MÓDULO I – O INSTITUTO MARISTA NA CONTEMPORANEIDADE
– Uma reflexão com a minha práxis pastoral –
Viviane Cristine Pires de Oliveira Melise
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Um início marcado pelo olhar cuidadoso e por uma decisão ousada compõe a base
da Instituição Marista. Diante de um cenário político e social da época, marcado por
crises, nasce um comportamento determinante em Marcelino Champagnat, a fim de
tornar Jesus Cristo conhecido e amado. A fidelidade a Deus, a inspiração em Maria e a
formação cristã familiar davam o suporte à tamanha missão que ele assumiu como seu
trabalho e como serviço ao Reino de Deus. Todos os elementos constituintes dessa
missão: a espiritualidade e o desejo em atender aos pobres e necessitados, formataram a
instituição marista com solidez.
Em sua trajetória Marcelino pensava e executava planos de atuação junto às
comunidades que atendia; formava irmãos à luz de princípios morais, éticos e cristãos;
trabalhava arduamente em função da obra; capacitava sua equipe; era temente a Deus,
confiante em Maria. Enfrentava os desafios com coragem, fé e muito trabalho; sua visão
contemporânea sobre a vida e a sociedade faziam de sua prática pastoral um verdadeiro
exemplo de evangelização em busca da transformação da pessoa humana. Baseada
nessa história cristã de chamado e missão vivida por Marcelino, devemos pautar nosso
trabalho pastoral e institucional.
Fazendo uma transposição dessa história missionária para o trabalho de um gestor
marista ficam claros os objetivos a serem alcançados. Precisamos nos permitir o toque
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Atualmente é Assessora Pedagógica no Colégio Marista Champagnat – Taguatinga.
divino para agirmos, pois a fé que nos sustenta vem de Deus. A nossa conexão com a
realidade deve mostrar-se aguçada para mapearmos nossas ações educacionais e
evangelizadoras. Nossa postura de anunciadores do evangelho deve ser percebida e
sentida pela comunidade educativa, o que caracteriza nossa efetiva atuação pastoral. A
presença e o olhar de afeto para com as crianças e jovens devem ser nossa marca cristã e
de compromisso, sustentados por processos pedagógicos consistentes e eficazes.
Inovação e persistência garantem a contemporaneidade de nossa ação pedagógica e
pastoral, que se comunica com o mundo e suas necessidades. O espírito aprendiz de
Champagnat reforça a relevância de nossa formação continuada para o desempenho das
funções e o nosso compromisso com a gestão do conhecimento. A formação integral do
indivíduo como bom cristão e virtuoso cidadão deve ser nosso foco e nossa entrega
missionária. Diante dessa história de fé, evangelização e amor aos mais necessitados em diversas circunstâncias - está a continuidade da missão em nossas mãos e em nossos
corações.
Num segundo momento de estudos e reflexão, enxergamos uma grande relação
entre a essência da pedagogia marista e o Concílio Vaticano II, ambos construídos e
vivenciados em épocas diferentes. O Concílio Vaticano II traz o convite ao diálogo da
Igreja com a contemporaneidade, levando em consideração vários aspectos e dimensões,
do ponto de vista humano, religioso, científico, histórico, social e cristão. O convite à
análise dos “Sinais dos Tempos”, interpretados à luz do Evangelho pela Igreja Católica,
comunica-se com a obra marista no momento em que Marcelino enxerga os apelos
“atuais”, que os levam a fundar o instituto, diante de uma comunidade carente de
educação e princípios cristãos. A leitura do cenário real não passa despercebida, mas
assume um caráter motivador para as decisões e ações de Champagnat. O Concílio
Vaticano II retoma a necessidade de se primar pela formação das infâncias e juventudes,
visando uma sociedade de homens e mulheres com espírito colaborador a serviço da
comunidade. A educação marista, ofertada às crianças e jovens, nos coloca em diálogo
com essa afirmativa, uma vez que assumimos o compromisso de formação junto a esse
mesmo público, tido como o futuro da próxima geração. Os aspectos comuns, citados
acima, conversam entre si e retomam nossa ação pastoral como essencial à continuação
da obra. Não basta formarmos homens e mulheres dotados de conhecimento e
preparados para o mercado de trabalho, mas, acima de tudo, que sejam pessoas
solidárias a serviço das necessidades comunitárias, tendo Jesus Cristo como referencial
de vida e Maria como inspiração de fé e fonte confiança nos planos de Deus para nós.
No “Documento de Aparecida” somos convidados a viver como discípulos
missionários, aprofundando nossa ação pastoral nas comunidades mais frágeis e menos
favorecidas. Outro aspecto é o apelo de atuação junto às infâncias, etapa da vida
oportuna e fértil para a nossa ação evangelizadora, também assumida com transparência
na dimensão do advocacy, sob o olhar da Igreja, da sociedade e do Estado. O chamado à
ação quanto ao cuidado com o meio ambiente, reforça o compromisso marista pela
formação ética e cidadã de nossos estudantes, rumo à consciência planetária e a busca
pela sustentabilidade.
Diante dos textos apresentados sobre o Pontificado do Papa Francisco vemos
inúmeras reflexões e oportunidades de mudança para reafirmarmos nosso compromisso
enquanto Igreja. O primeiro trata-se do convite para sairmos a serviço como
missionários, primeiramente de nós mesmos internamente para atendermos aos outros.
O chamado pela iniciativa fortalece a intenção de enxergarmos as necessidades das
pessoas e atuarmos com ousadia rumo às libertações de diversos problemas sociais. A
ênfase na realização de obras e gestos, como elementos de humildade, que encurtam
caminhos e distâncias e dialogam com a presença na vida das pessoas, retratada nas
ações de Marcelino Champagnat, outro elemento da espiritualidade marista. Outro
aspecto pastoral reforçado pelo Papa Francisco é o cuidado com a proporção adequada
da evangelização, na qual o eixo estruturante da fé é Jesus Cristo, por meio do
Evangelho expressado na Palavra de Deus. Juntamente com esse ponto de atenção, vem
a relação entre o Evangelho e a contemporaneidade – um convite à Igreja para que, cada
vez mais, possamos dialogar com mais clareza. Outro ponto relevante é o chamado ao
cuidado pelo outro, assemelhando esse papel ao de um pastor que cuida de suas ovelhas,
especialmente as desgarradas. É a atitude de saída da Igreja, com as portas abertas,
abrindo os olhos para o próximo. E, por fim, destaco o estilo na ação evangelizadora da
Igreja tendo Maria como força “revolucionária da ternura e do afeto”, que sai “às
pressas para ajudar o outro”, exemplo vivo e base para a evangelização.
Diante de todas as relações estabelecidas entre os documentos lidos e a minha
práxis pastoral, fica notória a vinculação desses referenciais como pontos iluminativos,
inspiradores e orientadores para a minha atuação como gestora. Acredito que a primeira
atuação está em meu espaço profissional: as crianças e os jovens do Colégio Marista
Champagnat, de Taguatinga. Percebo um elo coerente e consistente entre a Instituição
Marista e os apelos da contemporaneidade, nos convocando a “sair” em missão para
tornar Jesus Cristo conhecido e amado, à luz da evangelização.
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