Ser Professor- Ensinar e Aprender com
sentido
Relatório de Estágio Profissional
Relatório
de
Estágio
Profissional
apresentado com vista à obtenção do 2º
Ciclo de estudos conducente ao grau de
Mestre em Ensino de Educação Física
nos Ensinos Básico e Secundário ao
abrigo do Decreto-lei nº 74/2006 de 24
de março e do Decreto-lei nº 43/2001 de
22 de fevereiro
Orientador: Mestre José Virgílio da Silva
Carla Margarida Coelho Costa
Porto, julho de 2013
I
Ficha de Catalogação
Costa, C. (2013) Ser Professor- Ensinar e Aprender com sentido. Relatório de
Estágio Profissional. Porto: C. Costa Relatório de Estágio Profissional para a
obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE:
ESTÁGIO
PROFISSIONAL;
EDUCAÇÃO
FÍSICA;
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA; REFLEXÃO; DESENVOLVIMENTO
PROFISSIONAL.
II
“Longos são os dias da nossa travessia,
De tristeza e alegria,
ser e estar, fazer e refletir.
Incerteza que nos fazem sentir
o sentimento de quem partilha,
E dá ao outro a sua vida.
Um caminho traçado,
numa rota perdida,
um rumo desencontrado
num mar nunca antes navegado
como um barco à deriva
que encontra num olhar
um cais onde atracar,
um porto de abrigo.”
Carla Costa, Carla Gonçalves, José Davide, Luciana Sampaio.
2013
III
IV
Agradecimentos
Todo este trabalho árduo desenvolvido ao longo deste ano não seria
possível sem a dedicação de algumas pessoas importantes para este processo
que influenciaram, de certa forma, o meu futuro como Professora de Educação
Física.
Sendo assim fico inteiramente grata pela dedicação, amizade,
colaboração e compreensão de todos aqueles que irei mencionar como pilares
fundamentais deste processo.
Agradeço o apoio, competência e disponibilidade por parte do professor
orientador de estágio Prof. José Virgílio da Silva.
Ao professor cooperante, Francisco Magalhães, pelo seu apoio, pelas
suas críticas construtivas que fizeram de mim uma melhor profissional. Por
todo o conhecimento que transmitiu ao longo deste ano, e por toda a
disponibilidade demonstrada ao longo de todo este processo.
Aos meus companheiros de estágio, Carla, Davide e Luciana, graças a
eles o meu ano de estágio foi inesquecível. Com eles partilhei momentos de
tristeza e de alegria que jamais esquecerei. Agradeço-lhe todo o carinho, apoio
e presença incondicional e acima de tudo a amizade que me puderam dar.
À minha turma, pois sem ela não seria possível realizar o meu ano de
professora estagiária.
Não esquecendo também, todos os meus amigos em especial, Urânia,
Nélson, Hélder, Liliana, João, pois foram as peças fundamentais para a minha
motivação ao longo deste ano.
Por último, e mais importante, agradeço aos meus pais e aos meus
irmãos, por tudo o que fizeram por mim. Por terem ensinado a ser como sou,
pelo carinho que me deram ao longo de toda a minha existência e por darem
me a possibilidade de acabar uma formação que sempre quis.
A todos aqui referenciados, o meu sincero OBRIGADA!
V
VI
Índice Geral
Agradecimentos ................................................................................................. V
Índice Geral ...................................................................................................... VII
Resumo ............................................................................................................. XI
Abstract ........................................................................................................... XIII
Abreviaturas ..................................................................................................XV
1. Introdução .................................................................................................... 2
1. Introdução .................................................................................................... 4
2. Enquadramento Biográfico .......................................................................... 6
2.1 Quem eu sou............................................................................................. 8
2.2 Quais as minhas expetativas em relação ao estágio profissional ........... 10
3. Enquadramento da prática pedagógica ........................................................ 14
3.1 Enquadramento do contexto legal e institucional .................................... 16
3.2 Enquadramento Funcional ...................................................................... 18
3.2.1 Caraterização da escola ................................................................... 18
3.2.2 Caraterização dos alunos ................................................................. 19
3.2.3 O Professor de educação física ........................................................ 20
3.2.4 A prática Supervisionada .................................................................. 22
4. Realização da prática profissional ................................................................ 24
4.1 Área1- Organização e Gestão do ensino ................................................ 26
4.1.1 Planeamento de todo o processo ..................................................... 27
4.1.2 Unidades didáticas............................................................................ 29
4.1.2 Realização da prática ....................................................................... 31
4.2 Área 2 e 3- Participação na escola e a relação com a comunidade........ 51
4.3 - Área 4- Desenvolvimento profissional................................................... 65
4.4- Modelos de ensino utilizados na abordagem dos jogos desportivos
coletivos - A relação entre o modelo de ensino aplicado e o tempo de
instrução. ...................................................................................................... 69
4.4.1 Resumo ............................................................................................ 69
4.4.2 Introdução ......................................................................................... 70
4.4.3 Enquadramento Teórico ................................................................... 71
4.4.4 Objetivos ........................................................................................... 72
VII
4.4.5 Hipóteses .......................................................................................... 72
4.4.6 Metodologia ...................................................................................... 72
4.4. 7 Resultados e Discussão .................................................................. 74
4.4.8 Professores do quadro ( PQ) ............................................................ 74
4.4.9 Professores Estagiários ( PE) ........................................................... 77
4.4.10 Análise individual da categoria (Instrução) dos professores de
quadro e dos professores estagiários. ....................................................... 80
4.4.10. Análise comparativa da categoria Instrução em função dos modelos
lecionados nas aulas dos professores de quadro e dos professores
estagiários. ................................................................................................ 81
4.4.11 Conclusões ..................................................................................... 82
5. Conclusão .................................................................................................... 85
5. Conclusão .................................................................................................... 87
6. Referências Bibliográficas ............................................................................ 89
7. Anexos ............................................................................................................ I
7. 1 Anexo I- Ficha de observação sistemática do comportamento do
professor. ........................................................................................................ II
VIII
Indice de Quadros
Quadro 1: Frequências relativas das categorias do comportamento do
professor PQ1 .................................................................................................. 74
Quadro 2: Frequência relativa das categorias do comportamento do professor
PQ2 .................................................................................................................. 75
Quadro 3: Frequências relativas das categorias do comportamento do
professor PQ3 .................................................................................................. 76
Quadro 4: Frequências relativas das categorias do comportamento do
professor PE1................................................................................................... 77
Quadro 5: Frequências relativas das categorias do comportamento do
professor PE2................................................................................................... 78
Quadro 6: Frequências relativas das categorias do comportamento do
professor PE3................................................................................................... 79
Quadro 7: Frequência relativa da instrução dos PQ e PE ................................ 80
Quadro 8- Análise comparativa da categoria Instrução em função dos modelos
lecionados nas aulas dos PQ e PE .................................................................. 81
IX
X
Resumo
O presente documento tem como objetivo relatar e refletir sobre todos os
acontecimentos ocorridos ao longo estágio profissional, inserido no Ciclo de
estudos, do Grau Mestre, em Ensino de Educação Física no ensino básico e
secundário, na faculdade de Desporto na Universidade do Porto.
O meu estágio decorreu na Escola Secundária Francisco do Holanda sendo o
núcleo de estágio constituído por quatro elementos, um professor Orientador
da Faculdade e um professor Cooperante da escola.
O relatório de estágio foi construído sobre uma reflexão profunda deste ano
marcante, e foi orientado por três grandes áreas: Dimensão pessoal, alusiva ao
meu percurso de vida; enquadramento profissional, direcionado para a parte
legal do estágio profissional e, por último; a realização da prática profissional,
que é dividida pelas 4 áreas do processo ensino-aprendizagem: Área 1:
Organização e Gestão do ensino; Área 2 e 3: Participação na Escola e na
Comunidade e Área 4: Desenvolvimento Profissional.
Uma vez que o professor em formação é um investigador ativo, procurando
sempre alargar o seu conhecimento, foi ainda desenvolvido um projeto de
investigação sobre os Modelos de Ensino utilizados na abordagem dos jogos
desportivos coletivos- a relação entre o modelo de ensino aplicado e o tempo
de instrução.
O Estágio Profissional é um processo de extrema importância ao nível da
nossa formação, pois é orientado em contexto escolar e proporciona uma
aprendizagem do que é ser professor.
Palavras-Chave:
EDUCAÇÃO
FÍSICA;
PROFISSIONAL; REFLEXÃO; INSTRUÇÃO.
XI
PROFESSOR;
ESTÁGIO
XII
Abstract
The present document aims to report and reflect on all the events realized
during my internship, entered in Cycle studies, Master's Degree in Physical
Education Teaching in basic and high school in Sport at the University of Porto.
My internship was realized at the Francisco de Holanda School and the core
team was constituted by four students, one teacher of the Faculty Advisor and
one teacher Cooperating School.
The report was built on a deep reflection of this landmark year, and was guided
by three major areas: Personal Dimension, alluding to my life path; professional
framework, directed to the legal part of the internship, and finally, the realization
professional practice, which is divided by four areas of teaching-learning
process: area 1- Organization and Management of education; area 2 and 3Participation in School and Community and area 4: professional Development.
Once the professor training is an active researcher, always looking to broaden
your knowledge, was yet developed a research project based on the Teaching
Models used in the approach to team sports games, the relationship between
the model and applied teaching time instruction.
The professional Internship is a process of extreme importance to the level of
our training as we walked in the school context and provides a learning
experience about being professor.
Keywords:
PHYSICAL
EDUCATION,
INTERNSHIP; REFLECTION; INSTRUCTION.
XIII
TEACHER;
PROFESSIONAL
XIV
Abreviaturas
AD- Avaliação Diagnóstica
AF- Avaliação Formativa
AS- Avaliação Sumativa
CSE- Ciências Socioeconómicas
DC- Desportos Coletivos
DI- Desportos Individuais
DT- Diretora de Turma
EF- Educação Física
EP- Estágio Profissional
FADEUP- Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
IMC- Índice de Massa Corporal
ISMAI- Instituto Superior da Maia
UD- Unidade Didáticas
PQ- Professores do Quadro
PE- Professores Estagiários
MED- Modelo de Educação Desportiva
MID- Modelo de Instrução Direta
TGfU- Teaching Games for Understanding
XV
1
1. Introdução
2
3
1. Introdução
O presente documento foi realizado no âmbito do Relatório de Estágio como
parte integrante do ano de Estágio Profissional, inserido no 2º ano do 2º Ciclo
em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário.
Tem como principal função concluir o meu trajeto percorrido ao longo dos dois
últimos anos. É um documento essencial para a minha formação, pois é nele
que reflito sobre o meu ano de professora, sobre as dificuldades sentidas e as
metas ultrapassadas. Nele visualizo todo um ano de trabalho e de profunda
aprendizagem.
O meu estágio ocorreu na Escola Secundária Francisco de Holanda, situada na
cidade de Guimarães e lecionei uma turma de 12º ano de Ciências
Socioeconómicas. Fui orientada por um professor da Faculdade, Prof. José
Virgílio, e seguida aula a aula pelo professor cooperante, Prof. Francisco
Magalhães.
Segundo Gomes (2004, p.14), o professor deve-se apresentar como “alguém
que deverá estar preparado para um mundo e um saber em constante
evolução, e que, para além de um informador/comunicador seja também um
organizador de situações de aprendizagem, um observador, um gestor e um
avaliador” e principalmente um EDUCADOR. No meu entender, um professor é
um individuo em constante evolução e tem de se adaptar de forma célere as
modificações e evoluções do pensamento humano.
Sendo o aluno o nosso foco principal cabe ao professor saber gerir este
processo de forma a incentivar os alunos à atividade física e aí o professor
estagiário passa a ganhar conhecimento através do ensino (Cardoso, 2009).
Neste EP tentou-se formar um futuro profissional de EF e, para isso, muitos
momentos de diferentes opiniões foram partilhados e algumas críticas foram
feitas, mas sempre com o intuito de elevar a minha prestação, como
professora-estagiária.
Uma ambição sobre os objetivos a atingir é sempre formada pelos estagiários,
que, de certa forma deverá ser controlada pelos orientadores de forma
estrutural e segura (Cardoso, 2009). O mesmo autor acrescenta ainda que “o
ensino pode ser um prazer se o professor tiver bom senso nos aspetos
organizativos, manter uma atitude positiva e compreensiva e se possuir
4
conhecimento” (p. 18), tentando pois aceitar as opiniões diversas dos
orientadores que, de certa forma vão ajudar no processo verificando-se
também que “a partir do estágio, os formandos passam a adquirir
conhecimento através da sua experiência no ensino” (p. 19).
O presente relatório tem como objetivo principal, relatar e refletir sobre todos os
momentos de erro e aprendizagem ocorridos em todas as atividades realizadas
ao longo deste Estágio Profissional. Neste sentido o presente documento está
organizado em cinco capítulos. O primeiro capítulo refere-se à “Introdução”; de
seguida, realizo o “Enquadramento Biográfico” onde dou a conhecer um pouco
de mim, das minhas experiências e expectativas em relação ao estágio; o
terceiro capítulo refere-se ao “Enquadramento da prática profissional” em que
enfatizo o Contexto Legal, Institucional e Funcional do EP, a caraterização da
escola que me acolheu e falo sobre o papel do professor de Educação Física;
no capítulo seguinte, “Realização da prática profissional”, dou maior ênfase a
este capítulo pois é nele que é descrito todas as tarefas importantes de um
professor que eu tive de realizar. Este capítulo é dividido pelas grandes áreas
de desempenho – Área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e da
Aprendizagem”; Área 2 – “Participação na Escola”; Área 3 – “Relações com a
Comunidade”; Área 4 – “Desenvolvimento Profissional”.
Posto isto, todas estas premissas vão ao encontro dos objetivos previamente
estabelecidos para este estágio, nomeadamente, em contexto real estabelecer
um “ideal professor” de EF contribuindo para a formação do aluno como
pessoa e interagir com tudo o que envolve a escola criando situações diversas
a toda a comunidade educativa.
5
2. Enquadramento Biográfico
6
7
2.1 Quem eu sou
O meu nome é Carla Margarida Coelho Costa, nasci no dia 14 de Abril de
1988.
Desde sempre gostei de desporto. Lembro-me da minha infância ser vivida de
forma dinâmica e em constante atividade física. Todavia, atualmente, já não
podemos dizer o mesmo desta geração mais jovem, uma vez que são bastante
sedentários, como confirma a Comissão Europeia (Internacional Obesity
Taskforce, 2005), Portugal está entre os países europeus com maior número
de crianças com excesso de peso, referindo-se que mais de 30% dos menores,
comidades entre os sete e os onze anos, têm excesso de peso e obesidade. A
origem do excesso de peso, genericamente e especificamente, e da obesidade
infantil está, certamente, associada a hábitos sociais, como o consumo de
refrigerantes em vez de água, de fast-food, ao sedentarismo, ao recurso a
transporte motorizado e a formas de entretenimento que não privilegiam o
exercício físico (Ama et al., 2003).
Ao contrário desta geração descrita anteriormente, considero-me uma pessoa
ativa, e o fato de ver as crianças muito paradas cria em mim uma vontade
enorme de as despertar para o movimento. Posto isto, decidi então ingressar
no ensino superior na área do desporto.
Devido ao facto de residir num meio rural, não tive muitas oportunidades de
fazer parte de uma modalidade desportiva enquanto adolescente. O meu
primeiro contato oficial com o desporto foi apenas no oitavo ano quando decidi
inscrever-me no desporto escolar, na modalidade de Voleibol, na Escola E,B
2,3 de João de Meira. Até lá apenas brincava na rua com as outras crianças,
jogava futebol, caçadinhas, esconde-esconde, etc.
Durante o percurso do ensino secundário, fiz novas amigas e com a influência
delas decidi praticar Ténis. Sem dúvida, foi a melhor opção que tomei, pois era
um desporto que não era muito agressivo onde não existia contato físico e
tinha alguma procura por parte do sexo feminino. Este facto ajudou-me a
convencer os meus pais, pois tinham algumas dificuldades em aceitar o meu
gosto pelo desporto. Consideravam que o desporto era mais para os rapazes e
o lugar das meninas era no ballet ou em modalidades mais femininas. O Ténis
foi para mim uma experiência ótima e nunca mais consegui desistir de praticar.
8
Em ano 2008 ingressei no ensino superior, no curso de Educação Física e
Desporto, no Instituto Superior da Maia. Finalmente tinha decidido que era isto
que queria para mim e ao longo destes três anos de licenciatura nunca passou
pelo meu pensamento que tomei um caminho errado. A licenciatura
proporcionou-me abordar um leque diversificado de modalidades e atividades
físicas que nunca tinha tido oportunidade de vivenciar.
A meio da licenciatura, no início do segundo ano, tive conhecimento através de
alguns professores, que ia-se realizar um curso de treinadores de Ténis do
nível 1 no complexo da Maia. Como me encontrava a morar nesta cidade, e
como gostava muito desta modalidade, decidi inscrever-me e obter então a
caderneta de treinadora de ténis do nível 1.
Com o ultimo ano de licenciatura novas duvidas surgiram, qual o mestrado a
seguir? Ou será que devo fazer mestrado ou ficar por aqui? Pois bem, com o
processo de Bolonha tudo foi alterado, a licenciatura dava poucas
oportunidades de futuro e a melhor escolha era mesmo o mestrado. Mas qual
deles? Alto rendimento, ensino básico e Secundário, ensino adaptado, eram
tantos os cursos que podíamos escolher. Optei então pelo ensino básico e
Secundário, tomei esta decisão porque achei que seria o curso que qualificava
mais profissionalmente, apesar que hoje em dia é um ramo com muitas
dificuldades profissionais.
No ano 2011 decidi mudar de ares e inscrevi-me na faculdade de desporto do
Porto, no mestrado de Ensino Básico e Secundário em Educação Física.
Durante
o
primeiro
ano,
todas
as
cadeiras
que
frequentei
foram
importantíssimas para o meu futuro. Posso dizer que num ano aprendi muito
mais que nos três anos de licenciatura. Isto deveu-se ao fato de trabalharmos
no terreno durante o segundo semestre.
No segundo ano de mestrado, encontro-me na escola Secundaria Francisco de
Holanda a estagiar e ainda a descobrir se realmente esta foi a melhor opção.
9
2.2 Quais as minhas expetativas em relação ao estágio profissional
O estágio profissional é um momento de excelência de formação e reflexão. As
expetativas ao mesmo são por vezes claramente ambiciosas e também um
pouco desajustadas à realidade que enfrenta-mos.
A expetativa que criei em relação ao estágio profissional foi que este me
proporcionasse um ano de grande aprendizagem para a docência, e ao mesmo
tempo prazer no que estava a fazer. Apesar de sentir que estava na área que
mais me caraterizava, o receio, de chegar à prática e perceber que afinal não é
isso que desejava e o que pretendia, era o que mais me preocupava. No
entanto, encarei desde início o estágio como uma etapa a cumprir com grande
responsabilidade e assim finalizar o meu percurso académico.
É um ano de experiência prática em que podemos aplicar todos os nossos
conhecimentos adquiridos ao longo dos quatros anteriores de ensino superior.
Este momento assume particular interesse na formação dos professores por
ser uma etapa de convergência, de confrontação entre os saberes "teóricos" da
formação inicial e os saberes "práticos" da experiência profissional e da
realidade social do ensino (Piéron, 1996).
Sei que não vou aprender tudo durante este ano, até que nenhum professor,
nem nenhuma pessoa sabe tudo, pois a aprendizagem é um processo que
escolta a vida do ser humano desde o nascimento até a morte. Assim,
encontramo-nos sempre limitados a novas pesquisas, a novos pensamentos.
Espero ficar com uma boa base para um dia, futuramente, ingressar no ensino
sozinha com capacidade de lidar mais que uma turma sem qualquer problema.
A idade já mais madura dos alunos tanto me deixava descansada como me
inquietava pois a personalidade deles já estava bem assumida e não é fácil
alterar comportamentos nestas idades. No entanto, esse mesmo aspeto
poderia
ser
positivo
pois
poderiam
assumir
responsabilidades
e
comportamentos adequados as suas idades.
Colocando um pouco de parte as características da turma, desejei conseguir
relacionar-me da melhor maneira possível com os alunos em que houvesse
uma boa definição de papéis de professor-aluno, talvez este fosse o meu maior
10
erro logo no início do ano. Mas mais que isso, desejei conseguir construir um
bom processo de ensino-aprendizagem.
Estava consciente que, ao longo do ano letivo nem tudo seria um mar de rosas.
Sabia que ia encontrar muitas dificuldades e que por muito que não quisesse o
erro surgiria pois não somos perfeitos e por vezes a prática é que nos permite
lidar com certas situações. Todavia, o erro nem sempre é um aspeto negativo,
através dele aprendemos o que não está correto e o que deve ser refletido para
melhorar.
Ao longo do nosso primeiro ano do segundo ciclo, foi referido várias vezes que
o nosso ano de estágio é nosso ano de erro, isto porquê? Porque temos quem
nos alerte desse erro e quem nos corrija. Aqui entra em ação o papel
importante do Professor Cooperante e do Professor Orientador.
Quanto a estes dois agentes de formação, ansiei que fossem presentes o
suficiente para me ajudar nesta luta diária do estágio, e que me alertassem em
todos os aspetos necessários com feedbacks construtivos para a minha
aprendizagem. Esperava uma orientação com responsabilidade e acima de
tudo esperava encontrar uma relação de amizade, onde pudesse sentir que
tinha um ombro amigo para quando necessitasse.
No grupo de educação física esperava encontrar professores com grande
experiência educativa, que nos aceitassem no grupo como colegas de trabalho
e que se mostrassem disponíveis para o que fosse necessário. Tal como no
nosso percurso de vida, no grupo, encontramos pessoas mais disponíveis para
ajudar e pessoas menos disponíveis. No entanto, posso referir e afirmar que
encontrei bons professores que tiveram um papel importante no meu papel
como professora estagiária
Em relação ao núcleo de estágio no qual me encontro, sem conhecer qualquer
elemento pessoalmente, só esperava criar grandes laços de amizade com eles
e um enorme espirito de ajuda entre o núcleo. Desde o primeiro dia, tal como
esperava, afinidade que tivemos entre nós foi enorme o que nos ajudou nos
primeiros momentos passados na escola. Cada um possuía características
diferentes, o que foi uma mais-valia pois assim conseguimos completar-nos.
Considerávamo-nos o grupo das ideias, a cada momento surgia uma ideia
nova o que nos deixava cada vez mais entusiasmados com o estágio. A
relação que mantivemos ao longo do ano é sem dúvida o aspeto que vou
11
recordar para o resto da minha passagem neste mundo. Sei que não é o
objetivo principal do estágio, mas sem eles o meu trajeto ao longo do ano não
