Antiguidade Clássica
Grécia e Roma
1
Grécia Antiga
Grécia
2
Grécia Antiga
A Grécia antiga tem um período
pré-técnico:

Práticas médico-farmacêuticas fortemente impregnadas de
concepções mágico-religiosas

Doença era um castigo dos deuses e da acção dos demónios ou dos
espíritos do mal

Terapêutica instituída tirava partido de mecanismos de repulsão,
simpatia ou de substituição


Palavra e dança tinham papel importante no tratamento da doença
Havia um individuo com características especiais que servia de
mediador entre as autoridades divinas e os homens.
3
Grécia Antiga
Deuses da mitologia Grega, com interesse
no campo médico-farmacêutico

Hecate ou Pharmakis: deusa da magia e detentora do saber
terapêutico das plantas medicinais; as sacerdotisas eram apelidadas
de pharmakides.

Apolo: fundador da medicina e médico dos deuses. Responsável
pela acção de inúmeras drogas

Artemis (irmã de Apolo) tinha poder para curar ou reprimir, fazendo
sentir a sua acção sobre as mulheres

Centauro Chirón:(figura metade homem metade cavalo)
reconhecer as virtudes das plantas medicinais. Teve como discípulos
Asclépio ou Esculápio.
4
Grécia Antiga
Asclépio

É uma figura fundamental do período pré-técnico da medicina Grega

Existem dúvidas se Asclépio existiu , de facto ou se foi apenas uma figura
lendária.

Tem um bastão com uma serpente. À serpente cuja simbologia está associada
poderes divinos e ainda propriedades terapêuticas de que é portadora
5

Filho de Apolo e da ninfa Coronis

Tirado do ventre da Mãe na pira funerária

Deus da Medicina - «A vitória da vida sobre a morte»

Serpente ensinou-lhe como usar uma planta para dar vida aos mortos;

Filhos de Asclépio e Epione são particularmente importantes Panaceia (remédio
para todos os males) Higea (deusa da higiene)
Culto de Asclépio

Ergueram-se santuários onde eram praticados os
actos médicos mágicos-religiosos;

Designavam-se por asclepiones, existiam médicossacerdotes denominados de asclepíades

Existem vestígios destes templos em Kos, Epitauro,
Knidos, Pérgamo, etc.
6
Filosofia Grega
7

Tem como objectivo: procurar uma
explicação racional da saúde e da doença;

O objecto de estudo é natureza, a sua
constituição, subsistência e suas
transformações
Grécia Antiga
Bases filosóficas da Medicina
Grega
“Preocupação com explicação racional da saúde e da doença nasce com
a filosofia grega”
8

Alcméon (535 a.C.): marcou a passagem da medicina Grega pré-técnica para
a chamada medicina técnica. A saúde correspondia a um equilíbrio de
qualidades opostas no organismo a doença resultava de um ascendente de
uma de uma dessas qualidades sobre todas as outras.

“frio e quente, húmido e seco, doce e amargo”. Baseia-se na ideia de Pitágoras
(560-480 a.C.) sobre o equilíbrio baseado em proporções numéricas definidas.

Cérebro, coração, umbigo e orgãos genitais eram os 4 orgãos responsáveis
pela vida, dando especial relevância ao cérebro que indica ser um orgão
coordenador do organismo.
Empédocles



9
492 – 432 a.C.
Todos os seres são constituídos por um conjunto de fluidos em
proporções variáveis de quatro elementos com qualidades opostas:
FOGO
AR
ÁGUA
TERRA
Doença provocada por desequilíbrios entre elementos na constituição
do corpo humano
As escolas pré-hipocráticas
(Knidos, Crotone
e Kos)

10
Ideia de uma Patologia Geral (Escola de Kos)
–
oposta à ideia até aí prevalecente de que as doenças se
encontravam limitadas apenas a um órgão
–
os processos morbosos eram devidos a uma reacção da natureza
a uma situação de desequilíbrio humoral, sendo constituídos por
três fases:
► apepsia
-
► pepsis
onde a febre, a inflamação e o pus eram devidos à reacção do corpo
-
caracterizada pelo aparecimento do desequilíbrio
► crisis ou lysis - onde se dava a eliminação, respectivamente brusca ou lenta, dos
humores em excesso.
Grécia Antiga
Hipócrates de Kos



