UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ANTONIO VIEIRA DE RESENDE NETO INFLUÊNCIAS DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO COMPORTAMENTO DOS GRUPOS: Um Estudo de Caso NATAL 2010 ANTONIO VIEIRA DE RESENDE NETO INFLUÊNCIAS DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO COMPORTAMENTO DOS GRUPOS: Um Estudo de Caso Dissertação apresentada como conclusão do curso de Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar ORIENTADORA: Profa. Dra. Nilda de Clodoaldo Pinto Guerra Leone CO-ORIENTADORA: Profa. Dra. Patrícia Whebber de Oliveira NATAL 2010 R433i Resende Neto, Antônio Vieira de. Influências da cultura organizacional no comportamento dos grupos: um estudo de caso / Antônio Vieira de Resende Neto. – Natal, 2010. 144f. Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade Potiguar. Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e PósGraduação. Bibliografia: f. 97-99. 1. Administração – Dissertação. 2. Cultura organizacional. 3. Comportamento no trabalho. I. Título. RN/UnP/BSFP CDU: 658(043.3) ANTONIO VIEIRA DE RESENDE NETO INFLUÊNCIAS DA CULTURA ORGANIZACIONAL NO COMPORTAMENTO DOS GRUPOS: Um Estudo de Caso Dissertação apresentada como conclusão do curso de Mestrado Profissional em Administração da Universidade Potiguar Aprovado em: ___/___/___ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ ProfªDrª Maria Valéria Pereira de Araújo Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ ProfªDrª Tereza de Souza Universidade Potiguar – UnP _____________________________________________ ProfªDrª Patrícia Whebber de Oliveira Co-Orientadora Universidade Potiguar – UnP _________________________________________________ ProfªDrª Nilda Maria de Clodoaldo Pinto Guerra Leone Orientadora Universidade Potiguar - UnP DEDICATÓRIA Dedico esta pesquisa e suas implicações à ciência da Administração. Que ela continue rendendo frutos a serviço da sociedade como um todo. AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus o dom da vida e os dons por mim recebidos para que pudesse realizar esta pesquisa. Agradeço à minha querida família, minha esposa Camila e meu filho Toninho, pelo amor que me alimenta e permite qualquer realização que eu consiga alcançar. Agradeço a meus pais, meus tutores e amigos da vida, que, graças à educação equilibrada que me deram, construíram o ser social que procura cumprir seu papel com afinco e amor ao que faz. Agradeço aos meus professores da graduação em Administração, da UnB e da UFC, que me ensinaram uma ciência que aprendi a respeitar e a acreditar em sua evolução constante. Agradeço às minhas orientadoras, professora Nilda, pela confiança e apoio irrestritos e professora Patrícia, por me ajudar a transformar um conjunto de informações difusas em um texto que agregasse valor e conhecimento ao leitor. Agradeço à professora Tereza por suas considerações na qualificação. Agradeço à empresa pesquisada e, principalmente, aos entrevistados, por sua disponibilidade e ajuda nesse desvendar cheio de possibilidades. Por fim, agradeço a todos que contribuíram para este trabalho direta ou indiretamente com suas ideias, sugestões e apoio. Sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva. É por isso que toda a criação autêntica é um dom para o futuro. Albert Camus RESUMO Por ser parte de um sistema e por ser ela mesma um sistema aberto, a organização é afetada por diversas questões quando desempenha suas atividades cotidianas. As questões relacionadas ao comportamento dos empregados têm ocupado a ciência da administração desde seus primórdios, com a pretensão de encontrar explicações sobre a forma como os mesmos agem, afetando o desempenho da organização. Uma das explicações que tem ganhado importância na ciência da administração, principalmente a partir da década de 80 é a cultura organizacional, que agrega um conjunto de valores, crenças, normas, pressupostos, entre outros elementos que condicionam o comportamento humano nas organizações. Alinhado a essa preocupação, este trabalho estudou a cultura da área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações de uma grande empresa brasileira no Rio Grande do Norte. O estudo objetivou analisar as influências de elementos culturais encontrados em grupos anteriores a reestruturações que ocorreram na área da empresa analisada nos grupos atuais formados, além das influências destes no comportamento que desenvolvem no trabalho. Para atingir este objetivo, analisou também as influências das questões técnicas relacionadas às atividades desenvolvidas pela área, além do impacto de novos membros nos grupos formados após as reestruturações. Com um caráter exploratório, este trabalho usou uma metodologia qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas como forma de coleta de dados, além de ter usado a metodologia de análise de conteúdo para preparar a análise dos resultados das entrevistas, em conjunto com algumas observações realizadas pelo pesquisador e documentos da empresa e da área analisada. A análise das entrevistas permitiu a descrição da cultura da área analisada, bem como sua caracterização e descrição de suas influências no comportamento no trabalho. Dessa forma, os objetivos do estudo foram alcançados. Como conclusão, os impactos da cultura no comportamento são consideráveis e produzem uma série de influências e impactos que, se considerados pela organização no momento de planejar suas ações, podem aumentar suas possibilidades de sucesso. Palavras-chave: Cultura Organizacional. Comportamento no Trabalho. Influências. Elementos Culturais. ABSTRACT As a part of a system and being itself an open system, the organization is affected by many things while doing its job. The questions related to the behavior of its workers has occupied the Administrative Science since its beginning, aiming to find explanations about their acts, which affects the performance of the organization. One of the explanations that has been found in the administrative science, mainly since the eighties is the organizational culture, which means a set of values, beliefs, norms and assumptions, among other elements that influence the administrative behavior. Align to this aim, this work has studied the culture of a computing technology and telecommunications area of a national enterprise in the state of Rio Grande do Norte. The study had the objective of finding cultural elements demonstrated in groups that existed before some changes in the structure of the company´s area and the influences of these cultural elements in its actual work behavior. To achieve this goal, it analyzed the influences of technical matters related to its activities, besides the impact of new group members that joined the area after these changes. With an exploratory interest, this work used a qualitative methodology, collecting data by using semi structured interviews, besides using the content analysis to prepare the analysis result, using some observations and documents of the area as well. The interview analysis allowed the description of an organizational culture of the analyzed area, as well of its characterization and influences on the work behavior. So, the goals of this study were achieved. As a conclusion, the impacts of the organizational culture are relevant as well as its influences at the work behavior and, if they are considered in the organization planning, its results can be improved, rising the success probability. Key words: Organizational Culture. Work Behavior. Influences. Cultural Elements. SUMÁRIO 1. 1.1. 1.2. 1.3. 1.4. 1.4.1. 1.4.2. 1.5. 2. 2.1. 2.1.1. 2.1.2. 2.2. 2.2.1. 2.2.2. 2.2.3. 2.3. 2.3.1. 2.3.2. 3. 3.1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 4. 4.1. 4.2. 4.3. 5. 5.1. 5.2. INTRODUÇÃO CONTEXTUALIZAÇÃO PROBLEMA JUSTIFICATIVA OBJETIVOS Geral Específicos ESTRUTURA DO TRABALHO REFERENCIAL TEÓRICO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL A Evolução do Pensamento Organizacional O Grupo nas Organizações CULTURA ORGANIZACIONAL A Formação e a Evolução da Cultura Organizacional A Cultura Organizacional e a Cultura Nacional A Cultura Organizacional e o Comportamento Organizacional ESTUDOS E PESQUISAS Comportamento Organizacional Cultura Organizacional METODOLOGIA TIPO DE PESQUISA UNIVERSO/AMOSTRA PLANO DE COLETA DE DADOS CATEGORIAS DE ANÁLISE TRATAMENTO DOS DADOS ANÁLISE DOS RESULTADOS COMPARAÇÃO ENTRE ELEMENTOS CULTURAIS ENCONTRADOS EM 'GRUPOS ANTERIORES' E OS ENCONTRADOS EM 'GRUPOS ATUAIS' CARACTERIZAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL RELAÇÕES ENTRE CULTURA ORGANIZACIONAL E COMPORTAMENTO NO TRABALHO CONCLUSÃO LIMITAÇÕES RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS APÊNDICES ANEXO 10 11 12 14 18 18 18 18 20 20 21 22 24 25 31 32 36 36 38 44 44 47 48 50 51 56 56 66 72 92 95 95 97 100 144 10 1. INTRODUÇÃO A partir do momento em que as pessoas passaram a usar recursos comuns para realizar atividades produtivas, quando qualquer divisão do trabalho começou a existir, quando, para atingir determinado objetivo, cada um deveria contribuir com uma parte, da qual todos dependiam para formar o todo, mesmo tratando de sociedades antigas e preliminarmente organizadas, que a concentração de pessoas em torno das organizações passou a ser um problema, mesmo que nem sempre tenha sido declarado. Para Weber (1999), o problema da organização das pessoas nas sociedades mais antigas, como no extremo oriente, por exemplo, era resolvido pela autoridade pessoal que delegava temporariamente a outros indivíduos a possibilidade de exercer determinadas tarefas, enquanto a partir da instituição do estado moderno, este problema tem sido resolvido com a divisão de tarefas em papéis fixos a serem desempenhados. Isso porque o relacionamento humano, com qualquer finalidade, está sujeito a infinitas interferências, sejam elas causadas por questões externas a esse relacionamento, sejam internas às pessoas que constroem este relacionamento. Se as interferências externas já trazem, muitas vezes, problemas para este relacionamento, as internas, por serem muito mais variadas, afetam-no com muito mais força. Dessa forma, sentimento, percepção, fisiologia, genética, valores, entendimento, nível escolar, personalidade, entre outros, são algumas das questões humanas que podem afetar os relacionamentos, inclusive no trabalho. Este estudo analisará uma das questões mais presentes e que, pretende-se mostrar, afeta mais profundamente este relacionamento, que é a cultura, reunião de valores e visões de mundo compartilhados que guiam, muitas vezes, o comportamento dos grupos e dos indivíduos e que estão enraizados no pensamento humano. A cultura, conceito criado pela antropologia para reunir elementos como valores, hábitos, visões de mundo que são construídos socialmente para posteriormente exercer pressão sobre os indivíduos para que estes hajam de acordo com estas normas sociais, começou a ser estudado no âmbito das organizações após a segunda guerra mundial, ganhando 11 posteriormente maior força a partir da década de 70, conforme retratam Motta e Vasconcelos (2006). A cultura gerada no âmbito das organizações passou a ser chamada de cultura organizacional. Estudos como os de Schein (2001) e Hofstede (2003), que aprofundaram o estudo da cultura nesse âmbito, mostraram também que existem, além desta, outras manifestações culturais que acontecem de forma diferente em grupos diversificados da organização que, apesar de terem características comuns com esse tipo de cultura das quais é raiz, têm características próprias e diversificadas, formando as subculturas. 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO As empresas freqüentemente passam por processos de reestruturação, modificando bastante suas estruturas, buscando, com isso, adequarem-se ou readequarem-se a uma realidade em constante mudança. Stoner e Freeman (1995) afirmam que o ambiente externo às organizações passa por mudanças contínuas e rápidas que as desafiam a adaptações e readaptações a essa realidade. Entretanto, no momento em que fazem essas readequações, as empresas continuam dependendo fundamentalmente, para atingir velhos ou novos objetivos e readequarem-se às realidades mutantes, do mesmo recurso dos quais sempre dispuseram, as pessoas. Algumas pessoas podem ser substituídas, outras reposicionadas, mas o fato é de que as empresas dispõem basicamente do mesmo grupo de pessoas de antes, isso porque não faz sentido lógico pensar que todos os empregados de uma empresa possam ser demitidos ao mesmo tempo e novos serem contratados. Até mesmo porque as empresas dependem do conhecimento adquirido de alguma forma por seus empregados ao longo do tempo para manterem-se com um mínimo de ordem e poderem sobreviver. Nesse contexto, uma das preocupações das organizações é com a cultura formada e nutrida por essas pessoas que delas fazem parte, preocupação que vem sendo traduzida por alguns estudiosos no assunto como Kotter e Heskett (1994), Morgan (1996), Schein (2001), Hofstede (2003), entre tantos outros que perceberam em suas pesquisas que valores e visões de mundo compartilhados contribuem para que os indivíduos e os grupos nas organizações se comportem de determinada maneira, o que trará 12 impactos para sua contribuição no alcance dos objetivos traçados pelas mesmas. Freitas (2007) lembra que uma das principais preocupações das organizações quanto ao assunto cultura é o quanto ele afeta as necessárias mudanças organizacionais e como podem controlá-la para que os objetivos organizacionais sejam atingidos. O contexto em que se encontra a organização alvo deste estudo de caso também contribui para a preocupação com o entendimento da cultura e de suas subculturas. Grande empresa brasileira, com mais de 50 anos de história, formada por valores nacionalistas, a empresa em questão passou por alguns períodos em que quadros militares brasileiros comandaram sua estrutura, sendo justamente nesses períodos a contratação da maior parte dos empregados que hoje comandam a organização. Além disso, esta organização vive um momento recente de buscar maior competitividade no mercado externo, buscando renovar seus valores e seus empregados. Por isso, começou, nos últimos 20 anos, um processo de contratação de novos empregados que vêm de várias experiências anteriores de trabalho, contrastando com os empregados anteriores, que tiveram nessa empresa seus primeiros e provavelmente últimos empregos. Isso tem provocado um choque cultural que valida o interesse em uma pesquisa sobre cultura dentro dessa organização. 1.2. PROBLEMA Junto com seu conhecimento técnico, as pessoas levam para outros grupos, setores ou projetos dos quais passam a fazer parte, seus valores, seus hábitos, sua forma peculiar de ver e entender o trabalho que fazem, o qual, por motivos que serão descritos posteriormente, é influenciado pelos grupos aos quais pertenciam anteriormente. Isso forma uma cultura que, por estar inserida em um contexto organizacional, é conhecida como cultura organizacional. Segundo Schein (2001), a cultura é propriedade dos grupos. Aonde se formam grupos com determinados fins, uma cultura desse grupo é formada. Essa característica desenvolve indivíduos multiculturais que compartilham certezas com outros indivíduos em determinados grupos e compartilham 13 valores com indivíduos pertencentes a outros grupos. Além disso, o autor (2001) afirma que, uma vez formada a cultura, ela assume características que a tornam arraigada nos indivíduos que a compartilham. Ainda é Schein (2001) que afirma que, na medida em que as empresas crescem e ganham em complexidade, são formadas subculturas nesses diversos grupos que compõem a organização, os quais são fundamentais para que resultados diferentes e complementares sejam alcançados pelas diferentes unidades que contêm esses grupos. Assim, os valores de grupo, que em determinado momento foram de fundamental importância para o alcance de determinados objetivos do grupo e da empresa como um todo, podem funcionar como elementos restritivos importantes do alcance dos novos objetivos, afeitos à nova realidade enfrentada pela empresa. Esse é um dos grandes paradoxos vividos pelas empresas. Elas precisam das pessoas, mas nelas existem dimensões que, muitas vezes, as empresas gostariam de apagar ou desconsiderar. Entretanto, isso não é possível dada a condição humana e a influência marcante que os grupos têm sobre a mesma. Autores como Maggi (2006) e Dubrin (2008) têm frisado a importância das questões humanas e o impacto que elas têm sobre as organizações, seja sobre o aumento da efetividade organizacional ou sobre a própria formação da organização em si. Essa importância demonstra a necessidade de dedicação às dimensões humanas e suas conseqüências para a organização. A área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da empresa objeto deste estudo passou recentemente por diversas mudanças que redundaram em uma mudança de estrutura organizacional, o que afetou a formação de grupos e a forma de trabalhar desta área em todo país. No Rio Grande do Norte, essas transformações separaram pessoas que trabalhavam juntas, formando novos grupos após a conclusão da mudança. Os novos grupos formados passaram pelo processo de adaptação e as pessoas que deles fazem parte foram obrigadas a conviver e trabalhar com indivíduos que faziam parte de outros grupos antes das transformações. Paralelamente a essa adaptação dos colaboradores oriundos dos grupos anteriores, indivíduos que passaram a fazer parte da área posteriormente foram introduzidos nos novos grupos formados. 14 Dessa forma, este trabalho irá versar sobre a influência que tem a subcultura dos grupos nas organizações no comportamento dos mesmos e, conseqüentemente, no comportamento dos indivíduos no ambiente de trabalho. A base desse estudo serão os grupos que passaram por mudanças estruturais, os quais formam atualmente a área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações de uma empresa de grande porte brasileira. Entretanto, os grupos foco do estudo estão instalados em Natal. O problema relaciona-se às características existentes nos indivíduos no momento em que mudam de grupos, caso essa mudança estrutural seja significativa, isto é, haja uma alteração importante na composição dos grupos, seja relacionada às pessoas que os compõem, seja em relação às suas atividades, seus papéis. Essas características, formadas pelas diversas subculturas existentes na organização podem afetar o comportamento dos novos grupos formados, mormente na forma em que o trabalho é visto e compartilhado por seus membros, além do impacto no relacionamento dos novos grupos com outros grupos da organização e na conseqüente realização dos objetivos organizacionais. Deriva do problema a seguinte questão que orienta este trabalho: Elementos encontrados em grupos anteriores à formação da área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações da empresa estudada podem ser encontrados nos grupos atuais, atuando como elementos culturais que influenciem no comportamento desses grupos? 1.3. JUSTIFICATIVA O comportamento humano no ambiente de trabalho é uma das principais questões com a qual as empresas se deparam na tentativa de atingir seus objetivos, ainda em conformidade com o pensamento de Maggi (2006) e Dubrin (2008). Entender aquilo que motiva o comportamento dos indivíduos ou dos grupos tem sido um dos grandes objetivos dos teóricos que estudam as organizações e a sua problemática ao longo da história. Isso porque as empresas, seus donos ou aqueles que representam os detentores do capital constituinte das organizações precisam das pessoas 15 para atingir seus objetivos. Eles esperam que seus empregados exerçam determinadas atividades de modo a aplicarem o capital por eles disponibilizado de forma a maximizar o lucro da organização. As pessoas, entretanto, não são tão previsíveis como gostariam e nem sempre se comportam exatamente da maneira por eles esperada. Dessa forma, para lidar com pessoas, as empresas precisam entender o comportamento humano. Para isso, podem-se explorar suas dimensões básicas. Para Soto (2002), o comportamento humano parte de quatro pressupostos básicos. O primeiro é de que existem diferenças entre os indivíduos. O segundo é de que as pessoas formam um todo, não conseguindo separar sua personalidade daquilo que realizam ou do espaço que freqüentam. Em terceiro lugar, as pessoas agem se tiverem alguma motivação para tal. Por fim, todo indivíduo possui um valor intrínseco que deve ser entendido e respeitado. Ainda segundo Soto (2002), uma das esferas mais importantes em que o comportamento organizacional acontece e é modificado é a existência dos grupos. Esses grupos se organizam para cumprirem papéis sociais definidos e, para fazerem isso, moldam o comportamento individual exercendo poder sobre ele. Um dos fatores que levam os indivíduos e os grupos a se comportarem de determinada maneira é a cultura que compartilham. Essa cultura que se traduz por valores compartilhados, formas de ver o trabalho e suas relações, os mitos e ritos, quando é compartilhada por toda a organização é organizacional; quando forma características únicas partilhadas por determinado grupo, segundo Schein (2001), é a subcultura do mesmo. Nesse formato, essa representação cultural é tratada como subcultura, pois deriva, em grande parte, da cultura organizacional da empresa como um todo. A cultura organizacional e a subcultura dos grupos influenciam o comportamento, pois as atividades desenvolvidas pelos indivíduos e pelos grupos são influenciadas pelos valores das duas esferas, além de sua forma de ver o trabalho e as relações dentro da organização. Essa forma de entender o trabalho e suas relações pode, inclusive, caso existam muitas diferenças entre os valores de um grupo e de outro, ocasionar conflitos que atrapalhem o fluxo de trabalho teórico envolvendo os referidos grupos, 16 interferindo na produtividade da atividade conjunta dos mesmos e, conseqüentemente, na realização dos objetivos específicos esperados para aquela esfera. Segundo Hofstede (2003), os seres humanos são mentalmente programados por meio do aprendizado que acontece em sociedade. Essa programação mental é a cultura. Ter sido programado mentalmente, entretanto, não significa agir da forma exata na qual foi programado. A criatividade humana permite a criação de novas alternativas. Segundo Schein (2001), na medida em que as organizações vão crescendo e se subdividindo, as unidades ou grupos formados a partir de então, que têm funções diferentes dentro da organização, são compostos por pessoas diferentes e, até mesmo, ocupam espaços geográficos diferentes. Por conta dessa divisão, os grupos vão vivendo juntos experiências diferentes, o que faz com que compartilhem valores, crenças e certezas diferentes entre si, caracterizando as subculturas. Essas subculturas são, entretanto, coerentes com a cultura organizacional geral. Segundo Hofstede (2003), quando existe o contato intercultural entre grupos, as posições, crenças ou paradigmas vigentes em cada grupo, ao invés de se mesclarem e favorecerem uma possível integração, geram um reforço na posição de grupo para seus componentes, o que pode levar a conflitos entre os mesmos. O estudo de caso será realizado na área de telecomunicações e tecnologia de informação de uma empresa de grande porte do Rio Grande do Norte. Essa área foi escolhida porque, recentemente, passou por uma profunda mudança estrutural. As áreas de telecomunicações e tecnologia de informação eram separadas na organização e passaram por um processo de fusão recentemente. Além dessa mudança, a área de tecnologia da informação havia passado, anteriormente, por uma mudança semelhante, deixando de ser parte de uma diretoria de negócios para passar para uma diretoria de serviços não subordinada à diretoria anterior. Nesse conjunto de mudanças, grupos foram desfeitos e outros foram montados. Nos novos grupos formados passaram a fazer parte as pessoas que compunham os grupos vigentes antes das mudanças, além de pessoas novas que foram sendo contratadas para fazerem parte da nova estrutura. Dessa forma, passaram a conviver nos novos grupos pessoas que compartilhavam crenças e valores com os grupos anteriores. 17 Com a convivência nos novos grupos, pode-se considerar que novas crenças e valores serão formados, já que os mesmos advêm da convivência das pessoas em grupos conforme análise anterior. Entretanto, as características culturais remanescentes de grupos anteriores provavelmente influenciam não só na formação das novas subculturas como também no comportamento dos novos grupos, principalmente no momento posterior à alteração maciça dos grupos antigos. Por esse motivo, este trabalho pretende explorar essas influências. Não apenas o momento é propício à pesquisa dessas influências, já que a formação dos novos grupos é relativamente recente (um ano e meio a dois anos), como também as possibilidades de coleta de dados. O pesquisador faz parte da empresa em análise e tem acesso aos componentes do grupo, o que favoreceria a coleta de dados. Para compreender melhor as empresas, quem se interessar por sua composição e seus problemas deve estudar as relações entre a dinâmica dos grupos dada fundamentalmente pela cultura organizacional ou a subcultura formada pelos grupos dentro da organização e o comportamento humano. Entender a influência que a cultura dos grupos anteriores exerce sobre os indivíduos em seus novos grupos pode ajudar as empresas a pelo menos planejarem melhor mudanças estruturais que eventualmente façam, procurando minimizar os riscos que enfrentam nas mesmas. Obtendo-se maiores explicações acerca dos resultados esperados, poder-se-á ter uma visão mais clara das influências da cultura no comportamento, permitindo às empresas que tiverem acesso ao estudo ou pesquisadores que se interessem pelo tema buscarem também na cultura a explicação para o comportamento das pessoas na situação que buscarem entender, ajudando-os a tirar conclusões mais embasadas sobre a realidade analisada, podendo contribuir para que tomem decisões sobre a mesma com muitas reflexões. 18 1.4. 1.4.1. OBJETIVOS Geral Analisar a influência de elementos culturais encontrados em 'grupos anteriores' sobre os 'novos grupos', além da influência desses elementos em 'grupos anteriores' e 'grupos atuais' no comportamento que apresentam no trabalho, na área de Tecnologia da Informação e Telecomunicações de uma empresa brasileira, em Natal – RN. 1.4.2. Específicos 1. Identificar elementos culturais oriundos dos 'grupos anteriores'; 2. Verificar quais elementos culturais presentes nos 'grupos atuais' podem ter sido herdados dos 'grupos anteriores', existentes na organização; 3. Relacionar quais elementos culturais presentes nos 'grupos atuais' foram formados por eles; 4. Caracterizar a influência dos aspectos técnicos relacionados às atividades que executam, no comportamento dos 'grupos atuais'; 5. Explorar a influência da cultura organizacional e de elementos culturais encontrados nos 'grupos atuais' e dos 'grupos anteriores' no comportamento analisado dos grupos; 6. Verificar a influência de novos componentes no comportamento dos grupos em relação às suas características culturais; 7. Relacionar a cultura da área analisada a objetivos estratégicos da mesma e da empresa. 1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO Para alcançar os objetivos deste trabalho, foi montada uma estrutura que buscou na teoria sobre comportamento e cultura organizacional 19 elementos que pudessem ser estudados na empresa pesquisada. O referencial teórico foi fundamental também para verificar como outros estudos e pesquisas procuraram responder a problemas semelhantes encontrados. Frente aos elementos a serem pesquisados, foi definida uma metodologia de pesquisa que favorecesse a análise dos mesmos, por meio de técnicas descritas na teoria sobre pesquisa científica. Além disso, foram definidos na metodologia a amostra a ser pesquisada, o plano de coleta de dados, além da forma de tratamento dos dados coletados. A pesquisa realizada proporcionou, assim, uma análise dos resultados encontrados à luz dos elementos retirados do referencial teórico utilizado na busca pelas definições do que pesquisar. A análise pôde, dessa forma, explorar a pesquisa realizada em três aspectos diferentes, comparando elementos encontrados, caracterizando-os e novamente comparando com outros tipos de elementos. Essa análise possibilitou a conclusão do trabalho, na qual os objetivos deste trabalho foram retomados em comparação com as análises realizadas, bem como foram levantadas suas limitações. A comparação e as limitações levaram a recomendações futuras para que o trabalho renda frutos de continuidade e realizações. 20 2. REFERENCIAL TEÓRICO Ao buscar elementos que pudessem responder ao problema levantado, que busca explicações quanto ao comportamento assumido pelas pessoas no trabalho, uma análise do que os autores têm estudado acerca desse assunto configura-se como um primeiro passo na definição de questões posteriormente pesquisáveis. Além disso, frente à constatação, na definição dos objetivos deste trabalho, de que a cultura organizacional é um dos elementos que afetam este comportamento, o que a transformou no foco do mesmo, cabe uma exploração maior do tema para que também sejam retirados elementos de pesquisa. Explorar pesquisas e trabalhos de outros autores que também tenham tido o objetivo de estudar temas semelhantes aos tocados por este trabalho contribui com a verificação da melhor forma de pesquisar o assunto e torna possível a comparação posterior com os resultados obtidos com a pesquisa realizada. Dessa forma, o comportamento organizacional, a cultura organizacional e trabalhos e pesquisas relativos a estes dois temas foram explorados nesse referencial teórico. 2.1 COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O tema comportamento organizacional acumula uma longa história de contribuições e, por esse motivo, tem vasto material de consulta disponível. Entretanto, como este trabalho foca a cultura organizacional e o comportamento no trabalho e as relações entre os dois temas, cabe um recorte no tema, já que apenas parte de suas contribuições será usada no mesmo. Para iniciar o recorte e dada a vastidão mencionada, cabe fazer um pequeno resumo da história do tema na análise organizacional, ressaltando os assuntos mais importantes destacados por autores que se dedicaram à pesquisa da evolução do pensamento organizacional como Motta e Vasconcelos (2003). Assim, este resumo foi feito remontando à história do 21 tema nos primórdios da ciência da Administração, até o surgimento da cultura organizacional como subtema estudado. Além disso, já que a cultura organizacional é uma manifestação típica de grupos nas organizações, o comportamento dos grupos foi focado para que contribuições a esse respeito mostrassem elementos de estudo, além de posteriormente embasarem a análise das pesquisas realizadas. 2.1.1 A Evolução do Pensamento Organizacional Uma das grandes preocupações da Administração enquanto ciência sempre foi o envolvimento das pessoas com o trabalho, o chamado „comportamento organizacional‟. Sob essa chancela, Taylor (1970), já estudava tempos e movimentos do trabalho exercido pelas pessoas, preocupado em otimizar o recurso do qual dispunha e melhorar as condições de trabalho daqueles que sofriam com extensas jornadas. Afirmava, ainda, que o fornecimento e a aplicação dos métodos criados com essa finalidade eram da direção da empresa e que os empregados deveriam ter apenas a responsabilidade de aplicá-los, sendo recompensados por isso. Alguns dos primeiros estudos que abordaram o indivíduo em suas relações com o grupo com o qual trabalhava, segundo Motta e Vasconcelos (2006), foram os estudos de Hawthorne, os quais deram origem ao que se chamou na Administração a „Escola de Relações Humanas‟. Paralelamente, Simon (1957) e Weber (1999), esse com enfoque sociológico, procuraram esclarecer a organização burocrática dos grupos e o efeito que a pressão exercida por eles tinha sobre o indivíduo. Weber (1999) descreveu a organização das pessoas em grupo para cumprir um fim relacionado à produção de bens e serviços em uma de suas maiores contribuições à teoria administrativa. Simon (1957) se preocupava mais com os efeitos que aquela mesma organização exercia sobre os indivíduos e como eles reagiam às pressões impostas pelo grupo, pois percebia que os objetivos das organizações, ao aplicar processos administrativos, era tirar do indivíduo as decisões sobre seu trabalho e valorizar o processo decisório grupal, controlado, no final, por sua alta administração. 