Infra-estrutura de Informação:
Classificações e Padrões como fatores de convergência na gestão de
ciência e tecnologia.
Laffayete Alvares Junior – [email protected]
Mestrado em Ciência da Informação PPGCI – UFF/IBICT
Orientação: Maria Nélida González de Gómez e Rosali
Fernandez de Souza.
Problematização
 O problema – construções abstratas formatam
realidades com vários níveis de materialidade.
(Foucault; Frohmann)
 Objetivos – Estudar o conceito de Infra-estrutura
no cenário da gestão de C&T Brasileiro.
Observar o discurso de uma área científica a partir
da Governança
Observar o discurso dos pesquisadores dessa
área a partir de sua comunidade de prática
Relacionar ambos discursos em busca de pontos
de convergência.
Principais Teorias
 Latour e a teoria ator-rede
 Foucault e a teoria de dispositivos e discursos
 Luckmann e Berger e a teoria da construção social da realidade.
Apoios teóricos subjacentes:
 Bowker e Star e um olhar sobre Latour e Foucault
 Bachelard e o conhecimento probabilístico
 Morin e a Complexidade
 Le Moigne e a teoria da Modelização
 Ranganathan e Teoria da Classificação Facetada
 Frohman e seu olhar sobre a materialidade do discurso em
Foucault
 González de Gómez e seu olhar sobre a Ciência da informação
 Campos e suas leituras da Classificação
 Freitas e suas técnicas de análise do discurso
Metodologia Tri-partite
 Observar os resultados do confronto entre discursos a fim de aferir
e descrever a Infra-estrutura estudada.
 Observar o Enancib em seus 4 primeiros anos indexando seus
trabalhos tanto quanto possível pelos termos usados pelos autores
tanto o quanto possível.
 Observar agregações mais imediatas; contabilizar ocorrências de termos e
estabelecer conexões do discurso que emerge desse esforço e o próprio
registro dos eventos, tentando observar suas conexões e sua textura.
 Para isso precisamos antes fazer emergir a chave temática do Enancib que
nos permite observar os trabalhos ao longo do tempo.
 Descrever a TAC e relacionar suas possíveis mudanças propostas
 Observar a convergência entre a área Ciência da Informação pelo ponto de
vista de sua produção e o que é proposto pelo CNPq como proposta válida
para seus critérios de avaliação e gestão.
 Fazer emergir pela inversão da infra-estrutura os problemas que ela
apresenta a fim de observarmos alguns aspectos de sua materialidade
Infra-estrutura de informação: algumas
dimensões
 A partir de Hanseth e Monteiro (2007) os
principais aspectos das infra-estruturas:
Aspecto 1: As infra-estruturas tem uma função de
dar suporte ou habilitar [uma estrutura].
Aspecto 2: Uma infra-estrutura é compartilhada por
uma comunidade [de prática].
Aspecto 3: Uma infra-estrutura é aberta
Aspecto 4: As IIs são mais que pura tecnologia, são
redes sociotécnicas.
Aspecto 5: As infra-estruturas são conectadas e
inter-relacionadas, constituindo ecologias de redes.
(Hanseth e Monteiro, 2007. Cap. 3, p. 3)
Infra-estrutura de informação: algumas
dimensões
 A partir de Bowker e Star (2000)
 Um processo histórico de desenvolvimento de ferramentas e
arranjos para uma grande variedade de usuários, feitos para
funcionar de modo orquestrado.
 Um encontro prático entre rotinas de trabalho, tecnologia e
recursos de ampla escala organizacional e técnica.
 Um rico grupo de compromissos negociados indo desde a
epistemologia até a entrada de dados disponíveis e
transparentes para comunidades de práticas.
 Uma tal ordenação na qual todas as alternativas acima
possam funcionar juntas, recursivamente (BOWKER & STAR,
2000. p. 34)
Infra-estrutura de informação: algumas
dimensões
 A partir de Rohleder e Star (apud Bowker e Star, 2000)
Embeddedness.
Transparência [ou invisibilidade].
Alcance e escopo.
É aprendida como parte de uma afiliação.
