Até quando espera viver, com esse comportamento? Esperança de vida subjetiva
dos idosos “mal comportados”
Paula Veiga1 e Sílvia Sousa2
Resumo
As expetativas dos indivíduos relativamente à sua esperança de vida têm implicações
importantes nas suas decisões económicas, designadamente, no que diz respeito às suas
decisões de reforma (Hurd e Mcgarry 1995; Van Solinge e Henkens, 2010) e de
consumo e poupança (Hamermesh, 1985; Hurd, Smith e Zissimopoulos, 2004; Post e
Hanewald, 2011; Cocco e Gomes, 2012; Bucher-Koenen e Kluth, 2013; Nicholls e
Zimper, 2014). Por outro lado, existe evidência de que a esperança de vida subjetiva é
determinada pelas condições socioecónomicas (Mirowsky e Ross, 2000; Balia, 2007a;
Balia, 2007b; Balia, 2011), assim como por certas características e comportamento dos
indivíduos. Em particular, pelo seu índice de massa corporal (Novak e Palloni, 2013;
Falba e Busch, 2005) e pelos seus hábitos tabágicos (Balia, 2007a; Balia, 2007b; Balia,
2011; Balia, 2013; Novak e Palloni, 2013; Schott, 2008), pelo seu consumo de álcool e
pela sua atividade física (Schott, 2008). Embora crescente e cada vez mais refinada, a
evidência existente abrange, predominantemente, a realidade norte americana e de
alguns países europeus, existindo um conjunto de países que, neste domínio, ainda
permanece por estudar.
O objetivo deste trabalho é assim avaliar a perceção do risco, entre os idosos com
hábitos considerados maus (consumo de tabaco, álcool e sedentarismo), quando
reportam a sua expectativa de sobrevivência.
Utilizando informação do Survey on Health, Ageing and Retirement in Europe
(SHARE), em particular a onda 4, são estudados os países introduzidos nessa onda,
nomeadamente a Estónia, a Hungria, Portugal e a Eslovénia. Metodologicamente,
modelizou-se a esperança de vida subjetiva, medida através de uma probabilidade,
através de uma distribuição beta e estimaram-se modelos alternativos, variando as sub
amostras consideradas.
1
2
Universidade do Minho, NIMA – Portugal.
Universidade do Minho, NIPE – Portugal.
1
Os resultados obtidos, na generalidade, corroboram a literatura, apresentando os
impactos esperados na esperança de vida subjetiva: o consumo de álcool e o facto do
indivíduo fumar, assim como a ausência de prática de exercício físico estão associados a
uma menor esperança de vida subjetiva. A obesidade, quando estatisticamente
significativa, é, por vezes, associada com uma maior esperança de vida subjetiva. Os
resultados obtidos também demonstram diferenças entre países e entre grupos etários.
Dos resultados obtidos é possível concluir que, à medida que envelhecemos alteramos a
nossa perceção dos riscos associados à nossa esperança de vida. Diferentes culturas
afetam essas perceções de forma diferente. Contudo, independentemente das diferenças
encontradas, é geral a importância associada à atividade física no que diz respeito à
esperança de vida subjetiva.
Palavras-chave: esperança de vida subjetiva, álcool, tabaco, obesidade, atividade física
2
Introdução
A forma como os indivíduos percecionam o futuro, tem importantes implicações no seu
comportamento. Não será portanto surpreendente que a esperança de vida subjetiva dos
indivíduos condicione as suas decisões económicas, direta ou indiretamente. A literatura
é profícua na apresentação de evidência do impacto da esperança de vida subjetiva nas
decisões de consumo e poupança dos agentes económicos (Hurd e Mcgarry 1995; Van
Solinge e Henkens, 2010). Ainda que em menor escala, existe também evidência do
impacto da esperança de vida subjetiva nas decisões de saída do mercado de trabalho
por motivo de reforma (Hamermesh, 1985; Hurd, Smith e Zissimopoulos, 2004; Post e
Hanewald, 2013; Cocco e Gomes, 2012; Bucher-Koenen e Kluth, 2013; Nicholls e
Zimper, 2014). Esta linha de investigação, presente na literatura económica tem sido
acompanhada por um crescente interesse pelos fatores que determinam a esperança de
vida subjetiva, traduzindo-se, desde o início do século, num acumular de estudos que
visam identificá-los. Entre os determinantes, destacam-se 5, designadamente: as
condições socioeconómicas; os hábitos tabágicos; o índice de massa corporal, em
particular, o facto de ser ou não obeso; o consumo de álcool; e a atividade física. As
condições socioeconómicas influenciam direta e indiretamente a esperança de vida dos
indivíduos. Num estudo, sobre a população norte-americana, Mirowsky e Ross (2000),