22 A partir desse momento na história de seu estudo, a Administração passou a entender em suas teorias que os grupos eram a unidade básica de formação das organizações e a considerar as próprias organizações como grupos que interagem entre si. Isso motivou a adaptação para a Administração de uma teoria de Bertalanffy (1977), a Teoria dos Sistemas, que procurava mostrar a magnitude das inter-relações entre as organizações, lembrando que os sistemas sociais, entre os quais estão as empresas, são formados por vários subsistemas que se inter-relacionam para formar um grande sistema simbólico, a cultura. Além dessa, a Teoria Contingencial, mais abrangente, procurava mostrar a adaptação organizacional a essas inter-relações propostas pela Teoria dos Sistemas. Esse segundo momento passou a ser extremamente propício ao surgimento de teorias relacionadas aos vários outros momentos pelos quais o estudo da Administração havia passado, já que todos foram extremamente pertinentes para construir o conhecimento acumulado sobre o estudo das organizações. Assim sendo, surgiram teorias como a Cultura Organizacional de Schein (2001), que procurava explicar a adoção de determinados comportamentos por parte dos empregados com base na exploração de conceitos oriundos da Antropologia como regras, rituais, hábitos que surgem no momento da formação de grupos, conceito bastante afeito a este estudo. Para uma evolução mais detalhada do surgimento do interesse pelo estudo da cultura organizacional, Freitas (2007) oferece uma boa base. 2.1.2 O Grupo nas Organizações Atualmente, a Administração reúne trabalhos como os de Robbins (2005), Soto (2005) e Dubrin (2008) sobre comportamento organizacional que analisam desde os aspectos individuais do comportamento até a influência que recebe da sociedade. Apesar de esses compêndios consolidarem o conhecimento sobre comportamento organizacional, sua base teórica remonta dos primeiros estudos sobre o assunto, conforme mencionado. Segundo Robbins (2005), os grupos surgem nas empresas devido à especialização do trabalho, quando este atinge um volume maior do que a capacidade de um único indivíduo realizá-lo em sua totalidade, e a posterior 23 departamentalização necessária à condução deste trabalho quando várias atividades relacionadas são colocadas sob uma mesma coordenação. Esses departamentos criados, responsáveis por determinado conjunto de atividades pressupõem relacionamento entre diversas pessoas responsáveis pelas atividades especializadas, o que configura um grupo. Apesar de o grupo ser formado para desenvolver determinadas atividades, segundo Robbins (2005), nele se forma um tecido social que lhe dá sustentação. São normas, padrões, hábitos, maneiras compartilhadas de perceber os papéis desse grupo e de se relacionar com outros grupos. Esse aparato forma, ao longo do tempo, uma cultura própria àquele grupo que pode ou não diferir da Cultura Organizacional em geral, aceitando-a ou formando uma contracultura relacionada a ela. Ainda segundo Robbins (2005), quando a cultura vai de encontro às necessidades da empresa no sentido de impossibilitar uma melhoria em sua eficácia, ela se transforma em um passivo para organização, podendo levar os planos de adaptação da empresa a uma realidade mais dinâmica ou diferente da situação anterior ao insucesso. Dessa forma, a cultura dos grupos acaba influenciando no comportamento dos mesmos de modo a afetar o desempenho da organização. De acordo com a Teoria Burocrática, preconizada por Weber (1999), as pessoas se organizam em grupos e estabelecem determinadas normas com o objetivo de cumprir determinado papel social. Ou seja, as organizações somente existem porque a sociedade espera dela alguma coisa. Assim é replicada a formação dos diversos grupos dentro da organização. Eles são formados porque a organização espera que eles cumpram papéis determinados. Robbins (2005) cita a especialização do trabalho. Esse pode ser o papel principal esperado, mas este papel pode mudar com o tempo e pode, inclusive, assumir papéis mais sociais, mais políticos do que técnicos. Acerca do comportamento dos grupos ou do comportamento nos grupos, pode-se afirmar ainda que sejam de um interesse diverso ao comportamento individual, aquele escolhido pelo indivíduo por exercício de sua plena vontade ou por sua exclusiva análise e interpretação dos fatos. O comportamento no grupo está moldado, muitas vezes, por um conjunto de 24 regras e normas que são aprendidos pelos indivíduos por exemplos ou de maneira objetiva, sendo caracterizados como fatos sociais. Segundo Durkheim (2005, p.32), considerado o pai da Sociologia, “esses tipos de comportamentos ou de pensamento são não só exteriores ao indivíduo, como dotados de um poder imperativo e coercivo, em virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não”. Ou seja, o comportamento que será explorado ao longo dessa pesquisa, transcende o indivíduo, sendo produzido e reproduzido no âmbito grupal. Esse comportamento grupal organizado em prol de alguma ou de muitas atividades específicas foi amplamente estudado por Weber (1999) na organização de sua Teoria Burocrática. Para ele, o objetivo maior dessa organização grupal é a dominação entendida como ...uma situação de fato em que uma vontade manifesta („mandado‟) do „dominador‟...quer influenciar as ações de outras pessoas... e de fato as influencia de tal modo que estas ações...se realizam como se os dominados tivessem feito do próprio conteúdo do mandado a máxima de suas ações („obediência‟). (WEBER, 1999, p. 199) O objetivo da organização burocrática é criar mecanismos de dominação da idéia fundadora da organização perante o indivíduo, o qual, a princípio, poderia ingressar na mesma com interesses bastante diversos, não coerentes com o objetivo pelo qual a organização foi montada. Para que essa finalidade se cumpra, citando Weber (1999, p.198), “existe uma distribuição fixa das atividades regularmente necessárias para realizar os fins do complexo burocraticamente dominado, como deveres oficiais”. Dessa forma, as idéias do autor mostram que a organização procura determinar o comportamento de seus empregados para que este seja direcionado ao alcance de seus objetivos usando, para isso, uma estrutura de ações sobre eles que os levem a agir da forma esperada. 2.2 CULTURA ORGANIZACIONAL Para melhor analisar a cultura organizacional, o referencial teórico sobre ela foi montado de forma a cobrir grande parte dos temas sobre o 25 assunto. Dessa forma, o referencial citado neste trabalho envolve os escritos sobre a formação da cultura e sua evolução, após a formação inicial da organização, a relação entre cultura organizacional e nacional e as relações entre cultura organizacional e comportamento no trabalho. Entender como se dá a formação da cultura organizacional e como ela evolui ao longo do tempo nas organizações ajuda a entender melhor os elementos culturais e como eles se apresentam nas organizações em sua fundação e ao longo do tempo. A visualização desse quadro teórico permite o entendimento dos elementos que podem ser encontrados em uma pesquisa que foque a cultura organizacional como a realizada neste trabalho. A relação entre a cultura organizacional e a nacional ajuda a esclarecer como, em um nível anterior ao da formação da própria empresa, sua cultura é influenciada por elementos da cultura organizacional. Do ponto de vista do trabalho realizado, entender essa relação ajuda a compreender melhor a própria cultura pesquisada e seus porquês. Enfim, o último tópico deste referencial explora a relação foco deste trabalho, entre a cultura organizacional e o comportamento no trabalho, mostrada na teoria. Esse tópico tem a função de auxiliar nas análises posteriores dos elementos culturais e comportamentais pesquisados. 2.2.1 A Formação e a Evolução da Cultura Organizacional Entretanto, o papel esperado pode não ser cumprido a contento devido a uma série de motivos. Em um mundo cada vez mais interdependente não se relacionar com outros grupos pode não permitir o pleno cumprimento dos papéis esperados de um determinado grupo. Isso pode ser causado, por exemplo, pela incompatibilidade entre as subculturas dos grupos, seja uma incompatibilidade de valores em relação a outros grupos, seja de relacionamento com os mesmos. A Cultura, com todos os pontos de vista e formas de ver o trabalho e as realidades que lhe são impostas, pode, dessa forma, prejudicar ou beneficiar sobremaneira o desempenho de determinado grupo. 26 Como conseqüência da formação dos grupos para cumprir determinado papel social, mesmo que o principal motor para a formação desses grupos seja a dominação, a mera reunião de pessoas e a convivência entre elas começam a formar uma cultura daquele grupo. Esse assunto já fez parte da criação de uma nova teoria, a da cultura organizacional. Segundo Schein (2001, p.29), “a cultura é propriedade de um grupo. Onde quer que um grupo tenha bastante experiência em comum, começa a se formar uma cultura”. No começo da vida de uma empresa, a cultura é formada pelos valores e percepções do grupo fundador, o qual vai contratando pessoas para cumprir determinadas tarefas específicas e passando às mesmas estes valores e percepções. Com o sucesso inicial da empresa, esses valores e percepções são consolidados como corretos, formando a cultura corporativa inicial. Schein (2001, p.97) afirma que “a característica cultural mais saliente nas novas organizações é o fato de elas serem obra de fundadores e de famílias fundadoras”. Freitas (2007, p.15) define alguns mecanismos com os quais essa cultura vai se formando nas organizações: “A linguagem é funcionalizada, as mensagens e comportamentos convenientes são aplaudidos, recomendados e aderidos, o conteúdo é naturalizado e espera-se que ele seja reproduzido entre os demais membros ou aos novatos.” Entretanto, com a evolução da empresa no tempo e a complexidade na construção e realização de seus objetivos, a empresa é compelida, muitas vezes, a mudar e repensar seus padrões, seus valores, suas certezas. Ainda Schein (2001, p.104), “a evolução geral envolve diversificação, complexidades crescentes, altos níveis de diferenciação e integração e uma síntese criativa em direção a modelos novos e superiores”. Freitas (2007) reitera esta visão afirmando que a cultura organizacional é formada em um primeiro momento pelas percepções e crenças dos fundadores, já que eles procuram imprimir sua cara à organização, contratando e socializando pessoas, mostrando a elas como o trabalho deve ser feito em sua organização. Entretanto, com a diversificação e especialização da organização que vêm com seu crescimento, ela passa a enfrentar novos desafios aos quais as crenças e valores anteriores não respondem. Nesse momento, a organização precisa decidir entre mudar ou ruir. Como provavelmente a escolha será 27 mudar, a organização irá enfrentar grandes resistências para concretizar tal objetivo. Freitas (2007) identifica como a cultura passa a se consolidar e manifestar por meio de seus elementos. Um dos elementos mais importantes da cultura, que mais a define, são os valores. Isso porque são eles os guias do comportamento organizacional, configurando como uma das principais tarefas dos líderes da organização modelar e se esforçar para que estes sejam distribuídos ao longo da organização e sejam incorporados por todos que nela trabalham. Os valores mostram quais são as profissões mais valorizadas, o que é prioritário, relevante para organização, enviando essas informações para o público interno e também externo à organização. Os valores são normalmente duradores, mas podem mudar com o tempo dependendo da realidade vivida pela organização. Outro elemento cultural importante, segundo Freitas (2007), são as crenças e pressupostos da organização. As crenças informam aquilo que é verdade para a organização, não cabendo discussão à sua validade e pertinência. Outro elemento importante da cultura organizacional são os ritos e rituais. Estes servem como exemplos, para todos os envolvidos e para os que conhecem detalhes de como acontecem, de quais são os comportamentos e atitudes esperados pela organização. A forma de se vestir, o grau de formalidade, aquilo que é valorizado pelos ritos são questões representadas e ilustradas pelos ritos, o que mostra, mesmo que às vezes de forma subliminar, características perceptíveis da organização. Essas características ficam enraizadas no cotidiano das organizações e, quando, por algum motivo, seja ele de mudanças estruturais fortes na organização ou reorientação quanto a valores previamente assumidos, esses ritos devem ser readaptados a uma nova realidade, a organização deve temer por uma alteração brusca nos mesmos, já que esta poderia levar a uma perda de identificação dos funcionários com a empresa, o que causaria danos importantes à mesma. Ainda segundo Freitas (2007), outro elemento que ajuda na leitura da cultura organizacional são as sagas contadas pelos membros da organização e sua personificação em heróis que realizam estas sagas. Elas têm um grande sentido de transmissão de mensagens dos valores organizacionais na medida em que demonstram comportamentos assumidos como aceitos pela 28 organização em determinadas situações de sucesso organizacional, o que ajuda a demonstrar que aquele comportamento em que a organização acredita traz sucesso para a mesma, um sucesso que passa a ser “comprovadamente” possível de acordo com a história contada. Além disso, as sagas e heróis representam a organização no meio externo, já que são contadas para todos os stakeholders organizacionais, mostrando, inclusive para o público externo à organização, quais são os valores e comportamentos valorizados por aquela organização. Este elemento cultural é muito semelhante a outro. As estórias fazem parte do cotidiano organizacional e também servem para demonstrar comportamentos esperados em determinadas situações, já que refletem o cotidiano organizacional, são baseadas em fatos reais acontecidos no âmbito organizacional. São muito comuns na literatura estórias sobre líderes organizacionais de sucesso e suas atitudes perante determinadas situações de desafio. Freitas (2007) elenca também como elemento cultural aspectos da organização dos quais ela mesma não gosta de lembrar e procura esconder dos públicos externos e internos o máximo possível. Esse elemento, composto pelos tabus, fazem parte da organização ou de sua história, mas ficam escondidos o máximo possível, pois são ações ou comportamentos que a mesma entende como desabonadora aos olhos da sociedade, o que poderia comprometer sua posição. Por fim, a autora destaca um dos mais importantes elementos culturais, as normas. Elas formam aquilo que é aceito pela organização como correto, o que traduz sua história até aquele momento e as relações de poder que compõem a organização. As normas, sendo explícitas ou implícitas são a base levada pelos demais elementos culturais que se interligam por meio dos sistemas formais e informais de comunicação vigentes na organização. Segundo Freitas (2007), uma das principais funções responsáveis pelo alinhamento e manutenção da cultura organizacional é a de recursos humanos. O trabalho desta função perpassa todos os elementos culturais discutidos, desde o momento em que novos empregados ingressam na organização, no qual a função recursos humanos influencia na identificação desses profissionais no mercado, obviamente aqueles que melhor se adéqüem à cultura da organização. É a função RH que passa aos novos 29 colaboradores os valores da organização por meio do processo de socialização por ela planejado. O sistema de gestão do desempenho organizacional, desenhado pela função RH recompensa comportamentos valorizados pela organização e pune os que não o são. A função RH promove e organiza rituais nos quais aquilo que é valorizado pela organização fica claro para os colaboradores. Por fim, cabe à função RH contar as histórias e sagas organizacionais, nas quais são valorizados os heróis da organização e o comportamento assumido por eles nas situações contadas. Um autor que caminha em um sentido complementar ao dos autores citados até o momento, no que se refere à relação entre cultura e grupo e entre cultura e o ser humano, é Morgan (1996) quando relaciona cultura aos sistemas sociais, principalmente àqueles que balizam o comportamento cotidiano como conhecimento, ideologia, leis, costumes, valores, rituais, entre outros. Segundo ele, por esse motivo é que o comportamento de um grupo social é às vezes considerado estranho e sem sentido por outro, pois cada sociedade tem seu próprio sistema de crenças e valores. Morgan (1996) afirma que essa realidade social acontece também nas organizações, sendo estas também realidades sociais. Dessa forma, pessoas que trabalham em uma mesma empresa, principalmente se trabalham em um mesmo local, partilham de um conjunto específico de regras e valores que caracterizam sua prática cultural. Entretanto, ele não ignora também as características culturais oriundas das profissões e das atividades desenvolvidas pelos trabalhadores. Todas essas dimensões contribuem para a construção de significado nas organizações, conforme descrição do autor: Significado, compreensão e sentidos compartilhados são todas diferentes formas de descrever a cultura. Ao se falar sobre cultura, na verdade, está sendo feita uma referência ao processo de construção da realidade que permite às pessoas ver e compreender eventos, ações, objetos, expressões e situações particulares de maneiras distintas. (MORGAN, 1996, p. 132) Kotter e Heskett (1994) também entendem que a construção da realidade formadora da cultura corporativa, de forma complementar e até mesmo reforçadora das visões de Schein (2001) e Morgan (1996), acontece em níveis diferentes, alguns mais visíveis do que outros. No nível mais 30 invisível, os valores compartilhados influenciam as decisões e os comportamentos dos indivíduos de forma até mesmo inconsciente. No nível mais visível, as pessoas realizam suas atividades de forma a reproduzir aquilo que é conseqüência da cultura, inclusive incentivando seus colegas a agir da mesma forma. Nesse nível, segundo os autores, a cultura é mais moldável, enquanto no nível anterior a cultura costuma permanecer mais constante no médio e longo prazos. Eles sintetizaram esta idéia no quadro: Quadro 1: A cultura em uma organização Fonte: Kotter e Heskett, 1994, pg. 5 Em uma visão complementar às estabelecidas anteriormente, Freitas (2007) afirma que existem duas maneiras básicas de estudar ou procurar entender a cultura das organizações que são paradigmáticas ao pesquisador. Uma forma de entender a cultura organizacional é acreditar que a organização é esta cultura, ou seja, tudo que a organização forma no interrelacionamento entre as pessoas que a compõem que fica como sua história e como lição aprendida compartilhada entre as mesmas fazem parte da cultura organizacional. Outra forma possível é acreditar que a organização possui uma cultura. Nesse sentido, ela passa a ser uma variável facilmente identificável como tantas outras facetas da organização e pode ser controlada 31 de alguma forma. Para os pesquisadores que partilham essa crença, a cultura é moldável como outros subsistemas organizacionais. 2.2.2 A Cultura Organizacional e a Cultura Nacional A cultura, além de ser formada pela vivência cotidiana de um grupo, é também influenciada por outras dimensões, mais abrangentes, relativas, por exemplo, às especificidades dos países nos quais as organizações funcionam. Hofstede (2003) explora também as questões levantadas por Morgan (1996) exemplificando esta relação por meio da análise da distância hierárquica, ou seja, as características de relação de poder dentro de uma organização. Cada país apresenta um tipo de distribuição de poder diferente e as pessoas se relacionam de forma mais conformada ou inquieta ao exercício de poder. Dessa forma, ... as diferenças entre os países relativamente às dimensões como a distância hierárquica...permitem também avaliar as teorias concebidas ou adoptadas nesses países para explicar ou prescrever os modos de pensar e de comportamento. (HOFSTEDE, 2003, p. 57) Morgan (1996) lembra que essas diferenças são oriundas da história peculiar de cada nação e que estão presentes em seus cidadãos de modo que são levadas por estes para o âmbito das organizações. Dessa forma, organizações de sociedades que tiveram suas bases estruturais em aldeias e tribos, deverão apresentar um caráter mais colaborativo e participativo, oriundo das antigas relações tribais. As diferenças culturais, entretanto, são muitas vezes ignoradas quando algumas idéias são implantadas em determinada organização, o que pode causar grandes problemas de adaptação das mesmas às características das organizações. A exportação de idéias para pessoas de outros países sem ter em conta o contexto cultural da sua origem – e a sua importação por adeptos crédulos – não se limita ao domínio político; observamos também exemplos no 32 âmbito da educação e, em particular, na gestão de empresas e organizações. (HOFSTEDE, 2003, p. 58) Esse tipo de diferença foi construído durante muitos anos de história dos países e, dessa forma, sua origem não pode ser facilmente definida. Nenhum de nós estava presente quando os modelos culturais entre os povos começaram a divergir: a procura das causas dessas divergências exige estudos aprofundados a partir de fontes históricas e préhistóricas. (HOFSTEDE, 2003, p. 61) Freitas (2007) complementa esta visão lembrando que os elementos culturais oriundos da cultura organizacional não podem ir de encontro aos elementos da cultura geral, seja do país em que se estabelecem, seja da cultura global, em que muitos valores, inclusive éticos, são partilhados. 2.2.3 A Cultura Organizacional e o Comportamento Organizacional Morgan (1996) afirma que as diferenças culturais trazem mudanças no comportamento organizacional entre organizações diferentes, principalmente as que se encontram em países diferentes. Dessa forma, para o autor, procurar entender as organizações do ponto de vista externo à cultura, como um estranho à cultura vigente, pode ajudar o pesquisador a entender melhor comportamentos assumidos nessas organizações, como suas práticas e a maneira como se encaram os problemas organizacionais. Estas podem ser analisadas por meio de crenças e valores compartilhados, além das normas operacionais e rituais. Entretanto, o próprio Morgan (1996) lembra que as manifestações culturais e as conseqüências comportamentais delas oriundas não acontecem de forma totalmente homogênea em toda organização. Na medida em que diferentes grupos convivem em uma mesma organização, diferentes subculturas são formadas. Ele complementa que, em muitos casos, pode-se associar o papel da formação cultural aos líderes formais da organização, isso porque eles têm autoridade inclusive formal para promover os valores esperados, o que lhes dá vantagem na cristalização de valores esperados. 33 Entretanto, outros membros da organização também podem cumprir este papel, caso tenham influência sobre outras pessoas na organização. Esse fato contribui para a formação do mosaico cultural que caracteriza uma organização. Kotter e Heskett (1994) complementam Morgan (1996) afirmando que uma organização é formada por culturas múltiplas. Eles afirmam que isso acontece por vários motivos de diferenciação entre as pessoas nas organizações entre eles diversidade geográfica e técnica. Outra autora que complementa a visão construída anteriormente é Freitas (2007). A autora afirma que, para uma organização ter uma cultura única, as respostas aos desafios ambientais vividos pela organização deveriam ser únicas, mesmo convivendo em uma organização grupos diversos com muitas características diferentes uns dos outros, o que torna este fato muito pouco provável. Dessa forma, a organização é formada por culturas diferentes segundo a autora. Ela ainda complementa informando que os pesquisadores ou empresários que crêem no modelo de cultura única são aqueles que acreditam que o ser humano no trabalho é preguiçoso e leniente devendo ser controlado de perto caso a organização queira usufruir de seu trabalho. Já os que vêem no modelo de múltiplas culturas a melhor explicação da realidade acreditam que as pessoas querem e buscam o melhor no trabalho, inclusive realizarem-se com o fruto por eles produzido. Para Morgan (1996), os efeitos da cultura no comportamento são constantes e imediatos. Os valores compartilhados são apresentados a cada indivíduo no grupo e a forma como esse indivíduo replicará esses valores irá determinar seu sucesso na construção das relações sociais com àquele grupo. Em um segundo momento, o comportamento passa a ser até mesmo anterior às regras estabelecidas, pois acontecerá de forma automática em seu relacionamento com os valores compartilhados. A regra apenas voltará a ser importante caso o comportamento não esteja de acordo com o estabelecido, situação em que ele será desafiado. Porque tem impactos sobre o indivíduo, sobre o comportamento do mesmo, sobre sua forma de ver o mundo e entender a realidade, Morgan (1996) afirma que a cultura existe fundamentalmente na mente das pessoas. Entretanto, algumas realidades organizacionais como as normas, estruturas, linguagem, lemas, cargos, entre outras acabam sendo representações culturais, ou seja, ações ou comportamentos construídos coletivamente que 34 são observáveis e factíveis, dando ao observador pistas sobre a cultura da organização. Segundo Kotter e Heskett (1994), outro impacto importante da cultura nas organizações é o comportamento da organização como um todo frente às necessidades impostas à mesma pelo mercado competitivo com outras organizações. Os autores afirmam que existem culturas organizacionais fortes, que fazem com que a organização consiga responder com rapidez às exigências desse mercado e outras que atravancam e atrapalham a organização nesse intuito. Segundo os autores, a cultura organizacional, nesse sentido, é mais importante e merece mais dedicação do que produtos e ferramentas para a melhoria do desempenho organizacional. Isso porque a administração excelente, voltada para a manutenção e não para a mudança, normalmente é conservadora não fornecendo espaço para mudanças que podem ser importantes para a organização no presente e futuro. Para Kotter e Heskett (1994) a cultura forte tem a característica de ser partilhada e reproduzida por todos os gerentes da organização, em todos os níveis. Nesse tipo de cultura, até mesmo os subordinados cobram mudanças de atitudes do superior, caso as mesmas divirjam do que estiver expresso na cultura. Uma das grandes ferramentas dessa cultura é o alinhamento entre os objetivos estratégicos da organização, definidos pela alta administração e as metas perseguidas por todos esses gerentes, chegando até o nível da operação. Esse fato é muito importante, pois reflete a liderança da alta administração influenciando na formação e manutenção da cultura organizacional. Kotter e Heskett (1994) afirmam que a importância da liderança da alta administração cresce muito quando acontece uma mudança cultural. A justificativa para isso é que uma mudança cultural exige poder para ser realizada, já que esta é uma modificação profunda e generalizada. Entretanto, o papel das lideranças intermediárias tem também fundamental importância, pois dá suporte operacional às mudanças implantadas pelas lideranças superiores. Dessa forma, uma das funções principais da liderança, para os autores, é a produção de mudanças na organização. Por esse motivo é tão difícil ver uma mudança da cultura nas organizações. Em primeiro lugar, a alta administração precisa defender e buscar a mudança até o fim, utilizando, 35 para isso, a comunicação e a busca pela motivação de toda a organização em torno da mesma. Isso somente pode ser realizado por meio de outras pessoas que espalhem a mensagem ao longo da organização. Freitas (2007) contrapõe esta posição lembrando que uma das etapas mais difíceis de uma cultura organizacional é sua mudança. Neste momento, normalmente a necessidade de mudança é percebida por todos na organização, mas o que e como mudar são objetos de discussão entre vários grupos na organização, o que demonstra a não homogeneidade de um pensamento único e geral da organização. Se este pensamento fosse homogêneo, então a mudança seria facilmente processada. O que costuma motivar todos os colaboradores a continuarem objetivando o melhor para a organização mesmo em um momento turbulento como o da necessidade premente de uma grande mudança organizacional é a identificação dos colaboradores com o projeto organizacional. Caso o vínculo mantido com a organização pelos colaboradores seja apenas formal e objetivo, os mesmos poderão desistir de fazer com que a mudança aconteça e a organização possa sobreviver. Freitas (2007) lembra ainda que a cultura organizacional pode ser uma grande aliada da organização, pois ela alinha o esforço organizacional em prol de objetivos comuns, já que permite que esses objetivos sejam efetivamente compartilhados entre as pessoas. Para que isso aconteça, entretanto, é preciso que os colaboradores da organização acreditem nesses objetivos e, até mesmo, na forma de alcançá-los. Caso a alta administração, ao invés de envolver a organização neste debate e procurar impor esses objetivos e a forma de alcançá-los para a organização, a cultura funcionaria em sentido contrário, travando a realização que não passou a fazer parte de sua cultura, pois não foi trazido para a organização de forma a ser efetivamente compartilhado pela maior parte de seus colaboradores. Freitas (2007) complementa ainda sua análise da mudança cultural lembrando que atualmente, dadas as novas regras de competitividade mundial e a rapidez com que a informação e o aumento do conhecimento trazem para a necessidade de mudança e adaptação das organizações, não cabe mais saber se a mudança deve ser implantada na organização, mas como implantá-la levando em consideração as resistências que deverão ser encontradas quando valores que antes guiavam o dia-a-dia da organização 36 forem definidos como não mais favoráveis à organização pela alta administração. Nesse momento, o simbolismo daquilo que parecia certo para as pessoas passa a ruir e a confusão entre o que deve ou não ser feito dentro dessa nova realidade é instalada. Algumas organizações, porque entendem não ter tempo para esperar as novas idéias amadurecerem na organização, preferem retirar as pessoas que estão resistindo às novas idéias, o que certamente traz efeitos negativos para a organização. Por fim, Freitas (2007) lembra que na ânsia de atingir os objetivos organizacionais, as empresas pressionam os indivíduos de modos a interferir até em sua evolução psíquica na medida em que, muitas vezes, tentam impor os valores organizacionais ao indivíduo, desnorteando sua própria noção de valores próprios e organizacionais. Essa pressão chega ao ponto de fazer com que o indivíduo passe a não questionar mais os valores organizacionais do seu ponto de vista individual, levando para sua vida pessoal valores que são, na verdade, organizacionais, mas que eles assumem como seus. 2.3 ESTUDOS E PESQUISAS 2.3.1 Comportamento Organizacional Alguns estudos ajudam a embasar as teorias vigentes sobre o comportamento organizacional e a cultura organizacional em alguns aspectos. Sobre o papel esperado percebido por diferentes indivíduos dentro de uma organização, Lobo (2007) procurou mostrar as diferentes percepções sobre o contrato psicológico dos dois grupos, o que influenciaria consideravelmente o entendimento sobre a justiça nas relações de trabalho, afetando o desempenho dos indivíduos nas organizações, mormente no que se refere a sua moral e motivação para o trabalho. A pesquisadora mostrou que existem diferenças consideráveis na percepção do contrato psicológico entre a média gerência e a base operacional. A forma como a média gerência entende o contrato se aproxima daquela defendida pela diretoria, sendo bastante heterogênea a forma como a base operacional entende o mesmo contrato. Isso acontece, na percepção da autora, porque os próprios empregados da média gerência funcionam 37 como intermediários no estabelecimento dos termos desses contratos. Isso pode ter conseqüências importantes para o desempenho organizacional, segundo a pesquisadora, sendo necessária a readequação constante desses contratos por meio do diálogo. Ainda sobre a percepção e seus impactos no comportamento, Prado Filho (2005) faz uma análise da construção de sentido nas organizações. Como resultado, o autor identificou que a teoria de construção de sentido afeta diversos elementos organizacionais como a socialização, a aprendizagem, a criação de identidade e o entendimento dos papéis. O autor não considera essa abordagem completa, deixando para o futuro abordagens mais pragmáticas do tema, relacionadas ao cotidiano das organizações. Sobre a adoção de determinados comportamentos pelos indivíduos e suas causas e conseqüências, Oliveira Júnior (2006) pesquisou a adoção, por parte dos empregados da unidade de exploração e produção da Petrobras no Rio Grande do Norte, de comportamentos ambientalmente responsáveis, analisando sua pertinência, causas oriundas da organização e conseqüências desse comportamento para a mesma organização. O pesquisador percebeu que o comportamento ambientalmente responsável não é constante na força de trabalho pesquisada, mormente na força de trabalho que realiza trabalhos administrativos. Segundo ele, um dos principais motivos é a falta de informação, que é vista como responsabilidade da empresa. Ele recomenda que esforços sejam feitos no sentido de disseminar a importância dos comportamentos responsáveis, além da explicação de temas relevantes ao cuidado com o meio ambiente pela empresa, como o protocolo de Kyoto e as metas de seqüestro de carbono. Sua pesquisa mostra a relação entre práticas organizacionais e o comportamento adotado por seus grupos e empregados. Ainda na análise do comportamento adotado em virtude de ações organizacionais, Cappi (2006) estudou o impacto da implantação de um sistema integrado de informações no grupo Protege, empresa de segurança e guarda de valores, no comportamento de seus empregados da área administrativa. O pesquisador percebeu, a partir da análise dos dados coletados, um comportamento de reação contrária a mudança, o que ele caracteriza como relacionado ao medo do novo, ao interesse pela manutenção do status quo e, principalmente, por deficiências de 38 comunicação e participação no planejamento do projeto. Dessa forma, o autor recomenda que os empregados participem de outras fases de implantação do projeto e, principalmente, que eles sejam comunicados sobre as mudanças, seus impactos e seus riscos. Sobre alterações no comportamento organizacional oriundas de alterações no ambiente externo à organização, com a conseqüente mudança dos sistemas de controle organizacionais, Velasco (2005) analisou a implantação de um novo sistema de controle gerencial do Bureau Veritas, uma empresa multinacional que tem negócios na França e no Brasil, verificando os impactos do mesmo no comportamento organizacional. Com os resultados obtidos, a autora confirmou que mudanças ambientais, mormente o aumento da competitividade global, estimularam mudanças no comportamento organizacional da empresa, que passou a ter mais controle e a ser mais voltada para resultados. 