Ligações com convenções de práticas.
Incorporação dos padrões.
Construída sobre uma base já instalada.
Ela se torna visível após uma quebra do sistema.
É fixada em incrementos modulares, não de uma
vez ou globalmente. (STAR & ROHLEDER apud
BOWKER & STAR, 2000. p. 35).
Infra-estrutura de Informação: algumas
dimensões
A partir de Rohleder e Star (apud Bowker e Star, 2000)
Transparência [ou a invisibilidade] é o ponto
final da trajetória da naturalização;
Convergência é a mútua constituição da
pessoa ou objeto e sua representação;
Infra-estrutura de informação: algumas
dimensões
 Convergência é então como um ocultamento do
real de modo sistematizado e ideológico e que
desfoca o que desse real extrapola e transborda
a representação.
 Convergência é um dos efeitos da focalização
da classificação e da padronização que se
pretende tornar transparente (invisível). É a
naturalização da representação de algo,
focalizando apenas o que é útil, necessário ou
interessante a quem desenha, administra e
impõe o sistema.
 Nesse aspecto é a imposição ideológica e
interessada do próprio sistema.
Classificação e Padrão como
componente de Infra-estrutura
 O conjunto de classificações e padrões
utilizados para descrever e compreender o
mundo, são formadores de uma realidade
socialmente construída ou um mundo social.
 As coisas percebidas como reais são reais em
suas conseqüências (Thomas and Thomas 1970
[1917]. Mesmo quando as pessoas tomam as
classificações como puramente mentais ou
formais, elas também amoldam seus
comportamentos para caber nessas
concepções. (BOWKER e STAR, 2000 p.53)
Classificação e Padrão como
componente de Infra-estrutura
 Sistemas de classificação e Padrões
materializam uma visão de mundo, um ponto de
vista, uma ideologia.
 Produzem um discurso que tem seus sistemas
de regulagem, de cassação e controles que aqui
analisamos a partir das “ordens do discurso”:
dispositivos (Foucault).
 Amoldam-se, modelando e redefinindo
sutilmente as metrologias (Latour) que permitem
a circulação das ações comunicativas e das
ações de informação.
Classificação e Padrão como
componente de Infra-estrutura
Sistemas de classificação funcionam
como protocolos de comunicação e
modos de codificação que permitem a
circulação e a interação de informações e
de conhecimento em múltiplos níveis e em
múltiplos contextos.
Classificação e Padrão como
componente de Infra-estrutura
 Sobre a representação de objetos podemos
dizer:
(...) é um mecanismo usado para se raciocinar sobre o
mundo, em vez de agir diretamente sobre ele.
(...) é uma resposta à pergunta "Em que termos devo
pensar sobre o mundo" (Davis et alii apud Campos,
2004)
 as representações são base para a constituição de
sistemas de classificação e padrões.
Classificação e Padrão como
componente de Infra-estrutura
A medida que conformam e orientam a
construção de uma interpretação do real
sobre certas autorizações, sanções e
focalizações, constroem a realidade a sua
volta de modo conceitual, simbólico e
material.
Classificação e Padrão como estrutura de
organização do conhecimento
 Representação
Focalização, metáfora, metonímia, analogias
Conhecimento a ser organizado pelos sistemas
 Modelização
Meta-intervenção, criação de modelos
A construção dos sistemas
 Modelagem
Intervenção, aplicação dos modelos
Funcionamento dos sistemas.
Classificação e Padrão como estrutura de
organização do conhecimento
 Teoria do Sistema Geral (o modelizador)
Propõe um objeto que se tem a priori e que reúne
todas as características ideais para uma
representação de qualquer objeto.
Na modelização é que observamos o domínio de
intervenção possível nas infra-estruturas através
das especificidades dos sistemas de classificação e
padronização.
