ANAIS
USINA HIDRELÉTRICA ITAIPU: PRODUÇÃO DE ENERGIA COM ALTA
PERFORMANCE – RECORDE MUNDIAL DE PRODUÇÃO EM 2012 E 2013
COM AS MARCAS DE 98,29 E 98,63 MILHÕES DE MWH
CELSO VILLAR TORINO ( [email protected] )
ITAIPU Binacional
HUGO OSVALDO ZARATE CHAVEZ ( [email protected] )
ITAIPU Binacional
CARLOS ANTONIO VERGARA BAEZ ( [email protected] )
ITAIPU Binacional
Este artigo descreve as ações estratégicas focadas na excelência operativa tomadas pela UHE
Itaipu Binacional que levaram a dois recordes mundiais consecutivos de produção de energia:
98,29 milhões de MWh em 2012 e 98,60 milhões em 2013, um incremento de 7 milhões de
MWh com relação à média de anos anteriores. Ações tomadas em 2011 e 2012, baseadas na
Teoria das Restrições, foram determinantes para este nível de desempenho operativo. Serão
abordados aspectos de foco no cliente, visão da Diretoria, relações binacionais, cultura do alto
desempenho, estratégia (método e execução), resultados obtidos e lições aprendidas no biênio
2012 e 2013.
Palavras-chave: ITAIPU, usina hidrelétrica, operação, estratégia, produção, recorde mundial.
1 – Introdução
Em termos de capacidade instalada, a Usina Hidrelétrica ITAIPU Binacional é atualmente a
segunda maior do planeta com 14.000MW, representando 60% da capacidade instalada da
Usina de Três Gargantas, na China, com 22.500MW. Apesar de possuir menor potência
instalada, a Itaipu é a recordista mundial de produção de energia, estabelecendo novo recorde
em 2012, de 98.287.290 MWh e repetindo o feito em 2013, com 98.630.035 MWh.
Em 2010, a produção da Usina de ITAIPU foi de 85 milhões de MWh. Embora esta marca
possa parecer significativa para a maioria das usinas de energia do mundo, o fato é que a
Usina de Itaipu não produzia menos que 90 milhões de MWh desde 2006. Em 2010, dados
hidrológicos mostram que poderia se ter produzido cerca de 100 milhões de MWh (ou seja, 15
milhões de MWh deixaram de ser produzidos). Ainda que julgássemos que nosso limite seria
o nosso recorde de 94,69 milhões de MWh de 2008, a perda de produção ainda seria da ordem
de quase 10 milhões de MWh, valor maior que a produção da maioria das usinas do planeta.
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Primeiramente com o intuito de inserir o leitor na magnitude e complexidade da Usina
Hidrelétrica ITAIPU Binacional, apresentaremos algumas informações sobre a usina e sua
importância energética para o Brasil e para o Paraguai. Em seguida, mostraremos o que
representa exatamente uma produção da ordem dos 98 milhões de MWh conquistada no
biênio 2012-2013 e então trataremos das razões que nos levaram a intensificar o foco na
gestão da produção, a visão da Direção, a estratégia e o método utilizados e a importância
decisiva da execução da estratégia. Finalmente, destacaremos seis pontos relevantes dentre as
lições aprendidas e as expectativas para o futuro.
2 – Os Sistemas Elétricos do Brasil, do Paraguai e a ITAIPU
Conforme dados da ANEEL, o Brasil possui atualmente 2.829 plantas de geração de energia
elétrica em operação, com uma capacidade instalada de 123.774,7 MW. Esse complexo
compreende estações hidrelétricas, eólicas, solares, termonucleares e termoelétricas a gás,
óleo, carvão e biomassa. Embora existam cinco tipos de fontes de energia, a matriz energética
do Brasil é predominantemente hidráulica, que representa 69% da capacidade de geração.
No ano de 2013, a produção de energia elétrica do Brasil foi de 527 milhões de MWh, sendo
62% fornecidos por plantas hidráulicas.
No Paraguai, em 2013, 99,99% do mercado de energia elétrica foi atendido através de energia
proveniente de usinas hidráulicas. O total de potência instalada no Sistema Elétrico Paraguaio
provém essencialmente da planta de Acaray e das binacionais de Yacyretá (com a Argentina)
e ITAIPU (com o Brasil). Em 6 de outubro de 2013 entrou em operação sua primeira linha de
500 KV interligando neste nível de tensão a Usina de Itaipu à capital do país, Assunção.
Considerando que o Paraguai é proprietário da metade de cada uma das plantas binacionais, o
total de potência instalada atualmente no Paraguai é de 8.988,5 MW.
A ITAIPU é uma empresa binacional que tem como sócios o Brasil e o Paraguai (50% de
cada país). Foi construída a partir de 1974 e está localizada no leito do Rio Paraná, na
fronteira entre Brasil e Paraguai, próxima a cidade brasileira de Foz do Iguaçu e a cidade
paraguaia de Hernandarias. Iniciou sua produção em 1984 e possui 20 unidades geradoras
com potência de 700MW, totalizando 14 mil MW de capacidade instalada. Conta com um
reservatório de 1.350 Km2, com 170 km de extensão numa bacia hidrográfica de 820 mil
Km2. A vazão média afluente do Rio Paraná é de 11.800 m3/s.
