UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba FEAU – Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo Curso de Arquitetura e Urbanismo ANTEPROJETO DE UM CENTRO DE TRADIÇÕES MINEIRAS NA CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, SP Denise Bueno Franco Prof. Orientador: Fábio de Almeida São José dos Campos, SP 26 de Novembro de 2012 1 UNIVAP – Universidade do Vale do Paraíba FEAU – Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo Curso de Arquitetura e Urbanismo TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CENTRO DE TRADIÇÕES MINEIRAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da FEAU – UNIVAP, como parte das exigências previstas para obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. São José dos Campos, SP 26 de Novembro de 2012. 2 "Para conquistarmos algo na vida não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor." - Mozart 3 AGRADECIMENTOS Louvo ao nome do meu Santo Deus, pois em todas as coisas Ele cooperou para que eu alcançasse mais esse objetivo e reconheço que sem a Sua força eu jamais teria êxito nessa jornada. Aos meus pais. Mãe, você é meu maior exemplo de mulher, de mãe, de esposa e de profissional. Obrigada por ter sido minha maior incentivadora. Pai, obrigada por tudo. Aos meus irmãos, que estão ao meu lado em qualquer momento, me apoiando e comemorando comigo cada conquista. Ao meu noivo, que da forma mais amável, caminhou comigo durante todos esses anos, sendo meu porto seguro nos momentos mais difíceis. Mestres e professores, obrigada por cada ensinamento e por não me privar de todo conhecimento adquirido. Eu os admiro muito e sou muito grata à cada um de vocês. Amigos e colegas, vocês tornaram essa jornada mais leve e é maravilhoso saber que todos nós conseguimos! A todos os funcionários da UNIVAP que, de alguma forma, são responsáveis por essa conquista. 4 1 - ÍNDICE Resumo 06 Palavra Chave 06 Abstract 06 Keywords 06 Introdução 07 Centro de Tradições Mineiras 08 Estudos de Caso 14 Bibliografia 18 5 2 - RESUMO O presente Trabalho de Conclusão de Curso trata-se de um Centro de Tradições Mineiras, um espaço que tem como objetivo principal a difusão da cultura, costumes e saberes de um povo que contribuiu de forma significativa na formação da cidade de São José dos Campos. Para tanto, constitui-se uma arquitetura concisa em seus traços, harmoniosa com o todo e que almeja tornar-se símbolo arquitetônico desta cidade. 3 - PALAVRAS-CHAVE Arquitetura, tradições, Minas Gerais. 4 - ABSTRACT This Course Conclusion Labor is about a Traditions Center from Minas Gerais, a place which the main objetive is the propagation of the culture, habits and knowledge of a folk who contribuited significantly in the formation of São José dos Campos. Therefore, it constitutes an concise architecture in their dashes with the harmonious whole and aims to become architectural symbol of this city. 5 - KEYWORDS Architecture, traditions, Minas Gerais. 6 6 - INTRODUÇÃO A origem da cidade de São José dos Campos está intimamente ligada a Minas Gerais. Num primeiro momento devido aos mineiros que vinham das minas de ouro, usavam o rio Paraíba para navegação e faziam pouso às margens do rio e posteriormente teve o mesmo uso por parte dos mercadores que iam de São Paulo para Minas Gerais. Esse histórico culminou em uma população joseense que em grande parte possui ascendência mineira, tendo também seus costumes e tradições ligados a esse estado. Contudo, conforme o passar do tempo, a essência dessas tradições foi se perdendo gradativamente. Um dos fatos que contribuíram de forma significativa nesse processo é a industrialização que invadiu as médias e grandes cidades na década de 40 e 50, trazendo trabalhadores de todas as regiões do país, difundindo seus próprios costumes e fazendo a descentralização da cultura mineira. O Centro de Tradições Mineiras tem o intuito de resgatar e ressaltar os costumes, cultura, tradições, artesanato, culinária e música típicos, outrora tão evidentes, mas que a cada dia tem se enfraquecido. Pretende-se, assim, promover a manutenção e difusão de suas técnicas e saberes; elementos constituintes do patrimônio material e imaterial dessa cultura de essencial simples e rústica. 