Objectivos para orientar o estudo dos conteúdos de História da Cultura
e das Artes
10º Ano
(2009 -2010)
Professor: Luís Paulo Ribeiro
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Módulo 4: A CULTURA DA CATEDRAL
A – Apresentação do Módulo 4 (ver livro p.86)
B
– Leitura e análise do texto introdutório (ver com atenção a frase que antecede o
texto p. 87)
Analisar os três parágrafos do texto introdutório intitulado: “Uma Europa
Renovada”.
- Texto: “Uma Europa Renovada”.
a) 1º Parágrafo – No século XIII a Europa conhece um período de desenvolvimento e
prosperidade económica:
- Expande-se o comércio marítimo e a agricultura,
- Reanima-se a economia,
- Cresce o gosto pela ostentação da riqueza;
b) 2º Parágrafo – Paris surge como a capital cultural da cristandade e nela o Abade
Suger da Abadia de Saint- Denis ousa introduzir uma nova concepção arquitectónica
baseada numa nova concepção teológica traduzida pela expressão: “Deus é Luz”. Razão
pela qual, por volta de 1180, decidiu elevar as abóbadas da original igreja românica e,
em 1250, se concretizou uma nova alteração mediante a substituição da parede de pedra
por grandes aberturas envidraçadas com vidros coloridos.
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c) 3ºParágrafo – A catedral gótica da Abadia de Saint-Denis transformou-se, quer num
modelo de todas as catedrais da Europa, quer num símbolo do orgulho cívico de cada
cidade.
1 – Responder às seis questões formuladas a propósito do texto analisado.
Quais foram as áreas ou sectores da vida humana em que essa renovação se fez sentir de
modo mais evidente?
R/ – Essas áreas ou sectores da vida humana foram as que dizem respeito ao
desenvolvimento económico e ao ressurgimento da vida urbana.
Desenvolvimento económico
- Reanimação do comércio marítimo e terrestre,
- Expansão da agricultura acompanhada da intensificação de um fenómeno de
colonização e arroteamento das terras,
- Desenvolvimento da indústria artesanal de carácter têxtil e metalúrgico,
- Desenvolvimento da economia monetária (cambistas);
Ressurgimento urbano
- Crescimento de um espírito de iniciativa da burguesia, enquanto grupo social dinâmico
no campo económico e político (desenvolvimento do movimento comunal) e cultural
(as universidades),
- Desenvolvimento artístico ao serviço da fé cristã e da vida cívica mediante a
construção das catedrais góticas.
Porque foram as cidades da época os pólos catalisadores dessa renovação?
R/ – Porque nelas habitava a burguesia enquanto grupo social animado por um espírito
empreendedor em termos económicos e culturais.
De que modo actuaram essas alterações sobre a cultura, as mentalidades e a arte desse
período?
R/ – As alterações económicas, sociais e políticas, dinamizadas pela acção da burguesia
das cidades, levaram à criação das universidades, enquanto centros de pensamento, à
abertura das mentalidades, baseada em novas concepções teológicas, e à inovação
artística, através da adopção de novas técnicas na construção de catedrais encaradas
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como obras emblemáticas de afirmação do poder e prestígio que cada cidade procurava
conquistar no contexto de um ambiente de rivalidade com outras cidades.
C – As cidades e Deus
I – A Europa das cidades – do renascimento do século XII a meados de quatrocentos
(o tempo e o espaço)
2 – Determinar os períodos de renovação e de recessão vividos na Europa Ocidental
entre os séculos XII e XV.
R/ – Séculos XII e XIII (renovação), XIV (recessão), XV (renovação).
3 – Caracterizar, sumariamente, cada um dos quatro períodos.
R/ – XII – Confronto entre o velho sistema feudal de características estáticas e o
renascimento económico e urbano liderado pela nova burguesia empreendedora.
XIII – O ressurgimento económico e urbano impôs-se ao feudalismo através dos
movimentos comunais, ditando a sua decadência.
XIV – Sobreveio uma recessão prolongada caracterizada por fomes, pestes e guerras (a
Guerra dos Cem Anos - 1337-1453).
XV – Ocorre um renascimento económico, social e cultural (o chamado Renascimento
dos séculos XV e XVI).
4 – Relacionar o fenómeno das universidades medievais com o progresso dos séculos
XII e XIII.