3 – O Resultado
Mais que mostrar os resultados, o objetivo deste trabalho é apresentar o que foi feito para
alcançar estes resultados. Desta forma, são antecipados aqui. O que significa exatamente uma
produção do montante de 98 milhões de MWh? A figura 1 a seguir ajuda a entender os
aspectos quantitativos desta energia.
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Figura 1: Significado dos 98 milhões de MWh
Interessante também é quão especial foi a produção da ITAIPU em 2012 e 2013. Para tal é
mostrada a figura 3, que traz a quantidade de recordes parciais de produção estabelecidos nos
últimos 6 anos, contendo inclusive o ano de 2008 que detinha o recorde até então.
Figura 2: Quantidades de recorde parciais nos últimos 6 anos
E finalmente as duas últimas figuras deste tópico que mostram o dado considerado como o
mais importante. O quanto poderíamos ter feito em determinado ano e o quanto conseguimos
fazer. A figura 3 mostra os valores absolutos em MWh e a figura 4 mostra em termos
percentuais o quanto nos aproximamos da eficiência de 100% nos últimos 17 anos.
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Figura 3: Produção possível e realizada em MWh
4 – Os Recursos Restritivos de Capacidade
Em uma Usina Hidrelétrica como a ITAIPU, os recursos restritivos de capacidade podem ser
definidos como: 1) água; 2) unidades geradoras; 3) linhas de transmissão e 4) demanda por
energia.
A figura 5 representa a cadeia de suprimento que envolve estes recursos restritivos de
capacidade.
Figura 5: Cadeia de produção e os recursos restritivos de capacidade
A alta disponibilidade de cada um desses recursos é obviamente fundamental para que
possamos contar com uma produção maximizada. No exemplo abaixo, utilizaremos os dados
de 2012, primeiro ano que atingimos um patamar acima dos 98 milhões de MWh, mas não
seria muito distinto se optássemos pelos dados de 2013. A tabela 1 a seguir aloca a
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disponibilidade de cada um desses recursos em 2012 na cadeia de suprimento da ITAIPU
numa janela de 16 anos.
Tabela 1: Disponibilidade dos recursos restritivos de capacidade
capacidade nos últimos 16 anos
Vazão média afluente:
Disponibilidade programada dos Geradores:
Disponibilidade programada das Linhas
Transmissão:
Disponibilidade programada dos Transformadores:
Crescimento do consumo de energia no Brasil:
Crescimento do consumo de energia no Paraguai:
11.250 m3/s = 5ª maior vazão média afluente nos últimos
16 anos
93,84% = 13ª posição nos últimos 16 anos
97,89% = 15ª posição nos últimos 16 anos
94,71% =15ª posição nos últimos 16 anos
4% = 9ª posição nos últimos 16 anos
7% = 7ª posição nos últimos 16 anos
Ainda que cada disponibilidade tenha sido alta, o fato é que nenhuma delas esteve sequer
dentre as melhores marcas já obtidas nos últimos quatro anos e, se excluirmos a variável
“vazão média afluente”, nenhuma das disponibilidades estaria dentre as 10 melhores
melh
marcas.
Certamente tais disponibilidades contribuíram para a espetacular produção de 2012, porém
nos parece que por si só não seriam suficientes para explicar o feito. Voltaremos a esta
questão mais à frente.
5 – Nós não ganhamos nada com isso. Nós quem?
Ao final de 2010, foi alcançada uma produção de 85,97 milhões de MWh. A figura 6 mostra
não somente o quanto a ITAIPU produziu em 2010 (destacado na cor vermelha), mas também
o quanto poderia ter produzido neste mesmo ano.
Figura 6: A produção em 2010
Se dependesse da hidrologia, poderíamos ter produzido 15 milhões de MWh a mais. Ainda
que conhecêssemos algumas razões desta perda de oportunidade de produção e a principal
delas estivesse no Sistema de Transmissão que sequer estava sob a responsabilidade
responsa
da
ITAIPU, estava claro que poderíamos ir mais além.
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Também era fato que nossas principais metas técnicas eram o Índice de Disponibilidade
Programada e o de Indisponibilidade Forçada das unidades geradoras, e tais resultados
estavam muito bons, ainda que tivéssemos deixado de produzir o montante verificado.
Pesa contrariamente à alta produção a complexidade da engenharia financeira que viabilizou a
construção da ITAIPU, que não torna fácil decidir se é mais positivo para a empresa produzir
mais que os 75 milhões de MWh de “projeto”. Por outro lado, também é notório que nos 29
anos de produção da ITAIPU, há 18 anos produz acima dos 75 milhões MWh.