seria tão colorido.
Para finalizar, o estágio é o meu primeiro contato à frente de um grupo de
trabalho. Nunca assumi um papel de treinadora, nem de professora. Ao longo
da minha formação, foi me dada a possibilidade de contatarmos com várias
realidades, com populações com necessidades educativas especiais, com
alunos de vários anos letivos, etc., mas esse contato nunca era só, era sempre
acompanhado com um grupo de trabalho, o que nos facilitava. Este ano, a
realidade é completamente diferente, assumir uma turma sozinha, ou
praticamente sozinha, fará rejuvenescer as minhas dificuldades. Todavia,
encaro com grande otimismo esta nova etapa da minha vida, e farei o meu
melhor para a completar.
12
13
3. Enquadramento da prática pedagógica
14
15
3.1 Enquadramento do contexto legal e institucional
O Estágio profissional (EP) é uma unidade curricular que está inserido no
segundo ano de 2º ciclo, que corresponde ao grau de Mestre de ensino de
educação Física nos ensinos Básico e Secundário da faculdade de Desporto
da Universidade do Porto.
Segundo o artigo 1 do Regulamento de Estagio Profissional (p.2)1, A Iniciação
à Prática Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em
Ensino de Educação Física da Faculdade de Desporto da Universidade do
Porto (FADEUP) integra o Estágio Profissional – Prática de Ensino
Supervisionada (PES) e o correspondente Relatório (RE), rege-se pelas
normas da instituição universitária e pela legislação específica acerca da
Habilitação Profissional para a Docência. A estrutura e funcionamento do
Estágio Profissional (EP) consideram os princípios decorrentes das orientações
legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março
e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro e têm em conta o Regulamento
Geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos
da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação
Física.
O EP está inserido no 2ºciclo de Estudos do Mestrado de ensino de educação
física nos ensinos básico e secundário, na Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (FADEUP). O segundo ano deste ciclo é formado por
três unidades curriculares, o Estágio Profissional e Tópicos da Educação Física
e Desporto I e II.
Conforme o artigo 9.º do Regulamento da Unidade Curricular Estágio
Profissional (p.7)2 “O Estágio Profissional funciona durante os terceiro e quarto
semestres do 2º ciclo de estudos”. Iniciando “As atividades de EP iniciam-se no
dia 1 de setembro e prolongam-se até ao final do ano letivo das escolas
básicas e secundárias onde se realiza o EP.”
Esta unidade curricular deve obedecer a certas normas orientadoras propostas
pela instituição. Segundo estas normas, o estágio profissional deve incluir
1,2
In Regulamento da Unidade Curricular Estágio profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de
Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP:20122013.Porto:Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.
16
quatro grandes áreas, sendo elas, Área 1 – “Organização e Gestão do Ensino e
da Aprendizagem”, Áreas 2 – “Participação na Escola”, Área 3 - “Relações
com a Comunidade” e Área 4 – “Desenvolvimento Profissional”
A área 1está mais direcionada para o contexto das aulas e para todo o
processo de ensino-aprendizagem. Esta área engloba a conceção, o
planeamento, a realização e a avaliação do ensino.
A área 2 e 3, segundo as normas orientadoras de estagio profissional,
“englobam todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante estagiário,
tendo
em
vista
a
sua
integração
na
comunidade
escolar
e
que,
simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local
tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da relação
educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio.” (p.6)3.
Por último a área 4, que “engloba atividades e vivências importantes na
construção
da
competência
profissional,
numa
perspetiva
do
seu
desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o sentido de
pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação.”
(p.7).
3
In Regulamento da Unidade Curricular Estágio profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de
Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP:20122013.Porto:Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.
17
3.2 Enquadramento Funcional
3.2.1 Caraterização da escola
Para Durkheim (1973), o objeto da sociologia é o fato social, e a educação é
considerada como o fato social, isto é, se impõe, coercitivamente, como uma
norma jurídica ou como uma lei. Desta maneira a ação educativa permitirá uma
maior integração do indivíduo e também permitirá uma forte identificação com o
sistema social.
A Escola Secundaria Francisco de Holanda localiza-se na Alameda Dr. Alfredo
Pimenta, no centro da cidade de Guimarães que pertence ao distrito de Braga.
A escola apresenta uma localização estratégica, onde tem uns excelentes
acessos. Está rodeada de estruturas desportivas, de instalações de comércio,
de restauração, etc.. Estes pequenos fatores são importantes quando os pais
decidem procurar a instituição que o seu filho vai frequentar.
Um aspeto importante e que têm em atenção é se tem transportes
relativamente perto da escola. E como já referido anteriormente a escola tem
excelentes acessos tanto a nível de transporte público, transporte privado e até
mesmo para quem decide ir a pé.
Quanto ao estabelecimento de ensino em si, posso referir que este apresenta
novas instalações, pois recentemente passou por um processo de aumento e
de melhoramento das instalações. É um espaço agradável, limpo e bastante
cuidado, o que proporciona um ótimo ambiente a toda a comunidade escolar.
No entanto, as obras não foram pensadas da melhor maneira e alguns espaços
não são adequados. O bar é sem dúvida o local mais visitado pelos alunos, e
este apresenta um reduzido espaço. Este pormenor é evidente em horas de
intervalo ou de descanso dos alunos, em que fica demasiado lotado e o tempo
de espera aumenta consequentemente.
Quanto as instalações desportivas, apesar de estas apresentarem boas
condições o espaço acaba por ser reduzido para o número de alunos por
turma. O espaço exterior também não apresenta as melhores condições, e
como ponto negativo é o facto das janelas das salas estarem viradas para este
espaço. Este ponto torna-se negativo pois distrai os alunos da sala e os alunos
que estão a ter educação física.
18
Sendo uma escola secundária, tem diversos cursos que os alunos podem
escolher, os Cursos Científico-Humanísticos (Ciências e Tecnologias; Ciências
Socioeconómicas; Línguas e Humanidades; Artes Visuais) e os Cursos
Profissionais (Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos;
Técnico de Eletrónica, Automação e Computadores; Técnico de Instalações
Elétricas; Técnico de Design Industrial; e por ultimo Técnico de Secretariado.
Tem uma vasta equipa de docentes para dar resposta a esta diversidade de
cursos. No que concerne ao grupo disciplinar de educação física, este é
constituído por 12 docentes. A escola é uma eterna acolhedora de estagiários
em diversas áreas. Na área de educação física acaba por ter um maior número
de estagiários do que professores do quadro de escola, tendo tido no presente
este ano letivo 13 professores estagiários.
Os professores estagiários estão divididos por quatro núcleos de instituições
diferentes, sendo dois núcleos da Universidade do Minho, um do Ismai e um da
Fadeup. Este aspeto acaba por ser favorável, pois existe assim uma maior
interação entre os professores e os estagiários e o trabalho a realizar na escola
é dividido entre todos e torna-se mais fácil.
3.2.2 Caraterização dos alunos
A turma CSE2 do 12º ano, da ESFH tem 22 alunos inscritos na disciplina de
EF, sendo 17 alunos de sexo masculino e 5 do sexo feminino. A maioria dos
alunos tem 17 anos, havendo apenas uma aluna mais nova, com 16 anos, e
três alunos mais velhos, com 18 e 19 anos. Todos os alunos são residentes no
concelho de Guimarães, no entanto apenas uma minoria habita perto do
estabelecimento escolar.
O trajeto escolar da turma foi de forma geral um processo contínuo, todavia, 4
alunos ficaram retidos em anos transatos. Apesar do histórico da turma não ser
pessimista, a ambição dos alunos é muito escassa. Dos 22 alunos poucos
ambicionam entrar na faculdade, e também poucos apresentam notas
razoáveis para tal.
O curso eleito pela turma foi ciências sociais-económicas, no entanto, a
disciplina preferida por 64% dos alunos é a Educação Física, sendo a
19
Matemática a disciplina com maior dificuldade, o que é um pouco contraditório
uma vez que é uma das disciplinas centrais do curso.
Relativamente à disciplina de EF, as modalidades com grande preferência por
parte dos alunos pertencem aos jogos desportivos coletivos. O futebol e o
basquetebol são as modalidades que os alunos mais gostam de praticar. As
modalidades
individuais,
dança
e
atletismo,
foram
nomeadas
como
modalidades que os alunos menos gostam e a ginástica como modalidade que
apresenta mais dificuldades por parte dos alunos.
O histórico da turma a nível desportivo, mostra ser razoável, uma vez que 10
alunos praticam uma modalidade fora do contexto escolar. Os restantes alunos
não praticam qualquer modalidade no momento, mas apenas 3 alunos
afirmaram que nunca praticaram uma modalidade. Podemos concluir assim
que é uma turma com alguma cultura desportiva.
Para além de ser, no geral, uma turma ativa, demonstra ser também uma turma
saudável, onde apenas 4 alunos afirmaram ter problemas de saúde. Destes 4
alunos, dois disseram ter alergias, outro afirmou ter uma lesão no joelho e
apenas um aluno afirmou ter doença cardíaca. A nível do IMC (índice de massa
gorda), não foi encontrado nenhum aluno abaixou ou acima da zona saudável
de aptidão física, todos eles apresentaram valores que se situam na zona
saudável.
3.2.3 O Professor de educação física
O professor de educação física nem sempre é bem aceite pela sociedade nem
sempre tem o reconhecimento devido da sua profissão.
Durante a realização do meu ano de estágio, tive a possibilidade de perceber
que para alguns professores de outras áreas, o professor de educação física é
o que menos trabalha. Alguns professores acham que na escola o nosso
espaço de trabalho era apenas o pavilhão. E refiro este aspeto, pois o grupo de
estagiários disponibilizou-se para participar numa atividade para a escola. No
entanto necessitávamos de espaço para o ensaio e foi, então, que nos foi dito
por um professor de outra área, que o espaço destinado para nós era apenas o
pavilhão.
20
Assim, achei pertinente referir no meu relatório de estágio a pouca importância
que dão ao professor de educação física e a ignorância de alguns indivíduos
perante o papel de um profissional de educação física.
Pois bem, Ser professor de Educação Física não é apenas ser professor como
qualquer outro, é também, e para além disso, ser vítima da ignorância,
discriminação e injustiça. Ser professor de Educação Física é ser diferente, não
tanto pelo conhecimento, pois todos comungam de particularidades específicas
das áreas a que pertencem, mas fundamentalmente pela influência que este
tem junto do aluno.
O docente da disciplina Educação Física mantem uma relação de proximidade
com o aluno diferente da dos outros professores. Entende-se que os conteúdos
que abordam a educação física, os jogos, ginástica, atividades expressivas,
vinculadas aos aspetos motores, vão muito mais além, envolvendo outros
fatores importantes que integram o ser humano, tal como fatores cognitivos,
afetivos e sociais.
O processo de ensino-aprendizagem, entretanto, não se dá de forma
espontânea, mas por intencionalidades do professor na interação com o aluno,
como mediador da informação, ganhando destaque as relações interpessoais.
Nelas há envolvimento de diferentes ordens, ressaltando principalmente entre
professor e aluno, o tal, relacionamento interpessoal.
Castagnoli (2009) refere que, com o passar dos anos e o surgimento constante
de novas ferramentas tecnológicas, o contato entre professor e aluno pode ser
monitorado através de um computador ou por outra tecnologia ainda mais
inovadora. Pressupõe-se que nas aulas de Educação Física na escola a figura
do professor é muito importante e necessária, pois envolve o elo afetivo, que
inclui os relacionamentos interpessoais e permite, através das atividades
corporais desportivas, culturais e cooperativas, experiências positivas e
negativas que ensinam a conviver harmoniosamente uns com os outros.
Arantes (1989, p. 33) identifica que “A relação professor-aluno é um modo de
interação ou encontro profundo que se estabelece entre pessoas. Reflete uma
atitude de objetivo bem definido que permite o encontro de educador e
educando.” Salienta, ainda que, “do professor são requeridas certas
características de intenções e atitudes que contribuem para o crescimento
pessoal e intelectual do aluno propiciando consistentemente para seu
21
amadurecimento emocional e desenvolvimento pessoal, ou seja, esta interação
tem que ser contínua.”
A Educação Física possui conteúdos a serem abordados, o que poderá ser
melhor desenvolvido por meio de um adequado relacionamento interpessoal.
Além disso, a própria capacidade de relacionamento interpessoal dos alunos
será desenvolvida a partir das atividades relacionadas aos conteúdos da
Educação Física, o que pode ser melhorado com uma adequada comunicação
professor-aluno.
Sendo assim, sabemos que o professor de educação física, mais que qualquer
outro professor, mantem uma maior relação de proximidade com os alunos, o
que o seu papel tem uma maior influencia no seu aluno.
3.2.4 A prática Supervisionada
A prática de ensino supervisionada diz respeito ao contato inicial com a
realidade complexa em que se desenvolvem as atividades educativas. Pela
primeira
vez,
o
estudante-estagiário
assume
uma
turma
e
toma
responsabilidades sobre a mesma, numa posição totalmente desconhecida
para ele.
Neste ano de grande valor na formação pessoal e profissional de um professor,
o estagiário tem a oportunidade de adquirir um conjunto de saberes e
experiências, cedidas pelo seu supervisor, a personagem a quem cabe o papel
de criar estratégias de ensino-aprendizagem consoante as características do
candidato a professor que está em causa.
O processo de orientação/supervisão da prática pedagógica prevê a
colaboração entre um professor experiente e um candidato a professor, numa
dinâmica eficaz e exigente dos pontos de vista teórico, organizacional e
operacional. Esta dinâmica pressupõe, ainda, que o supervisor reconheça e
analise as perceções e dificuldades do futuro professor, ao mesmo tempo que
lhe
estende
o
apoio,
aconselhamento
e
orientação
necessárias
ao
entendimento e solução dessas mesmas dificuldades, num processo
sistemático, compreensivo e sustentado.
22
Albuquerque, Graça & Januário (2008) descrevem este profissional como uma
peça importante no Estágio Profissional. Vendo-o como um profissional que
deve ser justo, inspirador de confiança, honesto, compreensivo, exigente,
disponível, competente e amigo.
Albuquerque, Graça & Januário (2008), referem que o papel do Professor
Cooperante é decisivo no aumento da capacidade de atuação, reflexão acerca
da prática e na capacidade de superar as adversidades dentro e fora da aula,
contribuindo assim para uma formação de profissionais com alta capacidade de
intervenção.
Em todos estes aspetos o PC, foi totalmente decisivo no meu desenvolvimento
ao longo deste ano letivo. A reflexão diária das aulas, todos os feedbacks e
todas a críticas construtivas feitas por ele foram essenciais para mim. Desde do
primeiro dia tornou-se um elemento fundamental neste estágio, tanto para mim
como para os meus colegas. Colocou-nos à vontade numa escola enorme e
desconhecida para nós.
Para além de portador de um vasto conjunto de conhecimento nas diversas
áreas, mostrou-se também um grande amigo que estava presente para nos
ajudar no que fosse necessário. Mostrou-se sempre justo e honesto, e exigente
para nos ajudar a evoluir, com elevado sentido de cooperação neste ano de
grande importância para nós. Também a supervisão do Professor Orientador
foi preponderante na nossa formação, as críticas assertivas foram uma maisvalia para nós, apesar de serem em número mais reduzido, foram de igual
modo importantes pois colocava enfoque nos pontos mais fracos como
professores.
Assim, assumo que sem estes dois agentes o desenvolvimento na formação
como professores não seria tão produtivo para nós estagiário, nem
chegaríamos ao fim de uma caminhada tão importante para nós com uma
sensação de ter realizado um bom trabalho.
23
4. Realização da prática profissional
24
25
4.1 Área1- Organização e Gestão do ensino
A Educação Física é uma área de conhecimento que faz parte do currículo
escolar,
desde
o
ensino
primário
até
o
secundário.
Sendo
assim,
compreendemos que dentro do espaço escolar, o aluno tem a possibilidade e o
direito de vivenciar as mais diversas experiências e absorver significados
subjetivos e objetivos, essenciais para sua formação como ser humano e
cidadão.
As conceções pedagógicas da Educação Física existem para tratar do
conhecimento escolar, onde tenta encontrar o melhor caminho de explicar e
aplicar sua prática. Segundo o programa nacional de educação física (p.6),
esta conceção concretiza-se na apropriação das habilidades e conhecimentos,
na elevação das capacidades do aluno e na formação das aptidões, atitudes e
valores (bens de personalidade que representam o rendimento educativo),
proporcionadas pela exploração das suas possibilidades de atividade física
adequada - intensa, saudável, gratificante e culturalmente significativa.
Todas as escolas do país, do norte ao sul, têm um currículo a cumprir.
Currículo que pode ser alterável consoante a cultura existente em cada escola
e na comunidade que está inserida. No entanto, a essência do currículo
nacional tem de se manter igualável.
No ensino secundário, onde tive o privilégio de realizar o EP, o grupo disciplinar
no início do ano reuniu-se e planificou o presente ano letivo, seguindo-se pelas
linhas orientadoras do ministério da educação.
Quanto ao currículo do 12º ano, os alunos tinham a possibilidade de escolher
os desportos coletivos que queriam abordar ao longo do ano. Como refere o
programa nacional de educação física (p.27) “Na construção do currículo do
11º e 12º anos admite-se que os alunos/turma escolham as matérias em que
preferem aperfeiçoar-se, sem perder a variedade e a possibilidade de
desenvolvimento ou redescoberta de outras atividades, dimensões ou áreas da
Educação Física. As estratégias de organização no seio da turma e em
conjunto com outras turmas deverão permitir respeitar, o mais possível, as
26
preferências de cada aluno, sem o submeter incondicionalmente às
preferências ditadas pela maioria dos alunos da turma.”
4.1.1 Planeamento de todo o processo
Para que todo este estágio fosse possível foi necessário definir objetivos
exequíveis e criar situações de aprendizagem condizentes com os níveis dos
alunos.
A relação entre alunos e professores, deve ser recíproca pois o EP contempla
a aprendizagem e evolução dos estagiários como também deverá proteger e
fomentar a aprendizagem dos alunos da escola. Daí a importância do nosso
trabalho ser cautelosamente planeado e supervisionado.
Todas estas premissas relatam uma necessidade de “coerência global” criada
através do planeamento realizado à priori através da formação de objetivos não
desempenhando ações de forma “isolada”, ou seja, entendemos por isto que
qualquer ação que o professor tome tem de ser previamente estudada e
orientada para um certo objetivo não descorando as relações que poderão
existir na prática com os objetivos estabelecidos (Almada et al., 2008, p. 47).
Sem esse planeamento, todo o processo de ensino-aprendizagem perderia a
sua coerência. Esta coerência é indicada através da nossa opinião
relativamente ao desempenho inicial das aprendizagens, mas sabendo que
nem sempre é possível augurar com exatidão a execução futura. Por isso, todo
o planeamento deverá ser desenvolvido e bem justificado criando diversas
situações de aprendizagem que enfatizem no aluno habilidades que vão ao
encontro do que foi objetivado.
Segundo Ferreira (2010, p.4) “o processo deve ser sempre pensado como um
processo de ação – reflexão – ação”. Tudo o que envolve o trabalho do
professor teve em conta reflexões que foram ao encontro dos objetivos
previamente estabelecidos para que o processo ensino-aprendizagem fosse
estabelecido com esta, já referida, conformidade. Com este processo podemos
então mencionar que o professor deve incutir no aluno premissas e habilidades
que estimulem o seu processo de memória para posteriormente serem
transferidos na prática sem a ajuda do professor.
27
Chega então o primeiro momento de planear o ano de estágio. Após a decisão
dos alunos sobre as modalidades que iriam ser lecionadas ao longo do ano,
surge a realização do planeamento anual. A superar as minhas expetativas, a
realização do mesmo não foi difícil como imaginava. Para criar o planeamento
segui-me pela disponibilização de espaços destinados (Roullement) para a
minha aula, pois em alguns espaços não se podia abordar determinadas
modalidades, o caso do auditório e também o espaço exterior.
Como nem tudo é um “mar de rosas”, o planeamento também tinha a sua parte
menos boa de decidir, o número de aulas a lecionar por modalidade. Apesar de
lhe chamar planeamento anual, era um planeamento feito apenas por período,
pois todos os períodos o roulement das instalações era alterado, o que
necessitava de atualizar o planeamento. Assim, o planeamento deve estar
sustentado nos níveis de habilidade dos alunos, mas também nos níveis
motivacionais dos próprios, uma vez que eles também são agentes ativos do
processo.
No decorrer dos três períodos letivos, a turma tinha modalidades de que
gostavam e outras que não gostavam, já para não dizer as que odiavam. No
planeamento de cada período tive o cuidado de reservar mais aulas para os
desportos coletivos, que eram de preferência dos alunos, e dar menos ênfase
às modalidades individuais, Dança e Ginástica.
No terceiro período, a carga de modalidades era mais excessiva do que os
restantes períodos o que me levou a decidir alterar as modalidades planeadas
para cada período e lecionar no segundo período a modalidade de Orientação
Urbana, uma vez que neste período não tinha modalidades para lecionar no
exterior.
Ao longo do ano letivo fomos percebendo, tanto eu como os meus colegas de
estágio, que o grupo de educação física devia, em conjunto, decidir as
modalidades que cada professor lecionaria em cada período. Isto porque, por
vezes coincidia estarem três turmas no pavilhão e essas mesmas três turmas
estavam a abordar a mesma modalidade. Apesar de, a escola ter uma boa lista
de materiais, tanto em número como em diversidade, o material não chegava
para as três turmas presentes. Isto obrigava o professor a alterar o que tinha
planeado para a aula ou então adaptar face ao material que tinha.
28
Assim, a disponibilidade das instalações para a quantidade de turmas nos
respetivos horários, as disciplinas que requerem espaços e matérias
específicos, os interesses dos professores, são todos fatores que deveriam ser
tomados em conta logo no início do ano letivo.
4.1.2 Unidades didáticas
A Unidade Didática (UD) surge como estratégia pedagógica fornecendo ao
professor uma orientação à sua atividade, potenciando o seu trabalho, ou seja,
permitindo executar um trabalho com um elevado nível de eficácia. É então, a
orientação, uma base para a prática de ensino, podendo ser sujeita a
modificações que visem um melhor e mais rápido alcance dos objetivos a que o
docente propôs para atingir com as suas turmas. Isto porque segundo Olímpio
Bento (1998) “as unidades didáticas são partes fundamentais do programa de
uma disciplina, na medida que apresentam quer aos professores quer aos
alunos, etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem”.
Todas as ações, decisões e objetivos criados, foram baseados no meu
processo de aprendizagem ao longo dos quatro anos do ensino superior. Ao
longo de todo esse processo, tive a oportunidade de aprender com os melhores
profissionais da área do desporto.
A elaboração da UD de cada modalidade, só se sucedeu após a avaliação
diagnóstica. Com o conhecimento do nível em que se encontrava a turma é
que podia criar a UD que adequa-se as capacidades da turma.
“Uma vez realizada a avaliação diagnóstica nos parâmetros das ações táticotécnicas, os conteúdos a ensinar durante as aulas previstas serão de acordo
com os resultados obtidos.”(Justificação da UD de basquetebol)
Conciliar os conteúdos previsto para cada modalidade com o número de aulas
disponíveis para cada matéria não era tarefa fácil. Nos desportos coletivos,
devido ao maior número de aulas foi mais fácil organizar os conteúdos ao longo
da unidade didática.
29
Por exemplo, em relação a UD de ginástica, deparei-me com mais dificuldades,
pois a turma apresentava um nível introdutório praticamente a todos os
elementos. As horas disponíveis para todos os elementos que tinha previsto
eram muito escassas, o que levou a UD não ser cumprida como as restantes.
Já depois de elaborada a UD, e conciliar os elementos e o número de aulas, ao
longo do período duas aula de ginástica não foram possíveis de dar o que
alterou todo o planeamento previsto.
“No dia 6 de Fevereiro será realizado no estádio D. Afonso Henriques o jogo da
Seleção Nacional contra a Seleção do Equador. Posto isto, a equipa das