R/ – As universidades, enquanto instituições de cultura, acompanham o progresso
económico e social procurando dar resposta a novas necessidade culturais no contexto
de um mundo marcado por um forte espírito de autonomia em relação a tudo o que
reflecte o peso da tradição. Assim:
- As universidades tendo surgido como instituições de carácter religioso alcançam uma
autonomia,
- Para reforçar e consolidar essa autonomia as universidades organizam-se em
corporações de mestres e alunos à maneira das corporações de artes e ofícios,
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- Enquanto corporações, as universidades adoptam um regime estatutário que consagra a
criação de várias faculdades (Direito Canónico, Direito Civil, Medicina e Teologia).
5 – Definir o conceito de Escolástica.
R/ – Filosofia de ensino das universidades medievais que privilegiava uma dupla
orientação:
Uma orientação idealista e mística de carácter platónico;
Uma orientação racionalista e naturalista, estabelecida por S. Tomás de Aquino, de
carácter aristotélico.
Tal filosofia de ensino apoiava-se num método de ensino que se resumia:
Ao estudo e comentário das obras de filosofia clássica (da autoria de Platão e
Aristóteles);
Aos escritos dos principais autores cristãos, os chamados doutores da Igreja, como
Santo Agostinho)
Observação: O ensino era livresco e teórico baseado na autoridade do mestre que nunca
podia ser refutado.
6– Determinar o objectivo da Escolástica na perspectiva de S. Tomás de Aquino.
R/ – Consistia em procurar encontrar uma união entre a fé (revelação divina) e a razão
(inteligência humana) a partir de um estudo de base racionalista e naturalista. Ou seja,
Bastava que se conhecesse o mundo físico criado por Deus e, por isso mesmo, encarado
como reflexo da sua verdade, para se alcançar o conhecimento de Deus (traduzido em
verdades teológicas).
7 – Avaliar o duplo alcance do referido objectivo.
R/ – Tal objectivo da Escolástica traduziu-se num duplo alcance:
a) A religião assumiu uma dimensão mais humana;
b) Desabrochou um maior interesse, por parte dos sábios e intelectuais da época, pelo
mundo das coisas materiais e concretas, como a Natureza em todas as suas formas
orgânicas e inorgânicas, dando, assim, origem ao renascimento das ciências naturais.
Nasce, assim, o conhecimento experimental tendo Roger Bacon e Guilherme Okham
como pioneiros.
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II – A Europa das catedrais (o local)
8 – Inserir a construção das catedrais góticas no contexto dos séculos XII e XIII.
R/ – Inserem-se num contexto de:
a) Crescimento e desenvolvimento das cidades;
b) Intensificação dos movimentos comunais;
c)Afirmação da independência das cidades baseada num poder, simultaneamente,
religioso (espiritual) e político (temporal);
d) Construção das catedrais como forma de afirmação desse mesmo poder, riqueza e
orgulho das cidades.
9 – Mencionar um conjunto de aspectos reveladores da posição central ocupada pela
catedral no espaço urbano.
R/ – É no adro da catedral que:
- Os burgueses, estudantes, letrados e aristocratas trocam ideias;
- Se realizam as feiras;
- Se fazem as representações teatrais;
- Se faz a justiça junto ao pelourinho.
E é na catedral que funcionam as escolas mais importantes.
10 – Relacionar o papel central e polifacetado da catedral no espaço urbano com a
renovação arquitectónica introduzida pelo abade Suger.
R/ – Partindo do papel central e polifacetado da catedral no espaço urbano, o abade
Suger idealizou o espaço da catedral como o Reino de Deus sobre a Terra, dando-lhe
uma unidade estrutural capaz de traduzir a sua teoria da iluminação divina. Uma teoria
segundo a qual Deus é Luz e que, por isso mesmo, deveria apresentar características de
luminosidade que foi possível alcançar, mediante a utilização de enormes vitrais através
dos quais se filtrava a luz natural transformada em luz mística, enquanto expressão do
divino no espaço espiritual e físico da catedral.
III – A cidade: espaço, população e subsistência (síntese 1)
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11 – Analisar o impacto do desenvolvimento das cidades dos séculos XII e XIII na
transformação do espaço urbano dos velhos burgos e na criação de novas cidades.
R/ – Às primitivas muralhas dos velhos burgos rurais foram acrescentadas novas
cinturas de muralhas para proteger novos espaços urbanos entretanto surgidos. Surgem,
assim, novas cidades situadas no cruzamento de importantes vias de circulação
comercial e em locais de feiras onde nascem as cidades francas.