Ainda que pese várias teses e longe das mesmas não serem razoáveis e merecedoras de
reflexão, o fato é que o conceito que sempre pareceu claro, ao menos para a área de Operação
da Usina, é que dentro dos critérios técnicos que garantam a sustentabilidade dos resultados, a
maximização do fluxo de produção de energia da ITAIPU é a melhor tese.
Adicionalmente, uma questão latente era a participação dos especialistas em previsão de
afluência dentre os majoritários especialistas eletricistas e mecânicos. O evento de assinatura
de um convênio entre a ITAIPU e a Agência Nacional das Águas do Brasil (ANA), no final
de 2011, foi uma oportunidade importante para que a Área de Operação, mais uma vez,
sensibilizasse a Diretoria para o nosso potencial em produzir na casa dos 100 milhões de
MWh, desde que pudéssemos “Dançar com as Águas”. Obviamente que a ITAIPU, assim
como outras hidrelétricas, sempre levou em consideração os sinais hidrológicos para tomar as
suas decisões, porém, sabíamos que o sinal hidrológico poderia ser um pouco mais
determinante do que vinha sendo em nosso dia a dia e “um pouco mais” na ITAIPU, pode
representar um aumento de produção realmente significativo.
6 – 100 milhões de MWh – A Visão dos Diretores
Assim como o resultado de 2010, o ano que antecedeu ao ano do recorde, 2011, também foi
muito importante para o recorde de 2012 e 2013. Iniciamos 2011 com alguns fatores de
dificuldade sob a ótica da produção como, por exemplo, a ausência durante todo o ano da
unidade geradora 6 que em outubro de 2010 foi descoberta uma trinca no anel de vedação da
turbina cuja ação corretiva exigiu sua quase completa desmontagem, permitindo seu retorno à
operação somente no início de 2012. Da mesma forma, regras de operação mais rigorosas das
linhas de transmissão quando diante de tempestades, resultavam em limites de transmissão no
setor 60Hz que reduziam nossa capacidade de produção em menos que 50% da capacidade de
produção desse setor.
Outra peculiaridade viria ajudar no trato de questões associadas à produção. Se por um lado, o
Diretor Técnico paraguaio conhecia com precisão e profundidade as vantagens técnicas e
comerciais quando a ITAIPU produzia mais, o Diretor Geral brasileiro que acumulava o cargo
de Diretor Técnico brasileiro detinha informações e sensibilidade de quem entendia muito
bem o papel da produção da ITAIPU para as sociedades brasileira e paraguaia.
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Desta forma, ainda ao final de 2011, os Diretores começam a falar em seus diversos eventos,
inclusive em eventos externos a empresa, que em 2012, iríamos buscar os 100 milhões de
MWh !
Os Slogans “100 milhões de MWh” e a “Dança com as Águas” foram repetidamente citados
pelos Diretores o tempo todo ao longo de 2012 e 2013.
O recado estava dado, o alinhamento interno estava realizado e a Área de Operações assim
como seus principais parceiros nesta jornada haviam entendido muito bem que era hora de
planejar e executar a otimização do fluxo de produção de energia da ITAIPU Binacional.
A figura 7 é de um dos principais jornais do Brasil quando ainda em Março de 2012 o Diretor
Geral Brasileiro fala em recorde e dos 100 milhões de MWh.
Figura 7: O Diretor Geral Brasileiro e os 100 milhões de MWh
7 – Uma Estratégia e um Método de Produção
É sempre preocupante tratar de questões correlatas à estratégia, pois uma estratégia vencedora
envolve muitas ações e quando listamos algumas, sempre corremos o risco de deixar no
anonimato ações importantes realizadas por pessoas que fizeram e continuam a fazer a
diferença na produção da ITAIPU. É muito provável que algumas dessas ações sequer sejam
do conhecimento dos autores deste artigo, mas ainda assim com importância efetiva na
obtenção dos resultados. Feito esta ressalva, vamos em frente, pois sabemos o quanto é
importante compartilharmos nossa experiência e percepção desta jornada vitoriosa ainda que
incompleta e eventualmente injusta.
É óbvio que o começo de tudo seria continuar com bons resultados em cada um dos aqui
chamados de “recursos restritivos de capacidade”, ou seja, os fatores críticos de sucesso na
cadeia de suprimento da usina de ITAIPU e tínhamos boas razões para acreditar que isto
continuaria a ocorrer em 2012 e 2013. Aqui mais uma vez, optamos por utilizar alguns dados
de 2012 por ser o primeiro ano que elevamos o padrão de produção a valores superiores a 98
milhões de MWh.
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A começar pelas águas do Rio Paraná. O histórico mostrava que vínhamos tendo anos
excelentes hidrologicamente falando. Adicionalmente, acima da Usina de ITAIPU, existem 45
usinas hidrelétricas distribuídas no próprio Rio Paraná ou em seus principais afluentes. Os
reservatórios das usinas a montante da ITAIPU estavam em condições boas quando do início
do período úmido que ocorre em torno de novembro e termina em abril do ano seguinte. A
vazão média do Rio Paraná é algo em torno de 11.800 m3/s e, portanto, esperávamos não ter
uma surpresa negativa em 2012, pelo menos no seu primeiro semestre.