quinas teve treino no dia anterior ao jogo no estádio. De acordo com todos os
professores de educação física, as turmas que teriam aula das 10.10 às 11.40
seriam dispensados para poderem observar o treino que estaria a decorrer.
Posto isto, a aula de Ginástica planeada para este dia não ocorreu.” (Situação
nº 46)
Em relação as UDs dos desportos coletivos, na sua elaboração tiveram em
atenção a ordem em que introduzia os conteúdos de cada modalidade. Em
todas, dei sempre preferência aos conteúdos ofensivos e só depois é que eram
introduzidos os conteúdos defensivos. Defendo que para haver jogo, os alunos
têm de ser capazes de penetrar a área adversária e tentar ter vantagem sobre
a mesma. Só depois de o conseguirem é que se deve dificultar introduzindo
uma defesa.
“Quanto às habilidades táticas, optei por introduzir em aulas alternadas. Na
terceira aula irei introduzir a penetração, princípio específico do jogo ofensivo,
será o único conteúdo a ser exercitado nessa aula. Na minha opinião
inicialmente deve-se dar vantagem ao ataque e só depois de este estar
minimamente consciencializado é que se deverá dificultar com a introdução de
um princípio defensivo.” (Justificação da UD de Futebol)
30
4.1.2 Realização da prática
4.1.2.1- Como tudo começou
Comecemos então pelo “mais” importante neste ano de estágio, as aulas.
Depois de um planeamento aprofundado como o planeamento anual, as UD e
os MEC´s, chega a hora de me preocupar com a construção do plano de aula.
Com a organização dos conteúdos a serem abordados em cada aula, o plano
de aula torna-se assim um pouco mais fácil de construir. No entanto, quando
abrimos o computador e tentamos a construção do plano, a vida complica-se.
Quais os exercícios para trabalhar esses conteúdos? Quais as componentes
críticas que devemos dar mais ênfase? Será o exercício adequado ao espaço
que temos? Surge uma quantidade de interrogações que nos dificulta o
preenchimento de todos os espaços vazios do plano de aula.
Inicialmente, a construção deste instrumento demorava horas e por vezes não
conseguia apenas num dia. Todos os pormenores do plano obrigavam a um
cuidado especial excessivo, como escrever os objetivos de aula, qual o tempo
que devíamos dar a cada exercício etc.
Com o decorrer do ano letivo, fui conhecendo melhor a turma e os meus
problemas na construção do plano passaram a ser outros. O exercício de
aquecimento era sempre o último a ser planeado e o que mais dor de cabeça
me dava.
Podemos ver então que segundo Gomes (2004, p.57), “esta parte da aula visa
preparar o indivíduo para o trabalho que se irá desenvolver, de acordo com o
objetivo principal desta, estipulado sobretudo do ponto de vista funcional”.
O aquecimento é um exercício, ou um conjunto de exercícios, de qualidade e
quantidade apropriada para preparar o aluno a um desempenho mais seguro
ao longo da aula. O aquecimento deve ter uma parte geral e uma parte mais
específica. Ou seja, devemos ativar todo o nosso organismo progressivamente,
estimulando a função cardiopulmonar com exercícios mais aeróbicos, corridas,
mudanças de direção, coordenação motora, etc.. O aquecimento específico é
orientado para a modalidade que queremos abordar nessa mesma aula. No
31
caso do basquetebol, exercícios que englobem bola e direcionados para esta
modalidade.
Tendo em conta as caraterísticas e objetivos do aquecimento, a minha maior
dificuldade na planificação na parte inicial da aula, era encontrar exercícios que
fossem constituídos com os conteúdos acima exposto e que motivassem os
alunos.
“Uma das maiores dificuldades no planeamento da aula foi o exercício de
aquecimento. Devido às caraterísticas da turma, não é possível fazer certos
exercícios dinâmicos, e como em aulas anteriores já tinha utilizado as
estafetas, não queria repetir para não se tornar um exercício aborrecido para
os alunos. Por aconselhamento do professor cooperante e também com a sua
ajuda, o exercício de aquecimento consistiu em joguinhos dois-a-dois de
desequilíbrio e de força. A turma apesar de se queixar de alguns exercícios até
aderiram bem e executaram o exercício com seriedade, exceto 2 a 3 alunos
que habitualmente vão mostrando pouco empenho e interesse na aula.”
(situação nº27)
A maior causa da minha dificuldade para o planeamento do aquecimento, era a
desmotivação dos alunos perante alguns exercícios que fui apresentando. A
turma era composta por alunos com idades compreendidas entre os 17 e 18
anos, o que alguns jogos lúdicos de aquecimento já não os motivavam e não
conseguia assim, cumprir o objetivo proposto. O tipo de aquecimento mais
predominante nas minhas aulas era do género tradicional, com alguma corrida
e mobilização articular. Apesar dos alunos não gostarem muito, era a única
forma que conseguia manter a turma minimamente aplicada.
“Para o aquecimento planeei exercícios de mobilização articular, exercícios que
normalmente os alunos não gostam, mas necessitam para um melhor
aquecimento corporal, na aula coloquei um aluno à frente do grupo e
exemplificar o que pedia, não sei se foi pela estratégia adotada ou pela vontade
dos alunos, estes realizaram o exercício como era pedido, apesar de alguns
ainda conversarem bastante.” (Situação nº21)
32
Quando as modalidades coletivas eram as matérias a serem lecionadas, os
exercícios de aquecimento era mais direcionados para essa mesma
modalidade. No entanto, não era fácil encontrar exercícios que apenas
exigissem ativação geral dos músculos solicitados ao longo da aula e que não
passasse os 60% da frequência cardíaca.
Na parte fundamental estipulei o trabalho central da aula, criando alguns
períodos de tempo para a execução de exercícios específicos da matéria a ser
abordada, através de critérios de êxito mais complexos, tendo sempre em
conta a evolução desta complexidade de forma crescente ao longo das aulas e
até mesmo dentro da própria aula, atribuindo ao início desta parte, a
recordação de gestos anteriormente lecionados para posterior evolução ou
iniciação a novos gestos técnicos. Segui esta estratégia pois segundo
Rodrigues (1994), é nesta parte da aula que se pretende atingir os objetivos
definidos para a mesma, sendo por isso considerada a parte fundamental da
aula.“
Nos desportos coletivos, na parte fundamental da aula era sempre reservado
um maior tempo para o jogo formal e a sua competição. Como a turma
apresentava características muito particulares, o jogo era a única solução para
a motivação deles. Os restantes exercícios eram pensados também sempre
com a variante da competição. Pois só assim conseguia manter a turma
aplicada a cumprir os objetivos que tinha proposto para a mesma. Como Piéron
(1992) afirma, nesta parte o professor deve ter em consideração que a
capacidade de trabalho com a atenção dos alunos se mantém durante curtos
períodos de tempo. Desta forma, ele deverá propor as atividades mais
complexas e os novos gestos técnicos no início desta parte. Como tal,
planeava para o início desta parte da sessão, os exercícios que trabalhavam os
conteúdos que tinha definido e posteriormente realizava o jogo formal.
Por último, na parte final, visto que os alunos vêm normalmente de exercícios
intensos e como pretendo concluir a aula, é necessário criar uma estratégia de
intervenção para que os alunos não corram o risco de parar o seu exercício de
forma repentina, então nesta fase, eram criados exercícios de retorno à calma
para que estes reduzissem a intensidade do trabalho permitindo ao organismo
voltar ao estado inicial apresentado no início da aula, assim como, criar um
33
processo de recuperação à intensidade exigida na parte principal da aula.
Nesta fase era admitido jogos lúdicos e exercícios de alongamento e
relaxamento para que os alunos se apresentassem mais calmos e ainda
motivados. É importante ainda nesta fase que, segundo Gomes (2004, p.59),
que se proceda a “uma estimulação dos sentimentos e emoções de prazer e
bem estar dos alunos” e, na nossa opinião, que se faça ainda uma abordagem
final à aula estabelecendo uma relação com os alunos através da matéria
abordada, os exercícios realizados e se os objetivos para a aula em específico
foram cumpridos ou não e, até mesmo, fazer referência ao que será abordado
na aula seguinte e a trabalhos não presenciais que invoquem o interesse dos
alunos pela matéria.
Ao expor somente a minha dificuldade em encontrar exercícios de
aquecimento, não iliba a dificuldade sentida nas restantes partes da aula. Nem
sempre os exercícios escolhidos eram os mais adequados. Foi então onde o
professor cooperante teve um papel ativo, pois inicialmente, os exercícios não
eram adequados ao espaço, por vezes não eram adequados as características
dos alunos, etc.
“O terceiro exercício também se mostrou um pouco desajustado devido
novamente ao espaço. Os alunos necessitavam de mais espaço para poderem
realizar o remate.” (Situação nº17)
“Como o espaço destinado para a aula era uma das laterais do pavilhão, e este
contem uma baliza com as medidas oficiais, optei por planear um exercício em
que os alunos tivessem um contato mais realista. Todavia, o espaço é muito
reduzido e não da muita margem para os alunos jogarem e tirarem mais partido
da baliza.” ( Situação nº 23)
Apesar de o nosso ano de estágio ser considerado o ano do erro, ou em que
temos mais desculpa para o erro, considero também o ano da inovação, e da
lufada de ar fresco nas escolas. Quando planeava as aulas, tentava sempre
pesquisar exercícios novos e diferentes, e com o entusiasmo de que a turma
provavelmente ia gostar esquecia-me que o espaço não era o mais indicado
para o tal exercício, pois assim não conseguiria obter os resultados que tanto
34
me fizeram entusiasmar. A alerta do professor cooperante foi assim perspicaz
para que a aula que supostamente ia ser diferente não fosse um fracasso.
No início do ano letivo, as ideias inovadoras eram, as aulas diferentes, as
modalidades pouco praticadas na escola ocupavam o meu pensamento.
Marcar o meu ano de estágio e o ano dos meus alunos era um fator em que
pensava muito. Um desses pensamentos era dar uma aula de ténis aos meus
alunos, mesmo sem material na escola e sem condições, fui pensando em
alternativas para que pudesse realizar e proporcionar uma aula de ténis a
turma. Infelizmente, ao longo da minha experiência fui percebendo que a turma
não me permitia ter esse tipo de pensamento, ou melhor, não permitia por em
prática o que eu estudava mentalmente. Por vezes, tentava inovar mais um
pouco, o que era quase sempre uma tentativa falhada.
“Por último, o futvolei não foi um jogo muito aceite pelos alunos como
esperava. Duas equipas mostraram algum empenho, no entanto as outras duas
jogaram contraditoriamente pois queriam sair mais cedo e não gostaram que
isso tivesse sido negado.” (Situação nº 23)
Aquando o conhecimento do currículo para o 12ºano, uma modalidade saltoume logo à vista, a Orientação Urbana. Isto sim, uma modalidade pouco
abordada nas escolas e sem dúvida uma modalidade que eu ia certamente
gostar de lecionar. E assim foi, o planeamento destas aulas foram as mais
entusiásticas para mim. Adorei ter que construir os mapas e as questões para
cada posto de controlo. O material que a escola tinha para esta modalidade,
como se é de esperar, era nulo, foi então necessário improvisar para que estas
aulas corressem da melhor forma.
Embora esta modalidade não requeresse muito do papel do professor na aula,
o planeamento da mesma era muito trabalhoso. Exigia que o professor fosse
ao local ver os pontos estratégicos para cada posto de controlo, para formular
uma questão relacionada com esse posto, e em alguns casos, exigia que o
professor se dirigisse antecipadamente ao espaço da prova para colocar as
balizas de orientação.
35
“A modalidade de orientação urbana é nova para a turma, sendo bastante
diferente do que estão habituados. Os alunos têm uma maior autonomia uma
vez que dependem apenas de si para concretizar o que é pedido.
O professor assume também um papel diferente, o seu trabalho é planear o
mapa e as questões com antecedência para que os alunos possam fazer a
prova de orientação.
O controlo e a segurança nestas aulas são escassos uma vez que o professor
não consegue visualizar a turma. Apesar de escolher sempre lugares com
pouca movimentação de automóveis a segurança destes não é a mesma que
uma sala de aula.” (Situação nº37)
Mesmo com todo este trabalho, a cada questão formulada o meu entusiasmo
era maior, pois só me imaginava a fazer a própria prova de orientação e a ter
que procurar a resposta a cada pergunta.
4.1.2.2 Desportos coletivos VS Desportos individuais
A diferença motivacional da turma perante os desportos coletivos (DC) e os
desportos individuais (DI) foram sem dúvida o que mais me marcou neste ano
de estágio. Achei assim pertinente realizar neste ponto, uma análise dos
problemas que me ocorreram ao longo do ano com esta diferença de DC e DI e
quais as estratégias que tive de adotar.
Os DC são definidos segundo Almada et al. (2008, p.250) “como atividades que
privilegiam a divisão do trabalho por diferentes elementos de um grupo,
implicando portanto o desempenho de funções específicas e o domínio da
dinâmica das suas coordenações (dinâmica de grupos) ”. Já relativamente aos
DI, Almada et al. (2008, p.257) define como sendo desportos que “levam o
aluno a centrar toda a atenção no movimento que pretende realizar e a isolarse”, são pois desportos de contextos inalteráveis e o seu desempenho é
independente da forma de oposição do adversário.
Esta diferença nos dois grupos de desportos justifica por vezes a preferência
dos alunos pelos desportos coletivos. O fato de se encontrarem em grupo, não
36
põe em evidência um aluno só, apesar do professor ter de ser capaz de
observar todos os seus alunos. Em desportos individuais o aluno fica mais
exposto e a sua capacidade motora também, este aspeto acaba por inibir
alguns alunos com mais dificuldades.
Numa primeira fase importa definir Jogos Desportivos Coletivos (JDC), onde
vários autores dão a sua opinião, e segundo estes faço a seguinte abordagem,
para ser mais fácil a sua justificação. Teodorescu (2003,p.16) diz que “o seu
tão apreciado carácter formativo deve-se ao facto de a prática dos jogos
desportivos coletivos acumular as influências e os efeitos positivos do desporto
e do exercício físico com as influências e os efeitos educativos do jogo”. Com a
lecionação deste tipo de matérias aprendemos que não só é benéfico
sensibilizar os alunos em termos do seu valor educativo mas também, criar
dinâmicas que vão ao encontro dos gostos e transmissões de conhecimentos
dos mesmos por fim a serem valorizados nas aulas.
Por serem desportos onde se trabalham principalmente em grupo, certas
destrezas funcionais foram capacitadas com o intuito de aumentar as aptidões
e habilidades físicas dos alunos seja em cooperação com o adversário, seja em
oposição ou até mesmo no seu trabalho individualizado.
Para Teodorescu (2003), a manipulação do objeto, o trabalho em grupo, a
confrontação com o adversário, entre outros trazem influências que aumentam
o processo de motricidade influenciando o desenvolvimento das qualidades
motoras.
Por outro lado os DI são caracterizados por Almada et al. (2008, p.257) quando
afirma que este tipo de desportos de “contextos inalteráveis” formam no aluno
perceções mais criteriosas e específicas sobre a sua técnica, refere pois que,
estes levam a que o aluno “possa sentir e compreender, de uma forma muito
fina, qualquer alteração na sua atuação e, assim, consiga atingir uma
otimização
dos
seus
gestos
e,
consequentemente
desenvolva
um
conhecimento muito profundo de si próprio”. Podemos ver que nos DI o
trabalho individualizado é privilegiado, então é de se notar que processos
metodológicos mais analíticos nas aulas, pelo que a responsabilidade para o
próprio aluno é notável e a interação com colegas apenas é utilizada em forma
37
de ajuda ou em situações lúdicas, o sucesso está no próprio indivíduo e na sua
execução (quase ideal, de gestos técnicos).
Esta diferença entre desportos coletivos e desportos individuais foi importante
referir em relação a turma porquê? Como já foi referido anteriormente, a turma
teve a possibilidade de escolher os desportos coletivos a serem abordados
durante o ano letivo, no entanto, as modalidades individuais já estavam prédefinidas no currículo, e não foram passíveis de alteração. Estes desportos
individuais corresponderam as modalidades de atletismo, ginástica e dança.
Como se pode perceber facilmente pela composição da turma, que é
maioritariamente composta por rapazes, que estas modalidades não são de
agrado dos alunos. Daí partiu a minha dificuldade para a lecionação das
modalidades individuais.
Logo no início do primeiro período, foi percetível o desagrado dos alunos
perante a modalidade de atletismo. Estes recusavam-se correr, e por muito
dinâmicos fossem os exercícios de resistência, o resultado era sempre o
mesmo. Mesmo recorrendo à competição entre equipas as melhorias no
comportamento eram escassas. O problema existiu não só no trabalho de
resistência como também na técnica de corrida. Aula após aula foi necessário
recorrer constantemente a ideias novas para motivar os alunos.
“Para a parte fundamental da técnica de corrida, o exercício planeado foi um
pouco diferente do habitual, utilizando tapetes redondos e quadrados, cada
figura tinha o seu pé de apoio. Este exercício mostrou ser bastante
interessante, pois os alunos gostam de exercícios diferentes, novos e que
exijam o melhor de cada um para se superarem, e também é um exercício que
não implica uma competição direta. Uma das variantes deste exercício foi fazer
o percurso na diagonal. Talvez não devesse introduzir esta variante uma vez
que o tempo já estava a passar do previsto e também porque o percurso não
era o mais apropriado. Uma vez que decidi fazer devia ter aproximado mais as
figuras para facilitar o salto ao aluno. A variante não decorreu como previsto
devido a longevidade de algumas figuras e como o salto era apenas com um
apoio dificultou mais.
Na parte da resistência utilizei uma nova estratégia competitiva, inicialmente
corriam 8 minutos e somava o número de voltas de cada elemento, ao fim o
38
grupo com maior número de voltas, só voltava a correr mais 8 minutos e os
restantes corriam mais tempo conforme o lugar que tinham alcançado. Sem
dúvida que foi a melhor estratégia, os alunos empenharam-se na corrida como
nunca tinham feito até esta aula.” (Situação nº 31)
A modalidade de ginástica, tal como a modalidade de atletismo, também
necessitou de constante alteração de estratégia de aula. Todavia, esta apesar
de ser do desagrado dos alunos era também uma modalidade bastante difícil
para eles, apesar de se encontrarem já no último ano do secundário.
A ginástica é uma das modalidades mais difíceis de abordar na escola devido
aos receios que os alunos têm em estar em certas posições e de certos
aparelhos. Mas este não é o único problema, esta modalidade necessita de ser
iniciada desde cedo, ou seja no ensino primário ou em último recurso na
entrada do ensino básico, e deve também ser trabalhada em todos os anos ao
longo do percurso dos alunos. Quando isto não acontece, mais tarde os alunos
não tem a mesma flexibilidade nem a predisposição para iniciar esta
modalidade.
No fim da avaliação diagnóstica, foi visível a dificuldade que os alunos tinham
na execução dos elementos mais básicos como o rolamento à frente
engrupado e o rolamento à retaguarda. Encontrando-se já no 12º ano, não era
fácil conseguir combater estas dificuldades e conseguir motivar os alunos para
a prática desta modalidade na aula de educação física. Para tentar alterar este
facto visível, as aulas de ginástica forma divididas em ginástica artística e
ginástica acrobática, o minitrampolim.
“No 12º ano a Ginástica é dividida por ginástica de solo e pelo aparelho
minitrampolim. Aproveitando esta situação, e sabendo que a turma gosta mais
de ginástica acrobática do que solo, as aulas serão divididas por estas duas
vertentes, na primeira parte será abordado o solo e a ultima parte fica
reservada para o minitrampolim.
Penso que com esta estratégia a turma corresponderá melhor ao que é pedido.
Na aula foi notório que a turma gosta do minitrampolim e tem um
comportamento mais apropriado aquando estão a executar no solo.” (situação
nº 45)
39
Mesmo utilizando a estratégia da aula dividida em ginástica de solo e ginástica
acrobática, a motivação dos alunos não era a mais desejada. Faziam sempre o
menos possível, e mesmo sabendo que tinham dificuldades na execução, a
vontade em tentar melhorar e aperfeiçoar era nula. Até que um dia, na
ginástica acrobática, decidi inovar um pouco e por saltos com obstáculos.
Alguns alunos ficaram com receio de experimentar, no entanto outros
mostraram-se entusiasmadíssimos e em aulas seguintes perguntavam sempre
quando voltaríamos a abordar a modalidade de ginástica. Este pequeno
comentário deixava-me feliz pois com uma ideia repentina na aula consegui
motivar alguns alunos para a ginástica.
Falando agora um pouco dos desportos coletivos, estes também não foram
fáceis de lecionar, apesar de serem de eleição dos alunos. A turma apresenta
caraterísticas muito particulares, tal como já referido, eram bastante
conversadores, desmotivados, brincalhões, etc. No entanto, era uma turma
unida sem conflitos e bastante pacífica em situação de jogo, mesmo quando
surgia alguma falta não provocavam grande aparato sobre a mesma. Com
tantos “defeitos”, esta era a qualidade deles, embora no jogo eu necessitava
que eles se aplicassem mais e que vivessem mais o jogo de forma a não
jogarem apenas por recreação. Foi então necessário, novamente, utilizar
estratégias para alterar um pouco a pacificidade dos alunos em jogo.
“Para o jogo formal, utilizei uma nova estratégia realizando exercícios de
apenas 5 minutos e saía a equipa que estava a perder ou em caso de empate
saíam as duas. Isto proporcionou uma maior dinâmica e maior competitividade
nos alunos. Mesmo para a parte de condição física foi bom uma vez que referi
que os alunos que não fizessem o que era pedido a equipa não voltaria a
entrar.
Na próxima aula, e esta que é de avaliação vou utilizar a mesma estratégia
uma vez que o jogo é bem mais fluido e mais agradável de se ver.” (situação
nº32)
40
4.1.2.3. A instrução e feedback
Após todo o processo preparatório do ensino da educação física, surge então a
fase “mais” importante, a realização da prática pedagógica. Ao longo do meu
percurso de vida e do meu percurso académico, apenas nas aulas práticas tive
oportunidade de enfrentar e comandar um grupo de alunos. Esta experiência
apesar de ser enriquecedora para todos nós, alunos de ensino superior, não é
suficiente para neste ano de estágio sentirmo-nos seguros perante uma turma.
Desde logo sabia que os primeiros dias iam ser bastante difíceis para mim, e
mostrar-me segura perante a turma não ia ser tarefa fácil. Chega então o dia
de apresentação, neste momento sim, senti as pernas e as minhas mãos a
tremer, já para não falar da voz sempre que tentava falar. O nervosismo era
imenso e aumentava a cada instante que via os alunos a entrarem pela porta
do auditório.
Este dia da apresentação foi deveras marcante para mim, já lá vai quase um
ano e ainda sou capaz de dizer em que lugar se sentou cada aluno e cada
pergunta que fizeram. A primeira impressão que fiquei deles não foi de todo
má. Estavam calmos, conversavam um pouco mas nada que não se
compreendesse para um início do ano letivo.
“Sendo esta a minha primeira aula, antes de esta começar sentia-me um pouco
nervosa devido a ser o primeiro impacto com os alunos para este ano letivo.
Estava, também, um pouco receosa pelo fato da turma ser do 12º ano e os
alunos já serem crescidos, mas o que me fazia ficar receosa e ao mesmo
tempo deixava-me um pouco mais descansa pois já têm idade para saberem o
que querem e saberem comportarem-se.” (Situação nº9)
Segui então para a segunda aula que por sua vez parecia ser mais fácil para
mim. Durante a realização dos testes fitnessgram foi decidido nós estagiários
ajudarmo-nos uns aos outros e talvez por saber que ia ter a presença deles,
fez-me sentir mais segura perante esta aula. Nesta aula toda a impressão que
tinha da turma foi-se desmoronando e percebi então o trabalho difícil que ia ter
nas aulas seguintes.
41
Logo nas primeiras aulas o PC detetou os erros mais flagrantes e chamou
atenção para conseguir melhorar.
“Para as próximas aulas, a minha prestação tem de melhorar na colocação da
voz e também na convicção quando tiver a transmitir matéria. Estes dois
aspetos têm de ser melhorados para que os alunos não percebam o
nervosismo do professor e também para não ficarem com incertezas em
relação ao que a professora transmite.” (Situação nº 9)
Com a deteção dos erros tentava melhorar sempre na aula seguinte, no
entanto mais erros surgiam pois em cada aula havia uma situação nova que
exigia um pensamento rápido e eficaz e inicialmente não conseguia ser tão
perspicaz nesse aspeto. A organização e gestão do tempo, também
consistiram num problema no início da minha prática pedagógica. Este fator é
um dos grandes problemas dos professores estagiários.
Arends (2005, p. 555) define gestão de aula como: “os modos pelos quais os
professores organizam e estruturam suas salas de aula, com o propósito de
maximizar a cooperação e o envolvimento dos alunos e diminuir o
comportamento disruptivo”.
Perrenoud (2000, p.24) utiliza os termos organizar e dirigir situações de
aprendizagem para se referir à gestão de aula. Para o autor, de acordo com a
