JORNADAS TÉCNICAS ISA - 2012 MANUTENÇÃO EM COMUTADORES SOB CARGA SUA REAL NECESSIDADE E PERIDIOCIDADE Autor: CARLOS GUILHERME GONZALES ENGENHEIRO Empresa: CTEEP Cargo: Engenheiro Coordenador E-Mail: [email protected] Autor: JEAN CARLOS DE OLIVEIRA, TÉCNICO EM ELETRICIDADE Empresa: CTEEP Cargo: Técnico de Manutenção Pleno E-Mail: [email protected] CATEGORIA: Equipamentos de Alta Tensão e Subestações. RESUMO A CTEEP (Cia. Transmissão de Energia Elétrica Paulista), possui em suas 106 subestações, 686 transformadores dos quais 500 utilizam comutadores sob carga. Estes comutadores também conhecidos por OLTC (On Load Tap Charger), CDC (Comutadores de carga), são equipamentos utilizados em conjunto com transformadores para variar a relação de transformação / relação de tensão destes sem que seja necessário o seu desligamento. Tais equipamentos sofrem a geração de arcos elétricos, causando o desgaste de seus contatos e à carbonização do óleo isolante de suas câmaras e a inspeção e/ou a substituição destes contatos e do óleo isolante somente podem ser executadas durante a MCCG, com a retirada do óleo e da chave de carga. Alguns fabricantes determinam prazos e processos para que essa manutenção seja realizada. Este trabalho quer levantar a real necessidade dessa manutenção e qual a peridiocidade praticada no setor elétrico e a recomendada pelos fabricantes de comutador. Este trabalho deverá ser finalizado com um modelo estatístico relacionando a manutenção em comutadores, como sendo um processo critico dentro da manutenção de transformadores e que cujos prazos devem ser cumpridos rigidamente, e apontar periodicidades de manutenção que não alterem nem provoquem risco ao sistema elétrico de potência ao qual a CTEEP esta inserida. PALABRAS CHAVES. Transformadores, comutadores sob carga, relação de transformação, óleo isolante, chave de carga, periodicidade. INTRODUÇÃO a NBR 8667/1984. Dispositivos para mudanças de ligação das derivações de um enrolamento, adequado para operação com o transformador energizado, em vazio ou em carga. Esses dispositivos consistem geralmente de uma chave comutadora, com circuito de transição e um seletor de derivações, este último dotado ou não de um pré-seletor, sendo o conjunto operado por um mecanismo de acionamento. Os Comutadores de Derivações em Carga OLTC são empregados largamente nas empresas transportadoras de energia e são praticamente indispensáveis nos transformadores dos grandes sistemas elétricos, começaram a ser utilizados a partir de 1925, tornando-se um equipamento essencial para o controle de tensão no fluxo de potência. Terminologia e definições de acordo com 1 JORNADAS TÉCNICAS ISA - 2012 1 – PRINCIPAIS PARTES DO OLTC Mecanismo de acionamento Hastes de transmissão Caixa de engrenagem de 90º Seletor de derivações Pré-seletor Chave comutadora Sistemas de proteção (Membrana, Relé de fluxo e ou sobre pressão) Conservador Indicador nível de óleo Resistência de transição Conjunto de contatos Pré-seletor Dispositivo destinado a conduzir corrente, mas não a estabelecê-la ou interrompê-la, utilizado em conjunto com um seletor de derivações ou com uma chave seletora para permitir utilizar os seus contatos e as derivações a eles ligadas, mais de uma vez no decorrer do deslocamento de uma posição extrema a outra. Chave Comutadora Dispositivo utilizado em conjunto com um seletor de derivações para conduzir, estabelecer e interromper corrente em circuitos já selecionados. 1.1 – FUNCIONALIDADES DAS PARTES Mecanismo de Acionamento Sistemas de Proteção Permitir o acionamento a motor ou manual com bloqueio elétrico e mecânico do motor Interromper o funcionamento do motor após o final de cada comutação Permitir a operação passo a passo Permitir a operação do motor nos dois sentidos (horário e anti-horário) de rotação Ter bloqueio elétrico e mecânico ao final de cada série de comutações Indicar posição do comutador Não permitir acionamento simultâneo do motor nos dois sentidos de operação Permitir a interrupção intencional do funcionamento em caso de emergência Registrar o número de operações do comutador Utilizados para manter a integridade da chave comutadora e principalmente a do transformador no caso de uma ocorrência. Conservador Dispositivo utilizado para manter uma carga de óleo sobressalente garantindo a reposição do mesmo. Indicador de Nível de Óleo Equipamento utilizado para indicar que o conservador de óleo ainda tem carga