Quanto à disponibilidade das unidades geradoras, ainda que a unidade geradora U06 somente
voltasse à operação ao final de março de 2012, assim como quanto a disponibilidade dos
transformadores que nos interligam ao Sistema de Transmissão Paraguaio, nós não tínhamos
dúvidas que estes equipamentos teriam um desempenho exemplar. A qualidade do projeto da
ITAIPU sempre foi um de seus pontos fortes. Da mesa forma, a construção das partes civis e a
montagem de seus equipamentos foram executadas com os critérios mais rigorosos de
qualidade e finalmente a operação e manutenção destes recursos seguiam padrões
internacionais de qualidade, seja pelos procedimentos adotados, seja pela qualificação de suas
equipes.
Já com relação ao terceiro fator crítico de sucesso, as linhas de transmissão, havia algumas
preocupações, em especial aquelas linhas de propriedade e operação da ANDE (empresa
paraguaia) e de propriedade de Furnas e operação coordenada pelo ONS (Furnas e ONS são
empresas brasileiras). Ao final de 2011, um transformador havia entrado em operação na
Subestação que nos conecta ao Sistema Paraguaio e uma linha de 500kV entre Foz do Iguaçu
e Cascavel de propriedade da empresa brasileira Copel também havia entrado em operação.
Ambos os eventos, embora não eliminassem, mitigavam as restrições existentes.
Por último, a questão do consumo de energia. Tanto o Brasil quanto o Paraguai vinham
apresentando índices de crescimento na economia e no consumo de energia que não deixavam
dúvidas que se produzíssemos, haveria consumo em ambos os países.
Este desempenho dos recursos críticos talvez já fosse suficiente para nos manter no patamar
dos 90 milhões de MWh ano e eventualmente obtermos um valor recorde em torno dos 95
milhões de MWh como ocorreu em 2008, mas se desejávamos ir um pouco além, se
quiséssemos nos posicionar permanentemente acima dos 95 milhões de MWh ano e
eventualmente ultrapassarmos a barreira dos 100 milhões de MWh ano, então teríamos que ir
além da boa disponibilidade desses recursos críticos.
Estávamos falando em “coordenar” mais fortemente as decisões de intervenções e
indisponibilidades dos ativos, questões tradicionalmente gerenciadas por especialistas em
eletricidade e mecânica, serem agora mais intensamente influenciadas pelas informações dos
hidrólogos, informações estas nem sempre precisas na quantidade e no tempo. É óbvio que a
consideração dos dados hidrológicos sempre esteve presente nas decisões das intervenções,
mas agora, falávamos em intensificar tal influência.
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Também era importante considerar a necessidade da ITAIPU e em especial da nossa Área de
Manutenção em cumprir seu Plano de Manutenções Preventivas dentro de determinado
período. Embora a reserva de apenas uma unidade geradora por vez para o cumprimento do
plano de manutenções seja mais que suficiente, solicitações excessivas de postergação das
manutenções preventivas resultam mais a frente numa indisponibilidade simultânea de duas
ou mais unidades geradoras à operação, e muitas vezes tendo como consequência o
vertimento de água turbinável. A Área de Produção tinha que construir com a Área de
Manutenção um conjunto de regras e procedimentos que resultassem em tranquilidade que “a
otimização da produção não inviabilizará a execução das manutenções preventivas”.
Otimizar a produção exige alguns cuidados, pois existem trade-off naturais e quando não há
clareza, há riscos de má interpretação que certamente dificulta a otimização. A figura 8
apresenta o Modelo de Gestão da Operação de ITAIPU.
Figura 8: Modelo de Gestão da Operação
O objetivo aqui não é detalhar todos os aspectos contidos neste modelo, mas pelo menos
explicitar os três objetivos do topo do modelo: “Pessoas e Meio Ambiente”, “Produção” e
“Equipamentos e Patrimônio”. Este modelo existe há mais de 10 anos e é muito utilizado para
balizar escolhas e não escolhas do nosso dia a dia.
O fato é que estes três pilares são os nossos grandes objetivos e existe uma ordem de
prioridade entre eles:
1) Segurança dos empregados e do meio ambiente no entorno da usina. A palavra “entorno”
serve para não se confundir com as ações de maior amplitude tratadas pela ITAIPU no
âmbito do meio ambiente que são conduzidas pela Diretoria de Meio Ambiente.
2) Segurança dos Ativos que aqui incluem os equipamentos e a segurança da própria planta
industrial. De forma popular, costumamos dizer que é “galinha dos ovos de ouro” e,
portanto cuidando da “sustentabilidade” desses ativos é a forma mais adequada de
assegurarmos que vamos ter uma produção otimizada hoje e no futuro também.
Finalmente o terceiro e último macro objetivo:
3) A produção de energia maximizada e otimizada.