visão tradicional de professor, a gestão de aula não é uma das suas maiores
preocupações, ocorre espontaneamente e apenas serve para garantir a
transmissão de conteúdo e possibilitar a realização dos exercícios decorrentes.
Por meio dessa pedagogia “magistral” os professores não dominarão as
situações de aprendizagem proporcionadas aos seus alunos e usarão “meios
disciplinares clássicos, para que todos os alunos escutem com atenção e
envolvam-se ativamente, pelo menos em aparência nas tarefas atribuídas”.
Para Arends (2005) a gestão de aula é uma das funções de liderança do
professor. O autor aponta algumas ações que afetam e estão vinculadas à
gestão de aula: planejar detalhadamente as aulas; atribuir tempo às atividades
de aprendizagem; fazer considerações acerca da utilização do espaço da sala
de aula, ajudar o grupo a trabalhar em grupo; atentar-se à motivação dos
alunos; proporcionar um discurso aberto e honesto.
42
Cedo percebi que a turma não tinha como caraterística a pontualidade, e para
uma organização mais realista do plano de aula, o tempo dedicado a cada
exercício já se encontrava definido para que o atraso dos alunos não
influenciasse em nada na transmissão e exercitação dos conteúdos da aula. No
entanto, principalmente no primeiro período surgia uma situação ou outra que
me obrigava a adaptar a aula e nem sempre consegui ter raciocínio rápido para
resolver os problemas detetados.
“No primeiro exercício, os alunos estavam divididos em 4 equipas, em que
jogavam duas equipas entre si, as equipas estavam todas a jogar ao mesmo
tempo e no mesmo espaço, tinham como objetivo realizar o passe de um lado
dos sinalizadores e o colega tinha de receber do outro lado. Os alunos não
perceberam o exercício talvez pela má explicação ou por falta de concentração
e de empenhamento na aula. Com isto, preferi não realizar o segundo exercício
e dar mais tempo ao primeiro uma vez que os alunos depois acabaram por
perceber o exercício e ate demonstraram alguma motivação e satisfação ao
realiza-lo.
Outro aspeto em que perdi algum tempo foi na formação das equipas. Apesar
de levar as equipas já planeadas de casa, alguns alunos pediram dispensa e
obrigaram a uma alteração das equipas. Posteriormente terei de ser mais
rápida a resolver este problema.” (situação nº 19)
Como refiro na situação nº19, a instrução ou a instrução incorreta também
pode influenciar a gestão do tempo. Uma das minhas caraterísticas que
marcou este ano como professora era não completar a informação dada aos
alunos. Este problema deve-se a vários fatores, um deles foi considerar a
turma autónoma e capaz de perceber o que estava a ser pedido. Pensava eu
que alunos de 12ºano eram capazes de perceber facilmente o que estava a
pedir devido ao historial deles na educação física. Mas, a turma era bastante
desorganizada e desinteressada para tentar perceber o que estava a ser
pedido e muitas vezes não ouviam a informação toda e necessitavam que eu
repetisse e sublinhasse parte dessa informação.
Um fator que ajudou a contribuir para essa minha caraterística menos boa foi o
comportamento dos alunos. Sempre que chamava a turma para instruir, a
43
turma adotava um comportamento mais conversador e irrequieto e isso
forçava-me a ser mais rápida na informação para que eles voltassem ao
comportamento motor. Devido a minha inexperiência, não conseguia ser
sucinta e precisa na informação a dar.
A comunicação é a caraterística fundamental do professor. Para um professor
conseguir chegar à turma, tem de saber comunicar com a mesma e cada turma
necessita
de
uma
comunicação
própria
pois
todas
as turmas têm
características e o professor tem de ser capaz de se adaptar e saber comunicar
com a mesma. Desta forma, acho que a relação que mantive com a turma foi a
minha maior arma, apesar de a turma não ser fácil de gerir. Sei que devia ser
mais severa e tentar controlar a turma desde do início do ano letivo, no entanto
acho que iria criar um braço de ferro com os alunos e o comportamento deles
seria ainda pior. Contudo nunca desisti e sempre me preocupei em manter a
posição de líder da turma.
A turma mesmo tendo todos os defeitos possíveis, tinham respeito por mim e
obedeciam sempre que aplicava castigo, pois este foi frequente nos três
períodos letivos. O que eles não compreendiam era que ao “boicotar” a aula,
estavam a desrespeitar o trabalho feito por mim para a realização da aula, e
sempre que foi necessário a turma foi chamada atenção no final da aula ao
qual ouvia serenamente.
Sei que a relação que o professor mantem com o aluno não é o principal
objetivo da educação física, mas sem esta as aulas de educação física não
seriam as aulas preferidas dos alunos e em consequência a nossa disciplina
perderia ainda mais valor do que já tem vindo a perder, injustamente. Com o
passar dos anos, tenho percebido que os professores que mais marcam o
percurso escolar são os professores de educação física, e considero um aspeto
positivo e bom de se ouvir. Neste meu ano de estágio tinha como objetivo criar
uma boa relação com a turma e que eles um dia mais tarde se lembrassem de
mim como a professora estagiária que lhes proporcionou experiências novas e
que tinha uma boa relação com eles. Pois bem, apesar de todas as chatices
que tive com eles sei que consegui mantive uma boa relação com eles e que
consegui dar-lhes algumas experiências novas, não tantas como desejava,
mas um dia mais tarde lembrar-se-ão das aulas de educação física do 12º ano
deles.
44
Voltando à minha prestação nas aulas, relativamente aos feedbacks também
demonstrei alguma dificuldade, principalmente nos desportos coletivos.
Mcgown (1991) entende por feedback a informação que se obtém após uma
resposta, e é geralmente vista como a mais importante variável que determina
a aprendizagem, logo a seguir à prática propriamente dita. Segundo Godinho,
Mendes e Barreiros (1995, p. 217) feedback "é a expressão genérica que
identifica o mecanismo de retroalimentação de qualquer sistema processador
de informação". É o retorno de informação que permite ao sistema avaliar o
quanto foi cumprido os objetivos, é uma condição obrigatória para ocorrer
aprendizagem. Sem essa informação de retorno o sistema comporta-se como
se estivesse cego, ou seja, não existe uma autoavaliação e as respostas
desfasadas, continuarão ocorrendo, tanto em termos espaciais como
temporais. Marteniuk (1986) define o feedback como sendo uma resposta
produzida pelo movimento realizado, obtendo informações cinéticas e
cinemáticas do mesmo. Schmidt (1993) afirma que feedback é qualquer tipo de
informação sensorial sobre o movimento, não exclusivamente com referência a
erros.
Ainda segundo Schmidt (1993), o feedback pode ser uma consequência
natural do movimento, num processo de perceção pelo próprio executante e,
pode também ser de outras formas, que não são tão óbvias para o aluno. Sem
dúvida, o feedback verbal está frequentemente sobre o controle direto do
instrutor; então, ele ocupa uma grande parte na organização da prática.
O feedback verbalizado pode exprimir muitos tipos diferentes de informação
simultaneamente, cada uma delas envolvendo muitos processos diferentes de
aprendizagem. No entanto, a principal função da informação de feedback é a
de permitir ao executante avaliar a resposta dada, criando uma estrutura de
referência de forma a que o atleta ou aluno possa detetar erros e tentar corrigilos (Mcgown, 1991). Além de informação, como será descrito mais adiante, o
feedback pode ter a função motivadora e de reforço, para a execução de uma
tarefa ou habilidade.
Como é referido pelos vários autores, o professor tem de ter a capacidade de
observar o erro do aluno, corrigi-lo e esperar pela resposta dada para perceber
se realmente o aluno conseguiu captar a informação toda, chama-se a este
fenómeno o ciclo do feedback. Nos desportos individuais facilmente detetava o
45
erro do aluno e conseguia dar o feedback preciso ao aluno. No atletismo era
fácil perceber o movimento incorreto dos braços, o apoio incorreto do pé no
solo, na ginástica também facilmente se percebia que o aluno não colocava
corretamente a mão no solo, que dava mais impulsão com uma mão do que
com a outra, etc. Nos desportos coletivos tornava-se tudo mais complicado
para mim, principalmente no futsal, que foi logo a primeira modalidade coletiva
a ser abordada.
Sem qualquer experiência ao nível do treino, eu “olhava” para o jogo formal e
tinha grandes dificuldades em primeiro detetar e posteriormente intervir sobre
os erros evidenciados pelos alunos. Perceber a má colocação em campo de
alguns alunos e intervir oportunamente revelou-se uma tarefa difícil de se
concretizar, pois observar “tudo” ao mesmo tempo não facilitava. O facto de a
turma se encontrar no nível avançado nesta modalidade também contribuía
para que a minha intervenção fosse mais precisa. O nível de jogo deles era
bastante razoável e não cometiam erros flagrantes em que eu conseguisse
detetar rapidamente. A minha intervenção ao longo do jogo era quase nula e
sentia-me por vezes um pouco perdida sem saber o que corrigir. Mais uma vez
o papel do PC e dos meus colegas de estágio foi fundamental, pois ao fim das
aulas comentavam sempre comigo o que errei o que poderia ter feito para
melhorar a aula.
Todavia, no decorrer do ano fui melhorando progressivamente cada aspeto
aqui apontado, errando por vezes em outras situações e sendo eficaz em
outras. O normal de cada professor que encara a sua profissão como um
constante enigma que terá de ser ultrapassado aula a aula, porque todos os
dias vai surgir comportamentos novos e situações novas que têm de ser
resolvidas rapidamente.
4.1.2.4 Como avaliar
O indicador principal da avaliação do aluno é a performance aquando de uma
aprendizagem, no entanto, várias causas limitam a correspondência entre
aprendizagem e a performance como, o estado emocional, afetivo e a condição
46
física dos alunos sendo então necessário uma avaliação permanente durante a
lecionação.
Ao longo das aulas, foi realizada uma avaliação contínua, global e coerente
apesar de na UD estar previsto um momento formal de avaliação final. No caso
da minha turma em particular posso afirmar que a avaliação processou-se em
três momentos e assumiu três formas diferentes: (1) Avaliação Diagnóstica
(AD); (2) Avaliação Formativa (AF); (3) Avaliação Sumativa (AS).
A Avaliação Diagnóstica, como o próprio nome indica, não é “formular um
juizo” mas sim, recolher informação para estabelecer prioridades e ajustar a
atividade dos alunos ao sentido do seu desenvolvimento. Permite identificar as
competências dos alunos no início de uma fase de trabalho e colocar o aluno
num grupo ou nível de aprendizagem ajustado às suas capacidades. Esta foi
sempre realizada no início de cada UD para posteriormente dar continuidade a
construção dessa mesma unidade didática já com os conteúdos adequados ao
nível da turma.
Para a avaliação diagnóstica foi criada uma ficha de registo que consistia na
avaliação das capacidades dos alunos perante os conteúdos da matéria a ser
lecionada. O objetivo desta ficha não era avaliar aluno um por um, mas sim
enquadrar a turma num nível de capacidades e destacar os alunos que se
encontravam num nível inferior ou superior ao resto da turma. A ficha era
constituída pelos conteúdos de cada modalidade, e pelos níveis: elementar,
intermédio e avançado.
Após a análise da ficha de registo da AD foi possível chegar a uma
caraterização e contextualização da turma, de forma a definir os níveis em que
a turma se encontra. Todos estes processos de avaliação foram aplicados da
mesma forma tanto para os DC, tanto para os DI.
Segue-se então a avaliação formativa, esta sim a mais importante de todas
para o professor, pois é esta que dá a conhecer o nível do aluno aula após
aula. Esta avaliação é realizada ao longo do período e tem como objetivo
informar o aluno e o seu encarregado de educação, os professores e outros
intervenientes, sobre a qualidade do processo educativo e de aprendizagem,
bem como do estado do cumprimento dos objetivos do currículo.
A avaliação formativa, ao apreciar o modo como decorre o processo de ensinoaprendizagem, permite, ainda, na opinião de Scriven (1967), que o professor
47
adapte as suas tarefas de aprendizagem, introduzindo alterações que
possibilitem uma maior adequação das mesmas. Não se trata, no entanto, de
uma avaliação simplesmente informal e permanente; a sua planificação deve
permitir a existência de momentos organizados de avaliação formativa,
devendo planear-se momentos para averiguar dos resultados obtidos,
recolhendo
informações
com
regularidade
acerca
do
processo
de
aprendizagem.
Ao longo do ano letivo, foram realizados testes escritos sobre a matéria que foi
abordada nesse período de tempo e também foi preenchido uma ficha
informativa que a diretora de turma pedia. Nessa ficha dávamos informação
sobre o aproveitamento, pontualidade, empenho e comportamento do aluno,
que mais tarde iria contribuir para uma avaliação final do aluno.
Esta avaliação foi importante principalmente para a turma que lecionei porque
eles apresentavam o comportamento muito irregular e em dias de avaliação
final, o comportamento deles não era de todo inapropriado como em outras
aulas. Se tivesse em consideração apenas a avaliação final feita a cada
modalidade não estaria a ser justa na avaliação deles.
“Em relação à modalidade os alunos têm sem dúvida uma boa aptidão para o
jogo, tanto a nível técnico como tático e apenas dois alunos se encontram no
nível elementar, o que é positivo para uma turma. No entanto a avaliação dos
alunos não se baseia só na avaliação sumativa, mas deverei ter em atenção o
percurso deles ao longo do período.” (Situação nº 35)
Por último, a Avaliação Sumativa que faz uma síntese das aprendizagens
realizadas pelo aluno. É um balanço final do trabalho desenvolvido pelo aluno e
possibilita a sua comunicação ao exterior. A avaliação sumativa retém a
qualidade do processo de ensino e de aprendizagem, sintetizando num juízo
globalizante o grau de desenvolvimento dos conhecimentos, competências,
capacidades e atitudes do aluno no final de um período de ensino e
aprendizagem.
Por outras palavras, é a avaliação que ocorre no final de um curso, de um
semestre ou de um determinado espaço de tempo. A sua principal caraterística
48
é a de se realizar ao término de um período, com a finalidade de proporcionar
uma nota ou um conceito.
É nesta avaliação que se deve fazer um juízo global e de síntese, permitindo
verificar a evolução e retenção do aluno perante toda a matéria que lhe foi
transmitida. Ela compara resultados globais, permitindo verificar a progressão
face a um conjunto lato de objetivos previamente definidos.
Nesta avaliação foi utilizada a mesma ficha de observação e registo aplicado
na AD, de modo a poder comparar os resultados e verificar se houve evolução
dos alunos para posteriormente fazer a avaliação final por períodos.
Em suma, e baseando-nos no estudo realizado por Ferreira et al. (2009, p.7),
existem aspetos essenciais para a avaliação que são os “aspetos físicos,
fisiológicos e motores a serem observados e avaliados durante as aulas de EF
não dando importância às questões sociais e afetivas”, o que nos dá a ideia
que a performance continua a ser o fator determinante da avaliação.
É também muito importante a avaliação durante todas as aulas dadas,
acompanhando sempre o aluno desde o início até ao fim da UD. Senti algumas
dificuldades ao que concerne na atribuição de valores aos alunos, tentar ser
justa com todos não era tarefa fácil, pois os alunos são todos diferentes e
colocá-los nos mesmos valores era bastante complicado. Neste momento de
avaliação, não podemos avaliar apenas as suas habilidades/performances
desportivas, mas também noutras dimensões (cognitvas e sócio-afetivas).
Durante a avaliação tive em atenção os fatores que o autor Ferreira et al.
(2009) referiu, mas acho que não devemos avaliar somente isso, o empenho
de um aluno com capacidades mais fracas deve ser também valorizado assim
como a participação e assiduidade dos alunos. Sempre que tinha dúvidas em
relação a uma nota em que achava que ia ser injusta com outro aluno, dava
mais importância a estes fatores para uma melhor comparação entre eles.
4.1.2.5 A importância da Observação
Nas normas orientadoras de estágio é nos imposto a observação das aulas dos
nossos colegas de estágio e do professor cooperante. Inicialmente a ideia de
49
passar mais tempo na escola a observar o que os nossos colegas fazem não é
aceite de bom agrado por todos estudantes-estagiários. No entanto, agora no
final admitimos que é uma mais-valia para nós, um fator importantíssimo no
nosso desenvolvimento e na nossa atuação como professores.
Hoje posso dizer que aprendi muito com a minha atuação durante a aula, com
os erros que cometi e com os feedbacks que recebi, mas a minha presença em
todas as aulas dos meus colegas, e a presença deles também, contribuiu
bastante para uma melhor performance minha.
Observar é algo mais que olhar, é captar significados diferentes através da
visualização (Sarmento, 2004). Portanto, quem se encontra fora do contexto da
aula a observar, tira diversas conclusões sobre o que está a ser realizado. E o
que eu observo, o meu colega do lado pode observar ou dar um significado ao
que observa diferente do meu.
Na Educação Física, assim como em contextos de treino desportivo, a
observação assume-se como uma capacidade essencial para o uso, sendo
fulcral na análise e avaliação das prestações dos alunos ou atletas, e como tal,
na própria atividade do docente (Aranha, 2007). Ao assistir as aulas, conseguia
perceber os exercícios que melhor se adequavam aos alunos, os que mais os
motivavam e o que podia alterar para que esse exercício tivesse mais sucesso.
São pormenores que conseguimos detetar enquanto observadores e enquanto
docentes em ativo não nos é tão percetível.
O acompanhamento do professor cooperante nas aulas foi também deveras
importante pois apesar de ajudar o professor que estava a lecionar a aula,
ajudava-nos a detetar os erros mais cruciais e que por vezes não estava a vista
de todos. A nossa capacidade inicial de observação não era a mais perfeita,
dificilmente encontrávamos os erros que eram cometidos, mas com o avançar
do ano fomos aperfeiçoando essa capacidade.
Ao longo deste tópico vou falando no plural porque o núcleo estava presente
em todas as aulas, nunca estando apenas um a observar, e as dificuldades
sentidas eram comentadas entre nós, o que tornou uma dificuldade sentida em
conjunto. Este aspeto de estarmos sempre juntos e presentes fez de nós uns
melhores estagiários, pois durante as observações surgiam as reflexões das
aulas, em que comentávamos o que devia ser alterado e cada um dava a sua
50
opinião. Como já foi referido anteriormente, cada um tinha uma perspetiva
diferente daquilo que estava a ser observado.
4.2 Área 2 e 3- Participação na escola e a relação com a comunidade
Estas duas áreas englobam todas as atividades não letivas realizadas neste
ano de estágio, que tem como objetivo integrar o estagiário na comunidade
escolar e simultaneamente dar a conhecer a região e o local que a escola se
insere tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da
relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio.
A minha integração na comunidade envolvente foi facilitada uma vez que
pertenço à cidade de Guimarães, no entanto a escola secundária que
frequentei não foi a Francisco de Holanda e não tinha qualquer conhecimento
da sua essência nem do seu corpo de trabalho. Apesar de não ter pertencido à
escola a integração na mesma foi muito bem sucedida pois o PC teve um papel
ativo neste aspeto. Logo no primeiro dia realizou uma visita guiada à escola e
apresentou-nos alguns professores e funcionários que trabalhavam na mesma.
Estes receberam-nos de braços abertos e mostraram-se logo disponíveis para
nos ajudar no que fosse necessário. Aqui devo referenciar em especial a
funcionária da biblioteca, não tirando importância aos restantes funcionários
que também sempre se mostraram disponíveis, mas esta senhora logo no
primeiro dia mostrou-se altamente disponível e muito simpática, o que nos fez
sentir que pertencíamos aquela escola.
Quanto à escola em si, sabia que esta tinha sido remodelada recentemente e
não tinha qualquer ideia como estava a sua arquitetura agora. É sem dúvida
uma escola bonita e com boas condições, um ótimo pavilhão, embora se tenha
mostrado muito frio ao longo do ano, tinha uma boa arrecadação e com
bastante material, tudo que um estagiário queria para o seu primeiro ano de
professor. Aquando a chegada da apresentação do espaço exterior destinado
para a educação física, fiquei um pouco desiludida porque esperava encontrar
um grande campo de futebol com uma pista de atletismo a rodeá-lo, mas não,
apenas tinha umas pistas de atletismo com uma caixa de areia e um campo de
51
basquetebol. Logo pensei como iria planear as aulas de atletismo para aquele
local, mas nada que não fosse resolvido com a ajuda do PC.
Silva (2009) ciente de que a atividade do professor não se pode limitar à
relação que se estabelece com os alunos na sala de aula, mas que deve ser
ampliada a toda a comunidade escolar. Tentei então, inteirar-me de todo o
papel do professor na escola, assumindo todas as responsabilidades da turma,
mas também da comunidade envolvente.
A integração dos estagiários perante os outros professores iniciou-se na
reunião geral dos professores no início do ano letivo, depois partiu-se para a
reunião de departamento e mais tarde para o conselho de turma. Surgiram
então as várias atividades realizadas durante o ano de estágio, onde relatarei a
seguir uma por uma.
Dia da Alimentação
O Dia Mundial da Alimentação, celebrado, na atualidade, em mais de 150
países, foi comemorado pela primeira vez em 1981. Este dia foi, inicialmente,
pensado como forma de alertar a sociedade para a importância da
alimentação, com a finalidade de combater a fome no mundo. Neste sentido,
foram abordados temas como “O Milénio sem fome” e “Combater a Fome para
Reduzir a Pobreza”.
No entanto, hoje em dia assistimos, não só à escassez de alimento, mas
também à sua ingestão em demasia ou alimentação desequilibrada,
reproduzindo-se em doenças como a obesidade, sendo esta considerada como
a “epidemia do século XXI”.
O dia da alimentação foi a primeira atividade a ser realizada para a
comunidade escolar. Como já tinha referido, o grupo de estagiários tinha
bastantes ideias para o plano de atividades anuais, e esta tal como as outras
foi pensada no início do ano. A única diferença é que já não nos restava muito
tempo para a sua preparação, no entanto com muita dedicação e trabalho
conseguimos planear esta atividade para que tudo corresse na perfeição.
Sabemos que a população mais jovem tende cada vez mais para a obesidade,
e a educação física como sabemos tem como objetivo o bem-estar e saúde do
52
aluno. Pensamos então neste dia, chamar atenção dos alunos para a
alimentação que fazem no dia-a-dia. Também sabemos que não é uma simples
palestra que vai alterar o pensamento deles, para combater ou tentar combater
esse fator, achamos pertinente associar atletas de alto rendimento à
alimentação que estes realizam.
Esta atividade baseou-se então numa palestra com uma nutricionista, em que
esta falaria da alimentação mais adequada e de seguida a palestra de um
jogador de futebol conceituado e de um jogador de andebol, jogador de seleção
e aluno da escola.
Foi uma atividade com uma duração curta, de apenas 90 minutos
aproximadamente, no entanto teve o impacto nos alunos como desejávamos.
Xic’Olimpiadas
Esta atividade, tradicionalmente é chamada por corta-mato escolar, no entanto,
alguns alunos não participam porque não gostam de correr um percurso tão
longo. Foi então que o departamento de educação física e a escola pensou em
criar um “evento culminante” e em vez de haver apenas o corta-mato, haveria
então uma serie de atividades relacionadas com o atletismo, como a prova dos
100 metros, lançamento de peso e o salto em comprimento. Com esta ideia a
escola consegue assim levar a participar um maior número de alunos para a
atividade.
Todo o departamento de educação física teve uma participação ativa, uma vez
que foram eles que organizaram a atividade, e também os quatro núcleos de
estágio do departamento. Cada núcleo ficou responsável por uma prova, sendo
que o nosso, núcleo da FADEUP ficou responsável pelo salto em comprimento.
No dia desta atividade, as condições climatéricas não foram as melhores e o
salto em comprimento teve de ser cancelado devido à chuva. Os alunos que
estavam inscritos nesta prova tiveram a oportunidade de escolher entre fazer a
prova de velocidade (100 m) ou então não fazer qualquer prova. Como
estávamos designados para o salto em comprimento, fomos então repartidos
pelas restantes provas.
53
“O nosso Núcleo de Estágio havia sido designado para a organização e
controlo da prova de salto em comprimento, no entanto, devido às condições
climatéricas adversas, e por falta de condições de segurança, esta prova foi
cancelada, sendo que os alunos inscritos na mesma foram encaminhados para
a prova de velocidade (100 m).
Deste modo, e vendo cancelada a prova pela qual estávamos responsáveis, o
nosso núcleo de estágio dilui-se e colaborou com as restantes atividades da
XicOlimpíadas.” (reflexão da atividade)
Esta atividade foi sem dúvida uma mais valia para nós, tivemos a oportunidade
de relacionar com alunos que não conhecíamos, de conhecer melhor o que