12 – Caracterizar os dois tipos de planos urbanísticos que estão na base da
organização do espaço das cidades medievais.
R/ – Plano reticular baseado na herança do urbanismo de Roma que utilizava os eixos
do cardo e do decumano e no contexto do qual o espaço do fórum dá lugar à praça
central.
- Plano radiocêntrico que utiliza uma planta que considera uma representação do
universo baseado numa série de coroas como no caso da cidade de Siena.
13 – Referir os principais elementos constitutivos do espaço intramuros das cidades
medievais.
R/ – Os principais elementos constitutivos do espaço intra-muros das cidades medievais
são:
As igrejas;
Os conventos;
O palácio comunal;
A cidadela;
Os palácios urbanos fechados e austeros pertencentes a nobres e burgueses;
Os bairros com lojas e oficinas das confrarias;
Os hospitais;
A praça principal (cercada de arcadas e fachadas irregulares das casas);
As ruas sinuosas e irregulares (a principal com comércio e algumas delas com mercado
especializado, agrupando ofícios ou mercadores da mesma área de actividade.
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14 – Justificar a existência de regulamentos da vida urbana.
R/ – Tais regulamentos reflectem a preocupação em resolver questões relativas à
higiene, aos incêndios (devido à inexistência de abastecimento de água canalizada), de
esgotos ou de condições de segurança nas ruas.
IV – A cultura cortesã (síntese 2)
15 – Distinguir entre cultura guerreira e cultura cortesã.
R/ – Cultura guerreira – forma de vida das classes dirigentes (reis e nobres) baseada na
ocupação da guerra e na realização de alguns divertimentos que ajudavam à manutenção
da forma física como as caçadas (altanaria e montaria) e jogos (justas e torneios)
– Cultura cortesã – forma de vida das classes dirigentes (reis e nobres) baseada no ideal
de cavaleiresco e cortês que privilegiava os valores da lealdade, da cortesia, do amor, da
paz, da alegria de viver e do prazer. Deste modo, a civilidade é sinónimo de gentileza.
16 – Referir as várias manifestações da cultura cortesã.
R/ – As manifestações da cultura cortesã consistem em diversas formas de literatura e
de arte, tais como, romances (lenda do Rei Artur e os “Cavaleiros da Távola Redonda,
Amadis de Gaula), poesia (Cantigas de Amigo, Cantigas de Amor e Cantigas de
Escárnio e de Maldizer), música e dança (criação de ambientes de festa e de convívio) e
teatro (essencialmente religioso e de vários géneros: “mistérios” e “milagres” de
temáticas sobre a Natividade, a Paixão de Cristo e a vida da Virgem e, ainda, “mimos” e
“farsas satíricas” em que o religioso e o simbólico se misturam tratando aspectos sérios
e grotescos da vida quotidiana) que alimentavam os saraus palacianos.
17 – Inserir as chamadas “danças macabras” no contexto da crise do século XIV.
R/ – A crise do século XIV foi caracterizada por um longo período de fomes, pestes e
guerras que tornaram o fenómeno da morte omnipresente e levaram a que se encarasse a
vida como fútil. Deste modo, a Igreja aproveitou para desvalorizar e condenar os
prazeres próprios da cultura cortesã considerando-os como fruto da vaidade (vanitas)
condenada mediante a representação das “danças macabras” destinadas a lembrar ao
homem crente a necessidade de se converter vivendo de forma ascética.
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(Dante e a Divina Comédia)
18 – Dizer em que consiste a Divina Comédia de Dante.
R/ – Consiste numa obra poética, escrita em língua italiana (entre 1300 e 1318) e que
descreve a viagem do Homem ao mundo dos mortos (onde Dante é o guia). Essa
viagem é feita segundo três percursos - Inferno, Purgatório e Paraíso – que
correspondem a outras tantas etapas – instrução, edificação e purificação. Percursos e
etapas através dos quais o autor pretende mostrar que, apesar de uma vida de dor e de
sofrimento, o Homem pode aprender a ser mais virtuoso em vida e, assim, alcançar a
redenção.
19 – Referir o objectivo da Divina Comédia de Dante.
R/ – O objectivo da “Divina Comédia” de Dante é o de realizar, de forma construtiva,
uma crítica social, política e religiosa e, assim, ajudar a purificar os sentimentos
humanos no contexto de uma sociedade em que a Aristocracia e a Igreja se encontram
corrompidas.