2.3.2 Cultura Organizacional Sobre a relação entre cultura nacional, profissional e organizacional, Santos (2005) analisou a cultura do Banco do Brasil S/A, procurando relacioná-la aos âmbitos técnico e nacional. Como resultado, o pesquisador conseguiu encontrar valores compartilhados pela instituição, os quais formam uma cultura organizacional, relacionada com as culturas nacionais e profissionais. Como destaque, fica a percepção, pelo autor, de certa homogeneidade na forma de descrever a cultura da instituição apresentada pelos pesquisados. Isso demonstra que os mecanismos administrativos empregados pelo banco conseguem imprimir à cultura realmente um status organizacional, mesmo que esteja em diversas partes do território nacional, o qual apresenta diversas características culturais distintas. Para demonstrar a importância do entendimento de sua cultura organizacional disposta na organização como um todo e nos diversos tipos de seus colaboradores, Pereira (2005) fez um estudo de caso sobre os valores preconizados pela Petrobras e a os valores encontrados nos empregados de uma de suas unidades, a unidade de exploração e produção 39 da bacia de Campos, dividindo-os em categorias relacionadas ao nível hierárquico e tipo de cargo e ao tempo de empresa. Seu objetivo era encontrar o alinhamento e/ou desalinhamento entre eles, verificando, dessa forma, o risco da empresa em atingir seus objetivos, já que os valores preconizados pela Petrobras constam como requisitos estratégicos para o cumprimento de seus objetivos de médio/longo prazo. Com base nas respostas obtidas, a autora entendeu que existe um alinhamento nos valores preconizados pela organização e os valores dos empregados, com alguma ressalva para os valores dos gerentes e dos empregados com mais de 26 anos de empresa. Ela entende, dessa forma, que a empresa tende a atingir seus objetivos estratégicos, já que tem, contribuindo para o alcance desses objetivos, uma estrutura cultural favorável. Ainda sobre o impacto da cultura organizacional no alcance de resultados organizacionais, Bíscoli (2003) analisa a cultura organizacional no âmbito de um processo de fusão entre quatro faculdades municipais do oeste do Paraná, formando um único complexo universitário. Sua idéia foi verificar se, no processo de fusão, a cultura organizacional foi levada em consideração pelo processo de gestão da mudança conduzida nas quatro organizações e na unidade resultante. Além disso, fazia parte de seus objetivos verificar o sucesso desse processo de fusão, entendendo suas causas e conseqüências atuais na organização gerada. A autora procurou contar a história da fusão das faculdades, destacando a cultura organizacional como contexto e pano de fundo. Seus resultados mostraram que, apesar do processo de gestão da mudança não ter levado em consideração a cultura organizacional, a relativa homogeneidade das instituições envolvidas, pelo menos no que se refere à sua razão de existir e o interesse de todas elas no processo de consolidação, favoreceram a criação da universidade, tendo impacto significativo na formação da nova cultura. A autora descobriu, dessa forma, que fatores políticos e econômicos tiveram muito mais relevância na formação da nova cultura do que as culturas anteriores, mostrando que o processo de formação cultural é complexo e está relacionado a diversos fatores que podem contribuir decisivamente para o sucesso ou fracasso das organizações 40 formadas por processo de fusão, bem como impactar consideravelmente em sua cultura. Sobre o papel da cultura organizacional no entendimento das dinâmicas organizacionais, mormente àquelas relacionadas à motivação, Sampaio (2004) procura analisar a cultura organizacional e a motivação dos colaboradores de uma organização do terceiro setor. Para isso, entretanto, o pesquisador buscou retratar determinadas características da organização e da sociedade na qual a mesma se encontra, objetivando embasar melhor a análise posteriormente realizada. A análise da cultura organizacional da empresa e os valores compartilhados por seus colaboradores que funcionam como motivacionais mostraram que eles diferem consideravelmente dos valores que formam a cultura de empresas com fins lucrativos. Um dos principais valores encontrados foi o objetivo da atividade voluntária como um meio de atingir objetivos pessoais como afiliação ou auto-realização, sendo deixado de lado o compromisso com a atividade que, muitas vezes, é abandonada temporária ou constantemente. O entendimento dessas características é fundamental para que a administração da empresa do terceiro setor se estruture, levando em conta essas características, de modo que seus objetivos continuem sendo atingidos. Barboza (2006) procura relacionar os conceitos de cultura e comportamento por meio da análise da relação entre a cultura organizacional do grupo Pão de Açúcar, rede varejista brasileira, com a formação de seus colaboradores e, se existir essa relação, de que forma ela contribui para o desempenho da mesma. O autor levantou que a tipologia de cultura da organização era o tipo clã, na qual a organização é vista como uma grande família e os gerentes, representando a direção da empresa, têm o papel de cuidar de seus colaboradores. Segundo ele, suas pesquisas verificaram que os valores e artefatos mapeados na organização atestam esse modelo e são compartilhados pela maior parte dos pesquisados. Isso faz com que o desenvolvimento humano, do ponto de vista profissional e humano, seja uma das prioridades da organização, mostrando que a cultura organizacional leva à adoção de comportamentos específicos por parte da organização que contribuem para o desenvolvimento de seus colaboradores. Dessa forma, foi demonstrada a relação entre a cultura e um tipo de comportamento organizacional. 41 Para facilitar a visualização dos estudos referenciados nessa pesquisa, eles serão dispostos em um quadro resumo, onde os resultados de cada autor serão resumidos, vinculados ao tema que exploraram. Quadro 2 – Resumo dos resultados encontrados pelos autores Autores Tema Lobo (2007) Comportamento Organizacional Prado Filho (2005) Oliveira Júnior (2006) Comportamento Organizacional Comportamento Organizacional Cappi (2006) Comportamento Organizacional Velasco (2005) Comportamento Organizacional Resultados Encontrados - Existe diferença de percepção de uma mesma realidade em diferentes grupos da organização - Essa diferença é oriunda de papéis diferentes exercidos na organização - A diferença pode trazer consequências importantes para o desempenho - A teoria da construção de sentido afeta diversos elementos organizacionais - Existe relação entre práticas organizacionais e o comportamento dos empregados - O medo de enfrentar mudanças faz com os empregados reajam de forma contrária a elas - A participação efetiva nas fases de sua implantação pode diminuir essas reações - O ambiente externo e a competitividade impulsionaram a empresa estudada a ter mais controle de recursos e ser mais voltada para resultados - O Banco do Brasil possui valores compartilhados que formam uma cultura organizacional Santos (2005) Cultura Organizacional - Essa cultura sofre influências da cultura nacional e da cultura das profissões - A cultura organizacional é mais forte do que as culturas regionais - Existe um alinhamento entre os valores da organização e os valores percebidos nos Pereira (2005) Cultura Organizacional empregados na Petrobras da Bacia de Campos - Esse alinhamento contribui para o alcance dos objetivos estratégicos da empresa - A cultura relativamente homogênea encontrada em quatro entidades de ensino superior que se fundiram favoreceram essa fusão Bíscoli (2003) Cultura Organizacional - A nova cultura formada foi mais influenciada por fatores políticos e econômicos do que as culturas das entidades estudadas antes da fusão - Os valores de empresas sem fins lucrativos diferem dos valores de empresas com essa finalidade - Algumas atividades da organização estudada são Sampaio usadas pelos empregados para que sejam obtidos Cultura Organizacional (2004) benefícios pessoais, sem comprometimento com ela e seus objetivos - Entender essas características do trabalho do terceiro setor é fundamental para que organizações com essa finalidade se estruturem - A cultura do Pão de Açúcar é do tipo clã, o que favorece o valor do cuidado com os empregados Barboza Cultura Organizacional - A cultura organizacional favorece o investimento (2006) no desenvolvimento dos colaboradores com essa visão Fonte: Pesquisas dos autores relacionados 42 Em relação ao trabalho realizado, dada a sua característica exploratória, podem-se traçar alguns resultados esperados, os quais poderão ser comparados com o que foi observado nas pesquisas realizadas. São eles: 1. O comportamento dos grupos atuais é impactado pelas características culturais herdadas dos grupos existentes anteriormente; 2. Esse impacto é forte no que se refere ao relacionamento intergrupal. A expectativa do primeiro resultado advém da força da cultura e da determinação que o conceito tem no comportamento dos indivíduos. Essa força, que vem sendo estudada há vários anos por teóricos de todas as áreas do conhecimento humano, principalmente da Antropologia, vem sendo demonstrada nos estudos dessas áreas. No próprio âmbito organizacional, pesquisadores como Pereira (2005), Bíscoli (2003), Sampaio (2004) e Barboza (2006), vêm relacionando a cultura da organização ao comportamento no trabalho. Se nos enfoques mais amplos essa relação tem sido estabelecida, ela deve ser mantida no enfoque mais específico da subcultura dos grupos. Na organização estudada, a formação recente de novos grupos a partir de uma reestruturação deverá contribuir para que sejam observadas nos mesmos características culturais de grupos anteriores. Reforça essa expectativa o pouco espaço de tempo transcorrido da última mudança estrutural na área analisada. A formação de novas características culturais nos grupos ainda é imatura, o que deverá favorecer a possibilidade de se encontrar relações entre a subcultura dos grupos anteriores e o comportamento dos grupos atuais. Em relação ao segundo resultado esperado, contribui para a expectativa de encontrá-lo o conhecimento da história da empresa e das relações intergrupais que foram ocasionadas a partir dela. No início da década de 90, a empresa em questão, que era organizada de forma estritamente funcional, passou a ser dividida em áreas de negócio com o objetivo de que as mesmas pensassem em si mesmas como centros de lucro e não apenas de despesas. Como efeito colateral, criou-se na organização uma competição entre as áreas quanto ao montante de lucro que forneceriam para a organização. 43 Após esse movimento, a partir do início desse século, a empresa passou por outra fase em que o conceito de competências essenciais e o compartilhamento de serviços foram implantados na organização. Com isso, unidades de serviço que faziam parte das áreas de negócio se centralizaram e se desligaram hierarquicamente das mesmas. Entretanto, os profissionais que compuseram as áreas prestadoras de serviço faziam parte anteriormente das áreas de negócio que tinham, como uma de suas características culturais, a competição e o conflito. Dessa forma, o trabalho em equipe e a colaboração, necessários ao conceito de serviços compartilhados devem ser os mais prejudicados com as mudanças estruturais. 44 3. METODOLOGIA Na definição da metodologia que foi usada neste trabalho foi escolhido, com base nos objetivos delineados para a mesma, o tipo de pesquisa que melhor se adequasse às propostas expressas nos mesmos. Além disso, foi definida a forma como seriam escolhidos os indivíduos e documentos pesquisados e o porquê dessas escolhas. Dessa forma, pôde ser delineada a forma como os dados seriam coletados nos objetos de estudo definidos. Ainda com base nos objetivos propostos, foram definidas possíveis categorias de análise a serem buscadas nas informações obtidas por meio da coleta de dados, o que, por fim, possibilitou a descrição da forma de tratamento de dados escolhida para subsidiar a análise que alcançaria os objetivos propostos. 3.1 TIPO DE PESQUISA Visando uma análise profunda e diversificada de temas subjetivos como comportamento e cultura, a metodologia deste trabalho foi definida como qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas como forma de coleta de dados. O objetivo foi coletar as impressões dos indivíduos pesquisados quanto ao comportamento atual dos grupos aos quais pertencem. Também foram coletadas as impressões sobre os impactos da forma de trabalho dos grupos anteriores, dos quais participavam antes da reestruturação, no comportamento dos grupos atuais. Esse formato está condizente com exemplos de pesquisas qualitativas referenciadas por Denzin et al (2006), as quais apresentam como base experiências de vida ricas e variadas, e que não podem estar desvencilhadas do pesquisador. Outro autor que corrobora essa visão é Flick (2004) quando afirma que os aspectos principais de uma pesquisa qualitativa são a escolha das teorias que embasam as análises realizadas, as diferentes perspectivas de análise, além das próprias reflexões do pesquisador acerca de sua pesquisa, o que redunda em uma variabilidade de métodos e abordagens. Outros autores que também confiam na diversidade oferecida pela pesquisa qualitativa são Vieira et al (2006). Os autores afirmam que a pesquisa qualitativa oferece a possibilidade de buscar, na profundidade dos discursos, as respostas às 45 questões feitas. Essa busca envolve diretamente a crença do pesquisador e sua relação com o tema. Essa metodologia permitiu ao pesquisador investigar de forma profunda e aberta questões que somente podem ser verificadas por meio de uma análise qualitativa, pois, segundo Denzin et al (2006), os cientistas sociais usam sua história e os significados que ela traz para interpretar e observar o mundo em que vivem. Essa visão é complementada por Flick (2004, p. 21), na afirmação de que “A meta da pesquisa concentra-se menos em testar o que já é bem conhecido (por exemplo, teorias já formuladas antecipadamente) e mais em descobrir o novo e desenvolver teorias empiricamente embasadas.” Este autor acredita que cada caso difere dos demais em suas características interpretáveis fazendo com que os pontos de vista e as observações realizadas para um contexto mudem totalmente em relação a outro que tenha características semelhantes, mas que tenha outro contorno. Uma das possíveis abordagens teóricas relacionadas à parte interpretativa da pesquisa qualitativa, que foi utilizada nessa pesquisa, é a indução analítica, metodologia que busca na realidade observada dos fatos de forma profunda e exaustiva, além da interpretação baseada na teoria, a base para suas análises, conforme explicação trazida por Denzin et al (2006), a indução analítica é uma forma qualitativa e não-experimental de análise de casos com o objetivo de mostrar causas para fenômenos observados. A diferença fundamental entre esse método e sua aplicação na pesquisa, entretanto, é a investigação exaustiva de vários casos. Como essa pesquisa apenas estudou um caso, o estudo não se propõe a generalizações, mas à exploração. Nesse sentido, os próprios autores esclarecem, citando Manning (1991), que o objetivo mesmo a que se propõe a indução analítica não pode ser considerado viável se tomado como verdade absoluta, pois generalizações universais a toda prova são pouco prováveis de se conseguir. Entretanto, o método pode auxiliar o pesquisador na busca por um contexto único comparável a uma realidade exposta na teoria para que seja com ela comparado. Segundo Denzin et al (2006), essa metodologia está alinhada com as práticas mais atuais de pesquisa social, pois leva em consideração a impossibilidade do pesquisador analisar a questão de forma isolada de si 46 mesmo já que ele é não somente o estudioso como também o cidadão, participando no fato estudado. Esse formato substitui a idéia de “generalizações e conclusões reais” pela busca por “descrições densas”. Em relação à profundidade da análise e sua temporalidade, este estudo adotou a tipologia de corte explorada por Vieira e colaboradores (2006), mais especificamente uma dessas tipologias, a seccional com perspectiva longitudinal, quando as informações são coletadas em um determinado momento, mas resgatam informações do passado. Esse resgate é utilizado para explicar fenômenos atuais. Além disso, adotará também o nível de análise grupal, no qual, segundo Vieira et al (2006, p. 22), “o objeto central de interesse da pesquisa é o grupo ou grupos organizacionais.” Segundo Denzin et al (2006) o positivismo, o pós-positivismo, o construtivismo e os esquemas de ação participativa criaram métodos, critérios e suposições que particularizam sua aplicação ao entendimento da realidade observada, caracterizando-os como as principais abordagens metodológicas da pesquisa qualitativa atualmente. Entretanto, como lembram os autores (2006, p. 163), “os diversos paradigmas estão começando a se mesclar”. Na busca pelo entendimento das questões com maior profundidade, dadas as características da pesquisa proposta, foi escolhido como paradigma de análise dos dados o construtivista. Segundo Denzin et al (2006), este paradigma pressupõe que existem múltiplas realidades, que o pesquisador e o entrevistado buscam juntos o entendimento das questões propostas e que existem metodologia de análise oriundas do mundo natural. O método prevê fidedignidade, transferibilidade, confiança e confirmalidade. Este paradigma pode ser oriundo de um estudo de caso interpretativo, a metodologia de pesquisa escolhida para este estudo. Mesmo tendo escolhido o paradigma construtivista como a base deste estudo, entretanto, cabe utilizar uma ressalva dos próprios autores em relação à característica do estudo qualitativo e ao próprio pesquisador, de que um único paradigma não pode descobrir a verdade, já que este é um mundo propício à variedade de pensamentos e vozes, não sendo única a explicação para os fenômenos que o cercam. Dessa forma, a escolha do paradigma objetiva embasar a análise dos resultados e as conclusões obtidas no formato utilizado pelos pesquisadores 47 qualitativos quando fazem um tipo de pesquisa semelhante a que este estudo pretende realizar. Entretanto, não significa que este paradigma será suficiente para que as conclusões sejam obtidas e, eventualmente, ele poderá não embasar de forma direta uma ou outra conclusão obtida, frente às próprias características da pesquisa e seu objeto de análise, ou seja, o ser humano com todas as suas facetas e complexidades. Assim sendo, apesar das inferências realizadas a partir do método escolhido de análise, elas devem ser entendidas como a visão do pesquisador auxiliado pelos entrevistados escolhidos que não são a verdade absoluta da situação, mas foram percebidas dentro do contexto estudado e, por isso, merecem consideração e análise por parte do leitor. 3.2 UNIVERSO/AMOSTRA O universo de pesquisa foi o conjunto de empregados e prestadores de serviços da área de telecomunicações e tecnologia da informação do RN de uma empresa de grande porte brasileira. Representantes de toda força de trabalho da área analisada foram pesquisados incluindo gerentes, técnicos e prestadores de serviços. Todos os pesquisados fizeram parte de 'grupos anteriores' na organização e fazem parte de 'grupos atuais' ou são novos membros nos 'grupos atuais' que convivem com membros de seus grupos que fizeram parte de 'grupos anteriores'. Como a pesquisa foi qualitativa, o número de pesquisados foi estimado em cerca de vinte pessoas para que fossem entrevistados membros dos 'grupos atuais' que exercessem diferentes funções na área e fizessem parte de diferentes gerências da mesma. Dessa forma, foram pesquisados gerentes, profissionais de nível superior, profissionais de nível médio, empregados de empresas prestadoras de serviços de diferentes gerências da área analisada. Foram pesquisados 2 gerentes, 9 profissionais próprios não gerentes, além de 1 empregado de empresa prestadora de serviço. Essa diversidade de profissionais entrevistados foi importante para que pontos de vista que poderiam ser diferentes em virtude de função ou ocupação fossem explorados na pesquisa. No conjunto de pesquisados, 5 profissionais eram de nível médio e 7 de nível superior. Dessa forma, os profissionais 48 pesquisados possuíam características diferentes umas das outras, o que garantiu a diversidade da pesquisa realizada. O gerente poderia ter, por exemplo, esta característica, que o diferenciava de um empregado nãogerente e ao mesmo tempo ser de nível médio ou superior. O quadro abaixo resume as características dos pesquisados: Quadro 3 – Características dos pesquisados Função do empregado Gerente Próprio não-gerente Terceirizado Nível de escolaridade Médio Superior 1 1 3 6 1 Fonte: Empresa pesquisada O critério para escolha dos entrevistados foi a sua participação em grupos que fossem compostos também por colaboradores que trabalhavam na área antes da primeira reestruturação passada por ela, em 2004. Dessa forma, a subcultura dos grupos anteriores esteve representada por componentes que deles fizeram parte antes que houvesse uma reestruturação que mesclasse esses grupos formando outros grupos que, posteriormente, foram complementados por outras pessoas que vieram a fazer parte da organização. 3.3 PLANO DE COLETA DE DADOS A coleta foi realizada ao longo de cinco meses para permitir que todas as entrevistas necessárias fossem realizadas. O número de vinte pessoas foi apenas uma estimativa. As entrevistas foram encerradas quando os elementos encontrados nos discursos se repetiram a ponto de serem percebidos como as características formadoras dos elementos culturais da área analisada. Segundo Vieira et al (2006, p. 17) “a lógica e a coerência da argumentação na pesquisa qualitativa baseiam-se em uma variedade de 49 técnicas usadas de uma maneira qualitativa, tais como entrevistas formais e informais, técnicas de observação de campo, análise histórica, etnografia.” Neste trabalho, entre tais métodos, as entrevistas foram escolhidas como forma de coleta de dados e tiveram tempo livre visando o esclarecimento completo das questões perguntadas por parte do entrevistador. As entrevistas foram gravadas para permitir o aprofundamento da análise de conteúdo a ser realizada. A coleta dos dados teve o consentimento dos gerentes dos colaboradores pesquisados. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, com um pequeno roteiro de questões previamente estabelecido, visando, principalmente, lembrar ao entrevistador alguns temas que deveriam ser explorados durante a entrevista. Entretanto, a principal característica da pesquisa que foi realizada é a construção da mesma ao longo da própria entrevista, com as questões sendo formuladas com base nas respostas oferecidas pelo respondente. Esse formato de entrevista permitiu explorar as questões pesquisadas de forma mais profunda, com o estabelecimento de um diálogo com o pesquisado, coerente com o tipo de metodologia usado neste estudo, já descrito anteriormente. Essa forma de realizar a pesquisa qualitativa é corroborada por Flick (2004), já que ele afirma que o principal instrumento de trabalho da pesquisa qualitativa são os textos, que refletem as entrevistas realizadas e são interpretados pelas teorias existentes. Dessa forma, uma trajetória cíclica é formada nessa forma de pesquisa. As perguntas partem da teoria e dão origem às entrevistas, que são transformadas em textos e interpretadas pelas próprias teorias da qual partiram. O elemento que intercala as duas partes do ciclo é o texto formado a partir das entrevistas realizadas. Vieira e colaboradores (2006) também atestam a importância dos textos para a pesquisa qualitativa quando afirmam que a pesquisa realizada deve ser exaustivamente descrita para que se apresente como confiável. Pretendeu-se empreender, dessa forma, uma pesquisa profunda pelos discursos contextualizados de sujeitos de pesquisa que fizeram a história da área em determinado momento de sua existência e compartilharam com os colegas daquela época determinados valores e formas de ver o mundo que orientaram seus comportamentos. Esse momento foi resgatado por meio de 50 incursões guiadas pelo pesquisador em uma análise histórica dos textos falados. Esse momento foi então comparado com o momento atual presente para essas testemunhas do tempo mais antigo, mas também por aqueles que não participaram do momento antigo, buscando-se na atualidade aquilo que foi construído no passado, sob outro contexto, mas que continua sendo levado para o presente justamente pelos sujeitos de pesquisa que fizeram parte de antigos grupos da organização por meio da influência de seus valores de trabalho, eventualmente influenciados pela subcultura dos grupos anteriores aos quais pertenceram. Para diferenciar entre as opiniões e características do indivíduo daquelas que compõem o pensamento grupal, este estudo contou com a agregação das respostas obtidas. Aquilo que for comum, que fizer parte da maioria das respostas obtidas foi entendido como reflexo do grupo, enquanto as opiniões isoladas foram entendidas como parte da personalidade de cada indivíduo parte da pesquisa, mas que não interessou, a não ser como parte do contexto da resposta, às investigações feitas por este estudo. 3.4 CATEGORIAS DE ANÁLISE Algumas categorias de informação auxiliaram na análise das entrevistas para compor o resultado. Essas categorias são: Cultura (composta por subcategorias como a cultura organizacional em si, as subculturas dos grupos, as representações e manifestações culturais presentes na organização); Comportamento (composta por subcategorias como opiniões sobre alguns assuntos organizacionais, a forma de dividir o trabalho entre os membros dos grupos, a busca por resultados, entre outros comportamentos manifestados); Contexto organizacional (composta por subcategorias que representam a forma como a organização maior influencia os grupos como a estrutura organizacional, as reestruturações realizadas, a organização centralizada 51 do trabalho, entre outras interferências da grande organização que contextualiza os grupos estudados). A inter-relação entre as categorias de análise apresentada ajudou no entendimento do impacto da cultura organizacional sobre o comportamento dos grupos no âmbito das mudanças estruturais ocorridas na área da organização em questão. A identificação das características relacionadas à cultura organizacional e à subcultura dos grupos como os valores compartilhados, os artefatos e os mitos, além dos indícios culturais presentes em fluxos de trabalho, processos e organização interna dos grupos foi comparada com as características comportamentais dos grupos presentes nas opiniões sobre outros grupos, na integração que os grupos têm entre si no trabalho, na divisão de tarefas, na homogeneização do trabalho, na valorização do trabalho em grupo e na busca por resultados, no âmbito das mudanças ocasionadas pela reestruturação organizacional. Para que essa comparação desse subsídios às análises realizadas, foram entendidas as características culturais oriundas, principalmente, dos grupos extintos com a reestruturação organizacional, o que foi possível devido à manutenção nos novos grupos de membros dos grupos anteriores à reestruturação. Funcionaram como controle para embasar as análises as características da empresa como um todo (cultura organizacional) e as características das subculturas dos grupos atuais. Comparando, assim, os diferentes grupos de características culturais com as características comportamentais dos grupos, pôde-se concluir quais características culturais mais influenciam o comportamento vigente, ou até mesmo que não há nenhuma influência dessas características. 3.5 TRATAMENTO DOS DADOS O tratamento dos dados foi feito por meio de análise de conteúdo para que o que foi relatado pelos participantes da pesquisa ajudasse ao pesquisador no entendimento das questões propostas. Segundo Bardin (1977), a análise de conteúdo consiste em um conjunto de técnicas que procura obter indicadores relacionados a mensagens analisadas de modo que estas possam ser explicadas em seu significado no contexto das suas emissões e recepções. A análise de 52 conteúdo se presta, dessa forma, a organizar um conteúdo disperso em categorias que permitam sua comparação e posterior análise. Nesta pesquisa, a análise de conteúdo foi aplicada para retirar das falas dos entrevistados indícios relacionados a elementos culturais, a comportamentos no trabalho, a influências técnicas e de novos membros nos grupos para que, dessa forma, fosse possível descrever a cultura da área analisada e suas conseqüências no comportamento dos grupos. O primeiro trabalho que foi realizado chama-se, no método, de organização da análise. Essa parte do método consiste na pré-análise do material coletado, ou seja, das entrevistas realizadas. Na pré-análise das entrevistas foi feita a leitura preliminar do que foi coletado, o que foi facilitado pelo fato do próprio pesquisador ter aplicado as entrevistas nos meses anteriores ao início da análise. Após a leitura preliminar, também conforme preconizado no método de análise de conteúdo, foram definidos indicadores relativos ao material coletado a partir dos objetivos deste estudo, pois estes traduzem o que se esperava encontrar no material quando a pesquisa foi iniciada. Dessa forma, foram definidos os indicadores que nomeiam as linhas dos quadros montados nos apêndices B e D, ou seja, elementos da cultura e subcultura dos 'grupos anteriores', elementos da cultura e subcultura dos 'grupos atuais', elementos herdados, elementos da nova subcultura, influência dos aspectos técnicos, influência da cultura no comportamento dos grupos e influências dos novos componentes dos grupos. Após a definição dos indicadores, foi construída a tabela, que após a inclusão do conteúdo transformou-se no quadro que compõe o apêndice B deste trabalho, para receber o conteúdo das entrevistas realizadas de acordo com os indicadores levantados e feita mais uma leitura de cada entrevista, desta vez com o objetivo de recortá-las e caracterizá-las conforme estes indicadores. Dessa forma, os conteúdos caracterizados como parte do primeiro indicador foram aqueles que atuavam como elementos de causalidade de comportamentos dos grupos percebidos nos discursos analisados que pudessem representar elementos culturais como crenças, valores, normas, rituais. Foram coletadas apenas as falas referentes aos grupos pelos quais os entrevistados passaram que não fosse o último, que são caracterizados como 'grupos anteriores'. 53 Os conteúdos caracterizados como parte do segundo indicador foram aqueles que tiverem o mesmo impacto no comportamento que os relativos ao primeiro, mas que estiveram contidos nas referências feitas apenas em relação ao grupo atual do entrevistado, ou seja, o último grupo por ele relatado. Alguns entrevistados, os novos na organização, com menos de dez anos de empresa, tiveram seus discursos coerentes com os objetivos do indicador levantado apenas como parte deste indicador, pois não existiam, no caso deles, diferentes grupos a relatar. O terceiro e quarto indicadores foram definidos a partir dos elementos caracterizados no primeiro e no segundo. Os elementos que se repetiram nos dois indicadores foram definidos como parte do terceiro e os que não se repetiram como parte do quarto. Em relação ao quinto indicador, os conteúdos que apresentaram influências no relacionadas às comportamento próprias dos atividades grupos motivadas relatadas como por questões complexidade, tecnologia, padrões e normas internacionais relacionados às atividades, teorias relacionadas às atividades realizadas, entre outros, foram relacionados ao indicador como causas. No sexto indicador, os comportamentos que foram base das influências relatadas pelos entrevistados foram descritos e relacionados a seus elementos causais explicitados no primeiro e segundo indicadores. Por fim, em relação ao sétimo indicador, foram colocados elementos encontrados em cada entrevista que remetessem a comportamentos influenciados pela presença de novos membros nos grupos, como os motivados por inexperiência, adaptação, conhecimentos pessoais; enfim, características que tenham sido relatadas nos novos membros dos grupos que pudessem interferir no comportamento dos mesmos na ótica dos entrevistados. Após a análise das entrevistas de acordo com as categorias de análise oriundas dos objetivos da pesquisa, foi montado um quadro com os principais pontos percebidos nas entrevistas, que compõe o apêndice D deste trabalho. Para que ele fosse montado, o conteúdo das entrevistas foi analisado e foram retirados os elementos que mais apareceram nos relatos obtidos. Dessa forma, a análise de conteúdo realizada trouxe como resultado os elementos 54 que formam a cultura organizacional da área analisada, suas causas e influências. Para montar este quadro e pudessem ser revelados, os elementos culturais da área analisada e suas influências no comportamento, a influência das questões técnicas e a influência de novos membros nos grupos, os elementos encontrados em cada entrevista precisaram ser comparados uns com os outros. Dessa forma, seguindo o método de análise de conteúdo conforme descrito anteriormente, foi feita a codificação de todos os elementos encontrados para que se tivesse uma visualização mais homogênea e ela ajudasse a formar um quadro geral do que foi coletado. Para codificar os elementos já divididos entre os indicadores levantados, eles foram analisados da entrevista um para a doze e receberam um nome diferente relativo ao tema a que estivessem relacionados. Esse levantamento foi feito para cada um dos indicadores levantados. Dessa forma, caso o elemento estivesse contido em um tema já relacionado, ele não daria origem a outro tema, mas seria contado como um que já tivesse aparecido. Assim, foram levantados os diversos temas codificadores, dispostos no quadro incluído no apêndice C deste trabalho. Em relação aos indicadores três e quatro, foram construídos com base nos indicadores um e dois. Os temas que apareceram como mais importantes nos indicadores um e dois conforme o número de vezes em que foram contados em cada indicador do qual fizeram parte dos dois, compuseram o indicador três. Os temas restantes compuseram o indicador quatro. O indicador cinco foi construído a partir dos indicadores um e dois. Após a definição dos temas que mais apareceram nesses indicadores, o comportamento a eles associados nas entrevistas em que apareceram foram buscados e relacionados de forma conjunta a cada tema. Após a construção dos indicadores, da forma com a qual foram construídos e retirados do texto, após a definição dos que apareceram nas entrevistas como os mais importantes, deram origem aos elementos culturais percebidos nas entrevistas realizadas que compõem a cultura da área analisada. Isso porque a categorização dos temas, como estes estão ligados aos indicadores que já funcionarão como categorias, já estava realizada. 55 Dessa forma, foi definido o quadro com os temas mais relevantes e as entrevistas nas quais apareceram, que compõe o apêndice D deste trabalho. Dessa forma, os resultados das entrevistas foram entendidos como descritos, com seu conteúdo categorizado e ordenado com o objetivo de subsidiar suas análises. Além das entrevistas e sua análise de conteúdo, também puderam auxiliar nas análises dos resultados ou, conforme a metodologia de análise de conteúdo, nas inferências realizadas sobre eles, um diário de observações realizadas no período de Março a Abril de 2010 na área da empresa analisada. Seus resultados encontram-se no apêndice E deste trabalho. Além das entrevistas e do diário de observação, foram trazidos para o contexto deste trabalho pontos de alguns documentos que puderam auxiliar na análise final dos resultados. Com esse intuito, pontos de cinco documentos foram descritos como resultados deste trabalho, a Estratégia Corporativa, os Desafios para Tecnologia, os Desafios para Recursos Humanos, os Valores da Empresa e a Focalização Estratégica da área analisada. Esses pontos encontram-se descritos no anexo deste trabalho. 