Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental Avaliação de Impacto Ambiental do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe Maio de 2012 Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental Avaliação de Impacto Ambiental do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe Parte 1- Resumo Não Técnico Parte 2- Relatório do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito Parte 3- Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Resumo Não Técnico Parte 1- Resumo Não Técnico Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Resumo Não Técnico - Resumo Não Técnico A. Introdução O Conselho Municipal de Maputo e a Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul E.P. apresentaram ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) em Maio de 2012 a documentação de Instrução do Processo para efeitos de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe. A construção da nova ponte entre Maputo e KaTembe vem potenciar a expansão urbana da cidade de Maputo para Sul, que o Plano Geral de Urbanização visa planear, estabelecendo as estratégias de ocupação, as orientações e as políticas urbanísticas, a programação da respectiva execução e as regras para a contratualização com os vários actores públicos e privados que intervêm no território. Os Planos Gerais de Urbanização são instrumentos de ordenamento territorial ao nível autárquico cujos objectivos e conteúdo constam da secção III do capítulo VI do Regulamento da Lei do Ordenamento do Território, aprovado pelo Decreto n.º 23/2008, de 1 de Julho. Na sequência da Instrução do Processo de AIA, a Direcção Nacional para a Avaliação do Impacto Ambiental concluiu que a actividade proposta se enquadra na alínea b) do número 1 do Anexo 1 do Decreto n.º 45/2004 de 29 de Setembro (“actividades de loteamento urbano e/ou desenvolvimento de novos aldeamentos/bairros com mais de 20 ha), sujeita portanto à realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Deste modo, e nos termos dos Artigos 10º e 11º do Decreto n.º 45/2004 de 29 de Setembro, apresenta-se o Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito, com o objectivo de determinar o âmbito do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), e o desenho dos Termos de Referência. O relatório de EPDA, elaborado pelo consórcio de empresas BETAR-BETA, está organizado nas seguintes partes: • Parte 1- Resumo Não Técnico (a presente componente): contém informação sumária sobre o conteúdo do EPDA, apresentando observações preliminares sobre os potenciais impactos do plano e as principais constatações do EPDA; 1 • • Parte 2- Relatório do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA): apresenta o quadro legal e normativo de referência para o plano; descreve o plano de forma preliminar e indica a sua localização; apresenta a descrição biofísica e socioeconómica da área de intervenção; identifica de forma preliminar os potenciais impactos do plano, informação que serviu de base para determinar os principais aspectos a investigar no EIA; finalmente, apresenta considerações finais relativas ao estudo, bem como recomendações para a fase de EIA, a ser realizada na sequência da aprovação do EPDA; Parte 3- Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: a preparação da proposta de TdR para o EIA decorreu do facto de não ter sido identificada qualquer questão fatal. Os TdR propostos especificam as actividades que devem ser realizadas pela equipa que irá executar o EIA. O presente documento será submetido a consulta pública, e posteriormente, ao MICOA para revisão e aprovação. Em caso de parecer favorável, a AIA poderá transitar para a etapa seguinte, ou seja, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA). B. Proponente do Plano O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe apresenta como proponentes o Conselho Municipal de Maputo e a Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul E.P. C. Descrição sumária do Plano Localização O Plano Geral de Urbanização (PGU) do Distrito Municipal de KaTembe na província de Maputo Cidade apresenta uma área de intervenção de cerca de 10.100 ha, inserindo-se no Distrito Municipal n.º 6 (KaTembe) e respectivos bairros: Chali (962 ha), Chamissava (1813 ha), Inguide (1513 ha), Guachene (311 ha) e Incassane (5556 ha). Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Resumo Não Técnico Ocupação proposta O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe visa disciplinar a expansão da cidade de Maputo para Sul (na sequência da construção da ponte Maputo-KaTembe), estabelecendo as estratégias de ocupação, as orientações e as políticas urbanísticas para o Distrito Municipal da KaTembe. Definirá a matriz viária global, o zonamento do território, o faseamento para a sua implementação assim como a previsão dos recursos necessários para a sua execução. A proposta de ocupação incluirá um conjunto alargado de usos do solo, categorizados em função do grau de ocupação e formalidade dos assentamentos existentes, da conveniência da reconversão de uso e a da aptidão para a urbanização do espaço não ocupado, nomeadamente, espaços a consolidar, espaços a reconverter e espaços de expansão urbana. Serão também definidas condicionantes ao uso dos solos: espaços verdes húmidos inundáveis; espaços verdes de protecção e conservação; espaços verdes de recreio e produção; espaços de protecção da linha de costa; área de interesse arqueológico; domínio hídrico; faixa de protecção da infra-estrutura viária principal e espaços de uso militar. D. Actividades económicas / Uso da terra na área do Plano KaTembe é uma região periurbana, de transição entre a área urbanizada e o meio rural. O número de empregos formais disponíveis em KaTembe não chega para 5% da população local com mais de 15 anos e menos de 65, sendo a economia paralela a fonte de subsistência da vasta maioria da população. Cerca de 45% da população com ocupação e com 15 ou mais anos vive do sector primário. Seguem-se o sector do comércio e finanças (18,6%), de outros serviços (15,4%) da construção (5,9%) e dos serviços administrativos (5%). Os restantes sectores apresentam uma representatividade inferior a 5%. A classe de uso do solo dominante corresponde aos terrenos agrícolas ou de uso agropecuário (cerca de 31% da área do plano) seguindo-se as áreas húmidas e inundáveis 3 (cerca de 19%) e as áreas de verde arborizado natural (cerca de 15%). Cerca de 12% do território é ocupado por áreas mistas de terrenos agrícolas e de uso agro-pecuário e de áreas residenciais não planificadas, e cerca de 10% por áreas mistas de verde arborizado natural e terrenos agrícolas e de uso agro-pecuário. As restantes classes de uso apresentam representatividade inferior a 5%. E. Identificação preliminar de impactos: resumo das constatações do EPDA O plano deverá ter como principais impactos positivos a planificação sustentável do território, enquadrando e disciplinando as dinâmicas de crescimento previstas na sequência da construção da nova ponte entre Maputo e KaTembe; a melhoria das condições de habitabilidade, acessibilidade, empregabilidade e das condições de vida da população em geral, em resultado da melhoria dos níveis de abastecimento de água e saneamento, e do acesso aos serviços públicos e do aumento das oportunidades de emprego; a requalificação das áreas construídas e a valorização paisagística e dos ecossistemas das zonas costeiras e ribeirinhas. Os principais impactos negativos deverão ocorrer a nível social, fruto da necessidade de reassentamento de uma parte da população. Esta necessidade ocorrerá em alguns locais bem definidos, decorrendo da implantação de novas vias e outras novas infraestruturas urbanas, que pelo seu desenho coincidam com áreas actualmente habitadas. Poderá ainda verificar-se o agravamento da especulação imobiliária, o aumento da criminalidade e da marginalidade, dependendo da forma como for conduzido o processo. Na fase de construção deverão também verificar-se os habituais impactos inerentes à preparação dos terrenos, circulação de maquinaria afecta às obras e implantação de infraestruturas: emissão de poeiras; aumento dos níveis de ruído; alteração das condições de escoamento natural; compactação de solos; remoção de coberto vegetal; degradação da paisagem; mortalidade de fauna e perturbação das comunidades florísticas e faunísticas. Na fase de exploração, deverá verificar-se um aumento do tráfego rodoviário, com o consequente aumento dos acidentes rodoviários, da emissão de poluentes para a atmosfera e de ruído e da perturbação e do risco de atropelamento da fauna. Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Resumo Não Técnico A transformação dos usos do solo implicará a progressiva impermeabilização dos terrenos, alterando-se as condições naturais de drenagem e de infiltração, e diminuindo a área de recarga directa dos aquíferos. F. Identificação de questões fatais Tendo em conta a avaliação preliminar realizada não se perspectiva a existência de questões fatais que inviabilizem o plano. G. Conclusões e recomendações preliminares Correspondendo o presente processo à AIA de um plano, propõe-se que a avaliação dos impactos inclua: • • uma avaliação associada à ocupação e às condicionantes ao uso do solo na totalidade da área de intervenção (correspondente ao Distrito Municipal da KaTembe); uma avaliação mais detalhada dos impactos nas fases de construção e exploração nas três áreas de intervenção em que terá início a implementação do plano. A avaliação associada à ocupação e às condicionantes ao uso do solo contribuirá para minimizar os impactos negativos e potenciar os impactos positivos numa fase precoce do processo (desde logo na fase de plano). A avaliação mais detalhada permitirá delinear as medidas de mitigação a aplicar nas fases de pré-construção, construção e exploração dos primeiros projectos a serem implementados. Tendo em conta os impactos potenciais do plano, e com vista a definir as medidas de mitigação mais adequadas à minimização dos impactos negativos e à potenciação dos impactos positivos, deverão ser investigados em fase de EIA, entre outros, os seguintes aspectos principais: socioeconomia; ecologia; áreas sujeitas a riscos de cheias; áreas sujeitas a riscos de erosão e de instabilidade dos terrenos. 5 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Parte 2- Relatório do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Avaliação de Impacto Ambiental do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe - Relatório do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito - ÍNDICE GERAL 1. Introdução 1 1.1. Nota introdutória 1 1.2. Identificação do Plano e dos proponentes 2 1.3. Necessidade e objectivos do Plano 3 2. Equipa responsável pela elaboração do EIA 4 3. Quadro legal e normativo 5 4. Localização e área de influência do Plano 8 4.1. Localização 8 4.2. Área de influência e padrões de uso da terra 9 5. Descrição do Plano e das alternativas consideradas 11 5.1. Ocupação proposta 11 5.2. Alternativas consideradas 15 6. Descrição biofísica e socioeconómica 16 6.1. Introdução 16 6.2. Clima 17 6.3. Geologia e Geomorfologia 18 6.4. Solos 21 i Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 6.5. Recursos hídricos subterrâneos 22 6.6. Recursos hídricos superficiais 23 6.7. Ecologia 26 6.8. Qualidade do Ambiente 29 6.8.1. Qualidade do ar 29 6.8.2. Ruído 30 6.9. Uso do solo e Ordenamento do território 30 6.10. Socio-economia 32 6.11. Paisagem 37 6.12. Património arqueológico e arquitectónico 40 7. Identificação dos potenciais impactos do Plano 42 7.1. Potenciais impactos positivos 42 7.2. Potenciais impactos negativos 44 8. Identificação de questões fatais 46 9. Principais aspectos a investigar no EIA 47 10. Conclusões e recomendações 50 11. Referências bibliográficas 52 Anexo- Equipa técnica 55 ii Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1 – Localização e enquadramento geográfico do Plano 8 Figura 2 - Área de influência do Plano 10 Figura 3 – Planta de Condicionantes do PGU 13 Figura 4 – Altimetria na área do plano 20 Figura 5 – Bacias hidrográficas 24 Figura 6 – Planta do uso actual do solo 31 Figura 7 - Unidades de paisagem 38 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 - Principais variáveis climáticas na área de estudo 18 Quadro 2 – Área ocupada pelos diferentes tipos de solo 22 Quadro 3 – População Residente em KaTembe, entre 1997 e 2007 33 Quadro 4 – Peso relativo dos sectores de actividade em KaTembe (2007) 34 ÍNDICE DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 - Ravinamento das arribas provocado pela precipitação (Ponta Maona) 21 Fotografia 2 – Habitats em destaque pelas funções ecológicas desempenhadas27 Fotografia 3 – Actividade agrícola 35 Fotografia 4 – Actividade pesqueira 36 Fotografia 5 – Escola primária de Mutsékwa 36 Fotografia 6 – Centro de Saúde de KaTembe 37 iii Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 1. Introdução 1.1. Nota introdutória O presente documento constitui o Relatório do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe, conforme definido no Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, que regulamenta o processo de avaliação ambiental. O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe insere-se integralmente no Distrito Municipal n.º 6 (KaTembe), pertencente ao Município de Maputo e à província de Maputo Cidade. É delimitado a Oeste pelo rio Tembe, a Norte pelo Estuário de Espírito Santo, a Este pela Baía de Maputo e a Sul pela linha divisória entre o distrito municipal de KaTembe e o distrito de Matutuíne. O presente documento inclui um capítulo introdutório onde se identificam os proponentes do Plano (Capítulo 1), a identificação da equipa responsável pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (Capítulo 2), o enquadramento legal e normativo de referência (Capítulo 3), a localização e área de influência do Plano (Capítulo 4), a descrição do plano e das alternativas consideradas (Capítulo 5), uma caracterização das condições biofísicas e sócio-económicas de referência (Capítulo 6), a identificação dos potenciais impactos do Plano (Capítulo 7) e das questões fatais (Capítulo 8), os principais aspectos a investigar no EIA (Capítulo 9), e finalmente as principais conclusões e recomendações (Capítulo 10). Em anexo apresenta-se a equipa técnica responsável pela elaboração do presente relatório. 1 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 1.2. Identificação do Plano e dos proponentes O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe, elaborado pelas empresas Betar e Promontório Architects, apresenta como proponentes o Conselho Municipal de Maputo e a Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul E.P., de ora em diante designada abreviadamente por Maputo Sul, E.P. O Conselho Municipal de Maputo é um órgão executivo colegial do Município dotado dos poderes instituídos na Lei n.º 2/97, de 18 de Fevereiro (quadro jurídico para a implantação das autarquias locais), onde se destaca a proposta de “planos de desenvolvimento municipal, o plano de estrutura e, de um modo geral, os planos de ordenamento do território, bem como as regras respeitantes à urbanização e construção”, nos termos do Artigo 56, n.