estudaram o impacto na esperança de vida subjetiva de experiências de dificuldades
económicas passadas e correntes, concluindo que estas podem reduzir a esperança de
vida subjetiva até 4 anos, no caso do indivíduo ter tido uma experiência duradoura de
dificuldades económicas no passado, ou até 8 anos, no caso da experienciar dificuldades
económicas no presente. Contudo, as condições socioeconómicas tendem a surgir na
literatura de uma forma indireta, no que diz respeito ao seu impacto na esperança de
vida subjetiva, ou seja, através do impacto que potencialmente produzem noutros
determinantes da esperança de vida subjetiva. Por exemplo, Balia (2007a), ao estudar a
relação entre os hábitos tabágicos e a esperança de vida subjetiva dos italianos, destaca
a importância das condições socioeconómicas na determinação desses hábitos,
concluindo que os indivíduos com uma melhor situação socioeconómica, em termos de
rendimento e ocupação, têm uma maior probabilidade de fumar mais. Os hábitos
tabágicos, surgem, aliás, recorrentemente, na literatura, tendo sido estudados de forma
aprofundada por Balia (2007a; 2007b; 2011; 2013) e alvo de atenção por parte de outros
3
investigadores (ex. Schott, 2008 e Novak e Palloni, 2013). Utilizando dados
relativamente à população sénior de italiana, Balia (2007a) conclui que o facto dos
indivíduos fumarem produz resultados diferentes dependendo dos indivíduos serem
correntemente fumadores ou se já terem deixado de fumar (i.e., terem sido fumadores
no passado). Novak e Palloni (2013), utilizando dados relativamente à população norteamericana, concluem que os fumadores ajustam negativamente a sua esperança de vida
subjetiva. Este resultado vem corroborar o obtido por Schott (2008), utilizando dados
relativamente ao Chile. No mesmo estudo, Novak e Palloni concluem ainda que o
mesmo acontece com os indivíduos obesos, ou seja, a obesidade está negativamente
associada à esperança de vida subjetiva, corroborando os resultados obtidos por Falba e
Busch (2005). O estudo de Schoot (2008), fornece ainda evidência relativamente ao
impacto do consumo de álcool e da prática de exercício físico. Se relativamente ao
primeiro factor o impacto sobre a esperança de vida subjetiva é negativo, no que diz
respeito ao segundo, o impacto é positivo, ou seja, a atividade física potencia a
esperança de vida subjetiva. Há assim um conjunto, relativamente, coeso, de evidência
sobre os determinantes da esperança de vida subjetiva. Contudo, os estudos são ainda
limitados, tendendo a focar-se na realidade norte-americana e em alguns países
europeus. Acresce o facto de, metodologicamente, haver um conjunto de desafios que
sugerem, por um lado, a necessidade de estudos adicionais que corroborem os
resultados existentes, e por outro, a existência de potencial de desenvolvimento
metodológico. O presente estudo pretende contribuir para o stock de evidência sobre o
impacto de um conjunto de comportamentos, nomeadamente, o consumo de álcool, os
hábitos tabágicos, a prática de exercício físico, bem como da obesidade, na esperança
de vida subjetiva dos indivíduos, utilizando informação de uma seleção de países
europeus, relativamente aos quais, estes assuntos ainda não foram estudados.
Os
resultados obtidos, na generalidade, corroboram os existentes na literatura, destacandose o impacto positivo da atividade física. A Europa não deverá ser analisada como um
todo, em particular num contexto de definição de política comuns, dada a existência de
diferenças significativas nos impactos, entre países.
Assim, numa primeira secção são apresentados os dados do SHARE (Survey on Health,
Ageing and Retirement in Europe) utilizados, apresentando-se, de seguida a estratégica
empírica. A secção seguinte é dedicada à apresentação de um conjunto de estatísticas
4
descritivas, bem como dos resultados. Finalmente, os resultados são discutidos e
identificadas as principais conclusões.
Dados e Metodologia
No presente estudo são utilizados os dados relativos à mais recente recolha de
informação, no âmbito do SHARE – Survey of Health, Ageing and Retirement in
Europe, onda 4, inserido num projeto europeu, lançado em 2000, e com o objetivo de
produzir e disponibilizar informação quantitativa longitudinal, sobre a população sénior
europeia, fomentando o estudo aprofundado do impacto do envelhecimento nos
diferentes países europeus.