20 – Avaliar o alcance da crítica social, política e religiosa contida na Divina Comédia
de Dante.
R/ – Esse alcance reside no facto de a crítica social, política e religiosa reflectir uma
atitude de fé optimista marcada pela convicção de que o Homem é capaz de mudar, de
se superar nas suas limitações.
À luz dessa atitude crítica, de carácter construtivo e optimista, a “Divina Comédia”
abriu o caminho a uma época histórica marcada pela redescoberta e valorização do
Homem dando lugar à cultura humanista do “Renascimento” dos séculos XV e XVI.
21 – Relacionar a acção de Dante no campo da literatura com a acção de Giotto no
campo da arte.
R/ – Ambos desempenharam um papel decisivo para a redescoberta e valorização do
Homem. Com efeito, quer Dante, com a sua atitude crítica, no campo da literatura, quer
Giotto, com a sua invenção da noção de perspectiva, no campo da arte, contribuíram,
cada um à sua maneira, para suscitar a percepção e a consciência de que o Homem
necessitava de se confrontar com uma realidade nova feita de novos horizontes e de
novos desafios.
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22 – Responder às três questões sobre Dante e a Divina Comédia (ver livro p. 97).
R/ – Respostas a elaborar pelos alunos mediante a realização de um pequeno trabalho.
(A Peste Negra de 1348)
23 – Caracterizar a crise do século XIV na sua dimensão social, política e religiosa.
R/ – As graves alterações climáticas e a consequente redução da produção agrícola
levou a um longo período de fomes, agravadas pela Peste Negra. Neste ambiente
viveram-se tempos de grande instabilidade política, social e religiosa favoráveis ao
despoletar de conflitos generalizados, como a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453).
24 – Indicar alguns efeitos positivos no contexto da crise do século XIV.
R/ – Alguns dos efeitos positivos relacionam-se com as práticas de solidariedade
manifestadas através da construção de obras de assistência social (hospitais, albergarias,
leprosarias) apoiadas por doações feitas à Igreja e encaradas como uma forma de
penitência capaz de garantir a salvação. Razão pela qual essa obra de assistência social é
promovida essencialmente pela Igreja.
D – A Arte Gótica
I – (Introdução)
25 – Interpretar o significado da catedral gótica no contexto do desenvolvimento e
afirmação do mundo urbano medieval.
R/ – Símbolo do poder espiritual e temporal do bispo e expressão do coração da cidade
e do espírito empreendedor dos seus habitantes que fazem da catedral uma obra
colectiva e emblemática do espírito de autonomia e do orgulho cívico dos seus
habitantes.
II – A arquitectura
26 – Analisar a arquitectura gótica à luz da concepção teológica que presidiu à sua
realização.
R/ – A arquitectura gótica, na sua dimensão teológica, foi concebida como um símbolo
da fé dos habitantes da cidade expressa no sentido de um louvor a Deus. Ou seja, a
arquitectura gótica visou um engrandecimento de Deus, realizado pelo homem crente,
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como forma de se elevar até Deus manifestando-lhe a sua fé e a necessidade de uma
protecção divina.
27 – Analisar a catedral gótica na sua dimensão social.
R/ – A catedral transforma-se no centro do espaço urbano e da vida cívica e, ainda se
constitui no orgulho cívico dos habitantes da cidade.
28 – Situar no tempo e no espaço a obra pioneira da arquitectura gótica.
R/ – Século XII, em Paris, Igreja da Abadia de Saint-Denis, restaurada pelo Abade
Suger.
29 – Referir as duas inovações técnicas que conferiram à igreja de Saint Denis um
carácter original que está na base do estilo gótico.
R/ – Introdução de um novo sistema de cobertura, baseado em abóbadas ogivais
cruzadas que deslocaram o peso da cobertura para os pilares interiores, a par da
libertação das paredes do peso excessivo da cobertura e consequente abertura de
grandes janelas propícias a uma abundante entrada de luz.