460 – 370 a. C., Kos
Médico, cirurgião, artista
Corpus Hippocraticum (53 tratados)
Reunido em Alexandria, por Baccheio, séc. III a.C.
Tradicionalmente atribuída a Hipócrates, embora só
parte foi escrita por ele (restantes livros das
escolas de Knidos, Kos e Crotone)




11
Bases da Medicina Moderna
Exame Objectivo do Doente
Tratamento prescrito apenas quando necessário
Capacidade de cura do corpo, em caso de doenças pouco graves
Teoria dos Humores
4 Humores
12
Tipos Fisiológicos
Grécia Antiga
Para a medicina hipocrática as causas das
doenças podiam ser externas ou internas:
1-Causas
externas:
podiam
ser
inanimadas
(temperatura,
clima,
alimentação e os venenos); animadas (parasitas de origem animal)
psíquicas (emoções)
2- Causas internas: têm origem no sexo, idade, meio, doenças
congénitas
A doença comportava diferentes fases:
1- começo
2-incremento
3- clímax
13
4- resolução
Teoria dos Humores
► A doença seria devida a um desequilíbrio entre os
humores, tendo como causa principal as alterações devidas
aos alimentos.
● Ao serem assimilados pelo organismo, davam origem
aos quatro humores.
● Entre os alimentos, Hipócrates incluía a água e o ar.
14
Profissões da área farmacêutica - Grécia

Pharmacopolas ► comercializavam as drogas e, ainda, cosméticos,
venenos e pordutos abortivos

Rizótomos ►colhiam e conservavam as drogas, fundamentalmente as
de origem vegetal, não tendo por objectivo a sua transformação em
medicamentos

Pharmacopeos ► os preparadores de medicamentos

Ripopolas e miropolas ► obtenção de perfumes

Pharmakeis e agirtai ► curandeiros e charlatães que andavam de
mercado a vender produtos
15
Grécia Antiga
16
Grécia Antiga
A difusão da Medicina grega no Mundo
Antigo
The Healing of Archinus, ex-voto tablet, Athens, National Museum, c. 370 BCE
17
Grécia Antiga
A difusão da Medicina grega no Mundo Antigo

Escola de Alexandria
–
Medicina grega foi levada para o Egipto e para a Ásia Menor
–
Alexandre o Grande (356 – 323 a.C.) fundou Alexandria
(332 a.C.)
► Novo centro de cultura helénica
► Escola médica importante é ai
formada. Médicos importantes
Herófilo e Erasístrato.
18
Grécia Antiga
Roma

O Deus grego da medicina, Asclépio, em Roma tomou o nome de
Esculápio.

Médicos influentes em Roma são de origem grega, tendo sido
Archagato (219 a. C.) o 1º a chegar.

Figuras mais importantes da Medicina e da Farmácia em Roma:
► Celso
► Dioscórides
► Plínio o Velho
► Galeno
► Scribonius Largus
19
Grécia Antiga
Profissões na área
farmacêutica em Roma
20

Pharmacopolas ► comerciantes de drogas e venenos

Pharmacopoli circumforanei ► vendedores itinerantes de
medicamentos

Cellulari ► vendedores de medicamentos estabelecidos nas
suas próprias tendas


Seplasiari ► comerciantes que vendiam drogas nos seus
estabelecimentos – seplasia
Unguentarii ► preparadores e comercializantes de perfumes

Herbarii ► dedicavam-se a colheita e conservação das drogas
Grécia Antiga
Progressos entre os Romanos

Melhoria na organização dos serviços de saúde
–
–
21
Archiatro: assistência médica e farmacêtica dentro das
cidades
Medicatrina ou yatreion: estabelecimento aberto ao público
por médicos romanos de maior prestigio

