10 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FUNORTE/ SOEBRAS Fábio Echeverria AVULSÃO DENTÁRIA DE DENTES PERMANENTES: Tratamento e Prognóstico 11 POÇOS DE CALDAS-MG 2013 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FUNORTE/ SOEBRAS Fábio Echeverria AVULSÃO DENTÁRIA DE DENTES PERMANENTES: Tratamento e Prognóstico Monografia apresentada como pré-requisito para obtenção de Título de Especialista em Endodontia junto ao Centro Especializado em Pesquisa, Pós-Graduação e Tratamento Odontológico- CEPPTO. Orientador: Prof. Ms. Rodrigo França 12 Co-orientadores: Prof. Pedro Augusto R. Costa Prof. Dr. Marcelo dos Santos POÇOS DE CALDAS-MG 2013 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - FUNORTE/ SOEBRAS Fábio Echeverria AVULSÃO DENTÁRIA DE DENTES PERMANENTES: Tratamento e Prognóstico Orientador: Prof. Ms. Prof. Ms. Rodrigo França Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/SOEBRAS Co-orientador : ___________________________________________________________________________ Prof. Pedro Augusto R. Costa Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/SOEBRAS Co-orientador : ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo dos Santos Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/SOEBRAS Monitor : ___________________________________________________________________________ Dr. Luís Gustavo Leone Instituto de Ciências da Saúde – FUNORTE/SOEBRAS 13 Poços de Caldas, ________/_________/2013. DEDICO Ao meu pai, José Alberto, por proporcionar-me boas oportunidades de estudo. Hoje, sendo pai, consigo compreender a severidade em certas atitudes e hoje agradeço que tenha sido assim. À minha mãe, Olga, todos os dias sinto sua presença. Obrigado por cada palavra de incentivo, por cada benção recebida, pela oração diária e sincera, pelo carinho que tanto faz falta. Um dia nos reencontraremos. Te amo. Até breve! Aos meus sogros, Walter e Beatriz, pela confiança, pela força e por me aceitarem de forma plena e sincera como membro da família. Obrigado! À minha esposa, Paula, por entender minha ausência em momentos importantes para que eu pudesse alcançar este sonho, compreendendo que, ao final, teria ao seu lado uma 14 pessoa mais realizada e completa. Por sempre estar ao meu lado nos momentos mais difíceis. Ao meu filho, Leonardo, pelas alegrias que me proporciona, pelo sentido que traz à minha vida, por me encantar e surpreender a cada dia. AGRADEÇO Ao Prof. Dr. Marcelo dos Santos, coordenador do Curso de Especialização, grande conhecedor da Endodontia, agradeço a oportunidade por tê-lo como mestre. Ao Prof. Dr. Rodrigo C. França, com o qual tive o privilégio de sua orientação na realização deste trabalho, agradeço de forma especial pela constante disponibilidade e refinada maneira de dividir seus conhecimentos. Ao Prof. Pedro Augusto Rodrigues Costa, pela dedicação em passar seus conhecimentos, meu reconhecimento e admiração. Aos alunos e amigos de turma: Ana Marcela, Gisela, Lilian, Simone e Talita pelos momentos que vivemos de alegrias e dificuldades, que já deixam saudades. Aos monitores Carlos Villas Boas e Gustavo Leone pela disposição em compartilhar seus conhecimentos e pela paciência. 15 A Deus, pela saúde e oportunidades que me foram dadas durante toda minha vida. A todos, que direta ou indiretamente contribuíram para esta realização. 16 A boa aparência e a saúde bucal são essenciais para a integração social. Os dentes bonitos proporcionam um belo sorriso e hálito saudável, transmitem mais segurança e oportunidades. Rubens Neco RESUMO A avulsão dentária implica no total deslocamento do dente de seu alvéolo de origem, sendo uma injúria complexa, onde são danificados o ligamento periodontal, osso alveolar, cemento, gengiva e polpa. O reimplante é o único método não protético para o caso de avulsão. Esta conduta conservadora permite a preservação da função e estética, reduz o impacto psicológico decorrente da perda imediata e protela ou evita a necessidade de trabalhos protéticos. Os profissionais da área da saúde, professores da rede escolar e a população deveriam ser informados e capacitados a agir adequadamente no caso deste traumatismo. O sucesso do reimplante é influenciado por uma série de fatores. O objetivo deste trabalho é investigar o prognóstico e tratamento dos dentes permanentes avulsionados traumaticamente. PALAVRAS- CHAVE: Avulsão – Reimplante – Prognóstico - Tratamento 17 ABSTRACT The tooth avulsion implies total displacement of the tooth socket of your home, being an injury complex, where they are damaged periodontal ligament, alveolar bone, cementum, and pulp gum. The only method of treatment is not the case for prosthetic tooth avulsion is reimplantation. This conservative approach allows for the preservation of function and aesthetics, reduces the psychological impact resulting from the loss immediately and postpones or avoids the need for prosthetic works. The health professionals, school teachers and school population should be informed and empowered to act appropriately in the case of this trauma. The successful reimplantation is influenced by a number of factors. The objective of this study is to investigate the prognosis and treatment of traumatically avulsed permanent teeth. KEYWORDS: Avulsion – Replantation – Prognosis - Treatmen 18 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10 2 PROPOSIÇÃO ....................................................................................................................12 3 REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................................................13 3.1 Etiologia e Incidência..........................................................................................................13 3.2 Consequências da Avulsão..................................................................................................14 3.2.1 Paciente............................................................................................................................14 3.2.2 Dente................................................................................................................................14 3.3 Tratamento .........................................................................................................................15 3.4 Tempo Decorrido do Trauma ao Reimplante .....................................................................16 3.4.1 Reimplante imediato........................................................................................................16 3.4.2 Reimplante tardio.............................................................................................................17 3.5 Tratamento da Superfície Radicular....................................................................................17 3.6 Prognóstico .........................................................................................................................21 3.7 Meios de Armazenamento .................................................................................................12 3.8 Contenção............................................................................................................................27 3.9 Tratamento Endodôntico.....................................................................................................29 4 DISCUSSÃO ........................................................................................................................30 CONCLUSÃO ........................................................................................................................38 REFERÊNCIAS .....................................................................................................................39 