30 – Caracterizar a arquitectura gótica quanto:
a) Às inovações técnicas:
- Substituição do arco redondo pelo arco ogival;
- Substituição da abóbada de berço pela abóbada de cruzaria de ogivas,
- Reforço dos pilares de sustentação;
- Aumento significativo das áreas de construção, quer em largura, quer em altura;
- Maior elasticidade e dinamismo das abóbadas de cruzaria de ogivas e consequente
subdivisão das abóbadas que vão desde os 4 até aos 16 panos de modo a assegurar
uma melhor distribuição da pressão, através das nervuras e destas através dos pilares
de sustentação;
- Utilização de abóbadas estreladas;
- Utilização de abóbadas de terceletes ou de leque;
- Utilização de arcobotantes (simples ou duplos);
- Utilização de botaréus (contrafortes adossados às naves laterais).
b) À implementação de uma nova estética:
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As inovações técnico-construtivas da arquitectura gótica produziram consequências
estéticas a vários níveis:
A altura das abóbadas aumentou,
Os pilares e colunelos adelgaçaram-se de modo a acentuar a verticalidade,
As paredes ficaram reduzidas à delimitação e protecção dos espaços interiores, sendo
em grande parte substituídos por amplas aberturas preenchidas por vitrais colorida e
consequente entrada abundante de luz,
Verificou-se a introdução de alterações significativas quanto à forma e dimensão da
estrutura dos edifícios (a horizontalidade do românico é substituída pela
verticalidade),
Criam-se novas tipologias na arquitectura civil (castelos senhoriais, palácios urbanos e
casas comunais);
c) Às alterações das estruturas formais.
- A planificação da construção obedecia a critérios de rigor baseado em postulados do
pensamento escolástico (concepção teológica: “Deus é luz”), ou seja, os arquitectos
do gótico eram cultos (versados em cálculos matemáticos e geométricos precisos e
capazes de garantir proporções correctas,
- Tal rigor implicou alterações formais a nível:
Do transepto (+ largo),
Da cabeceira (+ larga),
Dos pilares (em maior número),
Das paredes laterais (com 3 níveis de aberturas: arcadas, trifório e clerestórios),
Das janelas (+ alongadas),
Do pórtico e portais (ombreiras pronunciadas, arquivoltas esguias, gabletes),
Da noção de verticalidade (torres sineiras elevadas, pináculos e agulhas),
Da abundância de decoração exterior (tímpanos, arquivoltas, colunelos, mainéis,
cornijas, gárgulas, botaréus, arcobotantes).
31 – Caracterizar o gótico inglês, alemão, italiano e espanhol.
R/ – Na Inglaterra – O gótico é mais austero porque se mantém ligado à tradição das
igrejas monásticas até ao século XV. A partir deste século surge o gótico perpendicular,
na medida em que acentua as linhas do esqueleto construtivo e as abóbadas em leque.
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- Na Alemanha – O gótico surgiu tardiamente e privilegiou as chamadas igrejas-salão
baseadas num espaço unificado em que as 3 naves se elevam à mesma altura.
- Na Itália – O gótico quase ignorou o gótico francês mantendo poucas aberturas e ao
privilegiar a pintura mural em detrimento do vitral. A catedral de Milão, sendo a mais
gótica das catedrais italianas só surgiu no século XV e representa o gótico flamejante.
- Na Espanha – O gótico desenvolveu-se na época da Reconquista Cristã e apresenta
elementos decorativos de influência árabe tendo, por isso, culminado no chamado estilo
plataresco.
III – O gótico em Portugal
32 – Situar no tempo o surgimento do gótico em Portugal.
R/ – Surgiu no final do período da Reconquista Cristã (século XIII) e prolongou-se até
ao século XVI.
33 – Inserir o estilo Manuelino no contexto do gótico português.
R/ – O estilo Manuelino confere ao gótico português uma identidade nacional na época
dos Descobrimentos e caracteriza-se por estabelecer um sentido ornamental marcado
pela exuberância e conjugação de elementos patrióticos como a heráldica régia e
elementos da natureza relacionados com a fauna e flora marinhas.
IV – A escultura
34 – Caracterizar a evolução da escultura do gótico.
R/ – No início do gótico – As estátuas eram colocadas em nichos e baldaquinos,
apresentavam uma forma alongada e posição rígida.
Tal forma alongada e posição rígida eram ditadas pelas linhas paralelas dos
panejamentos, pela função da estátua-coluna e pelos rostos mais individualizados,
calmos, serenos, mas quase inexpressivos.
- Na plenitude do gótico – As estátuas obedecem a uma representação mais naturalista
e realista traduzida na apresentação de corpos mais volumosos e posições ligeiramente
curvilíneas acentuadas pelo requebro da anca e o uso de linhas ondulantes como forma
de acentuar o volume do corpo e das ancas.
