FACULDADE DE ODONTOLOGIA – UERJ
DISCIPLINA DE SBC II
Prof. Urubatan Medeiros
Profa. Carolina Borges
Epi + demos + logos =
epidemiologia

Conceito:
É o estudo da distribuição do estado ou
eventos de saúde-doença e de seus
determinantes em populações específicas, e
a aplicação desse estudo para o controle dos
problemas de saúde.
(Last, JM. A Dictionary of Epidemiology, 2ª ed. New York, Oxford University
Press, 1988.)

A ocorrência e distribuição dos eventos
relacionados à saúde não se dão por acaso;
Existem fatores determinantes das doenças
e agravos da saúde que, uma vez
identificados, precisam ser eliminados,
reduzidos ou neutralizados.

1-Suspeita em relação a uma possível influência de um
fator na ocorrência de uma doença ( prática clínica, a
analise de padrões da doença, observações de
pesquisa laboratorial ou especulação teórica).
2- Formulação de uma hipótese específica.
3- Teste da hipótese através de estudos
epidemiológicos que incluem grupos adequados de
comparação para:
• Determinar da existência de uma associação
estatística
• Avaliar a validade de qualquer associação
estatística ( acaso, viés...)

Associação entre consumo regular de café e
doença periodontal (estudo de coorte)*
Risco relativo (RR) = (20/50)/(10/50)
2,00
=
(IC95%: 1,04-3,83; p=0,03)
Risco relativo (RR) = (6/10)/(4/40) =
6,00
(IC95%: 2,08-17,29; p<0,00)
Risco relativo (RR) = (30/40)/(20/60) =
2,25
(IC95%: 1,51-3,36; p<0,00)
*In: Luiz RR, Costa AJL, Nadanovsky P. Epidemiologia e Bioestatística na Pesquisa Epidemiológica. São Paulo: Editora
Atheneu,
2005 (páginas 343 e 344).

Epidemiologia Descritiva (Onde? Quando?
Como? Quem?)

Epidemiologia Analítica
Tipos de Estudos Observacionais: Coorte, Casocontrole, Transversais e Ecológicos
Tipos de Estudos Experimentais: Ensaios clínicos
e ensaios clínicos comunitário
-
-
ÍNDICES
Indicam a frequência com que ocorrem
certas doenças e eventos na comunidade,
podendo incluir ou não, uma indicação do
grau da severidade da doença.
Quando são utilizados

Via de regra, os índices são empregados
em estudos de prevalência e incidência.
Prevalência: Frequência de casos de uma
doença, existente em um dado momento.

É uma medida estática, casos existentes
detectados através de 1 única observação

Tendo em vista as metas da
OMS-FDI para o ano 2000 (FDI;5
1982),destaca-se que 73,7% da
população registraram, aos 12
anos, valores menores ou iguais
a 3 para o índice CPO.
( NARVAI, PC. et al. ,Prevalência de cárie em
dentes permanentes de escolares do Município
de São Paulo, SP, 1970-1996. Rev. Saúde
Pública vol.34 n.2 São Paulo Apr. 2000 ).

Incidência: Frequência com que surgem novos
casos de uma doença, num intervalo de tempo.

É uma medida dinâmica, refere-se à uma
mudança de estado de saúde, casos novos
detectados através de mais de uma observação.
Está associado ao risco de adoecimento.

Em Porto Alegre, foram observadas altas taxas de
incidência de câncer de boca, ajustadas por idade
pela população mundial, em ambos os sexos
(8,3/100.000 em homens e 1,4/100.000 em
mulheres), encontrando-se entre as mais elevadas
do mundo.
(Franceschi S, Bidoli E, Herrero R, Munoz N. Comparison of cancers of the oral
cavity and pharynx worldwide:etiological clues. Oral Oncol. 2000 Jan;36(1):10615.)