19 1 INTRODUÇÃO A avulsão dental é a completa separação de um dente do seu alvéolo (cavidade óssea onde ele está inserido), constituindo-se numa das emergências mais sérias dos consultórios odontológicos. A incidência de avulsão dentária situa-se em torno de 0,5% a 16% dentre todos os traumatismos dento alveolares, e os incisivos centrais superiores são os que mais frequentemente avulsionam. Os principais fatores etiológicos que provocam este tipo de lesão são: quedas, acidentes automobilísticos, acidentes com bicicletas ou motos, prática de esportes, agressões, crises convulsivas, maus tratos, entre outros. Em relação à idade, os pacientes jovens são a grande maioria dos afetados em traumas que resultam em avulsão dental. O reimplante do elemento dental nestes pacientes, devido a pouca idade, é de primordial importância na manutenção da estrutura óssea, função e condição estética. O prognóstico do tratamento irá depender da manutenção e vitalidade das células presentes na raiz, uma vez que danos severos ao ligamento periodontal levam potencialmente a reabsorção inflamatória, anquilose ou por substituição. Assim, as maiores taxas de sucesso do reimplante dental são observadas quando o procedimento é realizado o mais rápido possível após o trauma e o armazenamento do dente é feito em meios compatíveis, por curto espaço de tempo. O reimplante tardio do dente avulsionado, mesmo com prognóstico desfavorável, deve ser realizado, pois o elemento reimplantado funciona como um mantenedor de espaço natural, mantendo a largura e espessura do osso alveolar para receber um implante futuramente. O sucesso do reimplante está associado a uma série de fatores: extensão do trauma, tempo de permanência extra-alveolar, meios de conservação, contaminação, maneira pela qual o dente é manipulado e condição do dente avulsionado. Cabe ao cirurgião-dentista conhecer as variáveis existentes nos casos de avulsão-reimplante para, através de condutas adequadas 20 ao caso, melhore o prognóstico e reduza as conseqüências indesejáveis, principalmente as reabsorções 21 2 PROPOSIÇÃO Este estudo tem por objetivo identificar os fatores envolvidos nos casos de avulsão dentária e, através do conhecimento e aplicação de protocolos clínicos adequados, favorecerem o prognóstico nos casos de reimplante. 22 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Etiologia e Incidência RUELLAS et al.(1998) relatam que segundo ANDREASEN (1981) os fatores etiológicos de avulsão dentária são, principalmente, os esportes e as brigas, bem como,em menor prevalência, crises de epilepsia, ausência de coordenação motora e acidentes automobilísticos, entre outros. Dentre os vários tipos de lesões traumáticas, a avulsão dentária- completa exarticulação do dente de seu alvéolo, figura como uma das mais prevalentes, sendo que dados estatísticos apontam freqüência que variam de 0,5 a 16,0% nos dentes permanentes, e de 7,0 a 13,0% na dentição decídua (ANDREASEN e ANDREASEN, 1994). Os pacientes mais predispostos a avulsão dentária são os portadores de maloclusão classe II, 1º- divisão de Angle, onde há a presença de um overjet acentuado. (RUELLAS et al., 1998). CÔRTES et al. (2005) após analisar 253 pacientes de ambos os sexos, portadores de avulsão traumática em 439 dentes anteriores permanentes, atendidos na Clínica de traumatismos Dentários da Faculdade de Odontologia da UFMG observaram que a maioria dos acidentes foram causados por acidente ciclístico(32%),seguidos dos traumatismos por queda(26,9%), por acidentes automobilísticos(11,8%), por violência (10,7%) e por colisões(10,5%). As demais etiologias se distribuíram em menores proporções. A grande maioria do dentes avulsionados (71,3%) era de incisivos centrais superiores. Os traumatismos dentários ocorrem principalmente em indivíduos jovens, na faixa etária de 8 a 15 anos, sendo 1,0% a 16,0% resultam em avulsões dentárias (ALENCAR e TEÓFILO, 2005). ADABO et al.(2009) relatam que a incidência de traumas dentais tem aumentado significativamente nas últimas décadas. Estudos epidemiológicos revelam que uma em cada duas crianças sofre algum tipo de trauma entre os 8 e 12 anos, sendo a avulsão dental 23 responsável por até 16% das ocorrências na dentição permanente, constituindo um problema de saúde pública. Segundo ROCHA et al. (2010), os traumatismos na faixa etária mais jovem, de 10-19 anos,tem como fatores etiológicos predominantes os acidentes com bicicletas e quedas, e acima de 20 anos ocorreu maior incidência dos acidentes motociclisticos e automobilísticos. A maior incidência das avulsões está associada aos incisivos centrais superiores, em crianças de 7 a 12 anos de idade, em razão das atividades da infância e da adolescência, favorecendo a exposição aos traumas dentais, além da menor quantidade de fibras do ligamento periodontal do dente recém-erupcionado e da rizogênese incompleta. 3.2 Consequências da Avulsão Dentária 3.2.1 Paciente Segundo CÔRTES et al. ( 2005), a perda de elementos avulsionados pode determinar um impacto psicossocial principalmente entre os adolescentes. A aparência do corpo, especialmente a da face, desempenha um papel importante nas relações humanas, sendo os olhos e a boca os componentes mais comumente associados à atração física, atuando como elementos chave nas interações sociais e na determinação do sucesso pessoal. As repercussões funcionais e estéticas na avulsão dental são imediatas. Para o paciente e seus pais, o impacto psicológico é maior que o impacto determinante da avulsão (SOARES e GOLDBERG, 2011). 3.2.2 Dente Quando um dente é deslocado para fora de seu alvéolo ocorrem danos não só nas fibras periodontais, mas também nos vasos apicais que estão incumbidos de nutrir e oxigenar as células que compõe a estrutura dentária, sendo o dano proporcional à intensidade e duração do trauma dentário ocorrido, estágio de desenvolvimento radicular e possível necrose e infecção dos tecidos envolvidos (ANDREASEN e ANDREASEN, 2001). 24 Na avulsão dentária ocorre rompimento do ligamento periodontal entre o osso alveolar e a superfície radicular do dente, sendo que parte das fibras permanece aderida ao cemento, e parte à parede alveolar (RODRIGUES et al., 2008). LOPES e SIQUEIRA (2010) relatam que ocorrendo a separação do dente de seu respectivo alvéolo há o rompimento das fibras do ligamento periodontal, que deixa células viáveis na maior parte da superfície radicular. Além disso, ocorre uma pequena lesão cementária, devido ao impacto do dente contra o alvéolo. As conseqüências são mínimas se as células do ligamento periodontal encontradas na superfície radicular estiverem hidratadas. Entretanto, se ocorrer uma desidratação excessiva antes do reimplante, as células ligamentares irão desenvolver uma resposta inflamatória intensa em toda a superfície radicular. Estas áreas lesadas são reparadas com neoformação tecidual onde com a mobilização lenta dos cementoblastos não há possibilidade de a superfície radicular ser coberta por cemento. Em determinadas regiões o osso se adere diretamente na superfície da raiz. Com o tempo, a ossificação substituirá toda a raiz, num processo denominado substituição de reabsorção que resulta na anquilose.A necrose pulpar sempre ocorre após a injúria por avulsão. A necrose da polpa não é uma conseqüência por si só, uma vez que o tecido necrótico é susceptível à contaminação bacteriana que ocorre caso a revascularização ou se o tratamento endodôntico efetivo não for realizado. A combinação de infecção no canal radicular e lesão cementária resultam na reabsorção externa inflamatória que pode ser extremamente grave e levar a rápida perda do dente. 