Concentrado na população não institucionalizada, com 50 ou mais anos de idade, este
survey tem a interessante particularidade de fornecer um indicador da esperança de vida
subjetiva. A recolha de informação assenta num questionário, dividido em 20 partes,
sobre diversos aspectos da vida dos indivíduos (saúde, estilos de vida, família, redes
sociais e situação económica) e administrado através de um programa informático
(Computer Assisted Personal Interviewing Program – CAPI), complementado por um
questionário em papel, preenchido pelos inquiridos.
Dos países inquiridos na onda 4, foram selecionados os países que entraram no survey
nessa onda, nomeadamente: Eslovénia, Estónia, Hungria e Portugal. A recolha de
informação realizou-se em 2011, com exceção do caso da Estónia em que a informação
foi recolhida entre 2010 e 2011. Para efeito da presente análise, selecionaram-se os
indivíduos para os quais havia informação sobre a sua esperança de vida subjetiva, com
idades entre os 50 e os 95 anos. A amostra é assim constituída por 11.835 observações
relativas à Eslovénia, 26.105 observações relativas à Estónia,
13.805 observações
relativas à Hungria e 8.580 observações relativas a Portugal.
A esperança de vida subjetiva é aferida através da seguinte questão: “Qual é a
probabilidade de viver até à idade T ou mais?”, tendo como referência a seguinte tabela:
Tabela 1 – Esperança de vida subjetiva: valores de referência
5
Classe etária
inquirido
do
Idade alvo [T]
50-65
75
66-70
80
71-75
85
76-80
90
81-85
95
86-95
100
Em termos agregados, as respostas obtidas para os quatros países em análise, sugerem
uma redução da probabilidade de se atingir a idade alvo, com a idade. Contudo, esta
evolução reflete a forma como a questão é colocada, ou seja, à medida que a idade
corrente dos inquiridos se aproxima da idade alvo, a probabilidade atribuída pelos
inquiridos, de viver até à idade alvo, aumenta.
Este fenómeno manifesta-se de forma particularmente óbvia, no caso dos indivíduos
com 94 anos. A figura 1 ilustra este fenómeno.
Figura 1 – Esperança de vida subjetiva, por idade
6
Acresce que, mesmo na mesma classe etária, os indivíduos não estão a avaliar a
probabilidade de viver o mesmo número de anos. A diferença entre a idade atual e a
idade alvo diminui para as idades mais avançadas. Isto requer naturalmente condicionar
distribuição de probabilidades de sobrevivência à idade.
No âmbito da estratégia empírica a adotar, tentar-se-á acomodar esta realidade.
Outro aspeto que importa identificar é o facto de se observar uma concentração de
respostas, no âmbito da probabilidade de se alcançar uma determinada idade objetivo,
em torno dos valores 0, 0,5 e 1. Este fenómeno, previamente identificado na literatura
em contextos de inquéritos análogos, no presente estudo, observa-se quer em termos
agregados (figura 2), quer para cada país individualmente (figura 3). Embora se
identifique a situação, no presente estudo não se procede à sua eventual correção.
Figura 2 – Esperança de vida subjetiva: estimativa da densidade de Kernel (valores
agregados)
Figura 3 - Esperança de vida subjetiva: estimativa da densidade de Kernel (valores por
país)
7
A estratégia empírica adotada, com vista de determinar o impacto dos maus hábitos dos
indivíduos com idade entre os 50 e os 95 na sua esperança de vida subjetiva, considera
como variável dependente a esperança de vida subjetiva, como medida no âmbito do
SHARE, ou seja, a probabilidade que o indivíduo inquirido, pertencente a determinado
grupo etário, atribui ao facto de alcançar a idade objetivo. Atendendo à sua natureza, a
variável dependente é modelizada utilizando uma distribuição beta.3
Onde y é a esperança de vida subjetiva padronizada para 0-1, z inclui as variáveis de
comportamento e
as outras co-variáveis exogéneas de interesse, μ representa a
heterogeneidade não observável
é a distribuição gama ω e τ são parâmetros
definem a forma da distribuição. Os modelos são estimados utilizando o método da
máxima verosimilhança, usando o Stata®11.
3
Embora se tenha identificado a concentração de respostas nos extremos da distribuição, bem como
potenciais mecanismos que visam acomodar tal facto, designadamente a utilização de uma distribuição
beta zero/um inflacionada, no presente estudo, não se procede a qualquer correção.