Entender o papel de quem constrói os modelos que
integram a Infra-estrutura pode nos aproximar de
possibilidades de intervenção (em estudos pelos
autores citados e outros)
Classificação e Padrão como estrutura de
organização do conhecimento
 Teoria do Sistema Geral (o modelizador)
(...) a finalidade principal da tabela de ‘Áreas do
Conhecimento’ é orientar o Sistema Nacional de
Ciência e Tecnologia do País. Uma tabela desta
natureza,
construída
em
base
de
uma
sistematização de campos de pesquisa, poderá
gerar indicadores representativos de atividades de
pesquisa (projetos de pesquisa), formação de
recursos humanos (programas de ensino superior)
e produtos (publicações, bases-de-dados etc.),
para citar alguns exemplos. (SOUZA, 2004. p. 17)
Resultados : Parte 1 ENANCIB
Resultados : Parte 1 ENANCIB
Resultados : Parte 1 ENANCIB
Indexação:
Resultados : Parte 2 TAC
 Grande área do conhecimento – “a aglomeração de diversas
áreas do conhecimento em virtude da afinidade de seus objetos,
métodos cognitivos e recursos instrumentais refletindo contextos
sóciopolíticos específicos.” (CNPq, 2006c)
 Área do conhecimento – “o conjunto de conhecimentos interrelacionados, coletivamente construído, reunido segundo a natureza
do objeto de investigação com finalidades de ensino, pesquisa e
aplicações práticas.” (CNPq, 2006c)
 Subárea do conhecimento – “uma segmentação da área do
conhecimento estabelecida em função do objeto de estudo e de
procedimentos metodológicos reconhecidos e amplamente
utilizados.” (CNPq, 2006c)
 Especialidade – “a caracterização temática da atividade de
pesquisa e ensino. Uma mesma especialidade pode ser
enquadrada em diferentes grandes áreas, áreas e sub-áreas.”
(CNPq, 2006c)
Resultados : Parte 2 TAC
 6.00.00.00-7 Ciências Sociais Aplicadas
 6.07.00.00-9 Ciência da Informação
 6.07.01.00-5 Teoria da Informação
• 6.07.01.01-3 Teoria Geral da
Informação
• 6.07.01.02-1 Processos da
Comunicação
• 6.07.01.03-0 Representação da
Informação
 6.07.02.00-1 Biblioteconomia
• 6.07.02.01-0 Teoria da
Classificação
• 6.07.02.02-8 Métodos
Quantitativos. Bibliometria
• 6.07.02.03-6 Técnicas de
Recuperação de Informação
• 6.07.02.04-4 Processos de
Disseminação da Informação
 6.07.03.00-8 Arquivologia
• 6.07.03.01-6 Organização de
Arquivos




7. Grande Área – Ciências
Socialmente Aplicáveis
9. Área - Ciência da Informação
Fundamentos da Ciência da Informação
Gestão da Informação
Tecnologias da Informação
Informação Especializada
10. Área - Biblioteconomia
Fundamentos da Biblioteconomia
Gestão de Sistemas, Unidades e
Recursos de Informação
Técnicas de Tratamento Documental
Documentação Especializada
11. Área - Arquivologia
Fundamentos da Arquivologia
Gestão Arquivística
Técnicas Arquivísticas
Arquivologia Especializada
Resultados : Parte 2 TAC
 Saída
da Teoria da Informação
 Biblioteconomia e Arquivologia elevadas
ao status de área
 Bibliometria (deslocada para o rol das
especialidades)
 Teoria da Classificação (desaparecida,
encapsulada em uma das subáreas ou
dentro das especialidades de
representação e gestão?)
 Organização de arquivos X Gestão
arquivística
Resultados : Parte 2 TAC
 Especialidades
boundary objects? São
os objetos inter, multi,
transdisciplinares? São Campos de
pesquisa? Espaços epistemológicos
compartilhados? Ou poliepistemológicos (González de Gómez)
 Deformações e Resistências: além da
epistemologia ou epistemologia com
frame? Boundary objects como
princípios e fatores.