Índice e indicadores são termos com significados
diferentes. Enquanto o primeiro sempre se
expressa por valores numéricos, os indicadores
de saúde possuem um sentido mais amplo e
podem incluir tanto alguns índices quanto
informações qualitativas como condições de
vida, acesso a serviços de saúde, etc.
Aceitabilidade: deve ser prático e aceitável para
o paciente, não causando dor ou incômodo;
 Clareza, simplicidade e objetividade: o
examinador deve ser capaz de memorizar suas
regras e critérios de maneira a aplicá-los com
naturalidade e sem perda de tempo durante o
trabalho de campo;
 Pertinência: deve haver uma relação entre o
índice utilizado e a doença que está sendo
estudada;

Confiabilidade: deve ser suficientemente
padronizado e confiável para permitir
comparações entre diferentes examinadores e
entre exames, em diferentes momentos, como
em estudos longitudinais;
 Análise estatística: deve permitir a quantificação
numérica e, portanto, a análise estatística. O
índice deve manter sua validade quando
submetido a tratamento estatístico.

Unidades de Medida:
 Unidade “Indivíduo”: significa que estamos contando quantos indivíduos
apresentam a doença, independente da quantidade de dentes que possam
estar afetados;
Unidade “ dente”: quantos dentes, em cada pessoa, estão afetados pela
doença;

Unidade “ superfície”: considerando que cada dente possua 5
superfícies, desejamos saber quantas superfícies totais estão afetadas pela
doença, em uma pessoa;

Unidade “ Lesão”: Podemos ter, em cada superfície, mais de uma lesão.
São contadas as lesões que cada indivíduo apresenta


Unidade “ Grau de severidade da lesão: Podemos ter lesões com grau de
severidade diferentes. Nesta situação o tipo de lesão ( mancha branca
cavitada, lesão incipiente de esmalte, lesões de dentina) é categorizado de
acordo com sua severidade


índice de Knutson ( Unidade individuo):
Divide os Indivíduos em dois grupos
Indivíduos que
Tem o tiveram
Experiência com
A doença.
Indivíduos que
nunca
tiveram
experiência com a
doença.
Índice CPO-D ( Unidade Dente):
• Foi proposto por Klein & Palmer e representa a média
do número total de dentes permanentes cariados,
perdidos e obturados em um grupo populacional.
• Em um único indivíduo, o CPO.D será a soma das
condições encontradas em cada dente
• Ao realizar um levantamento epidemiológico
consideramos apenas 28 dentes. Logo, o CPO.D
máximo por indivíduo é igual a 28.
Índice CPO.D ( Unidade dente):
• C ( cariado) P ( perdido) O (obturado).
• No índice é possível perceber a história
anterior da doença ( obturados + extraídos)
e a história atual da doença ( extração
indicada e cariados).
• Os componentes extração indicada (Ei) +
extraídos (E) formam, no conjunto, os
dentes “perdidos” (P).
Índice CPO-D ( Unidade dente):
• Critérios para exame:
 É considerado como CARIADO :
1.
Que apresenta lesão clínica óbvia. Existe uma cavidade definida
em que o próprio exame visual é suficiente para diagnosticar;
2.
Evidência de esmalte socavado
3.
Em sulcos e fissuras com retenção de explorador, desde que exista
dentina amolecida ou opacidade de esmalte
4.
Em faces proximais se o explorador prende
5.
Em casos que o explorador penetra entre dente e restauração
6.
Quando houver restauração deficiente com infiltração ou fraturas
É considerado um dente OBTURADO aquele
que:
1 - Apresenta uma coroa artificial em bom
estado;
2 - Apresente uma ou mais restaurações com
material
restaurador
definitivo
(resinas,
ionômero, ouro, ligas, amálgama...), sem
reincidência de lesões de cárie.

É considerado como EXTRAÍDO um dente:
1 - Ausente da boca depois do período em que
normalmente deveria ter feito sua erupção, em
decorrência da doença cárie. Esse critério não
pode ser utilizado para a dentição decídua pela
existência de perdas dentárias fisiológicas
ocorridas pela exfoliação natural da dentição
decídua.

