazer o documento com todos os procedimentos completos e suas devidas avaliações qualitativas e quantitativas. A terceira situação: Empresas que possuem PPRA com medições efetuadas. Neste caso o ideal é fazer uma leitura deste programa e com ele como base desenvolver um check list a fim de monitorar se as informações estão corretas, se há alguma mudança a fazer. Caso esteja tudo em ordem, o cronograma de ação deve ser refeito buscando sempre a melhoria contínua. Documento Base O PPRA deve ser formalizado através de um documento, denominado “Documento Base” , onde todos os aspectos estruturais contidos na NR 9 devem estar descritos. É através deste documento que a empresa assume legalmente o compromisso de estudar e controlar os riscos ambientais. A CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, deve ser ouvida durante o processo de elaboração e até mesmo antes da finalização do PPRA, sendo que as sugestões devem ser arquivadas junto com a documentação, ou seja , as atas devem estar anexas ao Documento Base, para que as considerações e avaliações possam usufruir das informações contidas nas atas. O banco de dados acumulado ao longo dos autos retrata os resultados solicitados e alcançados no desenvolvimento geral do PPRA. Todos estes dados permitirão ao responsável pela elaboração do programa uma real dimensão da evolução de todo o processo e das condições de exposição a cada risco ambiental encontrado. Ferramentas para Elaboração As ferramentas são técnicas utilizadas para descobrir falhas do processo, bem como para avaliar, definir e propor ações para minimizar e/ou eliminar as falhas encontradas. Para elaboração do PPRA elas são de grande valia, pois nos garante a organização dos dados colhidos e a implantação de procedimentos coerentes com os processos da organização. Neste curso vamos apresentar algumas ferramentas como sugestão para elaboração do programa, mas o responsável pelo PPRA deverá optar por aquela que melhor lhe apraz. O objetivo do uso destas ferramentas para a elaboração do programa é: • Colher os dados necessários para elaboração do Documento Base; • Identificar os riscos existentes nos processos; • Identificar as causas dos riscos encontrados; • Definir soluções eficazes. Outra ferramenta fundamental nestes processos é a “Estatística”, pois é através dela que fatos outrora não relevantes vão ser colocados a prova de maneira a definir as melhores soluções. A estatística é um suporte necessário para coletar, tabular, analisar e apresentar estes dados. Ferramentas para Elaboração São diversas as ferramentas de trabalho para elaboração do PPRA, aqui vamos apresentar 3 delas. 1. Estatística 1.1. Coleta de Dados 1.1.1. Coleta Direta 1.1.2. Coleta Indireta 1.2. Apresentação de Dados 1.3. Análise dos Resultados 2. Check list – Folhas de Verificação 3. Brainstorming 1ª Ferramenta 1- Estatística A estatística é uma importante ferramenta para a elaboração do PPRA, por ser um conjunto de técnicas e métodos de pesquisa, que entre outros tópicos envolve o planejamento de ações a serem realizadas, a coleta qualificada dos dados, a inferência, o processamento, a análise e a disseminação dos dados. A estatística tem por objetivo fornecer métodos e técnicas para lidarmos, racionalmente, com situações sujeitas a incertezas. 1.1. “Coleta de Dados” . Este é o primeiro passo da estatística. Para o desenvolvimento eficaz do PPRA é necessário que seja realizada a coleta de dados corretamente e a maior quantidade de dados possível, desde que estes sejam realmente relevantes, uma vez que o programa depende de dados que representem realmente o que esta ocorrendo na empresa. Dados são um conjunto de informações obtidas através de observações sobre um evento específico. 1- Estatística Outro aspecto importante da “Coleta de Dados” , é que esta coleta se dá de duas maneiras, a Coleta Direta e a Coleta Indireta. 