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Ao nível das atitudes e gestos a expressão formal procura exprimir a perfeição
espiritual, sendo de observar que ao nível das mãos, rostos e corpos se verifica uma
maior correcção anatómica.
Tal naturalismo e realismo baseados numa maior correcção anatómica, conferiu à
representação da Virgem e de Cristo um carácter mais humano (a chamada
humanização do divino).
Tal humanização do céu fez com que a arte escultórica do século XIV e XV desse lugar
a uma expressividade facial e corporal capaz de manifestar sentimentos como o
sofrimento.
Este gosto pelo naturalismo na escultura reflecte o pensamento de Abelardo e de S.
Tomás de Aquino que, por influência do pensamento de Aristóteles defendia que a
sensibilidade devia ser a ponte do conhecimento e que a inteligência devia obter o
conhecimento através da Natureza.
Este pensamento no sentido de uma valorização do conhecimento, a partir da Natureza,
foi reforçado pelo espírito franciscano que encarava a natureza como uma manifestação
de Deus, uma expressão da beleza divina.
Deste modo, o pensamento de Abelardo e de S. Tomás de Aquino. Bem como o
misticismo franciscano impôs uma valorização do naturalismo/realismo na arte.
35 – Comparar a escultura românica e a escultura gótica
R/ – (ver livro p. 124)
(escultura decorativa)
36 – Caracterizar a escultura decorativa da arte gótica.
R/ – a) Concentra-se nas fachadas e nos portais das catedrais
b) É constituída por múltiplos elementos arquitectónicos, tais como:
 Pináculos,
 Flechas,
 Rosáceas,
 Florões,
 Arcobotantes,
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 Gárgulas,
 Gabletes,
 Vitrais;
c) Os portais, tímpanos e gabletes são os espaços privilegiados da escultura
decorativa e neles se representam cenas do evangelho segundo registos
sobrepostos que ilustram as mensagens mais importantes para a fé cristã:
 Cristo em majestade,
 O Juízo Final (numa perspectiva não já de medo ou castigo, como no
românico, mas de esperança),
 A vida da Virgem e o nascimento de Cristo (Nossa Senhora do Leite,
Nossa Senhora do Ó)
No que respeita aos elementos arquitectónicos, como consolas, gárgulas e outros,
os temas são muito variados e reflectem o imaginário popular herdado da época
românica;
d) Ao contrário do românico que privilegiava a decoração interior em detrimento
do exterior, no gótico privilegia-se a decoração exterior em detrimento da
decoração interior que só volta a reforçar-se na fase final do gótico;
e) Todo o trabalho escultórico do gótico é realizado em oficinas e só depois levado
para os lugares destinados às peças produzidas;
f) As peças eram objecto de um enriquecimento com cores convencionais com uma
função decorativa e simbólica (rosto e mãos de cor natural, cabelos loiros, vestes
policromadas, jóias, fivelas e orlas do manto com embutidos);
g) A escultura do gótico era autónoma em relação à arquitectura.
(escultura tumular)
37 – Caracterizar a escultura tumular da arte gótica.
R/ – Existe uma abundante escultura tumular baseada em estátuas jacentes que
reflectem um profundo respeito pela morte próprio de uma época marcada por uma forte
mortalidade e por uma mentalidade religiosa e piedosa ilustrada pela literatura da “Ars
Moriendi”.
A forma de representar o defunto sofreu uma evolução à semelhança da restante
escultura:
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 No início a representação visava apenas uma evocação do defunto e por isso não
registava pormenores,
 Em meados do século XIII privilegiava-se o retrato idealizado com um leve
sorriso que iluminava o rosto do defunto,
 No final do século XIV e princípios do século XV a representação aproximavase do aspecto de um cadáver em decomposição como forma de consciencializar
o observador da sua condição mortal.
V – A pintura
38 – Definir o conceito de Estilo Internacional ou Estilo 1400.
R/ – Forma de arte com várias tendências e baseada em técnicas distintas como as do
vitral, da iluminura, do fresco (em Itália) e da pintura dos retábulos sobre madeira (na
Flandres).
39 – Caracterizar o Estilo Internacional ou Estilo 1400.