º 1, alínea d) (competências no âmbito do n.º 3 do Artigo 45). A Maputo Sul foi criada ao abrigo do Decreto-Lei n.º 31/2010, de 23 de Agosto, face à necessidade de promover a construção, gestão e exploração da ponte da KaTembe, estabelecendo a ligação entre Ka Mpfumo e KaTembe, e da estrada que liga a cidade de Maputo à Ponta do Ouro. É uma empresa pública, dotada de personalidade jurídica e com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, subordinada ao Ministro das Obras Públicas e Habitação. A Maputo Sul tem por objecto a promoção da construção e gestão da ponte da KaTembe e das Estradas de Maputo à Ponta do Ouro e de Boane à Belavista, bem como de acções que visem a viabilização dos referidos empreendimentos. Os contactos dos proponentes são apresentados abaixo: Conselho Municipal de Maputo Direcção Municipal de Planeamento Urbano e Ambiente Av. 24 de Julho, n.º 1478 Maputo - Moçambique Telefone: 21 328 031 Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul E.P., Av. 25 de Setembro, nº 916, 2º andar Caixa postal n.º 341, Maputo - Moçambique Tel: 21 303 990; Fax: 21 303 991 2 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 1.3. Necessidade e objectivos do Plano A população da KaTembe é de 22.065 habitantes representando 1% da população da Área Metropolitana de Maputo (AMM). A construção da nova ponte entre Maputo e KaTembe vem potenciar a expansão urbana da cidade de Maputo para Sul. Nesse sentido, o Plano Geral de Urbanização visa planear uma cidade para cerca de 400.000 habitantes no ano 2040, cumprindo os seguintes objectivos: • • • Disciplinar a expansão da cidade de Maputo para Sul; Estabelecer as estratégias de ocupação, as orientações e as políticas urbanísticas para o Distrito Municipal da KaTembe; Definir a programação da respectiva execução e as regras para a contratualização com os vários actores públicos e privados que intervêm no território. Estes objectivos serão enquadrados por princípios de sustentabilidade ambiental e coesão social que orientam as opções de ordenamento do espaço urbano e dos sectores económicos a potenciar, promovendo o desenvolvimento económico e social do distrito, respeitando a salvaguarda dos principais valores ambientais identificados no território. 3 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 2. Equipa responsável pela elaboração do EIA A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) estará a cargo do consórcio de empresas BETAR-BETA, esta última registada no MICOA para a elaboração de EIA, e cujos contactos são os seguintes: BETA – Engenharia, Gestão e Ambiente, Lda. Av. 25 de Setembro 1509, 4º – 5 Maputo – Moçambique Tel: +258 21 30 20 80 A equipa responsável pela AIA será uma equipa multidisciplinar, envolvendo especialistas nas seguintes áreas: • Engenharia Civil • • Geologia Sociologia Antropologia Arqueologia Socioeconomia Engenharia do Ambiente Biologia Arquitectura Paisagista • Sistemas de Informação Geográfica • • • • • • Nos termos da Directiva Geral para a Elaboração de EIA, o Relatório do EIA incluirá os currícula da equipa e certificados de habilitações dos técnicos. 4 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 3. Quadro legal e normativo A Lei do Ordenamento do Território (Lei n.º 19/2007, de 18 de Julho) cria um quadro jurídico-legal do ordenamento do território e materializa a Política de Ordenamento Territorial. Os Planos Gerais de Urbanização são instrumentos de ordenamento territorial ao nível autárquico que estabelecem a estrutura e qualificam o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, definem as redes de transporte, comunicações, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócio-espacial para a elaboração do plano. Os objectivos e o conteúdo destes planos constam da secção III do capítulo VI do Regulamento da Lei do Ordenamento do Território, aprovado pelo Decreto n.º 23/2008, de 1 de Julho. A Lei do Ambiente (Lei nº 20/97, de 1 de Outubro de 1997) determina que a Avaliação de Impacto Ambiental é um instrumento que apoia na tomada de decisão e no licenciamento ambiental. O Processo de Avaliação de Impacto Ambiental é regulado pelo Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro (Regulamento sobre o processo de Avaliação do Impacto Ambiental), alterado pelo Decreto n.º 42/2008, de 4 de Novembro. A Directiva Geral para a Realização de Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006, de 19 de Julho) integra um conjunto de orientações e parâmetros globais a que deverá submeter-se a realização da avaliação do impacto ambiental nas diferentes áreas da actividade económica e social. No âmbito do Processo de Avaliação Ambiental, o Regulamento prevê três categorias de projetos. O presente processo de AIA tem como alvo de análise não um projecto, mas o Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe. Na sequência da Instrução do Processo, a Direcção Nacional para a Avaliação do Impacto Ambiental concluiu que a actividade proposta se enquadra na alínea b) do número 1 do Anexo 1 do Decreto n.º 45/2004 de 29 de Setembro (“actividades de 5 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA loteamento urbano e/ou desenvolvimento de novos aldeamentos/bairros com mais de 20 ha). Para os projectos de Categoria A está prevista a realização de um Estudo de Impacto Ambiental Completo, começando pelo Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA), que será acompanhado dos Termos de Referência para o Estudo de Impacto Ambiental a serem aprovados pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA). O Estudo de Impacto Ambiental será elaborado com base nos Termos de Referência aprovados pelo Governo. O estudo será acompanhado de um Processo de Participação Pública (conforme Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de Julho) que inclui a participação de todas as Partes Interessadas e Afectadas (PI&As), incluindo entidades governamentais e não governamentais que desenvolvem ou queiram desenvolver actividades na área de estudo. Para projectos da Categoria A, e de acordo com o artigo 14º do Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, prevêem-se duas fases de consulta pública: • • 1ª fase: decorre desde o pedido de pré-avaliação até à apresentação do relatório de EIA, sendo a responsabilidade do requerente; 2ª fase: decorre desde a revisão dos TdR até à emissão da licença ambiental, sendo a responsabilidade do MICOA. No âmbito do processo de AIA e das análises a desenvolver, será utilizada a legislação ambiental e a legislação sectorial com implicações ambientais de Moçambique, de que se destacam, entre outros, os seguintes diplomas: • • • • • 6 Decreto nº 45/2004 de 29 de Setembro – Regulamento sobre o processo de Avaliação do Impacto Ambiental; Diploma Ministerial n.º 129/2006 de 19 de Julho – Directiva Geral para a Elaboração de Estudos do Impacto Ambiental; Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de Julho - Directiva Geral para a Participação Pública no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental; Lei nº 20/97 de 1 de Outubro – Directiva para EIA de actividades do sector de estradas; Resolução nº 18/2007 de 30 de Maio – Política de Ordenamento do Território; Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA • • • • • • • • • • • • • Lei nº 19/2007 de 18 de Julho – Lei de Ordenamento do Território; Decreto nº 23/2008 de 1 de Julho – Regulamento da Lei de Ordenamento do Território; Lei nº 19/97 de 1 de Outubro – Lei de Terras; Decreto n.º 13 /2006, de 15 de Junho - Regulamento sobre a Gestão de Resíduos; Decreto nº 18/2004 de 2 de Junho – Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes (estabelece parâmetros para a poluição do ar, da água, do solo e para a poluição sonora); Decreto nº 60/2006 de 26 de Dezembro – Regulamento do Solo Urbano; Lei nº 10/99 de 22 de Dezembro e Decreto 12/2002 de 25 de Março – Lei de Florestas e Fauna Bravia; Decreto nº 96/2003 de 28 de Julho – Lista de espécies protegidas; Lei nº 16/91 de 3 de Agosto – Lei de Águas; Decreto nº 45/2006 de 30 de Novembro – Regulamento para Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro; Decreto nº 27/94 de 20 de Julho – Regulamento de Protecção do Património Arqueológico; Decreto n.º 26/2004 de 20 de Agosto – Regulamento Ambiental para a Actividade Mineira; Diploma Ministerial n.º 181/2010, de 3 de Novembro - Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial. Serão ainda considerados instrumentos legais de âmbito internacional, como convénios internacionais ratificados pelo Governo de Moçambique que abordam a gestão ambiental e Directivas do Banco Mundial. 7 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 4. Localização e área de influência do Plano 4.1. Localização O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe insere-se integralmente no Distrito Municipal n.º 6 (KaTembe), pertencente ao Município de Maputo e à província de Maputo Cidade. O PGU apresenta uma área de intervenção de cerca de 10.100 ha (Figura 1), abrangendo os bairros de: Chali (962 ha), Chamissava (1813 ha), Inguide (1513 ha), Guachene (311 ha) e Incassane (5556 ha). 32°20'0"E 32°30'0"E EN4 32°40'0"E Cidade da Matola MAPUTO Matola Rio 26°0'0"S GUACHENE KaTembe CHALI EN5 Boane EN2 CHAMISSAVA Baia de Maputo INGUIDE INCASSANE Nsime 26°10'0"S Mugazine R403 5 2.5 0 Kufa ÁREA DE CONSERVAÇÃO TRANSFRONTEIRIÇA (ACTF) DOS LIBOMBOS BAIRROS DE KATEMBE LIMITE DO PLANO LOCALIDADES Capital de província Capital de distrito Capital de posto administrativo Localidade LIMITES ADMINISTRATIVOS Fronteira internacional Limite de Distrito Limite de posto administrativo VIAS DE COMUNICAÇÃO Rede rodoviária Rede ferroviária REDE HIDROGRÁFICA Linhas de água Corpos de água Figura 1 – Localização e enquadramento geográfico do Plano 8 5 Km Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Apenas o limite Sudoeste do PGU cruza marginalmente a Área de Conservação Transfronteiriça dos Libombos, não existindo outras áreas com figura de protecção na área do plano. Esta área de conservação foi estabelecida formalmente em Junho de 2000 entre os governos de Moçambique, Suazilândia e África do Sul, através do Protocolo Geral dos Libombos, e tem como objectivo impulsionar a conservação e o uso sustentável dos recursos biológicos e culturais enquanto promove a paz regional, a cooperação e o desenvolvimento socioeconómico. 4.2. Área de influência e padrões de uso da terra A Área de Influência de Directa (AID) constitui a área de impactos directos no ambiente natural ambiente socioeconómico; é de esperar que estes tipos de impactos se observem na área abrangida pelo plano, correspondente ao Distrito Municipal de KaTembe. KaTembe é uma região periurbana, de transição entre a área urbanizada e o meio rural, em que cerca de 45% da população com ocupação e com 15 ou mais anos vive do sector primário. A classe de uso do solo dominante corresponde aos terrenos agrícolas ou de uso agro-pecuário. A Área de Influência Indirecta (AII) constitui uma área mais abrangente até onde se podem fazer sentir as influências da ocupação proposta, não de forma directa, mas por via dos possíveis efeitos secundários que podem resultar do plano. Neste contexto, inclui-se na AII a área envolvente do plano, nomeadamente, o Estuário do Espírito Santo e a Baía de Maputo e a área mais a Norte do distrito de Matutuíne (integrada no posto administrativo de KaTembe Nsime), abaixo do distrito municipal de KaTembe. Em KaTembe Nsime, o carácter de ruralidade é ainda mais acentuado, com cerca de 86% da população com ocupação e com 15 ou mais anos a viver do sector primário. Saliente-se que a definição de áreas de influência aqui apresentada poderá ser revista durante execução do EIA, que permitirá obter uma visão mais informada sobre o alcance dos potenciais impactos do plano. As diversas temáticas a abordar no EIA partirão assim das áreas de influência gerais acima indicadas e definirão as áreas de influência específicas com interesse para o descritor em análise. 9 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 32°30'0"E 32°35'0"E AII 26°0'0"S MAPUTO Ka Tembe Baia de Maputo AII AII AID 26°5'0"S AII 5 2.5 0 5 Km Figura 2 - Área de influência do Plano 10 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 5. Descrição do Plano e das alternativas consideradas 5.1. Ocupação proposta O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe definirá a matriz viária global, o zonamento do território, o faseamento para a sua implementação assim como a previsão dos recursos necessários para a sua execução. Este conjunto de informação resultará no estabelecimento de “Unidades Especiais de Planeamento e Gestão”, que serão, posteriormente à aprovação do presente plano, oportunamente desenvolvidas em “Planos de Pormenor”. Constituem princípios programáticos do Plano: • • Constituição de zonas de protecção e de amortização de impactes sobre a paisagem a preservar, com vista a assegurar a sua preservação, o equilíbrio ecológico e a qualidade ambiental; Definição rigorosa, e às escalas melhor adequadas, dos perímetros urbanos para construção, tendo em conta as reservas de protecção ambiental e paisagística, as reservas para espaço de uso público e o crescimento previsível da população; Reordenamento dos bairros informais e dos equipamentos pré-existentes, recolocando-os, reconfigurando-os prevendo a sua integração no futuro tecido urbano; Incremento da densidade urbana nas zonas mais favoráveis para o efeito, • definindo as diversas morfologias de ocupação; Estabelecimento de uma mistura funcional e social que promova a • • integração das camadas sociais de menores recursos, impedindo a sua segregação, através da compatibilização das iniciativas dos particulares • • com as iniciativas das entidades públicas, nomeadamente, no domínio da habitação social; Programação dos equipamentos públicos para toda a área territorial distribuindo-os convenientemente na malha urbana a propor, por forma a garantir o seu usufruto por toda a população, garantindo em simultâneo uma melhor utilização dos recursos disponíveis; Previsão de procedimentos e princípios com vista à progressiva pedonalização do tecido urbano. 11 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA • • • • • Previsão de espaços verdes de dimensão adequada, integrando-os preferencialmente nas zonas de solos de baixas aluvionares; Estabelecimento dos novos traçados viários gerais e locais, definindo a sua hierarquia e garantindo a sua articulação com os traçados interurbanos existentes ou previstos, de expressão Municipal, Distrital e Regional; Previsão e enquadramento, se tal se verificar necessário, de futuras viasférreas; Previsão e estabelecimento dos princípios gerais de funcionamento das redes de infra-estruturas enquanto instrumento de gestão urbana e de distribuição equitativa de benefícios e de recursos. Estabelecimento de regras de compensação e incentivos aos residentes e proprietários a afectar pelas operações urbanísticas de modo a garantir a execução do Plano. A proposta de ocupação incluirá um conjunto alargado de usos do solo, categorizados em função do grau de ocupação e formalidade dos assentamentos existentes, da conveniência da reconversão de uso e a da aptidão para a urbanização do espaço não ocupado – espaços a consolidar, espaços a reconverter e espaços de expansão urbana. Os usos que estes espaços integram deverão abranger as seguintes classes: • • • • • Residencial; Uso especial de equipamentos – equipamentos de utilização colectiva, escolas, centros de saúde, serviços da administração pública, instalações dos serviços de segurança, cemitérios e templos religiosos; Espaços verdes; Usos a reconverter – incluindo reconversão de usos actuais sobretudo para desenvolvimento de actividades económicas e turismo; Espaços de expansão urbana – nas valências de habitação, comércio e serviços e turismo. As condicionantes propostas (espaços verdes húmidos inundáveis; espaços verdes de protecção e conservação; espaços verdes de recreio e produção; espaços de protecção da linha de costa; área de interesse arqueológico; domínio hídrico; faixa de protecção da infra-estrutura viária principal e espaços de uso militar) são apresentadas na figura seguinte. 