1.1.1. Coleta Direta: Dados colhidos diretamente com diretor da empresa, funcionários e integrantes da CIPA. 1.1.2.Coleta Indireta: Dados colhidos através de documentos, como relatórios, atas, planta da empresa, entre outros. Importante: Deixar claro para todos da empresa a finalidade para qual os dados estão sendo colhidos; Ter cuidado com possíveis erros; Anotar sempre a origem dos dados; Coletar somente dados necessários ao desenvolvimento do PPRA. 1- Estatística 1.2. Apresentação de Dados Após a coleta dos dados, estes deverão passar por uma avaliação, para que os dados levantados possam ser organizados com o objetivo de simplificar a sua análise. Os dados estatísticos coletados são trabalhados, para poderem ser apresentados e utilizados, sempre que for necessário. Os dados coletados podem ser organizados em planilhas ou gráficos, neste caso, para elaboração do PPRA o responsável pode optar ou não em apresentar estes dados em gráficos ou planilhas, pois ele pode organizar estes dados em um relatório, desde que todos os dados colhidos sejam mantidos e guardados para utilização quando necessário. A elaboração de uma planilha de apresentação de dados é aconselhável, pois se tem, por meio dela, uma forma clara de se visualizar os riscos encontrados. 1- Estatística Exemplo: Levantamento de dados em uma industria de beneficiamento de vidros SETOR Nº DE FUNC. RISCOS NÍVEL B (baixo) M (médio) Usam EPI A (alto) SIM NÃO Recepção 1 Ruído x x Vendas 6 Ruído x x Ergonômico x x x Loja 1 Ruído x Lapida ção 7 Ruído x x Corte 6 Ruído x x Acidente x x 1- Estatística 1.3. Análise de Resultados Após a visualização dos dados coletados deve-se analisar estes dados. Será com base nestes resultados que ações para a realização adequada do programa, bem como procedimentos para garantir a segurança e saúde do trabalhador deverão ser discutidos. Com base no exemplo dado no slide anterior, o que podemos avaliar? Que há um risco físico: o ruído e que ele em determinados setores é de baixa significância e em outros de alta, neste segundo caso temos então uma análise quantitativa a fazer. Para efeito de PPRA uma medição deverá ser realizada, para termos a análise quantitativa do ruído e esta deverá estar anexada ao programa. Podemos também avaliar medidas para eliminar ou minimizar o ruído na fábrica. 2ª Ferramenta 2. Listas de verificação Check list são listas de verificações com itens a serem observados, tarefas a serem cumpridas, materiais a serem comprados, ou seja, é uma lista onde você coloca itens que podem fazer falta em alguma tarefa ou em algo que esteja planejando ou executando, evitando assim futuros esquecimentos, falhas, faltas. Ela pode ser usada (lista de verificação) não só por empresas, mas por qualquer pessoa que quer organizar algo a ser feito. Segundo Atul Gawande, uma checagem simples é a chave da prevenção para que um pequeno engano não se transforme em um desastre de enormes proporções. Benefícios do check list ou lista de verificação: Segurança: A lista funciona como uma rede de segurança cognitiva. Detecta falhas diretas e indiretas, ou seja falhas da empresa e falhas dos funcionários na execução dos processos da organização. Eficiência: O trabalho é desenvolvido de forma dinâmica, as equipes tornam-se mais rápidas e eficientes. Exatidão: Esse é o desafio das equipes modernas. O que precisamos melhorar é a exatidão dos nossos procedimentos. Foco: Quando a equipe adota o checklist, o óbvio e patente deixa de atrapalhar e os profissionais ficam livres para se concentrar no que é realmente importante. 2ª Ferramenta Vou apresentar a seguir um modelo de Check list inicial, onde informações básicas devem ser colhidas para que o responsável em desenvolver o PPRA possa saber qual a situação real da empresa bem como os possíveis riscos com os quais irá trabalhar. CHECK LIST DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS NR 9 DA PORTARIA 3.214/78 CONTRATANTE: nome da empresa CONTRATADO: nome do responsável ou empresa que realizará o PPRA RESPONSÁVEL PELAS INFORMAÇÕES: nome da pessoa da empresa que dará estas informações SETOR: do resp. pelas informações e FUNÇÃO: DATA: da coleta das informações TEL: da contratante 2ª Ferramenta IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA Razão Social: ? Endereço: ? CNPJ: ? CNAE: ? (Código Nacional de Atividade Econômica) Grau de Risco: ? Atividade Principal: ? Nº de Funcionários: ? 