8
A estratégia assenta ainda na identificação de um conjunto de variáveis que traduzam a
presença de maus hábitos, designadamente, o facto do indivíduo fumar (smokes) ou de
já ter fumado (quit), de consumir álcool (drinks), de ser obeso (obese) e de não praticar
atividade física (no physical activity), cujas estatísticas descritivas se encontram na
tabela 2, bem como na identificação de um conjunto de variáveis de controlo.
Tabela 2
Variável
Descrição
Média
Quit
Variável binária igual a 1 se deixou de fumar, 0 caso contrário 0.241
Smokes
Variável binária igual a 1 se fuma, 0 caso contrário
Drinks
Variável binária igual a 1 se bebe + de copos de álcool quase 0.137
0.184
todos os dias, 0 caso contrário
Obese
No
Variável binária igual a 1 se obeso, 0 caso contrário
0.272
physical Variável binária igual a 1 se não tem atividade física regular, 0.138
activity
0 caso contrário
As variáveis de controlo, têm em conta as características sociodemográficas dos
indivíduos, bem como alguns aspetos relativos ao seu estado de saúde e encontram-se
descritas na tabela 3.
Tabela 3
9
Variável
Descrição
Média
(DP)
Male
Variavel binária igual a 1 se o indivíduo for do sexo 0,425
masculino, 0 caso contrário
Employed
Variavel binária igual a 1 se o indivíduo trabalha, 0 caso 0,289
contrário
Cohabit
Variável binária igual a 1 se indivíduo vive com um/uma 0,691
companheiro/a, 0 caso contrario
Poor health
Variável binária igual a 1 se reporta mau ou muito mau 0,621
estado de saúde, 0 caso contrário
Unhappy
Variável binária igual a 1 se reporta insatisfação ou 0,186
muita insatisfação relativamente ao seu estado de saúde,
0 caso contrário
dif to target age
Diferença entre a idade alvo e a idade do indivíduo
15,174
(3,638)
50-65
Grupos etários
0,498
66-70
0,152
71-75
0,144
76-80
0,106
81-85
0,070
86-95
0.030
Isced 1
Isced 2
Níveis de escolaridade, de acordo com a Classificação 0,106
Internacional Padronizada da Educação, proposta pela
UNESCO
0,234
Isced 3
0,350
Isced 4
0,090
Isced 5
0,198
Isced 6
0,008
age1
Produto entre a idade e a diferença até à idade alvo
8,607
age2
1,974
age3
1,892
age4
1,389
10
age5
0,931
qincome2
Quintis de rendimento
0,200
qincome3
0,207
qincome4
0,193
qincome5
0,197
Resultados
A tabela 4 apresenta o valor médio da esperança de vida subjetiva reportada pelos
indivíduos. Os resultados sugerem que os indivíduos que não fazem exercício físico
regular são os mais pessimistas relativamente a sua expectativa de sobrevivência. O
resultado é esperado dado que estes indivíduos são aqueles que tendem a apresentar
maiores problemas de mobilidade física. Importa notar que quando não se controla para
outras variáveis, não se encontram diferenças assinaláveis entre os diferentes grupos de
indivíduos. Os fumadores têm no entanto, em média, uma expectativa mais otimista
sobre a sua probabilidade de sobreviver até a idade alvo quando comparado com os não
fumadores.
Tabela 4 – Maus hábitos e esperança de vida subjetiva
Variável
Sim
Não
Quitted
53.6
54.7
Smokes
54.7
53.7
Drinks
55.4
53.6
Obese
52.6
54.4
No physical activity
37.5
54.5
Procedendo à estimação do efeitos marginais das variáveis independentes sobre a
esperança de vida subjetiva, considerando todo a amostra, estes sugerem que os
indivíduos que deixaram de fumar não parecem ter uma percepção de risco de
mortalidade diferente dos indivíduos que nunca fumaram e ou dos fumadores correntes.
11
A expectativa de sobrevivência é significativamente inferior nos fumadores. Este efeito
é no entanto menor do que se esperaria, atendendo a outros resultados presentes na
literatura.
Os resultados sugerem que os obesos não internalizam os efeitos da obesidade na
percepção do seu risco de mortalidade.
A tabela 5 reposta os resultados relativos às variáveis tradutoras de maus hábitos.
Tabela 5 – Efeitos marginais (valores agregados)
Variável
Coef (SE)
Quitted
0.004
(0.003)
Smokes
-0.024
(0.004)
Drinks
--0.015
(0.004)
Obese
0.011
(0.003)
No physical activity
-0.085
(0.004)
Outras variáveis incluidas no modelo: Male. employment status; marital status; health status
(chronic disease; limited activity) age (age group; difference to target; age*difference to target;
age) education level; income group; Variavel binária para país de residência
Dada a existência de importantes diferenças, não só socioeconómicas, mas também
culturais entre os países europeus, para além do facto de predominarem políticas de
natureza nacional em matéria de saúde, realizaram-se estimações dos efeitos marginais
por país (tabela 6).