12 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Alguns dos espaços condicionados serão parte integrante da Estrutura de Verde Urbano e Jardins, constituindo-se como uma fonte de regeneração do ar da Expansão Sul da Cidade de Maputo e um elo de ligação com o sistema viário. A função agrícola deverá ser mantida numa primeira fase, sendo gradualmente substituída por funções de carácter lúdico e ambiental. De qualquer forma deverá ser um espaço comunitário de encontro e de representação identitário. 32°30'0"E 32°35'0"E 26°0'0"S MAPUTO KaTembe 26°5'0"S Baia de Maputo 5 2,5 0 5 Km LIMITE DO PLANO LOCALIDADES Capital de província Capital de distrito Capital de posto administrativo Localidade CONDICIONANTES DO PLANO Espaços Verdes Húmidos e Inundáveis Espaços Verdes de Protecção e Conservação Espaços Verdes de Recreio e Produção Espaços de Uso Militar Faixa de Protecção da Estrutura Viária Principal Espaços de Protecção da Linha Costeira Domínio Hídrico Área de Interesse Arqueológico Figura 3 – Planta de Condicionantes do PGU Em função das perspectivas de desenvolvimento da região, a ocupação do território ocorrerá de forma faseada. Desta forma, haverá um período inicial de ocupação do território determinado pelas acessibilidades, ao qual se seguirá um segundo período de 13 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA crescimento decorrente já do desenvolvimento da população de Maputo e de Moçambique com maior grau de exigência, combinado com a atracção de investimento, indústria, comércio e serviços decorrente de bons desempenhos económicos, sociais e culturais e, finalmente, um terceiro período de crescimento ligeiramente mais lento que irá complementar o objectivo alvo de consolidação e plena maturidade do plano. Relativamente à estrutura viária, são propostos seis níveis de hierarquia viária. As vias de grau 1 representam canais colectores de grande capacidade com ligação fundamental a Maputo, e as de menor hierarquia são vocacionadas para o tráfego local de acessos aos lotes. O abastecimento de água é actualmente realizado através de furos, a bombar para torres de armazenamento com redes de distribuição muito limitadas. O Plano prevê a reabilitação e reformulação das redes existentes, de forma a assegurar os abastecimentos actuais e as novas necessidades. Serão tomadas decisões em conjunto com o FIPAG, Águas de Moçambique, Conselho de Regulação do Abastecimento de Água (CRA) e demais entidades públicas e privadas, de forma a prever um plano de produção, distribuição e manutenção da futura rede geral de água potável KaTembe. Serão criadas redes de drenagem para as águas das chuvas, através da colocação de colectores nos principais arruamentos, que vão ligar a emissários que permitam escoar as águas directamente para a baía de Maputo. Relativamente ao saneamento, serão previstos colectores e estações elevatórias para encaminhar os esgotos domésticos e industriais para estações de tratamento. Para as habitações mais dispersas poderá recorrer-se a fossas sépticas. No que concerne à rede eléctrica, a potência necessária estimada (107MVA) evoluirá de acordo com o aumento da população e o acréscimo do consumo per capita decorrente da evolução do poder de compra das famílias: 2015 – 12MVA; 2025 – +25MVA; 2035 – +40MVA; 2045 – +30MVA. A rede de Distribuição em Baixa Tensão (RDBT) terá desenvolvimento preferencialmente subterrâneo. A área prevista para o PGU implicará a instalação de uma Central de Telecomunicações, a partir da qual se desenvolverá a rede fixa de distribuição. A execução da rede de telecomunicações projectada será efectuada em conformidade com as normas em vigor garantindo a possibilidade de ligação à rede de todas as 14 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA fracções e permitindo a instalação de todas as redes que se prevêem no presente e no futuro, nomeadamente redes de cobre, redes de cabo coaxial e rede de fibra óptica. O sistema de rede móvel terá por base locais de emissão/recepção estruturados por forma a evitar o impacto visual negativo nas edificações. As características da rede móvel serão definidas pelos operadores, sendo, no entanto, o sistema da 3ª/4ª geração, permitindo a transmissão de Voz, Dados e Vídeo. Dada a coexistência, em grande parte dos percursos, de infra-estruturas diversas (MT, BT, iluminação pública, telecomunicações, água de abastecimento e água de rega) e tendo como objectivo garantir as distâncias mínimas entre as diversas redes e a economia de meios, deverá prever-se a instalação em vala técnica, respeitando-se as distâncias mínimas regulamentares entre as várias instalações permitindo sempre o acesso directo e fácil às diferentes infra-estruturas sem sobreposições. 5.2. Alternativas consideradas O EIA procederá à comparação da alternativa relativa à ocupação proposta no Plano com a alternativa de ausência de Plano (alternativa zero). 15 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 6. Descrição biofísica e socioeconómica 6.1. Introdução No presente capítulo apresenta-se uma descrição biofísica e socio-económica da situação ambiental de referência na área do plano, nos seguintes domínios: • • • • • • • • • • • Clima; Geologia e geomorfologia; Solos; Recursos hídricos subterrâneos; Recursos hídricos superficiais; Ecologia; Qualidade do ambiente; Uso do solo e ordenamento do território; Paisagem; Socio-economia; Património arqueológico e arquitectónico. Em termos gerais, a área onde se pretende desenvolver o plano apresenta uma ocupação residencial dispersa de baixa densidade, concentrando-se as áreas de maior densidade na zona costeira. O tecido urbano ocupado encontra-se maioritariamente desordenado. As áreas residenciais não planificadas configuram um problema na medida em que carecem de infra-estruturas para servir as habitações unifamiliares, problema que é ainda agravado pela sua distribuição de forma desordenada. Assim, estão presentes problemas associados normalmente a zonas de autoconstrução, verificando-se ainda pressões para ocupação dos espaços vazios, incluindo zonas baixas e susceptíveis a inundações. Relativamente à ocorrência territorial dos diversos tipos de assentamento, ao longo da orla costeira é onde as situações mais consolidadas e ordenadas acontecem, mas simultaneamente é também na retaguarda dessas malhas que ocorrem situações de maior densidade e de tecido desordenado, nomeadamente em Guachene, “tecido desordenado de muito alta densidade” na zona de risco de cheia, e no bairro de Chali/zona costeira, “tecido desordenado de alta densidade”, ambos associados a 16 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA populações de menores recursos. Por sua vez, à medida que se caminha para o interior, verifica-se uma menor densidade e uma dispersão cada vez maior. No bairro de Incassane, na zona da “Marinha” encontra-se a quase totalidade das tipologias de assentamento identificadas. Junto ao cais do ferry boat, desenvolve-se um pequeno núcleo comercial suportado pelo movimento gerado pelo terminal de transportes. Localmente a rede viária de acesso à área de intervenção assenta sobre vias de terra batida e/ou areia que alimentam a R403. A travessia mais curta entre KaTembe e Maputo é realizada através de um serviço de ferry boat operado por uma empresa pública, ou através de pequenas embarcações de passageiros, operadas por uma empresa privada. Apesar de a travessia ser de apenas 2 Km, este percurso pode demorar mais de 1 hora. Por via terrestre, a ligação da KaTembe a Maputo implica percorrer mais de 100 Kms, utilizando a R403 e a N200 até Boane, e posteriormente a N2 até à cidade. Trata-se de um percurso demorado e não acessível a todos os tipos de veículos, já que as vias R403 e N200 não são pavimentadas e por vezes há troços que ficam intransitáveis devido às chuvas e à lama (Betar-Vtm, 2011). 6.2. Clima De acordo com a classificação de Koppen, o clima na área de estudo é tropical do tipo savana caracterizado por temperatura média mensal sempre igual ou superior a 18ºC, precipitação no mês menos chuvoso inferior a 60 mm e inferior a (100 precipitação média anual/25). De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima é semi-árido. No Quadro seguinte apresenta-se uma síntese de valores das principais variáveis climáticas na área de estudo, tendo por base os valores registados na estação meteorológica de Maputo/Mavalane (MP009044), e complementarmente, na estação de Umbeluzi/agrícola (MP009005) e no site http://mozambique-meteo.ru/en/maputu (Republic of Mozambique, 2011). 17 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Quadro 1 - Principais variáveis climáticas na área de estudo Valores Período dos dados 31,7ºC – 22,9ºC (Fevereiro) 25,3ºC – 14,6ºC (Junho) 25,6ºC – 13,5ºC (Julho) 2001-2010 Precipitação média mensal 149,9 mm (Novembro) 11,4 mm (Setembro) 2001-2010 Evaporação média mensal 84,6 mm (Dezembro) 61,4 mm (Junho) 2001-2010 Humidade relativa diária média 76% (Dezembro a Abril) 72% (Agosto) 2001-2010 Radiação global mensal média 18.071 Cal/cm2 (Dezembro) 10.023 Cal/cm2 (Junho) 2003-2008 197,0 (Novembro) 244,8 (Maio) 1981-2010 10,5 km/h (Novembro) 6,5 km/h (Maio) 2001-2010 1.002,5 hPa (Julho) 992,6 hPa (Janeiro) 1983-2005 Variáveis climáticas Temperatura máxima e mínima diária média Insolação média mensal Velocidade do vento média Pressão atmosférica superfície (média mensal) à 6.3. Geologia e Geomorfologia A área afecta ao Plano caracteriza-se pela relativa homogeneidade litológica e predomínio da idade quaternária das formações geológicas aflorantes, traduzida na extensa cobertura sedimentar relacionada com a sua posição costeira. Esta extensa cobertura detrítica faz parte de uma grande bacia sedimentar que se desenvolve a Sul do Save. Esta bacia é preenchida por sedimentos de natureza marinha e continental, depositados no Cenozóico (sobretudo no Quaternário), e que assenta sobre um soco cristalino antigo, de idade compreendida entre o Arcaico e o Câmbrico, 18 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA constituído por lavas basálticas e riolíticas resultantes de episódios vulcânicos efusivos do Karoo (GTK Consortium, 2006). Na área de estudo não estão actualmente atribuídas concessões destinadas ao aproveitamento de quaisquer recursos, não estão firmados contratos de prospecção e pesquisa destinados à sua revelação, nem existem evidências da presença de recursos potencialmente exploráveis. Também não se encontra classificado qualquer valor geológico ou forma, nem está identificado qualquer local, formação geológica ou estrutura com interesse científico, cultural ou didáctico. Não obstante, considera-se de particular relevância enquanto formas típicas da evolução do litoral e, consequentemente, com interesse pedagógico: • • • • o extenso sistema dunar que cobre grande parte da região; a zona ribeirinha intertidal que se desenvolve na parte Norte; as arribas terrosas avermelhadas que definem o traçado da linha de costa no limite Este de KaTembe e cuja forma evidencia a acção combinada dos processos de erosão subaérea e marinha; as formas de relevo resultantes do ravinamento provocado pela erosão subaérea diferencial das arribas detríticas, em particular da Formação da Ponta Maona cuja evolução sugere uma paisagem com características similares de chaminés de fada. Em termos geomorfológicos, a região de KaTembe caracteriza-se pelo relevo suave a aplanado, típico de uma planície costeira composta por extensos mantos dunares. 19 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Limite Altimetria (m) -0.1 - 0 0.1 - 2 2.1 - 4 4.1 - 6 6.1 - 8 8.1 - 10 10.1 - 12 12.1 - 14 14.1 - 16 16.1 - 18 18.1 - 20 20.1 - 22 22.1 - 24 24.1 - 26 26.1 - 28 28.1 - 30 30.1 - 32 32.1 - 34 34.1 - 36 36.1 - 38 38.1 - 40 40.1 - 42 42.1 - 44 44.1 - 46 46.1 - 48 48.1 - 50 50.1 - 52 Figura 4 – Altimetria na área do plano Esta região insere-se na unidade geomorfológica das Planícies de Acumulação do rio Limpopo, nomeadamente na região das planícies de Maputo (DNG, 1983). A plataforma marinha baixa em que se insere a área de estudo inclina para o mar e possivelmente ter-se-á formado no Miocénico superior (entre 5 e 7 milhões de anos). A altimetria da região de KaTembe é relativamente baixa, inferior a 50 m, apresentando toda a zona ribeirinha e a baixa aluvionar da linha de água que atravessa o território com orientação Norte-Sul altimetrias abaixo dos 10 m. Embora a maior parte da área (65%) apresente um relevo suave a aplanado (inferior a 2%), consonante com o ambiente típico de sedimentação costeira, de forma bastante localizada ocorrem zonas de declives moderados (8% a 16%). Nestas vertentes mais declivosas há susceptibilidade à ocorrência de movimentos de massa de vertente, em particular de tombamentos, escorregamentos de solos e detritos. 20 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Fotografia 1 - Ravinamento das arribas provocado pela precipitação (Ponta Maona) 6.4. Solos Os solos dominantes na área em estudo são os solos arenosos amarelados (Aa) (cerca de 36% da área de intervenção). São solos formados em planícies arenosas pouco profundas, na parte Este das dunas longitudinais, característicos de áreas quase planas, não salgados, sendo os sub-solos dominantemente constituídos por areia castanho-amarelada. Apresentam drenagem boa a excessiva e a quantidade de matéria orgânica do solo superficial é baixa a moderada. A quantificação dos solos presentes na KaTembe é indicada no Quadro seguinte. 