sobressalente de óleo. Hastes de Transmissão Transmite o movimento do mecanismo acionamento até a chave comutadora. de Resistência de transição Resistor ou reator que compreende um ou mais elementos que ligam a derivação em uso à derivação adjacente, a fim de transferir a carga daquela para esta sem interrupção ou modificação sensível da corrente de carga, limitando ao mesmo tempo a corrente de circulação durante o tempo em que ambas as derivações são utilizadas. Caixa de engrenagem de 90° Trabalha juntamente com as hastes de transmissão para levar o movimento até a chave comutadora. Seletor de Derivações Conjunto de contatos Dispositivo capaz de estabelecer, conduzir e interromper a corrente, combinando as funções de um seletor de derivações e de uma chave comutadora. Pares, ou combinações de pares, de contatos individuais, fixos e ou móveis, cuja operação é substancialmente simultânea. 2 JORNADAS TÉCNICAS ISA - 2012 A, B contatos (principais) paralelos (sem arco) a, b contatos (principais de comutação) a1, b1 contatos de transição Ra, Rb resistores de transição Contatos paralelos (principais) Conjunto de contatos que não tem resistência de transição em série entre o enrolamento do transformador e os mesmos. 2.3 - Seletor e Pré-seletor Contatos de comutação (principais) Conjunto de contatos que não tem resistência de transição em série entre o enrolamento do transformador e os mesmos e que interrompe corrente. Contatos de transição 2 - FALHAS COMUNS EM COMUTADORES (OLTC) Tipos de relés para proteção Relé de Fluxo Relé de Sobre pressão Membrana com Faca Hastes e caixa de transmissão; Problemas eletromecânicos inerente ao mecanismo de acionamento Quebra e ou folga das engrenagens Desajuste da chave fim de curso elétrico e ou mecânico Desgaste nos acopladores e nas hastes Relé de Fluxo Tipo RS – 1000 Canal de vazão á 10 mm (TIPOS = A, B, C, D, M) – 0,9 m/seg. Canal de vazão á 20 mm (E, F, G, K) – 2,2 m/seg. Relé de Fluxo Tipo RS – 2001 Canal de vazão á 7 mm (A, V, H, MS, M) 1 m/seg. Canal de vazão á 13 mm (T, F, G) – 3 m/seg. 2.2 - Chaves comutadoras Retirada de umidade e partículas, em comutadores de derivações em carga. Não funcionamento devido a problemas elétricos iminentes ao painel de comando ou simplesmente saturação do elemento filtrante. 3 - SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS COMUTADORES SOB CARGA (OLTC) 2.1 – Mecanismos de Acionamento Arco elétrico interno Baixa rigidez dielétrica Baixo nível de isolamento entre as hastes Baixa pressão nos contatos Operação além do fim de curso Desalinhamento dos contatos Falta ou abertura das resistências de transição Desprendimento de material adsorvente 2.4 - Filtros de óleo para comutador Conjunto de contatos que tem resistência de transição em série entre o enrolamento do transformador e os mesmos. Baixa pressão de contato Rompimento de cordoalhas de interligação Falta de sincronismo entre acionamento eletromecânico, chave comutadora e seletora Desgaste das molas e ou quebra das mesmas Seletor e Pré-seletor Baixa rigidez dielétrica do óleo Rompimento dos resistores de transição Carbonização excessiva do óleo Curto circuito nos resistor de transição Desgaste excessivo dos contatos Desalinhamento dos contatos Relé de Sobre Pressão Atuação – 0,5 kg/cm2 Atuação – 1,0 kg/cm2 3 JORNADAS TÉCNICAS ISA - 2012 4 – MANUTENÇÕES CENTRADAS NA CONFIABILIDADE (MCC) 4.1 – Evolução da Manutenção A MCC começou a ser desenhada na década de 60 com a necessidade de revisar porque e como aplicar programas de manutenção na indústria. Grupos de trabalhos desenvolveram novas técnicas para a estruturação de programas de manutenção preventiva a fim de preservar funções críticas. Inúmeros benefícios são apresentados na literatura decorrentes da aplicação da MCC em programas de manutenção, como por exemplo: redução das atividades de manutenção preventiva, redução dos custos dos programas de manutenção, aumento da disponibilidade do sistema, aumento da vida útil dos equipamentos, redução do número de itens sobressalentes especialização de pessoas e motivação para trabalhos em equipe. O objetivo desta ferramenta é assegurar que um sistema ou ítem continue a preencher as suas funções requeridas. A ênfase é determinar a manutenção preventiva necessária para manter o sistema em funcionamento. As tarefas de manutenção são otimizadas através da análise das conseqüências de suas falhas funcionais (operacionais), sob o ponto