56 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS A análise das entrevistas mostrou que foram encontradas influências e relações entre cultura e comportamento na área da organização analisada, além de relacionadas outras influências como a técnica e a presença de novos membros nos grupos. Entretanto, para que essas influências sejam caracterizadas, foram comparados os elementos culturais encontrados nos 'grupos anteriores' com os encontrados nos 'grupos atuais', além de ser realizada a caracterização desses elementos. Posteriormente, a cultura e suas relações com o comportamento organizacional foram descritas para que todas as implicações dessas relações fossem exploradas. Dessa forma, ficou caracterizada a cultura da área da organização analisada, além de exploradas as influências dessa cultura, em conjunto com a análise de outras implicações, objetivo principal deste estudo. 4.1 COMPARAÇÃO ENTRE ELEMENTOS CULTURAIS ENCONTRADOS EM 'GRUPOS ANTERIORES' E OS ENCONTRADOS EM 'GRUPOS ATUAIS' De uma maneira geral, a comparação pretendida neste item do trabalho pode ser percebida por meio da caracterização histórica dos principais pontos levantados nas entrevistas. Apesar de diversos elementos culturais terem sido verificados ao longo da análise das entrevistas, alguns se mostraram mais repetitivos nas impressões colhidas dos entrevistados, o que os mostra como primordiais na formação e caracterização da cultura da área. Tomando-se, dessa forma, os pontos principais das entrevistas, pode ser percebido que um dos valores partilhados pelos „grupos anteriores‟ dos quais os entrevistados participaram ao longo de sua história na organização foi a caracterização do trabalho como individual e da responsabilidade de cada empregado, encontrado nas entrevistas E1, E2, E3, E4 e E6, sendo raras as trocas e interações no que se refere à realização das atividades dos grupos. Esse elemento também foi encontrado no diário de observações do pesquisador, conforme trechos retirados da pesquisa: 57 A atividade funcionava com o gerente repassando uma tarefa individual para cada um dos membros do grupo e este atendia sozinho a toda demanda repassada. Características: Trabalho individualizado, competição entre colegas. (E1) Outra característica cultural percebida nos grupos anteriores aos quais os entrevistados pertenciam era o valor do respeito à hierarquia e à autoridade hierárquica na organização, encontrada nas entrevistas E1, E2, E7, E10, além do diário de observações do pesquisador, conforme os seguintes trechos: Fui para a nova equipe obrigado pela organização e exercia atividades que não gostava na nova área. As atividades que desenvolvia não foram negociadas comigo, mas impostas pelo gerente desta área. (E2) Outra característica cultural vigente nos grupos anteriores era a crença de que o trabalho deveria ser realizado em equipe, com interações e troca de informações entre as atividades de modo que as atividades e tarefas designadas fossem entendidas como uma responsabilidade do grupo como um todo e não apenas de um ou outro empregado, foi encontrada nas entrevistas E2, E7, E10 e E11. Esta contrasta com a primeira levantada nesta análise, mostrando que coexistiam elementos culturais em oposição na área analisada. Este assunto, entretanto, será posteriormente retomado. O seguinte trecho exemplifica esta característica encontrada: Neste grupo das áreas operacionais, todos trabalhavam em equipe, se ajudando e compartilhando as atividades que desempenhavam, apesar de cada um ter uma tarefa específica e definida. Entretanto, quando havia necessidade ou urgência, uns se ajudavam nas atividades dos outros, em um trabalho realmente compartilhado. Essa característica do trabalho se repetia independentemente da equipe a qual iria compor. (E7) Outras características culturais como a crença na realização de tarefas autônomas e com o formato decidido pelo próprio executor, as diferenças de status atividades, funções e cargos distintos, a importância do relacionamento pessoal nas atividades, na formação dos grupos e no relacionamento entre grupos, além da crença no mérito pessoal percebido na distribuição de melhores oportunidades ou avaliações foram elementos fortes na cultura da área no passado e não foram mencionados com tanta força no 58 que concerne às características dos novos grupos. Estes elementos e a forma como foram percebidos estão descritos no quadro 4: Quadro 4 – Elementos culturais de 'grupos anteriores' que não aparecem com tanta força nos 'grupos atuais' Elementos culturais Tarefas autônomas Diferença de status Relacionamento pessoal Influência do mérito pessoal Entrevistas em que foi percebido 1, 2, 3, 4, 6, 7 1, 3, 4, 7, 10 1, 2, 3, 10 1, 2, 3, 4 Fonte: Entrevistas realizadas Isso mostra que, apesar de alguns elementos terem bastante força para se manterem nos grupos ao longo do tempo e serem referenciados como pontos importantes dos grupos atuais, existem outros pontos que perderam força e, até mesmo, deixaram de existir sendo suplantados por outros pontos relevantes. Essa continuidade e alternância de elementos culturais impactantes no cotidiano dos grupos caracterizam a evolução cultural que sofreram ao longo dos anos. Conforme Robbins (2005), os grupos formam um tecido social que lhes dá sustentação. Entender, dessa forma, como a importância desses elementos foi alterada ao longo dos anos ou não fornece pistas sobre a formação desse tecido social e seu impacto sobre os próprios grupos. Dessa forma, os elementos culturais encontrados em 'grupos anteriores' podem ser resumidos no quadro 5, incluindo sua permanência ou não nos „grupos atuais‟. Quadro 5 – Elementos culturais encontrados em 'grupos anteriores' Elementos culturais que permaneceram nos 'grupos atuais' Trabalho individual Respeito à hierarquia e autoridade Trabalho em equipe Fonte: Entrevistas realizadas Elementos culturais que não permaneceram nos 'grupos atuais' Tarefas autônomas Diferença de status Relacionamento pessoal Influência do mérito pessoal 59 Schein (2001) afirma que a cultura organizacional começa a ser formada quando a empresa é fundada, pois seus fundadores lhe imprimem características que perdurarão ao longo de toda história da organização. Na análise da cultura de uma área da empresa, já que ela é formada a partir de grupos que já estavam na organização antes de sua formação, deve-se levar em consideração que ela receberá influências não apenas vigentes à época de sua fundação, mas também de características formadas no cotidiano histórico dos grupos, o que é previsto pelo próprio Schein (2001), quando afirma que, na medida em que evoluem, alguns desses aspectos são repensados e até revistos. Elementos que perduram com o tempo e vão continuando na organização ao longo de vários anos de história podem ser remontados à época da fundação e das características incorporadas à empresa na ocasião. Dessa forma, as características culturais percebidas nos „grupos atuais‟ são as normas e padrões aos quais as atividades desenvolvidas pelos grupos estão submetidas, o valor de respeito à hierarquia e à autoridade dela emanada, a crença no trabalho individualizado, que não é compartilhado pelo grupo. Além desses, foram também identificados a crença de que as decisões finais devem ser tomadas pelo gerente, não cabendo autonomia de decisão aos empregados, a crença de que as normas e procedimentos devem ser estabelecidos por um órgão central e apenas aplicados pelas áreas locais, a normatização do próprio relacionamento entre os grupos, além da manutenção do valor atribuído ao trabalho em equipe convivendo com a valoração do trabalho individual, o que confirma a coexistência de diferenças culturais em relação a este item. O primeiro item cultural foi encontrado nas entrevistas E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7 e E8, as normas e procedimentos aos quais as atividades passaram a ser submetidas, além de também constar do diário do pesquisador, conforme trechos a seguir: A formalidade e o registro das atividades, por exemplo, foi uma das características que o grupo absorveu bem. (E3) O valor do respeito à hierarquia e à autoridade dela emanada foi encontrado nas entrevistas E1, E3, E5 e E10, e está contido, por exemplo, no seguinte trecho: 60 Se a avaliação ocorre para tarefas individuais, cada colaborador acaba se dedicando mais à realização de suas próprias atividades do que ao compartilhamento do trabalho com seus colegas. Contribui também para isso a característica do grupo de respeitar a hierarquia e a autoridade, que impele os colaboradores a dedicarem-se mais ainda às atividades a eles designadas por seu superior hierárquico, não restando espaço para atividades mais compartilhadas. (E5) A crença no trabalho individualizado e sem interações foi encontrada nas entrevistas E2, E4, E5, E6, E8 e E9, e pode ser percebida, por exemplo, no seguinte trecho: A característica de individualidade do trabalho permaneceu no novo grupo, com cada um priorizando suas atividades em detrimento do apoio e contato com o grupo. (E4) A crença de que o gerente deve ser o responsável pelas definições finais do grupo do qual é superior hierárquico, que apóia o respeito à hierarquia e autoridade, foi encontrada nas entrevistas E2, E8, E10 e E11, e pode ser percebida no seguinte trecho: Outro momento em que há partilha entre as atividades é quando as mesmas necessitam de planejamento para serem executadas, não são tarefas do dia-a-dia que podem facilmente ser realizadas, principalmente nas atividades que afetam o trabalho de outros grupos da empresa, o coordenador participa deste planejamento. (E8) A crença de que as normas e procedimentos devem ser pensados por uma estrutura central e apenas ser aplicados pelas áreas locais foi encontrada nas entrevistas E2, E4, E5, E6, E7, E8, E11 e E12, e pode ser percebida, por exemplo, no seguinte trecho: No relacionamento com grupos de sede, existem grupos de trabalho que são criados para implantar alguma novidade ou mudança que afetam o grupo local, mas estes têm mais o objetivo de informar do que discutir e tomar decisões em conjunto, mas que são seguidas pelo grupo local. (E6) O impacto das normas no relacionamento entre grupos, moldando-o, foi encontrado nas entrevistas E2, E4, E5, E6, E7 e E12, e pode ser percebido neste trecho: O grupo se relaciona também com grupos internos dentro da gerência, muito mais como geradores de demandas e repassadores de diretrizes para eles. (E2) 61 Por fim, a crença no trabalho em equipe, com compartilhamento de atividades entre seus membros, trocas e interações, que foi percebido como coexistente à crença no trabalho individualizado, foi encontrada nas entrevistas E6, E9, E10, E11 e E12, e pode ser observada no trecho: Cresceu o número de atividades que o grupo desempenhava e aumentou o número de pessoas que passaram a desempenhá-las. Isso fez com que o grupo voltasse a trabalhar bastante em equipe, partilhando as atividades que desempenhavam. (E7) Quando são comparados os elementos culturais dos grupos anteriores com os elementos encontrados atualmente no cotidiano de trabalho dos grupos, percebe-se a evolução da cultura organizacional da área da empresa analisada, composta exatamente por estes grupos. Alguns elementos foram mantidos, como a individualização do trabalho, atrelada à cobrança por resultados de cada membro do grupo e não do grupo como um todo pelo trabalho realizado. O respeito à hierarquia e à autoridade foi mantido como um dos princípios norteadores do trabalho dos grupos. Além destes, como contraponto à valoração do trabalho individual, o trabalho em equipe aparece como outro elemento cultural mantido, o que mostra que nenhum dos dois elementos culturais teve força suficiente para sobrepujar o outro ao longo do tempo. Os elementos culturais encontrados nos 'grupos atuais' estão resumidos no quadro 6. Quadro 6 – Elementos culturais percebidos nos 'novos grupos' Elementos culturais oriundos dos 'grupos anteriores' Trabalho individual Respeito à hierarquia e autoridade Trabalho em equipe Elementos culturais que apareceram principalmente nos 'grupos atuais' Normas moldam o relacionamento Centralização das decisões normativas Gerente como decisor final Atividades submetidas a normas Fonte: Entrevistas realizadas A manutenção dos elementos culturais oriundos de 'grupos anteriores' está associada à sua força histórica na organização, o que traz reflexos da época de sua fundação. A crença na divisão de atividades ao nível individual 62 está ligada à divisão das atividades entre sede, com atividades de escritório, e trabalho de campo, com atividades ligadas a plantas de produção industrial. Isso pode ser afirmado por meio da análise da evolução temporal de alguns entrevistados dentro dos grupos dos quais fizeram e fazem parte. Esse caminho percorrido pelos entrevistados pode ser percebido em alguns trechos de entrevista realizada: A atividade exercida era informatizar planos de manutenção preventiva de máquinas de grande porte recém-instaladas na unidade de tratamento e processamento de fluidos. (E2) Nesse momento, trabalhava efetivamente em grupo. As atividades do grupo eram complementares e o trabalho de um dependia bastante do trabalho do outro. (E2) Nesse novo grupo, existia uma divisão de atividades por projeto, em que cada empregado do grupo exercia uma atividade específica. (E2) Entretanto, mesmo nos 'grupos anteriores', a crença no trabalho em grupo apareceu também no décimo primeiro entrevistado. Isso demonstra que este item, neste caso, foi influenciado por características individuais ou trazido de outras organizações. Para que a característica se mantivesse no grupo, entretanto, foi necessário encontrar respaldo nos demais membros e também exercer uma posição de liderança no grupo. A análise da evolução do elemento cultural crença no trabalho em equipe está resumida no quadro 7, que mostra a prevalência de entrevistados que acreditam no trabalho em equipe como oriundos de áreas operacionais da empresa, relacionando este fato à crença no trabalho em equipe. Quadro 7 – O elemento cultural trabalho em equipe em 'grupos anteriores' Entrevistados que começaram em Entrevistado que começou em área áreas operacionais administrativa Entrevistado 2 Entrevistado 11 Entrevistado 7 Entrevistado 10 Fonte: Entrevistas realizadas O outro elemento cultural de grupos anteriores encontrado nos grupos atuais, o respeito à hierarquia e à autoridade oriunda dela, é encontrado nos grupos em momentos diferentes, o que reforça este elemento como forte e 63 arraigado na cultura dos grupos, tendo sido herdado da cultura organizacional como um todo. Este elemento cultural foi encontrado, seja nos discursos relacionados a 'grupos anteriores' ou a 'grupos atuais', em seis entrevistas das doze realizadas, o que mostra a amplitude da percepção deste elemento como parte da cultura dos grupos analisados. Dessa forma, as explicações para a existência deste elemento cultural passam pela própria história da organização. Fundada em meados do século passado, sob a égide de um governo eleito após vários anos de ditadura, ainda com resquícios da autoridade e respeito à hierarquia vigente à época, a empresa espelhava seus fundadores, o próprio governo. Após uma experiência democrática de apenas dezenove anos no país, a ditadura militar retorna, o que viria a reforçar na empresa características de sua fundação realizada pouco mais de dez anos antes. Durante o governo militar, a empresa expandiu suas atividades, tendo vários gestores ligados ao mesmo. Ao final deste governo, em seus últimos anos, a empresa deu saltos significativos, estabelecendo as bases para um crescimento vertiginoso que viria posteriormente, principalmente a partir de meados da década de 90. Isso fez com que essas características da organização militar, a crença na hierarquia e no respeito à autoridade formal continuem vigentes na empresa até os dias atuais, como percebido na pesquisa realizada. Isso está de acordo com Schein (2001) e Freitas (2007) que reconhecem o papel dos fundadores como emanadores de características culturais, que perduram nas organizações até mesmo ao longo de toda sua história. Apesar de ter havido outras características culturais que mudaram ao longo dos anos, o que será explorado adiante, este elemento cultural permaneceu firme até os dias atuais, respaldado principalmente na tradição histórica. Outros elementos culturais vigentes nos grupos anteriores foram substituídos por elementos culturais diferentes ou perderam força nos novos grupos. Isso se mostra mais uma vez concordante com as visões de Schein (2001) e Freitas (2007), quando afirmam que a evolução, diversificação e acomodação da empresa a novas realidades mudam ou fazem surgir outras características culturais. 64 Um dos itens mais fortes na evolução cultural dos grupos analisados foi a definição da atual submissão das atividades a normas e procedimentos. Esse novo elemento cultural, que, conforme será explorado adiante, sofreu influências de requisitos técnicos e do ingresso de novos membros nos grupos, associado ao valor de respeito à hierarquia e à autoridade formal, teve influência nos demais elementos culturais novos percebidos nos grupos atuais que compõem a organização. Algumas questões técnicas influenciaram significativamente o aparecimento deste novo elemento cultural. A evolução tecnológica, que tornou mais complexas as atividades desenvolvidas pelos grupos ao longo do tempo e ampliaram os caminhos que essas atividades poderiam seguir na organização, influenciou em sua maior normatização. A certificação de qualidade que a área da empresa passou a buscar torna necessária a existência de normas e procedimentos para as atividades por ela desempenhadas. A noção de que as normas aplicadas às atividades melhoram sua qualidade, conforme as teorias aceitas das atividades desenvolvidas pelo grupo pregam, contribuíram para a normatização das atividades, com o intuito de melhorar sua qualidade para a empresa. Além disso, o fato de características mais técnicas das atividades dificultarem seu controle influenciou na criação de normas e procedimentos para que este controle fosse facilitado pela alta administração da área. O que também contribuiu para esta nova característica cultural foi a presença de novos membros nos grupos, em um processo bem caracterizado no trecho: O fato de existirem empregados e contratados novos nos grupos também contribuiu para a aceitação do que foi levado, visto que, muitas vezes, os empregados antigos tinham certa resistência às novas idéias. Os novos favoreceram a implantação, mas não quer dizer que a mesma apenas aconteceu por causa deles. Ela poderia ter acontecido, mas de forma mais traumática. Os antigos acabam se sentindo pressionados pelo grupo a assumir as mudanças de comportamento preconizadas. (E1) Entretanto, apesar deste elemento cultural ter sido percebido de forma mais característica nos 'grupos atuais', ele pode ser identificado também em 65 'grupos anteriores', principalmente os de sede da área conforme exposto no seguinte trecho: ... o novo gerente do grupo passou a controlar o trabalho mais de perto, o que no grupo anterior não era realizado... a forma de avaliação que anteriormente privilegiava a panelinha ligada ao gerente, passou a ser feita de forma a refletir a nova importância dada ao trabalho e ao controle da realização do mesmo, privilegiando aqueles que tinham seu trabalho melhor avaliado de acordo com o controle realizado anteriormente. Como a tendência de controle mais próximo do trabalho foi crescendo ao longo do tempo neste grupo... (E3) Isso mostra que, em virtude das influências relatadas anteriormente, esse elemento cultural foi ganhando força na sede da empresa até o momento em que culminou com seu desmembramento para as áreas locais da mesma. Isso reforça mais ainda as referências de Schein (2001) e Freitas (2007) que atribuem a evolução cultural a características intervenientes às atividades realizadas pelos grupos. Os demais elementos culturais percebidos nos novos grupos reforçam os dois mais importantes levantados até então. A crença de que as decisões finais devem ser tomadas pelo gerente corrobora o respeito à hierarquia e autoridade formal, pois apenas o gerente tem a autoridade formal para ser o decisor e suas decisões serem acatadas pelos subordinados. A crença de que normas e procedimentos devem ser definidos por um órgão central e aplicadas pelas áreas locais corrobora a autoridade hierárquica deste por meio da aplicação das próprias normas e procedimentos nas áreas locais. Dessa forma, a autoridade do órgão central chega às áreas locais mesmo que este não fique fisicamente próximo. O diário de observações do pesquisador mostra que esse item cultural tem força na área analisada. Em observações realizadas em dias diferentes e com a presença de grupos diferentes, essa foi definida como a melhor forma de gerir. Por fim, a normatização do relacionamento dos grupos reforça o papel das normas e procedimentos para que eles alcancem todos os nichos de atividades desenvolvidos, inclusive nas interfaces entre elas. Assim, entende-se como realizada a comparação entre os elementos culturais encontrados em 'grupos anteriores' e os encontrados nos 'grupos atuais' e ficam definidos como elementos culturais vigentes atualmente 66 primordiais o respeito à hierarquia e autoridade e o estabelecimento de normas e procedimentos às atividades realizadas. Essa parte da análise contribuiu, então, para que o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e o sexto objetivos específicos fossem alcançados. 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA CULTURA ORGANIZACIONAL Conforme pode ser percebido a partir da descrição da cultura organizacional realizada anteriormente, a cultura foi explorada de alguma forma, dando origem a questões que merecem ser mais bem caracterizadas. Essa caracterização auxiliará no entendimento da cultura descrita, preparando as bases para que ela seja posteriormente relacionada ao comportamento observado e este seja mais bem compreendido à luz do entendimento da cultura. Ao longo da comparação entre elementos culturais percebidos em 'grupos anteriores' e em 'grupos atuais' foram identificados elementos culturais. Isso porque são eles sob a forma de valores, crenças, ritos, sagas e normas que possibilitam essa descrição, na medida em que revelam a cultura para quem a estiver analisando. Freitas (2007) descreve os elementos culturais como a consolidação e manifestação da cultura. Durante a análise das entrevistas coletadas, alguns valores organizacionais foram identificados. Entre eles, um valor que foi percebido como importante na caracterização da cultura da área analisada e até mesmo da organização foi o respeito à hierarquia e à autoridade formal. Segundo Freitas (2007), os valores são aquilo que mais importa para a organização, o que ela se esforça para estimular, por meio de seus líderes, no cotidiano organizacional. Em relação à área estudada, este valor é tão importante que perdurou ao longo de vários anos em diversos grupos diferentes e influencia inclusive outros valores e crenças mais atuais dos grupos. Outro elemento identificado, as crenças, caracteriza os grupos, contribuindo também para que seja realizada a organização do trabalho e o comportamento dos grupos na organização. Foram crenças identificadas, por exemplo, a divisão do trabalho e a responsabilização dos indivíduos por ele e 67 também o trabalho realizado em grupo, com compartilhamento de atividades e responsabilidades por parte dos membros dos grupos que o possuem. Apesar de serem duas crenças diametralmente opostas, elas convivem em uma mesma realidade organizacional, o que corrobora o papel das crenças também de caracterizadoras da cultura e de influenciadoras do comportamento. Neste caso, elas definem dois elementos culturais totalmente diferentes e opostos. Apesar de não terem sido identificados como parte da cultura da área analisada devido a seu alcance restrito na mesma, alguns ritos reforçam outras características culturais. Um desses ritos citados é o processo de socialização pelo qual passam novos membros do grupo quando nele ingressam. Esse processo é citado como uma característica importante de um grupo conforme o seguinte trecho: Continuei sendo a referência do grupo, agora socializando novos membros que foram chegando. (E11) Este foi um dos grupos no qual foi identificada a crença no trabalho em equipe e no compartilhamento de atividades como forma de trabalho. Esse rito, desta forma, fortalece e se relaciona à crença do trabalho em grupo. Freitas (2007) lembra que um dos papéis mais importantes dos ritos é mostrar aquilo que é valorizado pela organização. Outro rito identificado que fortalece uma crença da organização é o treinamento formal. Sua caracterização como elemento importante da divisão e das definições do trabalho em um grupo pode ser percebida no trecho: A divisão mencionada no início é muito clara, formando nos colaboradores do grupo uma espécie de ilha de excelência no conhecimento das atividades. A especialização das atividades vai transformando quem as executa em referências de conhecimento naquele assunto. Dessa forma, novas demandas nestes assuntos acabam sendo repassadas para o próprio colaborador que normalmente as executa, contribuindo para a manutenção do ciclo de especialização dos colaboradores em atividades específicas. O conhecimento que o grupo utiliza para realizar suas atividades é passado para seus membros por meio de treinamento formal ou foi repassado para eles pelos próprios colegas que, na falta do treinamento formal, utilizam sempre esse expediente para que as atividades possam ser desenvolvidas. (E8) 68 Esse rito reforça a crença no trabalho individual, dividido entre os membros do grupo e ao qual cada um se responsabiliza. Para se tornarem ilhas de excelência nas atividades, conforme mencionado pelo entrevistado, os membros do grupo precisam passar por treinamento formal, o que também é influenciado pelas características técnicas das atividades desenvolvidas pelo grupo. Outro elemento cultural identificado reforça características definidas a partir de outros elementos ao invés de explicar comportamentos dos grupos. As sagas foram mencionadas em algumas entrevistas, principalmente quando foram relatadas atuações de gerentes aos quais alguns entrevistados foram ligados. Um exemplo dessas sagas aparece no seguinte trecho: Alguns gerentes do período são valorizados como heróis, com suas características pessoais sendo entendidas como responsáveis pelo sucesso ou não do grupo que uma das gerenciavam. (E1) Essas sagas ressaltam o valor identificado como características culturais mais importantes da área analisada, o respeito à hierarquia e à autoridade formal, pois os gerentes aparecem como espelho e referência para seus subordinados. As sagas, segundo Freitas (2007), reforçam e demonstram os comportamentos esperados de seus empregados por parte da organização. Por fim, o último elemento cultural identificado na análise das entrevistas foi um dos mais importantes atualmente na área analisada, a submissão das atividades a normas e procedimentos. Freitas (2007) afirma que as normas mostram o que a organização espera das atividades realizadas e refletem as relações de poder na mesma. As normas e procedimentos identificados nas entrevistas realizadas mostram que a organização espera que as áreas locais desenvolvam as atividades de uma determinada maneira, normalmente definida de forma centralizada, que reflete a autoridade da sede da área analisada sobre as áreas locais. Isso mostra o quanto as normas podem ser importantes para que seja entendida a distribuição e características das atividades ao longo da organização. Entender, a partir da análise dos elementos culturais identificados nas entrevistas, como o sentido das atividades foi construído pelos grupos até o momento em que foram cristalizados os elementos culturais, valida a análise da evolução cultural realizada anteriormente e auxilia no entendimento das 69 conseqüências dos elementos culturais no comportamento observado dos grupos. Segundo Morgan (1996) a cultura é um conjunto de sentidos compartilhados que refletem o aprendizado do grupo por meio de ações, objetos, expressões e situações. Na análise das entrevistas, percebem-se algumas manifestações em que esta construção de sentido aconteceu ao longo da história da organização, ajudando a formar os elementos culturais levantados. Um desses momentos ficou claro em uma passagem já citada da consulta ao terceiro entrevistado. De acordo com esta entrevista, o gerente usa o processo de avaliação da empresa para passar uma mensagem a seus subordinados que foi captada por eles. Essa mensagem mostrava aos subordinados daquele gerente que a forma autônoma de execução das tarefas destinadas ao grupo não era mais tão aceitável, pois passaram a existir regras controladas que deveriam ser cumpridas por eles caso quisessem ser bem avaliados e evoluir em sua carreira. Com esse processo acontecendo por alguns anos e sendo adotado pelos próximos gerentes, o grupo passou a adotar a submissão de suas atividades a normas e procedimentos como elemento cultural. Kotter e Heskett (1994) afirmam que a construção da cultura acontece em níveis diferentes, sendo alguns mais explícitos, facilmente perceptíveis e outros mais implícitos, refletidos no subconsciente dos envolvidos. O exemplo anterior pode ser caracterizado como explícito, pois a mensagem repassada aos membros do grupo, quando analisada, é logo percebida. Entretanto, podem ser percebidos outros momentos nas entrevistas em que esta construção ocorreu em um nível mais subconsciente. O quarto entrevistado, em todos os grupos em que atuara, havia exercido suas atividades de forma autônoma, com um mínimo de restrições e cobranças. Entretanto, conforme pode ser percebido nos trechos de sua entrevista a seguir, essa situação mudou no grupo atual: Se antes as atividades eram exercidas com liberdade e autonomia, após a chegada da TI corporativa e as conseqüentes mudanças hierárquicas oriundas desse fato, suas atividades passaram a ser submetidas a padrões e regras oriundas da sede e o acompanhamento da execução das mesmas ficou bem mais próximo por parte do superior hierárquico. (E4) 70 As regras são necessárias, na medida em que agregam segurança ao produto das atividades, de modo que ele ganhou qualidade e confiabilidade. (E4) De acordo com seu discurso, as regras que alteraram profundamente seu formato de trabalho e tiraram sua ampla liberdade de atuação se mostram como parte de seu cotidiano de trabalho desde sempre. Isso mostra que a construção de sentido se deu com uma repetição intensa da mensagem de que as normas e procedimentos eram importantes por parte de seu superior imediato, mas isso se deu de forma inconsciente, pois, em seu discurso, sempre fizeram parte de suas crenças, o que não se confirmou na história contada por ele. Por fim, segundo Prado Filho (2005), a construção de sentido afeta diversos elementos organizacionais, entre eles a aprendizagem. Na análise das entrevistas, foi percebida uma construção de sentido que alterou a aprendizagem e corroborou uma das crenças da área observadas no grupo. No trecho a seguir, o entrevistado deixa transparecer esse reflexo: O conhecimento que o grupo utiliza para realizar suas atividades é passado para seus membros por meio de treinamento formal ou foi repassado para eles pelos próprios colegas que, na falta do treinamento formal, utilizam sempre esse expediente para que as atividades possam ser desenvolvidas. Isso ocorre inclusive com colegas que fazem parte do grupo, mas são empregados de empresas terceirizadas. Como o treinamento para esses colaboradores é raro devido ao seu alto custo e à pouca disposição da empresa terceirizada para investir em treinamento, esse expediente é utilizado com freqüência, e os colegas acabam funcionando como professores dos colaboradores terceirizados. O que leva à utilização do treinamento de colegas por colegas é também a velocidade com a qual novas atividades são necessárias e a de disponibilidade de treinamentos formais, que normalmente não são convergentes, já que os treinamentos são raros e oferecidos por poucas instituições. (E8) Esse trecho mostra que o grupo passou a entender, com a evolução tecnológica cada vez mais rápida de suas atividades e com o nível de cobrança individual que têm, já que neste grupo há a crença no trabalho individual e especializado, que qualquer nova atividade ou mudança na maneira de realizar as atividades atuais implica em uma necessidade de 71 treinamento formal. O aprendizado cotidiano e a troca de experiências entre os colegas não são sequer citados. Isso corrobora a divisão do trabalho e a especialização de cada um em suas próprias atividades. A cultura organizacional é influenciada por vários aspectos da vivência organizacional, conforme analisado até o momento, mas também por questões econômicas, políticas, conjunturais, características pessoais de seus empregados, como pôde ser percebido em análise anterior, as profissões que compõem a organização, entre outros aspectos. Um dos aspectos que influenciam a cultura organizacional é a cultura do país no qual esta organização está inserida. Entender a relação da cultura nacional com a organizacional pode ajudar a compreender melhor esta última, para que o entendimento de suas relações com o comportamento no trabalho fique facilitado. Hofstede (2003) é um dos pesquisadores que dedicou seu trabalho à análise da relação entre cultura organizacional e a nacional e ele lembra que as diferenças existentes entre a formação histórica dos povos, desde o início de sua formação, afeta a percepção e a programação mental dos mesmos em relação a várias questões. Uma das questões que mais impactam o mundo do trabalho, segundo o autor, é a distância hierárquica, ou seja, a aceitação, por parte das pessoas, de ser submetidas ao exercício do poder por parte de outras pessoas. Quanto maior essa aceitação, maior o valor da distância hierárquica. Santos (2005) é um dos pesquisadores que buscaram esta relação em seu trabalho. Nele, encontrou uma relação muito forte entre a cultura organizacional da empresa por ele estudada e a cultura brasileira. Entretanto, percebeu uma força maior da cultura organizacional em relação às culturas das diversas regiões do país nas quais a empresa atua. Dessa forma, a cultura organizacional mostrou muita força exatamente por estar relacionada à cultura nacional, suplantando, inclusive, as culturas regionais que também influenciariam, na teoria, a cultura organizacional das unidades localizadas nas diferentes regiões do país. Na área analisada da organização foram percebidas relações entre a cultura organizacional e a nacional em itens que tiveram força e relevância na análise e caracterização da primeira. Um dos elementos culturais considerados, de acordo com a análise realizada anteriormente, 72 preponderante na cultura da área estudada, o respeito à hierarquia e à autoridade formal, tem uma relação estreita com a categoria de distância hierárquica levantada por Hofstede (2003). A submissão ao poder formal percebida na área estudada reflete um traço da cultura brasileira de maior grau de aceitação do exercício do poder formal. Apesar de a análise ter sido apenas local, indícios de entrevistados que já participaram de grupos em outros locais mostram que este elemento também deverá aparecer em uma análise mais ampla, o que se aproxima das conclusões de Santos (2005). Essa parte da análise caracterizou os elementos encontrados na parte anterior como culturais frisando-os como parte da cultura passada e presente da área da empresa analisada. Como foi uma análise reforçadora da anterior, contribuiu para o alcance dos mesmos objetivos que a parte anterior da análise ajudou a alcançar, ou seja, o primeiro, o segundo, o terceiro, o quarto e o sexto objetivos específicos. 