R/ – Apresenta uma mistura de várias influências e tendências artísticas ligadas à arte
bizantina (traduzidas no gosto pelos dourados e pelos tons brilhantes), ao realismo e ao
verismo dos rostos e panejamentos, à nova concepção espacial do fresco italiano (onde
predominam paisagens arquitectónicas que fazem lembrar, por antecipação, o
Renascimento na procura da perspectiva), ao desenvolvimento da arte do retrato e da
paisagem através de um cuidado tratamento técnico das representações.
40 – Determinar a evolução do Estilo Internacional ao nível da pintura italiana e da
pintura do Norte da Europa.
R/ – Na Itália a pintura evoluiu no sentido de um grande realismo técnico-científico
(traduzido na noção de perspectiva geométrica caracterizada pela definição rigorosa de
um ponto de fuga).
No Norte da Europa a pintura evoluiu para soluções naturalistas em que a noção
de perspectiva não teve o mesmo rigor geométrico, mas antes adquiriu uma base
empírica (traduzida na noção de perspectiva aérea).
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(o vitral)
41 – Referir o papel do vitral no contexto da arquitectura gótica.
R/ – Desempenhou um papel semelhante ao das pinturas murais do românico.
42 – Dizer em que consiste a técnica do vitral.
R/ – Consiste numa técnica de pintura não convencional caracterizada pela aplicação,
nas aberturas das paredes, de uma multiplicidade de pequenos pedaços de vidro
coloridos contornados e unidos por molduras de chumbo.
43 – Analisar a importância da arte da iluminura no contexto da arte gótica.
R/ – Experimenta um grande desenvolvimento a partir da conjugação das influências
oriundas da arte românica e bizantina, a ponto de se transformar numa verdadeira
paixão tal como o vitral. Razão pela qual o vitral e a iluminura estão na base de toda a
pintura gótica.
44 – Mencionar algumas transformações sofridas pela arte da iluminura ao nível dos
locais de execução, da orientação estética, da temática da decoração, dos suportes
R/ – a) dos locais de execução (as oficinas dos mosteiros dão lugar a oficinas laicas);
b) Da orientação estética (assume um crescente realismo, mas só tardiamente se
interessa pela representação do espaço que, no entanto, fica limitado à criação de
fundos repletos de formas humanas e animais, bem como de apontamentos da
natureza e da arquitectura);
c) Da temática (essencialmente religiosa);
d) Da decoração (adopta uma grande riqueza cromática onde predominam os azuis
e vermelhos, bem como o emprego dos dourados muito ao gosto da arte bizantina);
e) Dos suportes (livros da liturgia da Igreja e em especial “Livros de Horas”,
enquanto livros de oração de carácter pessoal e que eram objecto de um trabalho de
ilustração marcado por uma grande atenção à representação do calendário onde
cada mês recebia uma figura simbólica).
(os frescos e os retábulos)
45 – Situar no espaço a pintura dos frescos e a pintura dos retábulos.
R/ – Pintura dos frescos na Itália e pintura dos retábulos na Flandres (Norte da Europa).
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(a pintura em Itália e na Flandres)
46 – Justificar a prevalência da pintura a fresco em Itália.
R/ – Na Itália, ao contrário da Flandres, as igrejas mantiveram-se estruturalmente largas
e baixas prolongando a tradição da arquitectura românica e da pintura a fresco.
47 – Relacionar a manutenção da pintura a fresco com o aparecimento da técnica da
perspectiva.
R/ – A manutenção da tradição românica, na Itália, propiciou o tempo necessário para
que a pintura a fresco evoluísse no sentido da introdução da noção de perspectiva
através da acção de Giotto.
48 – Avaliar as consequências da inovação técnico-artística de Giotto para a pintura
da época renascentista.
R/ – Suscitou uma ruptura com a tradição românico-bizantina de carácter simbólico e
antecipou, para a época gótica, a modernidade e o racionalismo renascentistas, na
medida em que a pintura se manteve fiel ao espírito gótico baseado numa valorização da
beleza formal das figuras e no seu cromatismo.
49 – Comentar as palavras de Mário Monteverdi sobre a obra de Giotto
R/ – (ver livro p. 132).