Tabela 6 – Efeitos marginais, por país
12
Variável
Hungria
Portugal
Eslovénia
Estónia
Quitted
0.003
-0.059
0.049
0.003
(0.007)
(0.001)
(0.007)
(0.005)
-0.001
-0.095
0.031
-0.034
(0.008)
(0.013)
(0.009)
(0.006)
-0.035
-0.005
-0.049
-0.006
(0.008)
(0.012)
(0.012)
(0.006)
0.014
0.035
0.035
-0.005
(0.006)
(0.009)
(0.007)
(0.004)
-0.066
-0.031
-0.070
-0.069
(0.009)
(0.009)
(0.011)
(0.006)
Smokes
Drinks
Obese
No physical activity
Outras variáveis incluídas no modelo: Male; employment status; marital status; health status
(chronic disease; limited activity); age (age group; difference to target; age*difference to target;
age) education level; income group.
Como se pode ver as percepções do impacto dos comportamentos na esperança de vida
subjetiva variam de país para país. Os portugueses são os que, em média, antecipam um
maior risco associado aos hábitos tabágicos e os que, em média, desvalorizam mais o
impacto da obesidade, do consumo de álcool e da ausência de atividade física.
Finalmente, dada a construção da variável que mede a esperança de vida subjetiva,
foram realizadas estimações dos efeitos marginais por grupo etário, reportando-se os
resultados na tabela 7.
Tabela 7 – Efeitos marginais, por grupo etário
Variável
Quitted
Grupos Etários
50-64
65-69
70-74
75-79
80-84
85-94
-0.008
0.003
-0.003
-0.009
0.004
0.025
(0.005)
(0.008)
(0.009)
(0.011)
(0.012)
(0.021)
13
Smokes
Drinks
Obese
No physical
activity
-0.030
-0.029
-0.039
0.037
0.129
0.021
(0.004)
(0.010)
(0.013)
(0.017)
(0.025)
(0.045)
-0.010
-0.023
-0.041
-0.020
-0.048
0.065
(0.005)
(0.010)
(0.013)
(0.015)
(0.021)
(0.052)
0.012
0.003
0.007
0.007
-0.006
-0.046
(0.004)
(0.008)
(0.008)
(0.009)
(0.011)
(0.021)
-0.081
-0.118
-0.113
-0.086
-0.067
-0.121
(0.007)
(0.011)
(0.010)
(0.009)
(0.009)
(0.014)
Outras variáveis incluídas no modelo: Male; employment status; marital status; health status
(chronic disease; limited activity); age (difference to target; age*difference to target; age);
education level; income group.
Como se observa, o impacto de fumar na percepção da esperança de vida subjetiva
apenas é relevante para os indivíduos com idades até 74 anos, ao contrário dos efeitos
da da ausência de atividade física que permanecem constantes ao longo dos grupos
etários.
De notar ainda que a obesidade parece ser apenas relevante, em média, entre os
indivíduos pertences ao grupo etário mais velho.
Conclusões
Os resultados sugerem que os indivíduos tendem a compreender o impacto que os seus
comportamentos tem na sua expectativa de sobrevivência, com exceção da obesidade,
mantendo tudo o resto constante.
A atividade física é percecionada como particularmente relevante para a expectativa
subjetiva de sobrevivência, mesmo quando o modelo controla para limitações físicas
existentes.
Como esperado existem importantes diferenças entre os grupos etários. Existe um efeito
end-of-life relativamente a comportamentos-vício, como o tabaco e o consumo de
bebidas alcoólicas. O impacto percecionado destes comportamentos, mantendo tudo o
resto constante, tende a diminuir nos indivíduos mais idosos, mudando mesmo de sinal.
14
Os dados sugerem importantes diferenças na perceção do impacto dos diferentes
comportamentos entre os países em estudo. Este resultado sugere que as políticas
públicas, neste domínio, devem ser ajustadas à realidade dos países.
Finalmente, será importante adotar uma abordagem cautelosa dos resultados dada a
sugestão, presente na literatura (ex. Scott-Sheldon et al, 2010) da potencial causalidade
inversa, ou seja, a sugestão de que a esperança de vida subjetiva constitui um importante
determinante do comportamento dos indivíduos no que diz respeito à sua saúde.
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16
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