É considerado como EXTRAÇÃO INDICADA um
dente:
1 - Que apresente cavidades abertas e sinais
óbvios de exposição ou morte pulpar;
2 - Que apresente uma lesão profunda, próxima à
polpa, em que tudo leve a crer que a polpa será
exposta quando se intencionar preparar uma
cavidade para posterior restauração.



Dente hígido: é o dente íntegro. Quando inexistir
lesão de cárie e/ou restaurações.
Dente erupcionado:
1 - Para incisivos e caninos: o comprimento da coroa
deve ser pelo menos igual à largura.
2 - Para pré-molares: toda a superfície oclusal deverá
estar exposta.
3 - Para molares: pelo menos 2/3 da superfície
oclusal deverá ser exposta.

Não se consideram extraídos os dentes ausentes
congenitamente (anodontias) e os extraídos por
razões ortodônticas ou em decorrência de
acidentes traumáticos.

Dente ausente: quando o decíduo não mais se
encontrar na cavidade bucal e o permanente
ainda não fez sua erupção. Neste caso, o
permanente é que está ausente.
Índice c.e.o (Unidade dente):
 Proposto por Gruebbel, adaptação do Índice CPO.D para
a dentição decídua.
 Representa a média de dentes decíduos cariados ( C),
com extração indicada ( e) e obturados ( O) por criança.
Este índice não considera o componente extraído, tendo
em vista que os dentes decíduos sofrem processo de
exfoliação natural, que não tem nenhuma relação com a
doença cárie.
 O máximo c.e.o por criança é, então, 20.

Outros com unidade dente:
1- Índice de Sloman
2- Índice de dentes funcionais
3- Índice de equivalência a dentes saudáveis

Índice CPO.S ( Unidade Superfície):
• É uma adaptação do CPO à unidade superfície
dentária.
• Foi proposto por Klein, Palmer & Knutson e
representa o número médio de superfícies CPO por
indivíduo.
• Cada dente é considerado como sendo possuidor de
5 superfícies.
• O número máximo CPO.S por pessoa é de 140.

Unidade Lesão:
Não existe nenhuma proposta explícita para esta
unidade.

Existe o perigo de entre um e outro exame as
lesões independentes coalescerem

Índice de Mellanby ( Unidade grau de
severidade da lesão):

Atribui- se uma nota a cada dente, de acordo
com a severidade da lesão cariosa
IHO.S:
 Proposto por Greene & Vermillion (1964) com o
propósito de:
1- Estudar a epidemiologia da doença periodontal
2- Verificar a eficiência de métodos de escovação
3- Verificar os efeitos de programas de educação
em saúde bucal

IHO.S:
1- É necessário utilizar substâncias evidenciadoras de
placa bacteriana ( Fucsina Básica, eritrosina)
2- Essas substâncias facilitam a visualização do
biofilme, porém é possível visualizá-lo sem o uso delas.
3- No IHO.S examinamos apenas algumas superfícies
específicas de dentes selecionados e, segundo os
autores, se nestas superfícies encontrarmos uma certa
quantidade de placa é sinal que nas demais também a
encontraremos.


IHO.S:
São Elas:
Vestibular do 1º molar superior direito
Vestibular do 1º molar superior esquerdo
Vestibular do incisivo central superior direito
Lingual do 1º molar inferior esquerdo
Lingual do 1º molar inferior direito
Vestibular do incisivo central inferior esquerdo

IBV
 Índice de Biofilme Visível baseia-se na ausência e
presença de placa nas superfícies Vestibular,
Lingual, Mesial, Distal e Oclusal.
 O resultado é expresso em percentuais de
superfícies com placa em relação ao total
examinada.
 O IBV é realizado APENAS com espelho ( sem o
uso do explorador!!!!!!!!!!!!!!)