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Como se ainda não bastasse, também temos bem definido o que significa “priorizar a
segurança dos Ativos em detrimento da otimização da produção”. Neste caso, significa:
1- Cumprir o Plano de Manutenções Preventivas de todas
todas as 20 unidades geradoras
atendendo um período máximo de 18 meses entre duas paradas longas da mesma unidade
geradora;
2- Priorizar as intervenções de manutenção corretiva nos equipamentos cuja classificação da
intervenção tenha sido de “urgência”.
Obviamente que outras situações podem aparecer e que mesmo fora desses dois critérios
acima, ainda podem obter uma prioridade em detrimento da otimização da produção, mas
nestes casos, o tratamento é caso a caso entre as áreas da Diretoria Técnica e até mesmo
me
com
os clientes quando a situação assim exigir.
Tais critérios ajudaram bastante na acomodação, em especial nos momentos iniciais, quando
determinadas intervenções tinham que “dançar com as águas” ou mesmo “dançar com as
necessidades dos clientes” ainda
ainda que tais oportunidades aparecessem no curto prazo.
A figura 9 mostra a Estratégia de Produção adotada para 2012 e que em diversas
oportunidades era tratada como a estratégia da “Dança com as Águas”.
Figura 9:: A estratégia de produção 2012/2013 – “A Dança com as Águas”
A forma mais simples que encontramos para explicá-la
explicá la é utilizando a Teoria das Restrições do
físico israelense Eliyahu Goldratt, que define nove princípios dentre os quais destacamos seis
que achamos serem os mais importantes para a estratégia da “Dança com as Águas”:
1. Balanceie o fluxo e não a capacidade - embora seja importante disponibilizar os
recursos críticos, o foco é no fluxo dee energia e não na disponibilização desses recursos.
2. A utilização de um recurso não-gargalo
não gargalo não é determinada por sua disponibilidade,
mas por alguma outra restrição do sistema (por exemplo, um gargalo) - na maior parte
do tempo, o recurso gargalo na Usina
Usina de ITAIPU é a água e, portanto, os demais recursos
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críticos deveriam, via de regra, se “subordinarem” a disponibilidade do recurso
hidrológico.
Utilização e ativação de um recurso não são sinônimos - estocar água no reservatório
não é necessariamente, igual a produzir energia.
Uma hora ganha num recurso gargalo é uma hora ganha para o sistema global - o
aproveitamento ótimo da água, é na maioria das vezes, a otimização do uso de todo o
sistema que representa a cadeia de suprimento.
Uma hora ganha num recurso não-gargalo não é nada, é só miragem - aumentar a
disponibilidade das unidades geradoras ou das linhas de transmissão num horário que
estes recursos não precisam ser ativados para a produção ou de forma descoordenada com
os demais recursos críticos, é efetivamente uma miragem.
Os gargalos não só determinam o fluxo do sistema todo, mas também definem seus
estoques - dentro de determinados limites práticos, subordinar os demais recursos ao
gargalo “água” é fundamental. Se necessário, estabelecer estoque de pelo menos uma
unidade geradora, evitando que falhas de funcionamento (incertezas estatísticas) das
demais unidades geradoras resultem em desperdício de água.
Desta forma, o foco principal da figura acima, em situações normais de planejamento e
execução da operação, é direcionar dezenove unidades geradoras disponíveis para atender a
produção e uma unidade geradora para atender as manutenções preventivas.
Situações em que o sinal hidrológico apontasse para a necessidade de apenas 18 unidades
geradoras para a produção, a décima nona unidade geradora atuaria como “pulmão”
protegendo a produção e evitando desperdício do recurso gargalo (água) diante de uma falha
intempestiva (incertezas estatísticas) de uma das 18 unidades geradoras em produção. Já nas
situações em que o sinal hidrológico apontasse para a necessidade de 17 ou menos unidades
geradoras, uma segunda unidade geradora poderia ser direcionada às chamadas “manutenções
oportunistas” sejam elas corretivas ou preventivas, mas certamente não urgentes e tipicamente
de curtíssimo prazo (horas a no máximo 2 dias).
Situações em que tivéssemos uma manutenção corretiva num momento em que já tínhamos
outra unidade geradora em manutenção e o sinal hidrológico apontasse para a necessidade de
19 unidades geradoras caracterizava-se como um dos cenários mais críticos, cujo papel dos
especialistas da Engenharia, Manutenção e Operação era crucial. Estes profissionais eram
chamados à análise e se o resultado dessa análise caracterizasse como uma manutenção
corretiva que exigia impedimento da unidade geradora, mas sem urgência, esta manutenção
entrava no fluxograma normal, conforme já explicado, ou seja, aguardaria o momento mais
adequado segundo o sinal hidrológico e as oportunidades de “encaixe” no plano de
manutenções. Por outro lado, se o resultado da análise sinalizasse pela necessidade de atuação
urgente, ainda caberia à mesma equipe a análise se esta intervenção poderia ser feita sem
impedimento da unidade geradora. Caso a intervenção fosse urgente e exigisse impedimento
da unidade geradora, então a intervenção era priorizada em detrimento da produção ótima em
conformidade com os critérios do Modelo de Gestão da Operação, apresentado anteriormente.