7 7 - CENTRO DE TRADIÇÕES MINEIRAS 7.1 - O que é O Centro de Tradições Mineiras é um local de encontro da população mineira que vive hoje na cidade de São José dos Campos e região, além de trazer para população joseense e do Vale do Paraíba os costumes e tradições mineiros, difundindo culturas e fornecendo conhecimento através de artesanato, culinária, músicas típicas. 7.2 – Público Alvo O público alvo deste anteprojeto é, portanto, a população mineira que mora em São José dos Campos e região; os joseense que desejam conhecer mais desse povo e também aqueles que pretendem adquirir conhecimentos específicos sobre os mineiros e sua cultura, podendo até mesmo ampliar a renda familiar através da venda de artigos de artesanato e culinária típicos. 7.3 – Partido Arquitetônico e Diretrizes Construtivas O Centro de Tradições Mineiras é um projeto que faz referência às diretrizes expressas na arquitetura modernista, por isso adota linhas rígidas e ao mesmo tempo delicadas em sua forma que traduzem ao projeto o misto de precisão e leveza. Sua forma foi inspirada em uma pepita de ouro esculpida, deixando de ter a forma bruta e passando a ser clavado de forma mais harmoniosa e pura. Como as condições locais, de entorno e de leis vigentes não impõem uma postura inicial, a liberdade de criação fez com que fosse proposto não apenas uma edificação, mas três, integrando melhor os espaços, dividindo os usos e distribuindo as atividades por todo terreno. Suas três edificações: a edificação principal, o Expo Minas e o Monumento da Integração Cultural são erguidos em estrutura de concreto armado, o que permite o contraponto entre leveza e rigidez de suas formas. 7.4 – Programa de Necessidades Para o terreno de aproximadamente 75000m², localizado à Av. Olivio Gomes, no bairro Santana, em São José dos Campos, foi-se utilizado o seguinte programa de necessidades. 8 Figura 1 - Centro de Tradições Mineiras 7.4.1- Atividades Socioculturais 7.4.1.1 – Exposições ComVivência Este espaço pretende abrigar exposições de pequeno e médio porte sobre os mais variados assuntos que o Centro de Tradições Mineiras abrange. É um espaço único, mas pode ser subdividido em duas partes através de biombos, já que recebe estrutura necessária para tanto através de dois portões de entrada externos. Tem como objetivo garantir convivência entre os frequentadores e fornecer conhecimento sobre a cultura do povo mineiro. A Figura 1 ilustra uma das possíveis mostras para o Espaço para Exposições e ComVivência, denominada Personalidades Mineiras. Da esquerda para direita: Chico Xavier, Ary Barroso, Pelé, Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Tiradentes, Chica da Silva e Juscelino Kubistchek. 9 Figura 2 - Espaço para Exposições ComVivência. 7.4.1.2 – Teatro Antônio Francisco Lisboa Com mais de 220 lugares, o teatro que recebe o nome do mineiro Aleijadinho, um dos maiores arquitetos, escultores e entalhadores da era barroca no Brasil. É um espaço confortável, capaz de abrigar espetáculos de dança e música típicas. Possui também a bilheteria externa ao espaço, o foyer e dois camarins com acessos externos e internos. Este teatro foi projetado visando o conforto do espectador, sem abrir mão dos princípios de acessibilidade universal; princípio este que buscou ser seguido em todo o Centro de Tradições Mineiras. 7.4.1.3 – Lanchonete e Café “Cantim di Minas” A Lanchonete e Café “Cantim di Minas” é um espaço dedicado à uma das características mais marcantes da cultura mineira, sua culinária. Neste espaço o visitante poderá provar doces e salgados típicos em dois espaços diferenciados; um interno à edificação principal, com capacidade para aproximadamente 140 lugares e outro externo também com aproximadamente 140 lugares, a área gourmet. 