Materiais: ESPELHO, SERINGA TRÍPLICE,
ILUMINAÇÃO ( FOCO OU LANTERNA),
ROLETES DE ALGODÃO.
Métodos: A superfície deve estar seca (
isolamento relativo e seringa tríplice) e
iluminada.
Do 1º quadrante até o 4º quadrante, dos
posteriores para os anteriores.
Cálculo:
Total de faces: 113
Faces com biofilme visível: 99
113
99
X = 87, 61%
100
X
ISG
 Índice de Sangramento Gengival , tem como
função verificar áreas com necessidade de
tratamento periodontal e hábitos de higiene
dental do paciente.
Materiais: Sonda Milimetrada + Espelho + Rolete
de algodão


O ISG deve ser realizado com a cavidade bucal seca,
com isolamento relativo. A sonda
periodontal deve ser percorrer o dente da distal
para a mesial, e dos dentes posteriores para os
anteriores ( de trás para frente). De preferência
toda a vestibular dos elementos e em seguida, a
lingual.
 A sonda periodontal e introduzida levemente no
sulco ( ou bolsa) gengival.

Cálculo:
Da mesma maneira que o IBV!
Idade
2) Sexo
3) Grupo Étnico
Condições Sociais
1)
4)

Existe uma correlação positiva entre doença
cárie e idade
Períodos alternados:
1. Exacerbação aguda
2. Inatividade
3. Período de progressão Lenta


Maior prevalência no sexo FEMININO até os 18
anos de idade.

HIPÓTESE: dentição erupciona mais cedo.

Confundidor
A prevalência independe do grupo étnico

Hábitos semelhantes

Prevalências semelhantes


Não apresenta variações em termos de
prevalência

Indica a existência e a eficiência de cuidados de
saúde bucal





Muito baixo: de 0,0 a 1,1
Baixo: de 1,2 a 2,6
Moderado: de 2,7 a 4,4
Alto: de 4,5 a 6,5
Muito alto: acima de 6,6






Peru: 7,0
Jamaica : 6,7
Honduras: 6,4
Martinica: 6,3
República Dominicana: 6,0
Nicarágua / Paraguai: 5,9







Togo / Rwanda: 0,3
Ghana / Lesotho / Libéria / Uganda: 0,4
Guiné-Bissau / Botswana: 0,5
Tanzânia: 0,6
China / Kiribati: 0,7
Malawii: 0,8
Djibouti / Paquistão: 0,9







Finlândia: 1,2
Dinamarca: 1,3
Austrália / Nova Zelândia: 1,5
Holanda: 1,7
Estados Unidos / África do Sul: 1,8
Irlanda: 1,9
Suécia / Suiça: 2,0

1.
2.
3.
4.
Objetivos:
Fazer diagnóstico de saúde bucal da população
brasileira
Traçar comparativo com a pesquisa SB Brasil 2003
Avaliar o impacto do Programa Brasil Sorridente
Planejar ações de saúde bucal para o próximo ano.
Pesquisa realizada em 177 Municípios:
 26 capitais e o Distrito Federal
 30 municípios de cada região do país
Entrevistas e exames bucais em 38 mil pessoas divididas em 5 grupos
etários:
 Crianças aos 5 anos
 Crianças aos 12 anos
 Adolescentes de 15 a 19 anos
 Adultos de 35 a 44 anos
 Idosos de 65 a 74 anos







Estudo epidemiológico de base nacional
Representativo para as 26 capitais, Distrito Federal e para as
cinco regiões
Semelhante ao SB Brasil 2003 – possibilitando o início da
série histórica de indicadores da saúde bucal do brasileiro
CPO é o principal indicador, composto pela soma dos dentes:
Cariados – afetados pela cárie e ainda não-tratados
Perdidos – extraídos em decorrência da cárie
Obturados – acometidos pela cárie, porém tratados
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Epidemiologia da doença cárie - Saúde Bucal Coletiva