21 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Quadro 2 – Área ocupada pelos diferentes tipos de solo Tipo de Solo Solos arenosos amarelados (Aa) Complexo de solos arenosos amarelados com fase mosqueada (Aag + Aa) Solos arenosos esbranquiçados (Ab) Solos arenosos esbranquiçados com fase mosqueada (Abg) Solos arenosos amarelados, fase dunar (dAa) Solos de sedimentos marino-estuarinos (Fe) Solos de aluviões turfosos (Ft) Complexo de solos de Mananga com camada arenosa de espessura variável (M2 + M3) Solos de Post-Mananga com textura grossa (P3) Área (ha) % 3.624,1 35,8 136,0 1,3 0,2 205,5 2.472,0 2.631,1 352,8 0,0 2,0 24,5 26,0 3,5 639,2 6,3 49,4 0,5 Fonte: Cálculos próprios com base na Folha 102 da Carta de Solos da Província de Maputo (Ministério da Agricultura, 1991) e Folha 98/99 da Carta de Solos da Província de Maputo e Gaza (Ministério da Agricultura, 1990) Tendo em conta os tipos de solos presentes na área de estudo, a sua aptidão agrícola é na generalidade reduzida. As áreas com maior aptidão agrícola para sequeiro (USDA) não apresentam mais do que uma aptidão moderada (III)), e os solos com maior aptidão para regadio (USDB) são no máximo moderadamente aptos (II) ou aptos para usos especiais (IV), sempre com limitações associadas à salinidade, sodicidade, drenagem, inundação ou textura. Os solos dominantes na área de estudo (arenosos amarelados (Aa)) apresentam fertilidade baixa, bem como baixa capacidade de retenção de água. Apresentam aptidão marginal para sequeiro (com limitações associadas à fertilidade e à textura arenosa) e a possibilidade de rega por aspersão, mas com rendimentos baixos (com limitações associadas à textura e drenagem). 6.5. Recursos hídricos subterrâneos O contexto geológico da área afecta ao Plano favorece a aptidão hidrogeológica e o armazenamento de água em profundidade. Contudo, a presença de argila condiciona a permeabilidade e produtividade dos aquíferos. 22 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Pelas suas características geológicas diferenciadas em profundidade, na zona a Sul do estuário do rio Maputo desenvolvem-se dois aquíferos costeiros principais: aquífero superficial livre e aquífero inferior confinado a semi-confinado. No que respeita às características hidrodinâmicas, o nível piezométrico encontra-se a profundidades variáveis, em geral, compreendidas entre 15 m e 30 m abaixo da superfície do terreno. O recurso a água subterrânea é feito através de um conjunto de poços e furos utilizados, quer para assegurar o abastecimento público dos locais em que existe um sistema integrado de distribuição de água, quer para assegurar o consumo humano particular das populações que não tem acesso a estes sistemas de distribuição. O abastecimento público de água a KaTembe é actualmente assegurado por um conjunto de sete furos, dos quais um inoperacional. Estes furos extraem, individualmente, caudais da ordem dos 10 m3/h e têm profundidades médias da ordem dos 50 m, encontrando-se portanto a captar no aquífero profundo. Para além das captações de abastecimento público, um conjunto de outros 66 pontos de água subterrânea são utilizados pelas populações para garantir as suas necessidades. A profundidade média do nível de água nestas captações é de 19 m, evidenciando que as extracções estão a ocorrer no aquífero superior. Embora não exista informação disponível sobre a qualidade da água subterrânea captada nos furos e poços localizados em KaTembe, há vários anos é conhecida a significativa mineralização das águas subterrâneas armazenadas nos aquíferos. A aplicação do método DRASTIC à área de estudo indica que 63% da área do aquífero superficial apresenta uma vulnerabilidade à poluição intermédia, e 37% apresenta uma vulnerabilidade à poluição baixa. 6.6. Recursos hídricos superficiais A área em estudo coincide em parte com a bacia hidrográfica do rio Tembe, e em parte com bacias costeiras. 23 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Infulene 32°20'0"E Cidade da Matola Matola Matola Rio Namaacha 32°40'0"E PORTUGUESES MAPUTO 26°0'0"S 32°0'0"E KaTembe Boane REDE HIDROGRÁFICA Baia de Maputo Nsime Umbeluzi Mugazine BACIAS HIDROGRÁFICAS Kufa Ndelane/Machangulo Madjuba Hindane 26°20'0"S Changalane Pochane Massindla Bela Vista Mabilibili Tembe Maputo Djabula Tinonganine Salamanga Futi Madjadjane 5 2.5 0 5 Km Figura 5 – Bacias hidrográficas Os principais rios com interesse no estudo dos recursos hídricos superficiais são o rio Tembe e, de forma indirecta, os principais rios afluentes ao estuário e baía de Maputo: rio Umbeluzi, rio Matola, rio Infulene, e rio Incomáti. O rio Tembe tem um escoamento médio anual (avaliado no período 1955-1965) de cerca de 150 M m3. A influência das marés estende-se neste rio até 58 km da foz, perto da confluência com o rio Changalane. O rio Tembe tem um acentuado carácter sazonal, com assimetria de escoamento época húmida-época seca geralmente muito elevada. Os rios Tembe, Matola e Infulene têm uma contribuição pouco significativa para os níveis de cheia no Estuário do Espírito Santo. As cheias dentro do estuário são determinadas essencialmente pelo contributo do rio Umbeluzi. Relativamente aos usos da água, devido à influência da maré, a água do rio Tembe na zona em estudo tem salinidade elevada, não se revelando própria para o consumo humano ou para a rega. 24 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA O abastecimento da cidade de Maputo é feito através de um sistema de canalização de água captada no rio Umbeluzi, mais concretamente na Albufeira dos Pequenos Libombos. A maior parte da água fornecida por este sistema destina-se a uso doméstico. O Estuário do Espírito Santo e a Baía de Maputo constituem importantes vias de circulação marítima, considerando a importância do porto de Maputo para a economia do país. Estas massas de água têm ainda relevância adicional no que concerne à pesca tradicional para a subsistência das populações de KaTembe. A monitorização qualidade da água nas bacias hidrográficas relevantes para a zona em estudo é efectuada pela Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul), não existindo pontos para a monitorização regular da qualidade da água na área do Plano. Entre as principais fontes de poluição destacam-se: • • • • • Rio Tembe: aglomerados urbanos sem sistemas de tratamento, com descargas directas de águas residuais; poluição difusa originada pela escorrência de produtos de combustão de biomassa e produtos de lavagem e higiéne pessoal; poluição difusa decorrente das práticas agrícolas e pecuárias; Rio Umbeluzi: efluente da ETA da Barragem dos Pequenos Libombos; Rio Matola: efluente da fábrica Mozal; Rio Infulene: efluentes de várias indústrias (entre as quais a fábrica de cerveja 2M), e efluente da ETAR da Cidade de Maputo; Estuário do Espírito Santo e Baía de Maputo: drenagem de águas residuais sem tratamento dos centros urbanos; tecido industrial de Matola e Maputo; infra-estrutura portuária do pontão de KaTembe; operação do porto de Maputo; poluição difusa resultante das actividades pecuárias e agrícolas. As fontes de poluição difusa relevantes nas várias massas de água com influência na zona de estudo estão essencialmente relacionadas com os sectores agrícola e pecuário. Também a má gestão dos resíduos sólidos, assim como a desadequação dos sistemas de gestão das águas residuais têm uma importância relevante no estado das massas de água. 25 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 6.7. Ecologia A área do Plano encontra-se visivelmente marcada pela presença humana. No entanto, a presença do Estuário do Espírito Santo e dos cursos fluviais que desembocam neste sistema, e da Baía de Maputo, conferem à região um valor ecológico substancial. Aos vários ecossistemas aquáticos e terrestres dependentes de água (zonas húmidas e inundáveis) estão associados valores faunísticos e florísticos relevantes do ponto de vista ecológico e conservacionista. Os habitats em presença que ocupam maior área são: • • • • Terrenos agrícolas ou de uso agro-pecuário (cerca de 31% da área do plano); Mosaico de zonas artificializadas e terrenos agrícolas e de uso agropecuário (cerca de 13%); Matos (cerca de 11%); Mosaico de matos e terrenos agrícolas e de uso agro-pecuário (cerca de 10%). Com representatividade entre 1 e 10% encontram-se os seguintes habitats: áreas intertidais de areia e lodo; mangal; mosaico de vegetação ribeirinha e sapal; matos densos/brenhas, zonas artificializadas e sapal. As plantações arbóreas, a vegetação ribeirinha, o sistema dunar, os corpos de água e a praia arenosa apresentam representatividade igual ou inferior a 1%. Pelas suas funções ecológicas destacam-se os seguintes habitats: Áreas intertidais de areia e lodo 26 Sapal Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Mangal Zonas ribeirinhas Corpos de água Praia arenosa e sistema dunar Fotografia 2 – Habitats em destaque pelas funções ecológicas desempenhadas É possível identificar na área de KaTembe quatro unidades ecológicas terrestres, que se distribuem em mosaico com zonas urbanizadas de baixa densidade (povoamentos rurais): zonas húmidas/alagadiças; terrenos agrícolas e com uso agro-pecuário; matos; e praia arenosa. As unidades ecológicas aquáticas são essencialmente duas: cursos de água doce e estuário do Espírito Santo e Baía de Maputo. A vegetação da área de estudo está localizada no Mosaico Regional TongolandPondoland, que se estende para sul do Rio Limpopo até à África do Sul (Massango, 2004). É caracterizada por uma grande diversidade e especificidade, representando um encontro das floras Zambesiana e da África temperada (tipo sul-africano). Na área em estudo o coberto vegetal original foi, em grande parte, substituído por outras espécies de menor valor ecológico, mas cuja presença é, no entanto, muito 27 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA relevante, em particular como reguladora dos processos de erosão do solo e como habitat de refúgio e alimentação das espécies da fauna aí ocorrentes. O inventário florístico inclui um total de 18 espécies endémicas, 6 espécies quaseendémicas e ainda uma espécie possivelmente endémica. Relativamente às espécies com estatuto de ameaça de acordo com a Lista Vermelha da IUCN, contam-se no inventário florístico duas espécies do género Encephalartos com o estatuto “criticamente em perigo”, seis espécies com o estatuto “em perigo” e 24 espécies com o estatuto “vulnerável” (oito das quais pertencentes à família Fabaceae) (Da Silva et al., 2004; IUCN, 2011). A fauna original da região de KaTembe e arredores encontra-se profundamente alterada pela ocupação humana. De entre os grupos de vertebrados, os mamíferos parecem ser dos mais atingidos mas todos os grupos viram reduzidos e transformados os seus habitats naturais. A presença, na envolvente à área de intervenção, da Baía de Maputo e do sistema do Estuário do Espírito Santo, reúne as condições necessárias para a existência de uma fauna rica e diversificada, com destaque para: • • • • • • 28 Invertebrados de elevado valor ecológico e comercial, como os cnidários (corais), os equinodermes (holotúrias), os moluscos (cefalópodes, gastrópodes e bivalves) e os crustáceos; Várias espécies de peixes de água doce, de água salobra e marinha. Os peixes marinhos incluem espécies pelágicas e demersais, espécies associadas aos habitats de coral e pradarias marinhas e espécies associadas a habitats estuarinos e a mangais; Várias espécies de anfíbios, dada a existência de habitats adequados, nomeadamente de terrenos agrícolas, matos naturalizados ou zonas húmidas/alagadiças; Várias espécies de répteis, algumas classificadas pela IUCN como “em perigo”, outras protegidas ao abrigo do Anexo I da Convenção CITES (como as espécies marinhas da Ordem Testudines); Várias espécies de aves, algumas das quais protegidas ao abrigo da Convenção das Espécies Migratórias (CMS); Várias espécies de mamíferos terrestres (maioritariamente com o estatuto “pouco preocupante”, apesar de algumas espécies serem protegidas ao abrigo do Regulamento da Lei das Florestas e Fauna Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Bravia) e aquáticos (algumas protegidas ao abrigo do Anexo II da Convenção CITES). No âmbito do EIA serão elaborados inventários da fauna e da flora potencialmente presentes na área de intervenção através do levantamento bibliográfico complementado com dados recolhidos no campo. 6.8. Qualidade do Ambiente 6.8.1. Qualidade do ar O Distrito Municipal de KaTembe não dispõe de uma rede de monitorização de qualidade do ar. Em termos gerais, a área onde se pretende desenvolver o plano apresenta uma ocupação residencial dispersa de baixa densidade, concentrando-se o maior número de receptores sensíveis na zona costeira. À medida que se caminha para o interior, verifica-se uma menor densidade e uma dispersão cada vez maior da população. As principais fontes de poluição atmosférica nesta zona estão relacionadas com o tráfego rodoviário (pese embora muito pouco significativo), com a queima de resíduos sólidos, e com a queima de biomassa (associada a queimadas e ao consumo energético em habitações). Assim, nesta área, a emissão de poluentes para a atmosfera está relacionada com os gases originados na queima de combustíveis fósseis nos motores de combustão dos veículos e combustão de biomassa, provocando essencialmente um aumento da concentração de poluentes como o monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2), óxidos de azoto (NOx) e partículas em suspensão. Na envolvente à área de estudo, destacam-se como focos de poluição atmosférica relevantes a zona industrial da Matola (que concentra cerca de 60% da indústria moçambicana, com destaque para a fundição de alumínio e cimentos) e a cidade de Maputo (circulação automóvel, aeroporto, terminal de contentores e indústria), dependendo o seu potencial poluente das condições de dispersão atmosférica. As características da área de estudo, aliadas à presença de apenas duas vias rodoviárias classificadas, com tráfego pouco intenso, apontam para um nível de emissões que presumivelmente condicionará de forma muito limitada a qualidade do ar 29 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA ambiente. Sobretudo, esta afectação é predominantemente sentida ao nível da emissão de partículas suspensas (acessos não pavimentados e queima de biomassa). 6.8.2. Ruído Embora a área de estudo apresente em toda a sua extensão ocupação humana, essa ocupação é variável na razão número de pessoas/área, estando a KaTembe ocupada por áreas mais densamente habitadas, e portanto com um maior número de receptores sensíveis associados – como são os casos, por exemplo, de Guachene, Chali (área litoral), Inguide e Chamissava (nas suas áreas mais a Norte) – e áreas de cariz mais rural, em que a ocupação, embora existente, é mais dispersa – especialmente nas áreas a Sul, de transição para o Distrito de Matutuíne, e zona poente do distrito municipal. Em termos de fontes actuais de ruído na área de intervenção, destaca-se o tráfego rodoviário sobre as vias existentes não asfaltadas. Muito embora o volume de tráfego seja pouco intenso, a idade e estado de conservação dos carros e o mau estado das vias potenciam esta tipologia de emissão sonora. Refere-se ainda a actividade comercial, a qual, embora pontual, se multiplica por toda a área da KaTembe. O principal foco neste âmbito é o mercado na ligação de ferry boat, pese embora a ocupação sensível nessa área seja reduzida. Face ao tipo de ocupação humana verificada e atendendo às reduzidas fontes de emissão sonora, considera-se que a área do Plano apresenta níveis sonoros típicos de áreas rurais, não obstante a ocorrência de focos de maior pressão sonora junto de vias de maior tráfego automóvel e na proximidade de áreas com actividade comercial. 