O Tombo que Mudou a Vida de Eduardo Castro “Deus me deu um tapa e eu cai....”, assim Carlos Eduardo Marques de Castro lutador e professor de Jiu Jitsu, que comanda a equipe Half & Half Barbosa Team, descreve o acidente de moto que mudou sua vida. A partir daí, Eduardo reavaliou sua carreira de atleta e sua contribuição para a formação de seus alunos. por Worney Almeida de Souza C Foto: Selleri arlos Eduardo, 35 anos, é um competente professor de Jiu Jitsu que se dedica aos seus alunos com muita atenção e, como ele mesmo diz: “eu decidi passar a mensagem para a galera: tenho que melhorar a cada dia, não quero ser mais um, quero que meu aluno fale: “meu mestre me ensinou alguma coisa.” Carlos Eduardo, nasceu em 1979 e sempre morou no bairro do Tatuapé (na cidade de São Paulo), estudou em escolas públicas e particulares e iniciou a faculdade de Administração. Seu envolvimento com as artes marciais começou aos cinco anos de idade quando iniciou seus treinamentos no Judô Akamine. Anos depois, Eduardo foi graduado com a faixa marrom. Mas a trajetória de Eduardo no esporte foi outra: “eu tinha muitos amigos no Jiu Jitsu como Fernando Tereré, Eduardo Teles, Rubens Charles, André Galvão, nessa época tinha 18 anos. O pessoal queria que eu treinasse, mas eu não queria.” Mas logo ele foi envolvido pelo Jiu Jitsu. Aos 21 anos de idade, Eduardo começou a trabalhar à noite, no ramo de estacionamentos e passou a treinar com o professor Pedra, recebendo a faixa azul. Foi tentar a vida nos EUA, na cidade de Miami, em 2001, ficando lá por cinco anos. Trabalhava como manobrista e quando tinha tempo treinava, e com o tempo conseguiu montar um negócio próprio, um estacionamento. A volta ao Brasil ocasionou o treinamento na academia Barbosa, que muito aprimorou seu Jiu Jitsu. Foi lá que se tornou faixa preta, em 2011 e, segundo o atleta: “onde eu me desenvolvi foi com o Barbosa, aperfeiçoei minha arte e não larguei mais, devo muito a ele e aos professores Fabiano “Pedra”, Michel Moreno e Pedro Munhoz!” Fotos: Arquivo pessoal Eduardo com Fernando “Tererê” (à esq.) e seu Em uma de suas vitórias mestre Marco Antonio Barbosa. Desenvolvendo trabalho ainda na faixa azul. social com crianças. Mas a vida de Carlos Eduardo deu uma guinada quando ele tinha 25 anos; um acidente de moto ocasionou a quebra da tíbia em quatro partes e em espiral, o atleta levou seis meses para se recuperar: “Fiquei na cama, minha mãe me ajudando, não podia levantar, tive síndrome de pânico, tinha taquicardia durante à noite, falta de treinar, quando eu voltei e coloquei o pé no tatame eu pensei: “Deus! Obrigado por eu estar aqui de novo, minha cabeça mudou e eu vi que não era mais do que ninguém!”. Segundo Carlos Eduardo o acidente foi inexplicável: “Eu cai com a moto a 30 km, cai sozinho, Deus me deu um tapa e eu cai, a moto caiu em cima!”. O longo tempo de recuperação fez Eduardo refletir: “Antes da lesão eu era o cara, tinha dinheiro, estava muito bem com o negócio de estacionamento, comprei uma moto preta e gostava tanto que comprei uma moto prata igual a outra, só por exibição....”. A visão de mundo de Carlos Eduardo mudou, se antes ele se considerava um privilegiado, agora ele tem uma atitude mais humilde e de cooperação em relação aos outros. Hoje, Carlos Eduardo tem 60 alunos em sua academia e mais uma filial. Ministra aulas para crianças desde que era faixa azul e afirma: “eu tenho o dom de ensinar e ajudar a formação das crianças ….Eu quero formar atletas e o caráter deles, quero formar o ser humano, meus atletas tem que ser pessoas melhores....”. O professor se orgulha de sua equipe, a Half & Half Barbosa Team: “Hoje eu tenho uma equipe que não tem vaidade e não tem fofoca!” Carlos Eduardo também disputa campeonatos, mas seu foco é o ensino do Jiu Jitsu e sua empresa de licitação pública, que fornece matéria-prima, móveis e equipamentos para empresas estatais. O professor tem uma rotina puxada: segundas, quartas e sexta-feiras atende os compromissos em sua empresa, às terças e quintas treina na academia Barbosa. Abre sua academia todo dia, às 17h e ainda dá aulas para os associados do Clube Juventus, no bairro da Moóca. Sobre o MMA, Eduardo informa que já faz um trabalho visando as Artes Marcias Mistas em sua academia: “Alguns alunos já disputam MMA com o pessoal da equipe Furacão, outros já tem lutas como o Allan Popeye e Robson “Punk”. Eu dou uma assessoria na parte de chão para vários atletas, fazemos um Jiu Jitsu voltado para o MMA... Todo o ano eu vou para Los Angeles e treino na Black House, academia em que treina Anderson Silva, Glover Teixeira, Lyoto Machida, e meu amigo e professor de Submission Pedro Munhoz e eu acabo praticando com o pessoal do MMA.” Muitos garotos começam a treinar Jiu Jitsu pretendendo entrar para o MMA, mas o professor alerta: “A ideia que alguns tem sobre o Jiu Jitsu é de arrebentar tudo, mas o Jiu Jitsu é a arte suave, de competir e ter humildade.” O professor já deu aulas em locais sem água ou energia (teve que colocar o farol do carro para iluminar o salão!) e sempre incentiva o trabalho social: “Todo mês cada aluno de minha academia tem que levar um quilo de arroz e de feijão para uma entidade que cuida de crianças que tiveram derrame cerebral.” Carlos Eduardo finaliza com uma mensagem de estímulo: “Nunca se pode desistir de nosso sonho, de acreditar no que a gente quer.” Contato: www.halfhalfacademia.com.br - 27