10 Figura 3 - Lanchonete e Café Cantim di Minas 7.4.1.4 – Expo Minas O Expo Minas é um espaço que promove a integração dos visitantes, através de atividades sociais e culturais alternativas, como festas, reuniões, performances, oficinas (work-shops). Esse espaço também faz a integração visual e física do centro, permitindo acesso às principais instalações. Com a forma limpa de uma curva, outra grande característica da arquitetura moderna, o Expo Minas integra-se ao Centro de Tradições Mineiras a fim de propor espetáculos também do lado externo à edificação principal. Figura 4 - Expo Minas - Integração entre espaços 11 7.4.1.5 – Praça Cívica para Exposições Com espaço para abrigar exposições ao ar livre, a Praça Cívica recebe também um monumento que valoriza ainda mais a identidade visual ao Centro de Tradições Mineiras, o Monumento da Integração Cultural, que é baseado na integração das culturas, tradições e costumes existentes e faz referência à bandeira do estado. Figura 5 - Monumento de Integração Cultural, localizado na Praça Cívica 7.4.2 – Setor de Apoio 7.4.2.1 – Banheiros 7.4.2.2 – Balcão de Informações 7.4.3 – Administração e Gerência 7.4.3.1 – Sala de Administração, Gerência e Apoio Técnico. 7.4.3.2 – Depósito 7.4.3.3 – Sala para reuniões 7.4.4 – Setor de Aprendizado 7.4.4.1 – Salas de aula O Centro de Tradições Mineiras também busca difundir a essência dessa cultura através da ministração de cursos de música, teatro e artesanato típicos. Para tal, foram instituídas três salas de aula, afim de que a população joseense não só aprenda mais sobre as tradições mineiras, mas também possa propagá-la, além de gerar renda para as famílias mais carentes. 12 7.5 – Leis Municipais Vigentes 7.5.1 – Zoneamento A Lei de Zoneamento da Cidade de São José dos Campos, expressa na Lei Complementar 428/10, estabelece o terreno definido para este Trabalho de Conclusão de Curso como uma ZUC4 – Zona de Urbanização Controlada 4, conforme figura abaixo. Figura 6 - Zoneamento do Terreno Fonte: Zoneamento Urbano de SJC. Mapa 04, Folha 32. 7.5.1.1 – Características de Uso e Ocupação dos Lotes nas ZUC 4 - Coeficiente de Aproveitamento: 2,5 - Taxa de Ocupação: 0,65 - Gabarito (m): 8,7 - Número máximo de Pavimentos: 8 - Dimensões Mínimas do Lote (m²): 1000 - Dimensões Mínimas da Testada (m): 20 Fonte: Consulta Prévia de Zoneamento – ZUC4 Genérica 13 8 – ESTUDOS DE CASO 8.1 - Centro Cultural Oscar Niemeyer 8.1.1 Ficha Técnica: Endereço: Rodovia GO 020, quilômetro 01, Goiânia, Goias, Brasil Início da Obra: 1999 Término da Obra: 2006 Área do Terreno: 26 325 m² Arquitetura: Oscar Niemeyer 8.1.2 – Pertinência da Escolha O Centro Cultural Oscar Niemeyer foi escolhido pelo fato de constituir um complexo dedicado à cultura, assim como o anteprojeto tema desde trabalho. Outro fator decisivo é o fato de ser uma obra assinada por Oscar Niemeyer, arquiteto de grande prestígio, capaz de inspirar e fornecer diretrizes projetuais para o projeto à ser executado. E por fim, um terceiro motivo que é o fato de ser um projeto na capital de Goiás, Goiânia, constituindo, em tese, semelhança com a cidade de São José dos Campos, onde pretende-se executar este anteprojeto. 8.1.3 – Contribuições projetuais Uma das principais características das obras de Niemeyer é o fato de cada um dos itens de seu programa ter uma forma diferente, contrastando com a outra, criando uma composição espacial diferenciada e sempre única. O Centro Cultural Oscar Niemeyer é mais um desses exemplos. 8.1.4 – A Obra O Centro Cultural Oscar Niemeyer é um local voltado à difusão das artes. É constituído por um teatro, que se assemelha à Oca do Ibirapuera, mas possui entrada principal aos fundos da edificação; o monumento aos direitos humanos, que possui a forma de uma pirâmide vermelha e abriga um teatro em seu interior; o Museu de Arte Contemporânea, que é uma edificação de volume circular apoiado por um pilar central e uma biblioteca, uma edificação retangular de três pavimentos que abriga também um restaurante em sua cobertura. 14 Figura 7 - Centro Cultural Oscar Niemeyer Fonte: maps.google.com 8.2 – Memorial da América Latina 8.2.1 – Ficha Técnica Endereço: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - São Paulo - SP Início da Obra: 1999 Término da Obra: Março de 1989 Área do Terreno: 84.482 m² Arquitetura: Oscar Niemeyer 8.2.2 - Pertinência da Escolha O Memorial da América Latina foi escolhido para complementar esse estudo de caso pelo fato de ser um conjunto dedicado à arte, assinado por um grande arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer. Sua estrutura arrojada, com diversos edifícios formando um todo, constitui um objeto de pesquisa que em muito se assemelha com o anteprojeto que se pretende produzir. 