4.3 RELAÇÕES ENTRE CULTURA ORGANIZACIONAL E COMPORTAMENTO NO TRABALHO Nesta parte do trabalho serão exploradas as relações entre a cultura expressa a partir dos elementos culturais colhidos com membros dos grupos da área da empresa analisada e o comportamento no trabalho também retirado dessas entrevistas. Essa análise é de suma importância para que seja verificado o alcance dos objetivos que este trabalho propôs alcançar, bem como encontrar limitações nas análises realizadas e propor soluções para estas. A primeira relação analisada será entre traços culturais opostos e o comportamento nos grupos que os adotam, além do impacto da convivência entre eles na área analisada. Depois serão mais bem analisadas as relações entre cultura e comportamento. Em seguida, será explorada a relação entre os elementos culturais e a necessidade da área analisada e até mesmo da empresa de contornar adversidades e aproveitar oportunidades que se apresentam. 73 A análise de elementos culturais opostos vigentes na empresa, pelo menos os mais importantes, pode ajudar a entender como diferentes tipos de comportamentos convivem na mesma organização. Isso permite que a dinâmica comportamental da empresa seja mais bem compreendida para que decisões mais claras possam ser tomadas pelos gestores. Segundo Morgan (1996) a convivência de diversos grupos em uma mesma organização faz com que estes, a partir do desenvolvimento de suas atividades em condições por vezes diferenciadas uns dos outros, ajam de forma diferente sobre a realidade, o que influencia a formação dos valores compartilhados em cada grupo. Quanto maior a diferenciação e a especialização dos grupos nas organizações, maior a probabilidade de subculturas emergirem. Essa visão é em grande parte compartilhada por Freitas (2007) e por Kotter e Heskett (1994) que a complementam, lembrando da diversidade geográfica e técnica como elementos suplementares de diferenciação. Lobo (2007) exemplificou o impacto da diversidade na formação cultural e comportamental de uma organização analisando o impacto da mesma no entendimento de papéis que diferentes grupos devem cumprir na organização. Os diferentes grupos entenderam seus papéis esperados de forma diferente, mesmo recebendo os mesmos insumos para que formassem esse entendimento. A pesquisadora mostrou, dessa forma, que a vivência e as diferentes condições a que estão estabelecidos grupos diferentes da organização afetam sua percepção e, conseqüentemente, seu comportamento no trabalho. Percebe-se neste trabalho a existência de alguns traços culturais com características opostas uns dos outros, convivendo no mesmo ambiente organizacional. Alguns elementos culturais antagônicos foram perceptíveis a partir das entrevistas, tanto que apareceram como elementos culturais formadores da cultura organizacional da área analisada, descrita na primeira parte desta análise. Esses elementos são as crenças no trabalho individualizado e sem interação com os colegas do mesmo grupo e no trabalho em grupo, com interação constante e co-responsabilização pelos resultados alcançados. Mais importante do que a constatação da existência desses elementos que, apesar de opostos, convivem em um mesmo ambiente, é o 74 entendimento de como eles se formaram e quais as conseqüências que trazem ao comportamento dos grupos que os partilham. Conforme explorado na primeira parte desta análise de resultados, as diferenças em relação aos dois elementos culturais em questão estão relacionadas ao início das atividades dos membros dos grupos que relataram essas experiências na sede ou nas áreas operacionais, com apenas uma exceção, que trouxe a crença no trabalho em equipe de suas características individuais ou de outras organizações das quais participou. Dessa forma, o ponto formador de uma subcultura em que a crença no trabalho em equipe está presente é que este grupo exerça atividades operacionais. Já a manutenção deste elemento cultural nos outros grupos dos quais esses membros dos grupos anteriores passaram a fazer parte posteriormente depende de sua posição no grupo e de quanto tempo passaram em um grupo no qual este não era um elemento cultural dominante. Para ilustrar essa evolução formadora da crença no trabalho em equipe, pode-se tomar o caso dos quatro membros dos grupos anteriores que relataram o caráter compartilhado das atividades que desenvolviam nos grupos anteriores. Trechos de entrevistas revelam o caminho que este elemento cultural percorreu nos grupos dos quais participaram até chegar à situação atual da divisão de tarefas dos grupos dos quais participam atualmente, focando, inclusive, características que influenciaram este elemento. Esses trechos estão descritos a seguir: O motivo dos conflitos era a concorrência entre as pessoas que queriam demonstrar que sabiam fazer seu trabalho melhor que os colegas, mesmo que qualquer parte dele, às vezes até sem importância para o resultado do trabalho como um todo. A concorrência era muito em função das avaliações realizadas pelos superiores e pela evolução mais rápida na carreira. (E2) Eu acredito no trabalho em equipe, acredito que ele dá melhores resultados para a organização. Trabalhei de forma mais independente em alguns momentos, mas não gostava de trabalhar assim. (E2) Isso fez com que o grupo voltasse a trabalhar bastante em equipe, partilhando a atividade que desempenhavam. Acredito que exista espaço, entretanto, para que esta interação entre as pessoas e partilha das atividades melhore 75 ainda mais, com a formação de equipes multidisciplinares, não voltadas para atividades específicas. (E7) Percebo que, neste grupo, os empregados acreditam no trabalho em equipe e rejeitam a divisão extrema das atividades. Acredito que esta característica atual do grupo tenha sido impressa por mim, quando o liderei. (E10) Percebi que, naquele momento, traduzia para o grupo algumas características esperadas pela empresa no trabalho de suas equipes, como o atendimento adequado às necessidades das áreas clientes, e imprimia ao grupo algumas de minhas características como a crença no trabalho alegre e compartilhado entre todos, sendo a grande referência do grupo nessas características. (E11) Neste grupo das áreas operacionais, todos trabalhavam em equipe, se ajudando e compartilhando as atividades que desempenhavam, apesar de cada um ter uma tarefa específica e definida. Entretanto, quando havia necessidade ou urgência, uns se ajudavam nas atividades dos outros, em um trabalho realmente compartilhado. Essa característica do trabalho se repetia independentemente da equipe a qual iria compor. Acredito que essa disposição das atividades está relacionada às características de risco das atividades. Já que, para garantir a segurança de todos, o conjunto de atividades era importante, todos se ajudavam. (E7) Outra explicação que é que o trabalho confinado, que acontecia, por exemplo, no primeiro grupo do qual fiz parte, as pessoas tinham um relacionamento mais próximo, pois conviviam obrigatoriamente uns com os outros em todos os momentos em que estavam trabalhando. Isso possivelmente criava laços de amizade que eram postos em prática no trabalho. (E2) Para explicitar a crença no trabalho em equipe na área analisada da empresa, foi montado um quadro resumo com a evolução que este elemento cultural teve nos grupos dos quais todos os entrevistados citados participaram. Este quadro, o 8, está descrito a seguir: 76 Quadro 8 – A evolução da crença no trabalho em equipe na área analisada da empresa Divisão de tarefas do grupo inicial Motivos influenciadores Trabalho em equipe Riscos operacionais, Trabalho individual trabalho confinado Vários anos em grupos com essa característica 7 Trabalho em equipe Trabalho em equipe Riscos com mais espaço operacionais, para trabalho confinado compartilhamento Crença no trabalho em equipe, divisão de tarefas em pequenas equipes 10 Trabalho em equipe Riscos operacionais, Trabalho em equipe trabalho confinado Referência do entrevistado nos grupos dos quais participou Trabalho em equipe Características pessoais, papel de referência no grupo Referência do entrevistado nos grupos dos quais participou Entrevistado 2 11 Divisão de tarefas do grupo final Trabalho em equipe Motivos influenciadores Fonte: Entrevistas realizadas Uma característica que contribuiu para o aparecimento da crença no trabalho em equipe, que foi percebido na análise da evolução do décimo primeiro entrevistado na organização são as características pessoais dos membros que ingressam nos grupos. Esse fator também foi levantado por outro entrevistado para explicar que, apesar de seu grupo não compartilhar desse elemento cultural, existe uma evolução de seus conceitos que possivelmente o levará a compartilhar essa crença futuramente. Segundo o nono entrevistado, a presença de novos membros no grupo está flexibilizando ao longo do tempo sua característica de extrema individualidade nas atividades e já aparece certo compartilhamento entre as atividades e o conhecimento necessário para que essas atividades sejam realizadas. Isso pode ser percebido no seguinte trecho de sua entrevista: Acredito que o interesse por uma maior colaboração nas diversas atividades que o grupo realiza vem também do interesse dos novos integrantes a realizarem as tarefas dessa forma. (E9) Em relação ao impacto da coexistência desses dois elementos culturais no mesmo ambiente organizacional, não foram identificados muitos conflitos nos preconizadores das duas visões. O que acontece nos grupos que partilham da crença no trabalho em grupo é que estes trabalham dessa 77 forma e os outros repartem suas atividades de forma individual, com responsabilização de cada membro do grupo por suas atividades. Eventualmente, como no caso do grupo do sétimo entrevistado, alguns membros do grupo partilham esse elemento e outros não, o que dá aos primeiros a sensação de que a prática oriunda desse elemento cultural pudesse ser mais ampla, conforme identificado em seu discurso. Uma conseqüência para a organização é que os benefícios das atividades em grupo, dos quais aqueles que partilham dessa crença são entusiastas não acontecem nos grupos que partilham da crença no trabalho individualizado. Entre esses benefícios, foram citados ganhos de comprometimento, motivação e sinergia grupal. Já os próprios entrevistados que revelaram a crença no trabalho individual não relataram muito seus benefícios para a organização. Outra convivência entre elementos culturais diferentes e com propostas opostas foi identificada. Um dos elementos mais claros na cultura da área analisada, que já foi amplamente discutido na caracterização dos elementos culturais, a submissão das atividades a normas e procedimentos, aparece em oposição a outro elemento cultural que não teve força suficiente para emergir como elemento cultural, mas aparece em algumas das entrevistas, a crença na necessidade de atendimento às áreas clientes como prioridade dos grupos. Apesar dessas duas características não serem necessariamente opostas, sua convivência na área analisada mostrou-se dessa forma. Essa característica é percebida em alguns discursos como, por exemplo, na sexta entrevista que, inclusive, explica como essas duas formas diferentes de priorizar o trabalho apareceram na organização. Alguns trechos da entrevista serão usados para essas finalidades: Entrei neste grupo...para realizar atividades de administração e de ligação entre grandes máquinas que forneciam a possibilidade de processar informações da atividade fim da empresa. Essas máquinas foram compradas numa tendência de descentralização dos CPDs responsáveis pelo processamento e guarda das informações da atividade fim da empresa, em um movimento que começou com a divisão entre o processamento das informações corporativas e as da atividade fim. A característica mais importante do grupo era valorizar o 78 atendimento às necessidades das áreas “clientes” em detrimento do cumprimento de regras burocráticas, como preenchimento de formulários e relatórios ou participação em reuniões. Essa característica havia surgido com a criação do grupo, já que esse espelhava essa necessidade do grupo original que foi criado a partir da cisão com a informática corporativa. (E6) Essa característica, que foi textualmente identificada pelo sexto entrevistado, também apareceu em entrevistas de colaboradores que fazem parte da mesma gerência. Dessa forma, apesar de não ter sido uma característica identificada como elemento cultural devido à sua pequena abrangência, ela aparece de forma coesa neste grupo específico tendo alcance restrito, mas relevante do ponto de vista de sua oposição ferrenha ao elemento cultural do qual é antagônico. Entretanto, do ponto de vista da influência da coexistência entre os dois elementos culturais, o elemento de alcance restrito ganha contornos mais pronunciados, principalmente no relacionamento entre os grupos, conforme relatado pelo próprio entrevistado que denunciou esta relação: Em relação ao relacionamento com áreas parceiras de outras gerências, o relacionamento passou a ser conflituoso, pois existiam atividades para as quais as responsabilidades não estavam bem definidas, ou haviam sido definidas de forma unilateral por parte do outro grupo ou da sede da empresa, mas invadiam o espaço destinado rotineiramente ao trabalho deste grupo. A existência desses conflitos está relacionada a uma postura gerencial de usar as regras definidas no formato anterior de forma precisa, sem flexibilizar ou discutir os impactos das mesmas nas atividades do grupo ao qual pertence o entrevistado...Vejo como perigos e entraves a uma evolução cada vez maior da empresa sua burocratização extrema e constante, refletindo a conformação de interesses políticos da organização... (E6) Dessa forma, a existência dos dois elementos culturais contribui para que existam conflitos na organização, principalmente em grupos que dependem uns dos outros na execução de suas atividades. Esses conflitos foram confirmados pelo nono entrevistado. A diferença de impacto entre as relações entre os elementos culturais observados pode ser explicada pelo maior ou menor grau de dependência entre as atividades, trazendo possíveis impactos para a área da empresa principalmente no primeiro caso. 79 As análises acima corroboram a visão de Kotter e Heskett (1994), Morgan (1996) e Freitas (2007) de que a experiência diversificada de seus colaboradores contribui para o aparecimento de subculturas nas organizações e coincidem com os estudos realizados por Lobo (2007) na visão de que essas diferentes experiências proporcionam diferentes percepções e reações à mesma realidade. Para este estudo, colaboram com a visão do impacto de diferentes elementos culturais existentes na área analisada sobre o comportamento organizacional. Nesta parte da análise dos resultados foram também exploradas as relações identificadas entre os elementos culturais da área da empresa analisada e o comportamento percebido. O entendimento desta relação é um dos pontos chaves desta pesquisa para que seus objetivos sejam atingidos e, por este motivo, esta parte da análise pode ser considerada como uma das mais importantes que serão realizadas. Morgan (1996) afirma que os elementos culturais fornecem aos membros dos grupos a noção do que a organização ou o próprio grupo (se analisadas as subculturas) esperam de cada um. A partir deste momento, o comportamento assumido por cada membro do grupo terá reações relacionadas à aceitação do que foi preconizado por aqueles elementos ou não. Segundo Durkheim (2005), a ação grupal é maior do que o indivíduo, porque, mesmo não corroborando pessoalmente com aquilo que foi preconizado pelo grupo, ele acabará agindo da forma preconizada, dada a pressão da situação sobre ele. Essa é a base do que se chama ação social. Weber (1999) mostrou como as organizações se estruturam e moldam seus grupos para que ajam da forma que deles se espera, para que os indivíduos sejam como partes de uma engrenagem que tem que funcionar para que se alcancem os objetivos almejados. Pesquisadores como Oliveira Júnior (2006) e Barboza (2006) mostraram que o comportamento dos empregados é diretamente influenciado pela organização seja por meio de suas práticas que, de qualquer forma, traduzem em parte sua cultura, ou pela própria cultura mapeada e categorizada. Outros, como Sampaio (2004), concluíram em seus estudos que nem sempre a organização consegue que o comportamento de seus empregados 80 seja o que é por ela esperado, principalmente quando os indivíduos não estão comprometidos com aquela organização e não têm muitos custos com sua dissociação dela. As entrevistas mostraram inúmeras relações entre elementos culturais e o comportamento dos grupos, mas é no entendimento do mecanismo que molda essas relações que a importância delas para a dinâmica organizacional é revelada, já que aí se encontram suas explicações. Já que inúmeras relações foram encontradas, serão exploradas apenas aquelas que foram descritas em relação aos elementos culturais que compõem a cultura da área analisada, ou seja, aqueles que mais apareceram nas entrevistas realizadas. A análise mostra a relação entre a crença no trabalho individualizado e sem interações e o comportamento dos grupos que partilham este elemento cultural. Cada membro do grupo realiza as atividades sem se preocupar com as atividades realizadas por seus colegas. Considerando que todas as atividades são importantes para que os grupos atinjam seus objetivos, a organização teria que garantir que todos os membros do grupo exercessem suas atividades com o comprometimento esperado para que o objetivo do grupo como um todo seja atingido. Outra influência deste elemento cultural no comportamento é que mesmo aqueles que acreditam no trabalho em equipe, como é o caso do segundo entrevistado, frente à organização do trabalho do grupo de forma individualizada, passaram a realizar suas atividades também nesse formato. Apesar de aumentar o possível esforço organizacional para garantir esse feito, essa forma de organizar traz uma vantagem para a organização, ela aumenta a possibilidade de controle das atividades realizadas por cada indivíduo, o que não aconteceria se as atividades individuais ficassem escondidas no trabalho grupal. Esse aumento da possibilidade de controle é coincidente com outro elemento cultural base da área analisada, o respeito à autoridade e à hierarquia formal, que já foi amplamente caracterizado nos demais escopos de análise. As tarefas sendo realizadas de forma autônoma, um elemento cultural dos grupos anteriores que formaram a atual área analisada, estimulavam a criatividade e a solução de problemas por parte dos colaboradores. Entretanto, este formato diminui a possibilidade de controle por parte da 81 empresa, sendo posteriormente substituído pela submissão das atividades a normas e procedimentos. Como estas são construídas de forma centralizada, outro elemento cultural percebido atualmente na área analisada e todos os grupos devem aplicá-las em suas atividades, fica garantido o controle das atividades por parte dos gestores principais da empresa. Entretanto, a submissão a normas e procedimentos, se estas forem inflexíveis, o que é o caso dada a necessidade de controle destas, pode coibir o uso da criatividade por parte dos membros dos grupos, o que pode ser prejudicial para a própria empresa em longo prazo, dependendo de seus objetivos. A diferença de status percebida nas atividades realizadas na organização pode desmotivar aqueles que realizam atividades com baixo status percebido, como em exemplos dados por entrevistados de atividades de apoio a atividades-fim da área realizadas por empregados de nível médio, e motivar, sem custos, aqueles que realizam atividades de alto status percebido, como quem trabalha com atividades ligadas diretamente à atividade-fim da área e estão em cargos de nível superior. Esse elemento cultural, entretanto, não é percebido atualmente na área analisada. Isso pode estar relacionado ao ganho de importância da submissão das atividades a normas e procedimentos. Se todas as atividades estão submetidas a procedimentos de forma equânime, então nenhuma terá maior importância relativa que a outra e também não importará muito quem realiza as atividades estabelecidas. Isso aumenta a probabilidade de que a motivação seja parecida neste sentido, não sendo um motivo gerador de desbalanceamento na área analisada. O valor do relacionamento pessoal como catalisador das atividades exercidas e das oportunidades recebidas pelos empregados da área analisada perdeu força em sua cultura atual. Entretanto, ainda foi identificado em algumas entrevistas mesmo nessa posição. Quando vigente, ele pode cortar caminho nas relações organizacionais dinamizando as atividades, mas também pode desbalancear o relacionamento entre os grupos que, por algum motivo, não partilham deste relacionamento. Sua perda de força foi ocasionada pela vigência da submissão das atividades a normas e procedimentos, pois até mesmo o relacionamento entre os grupos ficou 82 submetido a eles, o que cerceou o espaço desse tipo de relacionamento no cruzamento entre as atividades. O mérito percebido ser usado para balizar as avaliações e oportunidades dadas aos empregados impacta no movimento dos membros dos grupos para obtê-lo, principalmente se a organização do trabalho é regida pela crença no trabalho individual, que é o caso mais importante da área analisada. Isso pode levar a competição entre os colegas e ao desgaste entre os membros dos grupos e seus gestores. Entretanto, contribui para que o empregado bem avaliado em seu mérito continue realizando suas atividades da mesma forma. Esse elemento também perdeu força na composição cultural atual da área analisada, apesar de aparecer em algumas entrevistas. Essa perda também está relacionada às normas e procedimentos que garantem mais o alcance dos objetivos das atividades da forma em que foram pensados. Dessa forma, a percepção do mérito não acontece mais tanto em relação aos resultados do trabalho, mas com outros indícios de que os colaboradores realizam um trabalho diferencial para a área analisada. A constância e o controle de que as normas e procedimentos estejam sendo cumpridos são alguns deles. Os elementos culturais e seu impacto no comportamento dos grupos foram resumidos, para melhorar a visualização da análise realizada, no quadro 9, a seguir: 83 Quadro 9 – Elementos culturais e seu impacto no comportamento organizacional Influências no comportamento Elemento cultural Negativas para a organização Grande esforço motivacional Aumenta possibilidade de controle das Crença no trabalho individualizado Coibe predisposição atividades ao trabalho em equipe Diminui a Estimula a criatividade e solução de Tarefas realizadas de forma autônoma possibilidade de problemas controle Submissão das atividades a normas e Aumenta o controle centralizado Diminui a criatividade procedimentos Diminui a motivação Aumenta a motivação dos dos empregados Diferença de status entre atividades empregados com alto status, sem com atividades de custos baixo status Inibe a relação de Relacionamento pessoal como trabalho entre grupos Dinamiza as atividades catalisador de atividades em que não se verifica Aumenta conflitos interpessoais Estimula Mérito percebido balizando avaliações Desgasta relação gerente x empregados bem subordinado avaliados Positivas para a organização Fonte: Entrevistas realizadas A necessidade de adequação dos grupos às características culturais da área analisada fizeram com que novos elementos culturais fossem criados e o comportamento modificado. Alguns casos descritos nas análises anteriores mostram que esta adequação aconteceu muitas vezes à revelia do que era desejado pelos membros dos grupos, o que está de acordo com Morgan (1996) e Durkheim (2005) que mostram um processo de adaptação do indivíduo ao grupo e não o contrário. Ao longo do tempo, novas características podem ser inseridas, mas antes existe um movimento de mudança cultural conforme descrito nessa seção e na descrição da evolução cultural da área analisada. A análise realizada mostra que as idéias de Weber (1999) continuam balizando as organizações, pois mesmo nesta organização que exerce suas atividades nos tempos atuais as mudanças culturais concorreram para que fosse aumentado o controle sobre o trabalho dos membros dos grupos, o que favorece a dominação organizacionais. deste em prol do alcance dos objetivos 84 Por fim, esta análise coincidiu com as pesquisas de Oliveira Júnior (2006) e Barboza (2006) no sentido de ter encontrado relações entre as práticas organizacionais expressas na cultura da área analisada e o comportamento observado no trabalho. Além disso, apresentou resultados diferentes dos encontrados por Sampaio (2004), pois, mesmo não concordando com alguns movimentos na cultura organizacional os membros dos grupos passaram a balizar suas atividades de acordo com ela. Cabe, entretanto, a ressalva de que, na organização analisada pelo autor, o comprometimento com a organização foi caracterizado como baixo, o que não é objeto deste estudo em relação à área da empresa analisada. Dessa forma, esta análise concorreu para a percepção do quadro global de entendimento da cultura organizacional da área analisada e de sua relação com o comportamento observado no trabalho, o que auxiliou nas conclusões desta pesquisa. Segundo Bertalanffy (1977), as organizações existem como parte de um sistema em que cumprem determinado papel. Existem, dessa forma, para trocar insumos com o meio em que se encontra, recebendo dele alguns itens como recursos, tecnologia, instalações, entre inúmeros outros, e devolvendo produtos e serviços valorizados por ele. Entretanto, para que a organização continue trocando com o meio e sobreviva, ela precisa entender bem seu papel no meio e, lidando com sua estrutura interna, aproveitar as oportunidades por ele oferecidas para continuar cumprindo seu papel esperado. Segundo Motta e Vasconcelos (2006), uma das formas que as empresas usam para entender seu papel e compará-lo com sua estrutura interna é analisá-la estrategicamente. Na construção de seu plano estratégico, a empresa analisa as oportunidades e ameaças oferecidas pelo meio externo, compara-as com suas características estruturais internas, e traça um plano para melhorar seu desempenho visando a continuidade do cumprimento de seu papel na sociedade. Kotter e Heskett (1994) entendem que a cultura organizacional impacta no comportamento da empresa como um todo na relação com o meio. Os autores afirmam que a cultura pode funcionar como elemento alavancador da relação da empresa com o ambiente ou pode atrapalhá-la. Afirmam ainda que uma cultura caracterizada como forte, que reflete um 85 alinhamento dos valores organizacionais ao longo da organização como um todo, é a mais apropriada para que os objetivos organizacionais sejam atingidos. Já Freitas (2007) contrapõe essa visão lembrando que a organização é formada por culturas múltiplas e que, frente a uma mudança ou repensar organizacional, essa tem que ser extensamente negociada com todas as subculturas que a representam. Dessa forma, uma cultura não poderá ser efetivamente compartilhada se sua mudança pretender ser forçada por seus gestores. Lembra ainda que, dadas as atuais características de competitividade às quais as empresas estão submetidas, devem estar constantemente preparadas para a mudança e revisão de conceitos. Para analisar o impacto da cultura no comportamento organizacional na relação da empresa ou da área analisada com o ambiente externo, foram utilizados alguns elementos constantes em seu plano e focalização estratégica respectivamente, que evocassem os comportamentos esperados no atendimento às expectativas desses instrumentos que visam preparar a organização para sua sobrevivência e evolução no mercado. Esses elementos foram comparados com as características culturais da área analisada para ver se são próximos ou coincidentes, ou se favorecem o desenvolvimento dos elementos contidos no plano e focalização estratégica. Dessa forma, foi analisada a influência da cultura da área analisada no comportamento aplicado ao relacionamento desta com o ambiente externo. Para atingir objetivos de crescimento em vários de seus negócios, a empresa pretende utilizar como algumas de suas estratégias o crescimento integrado, a rentabilidade, o que ela espera que contribua para seu crescimento sustentável. Além disso, buscará garantir excelência em gestão, recursos humanos e de tecnologia. Como suporte a suas estratégias de negócio, pretende expandir seu desenvolvimento tecnológico utilizando como um dos critérios o crescimento em rede. Em relação à gestão de recursos humanos, pretende garantir a orientação para resultados, o compromisso com a cultura e a identidade da organização, estimulando o aprendizado e o desenvolvimento e gerindo-os com excelência. Como desdobramento do plano estratégico da empresa, principalmente no que se refere aos desafios na área de recursos humanos, 86 foram definidos alguns valores que deverão orientar o comportamento dos grupos na expectativa de atingir os objetivos elencados. Alguns desses valores são integração, buscando a sinergia entre as equipes, a busca por resultados, que procura garantir a geração de valor nas atividades realizadas principalmente por meio da otimização de seus custos, valorizando os comportamentos percebidos nesta linha, a prontidão para mudanças, que busca a preparação de todos para participarem de forma ativa das mudanças necessárias, a valorização das pessoas, buscando seu desenvolvimento constante, além do orgulho de fazer parte da empresa, valorizando sua história. Para apoiar o plano estratégico da empresa, a área analisada pretende utilizar, entre outras questões, a atuação integrada, a obediência a padrões mundiais no provimento de serviços, o alinhamento, a agilidade e a disciplina, a busca pela excelência em gestão por processos, com padronização e disciplina de prazos e custos, enfatizando comunicação, ambiência adequada e pessoas motivadas. Dessa forma, a área pretende contribuir com o alcance dos objetivos estratégicos da empresa. O primeiro item da focalização estratégica da área analisada, a atuação integrada, remete principalmente a dois elementos culturais, a crença no trabalho individualizado e a crença no trabalho em equipe. A atuação individualizada contribui para que cada membro do grupo, conforme anteriormente analisado, procure frisar e se responsabilizar apenas por sua própria atividade, não se importando com os efeitos que ela terá no trabalho de outros colegas e, conseqüentemente, no conjunto do trabalho do grupo e dos grupos. Dessa forma, este elemento cultural encontrado na área analisada não está alinhado com a necessidade prevista na focalização estratégica de buscar uma atuação integrada. Por outro lado, a crença no trabalho em equipe, conforme analisado anteriormente, valoriza o trabalho compartilhado no qual todos respondem pelas atividades do grupo, se responsabilizando por seu conjunto e contribuindo com elas. Dessa forma, este elemento propicia uma integração maior dentro do grupo e entre as diversas equipes, já que o comportamento encontrado dentro do grupo reflete no comportamento entre todas as equipes. 87 Conforme percebido nas análises anteriores, a crença no trabalho individual domina amplamente em número de grupos nos quais está presente a crença no trabalho em grupo, mas as sementes dessa última encontram-se em alguns grupos, o que facilitaria seu estímulo por parte da área analisada, já que essas sementes são defensoras desse tipo de atuação. Outro item da focalização estratégica, a obediência a padrões mundiais de prestação de serviços, remete a um dos elementos culturais mais importantes e freqüentes na cultura da área analisada, a submissão das atividades a normas e padrões. Esse elemento cultural faz com que os membros dos grupos sigam normas e padrões que, se espelhados nos padrões mundiais, podem influenciar na atuação da área analisada pautada nessas normas. Esse é reforçado ainda por dois outros elementos culturais encontrados na área analisada, a crença de que as normas e procedimentos devem ser definidas de forma centralizada e o valor do respeito à hierarquia e à autoridade formal dela emanada. A centralização da definição das normas e procedimentos pode garantir um maior controle por parte dos gestores da área de que elas refletem as normas mundiais de prestação de serviços e o respeito à hierarquia e à autoridade, conforme analisado anteriormente, pode garantir que os membros dos grupos sigam as normas definidas, mesmo que sem concordar com elas. O alinhamento da área como um todo, também oriundo da focalização estratégica, encontra dois caminhos possíveis para ser alcançado: a obediência por todos da organização às normas definidas e a busca por um entendimento conjunto das mesmas, o que redundaria na flexibilização de algumas delas. O primeiro caminho reflete o pensamento de Kotter e Heskett (1994) na formação de uma cultura forte, pronta para cumprir os objetivos estratégicos da organização. O outro tem uma maior semelhança com as propostas de Freitas (2007) que, apesar de revelar os benefícios de uma cultura integrada, lembra que existem múltiplas culturas e que esse alinhamento somente seria possível com a negociação e as decisões conjuntas. De qualquer forma, as análises anteriores mostram que existe um convívio de diferentes elementos culturais no mesmo espaço organizacional e que, por isso, a área analisada pode ser considerada uma cultura múltipla. 