Aquedutos / Redes de esgotos

Dentistas – pontes de ouro/ dentes postiços; pastas
dos dentes

Cirurgia às cataratas
Grécia Antiga
Autores Romanos
22
Grécia Antiga
Autores Romanos
► Aulo Cornelio Celso ( ca.25 a.C – ca. 40)
● Tratado De medicina octo libri
- Dividido segundo critério
terapêutico, dietético, farmacêutico
e cirúrgico
- Descoberto no séc. XV pelo papa
Nicolau V
23
- Primeiro livro médico a ser
impresso (Florença, 1478).
Grécia Antiga
Autores Romanos
► Plínio o Velho (23-79)
● Também não era médico mas sim militar
● Naturalis Historia
-compilação enciclopédica de 37 livros que
reunia os conhecimentos acerca de 3 reinos
da natureza: reino animal, reino vegetal e
reino mineral
24
- Plínio baseou-se na consulta de mais de
2.000 obras.
Grécia Antiga
Autores Romanos
► Scribonius Largus (fl. 10-50)

Médico do imperador Cláudio

De compositiones medicamentorum
–
–
25
formulário farmacêutico
indica a utilização de alguns medicamentos
simples, simplicia, e de grande número de
medicamentos compostos, composita
Grécia Antiga
Autores Romanos
► Pedáneo Dioscórides (fl. 50-70)
● Nasceu em Anazarbo, próximo de Tarsos
● Terá estudado medicina em Tarsos e em
Alexandria
● Acompanhou as legiões romanas, provavelmente
como médico, na Ásia Menor, em Itália, Grécia,
Gália e Espanha, no tempo de Nero.
● É considerado o fundador da Farmacognosia
26
Grécia Antiga
Autores Romanos
►
Pedáneo Dioscórides

De materia medica
–
Dividida em 5 livros onde descreve



27
cerca de 600 plantas
35 fármacos de origem animal
90 de origem mineral
–
Cerca de 130 já apareciam no Corpus hippocraticum
–
100 ainda são considerados como tendo actividade
farmacológica
–
Obra essencialmente de carácter empírico
–
Não seguiu nenhuma escola ou sistema médico
em particular
Grécia Antiga
Autores Romanos
►
Pedáneo Dioscórides
● Procurou desenvolver um método para observar e classificar
os fármacos testando-os clinicamente.
● Este método, patente na sua forma de organizar e classificar
os fármacos pelas suas afinidades, observadas através da
acção no corpo humano, foi inteiramente esquecido nos séculos
seguintes pelos editores e comentadores da sua obra, que a
reorganizaram, colocando os fármacos por ordem alfabética.
28
Grécia Antiga
Galeno (131 – 200 d.C.)





29
Nasceu em Pérgamo quando era
colónia romana
Estudou Medicina
Médico de Gladiadores
Foi viver para Roma em 161 d.C.
Médico de Cómodo, filho de
Marco Aurélio, igualmente
imperador em 180 d.C.
Grécia Antiga
Galeno

Escreveu obras em diferentes
áreas:
–
–
–
30
Deontologia médica
Assuntos relativos à anatomia e
fisiologia
Assuntos de interesse patológico e
terapêutico
(organizou
e
classificou
racionalmente
os
fármacos)
Grécia Antiga
Galeno (em termos de anatomia)

31
Descreveu detalhadamente:
–
os ossos do crânio
–
a coluna vertebral
–
a importância da espinal-medula para os movimentos
Grécia Antiga
Galeno (em termos de anatomia)

Descreveu detalhadamente:
–
o sistema muscular (com músculos que
nunca haviam sido descritos antes) e
lácteo
32
–
os gânglios nervosos
–
as válvulas do coração
–
sistema nervoso simpático
Grécia Antiga
Galeno (fisiologia e patologia)

Descreveu
–
–
–
–
–
–
–
–
–
33
o mecanismo de respiração
digestão
aneurisma
o cancro
tísica julgando esta última de infecciosa
distinguiu a pleurisia da pneumonia
diferenças estruturais entre veias e artérias
demonstrou que a urina é segregada pelos rins
voz era controlada pelo cérebro
Grécia Antiga
Doutrina dos humores de Galeno