6.9. Uso do solo e Ordenamento do território KaTembe é uma região periurbana, de transição entre a área urbanizada e o meio rural. A classe de uso dominante corresponde aos terrenos agrícolas ou de uso agro-pecuário (cerca de 31% da área do plano) seguindo-se as áreas húmidas e inundáveis (cerca de 19%) e as áreas de verde arborizado natural (cerca de 15%). Cerca de 12% do território é ocupado por áreas mistas de terrenos agrícolas e de uso agro-pecuário e de áreas residenciais não planificadas, e cerca de 10% por áreas 30 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA mistas de verde arborizado natural e terrenos agrícolas e de uso agro-pecuário. As restantes classes de uso apresentam representatividade inferior a 5%. Figura 6 – Planta do uso actual do solo Dos instrumentos de ordenamento do território aplicáveis à área de estudo destaca-se o Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo (PEUMM), elaborado em 2008 para o Município de Maputo, e que poderá ser revisto em 2013. Interessa ainda identificar as principais servidões e restrições de utilidade pública existentes na área de intervenção. 31 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Na área do plano, constituem zonas de protecção total as destinadas à defesa e segurança do Estado, e zonas de protecção parcial: • • • • • O leito das águas interiores; Infra-estruturas militares e outras instalações de defesa e segurança do Estado e faixa de terreno de 100 m confinante; Rede de estradas terciárias e faixa de terreno de 15 m confinante; A faixa da orla marítima e no contorno de baías e estuários, medida da linha das máximas preia-mares até 100 metros para o interior do território; Instalações e condutores aéreos, superficiais e subterrâneos de electricidade, de telecomunicações, gás e água e faixa de 50 m confinante. Nas zonas de protecção parcial não pode ser adquirido o direito de uso e aproveitamento da terra, e o exercício de quaisquer actividades é sujeito a licença. 6.10. Socio-economia Divisão Administrativa e Autoridades Locais No contexto da cidade de Maputo, KaTembe é o segundo maior distrito municipal (101 km2), equivalente a 30% do território do Município. Simultaneamente é o segundo com o menor número de habitantes (19.371), apresentando em média 192 hab/km2. As limitações de acessibilidade que afectam KaTembe, tanto na ligação para o centro de Maputo como no interior do distrito municipal, representam actualmente factores de isolamento. O distrito municipal é composto por cinco bairros. Guachene, junto do ancoradouro que faz a ligação a Maputo, é o mais pequeno dos cinco (311 ha, aproximadamente). O povoamento colonial de KaTembe concentrou-se originalmente no Chali, o bairro mais estruturado do Distrito. Incassane, por sua vez, ocupa toda a faixa Oeste do distrito e a região urbanizada desenvolveu-se em torno das infra-estruturas militares existentes. A par com Chamissava, concentra os povoados mais rurais de KaTembe, como é o caso de Mutsékwa. Finalmente, Inguide situa-se a sudeste do distrito e tem crescido de forma dispersa ao longo da ligação rodoviária para Bela Vista. 32 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA As estruturas de poder local dividem-se entre órgãos locais do Estado e autoridades comunitárias. O principal representante do governo em KaTembe é o Vereador do Distrito. A nível comunitário, a Rainha ocupa actualmente o órgão máximo do poder tradicional, enquanto irmã do antigo régulo local. Tem como funções mobilizar politicamente a comunidade, promover práticas de sustentabilidade ambiental e de preservação dos valores culturais e do património local. Já os Indunas (cerca de dois por bairro) são anciões subjugados à Rainha e respeitados pelos locais. Muitas vezes revelam-se decisivos na resolução de conflitos. Tal como a Rainha, acumulam funções religiosas. A articulação desta malha de poder é feita no Conselho Consultivo. Este órgão, liderado pelo Vereador do Distrito, é composto por 33 membros, representantes das várias estruturas governamentais e tradicionais de KaTembe. A assembleia inclui ainda agentes sociais, directores de serviços públicos, antigos combatentes e outros elementos chave do distrito. O Conselho Consultivo é o órgão máximo da administração local, que coordena as discussões e decide quem integra a assembleia. O poder deliberativo desta estrutura estende-se à gestão do Orçamento de Investimento de Iniciativas Locais (OIIL), o fundo estatal de apoio ao investimento. População e Povoamento O Quadro seguinte revela a distribuição da população pelos bairros que compõem o distrito municipal n.º 6. Guachene e Chali são os bairros que apresentam maior densidade populacional: 1.226 e 496 habitantes por km2, respectivamente. São também aqueles onde o número de habitantes cresceu menos nos últimos anos, revelando que o nordeste de KaTembe é já uma região demograficamente consolidada e sem grande margem para expansão urbana, nos moldes actuais. Quadro 3 – População Residente em KaTembe, entre 1997 e 2007 Bairro Chali Chamissava Guachene População residente TCMA (1) 1997 2007 (%) 4.425 4.772 0,76 2.064 3.475 5,35 3.583 3.812 0,62 Densidade populacional (2) (2007) 496 192 1.226 33 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Bairro Incassane Inguide Total População residente TCMA (1) 1997 2007 (%) 3.419 4.038 1,68 2.362 3.274 3,32 15.853 19.371 2,02 Densidade populacional (2) (2007) 73 216 191 Fonte: INE - Censos 2007 (1) Taxa de Crescimento Média Anual (2) Áreas incluem apenas “terra firme” Condições de habitabilidade A população de KaTembe vive, maioritariamente, em habitações com apenas um quarto, sem casa de banho nem cozinha. Segundo dados do Censos de 2007, 43,6% dos agregados familiares vivem em casas básicas, construídas com bens duráveis como blocos de cimento, tijolo ou chapas de zinco e a cobertura em tijolo ou blocos de cimento. O segundo tipo de habitação mais comum em KaTembe é a casa mista (37%). Actividades económicas Em 2007 viviam no distrito municipal 10.811 indivíduos em idade activa. Contudo, o número de empregos formais disponíveis em KaTembe não chega para 5% da população local com mais de 15 anos e menos de 65 (4,6%, mais concretamente), sendo a economia paralela a fonte de subsistência da vasta maioria da população. No quadro seguinte apresenta-se o peso relativo dos sectores de actividade económica, verificando-se que cerca de 45% da população com ocupação e com 15 ou mais anos vive do sector primário. Seguem-se o sector do comércio e finanças (18,6%), de outros serviços (15,4%) da construção (5,9%) e dos serviços administrativos (5%). Os restantes sectores apresentam uma representatividade inferior a 5%. Quadro 4 – Peso relativo dos sectores de actividade em KaTembe (2007) Sector de actividade Agricultura, Silvicultura, Pesca Extracção de Minas Indústria manufactureira Energia 34 % pop. ocup. 15+ anos 45,4 0,3 4,5 0,7 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Sector de actividade % pop. ocup. 15+ anos Construção Transporte e Comunicação Comércio e Finanças Serviços Administrativos Outros serviços Ramo de actividade desconhecido 5,9 3,5 18,6 5 15,4 0,7 Fonte: INE – Censos 2007 Segundo o Censo Agro-Pecuário de 2009-2010, existiam em KaTembe 2.692 explorações agrícolas, 94% das quais de pequena dimensão (menos de 10 ha de área cultivada não irrigada, ou 5 ha irrigados). As culturas alimentares mais comuns são a mandioca (618ha), o milho (460ha) e o amendoim (423ha), sendo as culturas de rendimento (arroz, açúcar, algodão…) praticamente ausentes do território. Apenas 4,6% das explorações recorre a sistemas de rega ou fertilizantes, e a maioria pratica consociação de culturas. Fotografia 3 – Actividade agrícola A pesca tradicional tem um impacto não residual na economia de KaTembe (789 trabalhadores, ou seja, cerca de 4% da população), onde se localizam dois centros de pesca: Guachene e Mukhuvo (IDPPE, 2010). Contudo, a falta de equipamentos, embarcações e infra-estruturas de apoio são um obstáculo à concretização do seu potencial. 35 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Fotografia 4 – Actividade pesqueira Educação Relativamente à educação, os indicadores de escolarização encontram-se num nível médio entre os valores nacionais e os da capital moçambicana, com 53,9% de analfabetos em 2007 (INE – Censos 2007). Em KaTembe existem 14 unidades de ensino distribuídas pelos cinco bairros: duas Escolas Primárias de 1.º grau (1.ª a 5.ª classe), nove Escolas Primárias Completas (1.ª à 7.ª classe), duas escolas Técnico-Profissionais e uma única Escola Secundária Geral (8.ª a 12ª classe), que é insuficiente para cumprir as necessidades de uma população dispersa e em expansão (apenas 4,9% da população terminou a 12.ª classe, em contraste com os 12,8% na Cidade de Maputo). Fotografia 5 – Escola primária de Mutsékwa 36 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Saúde Ao nível da saúde, existem três Unidades Sanitárias públicas: o Centro de Saúde (CS) de KaTembe; o Posto de Saúde (PS) de Incassane; e o CS de Mutsweka, e duas privadas, no bairro de Chamissava. Globalmente, KaTembe apresenta indicadores sectoriais mais favoráveis do que os da Cidade de Maputo, particularmente no Estado de Saúde da População (Baixo Peso à Nascença e Taxa de Mau Crescimento), com excepção do CS de Mutsweka, que revela vários problemas, como a quebra significativa nas consultas pré-natal e de planeamento familiar. Em 2011, as escolas de KaTembe receberam pela primeira vez campanhas de saúde oral e vacinação. Fotografia 6 – Centro de Saúde de KaTembe 6.11. Paisagem Na área de estudo estão presentes seis unidades de paisagem. A Unidade A – Estuário do Espírito Santo e Rio Tembe abrange o limite Oeste da área de intervenção e é definida pela presença dos planos de água, incluindo os bancos arenosos presentes. O relevo é plano, com cotas essencialmente baixas 37 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA (inferiores a 10 m), sendo a humanização reduzida e os terrenos incultos. Aqui, a vegetação herbácea/arbustiva ganha expressão, em extensas áreas de mangal, acompanhadas por zonas entre marés, adjacentes ao curso dos rios, cuja característica marcante é a dinâmica da água, que cobre e descobre os habitats e tipos de ocupação que aí se desenvolvem, e em menor presença as áreas de sapal. A Unidade B – Zonas inundáveis e Pântano de Bangoloene integra o corpo de água no limite com o Estuário do Espírito Santo, o pântano e os terrenos associados, numa faixa que atravessa o território com orientação Norte-Sul, bem como as suas margens, onde os solos mais húmidos permitem o crescimento de vegetação ribeirinha variada e mais densa. Caracteriza-se pelo relevo muito plano, de baixas altitudes (inferiores a 10m), sendo a humanização reduzida e os terrenos incultos. Figura 7 - Unidades de paisagem A Unidade C – Costa de KaTembe corresponde a uma faixa de terra que se desenvolve ao longo da praia arenosa, estreita, que é enquadrada por um sistema dunar. Esta área corresponde a um mosaico de vários usos de solo, fomentados pela 38 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA proximidade e acessibilidade a Maputo, por barco; bem como pela relação com o mar, elemento de atracção natural. Verifica-se um gradiente nos tipos de ocupação, que são essencialmente habitacionais a Norte, e progressivamente mais heterogéneos no sentido Norte-Sul, onde ocorrem algumas áreas mais naturalizadas de matos e também as áreas agrícolas de maior expressão. Nesta unidade observa-se a presença de assentamentos humanos consolidados, de carácter residencial, assim como a existência de ocupação orientada para o recreio, destacando-se a presença de equipamentos de uso hoteleiro. Na primeira linha da frente de costa, sobre o sistema dunar, e no núcleo de KaTembe, no Bairro de Chali, estes assentamentos obedecem em geral a um padrão geometrizado. No Bairro de Guachene, como anteriormente referido, o assentamento apresenta uma configuração orgânica, característica dos assentamentos espontâneos, e uma densidade de construção superior. Nos interstícios surgem as áreas agrícolas e de matos, que foram progressivamente colmatadas pela expansão das áreas edificadas, de acordo com o gradiente de ocupação referido. As Unidades D e E caracterizam-se por uma morfologia muito similar, de relevo plano e com cotas que descem no sentido do Estuário do Espírito Santo (observando-se como tal, cotas mais elevadas na unidade E), diferindo essencialmente no uso do solo. A Unidade D – Assentamentos informais corresponde a uma área no Bairro de Incassane, onde predominam as construções de baixa densidade, e o carácter é ainda vincadamente rural, com talhões de cultivo (hortas e árvores de fruto) intercalados com as habitações. A Unidade E – Áreas agrícolas e de pastagem ocupa uma área significativa da área do Plano, caracterizando-se pelo uso predominante agrícola na qual os talhões de cultura constituem um valor intrinsecamente ligado às necessidades de sobrevivência da população. Situada no intervalo de cotas entre os 20 e os 40 m, esta unidade caracteriza-se também pela ausência de manchas de uso residencial, referindo-se unicamente a presença duma zona planificada, de densidade construtiva média, correspondente ao Bairro de Chamissava, próxima ao curso de água que atravessa a área. A rede de caminhos existente apresenta um carácter orgânico e os assentamentos que surgem são muito dispersos, correspondendo a pequenos agrupamentos de construções. As áreas pontuais identificadas de plantação florestal são também incluídas nesta unidade, uma vez que apesar de corresponderem a um uso de solo distinto são inexpressivas à escala desta paisagem. 39 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA A Unidade F – Áreas de matos, corresponde à vertente mais naturalizada na área do Plano. Esta unidade de Paisagem, associada ao limite Sudoeste de KaTembe, ocupa uma área significativa. Nesta unidade verifica-se a existência de um estrato arbóreo e arbustivo com certa expressão e também a presença menos marcada de vegetação de revestimento. Tal como na unidade E, os assentamentos são muito pontuais e dispersos, correspondendo a construções de arquitectura tradicional. A paisagem da área de estudo apresenta na generalidade uma qualidade visual boa, devido à preservação do seu carácter natural ou semi-naturalizado. Apresenta também pontualmente algumas zonas dissonantes, com um carácter artificializado e degradado, por efeito das funções que aí se desenvolvem. São ainda de destacar os seguintes elementos notáveis da paisagem: • • • • Os planos de água e as zonas húmidas com vegetação associada, nomeadamente, a margem do Rio Tembe e o Estuário do Espírito Santo, e o pântano de Bangoloene e o corpo de água e as zonas húmidas envolventes, que apresentam elevado valor cénico; a visão da água, das margens e da vegetação constitui uma experiência da paisagem de elevada significância, como elementos fundamentais na estruturação e identidade do território; A faixa de praia que limita a Este a área de estudo; As áreas construídas, planificadas ou de autoconstrução, devido ao contraste de usos de solo que se observam; Outros locais onde se observa o assentamento pontual de populações, com elementos e estruturas características da arquitectura local tradicional. 