9.2 DA ESTRUTURA DO PPRA Possui PPRA? Planejamento Anual/Metas/Prioridades e Cronograma? Existe estratégia e metodologia de ação? Houve ou há formas de registros e divulgação do PPRA? Periodicidade e forma de avaliação do programa? SIM NÃO N.A. 2ª Ferramenta DA ESTRUTURA DA EMPRESA Quantidade de setores: SETORES RISCO 1 2 3 4 5 GERAL CIPA Presidente : Vice Presidente: Designado: Nº DE FUNCIONÁRIOS 3º Ferramenta 3. Brainstorming Esta é uma técnica desenvolvida em 1953 por Alex Osborn sendo também conhecida como “tempestade cerebral” ou “chuva de idéias” e tem como principal objetivo explorar a criatividade. É uma ferramenta para geração de novas idéias, conceitos e soluções para qualquer assunto ou tópico, num ambiente livre de críticas e de restrições. O Brainstorming é útil quando se deseja gerar em curto prazo uma grande quantidade de idéias sobre um assunto a ser resolvido, possíveis causas de um problema, abordagens a serem usadas, ou ações a serem tomadas. Sua grande vantagem é liberar as pessoas a pensarem de maneira criativa. O Brainstorming pode ser realizado no próprio local de trabalho mas o ideal é que ele seja realizado num ambiente diferente do usual, para se criar uma atmosfera informal, onde as pessoas possam se sentir mais à vontade. Para a eficácia desta técnica algumas situações devem ser evitadas, como fazer qualquer tipo de crítica ou brincadeira sobre a idéia de alguém, pois isto pode inibi-la a dar novas idéias, bem como a outros participantes. 3º Ferramenta Na aplicação desta ferramenta existem 4 regras fundamentais para a eficácia da técnica. O responsável pela aplicação deverá saber separar cada idéia, para que se chegue a conclusões coerentes a respeito do que se procura conseguir com o Brainstorming, são elas: 1º – Críticas são rejeitadas 2º – Criatividade é bem vinda 3º – Quantidade é necessária 4º – Combinação e aperfeiçoamento também são necessários Para iniciar o Brainstorming segue abaixo algumas dicas para aplicação da técnica. • Defina um problema ou assunto a ser tratado; • Selecione um grupo; • Defina as regras básicas (4 regras fundamentais) • Escreva o assunto num quadro visível a todos; • Estimule as idéias dos participantes. 1º, 2º e 3º Fases de Elaboração A elaboração do PPRA se dá por 3 fases e estas são: 1º – Antecipação e reconhecimento dos riscos da empresa; 2º – Avaliação; 3º – Medidas de Controle. A magnitude e a complexidade do PPRA dependerão da identificação dos riscos ambientais encontrados na fase da antecipação e/ou do reconhecimento. Caso na empresa não sejam identificados riscos, o programa se resumirá à fase de antecipação, registro e divulgação dos dados. É importante ressaltar que as ferramentas descritas neste curso serão utilizadas em todas as fases do PPRA. 1º Fase- Antecipação e Reconhecimento O objetivo desta fase está em fazer o reconhecimento dos riscos em potencial. Para isto é necessário: • A análise de novos projetos; • A verificação das instalações; • A análise dos produtos utilizados; • A análise dos métodos ou processos de trabalho. Por esta antecipação você terá o conhecimento dos riscos existentes na empresa e então você passará para a etapa do reconhecimento e para esta etapa algumas informações são necessárias, tais como: • A determinação e localização das possíveis fontes geradoras; • Trajetórias e meio de propagação; • Caracterização das atividades e do tipo de exposição; • Identificação das funções e do número de trabalhadores expostos; • Obtenção de dados já existentes na empresa sobre os riscos encontrados; Continua 1º Fase- Antecipação e Reconhecimento • Indicativo de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; • A descrição de medidas de controles já existentes e das possíveis alterações para aumentar a sua eficiência na redução ou eliminação dos riscos ambientais; • Informações obtidas nos documentos : a) Mapa de risco b) APR – Análise Preliminar de Riscos Nesta fase é muito importante saber quais os riscos considerados pela norma, conforme item 9.1.5. “Para efeito desta NR consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à sua saúde do trabalhador.” No próximo slide temos uma planilha com os riscos físicos, químicos e biológicos específicos para esta norma. 