3.3 Tratamentos das Avulsões Dentárias Para ANDREASEN (2001), o único tratamento para o caso de avulsão dentária é o reimplante. Segundo RUIZ (2003), alguns profissionais acreditam que o reimplante do elemento avulsionado é um tratamento temporário devido à possibilidade de desenvolvimento da reabsorção radicular. 25 De acordo com SIQUEIRA et al.(2008), o reimplante de dentes avulsionados mesmo que realizado de forma tardia, funciona como um mantenedor de espaço natural, pois mantém a largura e a espessura do osso alveolar. RODRIGUES et al.(2008) relatam ser o reimplante uma conduta conservadora, pois permite a preservação da função e da estética, protela ou evita a necessidade de trabalhos protéticos e reduz o impacto psicológico decorrente da perda imediata. TOLENTINO et al.(2008) descrevem que, indiscutivelmente, a melhor forma de tratar uma avulsão dentária é com o reimplante dentário, que proporciona ao paciente , ainda que temporariamente, o restabelecimento da estética e da função. 3.4 Tempo Decorrido do Trauma ao Reimplante ANDREASEN (1995) relata que quando o reimplante é efetuado num tempo entre 15 e 30 minutos, as chances de o dente permanecer no alvéolo são de aproximadamente 90%, após 30 minutos este percentual cai para 70% e, nos casos em que o dente permaneceu por 60 minutos fora do alvéolo, houve apenas 25% das possibilidades de sucesso no tratamento. 3.4.1 Reimplante imediato DE DEUS (1992) relata que, teoricamente, se um dente puder ser reimplantado no mesmo local onde ocorreu a lesão, o prognóstico é melhor que se esperar até que o paciente seja transportado para o local adequado de tratamento. A vítima deve ser assistida por uma pessoa apta e orientada, por telefone, em relação aos cuidados para realização do procedimento. As células do ligamento periodontal começam um processo degenerativo 15 a 30 minutos após a lesão, com cerca de 20% de destruição em 30 minutos, o que caracteriza a importância da reimplantação num período de curto espaço de tempo (ANDREASEN, 1995). 26 SOARES e GOLDBERG (2011) descrevem que ao receber em seu consultório um paciente que sofreu avulsão de um dente há poucos minutos, procede-se de acordo com a seguinte conduta: se o dente estiver limpo deve ser imediatamente colocado em leite frio, solução salina ou em água destilada, onde permanecerá enquanto os cuidados com o paciente e com o alvéolo são realizados. Se estiver sujo, deve ser muito bem lavado com soro fisiológico e colocado em uma das soluções recomendadas. Quando necessário, deve ser seguro pela coroa. Não deve ser raspado, escovado ou seco. 3.4.2 Reimplante tardio O reimplante dental tardio é recomendado, pois promove pelo menos temporariamente o restabelecimento da função e da estética, além de ter impacto psicológico importante na recuperação do paciente (DUGGAL et al.,1994). SIQUEIRA et al.(2008) relatam que o reimplante tardio é caracterizado pela ausência de condições mínimas para sobrevivência das células, com a manutenção do dente em meios de estocagem que não atende às necessidades celulares de nutrição, osmolaridade, pH e temperatura. Quando o reimplante é realizado com ligamento periodontal, cujas células não apresentam vitalidade tem-se prognostico biológico desfavorável, a despeito, do grande numero de pesquisas realizadas nesse campo, a reabsorção radicular é a principal causa de perda destes dentes. Os casos de reimplante tardio de dentes avulsionados são considerados de prognóstico duvidoso, pois a ocorrência de anquilose e reabsorção são fatos comuns para esta condição (ADABO et al.,2009). Segundo o autor, pelo guia de conduta em casos de avulsão dental da Associação Internacional de Traumatologia Dental- IADT (2007), é considerado reimplante dental tardio, o dente reimplantado após ter permanecido mais de 60 minutos em meio seco. 3.5 Tratamento da Superfície Radicular De acordo com KANNO et al.(2000) o uso de Emdogain, matriz derivada de esmalte, estaria baseado na promoção da regeneração do cemento, das fibras do ligamento periodontal 27 e do osso; efeitos verificados em estudos experimentais e clínicos, onde o Emdogain foi aplicado em casos de periodontites marginais com superfícies radiculares necróticas ou comprometidas. LEVIN et al.(2001) demonstraram que o alendronato teve influência significante no processo de reparação das raízes de cães reimplantados tardiamente, não inibindo a cementogênese. CAGLAR et al.(2005) ,num relato de caso de reimplante tardio, utilizaram o Emdogain como tratamento da superfície radicular dos dentes avulsionados, e após 12 meses de avaliação clínica e radiográfica não foram detectadas lesões de origem endodôntica e reabsorção radicular do tipo inflamatória ou por substituição. De acordo com POHL et al.(2005), o uso de uma terapia baseada na aplicação de glicocorticóides (dexametasona) e Emdogain, como também a administração antibiótica sistêmica de dioxicilina, seriam capazes de promover a regeneração nos dentes estocados por tempo limitado, em meio fisiológico. SCHJOTT e ANDREASEN (2005) em seu estudo clínico para avaliar a utilização do Emdogain no tratamento ou na prevenção de anquilose, relataram que o Emdogain foi ineficiente após 6 meses de avaliação. Segundo PANZARINI et al. ( 2005) o fluoreto de sódio fosfato acidulado a 2% tem demonstrado nos estudos realizados uma redução na reabsorção inflamatória e predominância de áreas de anquilose e reabsorção por substituição.O flúor provavelmente atuaria diretamente no tecido ósseo ,cemento e dentina, através da conversão da hidroxiapatita em fluorapatita, ou pela ação inibitória específica nas células clásticas, ou a associação destas duas hipóteses. PANZARINI et al. (2005) após realização de estudo em dentes de ratos, que receberam tratamento com diferentes formas de apresentação de vitamina C, os resultados mostraram mais áreas de anquilose e reabsorção por substituição do que reabsorção inflamatória , sugerindo assim a realização de mais estudos. 28 LUSTOSA-PEREIRA et al. (2006) consideram que o alendronato de sódio tem sido considerado uma substância promissora no tratamento tópico da superfície radicular de dentes avulsionados, pois semelhante ao flúor, o alendronato de sódio ( substância muito usada no tratamento de osteoporose) inibe a atividade osteoclástica durante a reabsorção óssea, pois se liga a hidroxiapatita do osso, principalmente nas superfícies afetadas pela reabsorção osteoclástica. GULINELLI et al (2006) estudaram o uso da própolis como solução para tratamento de superfície radicular , em razão das suas propriedades biológicas.Como resultado mostrou ser mais eficiente em bactérias Gram-positivas do que Gram-negativas, não eliminando completamente a ocorrência de reabsorção inflamatória. PANZARINI et al.(2007) relatam que as fibras do ligamento periodontal são incapazes de aderir à dentina, elas só conseguem aderir-se ao cemento. Sendo a composição principal do Emdogain uma matriz, ou seja, uma proteína percussora da formação do esmalte e presente na formação do cemento que seria capaz de atrair as células do ligamento periodontal em direção à raiz do dente reimplantado. A Associação Internacional de Traumatologia Dental (2007) indica a remoção mecânica dos remanescentes do ligamento periodontal através de uma gaze. A preservação da camada de cemento é importante na redução da reabsorção radicular, pois a dentina exposta na raiz do dente é mais susceptível a reabsorção do que o cemento. ESPER et al.