6.12. Património arqueológico e arquitectónico A ausência de trabalhos de campo actualizados sobre a área de estudo inviabiliza o conhecimento mais aprofundado da realidade contextual do património arqueológico em presença. Contudo, de acordo com a informação disponível, há registo de um arqueossítio em Ponta Maona. A área de ocupação total do sítio é desconhecida, tendo a sua identificação ocorrido a partir da observação da falésia. 40 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Neste local foram identificados estratos arqueológicos datáveis desde o paleolítico, onde se destaca a presença de micrólitos, cujo aperfeiçoamento deste tipo de materiais recua a 25 mil anos (informação disponibilizada oralmente pelo Prof. Senna-Martinez em 2011). De acordo com a informação oral disponibilizada pelo arqueólogo J-C de Senna-Martinez, o arqueossítio foi identificado em corte após derrocada de falésia, não sendo visíveis vestígios no topo de Ponta Maona. Na área de estudo não existem referências físicas associadas ao período colonial, nomeadamente elementos arquitectónicos. As populações locais terão certamente sido afectadas por inúmeras pressões, como é o caso do "imposto de palhota” instituído pelas Companhias Majestáticas ou do Acto Colonial (1930), mas esta realidade não se reflecte nos vestígios materiais. Não foram identificados elementos arquitectónicos classificados na área do Plano. 41 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 7. Identificação dos potenciais impactos do Plano Identificam-se em seguida, de forma preliminar, os principais impactos ambientais esperados do Plano, tendo por base a ocupação proposta, as actividades inerentes à sua implementação, bem como a informação obtida em reuniões com diversas entidades e instituições relevantes a nível local, a consulta de documentos e as observações efectuadas em trabalhos de campo. Propõe-se que os potenciais impactos do Plano sejam avaliados no seu conjunto no que respeita à ocupação e às condicionantes ao uso do solo na totalidade da área de intervenção, procedendo-se também a uma avaliação preliminar dos impactos esperados nas fases de construção e exploração (ou seja, de implementação e de funcionamento dos projetos/infraestruturas que se espera virem a ser futuramente desenvolvidos na sequência do plano). Propõe-se ainda uma avaliação mais detalhada dos impactos nas fases de construção e exploração nas três áreas de intervenção em que terá início a implementação do plano (área de intervenção prioritária). A presente avaliação não substitui assim a subsequente elaboração de processos de Avaliação de Impacto Ambiental com vista a suportar a tomada de decisão quanto ao licenciamento ambiental de planos de pormenor ou de projectos/actividades específicos que venham a ser desenvolvidos em fases subsequentes à da implementação das três áreas prioritárias que se propõe analisar no âmbito do presente processo de AIA. 7.1. Potenciais impactos positivos Como principais impactos positivos potenciais do Plano destacam-se: 42 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA • • • • A planificação sustentável do território, enquadrando e disciplinando as dinâmicas de crescimento previstas; A melhoria das condições de habitabilidade, acessibilidade, empregabilidade e das condições de vida da população em geral; A requalificação das áreas construídas; A valorização paisagística das zonas costeiras e ribeirinhas. Ao nível do Ordenamento do Território esperam-se impactos positivos, decorrentes de um planeamento sustentável e enquadrador das dinâmicas de crescimento inerentes à construção da ponte entre Maputo e KaTembe e da promoção da infraestruturação do território. O planeamento adequado dos usos do solo e respectivas condicionantes é particularmente relevante nas áreas mais vulneráveis à ocorrência de cheias e na faixa costeira, sujeita a fenómenos erosivos, a situações de instabilidade, e ao recuo da linha de costa. A planificação urbana decorrente da implementação do Plano fornece bases para uma reorganização da ocupação urbanística e para uma valorização das áreas verdes de protecção e conservação e das áreas húmidas e inundáveis, pelo que se espera um impacto positivo ao nível dos habitats húmidos de sapal, mangal e de vegetação ribeirinha e da zona costeira. Esperam-se também impactos positivos em termos Socioeconómicos, na melhoria das condições de habitabilidade (na sequência da reabilitação e da construção de habitações de melhor qualidade), acessibilidade (pela implantação de novas vias de comunicação), e das condições de vida da população em geral, em resultado da melhoria dos níveis de abastecimento de água e saneamento, e do acesso aos serviços públicos e do aumento das oportunidades de emprego. Deverá também aumentar a captação de investimento e a atracção de empresas para KaTembe, gerando novas oportunidades de emprego. O estímulo ao mercado de trabalho deverá verificar-se desde logo na fase de construção. A promoção das condições de saneamento básico deverá contribuir para a melhoria da qualidade dos recursos hídricos, nomeadamente no que respeita à contaminação orgânica. 43 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 7.2. Potenciais impactos negativos Como principais impactos negativos potenciais do Plano destacam-se: • • A necessidade de reassentamentos em alguns locais, aquando da implementação do plano; A transformação progressiva de uma comunidade eminentemente rural numa comunidade urbana poderá implicar a marginalização das camadas sociais mais baixas e a marginalização dos líderes tradicionais. A necessidade de reassentamento de parte da população local é o principal impacte negativo do Plano. Esta necessidade ocorrerá em alguns locais bem definidos, decorrendo da implantação de novas vias e outras novas infra-estruturas urbanas, que pelo seu desenho coincidam com áreas actualmente habitadas. Os chefes de linhagem detêm terrenos, por direito consuetudinário, que funcionam como elemento de coesão e controlo da comunidade. Quando esse equilíbrio é afectado, a capacidade de reintegração das famílias numa nova realidade é muito limitada. A significância deste impacto, no entanto, dependerá da forma como o processo for conduzido. Se a especulação imobiliária já hoje observável no distrito não for controlada, os estratos sociais de rendimentos inferiores poderão ser marginalizados. Para além do impacte social deste desenvolvimento, a exclusão dos mais pobres geraria pressões para o crescimento de assentamentos informais nos limites da cidade, difíceis de contrariar. Outro possível impacte de consequências negativas para a região é o aumento da criminalidade e da marginalidade. A nova cidade deverá atrair habitantes das regiões rurais, em busca de melhores condições de vida. Caso a cidade não consiga gerar essas oportunidades, a ausência de um sentido de pertença e a desilusão com as espectativas criadas poderá potenciar os problemas comuns dos subúrbios. Na fase de construção, poderão ainda ocorrer conflitos em resultado da instalação de novas comunidades de trabalhadores. Nesta fase deverão também verificar-se os habituais impactos inerentes à preparação dos terrenos, circulação de maquinaria afecta às obras e implantação de infraestruturas: emissão de poeiras; aumento dos níveis de ruído; alteração das 44 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA condições de escoamento natural; compactação de solos; remoção de coberto vegetal; degradação da paisagem; mortalidade de fauna e perturbação das comunidades florísticas e faunísticas. Os habitats com maior área afectada pela expansão urbana deverão ser os matos e os matos densos e brenhas. Na fase de exploração, deverá verificar-se um aumento do tráfego rodoviário, com o consequente aumento dos acidentes rodoviários, da emissão de poluentes para a atmosfera e de ruído e da perturbação da fauna (sendo a avifauna um dos grupos de vertebrados mais afectados). É também expectável um aumento da velocidade de circulação, contribuindo para o aumento do risco de atropelamento da fauna (em particular, de alguns anfíbios). O efeito-barreira criado pelos acessos, aliado à fragmentação dos habitats associada, deverá potenciar o incremento de espécies generalistas em detrimento de outras mais especialistas, e em regra, com maior interesse do ponto de vista conservacionista. A transformação dos usos do solo implicará a progressiva impermeabilização dos terrenos, alterando-se as condições naturais de drenagem e de infiltração, e diminuindo a área de recarga directa dos aquíferos. Espera-se também um aumento do consumo de água superficial e subterrânea, bem como da produção de águas residuais, que se não forem devidamente tratadas, poderão conduzir a um aumento da poluição dos recursos hídricos. 45 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 8. Identificação de questões fatais Tendo em conta os impactos negativos identificados de forma preliminar, considera-se possível o estabelecimento de medidas de prevenção e de minimização dos mesmos, não tendo sido identificadas questões fatais que pela sua gravidade, inviabilizem o plano. Os impactos ambientais serão analisados em maior detalhe durante a fase do EIA, onde serão definidas medidas de mitigação dos mesmos. 46 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 9. Principais aspectos a investigar no EIA Tendo em conta os impactos potenciais do plano, considera-se que deverão ser investigados com particular atenção em fase de EIA os seguintes aspectos: 1. 2. 3. 4. Socioeconomia Ecologia Áreas sujeitas a riscos de cheias Áreas sujeitas a riscos de erosão e de instabilidade dos terrenos A investigação dos itens que seguidamente se particularizam será importante para avaliar de forma mais fidedigna os impactos do plano a nível biofísico e socioeconómico, e para definir as medidas de mitigação mais adequadas à minimização dos seus impactos negativos e à potenciação dos seus impactos positivos. 1. Socioeconomia: • • • • • • • • • Sistemas de governação e de organização social; Demografia; Actividades económicas na área do plano e sistemas de sobrevivência da população; Infra-estruturas (habitação, abastecimento de água, saneamento, energia, comunicações e transportes); Perfil de educação e de saúde; Padrões de uso de terra e recursos naturais; Ambiente sociocultural: ocupação territorial; estrutura familiar das comunidades; identificação de locais com significado histórico, arqueológico ou sagrado na área do plano, e avaliação do significado desses locais para as comunidades; identificação das áreas com maior probabilidade de ocorrência de vestígios arqueológicos na área do plano; Reacção dos habitantes em relação ao plano e aos trabalhadores que se alojarão na região; Identificação dos impactos da proposta de plano no que concerne a: alterações demográficas e estrutura etária local; estrutura económica; infra-estruturas; educação e saúde; qualidade e vida em geral; afectação de locais com significado histórico, arqueológico ou sagrado; 47 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA • • Proposta de medidas de mitigação; Recomendações para gestão ambiental e monitorização, caso se justifique. 2. Ecologia: Habitats e espécies sensíveis • Caracterizar os ecossistemas e os habitats de flora e fauna na área do plano; • Identificar habitats de flora e fauna sensíveis e de importância especial para conservação; • Identificar espécies de flora e fauna sensíveis e de importância especial para conservação; • Determinar os potenciais impactos nos ecossistemas e habitats potencialmente afectados; • Propor medidas de gestão ambiental para os impactos identificados. Flora • Caracterizar a flora e os tipos de vegetação que ocorrem nas áreas de influência do plano; • Avaliar a distribuição e abundância dos tipos de vegetação existentes na área do plano e relacionar a informação obtida com a actividade humana na região; • Avaliar o nível de dependência das populações locais sobre a vegetação das áreas potencialmente afectadas, e o impacto que a remoção desta vegetação pode vir a ter sobre a comunidade; • Identificar e avaliar os impactos potenciais do plano sobre a vegetação e propor as respectivas medidas de mitigação; Fauna • • Avaliar a distribuição e abundância das comunidades faunísticas da área do plano e relacionar a informação obtida com a actividade humana na região; Identificar e avaliar os impactos potenciais do plano sobre a fauna (incluindo o efeito barreira) e propor as respectivas medidas de mitigação. 3. Áreas sujeitas a riscos de cheias: • 48 Delimitar as bacias e sub-bacias hidrográficas na área do plano; Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA • • • Rever criticamente a informação bibliográfica disponível sobre a hidrologia das bacias da área do plano; Análise da vulnerabilidade à ocorrência de cheias na área do plano, considerando vários cenários, e com recurso a modelos matemáticos; Determinar os impactos das cheias tendo em conta a ocupação e as condicionantes propostas no plano e definição das medidas de mitigação necessárias. 4. Áreas sujeitas a riscos de erosão e de instabilidade dos terrenos: • • • • Analisar a vulnerabilidade à ocorrência de erosão e instabilidade dos terrenos; Avaliar a potencial afetação da ocupação proposta no plano na estabilidade das arribas e dos terrenos; Efectuar recomendações tendo em vista a minimização da erosão e da instabilidade dos terrenos; Propor medidas de gestão ambiental para os impactos identificados e se necessário, um programa de monitoria. 49 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 10. Conclusões e recomendações A construção da ponte entre Maputo e KaTembe proporcionará o crescimento da população, facilitando as acessibilidades e permitindo aos habitantes usufruir dos serviços que a cidade de Maputo tem para oferecer. O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal de KaTembe visa disciplinar a expansão da cidade de Maputo para Sul, definindo a matriz viária global, o zonamento do território, o faseamento para a sua implementação e a previsão dos recursos necessários para a sua execução. Tendo em conta a avaliação preliminar realizada não se perspectiva a existência de questões fatais que inviabilizem o plano, que deverá ter como principais impactos positivos a planificação sustentável do território, de acordo com as dinâmicas de crescimento previstas; a melhoria das condições de habitabilidade, acessibilidade, empregabilidade e das condições de vida da população em geral, em resultado da melhoria dos níveis de abastecimento de água e saneamento, e do acesso aos serviços públicos e do aumento das oportunidades de emprego; a requalificação das áreas construídas e a valorização paisagística das zonas costeiras e ribeirinhas. Os principais impactos negativos deverão ocorrer a nível social, fruto da necessidade de reassentamento de uma parte da população. Esta necessidade ocorrerá em alguns locais bem definidos, decorrendo da implantação de novas vias e outras novas infraestruturas urbanas, que pelo seu desenho coincidam com áreas actualmente habitadas. Poderá ainda verificar-se o agravamento da especulação imobiliária, o aumento da criminalidade e da marginalidade, dependendo da forma como for conduzido o processo. Correspondendo o presente processo à AIA de um plano, propõe-se que a avaliação dos impactos inclua: • • 50 uma avaliação associada à ocupação e às condicionantes ao uso do solo na totalidade da área de intervenção (correspondente ao Distrito Municipal da KaTembe); uma avaliação mais detalhada dos impactos nas fases de construção e exploração nas três áreas de intervenção em que terá início a implementação do plano. Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA A avaliação associada à ocupação e às condicionantes ao uso do solo contribuirá para minimizar os impactos negativos e potenciar os impactos positivos numa fase precoce do processo (desde logo na fase de plano). A avaliação mais detalhada permitirá delinear as medidas de mitigação a aplicar nas fases de pré-construção, construção e exploração dos primeiros projectos a serem implementados. Tendo em conta os impactos potenciais do plano, e com vista a definir as medidas de mitigação mais adequadas à minimização dos impactos negativos e à potenciação dos impactos positivos, deverão ser investigados em fase de EIA, entre outros, os seguintes aspectos principais: socioeconomia; ecologia; áreas sujeitas a riscos de cheias; áreas sujeitas a riscos de erosão e de instabilidade dos terrenos. 51 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA 11. Referências bibliográficas SILVA, MÁRIO CALANE, SAMIRA IZIDINE & ANA BELA AMUDE (2004). A preliminary checklist of the vascular plants of Mozambique. Catálogo provisório das plantas superiores de Moçambique. Southern African Botanical Diversity Network Report Nº 30. DA DNG (1983). Carta Geomorfológica de Moçambique, à escala 1:2 000 000. Ministério dos Recursos Naturais da República de Moçambique. GTK CONSORTIUM (2006). Notícia explicativa das Cartas Geológicas, à escala 1:250 000. Volume 1. República de Moçambique Ministério dos Recursos Minerais. Direcção Nacional de Geologia. HOGUANE, A.; M. PEREIRA (2003). National Report: Marine biodiversity in Mozambique – the known and the unknown. Proceedings of the Marine Biodiversity in Sub-Saharan Africa: The Known and the Unknown, Cape Town, South Africa, 23-26 September 2003. IDPPE (2010). Atlas da Pesca Artesanal em Moçambique. Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala, Maputo. INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (2007), 3º Recenseamento Geral da População e Habitação (Censos 2007). INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (2011). Censo Agro-pecuário Resultados definitivos. Abril-Maio 2011. 2009-2010. INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO AGRONÓMICA (1991). Carta de Solos da Bela Vista, folha nº 102, à escala 1:250 000. INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO AGRONÓMICA (1991). Carta de Solos da Província de Maputo. Folha nº 102. Ministério da Agricultura. IUCN (2011). IUCN Red List of Threatened Species. Version 2011.1. (Endereço: www.iucnredlist.org) [Consultada em Dezembro de 2011]. MASSANGO, HENRIQUE AMONE (2004). National Review on Enabling Environment (Laws and Polices) For the Eastern Africa Coastal Forest Eco-region Programme WWFEARPO, Fevereiro de 2004. 52 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA PEUMM (2009). “Plano de Estrutura Urbana do Município de Maputo”, Conselho Municipal de Maputo. REPUBLIC OF MOZAMBIQUE (2011). http://mozambique-meteo.ru/en/maputu. Consultado em Outubro e Novembro de 2011. 53 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Relatório do EPDA Anexo- Equipa técnica Técnico Formação académica Tiago Mendonça Engenheiro Civil Pedro Bettencourt Correia Geólogo; Especialista em Geologia Marinha Engenheira do Ambiente Virgínia Chichungo Função na equipa Direcção e Coordenação Geral de Projecto Direcção e Coordenação Geral da AIA; Participação Pública Coordenação da Componente Ambiental; Participação Pública Coordenação da Componente Socioeconómica; Participação Pública Participação na Componente Ambiental (factores abióticos); Participação Pública Participação na Componente Ambiental (factores abióticos) Participação na Componente Ambiental (factores abióticos); Participação Pública Participação na Componente Ambiental (factores bióticos) Participação na Componente Ambiental (factores abióticos) Marlen Ribeiro Antropóloga Nuno Silva Engenheiro do Ambiente Cláudia Fulgêncio Engenheira do Ambiente Rachide Racide Engenheiro Civil Raquel Agra Bióloga Júlia Metrass Mendes Arquitecta Paisagísta Pedro Afonso Fernandes Economista. Mestre em Planeamento Regional e Urbano e em Economia. Doutorando em Urbanismo Participação na Componente Socioeconómica Sofia Gomes Arqueóloga Participação na Componente Socioeconómica Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA Parte 3- Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA Avaliação de Impacto Ambiental do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe - Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental - ÍNDICE GERAL 1. Introdução 1 2. Proponente 2 3. Equipa responsável pela elaboração do EIA 3 4. Alternativas consideradas 4 5. Metodologia do Estudo de Impacto Ambiental 5 5.1. Abordagem metodológica 5 5.1.1. Planeamento das actividades 5 5.1.2. Trabalho de gabinete 6 5.1.3. Trabalho de campo 6 5.1.4. Preparação do Relatório do EIA 7 5.2. Etapas do EIA 7 5.2.1. Estudos de base 8 5.2.2. Estudos especializados 8 5.2.3. Identificação e avaliação dos impactos potenciais do plano e das respectivas medidas de mitigação 11 5.2.4. Preparação do Plano de Gestão Ambiental 12 5.2.5. Quadro de Política de Reassentamento 13 5.2.6. Compilação do Relatório do EIA 13 6. Processo de participação pública 16 i Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 6.1. Objectivos da Participação Pública 16 6.2. Identificação e envolvimento das Partes Interessadas e Afectadas 17 6.3. Integração das questões apresentadas pelas Partes Interessadas e Afectadas 17 ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1 – Critérios de classificação dos potenciais impactos ambientais do plano 12 ii Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 1. Introdução Os Termos de Referência (TdR) apresentados neste documento foram preparados no âmbito da fase de Estudo de Pré-viabilidade e Definição de Âmbito (EPDA) da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe, conforme definido no Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, que regulamenta o processo de avaliação ambiental. O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe, com uma área de intervenção de cerca de 10.100 ha, insere-se no Distrito Municipal n.º 6 (KaTembe), pertencente ao Município de Maputo e à província de Maputo Cidade. É delimitado a Oeste pelo rio Tembe, a Norte pelo Estuário de Espírito Santo, a Este pela Baía de Maputo e a Sul pela linha divisória entre o distrito municipal de KaTembe e o distrito de Matutuíne. O presente documento inclui um capítulo introdutório (Capítulo 1), a identificação do proponente (Capítulo 2), a identificação da equipa responsável pelo EIA (Capítulo 3), a indicação das alternativas consideradas (Capítulo 4), a metodologia do EIA, incluindo a descrição dos estudos especializados a realizar (Capítulo 5) e a descrição do processo de participação pública (Capítulo 6). 1 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 2. Proponente O Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe apresenta como proponentes o Conselho Municipal de Maputo e a Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul E.P., de ora em diante designada abreviadamente por Maputo Sul, E.P. Os contactos dos proponentes são apresentados abaixo: Conselho Municipal de Maputo Direcção Municipal de Planeamento Urbano e Ambiente Av. 24 de Julho, n.º 1478, Maputo - Moçambique Telefone: 21 328 031 Empresa de Desenvolvimento de Maputo Sul E.P., Av. 25 de Setembro, nº 916, 2º andar Caixa postal n.º 341, Maputo - Moçambique Tel: 21 303 990; Fax: 21 303 991 2 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 3. Equipa responsável pela elaboração do EIA A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) estará a cargo do consórcio de empresas BETAR-BETA, esta última registada no MICOA para a elaboração de EIA, e cujos contactos são os seguintes: BETA – Engenharia, Gestão e Ambiente, Lda. Av. 25 de Setembro 1509, 4º – 5 Maputo – Moçambique Tel: +258 21 30 20 80 A equipa responsável pela AIA será uma equipa multidisciplinar, envolvendo especialistas nas seguintes áreas (sem prejuízo de outras que venham a revelar-se necessárias): • • • • • • • • • • Engenharia Civil Geologia Sociologia Antropologia Arqueologia Socioeconomia Engenharia do Ambiente Biologia Arquitectura Paisagista Sistemas de Informação Geográfica Nos termos da Directiva Geral para a Elaboração de EIA, o Relatório do EIA incluirá os currícula da equipa e certificados de habilitações dos técnicos. 3 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 4. Alternativas consideradas O EIA procederá à comparação da alternativa relativa à ocupação proposta no Plano com a alternativa de ausência de Plano (alternativa zero). 4 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 5. Metodologia do Estudo de Impacto Ambiental 5.1. Abordagem metodológica A metodologia a utilizar no EIA seguirá a legislação aplicável à elaboração de Estudos de Impacto Ambiental, ou seja, o Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro (parcialmente modificado pelo Decreto n.º 42/2008, de 4 de Novembro) e a Directiva Geral para Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006, de 19 de Julho). Deste modo, o EIA integrará pelo menos as seguintes componentes principais: • • • • Planeamento das actividades Trabalho de gabinete Trabalho de campo Preparação do Relatório do EIA A seguir encontram-se descritas as actividades correspondentes a cada uma destas componentes. 5.1.1. Planeamento das actividades Com vista ao entendimento das especificidades do plano e ao esclarecimento de questões relacionadas com o mesmo, o planeamento de actividades incluirá: • • reuniões entre a equipa responsável pelo EIA e: a equipa projectista do plano em avaliação, os proponentes, as equipas que se encontram a desenvolver estudos e projectos para a ponte Maputo-KaTembe; reuniões internas da equipa responsável pelo EIA. Nesta fase iniciar-se-á o planeamento do Processo de Participação Pública a desencadear na fase de EIA. Um dos exercícios a realizar como parte deste planeamento será a revisão do trabalho realizado na fase de EPDA (incluindo a informação compilada e a informação identificada como importante para o EIA) e o desenvolvimento de um programa de Consulta Pública para a fase de EIA, que permita a identificação e implementação de 5 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA acções de melhoria do processo (p.ex. mecanismos para assegurar uma maior abrangência do processo, formas de informação mais adequadas, entre outros). 5.1.2. Trabalho de gabinete Será efectuada a recolha e análise de bibliografia diversa sobre o plano e a área de implementação, nomeadamente, de mapas, fotografias aéreas e levantamentos topográficos, conforme necessário. A informação obtida desta forma permitirá uma caracterização da situação de referência, que deverá ser complementada com estudos detalhados no campo. O trabalho incidirá sobre o ambiente biofísico e o ambiente socioeconómico da área do plano, devendo ser analisados os seguintes domínios, seleccionados em função do tipo de plano e da região em que se insere: • • • • • • • • • • • Clima; Geologia e Geomorfologia; Solos; Recursos hídricos subterrâneos; Recursos hídricos superficiais; Ecologia; Qualidade do Ambiente; Uso do solo e Ordenamento do território; Paisagem; Socio-economia; Património arqueológico e arquitectónico. Deverá igualmente ser efectuada uma revisão do enquadramento legal e institucional do plano no contexto da legislação moçambicana. 5.1.3. Trabalho de campo O trabalho de campo, a ser executado como uma componente dos Estudos Especializados, possibilitará aos especialistas um contacto directo com o meio de inserção do plano e, conforme necessário, uma aproximação a instituições, autoridades 6 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA formais e informais, grupos sociais com interesses específicos e pessoas individuais, para a recolha de dados. Com base na informação recolhida no terreno, os especialistas irão, para além de consolidar a informação sobre a área de estudo obtida em referências documentais, proceder à identificação dos impactos potenciais do plano. 5.1.4. Preparação do Relatório do EIA A preparação do Relatório de EIA incluirá as seguintes actividades principais: • • • • • • • Descrição da situação ambiental de referência; Identificação preliminar dos aspectos ambientais, ou seja, dos elementos do plano susceptíveis de resultar em impactos ambientais; Identificação e análise dos principais impactos potenciais do plano; Classificação dos impactos com base nos critérios pré-estabelecidos para o efeito; Formulação de medidas de mitigação dos impactos negativos e medidas para incrementar os impactos positivos identificados; Preparação de um Plano de Gestão Ambiental preliminar, contendo medidas de gestão e monitoria ambiental dos impactos; Formulação de conclusões e recomendações, baseadas nas constatações do EIA. 5.2. Etapas do EIA Na execução do EIA serão seguidas as seguintes etapas principais: • • Elaboração dos Estudos de Base; Elaboração dos Estudos Especializados; Identificação e avaliação dos principais impactos do plano e das respectivas medidas de mitigação; Preparação do Plano de Gestão Ambiental; Preparação do Quadro de Política de Reassentamento; • Compilação do relatório do EIA. • • • 7 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA Como parte complementar do EIA, serão executadas as actividades relativas à Participação Pública. As acções a desenvolver nas etapas acima indicadas são descritas em seguida. 5.2.1. Estudos de base Os estudos de base serão executados com base em revisão bibliográfica e em trabalho de campo que permitirá a recolha de elementos complementares, de modo a tornar a caracterização da situação de referência tão completa quanto possível. Todos os especialistas que irão compor a equipa técnica do EIA deverão estar directa ou indirectamente envolvidos nesta actividade. 