está por de trás de um evento como este e dos cuidados que devemos ter.
Percebemos também o papel do professor de educação física fora da aula.
“Posto isto, podemos concluir que, apesar de condicionada pelas más
condições climatéricas, esta atividade se revelou uma experiência positiva,
fazendo-nos perceber as dificuldades que estão associadas a um evento com
uma envolvência e uma participação de um número de alunos tão elevada.
Assim, para ser professor é necessário estar dotado de uma enorme
capacidade de adaptação face os constrangimentos do momento, criando
novas estratégias que nos conduzam ao sucesso nos nossos objetivos,
previamente traçados.” (reflexão da atividade)
Corta-Mato Distrital
O corta-mato distrital foi uma atividade que não exigiu grande participação da
parte dos estagiários. A única coisa que foi necessário fazer foi acompanhar os
alunos da nossa escola que ficaram apurados para esta prova. Quando
chegamos ao recinto em que esta se ia realizar deparamo-nos com uma
multidão de alunos, uns mais novos e outros mais velhos. Foi uma diferença
enorme em relação ao evento que a escola tinha organizado, estava uma
confusão instalada no recinto. Uns alunos a participar, outros esperavam
54
ansiosamente pela sua vez. Reparámos ainda que as crianças que já tinham
realizado as provas, continuavam a correr do lado de fora da pista, sempre ao
lado dos companheiros mais velhos da escola a que pertenciam. Foi
interessante ver este acontecimento, verificou-se o companheirismo e a
aproximação dos alunos de cada escola.
Apesar de não termos uma participação muito ativa nesta atividade, esta não
deixou de ser interessante e enriquecedora para nós. Eu, especialmente,
nunca tive a oportunidade, ou melhor, nunca quis ter a oportunidade de ver um
evento como este e fiquei assim a ter um conhecimento sobre o mesmo. Nunca
se sabe um dia de amanha, poderei talvez ter de acompanhar os meus alunos
a um evento destes, e pelo menos já tenho uma pequena ideia de como este
se proporciona.
Roteiro Desportivo
O Roteiro Desportivo consistiu na realização de várias performances
desportivas em diversos pontos da cidade onde a plateia era móvel. Esta
atividade foi mais uma vez organizada pelo departamento de EF que contou
com a ajuda de alguns alunos para a realização das performances nos vários
locais. O núcleo da FADEUP e do ISMAI teve também uma participação ativa
na realização da apresentação de um esquema de ginástica. Foi-nos
encarregue todo o trabalho de o organizar e preparar para o dia da estreia.
“De seguida, os alunos dirigiram-se para o pavilhão do Desportivo Francisco de
Holanda onde houve uma demonstração de Ginástica Acrobática realizada por
alunos da escola e professores estagiários de Educação Física. Esta atividade
foi organizada pelo núcleo da FADEUP e do ISMAI e para que tal fosse
possível
foram
realizados
vários
treinos
ao
longo
de
3
semanas.
Posteriormente, ainda no mesmo recinto, realizou-se um pequeno jogo de
andebol, entre alguns jogadores do Xico Andebol e jogadores que pertenciam à
nossa escola, e uma coreografia de dança.” (reflexão da atividade)
Para este roteiro tivemos ainda outra prestação, esta de “Tog Chöd” e contou
com a participação dos restantes núcleos de estágio e dos professores do
55
departamento. Para esta exibição tivemos duas semanas de ensaio com uma
professora da área.
Foi uma experiência diferente, nunca antes tinha feito “Tog Chöd” nem sequer
tinha conhecimento da modalidade. Mais tarde soubemos que em anos
transatos os professores de EF tiveram uma formação sobre a mesma. Este
ano a professora voltou a dar novamente a formação para o roteiro.
Este dia foi marcante para toda a comunidade escolar como também a
comunidade envolvente à escola, as performances realizadas na cidade foram
apreciadas pelos alunos e pelos habitantes da cidade. Para nós estagiários foi
gratificante realizar estas provas e participar no evento todo. Fez com que os
núcleos de estágio se aproximassem mais e que criassem um ótimo clima de
trabalho para este dia e para os dias seguintes. Foi ainda bastante interessante
aprender uma modalidade nova, que era desconhecida para os alunos e para
nós estagiários, que provamos assim que estamos em constante aprendizagem
e adquirir sempre novos conhecimentos.
Em suma, o Roteiro Desportivo permitiu que os alunos passassem por vários
sítios emblemáticos e ícones de cultura para a cidade, e assistissem a diversas
performances desportivas. Atividade esta que fez jus ao nome “Desporto é
Cultura” uma vez que a nossa cidade tem vindo a ser palco da celebração tanto
da cultura como do desporto, sendo que Guimarães em 2012 foi a Capital
Europeia da Cultura e é em 2013 Cidade Europeia do Desporto.
Ação de Formação de Judo
O Judo é um desporto de combate corpo a corpo e oposição direta entre
praticantes. Este vive da utilização de uma grande variedade de técnicas e de
situações de uma grande riqueza desportiva e formativa, sendo o seu objetivo
vencer o oponente através da aplicação de técnicas de projeção e de técnicas
no solo.
No sentido de auxiliar os professores de Educação Física da Escola
Secundária Francisco de Holanda na preparação e lecionação das aulas de
Judo, o Núcleo de Estágio da FADEUP preparou e ministrou uma ação de
formação interna intitulada “O Judo em Contexto Escolar”.
56
A iniciativa desta formação partiu do PC que ao longo das nossas aulas
observou a nossa excelente capacidade de lecionação desta modalidade e
propôs expormos aos restantes professores do departamento. Também teve o
cuidado de informar os professores para quem se direcionava a informação e
mostrou toda a disponibilidade para o que fosse necessário.
Esta formação realizou-se no início do terceiro período, o que ao longo das
férias deu muito trabalho pois foi necessário uma preparação prévia para a
formação, foi ainda necessário fazer umas filmagens para depois ceder uns
DVD’s didáticos com toda a informação.
Apesar de ser uma mais-valia para todos os professores do departamento e os
estagiários, apenas seis professores de quadro e quatro estagiários estiveram
presentes nas duas sessões realizadas.
No entanto, esta atividade foi reconhecida com todo o mérito e demostrou que
não são apenas os estagiários a receber aprendizagens novas, podemos ser
nós estagiário a ceder novos conhecimentos aos professores efetivos.
“No final da ação de formação disponibilizámos a todos os participantes um
certificado de participação, bem como um DVD com toda a informação
disponível em suporte teórico e formato vídeo. Ambos os documentos foram
editados pelo Núcleo de Estágio, no sentido de garantir que esta aprendizagem
e transmissão de conhecimentos prevaleçam e perdurem ao longo do tempo.
Esta ação de formação contou com a presença e participação de 12
professores (professores do quadro de escola e professores estagiários),
contando, igualmente, com a presença no Professores Cooperante, Francisco
Magalhães, e, no decorrer da segunda sessão, do Professor Orientador,
Virgílio Silva.
Acreditamos que a falta de adesão nesta nossa iniciativa se prende com o facto
de esta decorrer simultaneamente com uma outra formação sobre a mesma
temática, todavia, acreditada, para a comunidade escolar.
No entanto, apesar da pouca adesão que a nossa ação de formação
conseguiu, consideramos que esta se revelou uma experiência muito
enriquecedora para nós, enquanto professores estagiários. Neste sentido,
sentimos que fazemos parte desta comunidade e que a troca de
conhecimentos, neste ambiente, não é, nem poderá ser nunca, unidirecional. A
57
troca de informação e conhecimentos deve ser sempre bidirecional para que
haja evolução.” (reflexão da formação)
Desporto Escolar
O desporto escolar tem como missão contribuir para o combate ao insucesso e
abandono escolar e promover a inclusão, a aquisição de hábitos de vida
saudável e a formação integral dos jovens em idade escolar, através da prática
de atividades físicas e desportivas. Nele os alunos podem participar
voluntariamente e fazer parte de uma equipa. Alguns alunos não têm a
possibilidade de pertencer a uma equipa desportiva e através do desporto
escolar podem entrar em competição e viver um pouco a essência da
competição desportiva.
Os professores que dirigem as equipas no desporto escolar nem sempre são
professores de educação física, no entanto, é bom que um professor de
educação física tenha conhecimento desse processo. Talvez por isso, nós
estagiários devemos ser integrados numa equipa de desporto escolar
pertencente à escola.
Mais uma vez a escola que realizei o meu estágio tinha um vasto leque de
modalidades ativas no desporto escolar. A equipa de Voleibol Feminino era
dirigida pelo nosso PC o que nos facilitou um pouco pois seguimos a equipa de
perto e tínhamos sempre a informação necessária pois o professor falava
connosco sobre esse tema. Para além dos treinos assistidos e dos jogos de
voleibol, tivemos ainda a oportunidade de participar na organização do
desporto escolar de badminton, quando se realizou na nossa escola num
sábado de manha. Os estudantes estagiários tinham como principal função,
coadjuvar os professores titulares e responsáveis pelo torneio, no registo de
todos os resultados, direcionar os alunos para os seus campos e registo
fotográfico da jornada.
Ainda dentro do desporto escolar, tivemos uma participação ativa no compal
air. O Compal Air é um ambicioso projeto vocacionado para as escolas básicas,
secundárias, colégios e escolas do ensino especial, integradas no Special
Olympics, com o objetivo de levar o basquetebol a mais crianças e jovens,
58
entre os 10 e os 18 anos. É uma iniciativa que expressa uma parceria com o
Desporto Escolar e o apoio da Compal, e que dinamiza o basquetebol a nível
local e regional, recebendo das autarquias uma elevada contribuição e
reconhecimento.
Neste evento desportivo, a pedido do grupo disciplinar de Educação Física da
ESFH, estiveram todos os núcleos de estágio representados. A nossa
intervenção/participação foi importante do ponto de vista de percebermos toda
a dinâmica da atividade uma vez que este tipo de eventos reúne bastantes
alunos.
Ao contrário dos outros desportos escolares, este envolveu um maior número
de alunos como também um maior número de escolas no mesmo local. O
ambiente tornou-se assim mais festivo e mais alegre.
Para ajudar toda esta logística tivemos várias pessoas do evento do compal air
a ajudar, tanto na arbitragem como também na receção das equipas. Para
tornar o evento ainda mais entusiasmante, jogadores da equipa profissional do
VSC estiveram presentes para dar apoio a todos os alunos e também para
proporcionar um jogo entre profissionais.
É fundamental existir um ambiente festivo e de confraternização entre os vários
alunos, pois através de um evento desta natureza é possível fortalecer valores
imprescindíveis na vida futura dos nossos alunos. Para além desta importância
também foi ótimo para nós, pois percebemos toda a forma organizativa
necessária para realizar atividades/eventos deste cariz.
Direção de Turma
Ao ler o regulamento do estágio profissional percebemos que é atribuído ao
estudante estagiário a função de assessorar os trabalhos da direção de turma.
A apresentação à Diretora de Turma sucedeu-se na reunião de conselho de
turma, onde o PC pediu para esta dar a conhecer o papel que ela exerce. Logo
demonstrou-se disponível para o que necessitasse.
No dia do lançamento das notas acompanhei a Diretora de Turma e o PC à
sala dos DT e tive a oportunidade de ver toda a parte burocrática do
lançamento das notas e percebi ainda que antes de estas serem lançadas
59
passam por um grupo designado para confirmar todas as notas e para
verificarem se existe algum erro.
Pois bem, o papel do DT não passa só por lançar notas, mas sim de todas as
questões que envolve o aluno. Este tem de acompanhar individualmente cada
aluno, mas tem de trabalhar com todos os alunos inseridos no grupo-turma. O
DT tem de contactar e colaborar com cada encarregado de educação no
acompanhamento do seu educando, por exemplo em atendimentos individuais,
mas tem de trabalhar com o coletivo dos encarregados de educação, por
exemplo em reuniões gerais. Tem ainda de ir contactando e articulando
estratégias individualmente com cada um dos professores da turma, mas tem
de o fazer igualmente com o coletivo de professores.
Durante o 3º Período o Prof. Francisco Magalhães reuniu todos os estagiários
do seu núcleo para esclarecer qualquer dúvida que tivéssemos em relação ao
papel aqui designado. Informou-nos ainda que o DT para além de ser professor
na escola é um segundo pai para os alunos, pois cabe a ele resolver todos os
problemas, verificar se estes necessitam de ajuda e acompanhar todo o
percurso deles ao longo do ano, nos vários níveis, pessoal, afetivo e
económico, pois por vezes o comportamento deles é um reflexo de um
problema num, ou nos níveis anteriormente apresentados.
Ginástica Sénior
O primeiro trabalho realizado com a comunidade, teve início no 2º período do
ano letivo, e teve como objetivo proporcionar uma aula de ginástica a um grupo
de idosos de um Lar da cidade, Lar de S. Francisco.
Primeiramente, deslocamo-nos ao local para conhecer as pessoas e para ver o
tipo de trabalho realizado com eles. É uma população bastante especial e
limitada, em que o trabalho a ser realizado, passa muito por melhorar a
capacidade coordenativa, a atenção deles e a memória. Estes aspetos são
essenciais para o seu dia-a-dia e com a idade tornam-se cada vez mais
escassos.
Na primeira visita que fizemos, reparamos que a aula de ginástica deles era
muito monótona e até mesmo triste. Concluímos então que a nossa
intervenção, deveria passar por tentar dinamizar a nossa aula, por forma a
60
cativar mais gente para a atividade e retirar, ainda que por breves momentos,
aqueles utentes de uma rotina já adquirida.
O núcleo foi então dividido em dois e proporcionamos assim aquele grupo de
idosos, duas aulas diferentes do habitual. Fizemo-nos acompanhar de música
tradicional e popular para que fosse reconhecida por eles e assim animar a
aula.
“Por forma atribuir uma maior dinâmica à nossa aula, garantindo, igualmente,
uma maior comunicação entre todos, organizamos a turma em círculo, em
detrimento da tradicional disposição em xadrez. Com o mesmo objetivo,
colocámos, no decorrer da sessão, música tradicional portuguesa, apelando à
boa disposição dos utentes.
Durante aproximadamente 30 minutos, realizámos exercícios de mobilização
articular, propriocetividade, força e flexibilidade, atribuindo a cada uma das
tarefas alguma aplicabilidade prática para a realização das atividades do dia-adia. Consideramos que estas tarefas poderão trazer benefícios a esta
população, contribuindo para uma maior autonomia e, concomitantemente,
para uma melhoria da qualidade de vida.
No final da sessão realizámos um pequeno jogo lúdico de apelo à memória
visual, onde um dos utentes era desafiado a fechar os olhos enquanto os
outros trocavam de posições na sala. Após abrir os olhos, o utente deveria
referir quem havia trocado de lugar. Esta tarefa revelou-se muito interessante e
foi muito bem aceite por todos os intervenientes.” (reflexão da atividade)
Esta atividade foi especial para mim e para os meus colegas. Todos adoramos
realiza-la e é bastante satisfatório ver nas caras daquelas pessoas a alegria de
conviver com pessoas novas e de fazerem coisas novas. No entanto, uma
tristeza me possuía por perceber que com a idade ficamos limitados e que um
dia mais tarde, serei eu naquela posição.
Hipoterapia
61
“Com base nas atividades realizadas no âmbito da área 2 e 3 (Participação na
escola e relações com a comunidade) surgiu a ideia de trabalharmos com
populações especiais uma vez que já tínhamos desenvolvido outra atividade
com a população idosa. Assim começamos, a pensar em atividades que
podíamos desenvolver com esta população e que fossem realmente vantajosas
para estes, pois essencialmente era esse o nosso objetivo. Então surgiu a ideia
da Hipoterapia, pois é um recurso terapêutico rico em estímulos motores,
sensoriais, emocionais e cognitivos. A utilização do cavalo como instrumento
terapêutico foi o que nos levou a escolher este meio de reabilitação para esta
população.
Várias investigações internacionais confirmam que a hipoterapia consiste num
método
educacional que favorece a alfabetização,
socialização
e o
desenvolvimento global de crianças e adultos portadores de necessidades
educativas especiais. Os benefícios da hipoterapia são diversos e abrangentes,
quer a nível cognitivo, físico ou psicológico. A nível cognitivo contribui para a
estimulação da atenção seletiva e concentração, a nível físico permite, para
além da tonificação músculo-esquelética, trabalhar equilíbrio, postura e
respiração. A nível psicológico evidenciamos o aumento da autoestima, da
confiança, da tolerância à frustração e diminuição da agressividade. As
sessões de hipoterapia pretendem proporcionar às pessoas com necessidades
especiais
físicas,
desenvolvimento
mentais,
visuais,
biopsicossocial,
auditivas
estimulando
as
ou
múltiplas
suas
o
seu
potencialidades,
respeitando os seus limites e visando a integração e inserção social de
crianças e alunos.
Após o reconhecimento dos benefícios deste método terapêutico, decidimos
então contactar as instituições que nos ajudariam a realizar esta ideia. O
primeiro a ser contactado foi o centro Hípico de Joane. Depois de uma
explicação prévia do que estávamos a pensar fazer, o Professor Sérgio
mostrou imediata disponibilidade para colaborar connosco. Com esta
confirmação seguimos então para a instituição de apoio a indivíduos com
necessidades educativas especiais (Cercigui – Guimarães), na qual fomos
recebidos pela responsável. Satisfatoriamente esta aceitou desde logo
colaborar com o núcleo de estágio. Desde então, solicitamos que nos indicasse
apenas dois alunos e que estes fossem recetivos ao que lhes íamos
62
proporcionar e que demonstrassem características que a Hipoterapia pudesse
melhorar.
A instituição indicou então dois alunos, um portador de Síndrome de Down e
invisual e o outro com deficiência intelectual. Os portadores de deficiências
como estas, necessitam de estímulos ambientais mais fortes, para ativar e
atualizar os seus potenciais em desenvolvimento ". Picq (1969: in Isoni, 2002,
p.86) desta forma " a Hipoterapia é um método de intervenção terapêutica
global e analítico, extremamente rico, que engloba o indivíduo no seu complexo
psicossomático, quer seja praticado com deficientes físicos ou mentais "
(Lubersac e Lallery, 1973,p.3), pois "(…) exige a participação do corpo inteiro
contribuindo
para
o
desenvolvimento
muscular,
o
relaxamento,
a
consciencialização do próprio corpo e o aperfeiçoamento da coordenação e do
equilíbrio " ( Miranda, 2000, p.86 ).
Segundo Santiago e Santos, (1997) na Hipoterapia o movimento cadenciado
do cavalo educa a mente e predispõe o portador de necessidades especiais a
novas atitudes, maior atenção, melhor equilíbrio e coordenação.
Tratada a parte mais “teórica” da atividade, demos início a parte prática mais
concretamente. A atividade decorreu durante quatro semanas, na qual todas as
sextas-feiras deslocávamos para o local para acompanhar e proporcionar as
respetivas sessões a cada um deles. Apesar de termos conhecimento que são
poucas aulas para se verificar benefícios na sua prática, o nosso objetivo
passava por proporcionar a esses alunos algo diferente do que estão
habituados no dia-a-dia e também levar a instituição a dar continuidade à
atividade.
As aulas começaram assim no dia 5 de Abril. Neste primeiro dia, para uma
maior familiarização com os dois indivíduos, dirigimo-nos à instituição para os
acompanhar até ao centro Hípico. No entanto, devido a uma falha de
comunicação entre os responsáveis da Cercigui, tivemos de utilizar os nossos
carros para ir para o centro de Joane enquanto os alunos foram noutro carro
particular.
Relativamente à parte prática, as aulas tinham uma duração de 30 minutos
para cada um dos alunos e decorreu sempre no período da manhã, iniciando
às 11h e terminava às 12h. Cada aluno era acompanhado pelo instrutor e por
um estagiário que também tinha um papel ativo na atividade. O Nélson em
63
todas as aulas era o primeiro a iniciar a terapia uma vez que era invisual. O
facto de ele não conseguir observar o que a sua colega fazia durante as aulas,
“obrigou” a Marta ser sempre a segunda, pois assim ele tinha conhecimento do
que ela fazia enquanto esperava.
No primeiro dia, sentimos pela parte da Marta uma sensação de incapacidade,
de receio do cavalo, medo de cair e para que ela fosse capaz de lidar
gradualmente com este desafio, foi necessário encorajá-la pacientemente,
transmitindo-lhe confiança, descontração e apoio. O Nélson já habituado, uma
vez que já tinha feito Hipoterapia anteriormente, mostrou-se muito mais
recetivo à sessão.
O trabalho realizado com estes dois alunos foi diferente, devido às deficiências
que estes apresentavam. Com o Nelson o trabalho teve de ser mais
direcionado para a coordenação e lateralidade, e utilizamos os estímulos
auditivos, como a voz e a música. Com a Marta já foi possível utilizar material,
e estímulos visuais, por exemplo letras, etc.
Apesar das 4 aulas não serem o suficiente para verificarmos benefícios e para
evoluir muito nos exercícios, fomos informados que, com habilidade e
imaginação o instrutor e outros terapeutas podem criar diferentes maneiras de
realizar a aprendizagem e fazer com que esta se torne divertida. Por exemplo,
pode pedir-se ao cavaleiro que se lembre de diferentes partes da sela e da
raça do cavalo, ou de partes do próprio cavalo; podem usar-se cartões com
letras grandes para direcionar sinais, pode-se ainda utilizar diversos jogos para
incentivar ao desenvolvimento da linguagem e das competências verbais (jogos
como o dos saquinhos de areia de diferentes cores que são dados ao
assistente ou atirados para o balde da respetiva cor, verbalizando a cor). Lado
direito e lado esquerdo são comandos usados constantemente, o que também
ajuda a estabelecer a lateralidade.
Na quarta e última aula, os dois alunos puderam aproveitar o bom tempo e
deram um passeio ar livre, o que é um pouco diferente do que estavam
habituados. Os sons eram diferentes, a luminosidade era diferente e o próprio
cheiro
também
era
diferente.
Estes
pormenores
tornam-se
bastante
significativos para estas atividades.
Ao longo das aulas íamos tendo o feedback dos dois alunos, o sorriso com que
estes saíam no fim de cada aula, recompensava todo o trabalho que tivéramos
64
com a atividade. De referenciar, também, que em todas as aulas a Marta
levava uma cenoura para no fim dar ao cavalo. Este pequeno gesto mostrava a
felicidade que eles sentiam em ir para as sessões.” (reflexão da atividade)
Esta segunda atividade foi sem dúvida a mais enriquecedora para mim, é
simplesmente especial trabalhar com estas populações. Estes requerem muita
atenção de nossa parte, e uma atenção redobrada pois qualquer coisa feita
sem pensar pode ser entendida de uma forma errada. Como está referido na
reflexão, o trabalho realizado com estes dois alunos foi diferente devido às
diferentes deficiências. Na escola, podemos um dia ter que enfrentar uma
turma com alunos com necessidades educativas especiais, penso que esta
atividade ajudou em muito a desenvolver a minha compreensão com estes
indivíduos e preparou-me um pouco para essa necessidade se um dia
acontecer.
4.3 - Área 4- Desenvolvimento profissional
A área do desenvolvimento profissional abrange todas as atividades e
vivências importantes na construção da competência profissional durante este
ano de estágio, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida
profissional, promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a
colaboração e a abertura à inovação.
O primeiro passo dado na construção da minha competência profissional, foi a
realização do Projeto de Formação Individual. O PFI é um projeto de
trabalho, concreto e de carácter individual, que tem como ponto de partida a
perceção que cada EE tem do seu estado atual (conhecimentos, capacidades,
atuações, dificuldades) confrontada com os desafios e objetivos que lhe são
colocados no EP. É um passo importante para o estagiário, este deve refletir
sobre o seu trajeto até este ponto e aprofundar as suas expetativas para este
ano tão decisivo para o seu futuro.
65
Na realização deste documento foi necessário calendarizar as atividades
pensadas para o ano de estágio, bem como os objetivos a cumprir para o
mesmo. O último objetivo proposto no PFI foi a realização do relatório de
estágio, onde este refere todo um ano de trabalho.
Formação de Danças Sociais
As danças Sociais é uma modalidade que faz parte do currículo do 12º ano, tal
como do 11º ano. Tal como os meus colegas de estágio dos vários núcleos,
esta modalidade não era a minha predileta para lecionar de vido a escassez de
conhecimento sobre a mesma. Foi então que uma professora de Quadro,
Manuela Brochado, se disponibilizou para nos dar uma Formação sobre
danças sociais e assim ficarmos melhores preparados para a sua lecionação.
Esta formação ocorreu no início do primeiro período, e abordamos alguns
passos simples de merengue e chácháchá. Esta formação foi filmada para que
um dia pudéssemos visualizar em caso de algumas dúvidas.
Esta formação foi uma mais-valia para mim, pois foi partir dela que consegui
lecionar as danças sociais na minha turma. Todos os passos que transmiti aos
meus alunos foram apreendidos nessa mesma formação.
Formação de “TOG CHOD”