(2007) avaliou a eficácia de duas técnicas de remoção do ligamento periodontal: uso de lâmina de bisturi e uso de escova de escova de Robinson com pedra pomes e água. Concluiu que esta última técnica se mostrou mais eficaz na remoção do ligamento periodontal aderido à raiz e que as duas técnicas foram capazes de preservar a camada de cemento POI et al. (2007) relataram em seu estudo que a solução de fluoreto de sódio fosfato acidulado a 2%, promoveu mais áreas de reabsorção por substituição, enquanto o Emdogain resultou em mais áreas de anquilose em dentes de ratos. 29 Segundo a IADT- Associação Internacional de Traumatologia Dental (2007), é indicada a imersão do dente avulsionado em solução de fluoreto de sódio a 2% por 20 minutos, e não há mais a recomendação do uso do Endogain. GUINELLI et al. (2008) relatam que outra propriedade do fluoreto de sódio fosfato acidulado a 2% seria a capacidade de inibir o crescimento bacteriano e seu metabolismo pela diminuição do pH das células. BEZERRA (2008) frente aos bons resultados obtidos com o alendronato, avaliou diferentes tempos de imersão em concentrações variadas desta substância, concluindo que, maior concentração resulta em maior adsorção, sendo maior a liberação em longo prazo e melhor o prognóstico. WINGS et al. (2008) relataram o uso da Timosina Alfa 1, que é um aminoácido sintético com múltiplas atividades biológicas diretamente relacionadas à resposta imunológica. A ação da Timosina Alfa 1 promoveu melhora da regeneração periodontal em pacientes com dentes avulsionados. O alendronato de sódio é um bifosfanato de terceira geração que promove a inibição na atividade do osteoclasto, levando a uma redução no processo de reabsorção, após injúrias traumáticas severas, além de modular a diferenciação das células conectivas dos tecidos (ADABO et al.,2009). Segundo ADABO et al.( 2009) é indicado, previamente a realização do reimplante, o tratamento da superfície radicular. O objetivo é aumentar o tempo de permanência do dente reimplantado na cavidade bucal, pela ação das propriedades químicas e biológicas destas substâncias sobre a raiz dental e tecidos adjacentes, reduzindo a reabsorção radicular, o processo inflamatório e a anquilose. O tratamento da superfície radicular do dente a ser reimplantado tardiamente é realizado com a finalidade de diminuir a ocorrência de reabsorção radicular e anquilose. O primeiro passo a ser considerado no tratamento da superfície radicular é a remoção do ligamento periodontal necrótico, pois a permanência desta estrutura ou de seus remanescentes 30 nesta condição, favorece a instalação do processo inflamatório, acarretando maior reabsorção externa da raiz e um prognóstico mais desfavorável (ADABO et al.,2009) 3.6 Prognóstico Segundo DE DEUS (1992), o sucesso do tratamento de dentes avulsionados parece estar diretamente relacionado ao tempo extra-alveolar antes do reimplante: quanto mais rápido um dente avulsionado for reimplantado, melhor será o prognóstico. TORABINEJAD e WALTON (1997) consideram que o ligamento periodontal possui boa chance de reparação se a reimplantação for feita rapidamente. O tempo e o meio de manutenção do dente utilizado são fatores fundamentais numa reimplantação bem sucedida. É importante que se preserve as células do ligamento periodontal e as fibras inseridas à superfície radicular prevenindo a desidratação do dente e minimizando a manipulação da raiz. Para RUELLAS et al.(1998), o sucesso do reimplante dependerá da associação de vários fatores, tais como a idade do paciente, tratamento da superfície radicular, terapia endodôntica, imobilização, tempo decorrido até o reimplante. Diversos estudos experimentais e levantamentos clínicos confirmaram que o período extraoral e o meio de armazenamento estão diretamente relacionados à manutenção da vitalidade das células do ligamento periodontal, principal fator determinante da cicatrização de dentes reimplantados ( SANTOS e SOARES, 2000). A conseqüência mais comum após o reimplante de um dente avulsionado é a reabsorção radicular externa, que pode ser do tipo inflamatória, ou por substituição, subseqüente a uma anquilose alvéolo dentária (CONSOLARO,2002). SIQUEIRA e LOPES (2004) relatam que o sucesso clínico da terapia do reimplante apresenta uma grande disparidade nas publicações pertinentes ao assunto, não chegando a 50% o sucesso dos tratamentos realizados. Para os autores, o tempo extra-alveolar é o fator mais importante para o sucesso da ocorrência, uma vez que a preservação das fibras periodontais é de fundamental importância, tornando-se o fator crítico no prognóstico desta 31 lesão. Outros fatores, como os meios de conservação do dente avulsionado, a forma de limpeza, a contaminação, as condições do dente avulsionado, por exemplo, a presença de cárie e doença periodontal e os meios de contenção são também variáveis que interferem no prognóstico do reimplante, uma vez que todos esses elementos relacionam-se com a vitalidade das fibras periodontais. CÔRTES et al. (2005) descrevem levantamento clínico realizado por ANDREASEN e HJORTING-HANSEN(1966) como um marco na compreensão dos fenômenos relacionados à cicatrização após o reimplante de dentes avulsionados.Os autores foram os primeiros a correlacionar os processos de reabsorção ao período extra-oral de dentes avulsionados.Seus achados demonstraram que os dentes reimplantados dentro de um período de até 30 minutos apresentam melhores índices de sucesso que aqueles recolocados após longo período extraoral. O prognóstico do tratamento irá depender da manutenção e vitalidade das células presentes na raiz, uma vez que danos severos ao ligamento periodontal levam potencialmente a reabsorção inflamatória, anquilose ou reabsorção por substituição (ADABO et al., 2009). O autor relata que a taxa de reabsorção radicular é diferente conforme a idade. Após o início da reabsorção em pacientes jovens (8-16 anos), os dentes são geralmente perdidos entre 3 a 7 anos, pois os túbulos dentinários são mais largos, permitindo acesso a um número maior de microrganismos e também pela presença de maior atividade de remodelação óssea nesta faixa etária. SOARES e GOLDBERG (2011) relatam que, se possível, deve-se realizar uma radiografia do alvéolo do dente avulsionado, pois ela pode indicar a fratura alveolar e, nessas condições, a possibilidade de êxito é muito remota. Segundo os autores, o grande número de variáveis que pode determinar o sucesso ou fracasso do reimplante impede que, mesmo com procedimentos adequados, o prognóstico possa ser feito com precisão. 3.7 Meio de Armazenamento BLÖNLÖF et al. ( 1980) ao realizarem uma pesquisa com dentes extraídos de macaco, armazenados em leite, solução salina e saliva, encontraram que o leite manteve células do 32 ligamento periodontal vitais por até três horas, demonstrando ser este um meio de armazenamento mais adequado que a saliva e a solução salina. Segundo estudo realizado por CALLESTINI (1991) para avaliar, em ratos, a solução saturada de hidróxido de cálcio por 30 minutos como meio de armazenamento, o autor observou que o hidróxido de cálcio não preservou o ligamento e também não impediu a reabsorção radicular. NODDENVALL (1992) relatou caso de um paciente que, após uma avulsão, teve seu dente armazenado por 12 horas em copo de leite, para só então procurar um cirurgião dentista e ter seu dente reimplantado. Ele relatou também que acompanhou com sucesso o caso por 5 anos, quando, devido a um novo trauma, teve de extrair dente e pode examiná-lo histologicamente, comprovando seu sucesso. Concluiu que, após um longo período extra-oral, o dente avulsionado ainda pode ter células periodontais sobreviventes, desde que armazenado em meio adequado,sugerindo ser o leite um excelente meio de armazenagem. KRASNER e PERSON (1992) fizeram um estudo para testar um novo