88 A agilidade, outro item da focalização, remete aos elementos culturais submissão das atividades a normas e procedimentos e a crença na centralização de suas definições. A agilidade pressupõe que os grupos estejam preparados para mudanças freqüentes em sua forma de agir caso sejam necessárias de acordo com as necessidades impostas pelo relacionamento com o ambiente, nesse caso as áreas clientes. Se as atividades estão submetidas a normas e procedimentos e se esses apenas mudam com a atuação centralizada, a reação a necessidades prementes demoraria, não caracterizando a agilidade. Existe, no entanto, um elemento cultural de alcance restrito que valoriza o atendimento às necessidades das áreas clientes como seu objetivo principal. Esse elemento é mais adequado ao objetivo da agilidade. Esse, entretanto, é bem mais restrito que a outra com o qual concorre, conforme analisado anteriormente. A disciplina é favorecida pelo elemento cultural de respeito à hierarquia e à autoridade formal. Se existe uma propensão a esse respeito, a disciplina oriunda dessa autoridade tende a ser obtida. A comunicação é favorecida por um dos elementos culturais que não têm um alcance muito grande na área analisada, a crença no trabalho em equipe. Para interagir e trocar idéias, informações e se complementar nas diversas atividades que executam, os membros dos grupos precisam se comunicar. Outros elementos como a crença no trabalho individual e sem interações e a definição de normas e procedimentos ser realizada de forma centralizada não favorecem este item. A ambiência adequada e a motivação são influenciadas por elementos que não são encontrados com freqüência na área analisada. A não participação em decisões, já que são tomadas de forma centralizada, e a obediência a normas e procedimentos podem funcionar como elementos que atuem no sentido contrário, pelo menos na motivação intrínseca às atividades desenvolvidas por cada membro do grupo. A análise da influência dos elementos culturais dos 'grupos atuais' nos comportamentos esperados pela área analisada da empresa oriundos de sua focalização estratégica está resumida no quadro 10, listado a seguir. 89 Quadro 10 – Influência dos elementos culturais dos 'grupos atuais' nos comportamentos relacionados aos itens da focalização estratégica da área analisada Item da focalização estratégica Atuação integrada Obediência a padrões mundiais de prestação de serviços Alinhamento da área como um todo Agilidade Disciplina Comunicação Ambiência adequada e motivação Elementos culturais relacionados Crença no trabalho individualizado Crença no trabalho em equipe Submissão das atividades a normas e padrões As normas devem ser definidas de forma centralizada Alinhamento Desalinhado Alinhado Constância Constante Disperso Contribuição Forte Forte Alinhado Constante Forte Alinhado Constante Forte Respeito à hierarquia e autoridade formal Alinhado Constante Forte Alinhado Constante Média Alinhado Disperso Forte Desalinhado Constante Média Desalinhado Constante Forte Alinhado Restrito Forte Respeito à hierarquia e autoridade formal Alinhado Constante Forte Crença no trabalho em equipe Crença no trabalho individualizado As normas devem ser definidas de forma centralizada As normas devem ser definidas de forma centralizada Submissão das atividades a normas e padrões Alinhado Desalinhado Disperso Constante Forte Forte Desalinhado Constante Forte Desalinhado Constante Forte Desalinhado Constante Média Submissão das atividades a normas e padrões Crença no trabalho em equipe Submissão das atividades a normas e padrões As normas devem ser definidas de forma centralizada Subcultura de priorização de atendimento ao cliente Fonte: Entrevistas realizadas, focalização estratégica da área da empresa analisada Em relação aos valores buscados como referências para a empresa inteira, os elementos discutidos até aqui também podem influenciar em sua adoção ao não. A busca pela integração e a conseqüente sinergia nas equipes é amplamente favorecida pela crença no trabalho em equipe, que, conforme já analisado, tem uma posição secundária na área analisada. Entretanto, este é um elemento cultural que encontra condições na área analisada para ser reforçado. A busca por resultados pode ser favorecida pelo controle exercido pela área analisada em relação ao trabalho desenvolvido por seus grupos a partir dos elementos culturais de submissão das atividades a normas e procedimentos, da decisão final ser tomada pelo gerente, da centralização das decisões acerca dessas normas e procedimentos e do respeito à hierarquia e à autoridade formal. Este é um valor que encontra ampla favorabilidade de alinhamento na área analisada. Os valores de prontidão para mudanças e valorização das pessoas, com a valorização de seu desenvolvimento constante não encontram espaço para serem alcançados nos elementos culturais percebidos na área 90 analisada. A estrutura burocrática montada para favorecer o controle, conforme percebido amplamente ao longo das análises realizadas torna a possibilidade de mudança mais lenta na área analisada e as pessoas acabam ficando em segundo plano, já que o respeito às normas e procedimentos baliza mais o comportamento organizacional. Por fim, o valor do orgulho de fazer parte da organização, valorizando suas conquistas e sua história, foi percebido em várias entrevistas, que ressaltaram a vanguarda tecnológica, seu tamanho, seus recursos, seu papel na sociedade e sua preocupação com os empregados no sentido de cuidar de sua segurança como itens que favorecem essa percepção. Entretanto, deve ser lembrado que as percepções podem ser momentâneas e que o alcance mais sustentável desse valor dependerá de como a empresa irá conciliar os demais valores citados para que o equilíbrio entre eles leve ao alcance de seus objetivos e da leveza em sua atuação. O quadro 11 resume a análise dos impactos dos elementos culturais percebidos na organização nos valores declarados por ela. Quadro 11 – Influência dos elementos culturais nos valores declarados pela empresa Item da declaração de valores da Elementos culturais relacionados empresa Integração e sinergia Crença no trabalho em equipe Submissão das atividades a normas e padrões Gerente como decisor final Busca por resultados As normas devem ser definidas de forma centralizada Prontidão para mudanças, valorização das pessoas Orgulho de fazer parte da organização Alinhamento Constância Contribuição Alinhado Disperso Forte Alinhado Constante Forte Alinhado Constante Média Alinhado Constante Forte Respeito à hierarquia e autoridade formal Alinhado Constante Média Submissão das atividades a normas e padrões Desalinhado Constante Forte Imagem da empresa Alinhado Disperso Forte Fonte: Entrevistas realizadas, valores declarados pela empresa Essas análises realizadas acabaram sendo próximas às encontradas por Velasco (2005), na medida em que encontrou na empresa que estudou um movimento no sentido de aumentar o controle do trabalho de seus empregados, o que entendeu como conseqüência do aumento da competitividade atualmente. Na área da empresa analisada também foi percebido um aumento nas práticas de controle da organização que passaram a ficar caracterizadas em sua cultura. Quando comparadas aos 91 estudos realizados por Pereira (2005), entretanto, foi encontrada uma dissonância com os resultados de suas pesquisas. Enquanto a autora afirma que, de acordo com a análise realizada, a organização parece culturalmente preparada para atingir seus objetivos estratégicos, nesta pesquisa existem elementos culturais favoráveis e outros que não contribuem para essa realização. Dessa forma, a análise realizada contribuiu para que se percebesse o impacto da cultura organizacional no comportamento da área analisada em relação a seu meio, mormente no relacionamento com as áreas das quais é fornecedora de serviços e produtos. Isso contribuiu para que o quinto objetivo específico deste trabalho fosse alcançado. 92 5. CONCLUSÃO Retomando os objetivos geral e específicos deste trabalho, eles podem, nesse momento, ser comparados com os resultados obtidos. O objetivo geral deste trabalho é analisar a influência de elementos culturais encontrados em 'grupos anteriores' sobre os 'grupos atuais', além da influência desses elementos em 'grupos anteriores' e 'grupos atuais' no comportamento que apresentam no trabalho. Em relação ao primeiro objetivo específico, o de identificar elementos culturais oriundos dos 'grupos anteriores', o objetivo foi atingido, na medida em que os principais elementos culturais encontrados nos „grupos anteriores‟ foram levantados e alguns deles caracterizados. Esses elementos são a crença trabalho individual, o respeito à hierarquia e à autoridade formal, a crença no trabalho em equipe, a crença de que as tarefas devem ser realizadas de forma autônoma, a crença de que determinadas atividades e funções são mais importantes do que outras, o valor atribuído ao relacionamento pessoal e a crença do mérito pessoal na definição de oportunidades e recompensas. Este levantamento possibilitou que fosse feita uma relação entre esses elementos e os encontrados nos „grupos atuais‟, o que permitiu, inclusive, traçar comparações entre esses elementos culturais na área analisada da empresa. Em relação ao segundo objetivo específico, verificar quais elementos culturais presentes nos 'grupos atuais' podem ter sido herdados dos 'grupos anteriores', pode-se concluir que foram levantados elementos culturais presentes na cultura da área analisada que foram identificados nos „grupos anteriores‟ e, portanto, foram herdados destes. Esses elementos culturais são as crenças no trabalho individual e no trabalho em grupo e o valor do respeito à hierarquia e à autoridade formal, este último oriundo da cultura organizacional como um todo. Entretanto, dado que a cultura organizacional não foi analisada de forma suficiente, não cabe falar em subcultura dos 'grupos atuais', mas em cultura organizacional da área analisada como um todo. Em relação ao terceiro objetivo, relacionar quais elementos culturais presentes nos 'grupos atuais' foram formados por eles, conclui-se que alguns 93 elementos culturais identificados como parte da cultura da área analisada são novos e foram formados, ou ganharam mais amplitude, nos „grupos atuais‟ formados após a formação da nova área. O elemento cultural mais importante percebido com mais força nos „grupos atuais‟ foi a submissão das atividades a normas e procedimentos. Outros elementos novos têm relação direta com o elemento cultural mencionado e com os elementos culturais oriundos de „grupos anteriores‟ e são a crença de que a decisão final é tomada pelo gerente, a crença de que as normas e procedimentos são definidas por um órgão central, além da submissão às normas do próprio relacionamento entre os grupos. Apesar de serem considerados novos, esses elementos foram identificados em alguns „grupos anteriores‟, o que mostra sua importância na evolução cultural que aconteceu ao longo dos anos na área analisada. Novamente, pelos motivos já descritos, não cabe falar em nova subcultura formada, mas na cultura da área da empresa analisada. Em relação ao quarto objetivo específico traçado, caracterizar a influência dos aspectos técnicos relacionados às atividades que executam no comportamento dos 'grupos atuais', conclui-se que foi encontrada influência entre aspectos técnicos e o comportamento atual dos grupos, mas como influenciadores da formação de elementos culturais encontrados na área analisada. Os aspectos técnicos influenciaram em um dos novos elementos culturais mais importantes desta área, a submissão das atividades a normas e procedimentos. Por terem influenciado este elemento tão importante com várias implicações analisadas, os aspectos técnicos influenciam o comportamento dos „grupos atuais‟ em relação às atividades por eles realizadas. Em relação ao quinto objetivo específico traçado, explorar a influência da cultura organizacional e dos elementos culturais encontrados nos 'grupos atuais' e nos 'grupos anteriores' no comportamento analisado dos grupos, conclui-se que diversas influências foram encontradas e descritas, não apenas entre os elementos culturais preponderantes na área analisada, como também em diversos elementos encontrados em alguns grupos. Isso significa que, na análise que pôde ser realizada a partir da pesquisa proposta, existe grande influência percebida entre cultura e comportamento. Como mencionado anteriormente, não foi possível analisar a cultura organizacional 94 da empresa como um todo, mas foi possível caracterizar uma cultura da área analisada, além de serem observáveis as influências dessa nos comportamentos dos grupos no trabalho. Enfim, em relação ao sexto e último objetivo específico traçado, verificar a influência do número de componentes novos e antigos no comportamento dos grupos em relação às suas características culturais, conclui-se que esta presença contribuiu para que a evolução cultural da área analisada acontecesse, o que impacta o comportamento dos „grupos atuais‟. Essa influência não teve tanta força como a técnica, mas mostra que pode ser importante no futuro da área analisada, com influências que têm sido percebidas em relação à evolução de alguns elementos culturais. Dessa forma, com a contribuição dada pelo atingimento dos objetivos específicos traçados, conclui-se que o objetivo geral dessa pesquisa, analisar a influência de elementos culturais encontrados em 'grupos anteriores' sobre os 'grupos atuais', além da influência desses elementos em 'grupos anteriores' e 'grupos atuais' no comportamento que apresentam no trabalho, foi atingido. A influência dos elementos culturais encontrados em „grupos anteriores‟ à formação da área analisada acontece no comportamento dos „grupos atuais‟ devido ao fato de terem sido herdados destes grupos, conforme demonstrou a análise realizada. Assim, alguns dos elementos culturais encontrados em „grupos anteriores‟ formam a cultura da área analisada atualmente, o que afeta o comportamento dos grupos que a formam. Além disso, nos „grupos anteriores‟ foi encontrada a base da evolução cultural que culminou na atual cultura da área analisada. Isso significa que a análise dos „grupos anteriores‟ permitiu mapear seus próprios elementos culturais, mas também entender a formação da cultura atual da área analisada. Dessa forma, entende-se que este trabalho cumpriu seus objetivos utilizando as entrevistas realizadas, além de alguma análise documental, para mapear a cultura organizacional da área da empresa analisada, de tecnologia da informação e telecomunicações no Rio Grande do Norte, e explorar as influências dessa cultura no comportamento dos grupos no trabalho. 95 5.1. LIMITAÇÕES Apesar de este estudo ter tirado diversas conclusões das análises realizadas, a pesquisa foi exploratória e não representativa. Dessa forma, diversas implicações à sua validade como instrumento de referência e inferência a outros tipos de situações semelhantes devem ser feitas. Este estudo reflete apenas o caso estudado, ou seja, a área de tecnologia da informação e telecomunicações da empresa analisada no Rio Grande do Norte. Qualquer inferência feita a partir deste trabalho deve levar este contexto em consideração. Assim, a validade deste estudo é exploratória e os resultados por ele obtidos são referentes apenas ao caso e ao momento histórico estudado. 5.2. RECOMENDAÇÕES Por ter sido este um estudo exploratório, ele tem como efeito esperado a abertura de diversas frentes que poderiam trazer novas conclusões ou enfatizar as conclusões obtidas nesse formato. O primeiro estudo que poderia ser realizado para aprofundar as conclusões obtidas nesta pesquisa seria, a partir dos resultados obtidos com as entrevistas e com a análise documental, criar um instrumento de pesquisa que poderia ser aplicado a uma amostra representativa do universo formador da área estudada. Esse estudo poderia confirmar ou não as conclusões obtidas nesse estudo para a área analisada, no espaço geográfico analisado. O próximo estudo seria expandir o estudo para as demais localidades formadoras da área analisada, de modo a verificar se os elementos culturais, as influências no comportamento ou as conclusões obtidas com este estudo seriam semelhantes aos encontrados apenas na área geográfica analisada. Por fim, o mesmo instrumento poderia ser aplicado na organização como um todo para que objetivos semelhantes aos deste estudo fossem testados no âmbito de toda cultura organizacional da mesma. Caso uma dissonância muito grande com as conclusões obtidas neste estudo e validadas pelo estudo representativo fosse percebida na organização como 96 um todo, seria interessante que a metodologia exploratória aplicada nesta pesquisa fosse replicada em outras áreas da organização para balizar a construção de outros instrumentos de pesquisa, até que uma só análise fosse possível para a organização. Dessa forma, seria esgotado o estudo de caso da empresa analisada. A metodologia utilizada neste trabalho mostrou que realizar um estudo exploratório qualitativo pode ser uma forma bem completa de levantar questões que possam ser posteriormente validadas em outras pesquisas com um caráter representativo. Essa forma de pesquisar pode ser utilizada por outros estudos que tenham a mesma finalidade. Do ponto de vista da área da empresa analisada, a recomendação é que use as conclusões obtidas com esta pesquisa como mais um elemento balizador de sua análise estratégica e da definição de ações que visem prepará-la para atingir os objetivos almejados para ela pela organização da qual faz parte. Para o pesquisador, fica sempre o desejo de que seu trabalho seja usado como fonte inspiradora para que novas conclusões sejam tiradas, mesmo que para contradizer as que foram nesta pesquisa elencadas e que contribua para que a ciência da Administração ou áreas correlatas evoluam sempre no intuito de embasar seus profissionais no exercício diário de sua profissão. 97 REFERÊNCIAS BARBOZA, V. A. A Cultura Organizacional como Estratégia de Desenvolvimento com Foco no Cliente Interno: Estudo de caso do grupo Pão de Açúcar. 2006. 176f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Paulista UNIP, São Paulo, 2006. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BASTOS, A. V. B. Comprometimento Organizacional: Um Balanço dos Resultados e Desafios que Cercam essa Tradição de Pesquisa. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, Vol. 33, Nº 3, Pgs. 52-64, Mai/Jun. 1993. BERTALANFFY, L. V. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1977. BÍSCOLI, F. R. V. 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Economia e Sociedade: Fundamentos da sociologia compreensiva. Volume 2. Brasília: Editora Universidade de Brasília: São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1999. 100 APÊNDICE A ROTEIRO DE ENTREVISTA PARA PARTICIPANTES DE GRUPOS ANTERIORES Questões de um a cinco aplicáveis a cada grupo do qual fez parte o entrevistado. 1. Antes da fusão entre áreas formadoras da TI, você veio de qual grupo? Descreva sua função na época. 2. Descreva algumas características marcantes do seu grupo na época. 3. Descreva o relacionamento deste grupo com outros grupos na organização. 4. Pense em alguém que você considerava o maior influenciador do comportamento de seu grupo na época. Descreva-o (a). 5. O que você diria sobre os resultados do trabalho de seu grupo, na época? 6. Em qual grupo você está hoje? Descreva suas funções atuais. 7. Descreva algumas características marcantes de seu grupo de trabalho atual. 8. Descreva o relacionamento de seu grupo com outros da organização. 9. Pense em alguém que você acredite influenciar o comportamento de seu grupo. Descreva essa pessoa. 10. Como você avalia os resultados atuais de seu grupo de trabalho? 11. Em relação aos pontos discutidos anteriormente, você considera haver alguma diferença entre seu trabalho agora e o que você realizava antes da última fusão de áreas que gerou a TIC? 12. Como você descreve a organização em que você trabalha? Quais são as suas principais características? Roteiro de Entrevista para Novos Membros da Organização 1. Descreva algumas características marcantes de seu grupo de trabalho atual. 2. Descreva o relacionamento de seu grupo com outros da organização. 3. Pense em alguém que você acredite influenciar o comportamento de seu grupo. Descreva essa pessoa. 4. Como você avalia os resultados atuais de seu grupo de trabalho? 5. Em relação aos pontos discutidos anteriormente, você considera haver alguma diferença entre seu trabalho agora e o que você realizava antes da última fusão de áreas que gerou a TIC? 6. Como você descreve e avalia a sua adaptação à essa organização? 7. Como você descreve a organização em que você trabalha? Quais são as suas principais características? 101 APÊNDICE B QUADROS COM OS TEMAS ENCONTRADOS NAS ENTREVISTAS DIVIDIDOS POR CATEGORIA Categorias Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais Entrevista 1 Alocação de profissionais de outras atividades que sobravam na atividade de origem e que tinham algum conhecimento de informática. A estrutura da área era descentralizada. A troca de conhecimento acontecia apenas nos treinamentos. Trabalho individualizado. Competição entre os colegas. O formato do trabalho era decidido pelo empregado. As tarefas repassadas eram únicas até que fossem cumpridas. Avaliação subjetiva e unilateral do trabalho. Avaliação de algumas funções (nível superior) melhor que as outras (nível médio). Não existia um trabalho verdadeiramente em equipe. Gerente como espelho e definidor de atividades e prioridades. Pressão para realização das atividades desejadas. Relacionamento pessoal com o gerente significava benefícios na atividade e na avaliação. Mérito considerado na avaliação dos empregados pelo gerente. A colaboração entre colegas acontecia se houvesse relacionamento pessoal. Em casos raros, acontecia por características pessoais. Os grupos fugiam de atividades extras, cada um queria fazer apenas a "sua" parte. Os empregados próprios realizam atividades mais nobres que a dos contratados. Respeito à hierarquia e à disciplina. Possibilidade maior de escolhas devido a mérito obtido em determinadas atividades. Importância de procedimentos e forma de trabalho homogênea. Certificação em norma de qualidade. Relacionamento privilegiado com outras áreas por ser ligado ao maior gerente da mesma. Relacionamento pessoal influenciando o relacionamento de trabalho. Importância dos novos membros dos grupos na nova forma de atuar da área. Atividades a realizar são negociadas. 102 Categorias Entrevista 1 Elementos herdados Relacionamento pessoal influenciando o relacionamento de trabalho. Elementos da nova Subcultura Trabalho procedimentado e homogêneo. Atividades a realizar são negociadas. Avaliação levando em conta atividades negociadas. Influência dos aspectos técnicos Evolução tecnológica. Regime concorrencial fazendo as pessoas trabalharem melhor. Certificação de Qualidade. 103 Categorias Entrevista 1 Influência da cultura no comportamento dos grupos. Trabalho individualizado, pouco espaço para o trabalho em equipe. Relacionamento intergrupal cortês, mas impactado por relações interpessoais. Resultados médios, condizentes com o solicitado. Trabalho por pressão e respeito à hierarquia. O empregado dava prioridade à realização da atividade indicada pelo gerente, inclusive no relacionamento com outros grupos. Os empregados seguiam os procedimentos de trabalho exigidos pelos órgãos centrais, quando era o caso, além de preencher controles. Os colegas repassavam informações para àqueles com os quais tinham relacionamento pessoal de amizade. Divergências quanto ao papel a ser desempenhado pelo grupo em relação a outros grupos eram levadas para o gerente resolver. Os grupos divergiam, muitas vezes, para tirar responsabilidades de trabalho de sua alçada. Os líderes imediatos "representavam" o grupo na discussão com outros grupos. Os demais grupos internos respeitavam e apoiavam o papel de um empregado que trabalhava como "representante do gerente", sendo ligado a ele diretamente. A pressão que antes era apenas por respeito à disciplina e à hierarquia passou a ser relacionada à negociação das atividades feitas com o gerente. Influência do número de componentes novos no grupo. Favoreceu a implantação do novo tipo de trabalho (procedimentado). Interesse pela implantação, conhecimento prévio da teoria e do mercado de trabalho. Pressão para que os antigos aceitem (valorização do trabalho dos mais novos em detrimento dos antigos). 104 Categorias Entrevista 2 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores A função do empregado na empresa não importa para ele assumir atividades que estejam de acordo com seu perfil. As contratações são feitas como nas empresas privadas, pela necessidade e perfil; a avaliação técnica formal é uma mera próforma. O trabalho acontecia em equipe no primeiro grupo (trabalho no campo, departamento de Produção). A avaliação é feita de acordo com a importância ou destaque da atividade desenvolvida pelo colaborador. A evolução na carreira dos empregados está na mão do gerente. Os bons empregados são comprometidos com o trabalho. O bom relacionamento com os colegas é uma das características mais importantes de qualquer empregado. Cada empregado executava tarefas específicas; sem trabalho em equipe. (junção dos departamentos de Produção, Exploração e Perfuração) O trabalho realizado individualmente produz melhores resultados que o trabalho realizado em grupo. O relacionamento pessoal interefere no relacionamento do trabalho. Respeito à hierarquia e à autoridade. Padrões e processos não eram importantes. As atividades são impostas ao grupo pela gerência. O auto-aprendizado era valorizado e, em alguns momentos, o único possível para que todas as atividades fossem realizadas. A área era autônoma e isolada nacionalmente. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais O trabalho é regido por normas e procedimentos. O cumprimento dos padrões e normas justifica o aumento do número de pessoas necessário para realizar atividades semelhantes. O trabalho é dividido entre as pessoas para que cada um fique responsável por uma atividade; pouca característica de trabalho em equipe. O grupo mais importante é aquele que fica mais em evidência, está envolvido em mais decisões; isso dá um certo status aos empregados que o compõem. O grupo em evidência tem que ter maior comprometimento que os demais. O gerente atua como o definidor final, inclusive em conflitos internos de sua equipe. Os processos são definidos de forma centralizada na sede e executados pelas áreas nas pontas. Mesmo nos relacionamentos internos, alguns grupos repassam para outros diretrizes e padrões para que os sigam. Os grupos procuram se ver livres de responsabilidades "empurrando" partes das atividades para outros para fazerem apenas sua parte. Para manter o equilíbrio de poder muitas vezes não há a exigência de que determinado papel previsto para um grupo seja cumprido da forma como foi definido ou planejado. O modelo de gestão atual da organização é mais flexível que no passado. (do ponto de vista disciplinar) 105 Categorias Elementos herdados Entrevista 2 O trabalho é dividido entre as pessoas ou grupos e cada um fica responsável por sua atividade, com pouco espaço para o trabalho em equipe. O trabalho de destaque, que aparece mais, é melhor avaliado ou tem um status diferenciado em relação aos demais. O gerente tem um papel central, de definição, nos grupos. A face hierarquia foi substituida da figura pessoal do gerente para a figura do processo, da norma, mas continua havendo grande importância da hierarquia e autoridade. Elementos da nova Subcultura Trabalho padronizado, normativo. Justificativas processuais para aumento de recursos (o grande foco anterior era a economia de custos). Centralização e verticalização das decisões. Relacionamentos internos movidos por padrões e normas (perda relativa da importância do relacionamento pessoal). Necessidade de manutenção do equilíbrio de poder entre os diversos grupos, pelo menos os distantes da sede. Influência dos aspectos técnicos A atividade desafiadora e inovadora motiva sua realização com comprometimento. Colegas que não conhecem o objetivo de determinada atividade muitas vezes não colaboram com ela de forma espontânea. Os riscos inerentes à determinada atividade faziam com que os colegas colaborassem com ela, mesmo sem entender seus motivos (atividade de campo). A estabilização de determinada atividade (quando ela passa a não ser mais novidade) contribui para que ela seja dividida e cada empregado cuide de uma parte dela. O desempenho mais fraco do grupo em determinada tarefa era muitas vezes causado por um baixo nível de exigência técnica das áreas clientes, refletindo o status da área de informática no país. Certificação de qualidade influenciando padronização. O aumento de contigente de trabalho também pode ser justificado pela absorção de atividades que antes estavam com outras equipes. As exigências técnicas das normas e padrões melhorava a qualidade do trabalho. A falta de tempo para realizar todas as atividades de um determinado processo, além da constante carga de viagens, fazia com que o trabalho fosse mais realizado em equipe, pois os empregados tinham que assumir atividades diferentes das "suas" eventualmente. A não definição de "limites" processuais acaba gerando conflito entre grupos que realizam atividades complementares ou parecidas. 106 Categorias Entrevista 2 Influência da cultura no comportamento dos grupos. Os gerentes entregavam as atividades aos empregados de acordo com seu perfil, traçado por observação simples ou conhecimento pessoal. As atividades no primeiro grupo eram complementares entre as pessoas e havia muita interação entre os membros do grupo. Como o trabalho era realizado em grupo, o gerente era transparente quanto à avaliação realizada e isso era suficiente para que os colegas continuassem colaborando uns com os outros. Algumas vezes, os empregados ficavam trabalhando até tarde à noite para que as tarefas fossem realizadas no prazo necessário; o coordenador informal conseguia este comprometimento por parte de seus colegas devido ao bom relacionamento com os mesmos. O perfil motivacional dos empregados era avaliado pelos gerentes inclusive no momento de transferí-los para outras atividades, principalmente nas atividades mais impactantes em custo. Existiam conflitos entre os empregados. (grupo formado pela junção) Quando ia escolher alguém com quem trabalhar, os empregados escolhiam aqueles com os quais tinham mais afinidade. Os resultados do grupo eram bons, mas o trabalho era mais fácil do que o enfrentado em desafios anteriores. Os empregados eram transferidos de setor por determinação, sem terem sido consultados sobre esta possibilidade. Principalmente nas mudanças sofridas pela organização, a troca de informação entre os empregados ficava prejudicada, pois os empregados não tinham relacionamento pessoal entre si. Influência do número de componentes novos no grupo. Novos colaboradores, principalmente que exercem atividades de liderança, impactam o estresse do grupo por repassarem a pressão recebida ao mesmo por falta de experiência. Com novos integrantes na equipe, existe mais troca de conhecimento sobre realidade do mercado, que eles conhecem mais, e características das áreas clientes, da alçada dos empregados mais antigos. 107 Categorias Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais Entrevista 3 Trabalhar na empresa valia tanto a pena que era exigido um esforço sobre humano dos novos para nela ingressarem. O mérito garantia determinados privilégios aos indivíduos. Os novos têm que se virar para buscar tarefas a desempenhar. Os empregados mais antigos têm privilégio em relação aos mais novos, pois gozam de confiança do gestor do grupo. O conhecimento acadêmico não é tão valorizado quanto a produção de resultados factíveis para a empresa. As atividades são individualizadas e cada empregado é responsável por "sua" atividade. O ritmo e o processo de trabalho eram definidos pelo próprio empregado, cabendo ao gerente cobrar quando necessário de acordo com seu "feeling". A área cliente sabia menos o que queria do que os membros do grupo do entrevistado, eles eram os técnicos que entendiam suas necessidades em relação ao assunto que dominavam. O trabalho era informal, inclusive a cobrança de resultados. Existia diferenciação entre as atividades desenvolvidas pelo grupo; as mais nobres ficavam os empregados mais antigos e com status maior na organização. A ligação de algum colega de área cliente com alguém poderosos na organização fazia com que ele fosse mais ouvido, suas opiniões mais consideradas. As relações interpessoais favoreciam a realização de atividades necessárias para o trabalho entre grupos distintos. Não existia um controle financeiro muito rígido das atividades do grupo. Política influenciando a estrutura e a formação dos grupos. O mérito percebido influencia nas oportunidades recebidas pelos empregados. O empregado bem avaliado (com mérito) tem mais poder de barganha para atender necessidades pessoais, mas, em uma negociação para trocar de grupo, se ele tiver recebido uma proposta com aumento salarial, para mantê-lo o grupo anterior precisa cobrir a oferta. A contenção de custos é um importante item a ser perseguido. A empresa oferece treinamentos para capacitar os gerentes a lidarem com gestão de pessoas. Os empregados não gostam de ser cobrados pelo trabalho que realizam. O gerente tem o papel de controlar custos, mas os empregados reagem a esse controle. Os grupos defendem sua imagem perante a organização, procurando frequentemente culpados para os problemas em outros grupos. A formalidade e o registro das atividades realizadas são importantes. Mesmo não acreditando em algumas solicitações feitas pelo gerente, os empregados cumprem suas ordens, pois existe respeito à autoridade formal e á hierarquia. A empresa se preocupa com seus empregados. A empresa se preocupa com o controle de custos e a produtividade do trabalho. Os empregados rejeitam o controle extremo por parte da empresa. 108 Categorias Elementos herdados Entrevista 3 O mérito percebido garante aos empregados maior poder de barganha e privilégios em relação a outros. A política interfere na estrutura e nas atividades dos grupos, inclusive em termos do exercício do poder e da influência para exigir a realização de determinadas atividades. Os empregados não gostam de ser cobrados ou sofrer interferência em seu trabalho. O conhecimento acadêmico é menos valorizado do que os resultados profissionais demonstrados. Elementos da nova Subcultura A contenção de custos como parte importante do trabalho e como papel do gerente. A formalidade e o registro como aspectos importantes do trabalho. A empresa se preocupa com o controle da produtividade do trabalho. Influência dos aspectos técnicos Algumas atividades são consideradas mais nobres do que outras e isso influência o relacionamento entre os grupos que exercem as atividades mais e menos nobres, seja em termos do tom de exigência e da reação dos grupos que exercem as atividades menos nobres; isso abre espaço para a influência do relacionamento pessoal nas atividades de trabalho. O sentimento em relação à tarefa era importante na própria divisão de tarefas dentro do grupo; os mais novos recebiam as tarefas menos nobres. Os membros dos grupos que se dedicavam às atividades mais nobres tinham garantidos privilégios e um trabalho bastante autônomo, sem cobranças e bem avaliado de antemão. O aumento de complexidade fez com que o trabalho tivesse uma forma diferente de ser organizado e controlado. A falta de recursos da empresa oriunda de novas características de mercado da mesma fez com que aumentasse o controle das atividades nela desenvolvidas. Controle por indicadores mascarando problemas dos grupos. 