A formação de “Tog Chod” não foi uma formação direcionada para a nossa
lecionação, mas sim uma formação direcionada para o nosso enriquecimento
profissional. O saber não ocupa lugar, e como é referido anteriormente, um
professor de tem de estar aberto a conhecimentos novos para podermos assim
inovar.
Não tinha qualquer conhecimento sobre esta modalidade, nem sabia em que
se baseava. Pois bem, “Tog Chod” “é por vezes designado como dança
Yaman. Alguns também lhe chamam de exercício externo de Lu Jong. Com
estes movimentos, bem como o simbolismo da espada, esta prática serve para
66
reduzir o medo e a expectativa. Este método é o melhor e o mais fácil para
meditar sem precisarmos de controlar os nossos pensamentos. A combinação
das posições do corpo, movimentos e visualizações constituem uma técnica
especial para reduzir o medo e a expectativa. Esta é uma técnica muito
poderosa.”
No início da formação senti-me um pouco resistente a esta modalidade, não lhe
achava muita piada, mas com os treinos fui percebendo a sua essência e fui
alterando a minha opinião pela mesma. Acho que toda a gente devia
experimentar, pois para além rejuvenescermos mentalmente, trabalhamos
também todos os movimentos do corpo humano.
Este ano de estágio proporcionou outras formações também elas importantes.
Tanto na faculdade como na escola onde estagiei tive a possibilidade de
frequentar e assistir a formações deveras importantes para o meu
desenvolvimento.
Na faculdade, todas as segundas eram nos proporcionados seminários com
algum relevo para o nosso conhecimento. Formações como a dos materiais
autoconstruídos e noções básicas de socorrismo, apesar de serem
completamente distintas, são de grande importância para nós estudantesestagiários. Nem sempre a escola é possuidora de materiais que são
necessário para a prática de educação física e temos de improvisar para
conseguir lecionar as modalidades que pretendemos. Quanto a primeirossocorros, escusado será dizer que toda a gente devia estar provida de tal
conhecimento, pois podemos um dia estar perante um acidente e temos de ser
capazes de agir corretamente.
Na escola, tivemos de igual modo atividades e palestras interessantes para o
nosso currículo. O Dia da Alimentação foi uma atividade organizada pelo nosso
grupo, mas serviu de aprendizagem para nós e para todos os presentes, tal
como a palestra de “Bulling”. São temas da atualidade que apresentam hoje em
dia muitos problemas psicológicos para os adolescentes. Cabe ao papel do
professor, identificar estes casos e ter o cuidado a ter com estes indivíduos
problemáticos.
67
Por último, a realização do projeto de estudo e do relatório de estágio foram
também documentos decisivos para a minha formação. O ato de reflexão é
simplesmente um dos motores maiores que possuímos para o nosso
desenvolvimento. Sermos capazes de refletir sobre um ano de grande trabalho
e de grande empenho, conseguir perceber quais os maiores erros cometidos e
como os remediar faz de nós melhores professores, pois acima de tudo
soubemos admitir que ninguém é perfeito e que pouco sabemos por muito que
pensemos que já aprendemos tudo.
O desenvolvimento profissional do professor é estimulado por sucessivos
processos de
autorregulação
metacognitiva
baseada
na
reflexão,
na
compreensão e no controlo do que o próprio professor pensa, sente e faz, e
das mudanças que realiza. A reflexão na e sobre a ação, bem como a tomada
de consciência das causas, das dificuldades da prática docente e dos
obstáculos para a evolução didática estimulam a autorregulação e o controlo da
mudança efetuada. Para desenvolver estratégias metacognitivas, o professor
deve tomar consciência dos aspetos do processo de ensino e aprendizagem
que podem ser melhorados e deve elaborar novas propostas de ensino, novos
materiais e novas atividades. Depois deve aplicá-los e refletir sobre a eficácia
da sua aplicação e sobre os resultados obtidos pelos seus alunos e, inclusive,
compará-los com outros casos (Marx et al., 1998).
68
4.4- Modelos de ensino utilizados na abordagem dos jogos desportivos
coletivos - A relação entre o modelo de ensino aplicado e o tempo de
instrução.
4.4.1 Resumo
O presente estudo foi realizado na Escola Secundária Francisco de Holanda e
teve como objetivo verificar a relação entre o modelo de ensino aplicado e o
tempo de instrução. Foram realizadas 3 observações a turmas de 6
professores, 3 professores do quadro e 3 professores estagiários. Para cada
observação
foram
utilizadas
fichas
de
observação
sistemática
do
comportamento do professor para assim obter os dados sobre a instrução de
cada um. Para uma melhor concordância dos resultados, em todos os
professores foi observado o desporto coletivo - Futsal. Depois de obtidos os
dados, seguiu-se o tratamento dos mesmos, onde coloquei em percentagem o
tempo de instrução para assim comparar cada observando. Concluí que
apenas um professor utiliza o modelo de instrução direta e que por sinal é o
que menos tempo de instrução apresenta. Também foi evidente que
professores estagiários apresentam maior tempo de instrução nas suas aulas
em comparação com os professores do quadro.
69
4.4.2 Introdução
O presente documento foi realizado no âmbito do relatório de estágio como
parte integrante do ano de Estágio Profissional, inserido no 2º ano do
segundo ciclo, na vertente do ensino da educação física em que estão
inseridos o ensino Básico e Secundário.
Este estudo faz parte de um trabalho inerente aos quatro elementos do NE,
cujo tema central foi intitulado de “Os Modelos de Ensino utilizados na
Abordagem dos JDC”. Este depois foi divido em quatro sub-temas, sendo eles:
- As semelhanças e diferenças entre os Professores do Quadro da Escola e os
Professores Estagiários; - A relação entre o Modelo de ensino aplicado e o
tempo de instrução; A relação <<umbilical>> entre o Modelo de Ensino
aplicado e o tempo de Empenhamento Motor dos alunos nas aulas de EF; A
relação entre o Modelo de Ensino aplicado e a motivação dos alunos. O meu
estudo centra-se na relação entre o Modelo de Ensino aplicado e o tempo de
empenhamento motor.
O termo “Instrução” aparece frequentemente confinado às intervenções
verbais do professor relativamente à transmissão de informação que consiste
em explicações, diretivas, chamadas de atenção acompanhadas ou não com a
respetiva demonstração. Porém numa definição mais ampla e mais
compreensiva, a instrução é melhor entendida, não como uma ação discreta,
mas sim, antes como um processo interativo entre professores\alunos ao longo
do tempo e em torno de um determinado conteúdo que se insere num contexto
social concreto (Cohen, Raudenbush & Ball, 2003;Kansanen, 2003).
A capacidade de comunicação é fundamental no contato e relação com os
alunos. É fundamental que o professor seja conhecedor da matéria que irá
ensinar para que posteriormente seja realizada uma boa instrução e mais tarde
poder intervir com os alunos.
De referir que os objetivos propostos para este estudo são: I. Verificar quais
são os Modelos de Ensino privilegiados na abordagem dos JDC; II. Relacionar
o tempo de instrução com o modelo de ensino aplicado.
70
No intuito de atingir estes objetivos, primeiro compusemos um enquadramento
teórico e seguidamente realizamos as observações às aulas dos diferentes
professores.
No decorrer deste estudo, serão apresentados resultados provenientes do
estudo realizado pelos meus colegas de estágio, para que haja uma melhor
complementação do tema principal.
4.4.3 Enquadramento Teórico
No processo de instrução, o professor avalia as necessidades, os interesses e
as capacidades dos alunos. Concebe, seleciona e adapta atividades. Concebe
tarefas e exercícios para concretizar os objetivos de aprendizagem. Otimiza os
recursos disponíveis, apresenta tarefas, dá explicações, comunica as
expetativas e exigências sobre o que deve ser feito e como deve ser feito,
apoia o confronto dos alunos com as tarefas de aprendizagem, estimula,
supervisiona, orienta, regula e avalia o empenho na atividade e o rendimento
dos alunos.
Graça (2006) afirma que nos diferentes modelos curriculares professores e
alunos desempenham de forma predominante ou transitória os diferentes
papéis que conferem uma ordem e estrutura ao processo instrucional,
facilitando e inibindo diferentes possibilidades de interação do professor\aluno,
aluno\aluno e os demais conteúdos, formas de ensino e aprendizagem. Sendo
assim, o papel do professor pode variar consoante o modelo em que se aplica.
Alguns alunos necessitam mais da intervenção do professor do que os
restantes, no entanto este nunca deixa de estar presente.
O autor afirma ainda que em termos muito esquemáticos podemos tipificar o
papel de transmissor, mais marcadamente associado ao modelo de instrução
direta, onde o professor dirige ativamente passo a passo a atividade de
instrução. No papel de transmissor do professor corresponde o respetivo
assimilador do aluno, com especial ênfase na sua atividade de receção da
informação, exercitação e replicação do modelo correto predefinido.
71
4.4.4 Objetivos
Após realizado este enquadramento teórico, importa recordar os objetivos
deste estudo já referidos na introdução:
i)
Identificar quais são os modelos de ensino privilegiados na
abordagem dos Jogos Desportivos Coletivos.
ii)
Relacionar o tempo de instrução com o modelo de ensino aplicado.
4.4.5 Hipóteses
H1. O modelo de instrução direta requer um maior tempo de
Instrução.
H2. Os professores efetivos utilizam menos tempo na instrução.
4.4.6 Metodologia
4.4.6.1 Caracterização da Amostra
A amostra deste estudo foi constituída por seis professores, dos quais três são
professores do quadro de escola e os restantes professores estagiários de
diferentes instituições do ensino superior (duas turmas de 10º ano, três turmas
de 11º ano e uma de 12º ano).
4.4.6.2 Instrumento
i)
Grelha de observação sistemática das categorias do tempo de aula
(anexo I)
72
4.4.6.3 Procedimentos
Para a realização do estudo procedemos a uma escolha da amostra. Esta foi
feita através da disponibilidade do professor e do horário. Após a seleção foilhes entregue um documento com a explicação prévia do estudo e os
respetivos objetivos.
Posteriormente falamos individualmente com cada professor, voltando a
explicar o estudo e como as observações iriam decorrer.
Antes de iniciar o estudo houve uma comunicação aos encarregados de
Educação com o conhecimento dos objetivos do estudo e solicitou-se a sua
autorização para a filmagem das aulas.
Durante as observações das aulas, utilizei a grelha de observação sistemática
do professor e um cronómetro para controlar o tempo pedido na grelha.
Para o tratamento dos dados foi utilizado a Microsoft Excel 2007, onde digitei
em tabelas as percentagens obtidas nas observações.
73
4.4. 7 Resultados e Discussão
Neste ponto apresentamos os resultados da investigação efetuada, a partir dos
dados recolhidos pelo instrumento já referidos, a grelha de observação
sistemática das categorias do tempo de aula com o objetivo de perceber qual a
categoria que o professor utiliza predominantemente durante a aula.
Em toda a amostra, a modalidade observada foi o futsal, coincidindo com três
anos de escolaridade (10º, 11º e 12º). Em algumas turmas o programa do 3º
Período foi definido por consolidação do desporto coletivo 1 e o desporto
coletivo 2, no qual concluímos que a modalidade foi introduzida e exercitada
nos períodos transatos. Noutras turmas, esta unidade didática remeteu-se
apenas a introdução e exercitação.
Os dados que vão ser referidos encontram-se todos em percentagem.
4.4.8 Professores do quadro ( PQ)
4.4.8.1 Análise individual das categorias do comportamento PQ1
No quadro 1, divulgamos os valores médios (frequências relativas) nas
dimensões das categorias do comportamento do professor nas aulas de
educação física dos professores do quadro da escola.
Quadro 1: Frequências relativas das categorias do comportamento do professor PQ1
Categorias
Instrução
Feedback
Organização
Afetividade Positiva
Afetividade Negativa
Intervenções V. Aluno
Observação
Outros
comportamentos
Aula 1
10,71
18,25
0,79
3,97
2,38
0,39
46,03
15,48
Aula 2
3
2,66
9
8,66
0,66
0,33
53,66
22
74
Aula 3
7,58
8,33
4,54
6,81
0
0
53,79
18,94
Média
7,09
9,75
4,78
6,48
1,01
0,24
51,16
18,81
Ao observar o quadro 1, podemos verificar que ao longo das três aulas o
professor teve um comportamento díspar, ou seja a sua atuação foi alterada
devido ao meio em que a aula se realizou. Nos resultados da categoria de
instrução, como podemos observar na aula dois teve uma diferença
significativa em relação às restantes aulas assim como o feedback e a
organização. Quanto a aula número dois podemos analisar que teve pouco
tempo de instrução e em contrapartida o tempo de organização é superior a
primeira e última aula.
A categoria com maior percentagem no decorrer das três aulas foi sem dúvida
a observação. Esta, para além de ter uma percentagem bastante significativa,
manteve uns valores idênticos ao longo das observações.
4.4.8.2 Análise individual das categorias do comportamento PQ2.
No quadro 2, divulgamos os valores médios (frequências relativas) nas
dimensões das categorias do comportamento nas aulas de educação física dos
professores pertencentes ao quadro da escola.
Quadro 2: Frequência relativa das categorias do comportamento do professor PQ2
Categorias
Instrução
Feedback
Organização
Afetividade Positiva
Afetividade Negativa
Intervenções V. Aluno
Observação
Outros
comportamentos
Aula 1
10,2
8,6
3,7
3,7
1,2
0,9
60,0
11,1
Aula 2
5,77
4,49
3,53
3,85
1,28
0,96
73,71
6,41
75
Aula 3
7,97
6,60
2,08
5,90
0
1,04
65,28
11,11
Média
7,98
6,56
3,10
4,48
0,83
0,97
66,33
9,54
Ao contrário do quadro anterior, o professor que se encontra em causa
manteve um comportamento idêntico nas três aulas. Não havendo uma
discrepância significativa nos valores colhidos.
A categoria observação, apresenta uma percentagem bastante superior em
relação às restantes categorias, os valores nas três aulas excedem os 50% do
tempo. Podemos concluir que quase três terços da aula o professor encontrase em observação.
De salientar também que a segunda categoria com maior percentagem, sendo
esta com valores mais baixos, é relativa a outros comportamentos.
4.4.8.3 Análise individual das categorias do comportamento PQ3
No quadro 3, divulgamos os valores médios (frequências relativas) nas
dimensões das categorias do comportamento do professor nas aulas de
educação física dos professores do quadro da escola.
Quadro 3: Frequências relativas das categorias do comportamento do professor PQ3
Categorias
Instrução
Feedback
Organização
Afetividade Positiva
Afetividade Negativa
Intervenções V. Aluno
Observação
Outros
comportamentos
Aula 1
11,2
11,7
17,9
4,9
0
0
20,1
33,9
Aula 2
31,8
24,1
10,8
2,7
0
0,6
26,9
3,1
Aula 3
12,35
7,72
18,52
9,26
0
0
25,31
26,86
Média
18,45
14,51
15,74
5,62
0
0,2
72,31
21,27
Em sintonia com os restantes professores do quadro apresentados, o professor
referente ao quadro três apresenta também a maior percentagem de ocupação
de tempo nas categorias observação e outros comportamentos. No entanto, os
valores apresentados nessas mesmas categorias são relativamente mais
baixas e constantes ao longo das três aulas.
76
Ao analisar o quadro, observamos que na segunda aula a categoria conseguiu
obter valores bastante superiores em relação à primeira e a terceira aula, esta
maior ocupação de tempo na instrução, baixou a categoria de outros
comportamentos.
Podemos ainda concluir que a turma que o professor leciona apresenta zero
valores na afetividade negativa, o que permite afirmar que a turma mantinha
um bom comportamento ao longo das aulas.
4.4.9 Professores Estagiários ( PE)
4.4.9.1 Análise individual das categorias do comportamento PE1
No quadro 4, divulgamos os valores médios (frequências relativas) nas
dimensões das categorias do comportamento do professor nas aulas de
educação física dos professores do quadro da escola.
Quadro 4: Frequências relativas das categorias do comportamento do professor PE1
Categorias
Instrução
Feedback
Organização
Afetividade Positiva
Afetividade Negativa
Intervenções V. Aluno
Observação
Outros
comportamentos
Aula 1
20,7
12,3
5,2
9,9
0,3
0
46,9
4,6
Aula 2
19,8
8,5
6,2
8,5
0
0
49,9
7,1
Aula 3
1,9
12,7
3,1
3,4
0,6
1,9
65,1
11,4
Média
14,13
11,17
6,57
7,27
0,73
0,63
53,97
7,7
Ao analisar o quadro, referente a um professor estagiário, podemos observar
que a categoria observação apresenta de igual modo, valores bastante
significativos em relação às restantes categorias. Na terceira aula, apresenta
um resultado superior, de 65,1 % do tempo ocupado ao longo da aula.
77
Na terceira aula podemos ainda referir que a instrução foi muito escassa em
relação às restantes aulas observadas. Durante esta aula, apenas houve jogo
formal o que não necessitou de muita instrução por parte do professor, por
esse motivo, a categoria da observação tenha alcançado tais valores.
O tempo dedicado às restantes categorias ao longo das três aulas observadas,
não apresenta uma diferença significativa.
4.4.9.2 Análise individual das categorias do comportamento PE2
No quadro 5, divulgamos os valores médios (frequências relativas) nas
dimensões das categorias do comportamento do professor nas aulas de
educação física dos professores do quadro da escola.
Quadro 5: Frequências relativas das categorias do comportamento do professor PE2
Categorias
Instrução
Feedback
Organização
Afetividade Positiva
Afetividade Negativa
Intervenções V. Aluno
Observação
Outros
comportamentos
Aula 1
29,2
7,9
9,4
1,6
0,6
0
47,2
2,1
Aula 2
26,45
1,45
2,54
0
0
1,45
47,83
20,29
Aula 3
13,89
4,86
5,90
1,39
0
1,74
58,68
13,54
Média
23,18
4,74
5,95
0.99
0,2
1,06
51,24
11,98
No quadro podemos examinar que as percentagens de tempo nas três aulas
não variam muito nas categorias observadas. No entanto, na terceira e última
aula observada, houve uma diminuição de percentagem de tempo de instrução,
pois os alunos já conheciam a dinâmica que o professor utilizava nos
exercícios e não era necessário o professor recorrer a explicações prolongadas
Em consequência a este fator, houve um aumento na categoria de observação
de aula.
78
Nas restantes categorias, existiu uma pequena discrepância nos resultados,
nada significativo, exceto na categoria de outros comportamentos que teve
uma aumento abruto da primeira aula para a segunda.
O professor manteve um comportamento estável no período das três aulas,
alterando apenas alguns aspetos que influenciaram o tempo de cada categoria.
4.4.9.3 Análise individual das categorias do comportamento PE3
No quadro 6, divulgamos os valores médios (frequências relativas) nas
dimensões das categorias do comportamento do professor nas aulas de
educação física dos professores do quadro da escola.
Quadro 6: Frequências relativas das categorias do comportamento do professor PE3
Categorias
Instrução
Feedback
Organização
Afetividade Positiva
Afetividade Negativa
Intervenções V. Aluno
Observação
Outros
comportamentos
Aula 1
6,59
3,47
9,02
1,04
0
7,29
62,85
9,72
Aula 2
10,07
3,12
10,76
0,69
0
8,68
55,21
11,46
Aula 3
4,17
5,21
6,25
1,04
0
1,39
70,49
11,46
Média
9,14
3,93
8,68
0.92
0
5,79
62,85
10,88
Ao observar os dados referenciados no quadro, podemos verificar os valores
altos que a categoria observação apresenta. Nas três aulas observadas esta
categoria manteve sempre mais de 50% do tempo de aula.
As restantes percentagens ocupam um pouco cada categoria. Podemos ainda
referenciar os baixos valores da categoria de instrução em relação a outras
categorias. Estes valores são justificados pela organização de aula que o
professor adotou, pois esta baseada muito no jogo formal, e não requeria muito
que o professor gastasse muito tempo a instruir.
Na primeira e segunda aula podemos observar que as intervenções verbais
dos alunos alcançaram valores próximos à categoria de instrução. Este
79
acontecimento pode-se dever ao facto do pouco tempo de instrução do
professor que não será suficiente para a compreensão do aluno.
4.4.10 Análise individual da categoria (Instrução) dos professores de quadro e dos
professores estagiários.
No quadro seguinte, apresento os valores médios (frequências relativas) da
categoria (instrução) nas aulas de educação física dos professores do quadro e
dos professores estagiários da escola.
Quadro 7: Frequência relativa da instrução dos PQ e PE
Professores
Categoria (Instrução)
PQ1
7,09
PQ2
7,98
PQ3
18,45
PE1
14,13
PE2
23,18
PE3
9,14
Como podemos observar através da análise dos valores do quadro, a
percentagem de tempo ocupada por esta categoria é relativamente baixa ao
longo das aulas.
Verificamos que todos os professores apresentam valores com diferenças
significativas. Os dados foram divididos em dois grupos, um de professores de
quadro e um outro de professores estagiários, reparamos que nos dois grupos,
um professor apresenta valores superiores aos outros, o caso do PQ3 e do
PE2.
Sabemos que o PQ3 utiliza o MED como modelo de ensino, e este modelo tem
a característica de retirar a atenção do professor, no entanto este consegue
apresentar valores superiores aos outros professores de quadro, em que os
outros utilizam modelos diferentes.
80
Contrariamente a este modelo, o PE2 utiliza o modelo do jogo para a
compreensão e conseguiu também alcançar valores bastante superiores em
relação aos restantes estagiários.
Ao longo das observações, foi visível que apenas um professor utiliza o modelo
de instrução direta, modelo esse que realça o comando do professor. Segundo
Festas (1998, p. 29) o aluno deverá praticar e treinar as aprendizagens feitas
inicialmente com a ajuda do professor - utilização de prática guiada pelo
professor, e, posteriormente de forma independente - a prática autónoma por
parte do aluno. Apesar do modelo possuir estas características, o PQ1,
professor que utiliza o MID, apresenta o valor mais baixo da categoria
Instrução.
Comparando os dois grupos (PQ e PE), no geral os professores estagiários
tem uma maior percentagem de tempo na categoria aqui retratada.
4.4.10. Análise comparativa da categoria Instrução em função dos modelos
lecionados nas aulas dos professores de quadro e dos professores estagiários.
No seguinte quadro, apresento os valores médios da categoria Instrução em
função dos modelos lecionados pelos professores de quadro e pelos
professores estagiários.
Quadro 8- Análise comparativa da categoria Instrução em função dos modelos lecionados nas aulas dos PQ e PE
Categorias
MED
MID
TGfU
Instrução
13,9
7,09
15,58
Após a nossa análise e baseando também nas entrevistas realizadas por outra
colega do estudo, assistimos que os professores utilizam nas suas aulas vários
modelos. Contudo, destaca-se a utilização mais de um modelo em detrimento
de outros. Por isso, constatamos que na nossa amostra, 3 professores
utilizaram o MED, 2 professores utilizaram o TGfU e apenas 1 professor utiliza
o MID.
81
Analisando o quadro nº8, constatamos que o modelo TGfU é o modelo que
apresenta um valor mais alto na categoria Instrução (15,58). Este facto deve-se
muito à forma como ambos os professores organizaram a sua aula e aplicaram
o modelo. As turmas eram divididas em dois grupos onde trabalhavam de
forma diferente e exigia que o professor passasse mais tempo em instrução.
Em contrapartida, o MID é o modelo que oferece menos tempo de Instrução
(7,09). Este modelo apresenta valores mais baixos devido ao fato do desporto
coletivo estar numa fase de consolidação, e o professor mais que instruir,
observava as aulas e dava mais ênfase aos feedbacks.
4.4.11 Conclusões
Este estudo debruçou-se nos modelos de ensino utilizados na abordagem dos
jogos desportivos coletivos. Após o tratamento e análise dos dados obtidos,
concluo que o modelo de ensino privilegiado na abordagem dos Jogos
Desportivos Coletivos foi o MED, sendo este aplicado por três professores. De
seguida, o modelo TGfU, utilizado por dois professores e por último o MID,
abordado apenas por um professor.
Destes três modelos aplicados e analisados no estudo, foi verificado que o
modelo TGfU é o modelo de ensino que garante mais tempo de instrução.
Assim, dando resposta a primeira hipótese apontada antes de realizar este
estudo, o modelo de instrução direta requer maior tempo de instrução,
podemos afirmar que esta não se verificou.
Posso ainda concluir que professores estagiários necessitam de maior tempo
de instrução para transmitir a matéria a ser lecionada do que os professores do
quadro. Posto isto, a segunda hipótese é confirmada uma vez que os
resultados ditaram que os professores de quadro utilizam menos tempo de
instrução no decorrer da aula.
Foi possível verificar também que nenhum dos três professores estagiários
utilizou o modelo de instrução direta. Sendo estes modelos relativamente
recentes, foi notório que os professores de quadro tentam acompanhar as
alterações feitas ao nível do ensino para uma melhor aprendizagem,
recorrendo a modelos alternativos ao MID. Apenas um Professor de quadro
82
exibiu a sua preferência por este modelo. De referir que este professor apesar
de utilizar o MID nas suas aulas, não o refere perante a entrevista realizada
pela minha colega de estágio.
Em suma, através deste estudo pode observar vários conteúdos do
comportamento do professor, em especial o conteúdo da instrução. No entanto,
acho que este estudo teria mais relevância nos resultados se este tivesse sido
realizado no primeiro período, onde os professores estavam a introduzir a
modalidade. O último período destinou-se apenas à consolidação dos
conteúdos o que provavelmente inflacionou os resultados obtidos.
4.4.12 Referências bibliográficas