meio para conservar os dentes avulsionados até o reimplante, a solução de Hank’s. Concluíram que a solução obtinha melhores resultados que os outros meios, inclusive o leite, porém tinha o inconveniente de ser muito difícil de ser encontrada, em uma emergência. DE DEUS (1992) considera o alvéolo dental o local ideal para o transporte do dente, mesmo se, por qualquer razão, o dente precise ser removido do alvéolo e, então, reimplantado novamente. Segundo o mesmo autor, outro melhor meio de transporte é a própria boca do paciente, mantendo o dente no vestíbulo bucal. O leite pode também ser usado como meio de transporte, tendo como vantagem ser facilmente encontrado. O método menos favorável para o transporte é a água, sendo ele ainda melhor do que deixar o dente secar por não tê-lo colocado em um meio líquido. ] PATIL et al. ( 1994) realizaram um estudo in vitro para examinar a efetividade do leite e da solução salina na manutenção na manutenção da viabilidade das células do ligamento periodontal. Utilizaram pré-molares humanos extraídos por razões ortodônticas, que foram mantidos a seco por 10 minutos e a seguir armazenados por duas horas em leite ou solução salina. Foi utilizada a técnica de coloração do diacetato fluorescente para determinar a 33 viabilidade das células periodontais, e um hemocitômetro para obter o número das mesmas. Concluíram que a viabilidade das células do ligamento periodontal pode ser mantida, deixando-as 10 minutos a seco, seguindo-se com o armazenamento de no máximo 2 horas em leite ou solução salina. A solução salina é menos prejudicial ao ligamento periodontal do que a saliva, devido a ausência de bactérias ( ANDREASEN et al.,1995). Segundo TORABINEJAD e WALTON (1997), o melhor meio de transporte é um recipiente limpo e desinfetado acondicionando o dente imerso em solução salina fisiológica; o leite é uma excelente alternativa. A saliva é aceitável, enquanto a água não é um bom meio para manutenção da vitalidade das células. O melhor meio de armazenagem é o próprio alvéolo, podendo ser usado em ordem, de preferência, a própria saliva, o leite, seguido pela solução fisiológica. ( RUELLAS, 1998) MIRANDA et al.(2000) citam revisão de literatura sobre reimplante dental realizada por MORGADO (1992), onde o autor conclui que o melhor meio de armazenagem do dente avulsionado, quando não é possível sua imediata recolocação, é o leite, devido ao seu pH básico e a sua osmolaridade.Os autores indicam o leite o leite tipo A ou longa vida por serem mais confiáveis microbiologicamente. Estudos experimentais indicam que o meio de armazenamento mais do que a do período extra-alveolar, determina o prognóstico dos reimplantes dentários (ANDREASEN, 2001). O armazenamento em meio adequado do dente avulsionado tem por objetivo minimizar a resposta inflamatória pós-reimplante, pois evita o ressecamento e mantém por mais tempo a viabilidade das células do ligamento periodontal (TROPE,2002). O meio em que o dente está armazenado está relacionado diretamente no nível de reabsorção radicular e na cicatrização pulpar e tempo extra-alveolar tem menor conseqüência quando o dente foi armazenado em meio úmido (FINUCANE e KINIRONS, 2003). 34 KENNY et al.(2004) observaram que o ligamento periodontal não se regenera de forma normal, quando há uma exposição extra-alveolar maior que 5 minutos e , principalmente , se o dente não ficar em um meio de armazenagem, permanecendo a seco. Se tal condição se mantiver por mais de 15 minutos, as células do ligamento periodontal ficam incapazes de se reproduzirem e se diferenciarem em fibroblastos, estando comprometidas em 30 minutos. Se o dente foi armazenado em meio úmido, principalmente nos primeiros 15 minutos após a avulsão, as células do ligamento e do cemento podem sobreviver e regenerar. Na impossibilidade da realização imediata do reimplante, o dente deverá ser colocado em meio úmido, preferencialmente leite pasteurizado para ser transportado até um consultório odontológico ou pronto-atendimento (BERESTINO et al.,2004). MARTIN e PIEGGI (2004) concluíram que a própolis foi capaz de manter mais células viáveis do que o leite, após 45 minutos; resultados proporcionados pelas propriedades antimicrobianas e antiinflamatórias da própolis. SIQUEIRA e LOPES (2004) relatam que o meio de estocagem de um dente avulsionado deve ser capaz de manter fisiologicamente o pH, a osmolaridade e metabolismo e, desta forma, as fibras periodontais podem ser conservadas com vitalidade e viabilidade por períodos que permitam o transporte do dente até a chegada no consultório. Dentre as soluções mais usadas para armazenamento, os autores abordam as seguintes: Leite - meio isotônico, com pH ligeiramente alcalino, bem como sua osmolaridade é relativamente livre de bactérias, sendo considerado um excelente meio de estocagem.O leite ainda possui nutrientes, como proteínas e enzimas que mantém a vitalidade do ligamento periodontal por aproximadamente seis horas. Saliva - não é indicada, uma vez que suas medidas de osmolaridade mostraram que ela é hipotônica, além de oferecer riscos de contaminação do ligamento por bactérias, favorecendo o aparecimento de reabsorções inflamatórias. Soro fisiológico - apesar de isotônico, não apresenta condições melhores que a saliva e permite vinte minutos de permanência extra-alveolar. Água com baixa concentração de cloro - as condições hipotônicas da água de torneira provocam rápida lise celular, tornando o meio tão prejudicial quanto deixar o dente em ambiente seco. Solução salina balanceada de Hank’s - um meio de cultura com excelente capacidade de manter a vitalidade das células do ligamento periodontal, é relativamente de baixo custo e tem validade de dois anos em temperatura ambiente. ViaSpan - 35 um meio usado para o transporte de órgãos, prolongando sua vitalidade antes de serem reimplantados, sendo também excelente para o ligamento periodontal de dentes avulsionados. Segundo CONSOLARO (2005), o leite a saliva são meios de armazenagem bastante estudados, apresentando resultados satisfatórios para dentes avulsionados. Provavelmente são secreções glandulares derivadas dos tecidos de natureza epitelial e contém EGF na sua constituição. Sendo assim, pela presença deste peptídeo, quando do embebimento do dente nessas substâncias, dificulta-se a proximidade do tecido ósseo na superfície dentária, diminuindo a instalação da anquilose alvéolo-dental. CÔRTES et al. (2005) consideram ideais meios de armazenamento especiais tais como HBSS, Meio de Eagle, ViaSpan e Conditioned Medium para manutenção ou revitalização das células do ligamento periodontal e por isso deveriam estar em locais onde acidentes geralmente ocorrem: escolas, ginásio de esportes, ambulâncias, hospitais e serviços de pronto atendimento odontológico. O leite é um excelente meio de armazenamento desde que o implante seja realizado dentro de seis horas, e devido a sua amplitude e facilidade de acesso continua a ser a melhor opção a ser indicada e divulgada para a população em geral. Sayão Maia et al. (2005) recomendam, quando o reimplante imediato não é possível, os seguintes meios de armazenamento por ordem de preferência: ViaSpan, solução de Hanks, leite, soro fisiológico, saliva e água. Na ausência de soluções comerciais, leite desnatado e gelado é preferível para o transporte do dente avulsionado. Na impossibilidade de usar leite, prefere-se soro. A saliva e a água parecem ser prejudiciais para a viabilidade das células pela presença de bactérias, desfavorecendo o pH e a osmolaridade. FLORES et al.