Resultados : Parte 3
Linhas Temáticas Enancib
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Informação tecnológica, negócios e
administração
Representação e Organização do
conhecimento
Novas tecnologias e educação
Informação e Sociedade
Produção e Comunicação Científica
Formação profissional e Trabalho
Políticas de pesquisa da Pós
Graduação
Mediação, Circulação e Uso da
Informação
Informação para Diagnóstico,
mapeamento e avaliação
Estudos históricos e epistemológicos
da informação
TAC Vigente

6.00.00.00-7 Ciências Sociais Aplicadas
 6.07.00.00-9 Ciência da Informação
 6.07.01.00-5 Teoria da Informação
•
•
•
6.07.01.01-3 Teoria Geral da Informação
6.07.01.02-1 Processos da Comunicação
6.07.01.03-0 Representação da Informação
 6.07.02.00-1 Biblioteconomia
•
•
•
•
6.07.02.01-0 Teoria da Classificação
6.07.02.02-8 Métodos Quantitativos.
Bibliometria
6.07.02.03-6 Técnicas de Recuperação de
Informação
6.07.02.04-4 Processos de Disseminação da
Informação
 6.07.03.00-8 Arquivologia
•
6.07.03.01-6 Organização de Arquivos
Resultados : Parte 3
TAC Proposta
Linhas Temáticas Enancib
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
Informação tecnológica, negócios e
administração
Representação e Organização do
conhecimento
Novas tecnologias e educação
Informação e Sociedade
Produção e Comunicação Científica
Formação profissional e Trabalho
Políticas de pesquisa da Pós
Graduação
Mediação, Circulação e Uso da
Informação
Informação para Diagnóstico,
mapeamento e avaliação
Estudos históricos e epistemológicos
da informação
7. Grande Área – Ciências Socialmente
Aplicáveis
9. Área - Ciência da Informação
Fundamentos da Ciência da Informação
Gestão da Informação
Tecnologias da Informação
Informação Especializada
10. Área - Biblioteconomia
Fundamentos da Biblioteconomia
Gestão de Sistemas, Unidades e Recursos de Informação
Técnicas de Tratamento Documental
Documentação Especializada
11. Área - Arquivologia
Fundamentos da Arquivologia
Gestão Arquivística
Técnicas Arquivísticas
Arquivologia Especializada
Resultados : Parte 3
 Pela análise das falas de coordenadores do
evento e o cruzamento com evidências da
realidade histórica dos cursos de
biblioteconomia e pós-graduação em ciência da
informação foi possível perceber uma origem
comum tão intrínseca que ora mantinha suas
identidades intactas e ora transparecia uma
vontade de tornar-se o outro.
 Atualmente as áreas disputam o mesmo terreno
científico como pudemos observar na proposta
da nova TAC.
 Política ou Epistemologia?
Considerações Finais
 Os fundamentos filosóficos a cerca da classificação e gestão de
conhecimento e informação (ainda que com outros nomes) devem ser
revistos para observarmos os potenciais de atualização do modelo
sistêmico mais fechado para o modelo definitivamente aberto;
 Metodologia como potencial;
 Desdobramentos da pesquisa;
 Atualização para 2006; Análise ficcional de infra-estruturas, regimes de
informação, boundary objects e dispositivos
 Aprofundamento de abordagens teóricas de análise de redes e de discurso
como por exemplo a Teoria ator-rede / Rizoma. E a observação topológica
da rede investigando manifestações de aparência hierárquica. Hibridação e
complementaridade das teorias de Rede, Complexidade e Sistêmica.
Observadas a partir dos pontos de vista de cada uma em separado e num
mesmo conjunto onde se possa mapear os pontos de contato e as
divergências mais prementes.
 O caráter político e epistemológico contrastantes e complementares fazem
pensar na incompletude, na recursividade e complexidade das ações
objetivas científicas e pensar nessas relações podem nos trazer novos
horizontes de compreensão.
Considerações Finais
Para nós bibliotecários, a recusa do
impossível papel de neutralidade antes de
uma tomada de partido é um
reconhecimento do impossível escape de
si mesmo.
Não há lado de fora!
Insistir nisso é realizar a metáfora
anedótica do Barão de Münchhausen
Considerações
Finais
Muito obrigado a todos!
[email protected]
BGQ – 2629-2195 / 2629-2196
21 2610-4993 / 8859-8908
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