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8 – A Execução da Estratégia
Cada vez mais, empresas têm investido fortemente no planejamento. Construir equipes
competentes, contratar consultorias de renome e investir tempo e dinheiro na elaboração do
Planejamento Estratégico com seus objetivos, programas e ações têm sido a ordem do dia de
empresas vencedoras. Investir o mesmo tempo, dinheiro e suor na “execução da estratégia” já
não é uma afirmação que faríamos com segurança se considerarmos a maioria das empresas e
é sobre este ponto que gostaríamos de dedicar este tópico.
Durante a execução da estratégia que ocorreu rigorosamente desde o primeiro até o último dia
de 2012 assim como em 2013, muitas coisas aconteceram. Boa parte das ações, ocorrências e
reações sequer estavam previstas no rol de ações; algumas dessas coisas facilitaram o
cumprimento, outras dificultaram. O fato é que não há muitas escolhas quando se estabelece
uma estratégia: ou você gerencia diariamente sua execução ou fica torcendo para dar certo.
Não seria possível tratar todos os acontecimentos de 2012 e 2013 neste trabalho, porém
organizamos este material de forma cronológica em 2012, destacando apenas o que julgamos
de mais relevante no ano. Podemos afirmar que tais desafios, ainda que com formatos e
episódios distintos, repetiram-se, em sua essência, em 2013.
A Execução da Estratégia durante 2012
Época de chuvas é sempre bom para a operação de qualquer usina hidrelétrica, porém trazia
também um problema para o Sistema de Transmissão da empresa Furnas que escoava a
energia do setor 60Hz da ITAIPU. Sempre que havia previsão de tempestades, o ONS
aplicava um critério bastante rigoroso nos limites da transmissão chamado N-3, ou seja, um
limite que não haveria corte de carga ao consumidor mesmo se a tempestade tirasse de
operação simultaneamente os três circuitos de Furnas. O problema é que este critério exigia
que o Setor de 60Hz da Usina que tem capacidade para produzir até 7.000MW operasse
limitado em 3.000MW durante este período. Somente neste trimestre, operou-se nesta
condição por 162 horas. Após a entrada em operação da Linha Foz-Cascavel 500kV em
dezembro de 2011, já era possível elevar este limite para algo em torno dos 5.000MW, porém
não era fácil realizar e aprovar os estudos necessários no âmbito dos comitês das empresas
envolvidas.
Então aparece uma das primeiras oportunidades para realizar a “dança com as águas”. Uma
boa quantidade de água chegando somada a algumas restrições na transmissão 60Hz exigiam
que postergássemos uma manutenção preventiva (unidade U09) por pelo menos 30 dias. A
postergação aconteceu, mas deixou claro que ainda tínhamos que trabalhar muito no conceito
“18P+1M+1PP” = 18 geradores em produção + 1 gerador em manutenção + 1 gerador
protegendo a produção.
Em fevereiro, toda a Diretoria se reúne com todos os Gerentes da empresa para realizar um
balanço de 2011 e definir diretrizes para 2012. Na fala do Presidente aparecem dois recados
importantíssimos para a produção: 100 milhões de MWh e a Dança com as Águas!
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Também no primeiro trimestre aparece uma grata surpresa para a estratégia: a Área de
Manutenção anuncia uma otimização do Plano de Manutenções Preventivas, que passaria a ter
um ciclo de três anos ao invés de quatro anos até então, resultando num ganho médio de 36
dias por ano de disponibilidade das unidades geradoras, o que favorecia a estratégia!
Ainda durante todo o ano de 2012, a Área de Obras e Montagens teve de realizar um trabalho
importante para a segurança da usina e dos empregados: a substituição de todas as portas
corta-fogo das celas dos transformadores elevadores das 20 unidades geradoras. Parte deste
trabalho só era possível ser realizado com o transformador e unidade geradora desligados,
condição que impactaria na produção se a montagem não fosse feita em horários
determinados pela hidrologia e pela curva de consumo dos clientes. Com enorme
proatividade, a Área de Montagem realizou seu trabalho na forma e nos momentos que não
prejudicassem a produção. Ao final de 2012, todas as portas corta-fogo haviam sido
substituídas com impacto zero na produção da usina.
Ao final do primeiro trimestre, um resultado parcial para comemorar com os Gestores,
Clientes e nossas Equipes: “ITAIPU segue batendo recorde de produção – melhor trimestre de
sua história”.
Outro ponto importante era o sincronismo que começava ocorrer de forma mais sistemática
entre os especialistas da Operação e da Manutenção diante de cada alarme que atuava nos
geradores da ITAIPU. Ao invés de imediatamente decidirem pela necessidade de
desligamento do gerador para a correção, a obtenção de informações mais detalhadas de
ambas as partes começava a ocorrer como, por exemplo, do efetivo impacto na produção se
tal gerador fosse desligado, se a evolução do problema associado àquele alarme traria algum
dano ao gerador ou apenas ao desligamento de um dos seus sistemas (que muitas vezes até
possuía redundância) e se o desligamento deveria ser urgente. Ainda assim, questões como têlo que desligar imediatamente ou aguardar a passagem da hora de ponta também estavam
contidas na análise dos especialistas. A classificação como “desligamento urgente” começava
a ganhar mais atenção e integração entre as áreas.