(2007), após estudos recentes e com maior quantidade de casos, confirmam que o ligamento periodontal permanece viável, se mantido em meio de armazenamento por um período de até 60 minutos ou em meio seco, por no máximo 15 minutos. SILVA et al. (2009) citam o Endogain como outro meio de armazenagem que promove migração, proliferação e diferenciação dos fibroblastos no ligamento periodontal. 36 Segundo ADABO et al.(2009), o leite é capaz de manter viáveis, 50% das células após 12 horas, enquanto que após 3 horas de conservação em saliva, não houve nenhuma célula viável. SOARES e GOLDBERG (2011) relatam que a água e a saliva devem ser evitadas, pois são líquidos contaminados, não apresentam pH ideal e osmolaridade compatível com as células do ligamento periodontal. Já a solução salina proporciona bons resultados quando o dente é armazenado num período de 10 minutos após o trauma; passado esse período, ocorre desidratação das células e sua ação é ineficaz. 3.8 Contenção ANDREASEN (1985) em estudos com macacos que tiveram dentes extraídos, mantidos a seco por uma hora, tratados endodonticamente e reimplantados. Os animais foram posteriormente submetidos à dieta líquida e sólida. Dos animais submetidos à dieta sólida, obteve-se significativamente, menos anquilose e aumento na incidência de ligamento periodontal normal quando comparada com animais da dieta líquida, concluindo sobre a importância do estímulo funcional. OIKARINEN et al.(1987) preconizou o uso de fixação funcional para dentes avulsionados, por permitir discretos movimentos verticais dos dentes. O estímulo mastigatório precoce previne e remove pequenas áreas de reabsorção por substituição. Através do estímulo funcional há rápida proliferação de vasos sanguíneos e fibroblastos no ligamento periodontal. Segundo DE DEUS (1992), frequentemente é desnecessário realizar amarria se o dente estiver firme em sua cavidade. Entretanto, se houver mobilidade, ele deve ser estabilizado com um splint não rígido, se possível. O autor relata que um método ideal é prender um fio de nylon na superfície labial do dente reimplantado e dos dentes adjacentes, usando resina de ataque ácido. O splint deve ser deixado no lugar apenas o tempo suficiente para o reatamento das fibras do ligamento periodontal, na maioria dos casos de uma a duas semanas, quando o splint deve ser removido. 37 De acordo com ANDREASEN (1992), a proposta de realizar a imobilização deve-se ao fato de permitir a estabilidade durante os estágios iniciais de cicatrização do ligamento periodontal, onde o dente tem mais chances de ser perdido. O método de imobilização e o tempo de manutenção da mesma visam favorecer a reparação tecidual e são determinados pela situação clínica. O que irá definir, segundo o autor, a imobilização como rígida ou semi-rígida (funcional) é o tipo de material utilizado e o tempo que ela ficará na boca do paciente. Isso será determinado pela presença ou não de fratura óssea. FERNANDES (1995) recomendou, para dentes que ficaram em meio seco por mais de duas horas após a avulsão, imobilização de 4 a 6 semanas com uma contenção rígida. DIANGELIS e BAKLAND (1998) afirmaram que o dente necessita ser estabilizado com esplintagem de fio metálico e resina, o que daria a possibilidade de regeneração do ligamento periodontal e reduziria as chances de anquilose. A imobilização semi-rígida permite arranjo funcional das fibras do ligamento periodontal, evitando a anquilose (RUELLAS, 1998). A contenção deve ser deixada por apenas uma semana (FLORES et al.,2001). A imobilização ideal deve apresentar os seguintes requisitos: ser de fácil execução tanto para colocação quanto para remoção; manter adequada estabilização por todo período de imobilização; permitir movimento fisiológico do dente; não interferir na oclusão; ser de fácil higienização; não agredir tecidos moles; ser esteticamente aceitável; possibilitar realização de teste de sensibilidade e acesso endodôntico (MAIA et al. 2009). Segundo o autor, as esplintagens mais comumente usadas são: Compósito, Barra de Erich, Fio de Sutura e Compósito, Fio de Aço e Compósito, Fio de Nylon e Compósito, Bracket Ortodôntico, TTS imobilização para trauma em titânio e Ribbond. O tipo de contenção e o tempo que ela deve permanecer são fatores que influenciam no sucesso do tratamento (SOARES e GOLDBERG, 2011). 38 3.9 Tratamento Endodôntico DE DEUS (1992) considera ser o prazo de duas semanas o ideal para início do tratamento endodôntico, sendo exceção caso de dente avulsionado imaturo, com forame apical bem aberto, onde há potencial de revascularização pulpar. TORABINEJAD e WALTON (1997) indicam preferencialmente o tratamento endodôntico para dentes com maturidade após o prazo de uma semana e antes da remoção das amarrias. Dentes imaturos, com ápice radicular muito aberto, podem sofrer revascularização, mas devem ser avaliados em intervalos regulares de 2,6 e 12 meses após reimplantação. Se as avaliações indicarem necrose pulpar, o tratamento do canal radicular - provavelmente incluindo a apacificação- está indicado. Segundo CÔRTES et al. (2005), o momento em que se inicia o tratamento endodôntico é o fator mais importante no que diz respeito à sobrevida dos dentes reimplantados. Enquanto sugere a literatura que em dentes imaturos o tratamento endodôntico possa ser postergado, ele deve ser feito dentro de duas a três semanas após o reimplante de dentes com rizogênese completa para se evitar a propagação da reabsorção radicular externa inflamatória. SAYÃO MAIA et al. (2005) relatam que a necrose pulpar é esperada na maioria dos casos de reimplante, em função do rompimento do feixe vasculo-nervoso, sendo nesses casos indicado o tratamento endodôntico. 39 4 DISCUSSÃO Os fatores etiológicos mais freqüentes associados à ocorrência de avulsões dentárias são a prática de esportes, quedas, acidentes ciclísticos e automobilísticos agressões, crises convulsivas, ausência de coordenação motora ( ANDREASEN,1981; DEMARCHI et al.,1999; VASCONCELOS et al.,2001; GOÉS et al.,2005; SANABE et al.,2009). ALENCAR e TEÓFILO (2005), ADABO et al. (2009) e ROCHA et al. (2010) concordam que a incidência de traumatismos dentários ocorrem principalmente em pacientes jovens, na faixa etária de 7 a 12 anos, sendo que 1,0% a 16,0% resultam em avulsões dentárias, evento favorecido pela menor quantidade de fibras do ligamento periodontal do dente recém-erupcionado e da rizogênese incompleta. Os elementos dentais mais susceptíveis ao trauma são os incisivos centrais superiores (PANZARINI et al.,2003; SORIANO et al.,2004; ROCHA et al.,2010; LOPES e SIQUEIRA,2010). Em relação ao gênero, SORIANO et al.( 2004) relatam que o sexo masculino é acometido cerca de duas vezes mais que o sexo feminino. PANZARINI et al. ( 2003) relataram uma proporção entre o sexo masculino e o feminino de 3:1, relatando que a maior incidência ocorreu na faixa entre 10 e 19 anos. CÔRTES et al. ( 2005) após análise de prontuários de pacientes traumatizados atendidos na UFMG concluiu que a amostra era representada prioritariamente por pacientes do sexo masculino ( 71%).ALMEIDA et al.