8.2.3 – Contribuições Projetuais O Memorial da América Latina enriquece o presente trabalho com a ideia de promover a integração cultural através da arquitetura, abrigando exposições rotativas, 15 espetáculos de dança, teatro e música. Também é importante considerar a grande influência da arquitetura moderna na volumetria de todo complexo e essa informação forneceu diretrizes para o anteprojeto do Centro de Tradições Mineiras. 8.3.4 – A Obra O Memorial da América Latina é um complexo formado por diversos edifícios que estão dispostos ao longo de duas áreas unidas por uma passarela. Com uma estrutura ousada, com superfície de vidro e concreto, com emprego de superfícies curvas, pintadas de branco, constitui um importante referencial na paisagem urbana da cidade de São Paulo. Uma característica muito marcante da obra é o fato de todas as suas edificações guardarem recuos bem amplos umas das outras, que permitem melhor visualização e a contemplação dos edifícios de maneira individual. É formado por seis prédios; o Salão dos Atos, que ocupa papel de destaque na Praça Cívica, sendo considerado um ponto de destaque também em todo conjunto; o Edifício da Administração, que não se encontra com a passarela principal e tem sua concepção estrutural completamente diferente dos outros elementos; o Auditório, que é o maior edifício de todo complexo, e é dedicado à apresentações artísticas, congressos e convenções; a Galeria de Arte, que é um antigo restaurante e possui o formato de um cilindro; o Pavilhão da Criatividade, que possui uma arquitetura mais convencional e fornece abrigo e sombra para pedestres; o Edifício Parlatino, um volume cilíndrico imponente aos olhos do visitante do Memorial. Figura 8 - Memorial da América Latina Fonte: Arquivo Pessoal, 24/10/2009. 16 8.3 – Centro Cultural Jean Marie Tjibaou 8.3.1 – Ficha Técnica Endereço: Centro Histórico de Nouméa, Nova Caledônia Início da Obra: Informação não obtida Término da Obra: Junho de 1998 Área do Terreno: 8500m² Arquitetura: Renzo Piano 8.3.2 – Pertinência da Escolha O Centro Cultural Jean Marie Tjibaou, do renomado arquiteto italiano Renzo Piano, é uma obra que serviu como estudo de caso pela estrutura arrojada, inspirada nas cabanas utilizadas pela população local como habitação e é um exemplo significativo de uma obra arquitetônica concebida para fazer referência à um povo. 8.3.3 – Contribuição Projetual O ponto mais considerável é forma curiosa utilizar-se de uma volumetria importante para esse povo (suas cabanas), na arquitetura, adaptando-se as necessidades que o entorno e condições climáticas impõem. 8.3.4 – A Obra O Centro Cultural Jean Marie Tjibaou foi proposto como um conjunto de edificações, vias e espaços abertos unidos por um núcleo central que é a alameda do povoado tradicional. Para se adaptar às exigências do clima local, já que a ilha recebe ciclones de até 240 quilômetros por hora, os pavilhões “giram” em sua parte posterior para o mar a fim de explorar com maestria os ventos dominantes ou produzir correntes de concecção, equipando o centro como um eficaz sistema de ventilação do povoado. O acesso aos edifícios não é feito de maneira frontal, mas através de um caminho paralelo ao edifício, para que a fachada fique ainda mais limpa e pura. Os prédios abrigam exposições, performances, anfiteatros e escritórios. 17 Figura 9 - Centro Cultural Jean Marie Tjibaou Fonte: maps.google.com 9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OLIVEIRA , José Oswaldo Soares de. Sant’Anna, São José dos Campos – Evolução histórica e diretrizes urbanas. Takano Editora Gráfica, São José dos Campos, SP, 1999. PENEDO, Alexandre. Arquitetura Moderna de São José dos Campos. São José dos Campos, SP, 1997. SANTOS, Ademir Pereira dos. Arquitetura Industrial de São José dos Campos. São José dos Campos, SP, 2006. 18