Graça, A. A instrução como processo. XI Congresso Ciências do
Desporto e Educação Física dos países de língua portuguesa. Revista
brasileira de educação física e esporte. V.20, n.5, p.169-70, Set.2006.

Graça, A.; Mesquita, I. (2007). A investigação sobre os modelos de
ensino dos jogos desportivos. Faculdade de Desporto da Universidade
do Porto.

Ribeiro, R. M. S. (2010). Porto: R. Ribeiro. Relatório de estágio
profissional para a obtenção de grau de Mestre no Segundo Ciclo em
Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,
apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Ricardo, V. (2005). Novas estratégias de ensino para os jogos
desportivos. Um estudo experimental na modalidade de basquetebol em
alunos do 9º ano de escolaridade. Dissertação apresentada às provas
de Mestrado em Ciências do Desporto na área de especialização em
Desporto para Crianças e Jovens. Faculdade de Ciências do Desporto e
de Educação Física – Universidade do Porto. Porto.
83

Rosado, A.; Mesquita, I. (2009). Pedagogia do Desporto. Faculdade
Motricidade Humana, Lisboa
84
5. Conclusão
85
86
5. Conclusão
No presente ano tive a oportunidade de vivenciar a profissão docente em
contexto real, o que foi um aspeto importante na formação como estagiária,
que não deve ser encarada como algo que ocorreu só nestes dois últimos anos
de Mestrado mas algo que teve início nos anos de aluna de EF. Foi um ano em
que pudemos realmente aplicar na prática toda a aprendizagem adquirida ao
longo do curso e até mesmo outras experiências pessoais foram aqui
aplicadas.
Entendi que, um professor não deverá ser um mero transmissor de
conhecimentos, deve pois ser alguém a quem os alunos confiam e procuram
sempre que precisarem.
Dar aulas fora do contexto escolar é desafiante, motivador e há um carácter
criativo onde o professor aprende a se adaptar a contextos sempre diferentes,
a lidar com pessoas diferentes umas das outras, e com limitações diferentes
das que estamos habituados.
Acabo assim, um ano que foi bastante exigente mas ao mesmo tempo um ano
que vai ficar marcado por boas recordações, e pela vontade de continuar a
pertencer aquela escola. Conheci pessoas que jamais esquecerei, como os
meus colegas de estágio, sem eles este ano não seria tão gratificante para
mim. Não esquecendo também o Prof. Francisco Magalhães que tanto me
ajudou na minha formação como professora.
A minha turma também será sempre a minha turma especial, apesar de me
terem dificultado um pouco o meu trabalho, de certa forma ajudaram-me e
obrigaram-me a criar estratégias novas e adaptar-me às diferentes situações,
fazendo assim evoluir as minhas capacidades como professora.
Para concluir, refiro apenas que todo o trabalho realizado ao longo do ano,
todos os momentos de tristeza, de desespero, de alegria e de superação valem
a pena serem sentidos, pois sem eles este ano de estágio não seria tão
excecional.
87
88
6. Referências Bibliográficas
89
90