de vista de segurança, meio ambiente, qualidade e custos. Com objetivos específicos pretende-se: 4.2 – Visões Gerais das Abordagens de Manutenção Mostrar afinidade entre os objetivos da MCC e da análise de risco e estabelecer um elo entre as duas metodologias; Criar uma sistemática da análise de riscos dentro da metodologia da MCC; Identificar e classificar os modos de falha constantes no item “2” conforme o grau de risco envolvido; Identificar os componentes do equipamento que apresentam maior grau de risco em caso de falhas; Determinar a melhor maneira de atuação e intervenção com base na MCC para comutadores sob carga de acordo com recomendações dos fabricantes e histórico de manutenção interna; 4 JORNADAS TÉCNICAS ISA - 2012 4.3 – Critérios de Manutenção para Comutadores Sob Carga levando se em conta a forma pela qual a chave comutadora esta instalada, ou seja, a subestação tendo em vista a carga por ela controlada, o número de operações e a vida útil da chave comutadora. Desta forma poderemos definir melhor a real necessidade de intervenção e qual o seu melhor tempo entre cada manutenção. INTERVALO DE MANUTENÇÃO RECOMENDADO CTEEP ( 014) AEG 07 ANOS 12 ANOS ALLIS 04 ANOS 12 ANOS 20.000 A 40.000 ENGLISH 04 ANOS 12 ANOS 20.000 A 40.000 MR 06 ANOS 12 ANOS 60.000 A 100.000 SECHERON 02 ANOS 12 ANOS 40.000 SIEMENS 06 ANOS 12 ANOS 20.000 A 60.000 GE 02 ANOS 12 ANOS 20.000 A 30.000 WESTINGHOUSE 02 ANOS 12 ANOS 20.000 A 30.000 ABB 06 ANOS 12 ANOS 50.000 A 100.000 FABRICANTE IDADE DO COMTADOR (ANOS) 40.000 A 120.000 A tabela acima mostra a diferença entre o que recomenda os fabricantes quanto ao critério de intervalo de Manutenção e o número de operações entre cada manutenção e o que é praticado pela ISA CTEEP segundo a IO 014/12. 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Detectamos que hoje boa parte das chaves comutadoras da ISA CTEEP, encontra-se com um alto índice de operações, sendo um dos fatores limitantes para definir com atenção o intervalo de manutenção, uma vez que a vida útil média das chaves é de aproximadamente 800.000 operações levando se em consideração a recomendação de um dos fabricantes o qual temos maioria das chaves instaladas. Tendo em vista o aumento do número de manobras e o aumento da carga instalada nos últimos anos necessitou de uma melhor metodologia de análise com relação ao intervalo de manutenção necessária e as características próprias de cada chave levando-se em conta o tipo e recomendação de cada fabricante, local de instalação considerando a carga instalada e principalmente o número de operações realizadas pelas chaves em um período. Assim poderemos classificar e considerar diferentemente o intervalo de manutenção não desprezando o número de manobras e também atentando a vida útil da chave comutadora conforme recomendações do fabricante constante em manual. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 30 60 NÚMERO DE COMUTAÇÕES (X 1000) 90 120 150 180 210 240 270 300 330 360 390 420 450 480 510 540 570 600 630 660 690 720 750 780 810 840 870 900 930 960 12 anos 9 anos 6 anos A tabela acima mostra uma referência de como definirmos a melhor opção para intervenção relacionando o tempo de vida da chave comutadora e o número de operações além disso ela define um melhor intervalo de tempo médio e ideal entre cada manutenção tendo em vista os dados críticos relacionados diretamente a importância da chave comutadora, ou seja, a vida útil, número de comutações com o intervalo de manutenção mais adequado a cada situação de instalação de cada chave podendo estas serem segregadas em subgrupos de intervalo de manutenção. Portanto sugerimos a título de melhoria e economia tratarmos em forma de subgrupos 5 JORNADAS TÉCNICAS ISA - 2012 6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MANUAIS DE FABRICANTES; INSTRUÇÕES INTERNAS (IO OP 014/2012); COMITÊ DE ESTUDO B3 - CIGRE, MCC; PESQUISA JUNTO AOS FABRICANTES; PESQUISA JUNTO AS COMPANHIAS TRANSMISSORAS DE ENERGIA CURRÍCULO DOS AUTORES Jean Carlos de Oliveira Técnico Eletromecatrônico Liceu Noroeste - Bauru CTI - UNESP – Bauru Posição Atual Técnico de Manutenção Pleno Centro de Manutenções especiais – Bauru Divisão de Gestão de Manutenção. CTEEP – Brasil Carlos Guilherme Gonzales Engenheiro Elétrico Universidade de Marília – UNIMAR Posição Atual: Coordenador de Desenvolvimento do Centro de Manutenções especiais – Bauru Divisão de Gestão de Manutenção. CTEEP – Brasil 6