50 – Mencionar os vários factores que explicam o carácter peculiar da pintura do
Norte da Europa e, particularmente, da Flandres
R/ – Como factores explicativos do carácter peculiar da arte da pintura do Norte da
Europa e, particularmente, da Flandres registam-se:
a) O desenvolvimento mais tardio do Gótico associado à mentalidade de uma
próspera burguesia mercantilista marcada por hábitos de bem-estar e de uma
valorização da vida quotidiana;
b) O desenvolvimento do gosto pelo retrato físico e psicológico de figuras em
busca de uma afirmação social;
c) Sujeição da representação das cenas sagradas a enquadramentos próprios da
vida quotidiana;
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d) A descoberta da técnica da pintura a óleo e a consequente possibilidade de
um aperfeiçoamento da arte do retrato traduzida numa maior atenção à
representação de pormenores.
VI – Ainda sob o signo de Alá: dos reinos de taifas ao Reino de Granada
51 – Analisar o impacto da cultura e arte islâmicas no mundo medieval no contexto
da zona mediterrânica e em especial na Península Ibérica.
R/ – Esse impacto foi forte porque o mundo islâmico em rápida expansão dominou
grande parte da bacia do Mediterrâneo e toda a Península Ibérica onde permaneceu o
Califado de Córdova até ao século XI e os reinos de taifas que lhe sucederam até ao
século XV (século em que foi eliminado o Reino de Granada pela acção dos Reis
Católicos de Espanha)
(A arte dos reinos taifas)
52 – Caracterizar a arte dos reinos taifas.
R/ – A arte dos reinos de taifas apresenta uma unidade e esplendor que prolonga a
tradição da arte do Califado de Córdova:
a) Adopta o uso frequente do tijolo, do estuque e da argamassa substituindo,
assim, a pedra e o mármore utilizado na arte do Califado de Córdova;
b) A decoração é abundante e até exagerada ao nível dos motivos florais que
passaram a predominar sobre os motivos geométricos e epigráficos;
c) A par de uma arte mais luxuosa e rica, surgiu uma arte também mais frágil e
menos duradoura.
53 – Referir os edifícios mais significativos no contexto da arte dos reinos taifas
R/ – Mesquitas, palácios, alcáçovas (cidadelas ou fortalezas), banhos públicos (com um
pátio e três salas de banho).
(A arte dos Almorávidas e dos Almóadas)
54 – Caracterizar a arte dos Almorávidas.
R/ – Apresenta um desenvolvimento baseado em dois períodos:
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a) 1º Período – caracterizado por uma sobriedade decorativa própria desta seita
religiosa muçulmana;
b) 2º Período – caracterizado por uma integração da tradição ornamental
hispano-muçulmana
55 – Caracterizar a arte dos Almóadas.
R/ – Apresenta um purismo formal, uma simplicidade decorativa e uma maior
monumentalidade e, ainda, uma estética baseada em formas geométricas entrelaçadas e
intercaladas com grandes vazios.
56 – Mencionar algumas particularidades das mesquitas Almóadas.
R/ – Têm planta geométrica, naves perpendiculares à qibla e uma nave transversal à
mesma qibla e, ainda, cúpulas.
(A arte nasride, em Granada)
57 – Caracterizar, do ponto de vista construtivo e decorativo, os dois tipos de
arquitectura nasride ou nazari.
R/ – Apresenta dois tipos de arquitectura:
a) Uma arquitectura funcional em obras como muralhas e alcáçovas;
b) Uma arquitectura rica e luxuosa ao nível dos palácios.
(A arte mudéjar)
58 – Definir arte mudéjar.
R/ – Forma de arte realizada por artífices árabes ou mouros em território cristão e em
construções cristãs, mas cujas características técnicas, formais e estéticas são
tipicamente islâmicas.
59 – Situar no espaço e no tempo a arte mudéjar.
R/ – Em Espanha, pleno período gótico (séculos XIII e XIV.
60 – Caracterizar do ponto de vista dos materiais utilizados, da decoração e dos
elementos estruturais, a arte mudéjar.
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R/ – Materiais utilizados (tijolos e argamassas), decoração (rica e luxuosa), elementos
estruturais (torres-minaretes, tectos com sistemas de armação em madeira, trabalho de
carpintaria delicado, composição formal e decorativa tipicamente islâmicas).
61 – Analisar a unidade e diversidade da arte mudéjar.
R/ – Unidade estilística e diversidade regional.
62 – Caracterizar o novo tipo de igreja cristã criado pela arte mudéjar.
R/ – Igreja de planta basilical com três naves separadas por arcadas de arco em
ferradura.
O professor:
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(Luís Paulo Ribeiro)
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