109 Categorias Entrevista 3 Influência da cultura no comportamento dos grupos. A estrutura e a formação dos grupos é influenciada pela magnitude política dos indivíduos que formam estes grupos, mas esta magnitude é influenciada pelo mérito percebido neles ao longo de suas carreiras. Os novos membros dos grupos, por serem relegados a segundo plano em um primeiro momento, procuram encontrar nichos de atividades e novas formas de trabalho ainda não dominados pelos antigos para competirem com eles pelo reconhecimento do mérito. A maioria dos empregados não busca o conhecimento acadêmico devido a sua subvalorização pela empresa. Os empregados não buscam relacionar-se com outros colegas e fazem suas atividades sozinhos, devido à característica de organização das atividades. Como as atividades são organizadas de forma individual e cada um se sente responsável por "sua" atividade, os empregados não admitem ser questionados sobre as atividades que desempenham, mesmo que tenham um forte impacto para as áreas clientes. O fato das atividades menos nobres serem entregues aos novos colaboradores faz com que estas em algum momento ganhem mais status, pois estes se dedicam e respondem bem aos desafios dados para que possam competir com os colegas por reconhecimento. A contenção de custos e o controle do trabalho exigidas dos empregados causam uma contra reação dos mesmos, fazendo com que esses Categorias não sejam alcançados algumas vezes; essa reação é forte, pois os empregados não aceitam o controle estreito de suas atividades. Influência do número de componentes novos no grupo. Os novos aceitam realizar atividades que são relegadas a segundo plano pelos antigos. Quanto mais novos, dessa forma, mais essas atividades são possíveis e são realizadas com qualidade. Os novos atualmente esperam um reconhecimento rápido da organização por seu esforço e conhecimento. Quanto mais novos no grupo, mais problema o mesmo terá com este assunto. 110 Categorias Entrevista 4 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores O mérito percebido era usado para conceder privilégios aos empregados que tiveram o maior mérito. Atividades centralizadas passaram a ser descentralizadas por localidade geográfica. Os problemas encontrados devem ser resolvidos pelo responsável técnico da atividade. As atividades são rotineiras e individuais. A intervenção na atividade dos colegas, caso necessária, era aceita e entendida como necessidade técnica. O trabalho era autônomo e desenvolvido sem uma prestação de contas estreita. O relacionamento com o superior hierárquico era distante e ocasional. O papel gerencial era muito relacionado à cobrança relativa a regras gerais da organização e não em relação ao trabalho. O relacionamento de trabalho com outros grupos praticamente inexistia. Existiam relações de prestação de serviço com outros grupos, que eram relacionadas às atividades específicas que os afetavam. Um maior número de pessoas no grupo levava a uma divisão mais formalizada das atividades. Quando uma mudança de atividade era necessária, os empregados recebiam treinamento para realizar as novas atividades. As atividades não eram muito bem planejadas ou negociadas antes de serem executadas. Algumas atividades tinham menos importência percebida do que outras. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais Atividades regradas e procedimentadas. Acompanhamento das atividades estreito por parte do superior hierárquico. Atividades de responsabilidade das áreas clientes de acordo com os padrões, caso não realizadas por elas, têm que ser realizadas pelos empregados. As regras garantem mais qualidade e previsibilidade às atividades desenvolvidas pelo grupo. As atividades são individualizadas e a responsabilidade por elas é de cada empregado. Existe um relacionamento frequente entre os grupos internos. O relacionamento pessoal interfere no relacionamento de trabalho entre os grupos e com grupos de outras gerências. Os padrões e regras são oriundos da sede, mas as áreas locais podem interferir em suas definições. Há uma valorização do papel da empresa na sociedade, de sua importância para a mesma. A empresa valoriza e cuida de seus empregados. 111 Categorias Entrevista 4 Elementos herdados Atividades individualizadas, com cada empregado se responsabilizando por suas atividades. Elementos da nova Subcultura Atividades regradas e procedimentadas. Acompanhamento das atividades estreito por parte do superior hierárquico. Importância de cumprimento dos padrões, mesmo que internamente seja necessário cumprir um papel externo à gerência. As regras garantem maior qualidade nas atividades. Existe um relacionamento frequente entre os grupos, que recebe interferência do relacionamento pessoal. Influência dos aspectos técnicos As atividades que eram individualizadas e não recebiam acompanhamento próximo faziam parte de requisitos técnicos que eram vinculados às próprias atividades, não sendo apenas previstos pela organização. Dessa forma, o acompanhamento de forma mais próxima por parte do gerente era impraticável, pois este teria que conhecer bem requisitos técnicos que não conhecia. Aconteceram mudanças de grupo por parte do entrevistado relacionadas à análise da alta administração da organização sobre a melhor forma de organizar as atividades dos grupos. A falta de experiência técnica dificultava o melhor planejamento das atividades. A divisão e a individualização das atividades acabam sendo influenciadas por suas características técnicas, que obrigam o desenvolvimento de uma série de papéis para realizá-las de forma adequada. 112 Categorias Influência da cultura no comportamento dos grupos. Entrevista 4 Como a competição entre os colegas ocorre sob a forma de relações cordiais, existe espaço para que o relacionamento interpessoal auxilie no relacionamento, pois, mesmo que os colegas estejam competindo, eles se tratam de forma cortês, o que mascara a competitividade. A valorização do mérito percebido e a competitividade fazem com que os empregados procurem aumentar a percepção do mérito por parte de seus avaliadores, que podem ser superiores hierárquicos ou áreas clientes. A descentralização das atividades influenciou na caracterização das atividades como autônomas, na medida em que não tinham um acompanhamento próximo de empregados que entendessem tecnicamente da atividade desempenhada. Com a volta da centralização (TI Corporativa assumindo as locais), esse acompanhamento mais próximo voltou a acontecer, inclusive por parte da sede. A crença de que o responsável técnico é que deveria resolver os problemas das atividades contribuiu bastante para a individualização das atividades, na medida em que cada empregado ficava entrincheirado em suas responsabilidades individuais. O acompanhamento próximo do empregado em relação ao gerente sempre aconteceu. Quando não era técnico, era motivado pelo cumprimento de regras burocráticas. A percepção de que algumas atividades eram mais importantes do que outras, fazia com que o empregado quisesse trocar de atividade, até para que seu mérito percebido aumentasse. A crença nos benefícios das regras e procedimentos faz com que os Influência do número de componentes novos no grupo. O entrevistado não deixou transparecer em sua entrevista elementos que mostrassem alguma influência entre os novos componentes de grupo e o comportamento no trabalho. 113 Categorias Entrevista 5 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais As atividades são individuais e divididas entre os membros do grupo e a responsabilidade por elas é cobrada de cada empregado. A decisão de dividir as tarefas é influenciada pelo próprio grupo, que foi questionado antes que elas fossem realmente divididas. Quando toma uma decisão, o grupo é cobrado sobre ela e suas consequências Existe competição entre os membros do grupo por melhores avaliações por parte do superior imediato. Os membros do grupo devem estar super alocados de atividades para serem considerados ocupados. Uma interação forte entre os colegas pode ser considerada uma baixa alocação de atividades. Existe respeito à hierarquia e à autoridade do superior hierárquico. Apesar de haver pouco relacionamento nas atividades desenvolvidas, a relação entre os membros do grupo é cortês e amigável. O trabalho é normatizado, não cabendo autonomia nas atividades. O relacionamento interno à gerência é conflituoso, pois as regras definidas para um grupo podem diferir das definidas para o outro, o que predispões ao conflito. O relacionamento com os grupos parceiros de outras gerências é harmonioso e os conflitos são solucionados com negociação. A sede é normatizadora, mas procura envolver as áreas na edição das normas na maior parte das vezes. O grupo difere na forma de avaliar as normas às quais estão submetidos, mas todos os seus membros as respeitam. 114 Categorias Entrevista 5 Elementos herdados Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da nova Subcultura Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Influência dos aspectos técnicos A organização das atividades do grupo é semelhante a outras empresas em que trabalhou, indicando que esta pode ser uma característica técnica das atividades. Os recursos tecnológicos disponíveis para o trabalho fazem com que o empregado se sinta motivado a colocar seus conhecimentos em prática. 115 Categorias Entrevista 5 Influência da cultura no comportamento dos grupos. O fato de existir cobrança em relação a decisões tomadas pelo grupo contribui para que as mesmas não sejam revistas por ele, o que prejudica a melhoria contínua na forma de realizar o trabalho. A competição por uma melhor avaliação por parte do gerente imediato faz com que cada membro do grupo se esforce mais ainda para cumprir suas atividades individuais em detrimento dos Categorias do grupo como um todo. A visão de que a super alocação reflete a ocupação do empregado faz com que ele fique mais ensimesmado ainda em suas atividades, pois, se interagir muito com seus colegas, ele poderá ser interpretado como alguém com poucas atividades a desempenhar. O respeito à autoridade e hierarquia faz com que os empregados realizem atividades da forma solicitada pelo superior hierárquico, mesmo discordando dela. O relacionamento cortês e amigável influencia para que exista competição sem o aparecimento de conflitos explícitos. A normatização das atividades desenvolvidas pelo grupo, associada à super alocação de trabalho para cada empregado, diminui as oportunidades de interação, além de restringir o aparecimento de soluções criativas. O relacionamento interno pautado por normas favorece o aparecimento de conflitos entre os grupos. Influência do número de componentes novos no grupo. O entrevistado não deixou transparecer em sua entrevista elementos que mostrassem alguma influência entre os novos componentes de grupo e o comportamento no trabalho. 116 Categorias Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Entrevista 6 As necessidades de recursos humanos para a organização eram providas tão logo estes fossem necessários. A descentralização da atividade de informática é uma melhor forma de organizar estas atividades relativas à atividade fim da empresa. As atividades eram individualizadas e autônomas. Não existia acompanhamento gerencial das atividades desenvolvidas pelo grupo. O papel dos gerentes era negociar recursos para tornar possíveis as atividades desenvolvidas pelo grupo. Cada um desempenhava seu papel sem ocupar o espaço do outro. O gerente não interferia nem em eventuais conflitos ocasionados pela distribuição das atividades do grupo. A divisão de tarefas espelhava a estrutura centralizada anterior, mas em tamanho reduzido. O atendimento às áreas clientes era mais importante que o cumprimento de regras ou a participação em reuniões. A distribuição interna de atividades afetava o relacionamento com grupos internos à gerência, pois refletia a separação entre os limites de cada atividade. As atividades eram integradas nacionalmente com todos os grupos locais oriundos do mesmo objetivo. A negociação era o caminho escolhido para a relação com as áreas clientes. A proximidade do gerente com os empregados e o acompanhamento mais próximo das atividades do grupo por ele contribuiam para a redução de conflitos internos. A restrição de recursos prejudicava as atividades do grupo. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais Atividades individualizadas e divididas entre os membros do grupo. Relacionamento interno a gerência tranquilo e colaborativo. A não definição do espaço das atividades de grupos de diferentes gerências leva a conflitos. As normas e procedimentos devem ser flexibilizadas em prol do relacionamento com outros grupos e do atendimento às áreas clientes. As soluções para conflitos entre grupos de gerências distintas deve envolver os gerentes das duas áreas para que o conflito seja dirimido. Os grupos de sede criam algumas regras que são explicadas para as áreas locais por meio de encontros e reuniões, mas são seguidas localmente. O objetivo mais importante do grupo é o atendimento às áreas clientes. A incorporação da TCOM pela TI foi importante para trazer para uma mesma gestão duas atividades complementares para a organização. A empresa cuida de seus empregados cada vez melhor nos últimos anos. O caminho da burocratização é perigoso para a empresa e ela deve evitá-lo. O ambiente de trabalho do grupo é excelente. 117 Categorias Entrevista 6 Elementos herdados Atividades individualizadas e divididas entre os membros do grupo. O atendimento às áreas clientes como o objetivo mais importante do grupo. O envolvimento gerencial na divisão das atividades leva a um ambiente de trabalho tranquilo e colaborativo. Elementos da nova Subcultura A indefinição do espaço das atividades dos diversos grupos de gerências distintas leva ao conflito entre eles. Normas e procedimentos devem ser flexibilizadas visando o atendimento às áreas clientes com mais rapidez e efetividade. A união da TI com a TCOM como importante para a gestão das duas atividades. A empresa cuida de seus empregados cada vez melhor nos últimos anos. Influência dos aspectos técnicos As atividades de informática ligadas à atividade fim da empresa necessitavam de um apoio mais flexível, mais voltado para a solução de problemas fácil e rápida, que permitisse seu uso em tempo real para auxiliá-la de forma dedicada. Isso ocasionou uma cisão com a área de informática que cuidava das informações corporativas, mais estáveis e menos críticas para a empresa. A atividade de âmbito nacional promove o relacionamento entre as áreas que cuidam das atividades de informática ligadas à área fim da empresa. A mudança tecnológica, com a informática migrando de mainframes para o uso de redes de computadores de uso pessoal influenciou a separação entre atividades de TI e de TCOM que, até então, eram realizadas em conjunto. 118 Categorias Entrevista 6 Influência da cultura no comportamento dos grupos. Cada área local criou uma estrutura espelho à que funcionava centralizadamente para fazer face à decisão de descentralização. Os membros dos grupos deixam de cumprir passos de normas e regras, ou até mesmo deixam de cumpri-las caso necessário para atender a uma necessidade de área cliente. Cada membro do grupo realizava suas atividades sem intervir ou solicitar interferência de seus colegas. Qualquer recurso necessário para a realização das atividades tinha que ser negociado com o gerente, pois este não acompanhava de forma direta as atividades realizadas no grupo e este normalmente o providenciava. Cada membro do grupo executava suas atividades se preocupando em não atuar em atividades de responsabilidade de outro colega, pois, se fizesse isto, mesmo que suas atividade fosse beneficiada com tal atuação, poderia gerar conflitos entre os colegas. Os conflitos que porventura acontecessem geravam frustrações e rancores nos colegas conflitantes, pois não havia intervenção gerencial nem para dirimi-los quando aconteciam. As atividades nacionais eram apenas participadas aos grupos locais para que estes as executassem, pois eram geridas e conduzidas nacionalmente. Como o atendimento às áreas clientes era o grande objetivo do grupo, o contato com elas é sempre por meio de negociação, não cabendo uma atuação em que fosse exigida delas alguma atuação. Influência do número de componentes novos no grupo. O entrevistado não deixou transparecer em sua entrevista elementos que mostrassem alguma influência entre os novos componentes de grupo e o comportamento no trabalho. 119 Categorias Entrevista 7 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Os colegas mais antigos repassavam informações e comportamentos associados às atividades que seriam desempenhadas pelos colegas mais novos. O ensinamento feito pelos colegas mais experientes acontecia sem restrições e com interesse que o colega aprendesse. O trabalho realizado nas áreas operacionais ocorria em equipe, com a participação e auxílio de todos, apesar de cada um receber atividades específicas. O trabalho do grupo na sede era realizado em equipe, com todos se auxiliando e partilhando as atividades. A realização das atividades era autônoma, organizada pelos próprios empregados. Existia no grupo respeito à autoridade e hierarquia. Existia diferença entre as tarefas realizadas, algumas eram consideradas mais nobres do que outras. Os empregados mais antigos gozavam de alguns privilégios. Não existia muito contato ou interação entre os grupos da gerência do entrevistado, na sede. O empregado mais antigo era a referência e o espelho dos empregados mais novos. A força e o tamanho da empresa, além de seu papel na sociedade, mobilizavam seus empregados. O interesse e visão particulares dos superiores hierárquicos davam origem a projetos inovadores. Novos conhecimentos eram repassados aos empregados quando novas atividades surgiam e estes procuravam aprendê-lo para realizar as novas atividades. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais O trabalho é realizado em equipe, com o compartilhamento das atividades e interação entre os colaboradores, apesar de existir espaço para aumentar essa forma de trabalhar. As atividades das equipes que formam o grupo são específicas, voltadas apenas ao cotidiano da equipe. As atividades do grupo são regidas por padrões e normas. Os padrões e normas são definidos pelos grupos de sede e, apesar de existir espaço, as interferências locais são muito pequenas. O relacionamento com grupos internos é tranquilo, pois é regido por padrões e normas, cabendo ao grupo apenas segui-las A gestão de pessoas é flexível e voltada para as pessoas e não apenas resultados. Os recursos necessários ao trabalho são disponibilizados com facilidade. A empresa cuida de seus empregados. A empresa é bem gerida e preparada. 120 Categorias Entrevista 7 Elementos herdados O trabalho é realizado em equipe, com compartilhamento de atividades e interação entre os colaboradores. Elementos da nova Subcultura As atividades são regidas por padrões e normas. Os padrões e normas são regidos por grupos de sede. O relacionamento de trabalho entre os grupos é regido por padrões. Gestão de pessoas flexível. Recursos disponibilizados com facilidade. A empresa cuida dos empregados. A empresa é bem gerida e preparada. Influência dos aspectos técnicos As atividades realizadas pelos grupos nas áreas operacionais influenciava sua realização com trabalho em equipe, pois traziam riscos à segurança de todos, o que estimulava o empenho na realização de todas elas da forma planejada. Como as atividades operacionais eram realizadas em regime de turno com confinamento, ou seja, com a presença constante dos empregados até o término do turno, estimulava o contato entre os membros do grupo e facilitava o relacionamento no trabalho. A características técnicas das atividades faziam com que elas fossem organizadas em regime de turno. O valor de compra dos equipamentos utilizados nas atividades desempenhadas pelo grupo abria uma janela de oportunidade para que se economizasse com os custos dessas atividades, fazendo com que os empregados se dedicassem a encontrar maneiras de economizar. Os locais em que eram realizadas as atividades criava uma distinção entre elas, sendo as atividades mais nobres aquelas que aconteciam nos locais mais confortáveis. Dessa forma, o empregado mais antigo podia usufruir de seus privilégios, escolhendo os locais mais confortáveis para exercer suas atividades. A tecnologia aplicada em algumas atividades, por ser nova, influenciava a transferência de conhecimentos para os empregados, pois seus idealizadores tinham interesse que elas ocorressem. O trabalho com tecnologia inovadora conferia maior status ao grupo. Um menor status das atividades influencia na motivação do grupo. 121 Categorias Influência da cultura no comportamento dos grupos. Influência do número de componentes novos no grupo. Entrevista 7 O repasse de informação e do conhecimento por parte do empregado mais antigo voltava para ele próprio, pois teria colegas com os quais dividir suas atividades. A realização do trabalho nas áreas operacionais sendo feita em equipe fazia com que os empregados atuassem até mesmo em atividades que, a princípio, não eram de sua responsabilidade, pois todos sentiam responsabilidade pelas atividades que aconteciam neste ambiente. O trabalho em grupo na sede melhorava o relacionamento pessoal no trabalho, o que influenciava na organização autônoma das atividades e no cumprimento das atividades esperadas, além de criar um ambiente favorável ao aparecimento da criatividade e da inovação como no caso da economia de custos buscada pelo próprio grupo para a organização. O respeito à hierarquia e à autoridade faziam com que o grupo respeitasse as normas e regras, mesmo que discordassem delas. O fato de existirem atividades mais nobres que as outras permitia ao empregado mais antigo gozar de determinados privilégios realizando as mesmas atividades que seus colegas, mas exercendoas em localidades diferentes, sem que a empresa precisasse abrir mão de seu trabalho ou o recompensasse de forma diferenciada. O fato de, na sede, não haver muito contato entre os grupos criava uma certa especialização das atividades nesse âmbito. O fato de existirem novos membros no grupo e, nos grupos anteriores, existir diferença de status entre novos e antigos criava uma forma de compensação do empregado com maior status sem que a empresa precisasse recompensá-lo a mais por isso. 122 Categorias Entrevista 8 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais As atividades são bem divididas entre os membros do grupo, mas há colaboração entre eles, principalmente quando esta é necessária, seja por falta de disponibilidade do responsável pela atividade ou pela complexidade da tarefa no prazo exigido. O coordenador do grupo sempre participa do planejamento de atividades não rotineiras ou que afetarão o trabalho de outros grupos. A especialização em atividades forma ilhas de excelência em diferentes atividades do grupo e da gerência. O conhecimento necessário para o exercício das atividades é passado aos empregados por meio de treinamento formal. Este treinamento poderá ser dado também por outros colegas, mas como opção secundária. Empregados de empresas terceirizadas não recebem treinamento formal e são treinados por seus colegas. As atividades do grupo são procedimentadas e se pretende que sejam realizadas de forma homogênea na empresa como um todo. Existe participação na construção dos procedimentos das áreas locais na maior parte dos casos. Algumas decisões centralizadas afetam a atividade local e são tomadas sem participação das áreas locais. Se o prejuízo para a atividade for mínimo, as normas são flexibilizadas para que o resultado seja obtido com mais rapidez. O relacionamento com grupos de manutenção de equipamentos que utilizam para realizar seu trabalho é rápido e eficiente. O relacionamento com grupos de sede é relativamente democrático. 123 Categorias Entrevista 8 Elementos herdados Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da nova Subcultura Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Influência dos aspectos técnicos Outro ponto que torna necessária a realização de treinamentos é a rápida evolução tecnológica. A característica de complexidade técnica das atividades influencia na decisão do grupo de flexibilizar ou não as regras a elas aplicáveis quando existe a necessidade de uma resposta mais rápida. O relacionamento com grupos de manutenção de equipamentos que utilizam para a realização das atividades apenas é necessário devido à complexidade técnica desses equipamentos. A facilidade deste relacionamento é influenciada pelo alto custo do serviço contratado. As características de organização das atividades são influenciadas por sua complexidade técnica e pela evolução tecnológica que tem sido observada. A imagem que as atividades que o grupo desempenha tinham perante os demais grupos da gerência mudou muito devido à própria evolução técnica das atividades. Os recursos tecnológicos disponibilizados pela empresa para que o grupo execute suas atividades motivou bastante o entrevistado logo que entrou na organização e continua motivando, pois ele alega trabalhar com a vanguarda tecnológica disponível em sua atividade. 124 Categorias Entrevista 8 Influência da cultura no comportamento dos grupos. Como o coordenador participa do planejamento das atividades não rotineiras e impactantes, os membros do grupo não atuam nessas atividades com a mesma especialidade técnica das demais, o que acaba ficando a cargo do coordenador, que tem uma função mais técnica do que de gestão. Esse é o momento no qual, inclusive, justifica sua função atribuída. Como esperam que as novas atividades sejam desenvolvidas após a realização de treinamentos, os membros do grupo negociam este recurso constantemente com a empresa suplantando, inclusive, sua impossibilidade com a realização de treinamentos aproveitando o conhecimento interno, caso necessário. Como as atividades são procedimentadas, os membros do grupo procuram seguir sempre as normas definidas pela empresa para suas atividades, além de proporem melhorias nas mesmas quando têm espaço e possibilidade. Como algumas decisões são tomadas de forma centralizada, os membros do grupo se sentem um pouco presos na realização de algumas atividades, principalmente naquelas em que existe um benefício possível para a organização. Dependendo da complexidade da atividade e da chance de ser objeto de auditoria, o grupo não aplica algumas regras caso necessário. Influência do número de componentes novos no grupo. O fato de ser novo na empresa e perceber que novas atividades estavam sendo estruturadas em seu grupo, deu ao entrevistado uma sensação de que estava crescendo junto com o grupo e a empresa, motivando-o a buscar conhecimentos e desenvolvimento de suas atividades. 125 Categorias Entrevista 9 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais Atividades divididas com cada membro do grupo se responsabilizando apenas por sua atividade no momento em que o entrevistado ingressou na organização. Os novos membros do grupo não tinham capacidade técnica para assumir algumas atividades. Os novos membros do grupo assumiram a missão do grupo. Passou a acontecer um maior compartilhamento, principalmente do conhecimento acumulado, das atividades e um trabalho mais em equipe. O processo inicial de formação de novos colaboradores mostrou os ganhos do trabalho compartilhado em equipe. Existe pouco relacionamento entre os grupos da gerência do entrevistado. As atividades entre os grupos internos são autônomas e de responsabilidade de cada grupo. Os empregados antigos e os integrantes com menos de dois anos de empresa não valorizam o trabalho em equipe. Para favorecer o relacionamento com grupos de outras gerências, os colegas mais novos na organização são melhores escolhas para se relacionar do que os mais antigos. O excesso de normas ao qual os grupos de outras gerências está submetido prejudica o relacionamento com os grupos da gerência do entrevistado. A unidade da empresa ao qual pertence a gerência do entrevistado tem excesso burocratização. 126 Categorias Entrevista 9 Elementos herdados Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da nova Subcultura Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Influência dos aspectos técnicos A falta de confiança na capacidade técnica dos novos integrantes do grupo, principalmente devido ao longo tempo em que a empresa ficou sem contratar novos profissionais, influenciou na distribuição das atividades e na opção do não compartilhamento das mesmas. O excesso de regras e normas ao qual o entrevistado se referiu em grupos de outras gerências, que acaba dificultando o relacionamento entre os grupos, é influenciado pela certificação de qualidade a que estão submetidos. 127 Categorias Entrevista 9 Influência da cultura no comportamento dos grupos. Como achavam que os novos membros do grupo não tinham capacidade técnica e talvez não partilhassem dos Categorias do grupo, eles recebiam tarefas secundárias na distribuição de tarefas da equipe. Quando o grupo percebeu que os novos membros compartilhavam a missão do grupo, as atividades, mesmo aquelas que antes eram da responsabilidade dos empregados antigos, passaram a ser mais compartilhadas no grupo. O interesse e a insistência por parte dos novos membros do grupo por trabalhar em equipe é influenciado pelo curso de formação que receberam da empresa em seu ingresso. Por acreditarem que as atividades de cada grupo são restritas e de sua responsabilidade, os empregados não promovem um relacionamento efetivo entre os grupos da gerência, o que prejudica as atividades em alguns momentos, pelo menos em relação a todo o potencial que poderiam alcançar. O fato de alguns empregados dos grupos, principalmente os mais antigos e os recém-chegados à empresa, não acreditarem no trabalho em equipe prejudica o desenvolvimento dessa forma de trabalho, inclusive no relacionamento com grupos de outras gerências. O excesso de normas e burocratização aos quais os grupos de outras gerências estão submetidos aumenta a possibilidade do aparecimento de conflitos e desestimula o relacionamento entre os grupos de diferentes gerências. Influência do número de componentes novos no grupo. Os novos membros do grupo foram fundamentais no estabelecimento do compartilhamento de conhecimento e atividades no mesmo. Os novos componentes do grupo influenciam no relacionamento do grupo com outras gerências, pois nutrem este relacionamento melhor do que seus colegas mais antigos. Os novos componentes do grupo interferem na chegada de recémingressos na empresa, pois preparam-na, estimulando sua integração com os demais colegas. 128 Categorias Entrevista 10 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores A realização de curso de formação passou a ser necessária para as atividades desenvolvidas pelo entrevistado. As atividades do grupo eram realizadas em equipe com compartilhamento e revezamento de todas as atividades sob a responsabilidade do grupo. A liderança do grupo era realizada por alguém mais experiente nas atividades desenvolvidas por ele. Existia diferença entre as atividades realizadas na gerência, com o status de algumas atividades sendo considerado baixo. O relacionamento pessoal diminuía a distância entre os colegas que exerciam diferentes atividades. Os novos membros do grupo devem realizar atividades menos nobres sob a responsabilidade do mesmo. As relações de trabalho eram autoritárias e a disciplina importante. As condições de segurança para o desenvolvimento de atividades eram precárias. A busca pelo conhecimento deveria acontecer por interesse do próprio empregado. Quando o empregado não podia exercer atividades operacionais braçais era aproveitado na área de controle dessas atividades. Melhorias nas relações de trabalho eram conquistadas apenas por intermédio dos sindicatos. A gestão da empresa permitia que fossem colocados em posições de liderança colaboradores pouco capacitados para essa atividade. Adquirir novos conhecimentos era visto como uma forma de buscar novas oportunidades na empresa. O relacionamento entre grupos era formal e hierarquizado. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais As atividades não são diferenciadas de acordo com o nível do cargo ocupado pelo empregado. Há igualdade de tratamento entre cargos de nível diferente nos grupos. A sede deve ter os melhores profissionais e os melhores recursos disponíveis. A liderança das atividades é toda realizada pelo gerente, que não institui lideranças de grandes atividades para ajudá-lo. As atividades são desenvolvidas em equipe e compartilhadas pelo grupo, sem divisão extrema. Há a continuidade constante das lideranças dos grupos. A recompensa dada pela organização aos empregados deve ser distribuída de forma igualitária ao longo do tempo. Para que isso aconteça, as regras do processo podem ser subvertidas. A autoridade não é mais tão aceita na empresa. Para os empregados que se interessam, a empresa entrega diversas atividades até que sua capacidade laboral se esgote. A legitimidade de comando de empregados que não recebem função gratificada é questionada pelos colegas que são colocados sob sua gestão pelo gerente. Existe respeito à autoridade oriunda da hierarquia. Os empregados que exercem função gratificada recebem privilégios da empresa no que se refere à cobrança por resultados. 129 Categorias Entrevista 10 Elementos herdados As atividades são desenvolvidas em equipe, sem responsabilização extrema de cada empregado. A busca pelo conhecimento e pelo desenvolvimento depende do interesse de cada empregado. Existe respeito à autoridade. Elementos da nova Subcultura As atividades não são diferenciadas de acordo com o nível do cargo. A sede deve ter os melhores profissionais e recursos disponíveis. As atividades são todas lideradas pelo gerente, sem a instituição de lideranças delegadas para auxiliá-lo. A autoridade não é mais tão aceita na empresa. Influência dos aspectos técnicos O fato das atividades serem realizadas em equipe foi influenciado pelas características de segurança dessas atividades, não sendo cabível uma divisão extrema das atividades, pois elas tinham que ser realizadas, mesmo que isso fosse feito por qualquer empregado. As características de segurança das atividades também influenciavam na liderança ser realizada por profissionais com vasta experiência nas mesmas, pois sabiam, teoricamente, lidar com essas características das atividades minimizando o risco. O fato das atividades realizadas por um dos grupos iniciais do entrevistado serem braçais e de apoio contribuíam para que tivessem um baixo status em relação a outras atividades desenvolvidas na gerência. As características das tarefas contribuíam para que os novos integrantes do grupo passassem por uma provação inicial na qual realizavam as tarefas menos nobres do próprio grupo, até que se adaptassem ao mesmo. As condições precárias de segurança relacionadas às atividades vigentes na época aumentavam o número de acidentes de trabalho e necessidades de realocação de empregados para outras atividades. A necessidade de novos conhecimentos aplicados a atividades abria janelas de oportunidade para que os empregados se desenvolvessem na empresa e, inclusive, mudassem de atividade. A falta de medições das atividades realizadas prejudicava os resultados do grupo, na medida em que não podiam avaliar se iam bem ou mal nas atividades realizadas. 