Albuquerque, A., Graça, A., & Januário, C. (2008). A supervisão
Pedagógica: a perspectiva do orientador de estágio. In A. Albuquerque,
L.V. Santiago & N. L. Fumes (Eds.), Educação física, desporto e lazer:
perspectivas luso-brasileiras (pp.127-138). Maia: Edições ISMAI/UFAL

Almada, F., Fernando, C., Lopes, H., Vicente, A. & Vitória, M. (2008). A
Rotura. Torres Novas: Edições Vamos Mais Longe.

Ama, O. et al. (2003). Sobrepeso e obesidade infantil. Influência de
factores biológicos e ambientais em feira de Santana, BA. Arq Bras
Endocrinol Metab, 47, 2: 144-150.

Aranha, A. (2004). Pedagogia da Educação Física e do Desporto I –
Série 53, Didática Ciências Sociais e Humanas. Universidade de Trás os
Montes e Alto Douro. Vila Real

Arantes, K. (1989) Breve reflexão sobre a relação professor-aluno no
curso de educação física da Universidade Estadual de Londrina. Rev
Fund Esporte Tur, Curitiba, v. 1, n. 2, p. 32-33


Arends, R. (2005). Aprender a ensinar. Lisboa: McGraw-Hill
Bento, J. O. (1998). Planeamento e Avaliação em Educação Física. 2ª
Edição, Lisboa, Livros Horizonte

Bransford, J.; Darling-Hammond, L. & LePage, P. (2005). Introduction.
InL.Darling-Hammond & J. Bransford(eds.), Preparing teachers for a
changing world. S. Francisco: Jossey Bass, p. 1-39.
 Cardoso, M. (2009). O contributo do estágio pedagógico para o
desenvolvimento da profissionalidade dos docentes de Educação Física:
a perspectiva do estagiário. Universidade do Porto, Faculdade de
Desporto;
91

Castagnoli, A.(s.d) Atividades esportivas, culturais e cooperativas como
meio de superação no relacionamento interpessoal na escola. Disponível
em:
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/389-
4.pdf>.

Durkhein, E. (1973). Educación y Sociología. Buenos Aires, Editorial
Shapire.

Ferreira, J. (2010). Reflexões sobre o ser professor: a construção de um
professor
intelectual.
Retirado
a
22
de
Junho
de
2013
de:
http://www.bocc.ubi.pt/pag/felz-jorge-reflexoes-sobre-ser-professor.pdf;

Ferreira, H. et al. (2009). Avaliação em Educação Física escolar: um
estudo com professores da disciplina na cidade de Fortaleza. Revista
digital – Buenos Aires (Vol. 145). Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd133/avaliacao-em-educacao-fisicaescolar.htm;

Godinho, M.; Mendes, R.; Barreiros, J. (1995). Informação de Retorno e
Aprendizagem. Horizonte. Lisboa: Livros Horizonte, v. 11, n. 66, p. 217220
 Gomes, M. (2004). Planeamento em Educação Física – Comparação
entre professores principiantes e professores experientes. Monografia.
Universidade da Madeira, Departamento de Educação Física e Desporto.
Portugal, Madeira;

Graça, A. (2006). A instrução como processo. XI Congresso Ciências do
Desporto e Educação Física dos países de língua portuguesa. Revista
brasileira de educação física e esporte. V.20, n.5, p.169-70
92

Graça, A.; Mesquita, I. (2007). A investigação sobre os modelos de
ensino dos jogos desportivos. Faculdade de Desporto da Universidade do
Porto.

Marteniuk, G. (1986). Information Processes in Movement Learning:
Capacity and Structural Interference Effects. Journal of Motor Behavior. v.
18, n. 1, p.55-75

Marx, R.W., Freeman, J., Krajcik, J. e Blumenfed, P. (1998).
Professional development of science education. En B.J. Fraser y K.
Tobin (eds.), International Handbook of Science Education (pp. 667680). Dordrecht Kluwer A.P.

McGOWN, C. (1991). O ensino da técnica desportiva. Treino Desportivo.
II série, n. 22, p. 15-22.

Perrenoud, P. (2000). Dez novas competências para ensinar: convite à
viagem. Porto alegre: Artmed

Piéron, M. (1996). Formação de professores. Aquisição de técnicas de
ensino e supervisão pedagógica. Ciências do Desporto. Edições FMH.
F.M.H. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa.

Ribeiro, S. (2010). Porto: R. Ribeiro. Relatório de estágio profissional
para a obtenção de grau de Mestre no Segundo Ciclo em Ensino de
Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Ricardo, V. (2005). Novas estratégias de ensino para os jogos
desportivos. Um estudo experimental na modalidade de basquetebol em
alunos do 9º ano de escolaridade. Dissertação apresentada às provas de
Mestrado em Ciências do Desporto na área de especialização em
93
Desporto para Crianças e Jovens. Faculdade de Ciências do Desporto e
de Educação Física – Universidade do Porto. Porto.

Rodrigues,
J.
(1994).
Fatores
condicionantes
e
limitativos
da
organização das sessões de Educação Física e Desporto. Revista
Ludens, Vol14, nº 4

Rosado, A. Mesquita, I. (2009). Pedagogia do Desporto. Faculdade
Motricidade Humana, Lisboa

Schimdt, R. A. (1993). Aprendizagem e Performance Motora: dos
princípios à prática. Tradução Flávia da Cunha Bastos; Olívia Cristina
Ferreira Ribeiro. São Paulo: Movimento.. Cap. 19, p. 227-259: feedback
para Aprendizagem de Habilidade.

Scriven, M. (1967). The Methodology of Evaluation. In R. Tyler, R.M.
Gagné e M. Sciven (Eds). Perspectives of Curriculum Evaluation, 39-83.
AERA Monograph Series on Curriculum Evaluation (1). Chicago: Rand
Mac Nally.

Silva,T. (2009). Elementos para a compreensão da Reflexão em Situação
de Estágio Pedagógico: estudo de caso de um Estudante. Estagiário de
Educação Física. Porto: Dissertação de Mestrado apresentada à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Teodorescu, L. (2003). Problemas de teoria e metodologia nos jogos
desportivos. Cultura física. Edição Livros Horizonte;
94
7. Anexos
I
7. 1 Anexo I- Ficha de observação sistemática do comportamento do professor.
Sistema de Observação do Comportamento do Professor
Aula nº: ____
Data:____ / ____ / _____
Nome do Professor: ________________________
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
Unidades de Tempo
Minutos
0”-5”
5”-10”
10”-15”
15”-20”
20”-25”
25”-30”
2
3
4
9
10
11
16
17
18
23
II
30”-35”
35”-40”
40”-45”
45”-50”
50”-55”
55”-60”
24
25
30
31
32
37
38
39
44
45
46
51
52
53
58
59
60
65
66
67
Legenda:
1.Instrução (I)
2.Feedback (FB)
3.Organização (O)
4.Afectividade Positiva (Ap)
5.Afectividade Negativa (An)
6.Intervenções Verbais dos Alunos (Iva)
7.Observação (Ob)
8.Outros Comportamentos (Oc)
III
Download

Ser Professor- Ensinar e Aprender com sentido