5.2.2. Estudos especializados Na sequência das questões a investigar no EIA identificadas no EPDA, considera-se necessário realizar os seguintes estudos especializados: • • • Estudo especializado de Socioeconomia; Estudo especializado de Ecologia; Estudo especializado de Avaliação de Risco. O principal objectivo do Estudo Especializado de Socioeconomia é efectuar a caracterização da situação socioeconómica da área de influência do plano (abarcando elementos tais como demografia, actividades económicas, aspectos socioculturais e históricos, entre outros); avaliar os possíveis impactos do plano proposto no ambiente socioeconómico; formular medidas de mitigação para a prevenção ou minimização dos impactos negativos e medidas de incrementação dos impactos positivos. Neste âmbito, considera-se importante descrever: • • • 8 Sistemas de governação e de organização social; Demografia; Actividades económicas na área do plano e sistemas de sobrevivência da população; Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA • • • • • • • • Infra-estruturas (habitação, abastecimento de água, saneamento, energia, comunicações e transportes); Perfil de educação e de saúde; Padrões de uso de terra e recursos naturais; Ambiente sociocultural: ocupação territorial; estrutura familiar das comunidades; identificação de locais com significado histórico, arqueológico ou sagrado na área do plano, e avaliação do significado desses locais para as comunidades; identificação das áreas com maior probabilidade de ocorrência de vestígios arqueológicos na área do plano; Reacção dos habitantes em relação ao plano e aos trabalhadores que se alojarão na região; Identificação dos impactos da proposta de plano no que concerne a: alterações demográficas e estrutura etária local; estrutura económica; infra-estruturas; educação e saúde; qualidade e vida em geral; afectação de locais com significado histórico, arqueológico ou sagrado; Proposta de medidas de mitigação; Recomendações para gestão ambiental e monitorização, caso se justifique. O principal objectivo do Estudo Especializado de Ecologia é identificar, descrever e avaliar os impactos ambientais nos habitats, na flora e fauna da área de estudo que possam resultar da implementação do plano e formular medidas de mitigação para a prevenção ou minimização dos impactos negativos na ecologia. Neste âmbito, considera-se importante: Habitats e espécies sensíveis • Caracterizar os ecossistemas e os habitats de flora e fauna na área do • • • • plano; Identificar habitats de flora e fauna sensíveis e de importância especial para conservação; Identificar espécies de flora e fauna sensíveis e de importância especial para conservação; Determinar os potenciais impactos nos ecossistemas e habitats potencialmente afectados; Propor medidas de gestão ambiental para os impactos identificados. 9 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA Flora • • • • Caracterizar a flora e os tipos de vegetação que ocorrem nas áreas de influência do plano; Avaliar a distribuição e abundância dos tipos de vegetação existentes na área do plano e relacionar a informação obtida com a actividade humana na região; Avaliar o nível de dependência das populações locais sobre a vegetação das áreas potencialmente afectadas, e o impacto que a remoção desta vegetação pode vir a ter sobre a comunidade; Identificar e avaliar os impactos potenciais do plano sobre a vegetação e propor as respectivas medidas de mitigação; Fauna • • Avaliar a distribuição e abundância das comunidades faunísticas da área do plano e relacionar a informação obtida com a actividade humana na região; Identificar e avaliar os impactos potenciais do plano sobre a fauna (incluindo o efeito barreira) e propor as respectivas medidas de mitigação. O objectivo principal do Estudo Especializado de Avaliação de Risco é identificar e avaliar os riscos de cheias e os riscos associados à erosão e instabilidade dos terrenos, bem como formular medidas de mitigação para a prevenção ou minimização dos impactos negativos. Neste âmbito, considera-se importante: Riscos de cheias • • • • 10 Delimitar as bacias e sub-bacias hidrográficas na área do plano; Rever criticamente a informação bibliográfica disponível sobre a hidrologia das bacias da área do plano; Analisar a vulnerabilidade à ocorrência de cheias na área do plano, considerando vários cenários, e com recurso a modelos matemáticos; Determinar os impactos das cheias tendo em conta a ocupação e as condicionantes propostas no plano e definição das medidas de mitigação necessárias. Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA Riscos associados à erosão e instabilidade dos terrenos • Analisar a vulnerabilidade à ocorrência de erosão e instabilidade dos terrenos; • Avaliar a potencial afetação da ocupação proposta no plano na estabilidade das arribas e dos terrenos; • Efectuar recomendações tendo em vista a minimização da erosão e da instabilidade dos terrenos; • Propor medidas de gestão ambiental para os impactos identificados e se necessário, um programa de monitoria. 5.2.3. Identificação e avaliação dos impactos potenciais do plano e das respectivas medidas de mitigação Correspondendo o presente processo à AIA de um plano a avaliação dos impactos incluirá: • • uma avaliação associada à ocupação e às condicionantes ao uso do solo na área do plano (correspondente ao Distrito Municipal da KaTembe); uma avaliação mais detalhada dos impactos nas fases de construção e exploração nas três áreas de intervenção em que terá início a implementação do plano. A avaliação associada à ocupação e às condicionantes ao uso do solo facilitará a minimização dos impactos negativos e a potenciação dos impactos positivos numa fase precoce do processo (desde logo na fase de plano). A avaliação mais detalhada permitirá delinear as medidas de mitigação a aplicar nas fases de pré-construção, construção e exploração dos primeiros projectos a serem implementados. Neste âmbito, serão analisados os aspectos identificados no ponto 3.5 da Directiva Geral para a Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006 de 19 de Julho. Serão também avaliados as interacções entre os diferentes impactos, nomeadamente eventuais efeitos cumulativos, indirectos e sinergéticos. Os impactos serão classificados de acordo com o seu estatuto, magnitude e significância. Sempre que possível, e no âmbito das avaliações detalhadas dos 11 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA impactos nas fases de construção e de exploração, serão também classificados de acordo com a extensão e duração. Quadro 1 – Critérios de classificação dos potenciais impactos ambientais do plano CRITÉRIO Estatuto Positivo Negativo Extensão Local Regional Nacional Internacional Duração De curto prazo De médio prazo De longo prazo Permanente Magnitude Baixa Moderada Alta Significância Baixa Moderada Alta DESCRIÇÃO Natureza do impacto Mudança ambiental benéfica Mudança ambiental adversa A área afectada pelo impacto Área do plano (Distrito Municipal de KaTembe) Províncias circundantes Moçambique Moçambique e países vizinhos Período durante o qual se espera a ocorrência dos impactos Menor que um (1) ano Entre um (1) e cinco (5) anos Superior a cinco (5) anos O impacto prolonga-se, independentemente da implementação ou não de medidas de mitigação Intensidade do impacto no local, tendo em conta o efeito sobre os processos ambientais e sociais O funcionamento dos processos naturais, culturais ou sociais não é afectado O funcionamento dos processos naturais, culturais ou sociais é afectado, porém sem efeitos considerados significativos O funcionamento dos processos naturais, culturais ou sociais é temporária ou permanentemente interrompido O nível de importância do impacto – resulta da síntese dos aspectos anteriores (extensão, duração e magnitude) Não exige mais investigação, mitigação ou gestão Exige mitigação e gestão para redução de impactos (se negativo) Se não puder ser mitigado ou gerido, deverá influenciar uma decisão sobre aspectos específicos do plano (p.e. desenho, localização, etc.) 5.2.4. Preparação do Plano de Gestão Ambiental Como parte do EIA, será preparado um Plano de Gestão Ambiental (PGA). O Plano incluirá um conjunto de recomendações gerais e específicas que estabelecerão a base de mitigação, gestão e monitoria ambiental dos potenciais impactos identificados no EIA. 12 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA O PGA terá as seguintes funções principais: • • Fornecer ao Proponente orientação sobre as suas responsabilidades de gestão e monitoria ambiental e sobre as medidas a implementar para o alcance dos objectivos de gestão ambiental do plano; Fornecer ao MICOA uma informação sistematizada que facilite a avaliação objectiva das várias fases do plano e das formas de controlo dos respectivos impactos no ambiente; O PGA funcionará, deste modo, como um instrumento para assegurar que as diferentes fases do plano proposto sejam executadas com base em práticas de actuação responsável do ponto de vista ambiental e social, de acordo com padrões ambientalmente aceitáveis e em cumprimento da legislação ambiental moçambicana. 5.2.5. Quadro de Política de Reassentamento Uma vez que será necessário proceder à deslocação física e económica de famílias, serão definidas no Relatório de EIA (REIA) as directrizes para o reassentamento, na forma de um Quadro de Política de Reassentamento (QPR). 5.2.6. Compilação do Relatório do EIA O relatório de EIA é o principal resultado esperado da fase de EIA, resultando das constatações dos estudos de base e dos estudos especializados. Tendo em conta o conteúdo do Relatório de EIA (REIA) definido no Decreto nº 45/2004 de 29 de Setembro, e na Directiva Geral para Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006, de 19 de Julho) este deverá apresentar os seguintes documentos: Sumário Executivo; Relatório Principal; Relatório de Participação Pública. O Sumário Executivo incluirá os seguintes itens: • Introdução 13 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA • • • • • Descrição do Plano: localização e enquadramento geográfico; enquadramento nas políticas de desenvolvimento sectoriais e no plano de ordenamento; ocupação proposta Situação ambiental de referência e suas perspectivas de evolução Identificação e avaliação de impactos ambientais Medidas de mitigação e de gestão ambiental Considerações finais O Relatório Principal incluirá os seguintes itens: • • • • • • • • • • • • • • • Introdução (incluindo a identificação do plano e do proponente; a justificação da necessidade e interesse do plano; a identificação da equipa responsável pelo EIA; a metodologia geral do EIA; a descrição do processo de participação pública) Quadro legal e normativo de referência Descrição do Plano: localização e enquadramento geográfico; enquadramento nas políticas de desenvolvimento sectoriais e no plano de ordenamento; alternativas consideradas; ocupação proposta; principais acções associadas às fases de construção e de exploração; informação sumária sobre projectos associados; Efluentes, resíduos e emissões gasosas previsíveis (caracterização geral) Área de influência do plano Situação ambiental de referência e suas perspectivas de evolução Identificação e avaliação de impactos ambientais Medidas de mitigação e de compensação Avaliação de riscos Plano de Gestão Ambiental Quadro de política de reassentamento Avaliação global Lacunas de conhecimento Conclusões e recomendações Referências bibliográficas O REIA incluirá como anexos, entre outros elementos que venham a ser necessários: os relatórios dos estudos dos especialistas; o documento de Aprovação do EPDA e respectivos Termos de Referência pelo MICOA. 14 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA O Relatório de Participação Pública incluirá: • Introdução • Objectivos da consulta pública • Metodologia da consulta pública • Principais questões discutidas na reunião de consulta pública • Acta resumida da reunião de consulta pública e matriz de perguntas e respostas • Síntese e conclusões. O Relatório de Participação Pública incluirá como anexos, entre outros elementos que venham a ser necessários: a lista das Partes interessadas e afectadas (PI&As); os anúncios publicados/emitidos na comunicação social; a lista de participantes na reunião de consulta pública; o modelo de ficha de registo de comentários; a acta resumida da reunião de consulta pública. 15 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA 6. Processo de participação pública 6.1. Objectivos da Participação Pública O processo de participação pública será realizado de acordo com a Directiva Geral para o Processo de Participação Pública no processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 130/2006 de 19 de Julho). Este processo tem como objectivo informar sobre o Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe e garantir que as preocupações e questões levantadas pelas Partes Interessadas e Afectadas (PI&As), organizações ou indivíduos sejam tomadas em conta durante o procedimento de AIA, tanto na fase inicial de EPDA como na fase posterior de EIA. É também objectivo do processo de participação providenciar a oportunidade de as PI&As comentarem sobre os resultados dos estudos e contribuírem para a sua melhoria. O processo de Participação Pública engloba duas fases principais, cada uma com um conjunto distinto de objectivos, conforme abaixo especificado: 1ª Fase: fase do EPDA • Apresentar o Plano Geral de Urbanização do Distrito Municipal da KaTembe às Partes Interessadas e Afectadas (PI&As); • Informar sobre as actividades da AIA em curso e previstas; Divulgar o conteúdo do EPDA e dos Termos de Referência (TdR) do EIA; • • Recolher comentários e sugestões sobre o plano, bem como sobre o conteúdo do EPDA e dos TdR; • Estabelecer/divulgar canais de comunicação entre Consultor/Proponente e o público. 2ª Fase: fase de EIA • • • 16 Informar sobre as actividades desenvolvidas no domínio do EIA; Divulgar o conteúdo do EIA; Recolher comentários e sugestões sobre o plano e sobre o conteúdo do EIA; Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA • Reforçar os canais de comunicação e o processo de colaboração já estabelecidos com as PI&As na fase de EPDA. 6.2. Identificação e envolvimento das Partes Interessadas e Afectadas A principal forma de envolvimento das PI&As será por meio de reuniões de Consulta Pública, cuja data de realização será comunicada com uma antecedência mínima de 15 dias. As PI&As serão ainda envolvidas através de reuniões técnicas e de apresentações do desenvolvimento dos trabalhos. O envolvimento comunitário será efectivado através do contacto próximo com as comunidades na área de intervenção do Plano, nomeadamente, através dos trabalhos de campo e dos levantamentos a realizar no âmbito do estudo especializado de Socioeconomia (a integrar no EIA). 6.3. Integração das questões apresentadas pelas Partes Interessadas e Afectadas As questões colocadas pelas PI&As na fase de EPDA e na fase de EIA serão encaminhadas aos membros da equipa técnica, para serem consideradas no relatório, a ser submetido ao MICOA. As questões colocadas pelo público serão recolhidas através das reuniões de Consulta Pública, de comentários endereçados ao Consultor por escrito ou verbalmente (i.e. por telefone ou por contacto directo) ou do registo efectuado em contactos com grupos de interesse específicos e pessoas individuais, conforme aplicável. Todas as questões discutidas serão documentadas na forma de uma Matriz de Perguntas e Respostas, que apresentará um sumário das intervenções dos participantes e as respostas por parte do proponente e da equipa técnica do EIA. Serão produzidos Relatórios de Consulta Pública, que irão incluir informação geral sobre a preparação e execução do processo, as Actas das reuniões, a Matriz de 17 Estudo de Pré-viabilidade e Definição do Âmbito e dos Termos de Referência do Estudo de Impacto Ambiental: Termos de Referência do EIA Perguntas e Respostas, bem como listas de registo de participantes nos encontros. Os Relatórios de Consulta Pública serão submetidos ao MICOA como parte integrante dos Relatórios de EPDA/TdR e do EIA. 18