130 Categorias Entrevista 10 Influência da cultura no comportamento dos grupos. As atividades realizadas em equipe, com compartilhamento e revezamento, faziam com que todos se sentissem responsáveis e aptos a realizar todas as atividades do grupo, além de fazerem com que os empregados rechaçassem um comportamento em que alguém do grupo se negasse a realizar qualquer uma de suas atividades. A liderança do grupo ser exercida por alguém com mais experiência do grupo mantinha o sentimento de unidade do mesmo e de segurança nas decisões do líder. O baixo status das atividades que o grupo desenvolvia gerava em seus membros um sentimento de inferioridade em relação a outras atividades, o que contribuía de alguma forma para que o grupo aceitasse o papel de auxiliar em várias atividades desenvolvidas por outros grupos. A força do relacionamento pessoal diminuía o sentimento de inferioridade de um colega em relação ao outro e melhorava, inclusive, o relacionamento no trabalho entre os grupos. Os novos integrantes do grupo realizavam inicialmente as atividades consideradas menos nobres por ele para que se preparassem para posteriormente aceitar qualquer atividade designada a eles sem questionamento. Influência do número de componentes novos no grupo. O ingresso de novos membros no grupo com curso de formação deram à atividade maior valor agregado, pois estes ficaram mais preparados do que anteriormente para realizarem as atividades. O ingresso de novos membros no grupo estimulava a necessidade de um processo de adaptação dos novos para que a unidade da equipe não fosse quebrada. A presença de novos membros na empresa atualmente faz com que conceitos como a autoridade seja mais questionada no cotidiano do trabalho. 131 Categorias Entrevista 11 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores As atividades realizadas pelo grupo estavam submetidas a regras de grupos ligados à área técnica e a grupos que regulamentavam o tipo de atividade realizada pelo entrevistado na empresa como um todo. O trabalho era realizado em equipe, com a divisão inicial das atividades entre os membros do grupo, mas com interação e compartilhamento das mesmas entre eles. O relacionamento com as áreas clientes deste grupo era de reciprocidade e trabalho conjunto, numa relação de parceria e cumplicidade. O relacionamento do grupo com àqueles que emanavam as normas e regras para as atividades por ele desenvolvidas era apenas de recebimento das mesmas para usá-las nas atividades, com espaço para interações que visassem o esclarecimento de dúvidas e sugestões. A formalidade gerencial trazia obrigações na imposição de regras e controle de pessoas que diferiam da coordenação técnica realizada em determinado momento pelo entrevistado. O respaldo da atividade por normas técnicas nacionais diminuía o espaço para intervenções na mesma por parte de superiores hierárquicos; com um afastamento do grupo normativo em relação aos grupos locais, essa interferência tendia a aumentar. A formalização gerencial da atividade dava um respaldo maior para a mesma, minimizando possíveis intervenções. A parte mais importante do trabalho desenvolvido no grupo era o atendimento às áreas clientes. O trabalho era alegre e realizado com bom humor. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais Há uma interferência no trabalho do grupo por parte dos níveis hierarquicamente superiores. As diretrizes e normas técnicas da atividade nem sempre são respeitadas pela hierarquia superior. O trabalho está em constante evolução técnica. O grupo é unido e compartilha frustrações. Existe apoio irrestrito para a atividade por parte das áreas clientes. O relacionamento com as áreas técnicas e normatizadoras é mais distante. O relacionamento com grupos parceiros é colaborativo. Novos membros do grupo devem ser socializados para fazerem parte do grupo e suas características também passam a compor o estilo do grupo. Os recursos que a empresa disponibiliza para a realização das atividades são modernos e ajudam muito no desenvolvimento das mesmas. Normas de RH deveriam ser mais flexibilizadas. O trabalho na empresa é bem organizado e gerido. 132 Categorias Entrevista 11 Elementos herdados O trabalho é realizado em equipe e compartilhado entre seus membros, mesmo que exista uma divisão inicial de tarefas. O relacionamento com áreas clientes é de interação constante e reciprocidade em relação às atividades desenvolvidas pelo grupo. O respaldo da atividade por normas técnicas diminui a possibilidade de intervenção gerencial. A parte mais importante do trabalho é o atendimento às áreas clientes. Trabalho alegre e realizado com bom humor. Elementos da nova Subcultura Há uma interferência no trabalho técnico por parte dos superiores hierárquicos que nem sempre têm conhecimento na área. Nem sempre há respeito pelas normas técnicas às quais as atividades estão submetidas por parte dos superiores hierárquicos. O relacionamento com as áreas normatizadoras é distante. O relacionamento com grupos parceiros é colaborativo. Novos membros do grupo são socializados para que componham o grupo. Influência dos aspectos técnicos As normas técnicas às quais as atividades do grupo estavam submetidas contribuiu para uma gestão facilitada das mesmas, na medida em que o trabalho do grupo passava a ser apenas o cumprimento de normas previamente estabelecidas e claras. A tecnologia aplicada às atividades do grupo contribuíam com sua evolução constante, inclusive em termos de quantidade, sem que o trabalho de muitas outras pessoas fosse necessário. O fato do grupo trabalhar com insumos oriundos de suas próprias áreas clientes contribuía para fortalecer o relacionamento de cumplicidade que nutriam. O papel gerencial trazia uma série de responsabilidades para o entrevistado, mas também garantia um maior respaldo para as atividades desenvolvidas pelo grupo. As normas técnicas a que o grupo estava submetido blindava as atividades contra uma interferência mais direta em suas atividades, pois dava respaldo técnico às mesmas. A importância técnica das atividades desenvolvidas pelo grupo do entrevistado em relação às atividades realizadas pelas áreas clientes contribuía também para o profundo relacionamento entre os grupos. A aplicação de tecnologia ao trabalho do grupo influencia os resultados do grupo, pois permite um atendimento cada vez melhor às necessidades das áreas clientes. Os recursos técnicos disponibilizados pela empresa para que as atividades sejam realizadas contribuem para que os empregados se sintam motivados na condução de seu trabalho e os auxiliam no alcance dos resultados esperados. 133 Categorias Entrevista 11 Influência da cultura no comportamento dos grupos. A proposta de trabalho em equipe, além do clima descontraído com o qual o trabalho era realizado, influenciava na união do grupo e no compartilhamento das atividades e dos sentimentos relacionados a elas em alguns casos. A crença de que o grupo estava em constante evolução técnica, motivava os empregados a aplicarem novas tecnologias em suas atividades, além de influenciar na percepção da preparação do grupo para o alcance de resultados. O relacionamento de parceria e cumplicidade entre o grupo e suas áreas clientes influenciava no esforço para que as atividades fossem desenvolvidas sempre da melhor forma possível pelo grupo em favor dessas áreas, além de oferecer também respaldo e segurança para as atividades do grupo. O entendimento por parte do grupo de que o relacionamento com os grupos de sede e normatizadores da empresa influenciou na forma de receber as normas e na característica do grupo de não discuti-las ou questioná-las, apenas cumprindo o que foi proposto. Essas normas referiam-se às atividades e eram aceitas como parte do trabalho do grupo. A necessidade de cumprir o papel gerencial e o entendimento do que a organização esperava dele contribuiu para que o entrevistado realizasse algumas atividades que não se sentia muito confortável em realizar, mas ganhava como recompensa um respaldo maior para as atividades desenvolvidas no grupo. Influência do número de componentes novos no grupo. A existência de novos colaboradores no grupo traz a exigência de uma socialização dos mesmos para que se adaptem ao grupo, além de contribuírem com suas características para que as do grupo sejam modificadas ou criadas. 134 Categorias Entrevista 12 Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais As atividades e o conhecimento para realizá-las são aprendidos no próprio decorrer do trabalho, há pouco treinamento formal. A atividade é referenciada em procedimentos e padrões técnicos de como realizá-la, que já são de amplo conhecimento do grupo. Apesar das atividades estarem referenciadas, o diferencial para sua realização está no conhecimento adquirido em sua realização cotidiana. A relação das pequenas equipes que compõem o grupo para o qual as atividades são designadas é colaborativa e frequente principalmente devido ao relacionamento pessoal entre seus componentes. A prioridade do grupo é o atendimento direto ao cliente, ficando atividades como a apresentação de sugestões para complementar os procedimentos em segundo plano. O contato com outros grupos é hierarquizado e restrito, principalmente, ao papel do supervisor. A gestão do grupo não é feita de forma muito próxima, com poucas reuniões e feedback em relação a problemas levantados. O papel do supervisor acaba restrito a soluções de problemas do cotidiano do trabalho, sem que se dedique um tempo efetivo à gestão do grupo. O relacionamento pessoal auxilia também no relacionamento com outros grupos ocasionalmente. O relacionamento com grupos de sede acaba restrito pela falta de tempo do grupo para se dedicar a ele. 135 Categorias Entrevista 12 Elementos herdados Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Elementos da nova Subcultura Esta categoria não se aplica ao entrevistado, pois é novo na organização. Influência dos aspectos técnicos A dedicação à parte técnica do trabalho que redunda no atendimento direto à áreas clientes restringe as possibilidades do grupo se dedicar à sua gestão e ao relacionamento com outros grupos. O tamanho da equipe influencia nos resultados negativos que tem atingido. A restrição de recursos para que as atividades sejam realizadas interfere no alcance dos resultados e na motivação do grupo. O conjunto de conhecimentos adquiridos com o próprio cotidiano das atividades minimiza a importância dos procedimentos técnicos publicados sobre as atividades. Os treinamentos iniciais que recebeu não foram suficientes para que realizasse suas atividades, o que aumentou a importância do conhecimento cotidiano. O próprio relacionamento entre os grupos é previsto por padrões e procedimentos, o que burocratiza este contato. 136 Categorias Entrevista 12 Influência da cultura no comportamento dos grupos. O fato do grupo ser pequeno e se responsabilizar por poucas atividades contribuía para o compartilhamento das atividades dentro destes pequenos grupos, pois seria complexo dividir pequenos grupos de atividade. A referência de que o conhecimento era adquirido no cotidiano do trabalho influenciava para que o grupo se preparasse para aprender com esse cotidiano e não esperar treinamentos formais. Isso fica claro até no desprezo com os quais estes e os procedimentos técnicos foram mencionados. O fato da atividade estar submetida a procedimentos técnicos regidos por outra área da empresa influenciava na necessidade percebida em conhecer e seguir estes procedimentos já que a adequação do grupo aos mesmos poderia ser cobrada do mesmo em algum momento. Dessa forma, eles viravam rotina no cotidiano das atividades e posteriormente não precisavam mais nem ser consultados. O relacionamento pessoal influencia tanto no relacionamento entre as pequenas equipes do grupo que este, mesmo sendo previsto por normas e procedimentos que os regram, acontece de forma frequente e colaborativa, burlando as próprias regras ao qual está submetido. Como a prioridade do grupo é o atendimento direto às áreas clientes, sobra pouco espaço de tempo para que o grupo se dedique à sua gestão ou relacionamento, além do compartilhamento do conhecimento entre as equipes que o compõem, apesar do relacionamento pessoal suplantar um pouco esta característica. Influência do número de componentes novos no grupo. Os novos componentes do grupo chegam com maneiras um pouco diferentes de ver e conduzir o trabalho já que, apesar dele estar submetido a vários procedimentos, ainda existe espaço para atuação específica. Isso faz com que, possivelmente, as equipes passem a criar formas diferentes de realizar o trabalho, já que compartilham suas atividades no cotidiano. 137 APÊNDICE C UNIDADES DE REGISTRO E ENUMERAÇÕES DE REGISTRO Indicador 1 Tema Estrutura descentralizada Trabalho individualizado, sem trocas ou interações, inclusive de conhecimentos Tarefas autônomas, com formato e prazo decididos pelo empregado Diferença de status entre funções ou atividades Gerente como espelho Realização de atividades sob pressão Relacionamento pessoal interferindo no trabalho Mérito influencia possibilidades de escolha e avaliação Fuga de atividades extras, cada um observa apenas sua atividade Respeito à hierarquia e autoridade formal Atividades designadas de acordo com o perfil As contratações são feitas sempre que necessárias Trabalho em equipe O gerente define a carreira dos empregados Os bons empregados são comprometidos com o trabalho Valorização do autoaprendizado O emprego dos sonhos A busca pelo que fazer é autogerida Empregados antigos têm mais privilégios Produção mais valorizada que conhecimento teórico Os especialistas que sabem o que tem que ser feito Controle financeiro pouco rígido Relacionamento distante com o superior hierárquico no cotidiano Relacionamento entre grupos apenas de prestação de serviços, sem parceria Mais pessoas no grupo torna mais formal a divisão de tarefas Treinamento para novas tarefas Atividades pouco planejadas O gerente tem como papel principal negociar e fornecer recursos Cada indivíduo tem seu espaço de trabalho que não deve ser invadido Importância e prioridade do atendimento às áreas clientes Atividades integradas nacionalmente As questões devem ser sempre negociadas e não impostas às áreas clientes A proximidade do superior imediato no cotidiano das atividades resolve conflitos A restrição de recursos prejudica as atividades Os mais antigos devem orientar os mais novos A troca de conhecimentos deve ser realizada sem restrições O empregado antigo é a referência do grupo A empresa é grande e forte e isso gera motivação Se o superior hierárquico quiser, as atividades dos grupos podem ser mudadas A formação inicial dada pela empresa ao empregado é importante As condições de segurança são precárias Caso não pudesse realizar atividades operacionais, os empregados faziam atividades de controle As melhorias nas relações de trabalho somente eram conseguidas por intermédio do sindicato Colaboradores pouco capacitados podem ser colocados em funções de liderança O relacionamento entre grupos é hierarquizado As atividades são regidas por regras e normas técnicas O relacionamento com áreas clientes é de parceria e responsabilidade As regras são seguidas sem questionamentos Ser gerente redunda em um conjunto de obrigações As normas técnicas respaldam as atividades contra interferências A formalização gerencial respalda atividades contra interferências O trabalho deve ser realizado de forma alegre e com bom humor Entrevistas Número de Entrevistas 1, 4, 6 3 1, 2, 3, 4, 6 5 1, 2, 3, 4, 6, 7 6 1, 3, 4, 7, 10 5 1 1 1 1 1, 2, 3, 10 4 1, 2, 3, 4 4 1 1 1, 2, 7, 10 4 2 1 2,6 2 2, 7, 10, 11 4 2 1 2 1 2, 10 2 3 1 3 1 3, 7, 10 3 3 1 3 1 3 1 4,6 2 4, 6, 7 3 4 1 4,7 2 4 1 6 1 6 1 6,11 2 6,11 2 6,11 2 6 1 6 1 7 1 7 1 7, 10 2 7 1 7 1 10 1 10 1 10 1 10 1 10 1 10 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 11 1 138 Indicador 2 Tema Trabalho submetido a normas e padrões Respeito à hierarquia e autoridade formal Relacionamento pessoal interferindo no trabalho Atividades a realizar negociadas com os empregados Cumprimento das normas justifica aumento de pessoal Trabalho individualizado, sem trocas ou interações, inclusive de conhecimentos Diferença de status entre funções ou atividades Gerente como decisor final Processos definidos de forma centralizada Relacionamento formal entre grupos Grupos esquivando-se de mais tarefas Política influenciando relacionamento entre os grupos Disciplina menos rígida Mérito influencia possibilidades de escolha e avaliação Importância na contenção de custos Treinamento para novas tarefas Empregados não gostam de ser cobrados por resultados O papel de controle de custos é do gerente Os grupos buscam em outros grupos a culpa por problemas A empresa se preocupa com seus empregados Acompanhamento estreito das atividades pelo superior hierárquico Regras garantem mais segurança e previsibilidade nas atividades Valorização do papel da empresa na sociedade Os empregados são cobrados por resultado e pelas decisões tomadas Competição por melhores avaliações Os empregados têm que estar sempre super alocados de atividades O relacionamento entre os membros do grupo é cortês e amigável O relacionamento com grupos de outras gerências é harmonioso Relacionamento intra gerência tranquilo e colaborativo A indefinição clara de papéis e responsabilidades leva a conflitos A importância de atendimento às áreas clientes como prioridade A última reestruturação foi importante para unir duas atividades complementares A empresa deve desburocratizar-se O ambiente de trabalho é excelente Trabalho em equipe Os recursos são disponibilizados com facilidade para a realização do trabalho A empresa é bem gerida e preparada para os desafios apresentados Há a formação de ilhas de excelência relacionadas às atividades Os empregados terceirizados não recebem treinamento As normas podem ser eventualmente flexibilizadas O relacionamento com grupos externos de prestação de serviços é rápido e eficiente A socialização de novos membros dos grupos rompe barreiras de antiguidade A formação inicial dada pela empresa ao empregado é importante Há pouco relacionamento entre grupos da mesma gerência Os membros mais novos dos grupos favorecem o relacionamento entre grupos Não há diferença de status entre cargos e funções A sede deve ter sempre os melhores recursos e profissionais Há a continuidade nas lideranças dos grupos As recompensas para os empregados devem ser igualitárias independente do mérito A autoridade é menos aceita A legitimidade dos superiores informais é questionada Os gerentes têm privilégios Há pouco espaço para a liderança efetiva da equipe Entrevistas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 1, 3, 5, 10 1, 4, 12 1 2 2, 4, 5, 6, 8, 9 2,9 2, 8, 10, 11 2, 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12 2, 4, 5, 6, 7, 12 2 2,3 2 2 3 3, 8 3 3 3 3, 4, 6, 7 4 4 4 5,10 5 5 5 5 6, 11, 12 6 6, 11, 12 6 6, 9, 11 6 6, 9, 10, 11, 12 7,11 7, 11 8 8,12 8 8 8,11 9 9 9 10 10 10 10 10 10 10 10 Número de Entrevistas 8 4 3 1 1 6 2 4 8 6 1 2 1 1 1 2 1 1 1 4 1 1 1 2 1 1 1 1 3 1 3 1 3 1 5 2 2 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 139 Indicador 5 Tema Evolução Tecnológica Concorrência Certificação de qualidade Atividades desafiadoras e inovadoras Falta de conhecimento afeta colaboração Riscos à segurança estimulam a colaboração Estabilização da atividade como cotidiana contribui para sua divisão em partes Absorção de atividades de outras equipes levam ao aumento de tarefas e necessidade de pessoal Normas e padrões melhoram a qualidade Conjunto de tarefas grande e equipes pequenas estimulam o trabalho em equipe Falta de limites processuais gera conflitos Diferença de status entre atividades influencia no comportamento do grupo e divisão de tarefas Para as tarefas mais nobres é dada mais autonomia de realização A falta de recursos leva a um aumento de controle das atividades O controle por indicadores mascara problemas Tarefas mais técnicas dificultam o acompanhamento e controle das atividades A forma da alta administração ver as atividades dos grupos interfere em sua formação A falta de experiência dificulta o planejamento Tarefas mais técnicas influenciam no trabalho individualizado A centralização das decisões promove o relacionamento entre grupos de atividades nacionais O confinamento contribui para a colaboração e o relacionamento pessoal Quanto maior o custo dos recursos, maior a criatividade em relação a eles Quanto maior a complexidade das tarefas, maior é a necessidade de treinamento para executá-las Quanto menor a complexidade das tarefas, maior a flexibilização das normas a elas aplicadas Quanto maior o custo do serviço, melhor o relacionamento com os grupos que o presta O excesso de regras dificulta o relacionamento entre as equipes Os riscos das atividades aumentam a necessidade de uma liderança experiente Os riscos das atividades aumentam o número de acidentes de trabalho A falta de controle e medição prejudica o resultado das atividades A afinidade entre tarefas realizadas por diferentes grupos aumenta o relacionamento e a cumplicidade O papel gerencial leva a mais responsabilidades e a mais respaldo para as atividades Quanto mais foco nas tarefas técnicas, menor o tempo dedicado à gestão das equipes Quanto menos recursos disponibilizados para as atividades, pior seu resultado Quanto menos treinamento formal, maior a importância do conhecimento empírico acumulado Entrevistas 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 10, 11 1 1,2 2 2,9 2, 7, 10 2 2 2,11 2 2 3, 7, 10 3 3 3 4, 11 4,6 4 4,5 6 7 7 8,10 8 8 9,12 10 10 10 11 11 12 12 12 Número de Entrevistas 10 1 2 1 2 3 1 1 2 1 1 3 1 1 1 2 2 1 2 1 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 Indicador 7 Tema Os novos favorecem a implantação de inovações, devido às experiências anteriores de mercado A aceitação dos novos pressiona os antigos a aceitarem Novos em atividades de liderança passam sua pressão para o grupo Os novos aceitam realizar tarefas menos nobres Os novos esperam um reconhecimento rápido por seu esforço e dedicação Os novos acreditam mais no trabalho em grupo e compartilhamento do conhecimento Os novos socializam os colegas recém-ingressos Novos com curso de formação agregam valor às atividades A presença de novos estimula sua socialização com o grupo Os novos aceitam menos a autoridade Entrevistas 1, 2, 8, 12 1 2 3,7 3 9 9 10 10,11 10 Número de Entrevistas 4 1 1 2 1 1 1 1 2 1 140 APÊNDICE D PRINCIPAIS PONTOS ENCONTRADOS NAS ENTREVISTAS – CULTURA DA ÁREA ANALISADA Categorias Pontos Principais das Entrevistas Realizadas Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Anteriores O trabalho realizado era individualizado sem trocas ou interações, inclusive de conhecimentos. As tarefas realizadas eram autônomas, com formato, prazo, características definidas pelo próprio empregado executor. Existia diferença de status entre atividades e funções desempenhadas, o que diferencia também grupos eventualmente. O relacionamento pessoal interferia nas atividades e no relacionamento entre grupos, além de interferir na composição e estrutura da empresa. O mérito percebido no trabalho dos empregados influenciava em sua avaliação e nas oportunidades e vantagens que eram distribuídas pela empresa. Havia respeito à autoridade e à hierarquia como princípios norteadores das atividades. O trabalho era realizado em equipe com interações e compartilhamento de atividades entre os membros dos grupos. Elementos da Cultura e Subcultura de Grupos Atuais O trabalho é submetido a normas e padrões que devem ser respeitados frente à realização das atividades. Existe respeito à hierarquia e à autoridade como princípios norteadores das atividades. O trabalho é individualizado, sem que as responsabilidades sejam compartilhadas pelo grupo e sim de responsabilidade de cada um de seus membros. O gerente é o decisor final das atividades a serem desempenhadas pelos grupos. Os processos aos quais as atividades estão submetidas são definidas de forma centralizada, com maior ou menor participação das áreas locais. O relacionamento entre grupos e gerências são muitas vezes formais, previstos nos processos e normas ou realizado no papel do superior hierárquico. O trabalho é realizado em equipe com interação constante entre os membros dos grupos e com compartilhamento de atividades. 141 Categorias Pontos Principais das Entrevistas Realizadas Elementos herdados O trabalho é individualizado, sem que as responsabilidades sejam compartilhadas pelo grupo e sim de responsabilidade de cada um de seus membros. Existe respeito à hierarquia e à autoridade como princípios norteadores das atividades. O trabalho é realizado em equipe com interação constante entre os membros dos grupos e com compartilhamento de atividades. Elementos da nova Subcultura O trabalho é submetido a normas e padrões que devem ser respeitados frente à realização das atividades. O gerente é o decisor final das atividades a serem desempenhadas pelos grupos. Os processos aos quais as atividades estão submetidas são definidas de forma centralizada, com maior ou menor participação das áreas locais. O relacionamento entre grupos e gerências são muitas vezes formais, previstos nos processos e normas ou realizado no papel do superior hierárquico. Influência dos aspectos técnicos A evolução tecnológica influencia diversos comportamentos dos grupos como na estruturação dos grupos, na motivação de seus membros, na definição da necessidade de treinamentos, nas possibilidades de realização de mais atividades com menos recursos, na necessidade de uso da criatividade, no aparecimento de novas oportunidades, entre outros fatores, configurando-se na maior influência técnica percebida pelos entrevistados. A falta de conhecimento das atividades entre os grupos afeta a colaboração entre eles. A certificação de qualidade influencia na gestão com mais procedimentos e de centralização nacional imposta às atividades. Os riscos de segurança relacionados às atividades interferem na colaboração entre os grupos para realizá-las, pois os membros dos grupos poderão ter sua segurança em risco caso as atividades não sejam realizadas. Normas e padrões aplicados às atividades melhoram sua qualidade. A diferença de status entre atividades, grupos, funções afeta a formação dos grupos, a colaboração entre grupos e a divisão de tarefas interna ao grupo. A característica mais técnica de tarefas dificulta o acompanhamento e o controle das mesmas, principalmente por parte de gerentes ou líderes leigos nessas características. A visão da alta administração da empresa ou da área sobre as diversas atividades interfere na divisão dos grupos e em sua organização. Tarefas mais técnicas, maior divisão e individualização do trabalho. 142 Categorias Pontos Principais das Entrevistas Realizadas Influência da cultura no comportamento dos grupos. As tarefas realizadas de forma autônoma estimulam a criatividade e a resolução de problemas por parte dos colaboradores, o que traz sentimentos de confiança por parte da empresa. Entretanto, dificulta o controle de custos e a homogeneização das atividades na empresa. A diferença de status entre funções, níveis e antiguidade dificulta o relacionamento entre grupos na empresa e restringe a divisão das atividades por pessoas com a mesma motivação. Entretanto, dá à organização a vantagem de recompensar seus empregados sem custo com funções gartificadas ou evolução salarial. O relacionamento pessoal interfere nas decisões sobre composição de equipes, divisão de tarefas, estabelecimento de lideranças e relacionamento entre grupos. Se, por um lado, ajuda a empresa a fluir e a se movimentar, por outro, aumenta a possibilidade de que decisões erradas nesses aspectos sejam tomadas. Como o mérito percebido interfere nas avaliações e nas oportunidades dadas aos empregados, há uma preocupação em mostrar o mérito mais do que em obtê-lo, além de gerar reclamações, conflitos entre os colegas e desmotivação por parte daqueles que não têm o mérito reconhecido. Entretanto, estimula os colaboradores com uma maior resposta percebida à organização a continuarem buscando o mérito e seu reconhecimento. Influência do número de componentes novos no grupo. O maior impacto identificado com a presença de novos membros é que sua disposição de recém-chegados, além da experiência acumulada em outras atividades profissionais, propicia a implantação de inovações, novas formas de fazer as atividades ou até mesmo atividades que não são bem consideradas pelos antigos. Por estarem chegando naquele momento na organização, os mais novos acabam não escolhendo as atividades que irão realizar, aceitando realizar tarefas consideradas menos nobres pelos mais antigos. 143 APÊNDICE E DIÁRIO DE OBSERVAÇÕES DO PESQUISADOR Dia 18/03/2010 – Em conversa durante uma reunião, o grupo que se reuniu estava falando sobre a forma com a qual a organização estava tratando, por exemplo, o assunto centralização. Comentamos que o nível de controle das atividades estava extremo, chegando a controlar os tempos específicos em que as pessoas executavam suas tarefas. A maior parte do grupo disse que era a favor desse tipo de controle. Em conversa com um colega que trabalha no Rio de Janeiro sobre um problema ocasionado entre a minha área e a dele, comentei que, em minha opinião, deveríamos procurar aprender com o processo acontecido. Em vários momentos, ele comentou que foram passadas orientações sobre como proceder, decisões foram tomadas na sede e, na concepção dele, minha área havia transgredido essas orientações. Dia 05/04/2010 – Participei hoje de uma reunião em que o gerente perguntava para um de seus coordenadores novos na empresa se estava tudo bem em seu setor. Muito contrariado, o coordenador relatou que tinha um empregado antigo sob sua coordenação que ele não agüentava mais porque não fazia aquilo que era demandado. O gerente perguntou minha opinião sobre isso, eu disse que talvez fosse uma dissonância entre a percepção dos dois sobre o que deveria ser feito e que precisaria que este empregado ficasse sob a coordenação de alguém que, com muita paciência, explicasse para ele o que era esperado de sua atividade, quase como um tutor inicialmente. Ele então relatou que tinha muita paciência e que era o empregado que devia ter algum problema mental. Todos na reunião deram razão a ele. O gerente explicou que este problema deveria ser oriundo da estrutura anterior da qual o empregado havia vindo que não dava autonomia de realização para ele. Na mesma reunião, um dos empregados que coordenava o trabalho de outros afirmou que, naquela gerência, ser produtivo não perdendo tempo com reuniões era um valor difundido na equipe e que participar de reuniões contrárias a esse valor com outras equipes revoltava qualquer empregado da mesma. Dia 16/04/2010 – Participando de uma reunião foi falado que é da cultura da empresa cada um fazer sua parte e cobrar do outro a sua para que os trabalhos em equipe atinjam os resultados esperados. Outro ponto discutido na reunião foi a centralização x a descentralização de decisões. Eu comentei que parecia a mim com a experiência de empresa pequena que tinha que a empresa acredita na administração centralizada. Houve um comentário de que essa é a melhor forma de gerir. Todos na sala pareceram concordar com essa afirmativa. 144 ANEXO ITENS DO PLANO ESTRATÉGICO DA EMPRESA E DA ÁREA ANALISADA Estratégia Corporativa – A Estratégia Corporativa da empresa é composta das estratégias de seus segmentos de negócio, mas também do Comprometimento com o Crescimento Sustentável. As estratégias dos segmentos de negócios, além de mostrarem estratégias relacionadas a suas atividades também englobam estratégias globais de apoio, comuns a todos os segmentos. Desse documento, será descrito o Comprometimento com o Crescimento Sustentável e as estratégias globais de apoio. Comprometimento com o Crescimento Sustentável – Crescimento Integrado, Rentabilidade e Responsabilidade Social e Ambiental. Estratégia Global de Apoio – Excelência operacional em gestão, eficiência energética, recursos humanos e tecnologia. Desafios para Tecnologia – A empresa pretende atuar em três desafios considerados chave em tecnologia, adotando nos três alguns comportamentos esperados. Desses desafios serão descritos os comportamentos esperados na atuação tecnológica. Comportamentos Esperados – Acelerar Desenvolvimento Tecnológico, Ampliar Capacidade Nacional, Atuar em Rede. Desafio para Recursos Humanos – Para dar suporte às estratégias da empresa, um desafio é levantado, que é traduzido em um objetivo. Para atingi-lo, são levantados eixos de atuação de RH. Os eixos de atuação serão apresentados. Eixos da atuação de RH – RH orientado para resultados, Aprendizado e desenvolvimento, Gestão de Talentos, Excelência na gestão de pessoas, Cultura e identidade. Valores da Empresa – A empresa considera seus valores como sua base comportamental para balizar a busca pelos objetivos estratégicos. Serão apresentados os valores declarados. Valores da Empresa – Desenvolvimento Sustentável, Integração, Resultados, Prontidão para mudanças, Empreendedorismo e inovação, Ética e transparência, Respeito à vida, Diversidade humana e cultural, Pessoas, Orgulho de fazer parte da empresa. Focalização Estratégica – Para auxiliar a empresa a atingir seus objetivos estratégicos a área analisada focalizou seu papel nesses objetivos. A focalização é composta pelos imperativos estratégicos, que focam o que a área analisada deve atingir, o direcionamento estratégico, que foca como ela deve se portar para atingir os imperativos, o que dá origem a desafios que deve implementar e à sua razão de ser. Serão mostrados o direcionamento estratégico e os comportamentos que o balizam neste trabalho. Direcionamento Estratégico - Ter excelência na gestão por processos e governança de tecnologia da informação e telecomunicações, com arquitetura padronizada, disciplina de prazos e custos, dentro dos requisitos de qualidade, segurança e valor agregado, enfatizando comunicação, ambiência adequada e pessoas motivadas. Comportamentos Balizadores – Integração, Alinhamento, Agilidade, Disciplina.