Periodicidade: Semanal
Temática:
Cultura
Time Out
Classe:
Cultura/Lazer
Dimensão:
666
04­03­2015
Âmbito:
Nacional
Imagem:
S/Cor
Tiragem:
20000
Página (s):
50
A marca de Strindberg
de
O Teatro Joaquim Benite recebe era reposição O Pelicano uma das peças de câmara
August Strindberg Eurico de Barros falou com o encenador Rogério de Carvalho que se
estreou a dirigir a Companhia de Teatro de Almada há quase 30 anos com A Menina Júlia
É terrível o Strindberg terrível
diz Rogério de Carvalho sobre o
autor deA MeninaJúlia e
A Sonata dos Espectros Como
nós estamos cá mais para sul
estamos mais no sol temos menos
peso na alma do que os autores e
realizadores nórdicos que
conhecem bem essa paisagem
psicológica terrível
O comentário vem a propósito
do regresso ao Teatro Joaquim
Benite de O Pelicano do grande
autor sueco que Rogério de
Carvalho estreou com a
Companhia de Teatro de Almada
CTA em 2013 no Festival de
Almada Sendo que há quase
30 anos em 1986 a sua primeira
colaboração com a CTA foi
precisamente com A MeninaJúlia
Gosto muito de Strindberg é um
gigante do teatro moderno
Juntamente com Ibsen é um
autor que nos dá muita atmosfera
de teatro comenta E este
espectáculo agora está mais
afinado e criativo Uma reposição
é sempre uma situação proveitosa
Quem viu a peça na antestreia e a
vê agora nota essa transformação
e vê um objecto muito mais
elaborado esteticamente mais
equilibrado explica
A obra passada dentro de uma
família em decomposição o título
refere se ao mito do pelicano que
alimenta as crias com o próprio
sangue pertence a um conjunto
de peças de câmara com as quais
Strindberg fundou o Teatro
Íntimo em Estocolmo em 1907
influenciado por Max Reinhardt e
pelo seu Kammerspiel Haus e que
se destinavam a ser interpretadas
apenas ali Eu preocupo me
muito com a enunciação do texto
com a dinâmica do texto com que
ele seja enunciado e escutado com
prazer frisa Rogério de Carvalho
E estes textos do Strindberg são
extraordinários porque as peças
de câmara dele e em especial esta
exigem da parte do actor e do
encenador um grande trabalho de
elaboração de forma que a escuta
seja configurada no âmbito do
texto que tem que ser ouvido que
tem que provocar uma situação de
gozo de segunda leitura ao
espectador Por outro lado nesta
peça de teatro de câmara
significando teatro intimista a
movimentação das personagens é
quase imobilizada no sentido em
que elas estão num universo
interior não no sentido de que
não esteja a acontecer nada E os
conflitos estão todos dentro das
personagens e são projectados no
exterior nas obsessões
Em O Pelicano naturalismo e
simbolismo dão as mãos como
explica o encenador As
personagens são a mãe o filho e a
filha e o pai que morreu Dele fica
uma imagem fantomática A
enunciação deste texto é um
processo com sentido
psicanalítico em que vamos
descobrir o horror das relações
entre as personagens em relação
ao seu passado O espaço cénico
a atmosfera onde vivem o seu
percurso é uma espécie de
purgatório para uma libertação
das coisas passadas que têm a ver
com um passado muito longínquo
sofredor e angustioso A única
libertação é a morte que acaba
com tudo Acaba com a família e
com a própria casa onde habitam
que tem que ser incendiada para
não ficar nada Terrível sempre
terrível Strindberg
O Pelicano
Teatro Municipal Joaquim Benite
Até dia 8 Qua Sáb 21 30 Dom
16 00 Bilhetes 6€
a 13€
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AmarcadeStrindberg - Companhia de Teatro de Almada