No segundo semestre, mais especificamente no dia 15 de junho, após implementação de
lógicas especiais que agora consideravam a presença da linha Foz-Cascavel 500kV, pela
primeira vez na história de 28 anos de operação da ITAIPU o Setor 60Hz da usina estava
liberado para produzir até 7.200MW. Isto sim favorecia a estratégia !
Outro ponto passível de registro é a chamada “reprogramação positiva”. Trata-se de ação
proativa dos Despachantes que, atentos aos desvios entre programação e execução do plano
de produção, oferecem energia adicional aos clientes quando diante de desvios que resultem
em sobras. A atitude de optar pela produção a estocar. Somente no primeiro semestre de 2012,
a ITAIPU produziu 426 mil MWh por conta das reprogramações positivas!
E no dia 18 de dezembro, a festa da quebra do recorde acontece. O pátio da Área de
Montagem da usina está repleto de autoridades, jornalistas e trabalhadores. Ao som de muita
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música, discursos inflamados e apresentação do vídeo “Superação”, feito especialmente para
este momento, a ultrapassagem do recorde de 2008 ocorre às 15h daquela tarde de muito calor
e expectativas.
Na mídia, algumas matérias sobre a marca alcançada:
“Gestão com foco no aproveitamento de ‘recurso gargalo’ ajuda a explicar recorde”, “ITAIPU
quebra recorde histórico e define para 2013 a meta de 100 milhões de MWh”, “48 horas de
energia para o mundo” e etc.
Como acontece todos os anos, esperava-se uma queda na produção face aos feriados no
período de Natal e Ano Novo. Embora com escassez atípica, estávamos dentro de um período
úmido e, portanto não seria absurdo desejar, rezar ou torcer para que a qualquer momento
uma água surpresa pudesse chegar. E ela chegou. Junto com o calorão! O Rio de Janeiro com
registros que não ocorriam há 96 anos. Assunção, igualmente. A operação no tempo real não
conseguia obedecer à programação e sempre pedia mais da ITAIPU e havia água para isso,
que chegara naquela véspera de Natal.
E agora era a imprensa paraguaia que noticiava a opinião dos conselheiros: “importante para
ninguém ter dúvidas que produzir mais na ITAIPU é bom para o Brasil e para o Paraguai”.
E às 24 horas do dia 31/12/2012, havíamos produzido 98.287.128 MWh. De forma brilhante
se encerra um ano que ficará para a nossa história!
Obs.: em 2013, face à seca ocorrida na bacia do Rio Yangtzé e a manutenção da alta
performance em Itaipu, a produção da Usina de Itaipu superou a produção de Três Gargantas
em quase 16 milhões de MWh.
9 – Lições Aprendidas
Foram dois anos fantásticos e históricos. Tivemos diversas vitórias, algumas derrotas, muitas
lições aprendidas. Seguem as seis lições mais relevantes.
O Cliente da Usina
Nem sempre é fácil identificar as premissas e as prioridades que devemos seguir. Não
raramente, tomadas de decisões são orientadas por regras, documentos, normativas e mais
uma enormidade de instrumentos que sinalizam algum caminho e nem sempre para a mesma
direção ou sentido. Uma enorme complexidade de referências técnicas e procedimentais que
eventualmente colocam em posições opostas os mais nobres e bem intencionados e bem
preparados gestores e técnicos. O que aprendemos? Quase sempre vence a visão e a
interpretação que busca como fator norteador, o que é melhor para o acionista e no caso de
uma empresa pública, o acionista é a sociedade como um todo. Adicionalmente, saber que seu
cliente principal é a sociedade como um todo, é algo muito prazeroso.
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Visão da Diretoria
A visão da Diretoria alinha a empresa. A comunicação dos Diretores inspira, encoraja e dá o
tom e o ritmo das ações. A área técnica da ITAIPU, há tempos necessitava de desafios
relacionados à produção de energia. A ampliação da missão da empresa ocorrida em 2003,
embora positiva, contribuiu para uma percepção relativa de que os desafios eram claros nas
áreas de Meio Ambiente, Responsabilidade Social, Turismo e Tecnologia, porém, na área de
Energia o melhor cenário era manter os resultados já alcançados. A partir da fala simples e
direta dos 100 milhões de MWh, uma meta desafiadora e realizável passou a fazer parte da
rotina de um time acostumado a ser desafiado. Em 2012 e 2013, não alcançamos os 100
milhões de MWh, mas eles estão em nossas mentes, pois a cada dia podemos aperfeiçoar o
que já conseguimos e dar um passo à frente, afinal, tudo isso só é possível porque temos
pessoas que sabem, querem e gostam do que fazem.