O corpo humano era formado por
–
Partes simples (eram formadas por matéria de natureza muito próxima;
carne, ossos, veias, cartilagens)
–
Partes compostas (era o resultado da união das simples; dedos, mãos,
braços, etc)
Partes simples eram formadas pelos componentes elementares da
matéria:
–
Terra
Têm como propriedades:
–
Água
-Calor
–
Ar
-Secura
–
Fogo
-Frio
-Humidade
34
Grécia Antiga
Propriedades«»humores hipocráticos
«»qualidades essenciais Antiguidade
35

Pituita: água, fria, húmida

Sangue: ar, húmido, quente

Bílis Negra: Terra, seca, fria

Bilis Amarela: fogo, quente, seco
Grécia Antiga
Espíritos que norteavam as funções
sobre o ponto de vista fisiológico
1.
Espírito vital (com lugar no coração e que tutela o
sangue e o calor do corpo)
2.
Espírito natural (com origem no fígado e que era
responsável pelos problemas nutritivos)
3.
Espírito animal (com sede no cérebro e que
coordenava as sensações e os movimentos)
36
Grécia Antiga
Organismo saudável segundo Galeno

É aquele que se verificam as seguintes condições:
1.
Onde todas as partes simples formadas pelos elementos
estivessem nas proporções ideais. Onde houvesse um
equilíbrio entre os diferentes humores orgânicos
2.
Onde os diferentes espíritos que norteavam os processos
fisiológicos exercessem o seu papel adequadamente.
37
Grécia Antiga
Doença segundo Galeno

Resultava de desequilíbrios humorais

As doenças podiam variar com:
1.
Estações do ano: Inverno surgia o excesso de pituita;
Primavera doenças provocadas por excesso de sangue; Verão
era a bílis amarela; Outono era a bílis negra.
2.
Idade: infância doenças onde havia excesso de sangue;
juventude excesso de bílis amarela e de bílis negra; idade
avançada excesso de pituita.
38
Grécia Antiga
Causas das doenças
1.
Externas: ventos, sol, alimentos impróprios,
venenos, etc.
2.
Internas: constituição interna do organismo
3.
Conjuntas: apontava aquelas que resultavam de
uma articulação entre causas internas e causas
externas (ex: calculo renal)
39
Grécia Antiga
Terapêutica

Cirurgia

Dietética

Farmácia: desenvolveu a aplicação de purgantes (óleo de
ricino, óleo sal, cila, etc, eméticos (o mel e diversas misturas
nauseosas), sangrias, clisteres, ventosas, diuréticos (aipo, sal)

40
Exercício físico
Grécia Antiga
Medicamentos
Classificação dos medicamentos em 3 grandes grupos, segundo um critério
fisiopatológico humoral:

1º grupo ► simplicia
–

2º grupo ► composita
–

possuíam apenas uma das 4 qualidades (seco, húmido, quente ou frio)
possuíam mais que uma das 4 qualidades
3º grupo incluía os que actuavam segundo um efeito específico inerente à
própria substância
41
–
Purgantes
–
Vomitivos
Grécia Antiga
Constituição do medicamento

Princípios activos: conferem as propriedades
terapêuticas

Compostos que têm uma acção correctiva das
características organolépticas

Excipientes: substancias activas são neles
incorporadas
42
Grécia Antiga
Formas farmacêuticas







43
Cozimentos
Infusões
Pastilhas
Electuários
Pós
Supositórios
Enemas






Cataplasmas
Clisteres anais
Clisteres vaginais
Linimentos
Cosméticos
Colutórios
Grécia Antiga
Terapêutica medicamentosa Galénica

A aplicação de medicamentos dependia de factores que afectavam a própria
natureza da mistura (krasis) dos humores do corpo humano, nomeadamente:

–
personalidade
–
idade e a raça do doente
–
o clima
Importante eram as qualidades e intensidade do medicamento
–
Dose não seria tão importante
–
Propriedade do medicamento era um atributo essencialmente
qualitativo e não quantitativo
44
Grécia Antiga
Galenismo

Medicina greco-romana passou para o Ocidente
cristão medieval na forma de galenismo

Dominante até ao séc. XVII e mantendo ainda
grande influência no séc. XVIII.
45
Grécia Antiga
FIM
46
Grécia Antiga
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