(2009) relatam estudo feito com 123 pacientes atendidos na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo no período de 1988 a 1992, onde o gênero masculino sofreu 66% das injúrias traumáticas contra 34% ocorridas no feminino. Quando ocorre a avulsão traumática do dente, as repercussões funcionais e estéticas são imediatas. Para CÕRTES et al. (2005) esta perda pode determinar impacto psicossocial, principalmente entre os adolescentes. SOARES e GOLDBERG (2011) concordam que, para o paciente e seus pais, o impacto psicológico é maior que o impacto determinante da avulsão. A avulsão ocasiona o rompimento das fibras do ligamento periodontal, danos nos vasos apicais que nutrem e oxigenam a estrutura dentária, sendo o dano proporcional à 40 intensidade e duração do trauma ocorrido e estágio de desenvolvimento radicular. ANDREASEN e ANDREASEN, 2001 ; LOPES e SIQUEIRA, 2010 relatam que a necrose pulpar sempre vai ocorrer, sendo necessário evitar a infecção do tecido pulpar necrótico, com a realização do tratamento endodôntico quando não houver revascularização. O reimplante do dente avulsionado é uma conduta conservadora que permite a manutenção da estética e da função, evita ou protela o uso de próteses e reduz o impacto psicológico devido à perda imediata do dente ( ABRANS,1978; ESTEVÃO et al.,1998; ANDREASEN e ANDREASEN,2001; VASCONCELOS et al., 2001). Antes do ato de reinserção do dente no alvéolo deve-se realizar exame de cabeça e pescoço, histórico de saúde e avaliação neurológica. Na anamnese três perguntas são fundamentais para se determinar o diagnóstico, prognóstico, conduta e terapêutica: Quando, Como e Onde? ANDREASEN,1991; FRIED e ERICKSON,1995; VASCONCELOS et al.,2003; LOPES e SIQUEIRA,2010). MIRANDA et al.(2000) relatam em artigo sobre fatores que influenciam no sucesso do reimplante dental diversos estudos sobre o tema, dentre os quais: MACKIE e WORTHINGTON(1992) avaliaram 36 crianças que tiveram 46 dentes permanentes reimplantados e controlados radiograficamente por período de um ano e meio a cinco anos.Levaram em consideração o período de tempo que o dente estava fora do alvéolo, os métodos de armazenagem,a condição da polpa,o estágio de desenvolvimento da raiz. Concluíram que, na ordem, os fatores que mais influenciam não reimplante são o período extra-oral, tipo de armazenagem e estado da polpa, mas estes fatores agem sempre em conjunto, não podendo ser analisados separadamente. PORTELA (1993), em revisão de literatura, concluiu que o sucesso dos reimplantes dependem, de maneira geral, de fatores extra-consultório sobre os quais os cirurgiões dentistas não tem controle. BHAMBHANI (1993), ao relatar o caso de um dente reimplantado após 45 minutos de período extra-oral, em que não obteve sucesso, concluiu que o período extra-oral de até 30 minutos é um fator preponderante para o sucesso do tratamento. ANDREASEN (1995), após analisar 400 dentes reimplantados, concluiu que o mais importante fator que influencia em um tratamento é o período extra-oral,e, quanto menor for o tempo do dente fora do alvéolo, maior será a probabilidade de sucesso. 41 NICOLA (1987), PERRI de CARVALHO (1988), ABBOTT (1991), BHAMBHANI (1993), ANDREASEN (1995) concordam que o reimplante no período de 15 a 30 minutos do dente fora do alvéolo é o ideal para a tentativa de se obter sucesso. Entretanto, alguns autores mostraram que, mesmo dentes com período extra-oral superior a 30 minutos podem ser reimplantados com sucesso, como GONDA (1990), NORDENVALL (1992) e MACKIE E WORTHINGTON (1992). Quando o reimplante imediato não for possível, o ideal é que dentes avulsionados sejam armazenados em um meio que mantenha tanto a vitalidade quanto a viabilidade das células periodontais e que seja facilmente obtido no local do acidente. ALENCAR e TEÓFILO (2005) relatam diversos estudos realizados sobre meio de conservação de dentes permanentes avulsionados, dentre os quais destacamos: HARKACZ et. al (1997) observaram in vitro que o Gatorade ( pH2,8-2,92) era similar a água de torneira, não mantendo a viabilidade das células do ligamento periodontal, a qual foi reduzida para 5,0% em 60 minutos. As células incubadas com leite desnatado mantiveram sua viabilidade em 75% em 210 minutos, sendo superior ao leite integral. A saliva reduziu a viabilidade das células a 25% em 210 minutos. PEARSON et al. (2003) avaliaram in vitro a eficácia do leite pasteurizado e substitutos do leite na manutenção da viabilidade das células do ligamento periodontal humano. Foram utilizados a bebida láctea pronta (Similac), o leite em pó reconstituído com água deionizada ( Enfamil-Easy-One), leite evaporado e outro instantâneo. Após 2 horas, o Similac e o Enfamil conseguiram manter um número maior de células viáveis que o leite integral. Mas após 8 horas todos os substitutos do leite apresentavam resultados piores na viabilidade das células do ligamento em relação ao leite integral. As propriedades biológicas do leite, osmolaridade similar a do fluido extra-celular (250-270 mOsm/kg) e presença em sua composição de substâncias nutricionais e de fatores de crescimento, somadas à facilidade de aquisição, o fazem um bom meio de transporte de dentes avulsionados (BLOMLOF et al.,1983; NORDENVALL,1992). Existem controvérsias com relação à manutenção da viabilidade celular pelo leite. Os resultados obtidos por TROPE e FRIEDMAN (1992) mostraram que o leite não tem capacidade de reconstituir metabólitos celulares perdidos e, conseqüentemente, de restaurar a 42 viabilidade. As células permaneceram vivas, mas sem energia e íons suficientes para a recolonização da superfície radicular.. NORDENVALL (1992) , LEKIC et al.(1998) demonstraram em suas pesquisas que o leite é mais eficaz como meio de armazenamento quando submetido a baixas temperaturas. Os resultados dos estudos (TROPE e FRIEDMAN,1992; LEKIC et al.,1998; HUPP et al.,1998) comprovaram que, embora a solução salina balanceada de Hank, o Viaspan e a solução Custodiol, preparados comercialmente, assim como a cultura de tecido e o meio condicionador, obtidos no laboratório, sejam de acesso mais difícil, sua efetividade sobre as células periodontais é superior a do leite. A preparação radicular é importante para o sucesso dos dentes reimplantados. Dentes com tempo extra-alveolar inferior a 60 minutos e ápice fechado recomenda-se apenas a limpeza com solução salina para a remoção de detritos. STORRER et al.(2005), LOPES e SIQUEIRA (2010) citam o Emdogain como medicamento de bom potencial para dentes avulsionados com período de ressecamento entre 20 a 60 minutos, pois este permite a regeneração das estruturas periodontais destruídas. Em dentes onde o tempo extra-alveolar é inferior a 60 minutos e apresenta ápice aberto há a possibilidade de revascularização e formação apical. Alguns autores como GVEK (1999),YANPISET et al.(2002),TROPE (2002) e LOPES e SIQUEIRA recomendam a lavagem do elemento avulsionado em solução salina e sua imersão em doxiciclina ou minociclina por 5 minutos , pois os mesmos observaram aumento da revascularização e cicatrização periodontal ao adotarem tal procedimento.Caso ocorram alterações patológicas no acompanhamento radiográfico( 3 a 4 semanas), o tratamento endodôntico deve ser instituído. O tratamento da superfície radicular do dente a ser reimplantado tardiamente é realizado com a finalidade de diminuir a ocorrência de reabsorção radicular e anquilose. Nestes casos, preconiza-se a remoção do ligamento periodontal necrótico. ESPER et al. avaliaram que tanto o uso de lâmina de bisturi quanto o uso de escova de Robinson com pedra pomes e água foram eficazes na remoção do ligamento periodontal 43 aderido a raiz, preservando a camada de cemento. Porém a IADT –Associação Internacional de Traumatologia Dental (2007) recomenda a remoção mecânica deste ligamento através de uma gaze. ADABO et al. (2009) relatam proposta feita por KANNO et al.