A Binacionalidade
A cada ano de trabalho na empresa ITAIPU, nós aprendemos um pouco mais sobre a
binacionalidade, a convivência de distintas culturas, a busca pelo que é melhor para ambos os
sócios. Temos duas curvas de aprendizado, uma delas é uma curva individual que se inicia e
termina com a carreira de cada brasileiro e de cada paraguaio. Mas felizmente também temos
a curva do aprendizado coletivo que se iniciou há quarenta anos, muito antes que
conseguíssemos produzir o primeiro MWh, e que torna a convivência binacional, cada dia
mais fácil e consequentemente a eficiência empresarial, cada dia mais realizável.
Cultura do Alto Desempenho
Em 2012 e 2013, nossas Equipes foram indiscutivelmente exigidas. Equipes de Engenharia,
Obras e Montagens, Manutenção e Operação foram desafiadas a dançar com as águas. Nem
bem terminavam um planejamento e as novas condições hidrológicas impunham um
replanejamento. Alarmes e anomalias em geradores, transformadores e linhas de transmissão
exigiam uma análise sistêmica, em conjunto com profissionais com conhecimentos
multidisciplinares buscando permanentemente e muitas vezes sobre pressão do tempo, dar a
resposta certa se efetivamente o gerador deveria ou não ser desligado e se isto tinha que
acontecer de forma imediata ou não.
Equipes de Programação e Estudos da Operação e da Manutenção eram desafiadas a gerenciar
diversas solicitações de desligamentos preventivos e corretivos em um cenário de incertezas
hidrológicas de tal forma a atender às premissas de segurança das pessoas e do meio ambiente
no entorno da usina, da confiabilidade dos equipamentos e dos ativos da planta assim como a
eficiência operacional em prol da produção.
Durante o ano de 2012, tivemos outro recorde menos conhecido, mas importante para o
cumprimento da estratégia. As inspeções realizadas diariamente pelas Equipes de Operação
identificaram 2.731 anomalias ainda em estágio incipiente e, portanto, eliminadas pelas
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Equipes da Manutenção sem impacto na produção, na segurança das pessoas, do meio
ambiente ou da própria planta.
Em 2012 e 2013, tivemos em cada ano mais de nove mil autorizações de trabalho envolvendo
manobras de isolação e normalização cuja grande maioria contou com a atuação competente
da nossa Equipe de Manutenção. Da mesma forma milhares de manobras de controle foram
realizadas diante de solicitações dos clientes ou mesmo diante de perturbações ocorridas.
Mesmo diante desse cenário complexo, o número de falhas humanas que resultou em impacto
na produção das equipes de Operação em Tempo Real neste biênio foi igual a zero.
Estes resultados somente são obtidos com uma Equipe cuja capacitação e motivação são
inspiradas na Cultura do Alto Desempenho. Uma Equipe que compreende seu papel diante de
duas nações, que sabe diariamente atuar numa instalação que custou bilhões de dólares para as
sociedades brasileira e paraguaia, assim como responde por parcelas do mercado brasileiro e
paraguaio com potencial único de causar um blecaute total e binacional. Uma Equipe que em
todo momento vive o paradoxo de sentir o peso desta responsabilidade sentindo orgulho disto.
Consciente do privilégio em contar com um projeto com duas características únicas: a escala e
a concentração. A escala em produzir quase 100 milhões de MWh e a concentração em poder
realizar este montante de energia em um raio menor que 5km. Características estas que
certamente permitirão cada dia mais contarmos com a energia mais competitiva e módica do
mundo, assim como com profissionais mais bem preparados, motivados e reconhecidos.
Estratégia e um Método
Se você tem uma estratégia e um método, você já sabe para onde quer ir. Se você tem uma
boa estratégia e um bom método, você está em um bom caminho. Ter uma estratégia e uma
metodologia que contribuam para a integração das atividades das diversas áreas da Diretoria
Técnica, das ações da área de Comunicação da empresa, das atividades das empresas
Eletrobrás, ANDE, ONS, Furnas e Copel, dos benefícios binacionais ainda que com suas
distintas peculiaridades ao tema “produção de energia da ITAIPU” foi realmente importante
para o resultado obtido.
Execução da Estratégia
Seria difícil responder a pergunta sobre qual ação é mais difícil: elaborar uma estratégia de
sucesso ou executá-la com sucesso? Infelizmente, não tem sido raro encontrarmos empresas
que sobrevalorizam a estratégia e subvalorizam a execução da estratégia. Foi impressionante a
quantidade de situações que apareceram no dia a dia da usina em 2012 e em 2013 que sequer
imaginávamos na fase de planejamento, ora positivas ora negativas para o resultado esperado.
Algumas delas só podíamos observar, porém muitas delas poderíamos e na grande maioria
delas agimos em prol da eficiência da produção. Executar a estratégia com qualidade exige
envolvimento de muita gente e, portanto, queima calorias, faz suar além de pensar. Exige
coerência e credibilidade com o chão de fábrica e, portanto, é preciso liderança, legitimidade,
permeabilidade e capilaridade na relação entre Gerentes, Supervisores e Equipes. Não é fácil,
mas é possível.
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