1º Fase- Antecipação e Reconhecimento RISCOS FÍSICOS RISCOS QUÍMICOS Ruídos Vibrações Pressões anormais Temperatura extremas Radiações ionizantes Radiações não RISCOS BIOLÓGICOS Poeiras Bactérias Fumos Névoas Neblinas Gazes ou vapores Fungos Bacilos Parasitas Protozoários Vírus ionizantes Infra-som ultra-som outros 2º Avaliação Nesta fase todas as informações colhidas deverão ser analisadas, é nesta fase que iremos avaliar: • A Intensidade dos agentes físicos; •A concentração dos agentes químicos; •A avaliação quantitativa deverá ser realizada, se necessário for, para comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos identificados no reconhecimento; •A exposição dos trabalhadores e examinar as medidas de controle que já estão ou que deverão ser postas para uso. Para esta avaliação você deverá considerar os seguintes itens: •Definir e planejar a estratégia de quantificação baseado nas informações colhidas na etapa anterior; •Quantificar a concentração ou intensidade através de equipamentos e instrumentos compatíveis aos riscos e estes devem ser manuseados por pessoas qualificadas para assinar o laudo, no caso um engenheiro do trabalho; 2º Avaliação •Verificar se os valores encontrados estão em conformidade com os limites de tolerância estabelecidos e o tempo de exposição dos trabalhadores; •Verificar se as medidas de controle são eficientes. Todos os dados devem ser rigorosamente registrados, inclusive o tipo de instrumental utilizado para as medições, a marca, o modelo e a calibragem do equipamento. Caso não exista o agente, registrar comentário pertinente de modo a relatar este fato. Nesta fase de avaliação é primordial caracterizar através de metodologias técnicas a exposição de trabalhadores a agentes de risco, considerando-se os limites de tolerância e o tempo de exposição de cada trabalhador. Cabe esclarecer que, para cada agente de risco existe um equipamento específico para a sua medição, por exemplo para a medição da intensidade do ruído usa-se o desibelímetro ou audiodosímetro. Já para produtos químicos pode-se usar os monitores de difusão passiva ou métodos de amostragem instantânea, dentre outros. Para a validade das avaliações, as mesmas deverão ser realizadas por profissionais autorizados e preparados para realizar este procedimento, bem como assiná-los em todas as vias. 3º Medidas de Controle Nesta fase é muito importante que todos envolvidos no desenvolvimento do PPRA participem. É nesta fase que a ferramenta Brainstorming é bem vinda, pois todos poderão dar idéias para eliminação ou controle dos riscos encontrados. Para início então, é necessário que você apresente todos os dados levantados, avaliações e se possível gráficos sobre os riscos encontrados para que todos tenham a total compreensão da importância das medidas de controle. As medidas de controle deverão sempre ser implantadas quando: •Forem identificados riscos potenciais; •Quando forem constatados riscos evidentes á saúde; •Quando através do controle médico ficar caracterizado o nexo causal entre danos observados na saúde dos trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam expostos. 3º Medidas de Controle As medidas de controle devem ser implantadas seguindo a seguinte ordem: 1º Medidas de controle coletiva; 2º Medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho, ou 3º Uso de Equipamento Proteção Individual. Para que as medidas de controle sejam eficazes alguns procedimentos básicos devem ser implantados, tais como: • • • • Medições periódicas da exposição; Treinamentos; Acompanhamento médico com monitoramento apropriado; Verificar periodicamente se os níveis encontrados estão dentro dos limites permitidos pela NR. Nesta fase você deve estabelecer as metas, prioridades e o cronograma de ação. Fim do módulo 2 Fim