( 2000) de se utilizar o hipoclorito de sódio para remoção química do ligamento periodontal. Esta solução é conhecida pela sua capacidade germicida e dissolução de matéria orgânica, sendo tais características diretamente proporcionais à concentração da solução, assim como sua toxicidade. SONADA (2000) concluiu em seu estudo que as concentrações de 1% e 2,5% proporcionaram resultados semelhantes entre si, mas de melhor qualidade do que as concentrações de 5% e 10%, todas com o tempo de imersão de 1 hora. Outra consideração feita é que a solução de hipoclorito de sódio poderia ser tóxica aos tecidos periodontais, possivelmente pelo seu pH alto, ocasionando a formação de fibras encapsuladas, que interferiam na manutenção do dente no alvéolo. Substâncias para o tratamento da superfície radicular como o flúor, acetazolamida, ácido cítrico, acido clorídrico, Emdogain, tetraciclina, doxicilina, vitamina C, nitrato de gálio e alendronato são relatadas, mas nenhuma delas apresenta-se totalmente eficaz na manutenção do dente reimplantado tardiamente. A imobilização visa permitir estabilidade ao dente avulsionado durante os estágios iniciais de cicatrização do ligamento periodontal. ANDREASEN (1985), OIKARINEN et al.(1987), DE DEUS( 1992),RUELLAS (1998) concordam que uma imobilização semi-rígida promove estímulos funcionais, favorecendo a reparação tecidual e diminuindo as áreas de reabsorção e anquilose. Porém FERNANDES (1995) recomendou que, dentes avulsionados e conservados em meio seco por mais de duas horas após a avulsão, fossem imobilizados com contenção rígida por 4 a 6 semanas. Segundo ANDREASEN (1992), o tipo de contenção a ser utilizado dependerá da presença ou não de fratura óssea. MAIA et al.(2009) classificam como ideais as contenções com os seguintes requisitos: fácil colocação e fácil remoção, permitir movimentos fisiológicos, não alterar a oclusão, fácil higienização, esteticamente aceitável, não agredir tecidos moles e permitir acesso endodôntico e teste de sensibilidade. A maioria dos autores sugere o uso de fio ortodôntico ou de nilon fixados com resina fotopolimerizável na face 44 labial dos dentes adjacentes ao elemento reimplantado. MAIA et al. (2002) relatam que a imobilização para trauma de titânio é o dispositivo mais tolerado pelos pacientes. DE DEUS (1992), RUELLAS (1998), FLORES et al.(2001) indicam a permanência da contenção de uma a duas semanas, quando o splint deve ser removido. Segundo SOARES e GOLDBERG (2011) experiências em animais mostraram a redução de 20% a 40% no índice de reabsorção em dentes traumatizados com a administração de antibiótico, que deve se estender da consulta de urgência até a remoção da contenção. O antibiótico de escolha é a tetraciclina pela capacidade de redução da motilidade dos osteoclastos e da ação da enzima colagenase diminuindo a reabsorção radicular. Em situações onde o paciente é susceptível a pigmentação, LOPES e SIQUEIRA (2010) indicam a penicilina e VASCONCELOS et al. (2001) sugerem a substituição por eritromicina ou cefalosporina em caso de pacientes alérgicos a penicilina. SOARES e GOLBERG (2011) relatam que o paciente deve ser encaminhado dentro de 48 horas após a injúria para avaliação da necessidade de terapia antitetânica. Em relação ao tratamento endodôntico propriamente dito, COCCIA (1980), ANDREASEN (1991),GREGORIOU et al. (1984), TROPE (2002) relatam que o tempo extra-alveolar é fator a ser levado em consideração para início da terapia endodontica. DE DEUS (1992), TORABINEJAD e WALTON (1997) relatam que dentes imaturos, com tempo extra-alveolar inferior a 60 minutos e ápice radicular muito aberto podem sofrer revascularização. Devem ser avaliados regularmente. TROPE (2002), LOPES e SIQUEIRA (2010) recomendam o acompanhamento clínico e radiográfico por 3 a 4 semanas, enquanto TORABINEJAD e WALTON (1997) indicam 2, 6 e 12 meses como período para avaliação. Se houver sinais radiográficos de reabsorção, dor à palpação e percussão, o procedimento de apacificação deve ser iniciado. Em dentes com ápice aberto e tempo extra-alveolar superior a 60 minutos, o índice de sucesso é mínimo. LOPES e SIQUEIRA (2010) observaram estudos para, nesses casos, avaliar a reimplantação da raiz com rígido acompanhamento, permitindo que o comprimento e largura do osso alveolar sejam mantidos para colocação de um possível implante futuramente. MAIA et al.(2005) e LOPES e SIQUEIRA (2010) relatam que , nesses casos, o tratamento endodôntico deve ser realizado na visita de emergência fora da boca .Já a Associação 45 Internacional de Trauma Dental – IADT(2007) recomenda não implantar dentes avulsionados com ápice aberto e tempo extra-oral maior que 60 minutos. Em dentes com ápice fechado não há chances de revascularização. O tratamento endodôntico deve , segundo TORBINEJAD e WALTON (1997),LOPES e SIQUEIRA (2010) , ser iniciado após 1 semana do reimplante.Já SOARES e GOLDBERG (2011) recomendam o tratamento endodôntico após 3 dias.CÔRTES et al. (2005) sugerem de 2 a 3 semanas para realização do tratamento endodôntico. Com a terapia endodôntica iniciada nesse período a polpa encontra-se sem infecção ou no máximo com infecção mínima. Segundo LOPES e SIQUEIRA (2010) quando a avulsão ocorreu há mais de 2 semanas ou se existem sinais de reabsorção, o tratamento com hidróxido de cálcio deve ser em longo prazo.O canal radicular deve ser instrumentado completamente, irrigado e então preenchidos com uma mistura de hidróxido de cálcio e solução salina estéril ou anestésico. TRONSTAD et al. (1981) estudou sobre a mudança do pH no interior dos canais radiculares observaram que o hidróxido de cálcio promoveu a inativação dos clastos, podendo prevenir e controlar reabsorções inflamatórias.TROPE (1995) afirma que esta terapêutica oferece, em dentes com reabsorção inflamatória já instalada, melhores resultados se o curativo com hidróxido de cálcio for usado por longo período.O ideal seria a troca de 30 em 30 dias, com controle radiográfico. A troca deve ser realizada até que a lâmina dura seja detectada sem interrupções. As reabsorções são as seqüelas mais sérias e freqüentes que podem ocorrer, podendo ser classificadas em três tipos: reabsorção superficial, reabsorção inflamatória e reabsorção por substituição (RODRIGUES et al.,2010). Segundo SOARES e GOLDBERG (2011) caso sinais de reabsorção permaneçam ou apareçam após 6 meses de tratamento com hidróxido de cálcio, o paciente deve ser preparado psicologicamente para a extração e um novo plano de tratamento deve ser elaborado. 46 Em relação ao material obturador do canal radicular em dentes reimplantados tardiamente, PANZARINI (2008) comparou o cimento a base de hidróxido de cálcio e o MTA em seu estudo em macacos, onde concluiu que não houve diferença significativa entre ambos, sendo o MTA uma alternativa viável para a obturação dos dentes reimplantados tardiamente O acompanhamento nos casos de reimplante é imperioso. Para TROPE (2003), devese proservar por um período de 5 anos para determinar o resultado (sucesso ou insucesso). Por sua vez, Fernandes (1995) preconizou uma proservação mínima em torno de 2 a 3 anos. 47 CONCLUSÃO Parece-nos lícito concluir que: - Lesões traumáticas resultantes em avulsão dentária ocorrem com relativa freqüência, acometendo principalmente indivíduos jovens. - O reimplante, mesmo que tardio, é um tratamento conservador que permite a preservação da função e estética, reduz impacto psicológico, e evita ou protela a necessidade de tratamento protético. - O prognóstico do reimplante está diretamente associado à manutenção da vitalidade e viabilidade das células do ligamento periodontal. - O sucesso do reimplante é multifatorial, onde o fator tempo decorrido da avulsão até o seu reposicionamento no alvéolo tem importância fundamental no resultado, aumentando a taxa de sobrevida. - Os profissionais deveriam conhecer todos os fatores envolvidos nos casos de avulsão/reimplante para adotarem melhores condutas, orientar corretamente os pacientes, melhorando assim o prognóstico. 48 REFERÊNCIAS ABBOTT, P. 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