XXIII PRÊMIO JOVEM CIENTISTA
“EDUCAÇÃO PARA REDUZIR AS DESIGUALDADES SOCIAIS”
Categoria Graduado – Terceiro Lugar
Título da pesquisa: “Realejo: a experiência de produzir uma revista para pessoas
com deficiência visual”
FERNANDA SANTOS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG)
Realejo para pessoas com deficiência visual
A jornalista Fernanda Santos, graduada pela Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), produziu a primeira revista em áudio de que se tem notícias no Brasil
voltada para pessoas com deficiência visual. Após cerca de nove meses empregados na
pesquisa e no levantamento de informações, elaboração do anteprojeto, produção e
avaliação, nasceu a Realejo. O projeto rendeu à Fernanda o terceiro lugar na categoria
Graduado do 23º Prêmio Jovem Cientista e permitiu uma nova perspectiva para as
pessoas cegas.
“As pessoas com deficiência visual têm dificuldade em encontrar mídias que
efetivamente os informem sobre os diversos fatos que se tornam notícias no mundo. A
opção por desenvolver uma revista em áudio é uma tentativa de buscar caminhos
possíveis para suprir essa lacuna e satisfazer essa demanda”, explica Fernanda, que
destaca a importância das pesquisas no campo das Ciências Sociais. “Quando se fala em
pesquisa, normalmente as pessoas pensam somente nas Ciências Exatas e Biológicas.
Ver esse trabalho, que tem um cunho prático aliado ao projeto de pesquisa, ganhar um
prêmio de repercussão como o Jovem Cientista é muito gratificante”, disse.
De acordo com a jornalista, algumas rádios veiculam programas que são chamados
de revistas, como a Rádio CBN. Além disso, a Fundação Dorina Nowill, sediada em São
Paulo, realiza um projeto em que as revistas Veja e Cláudia são narradas e gravadas em
CDs que, por sua vez, são enviados gratuitamente a pessoas com deficiência visual em
vários estados brasileiros. Contudo, mesmo depois de uma ampla pesquisa e entrevistas
com vários líderes de opinião e profissionais que atuam na defesa dos direitos das
pessoas com deficiência visual, não se constatou a existência de nenhuma revista que
tenha essas pessoas como público alvo e seja produzida com o intuito de ser veiculada
exclusivamente em áudio.
Diante disso, a proposta foi produzir uma revista em áudio, com periodicidade
mensal e voltada para o público adulto. Para desenvolver esta mídia, Fernanda realizou
inicialmente, junto a seu grupo de pesquisa, um trabalho de conhecimento das pessoas
com deficiência visual. Para isso, foram realizadas pesquisas bibliográficas, entrevistas e
foi formado um grupo de foco com pessoas cegas. No caso do grupo de foco,
especificamente, não foi dito aos participantes sobre o desenvolvimento de uma revista
voltada para eles. A intenção era conhecer a relação deles com as mídias já existentes.
Analisando os resultados dessas pesquisas, percebeu-se que a maioria das
pessoas com deficiência visual possui uma identificação muito forte com o rádio; alguns
têm acesso a livros em braille em instituições; boa parte assiste televisão; alguns recebem
gratuitamente as revistas Veja e Cláudia em áudio e alguns poucos têm acesso a
computador e Internet.
A pesquisa trouxe a constatação de que para produzir a revista era necessário
buscar uma nova linguagem, algo semelhante ao rádio, que possui muitos elementos
importantes para um produto que utiliza apenas recursos sonoros. Porém, a linguagem
desse novo produto que está sendo proposto possui especificidades, trata-se de algo
diferente, que não apresenta a mesma efemeridade e dinamismo do rádio. O interlocutor
pode manuseá-lo, ouvir o que quiser e no momento em que desejar.
Quanto às pautas, chegou-se à conclusão de que o conteúdo a ser tratado na
revista não deveria se concentrar em temas voltados exclusivamente para pessoas com
deficiência visual, pois isso criaria apenas mais um lugar específico para elas, um “gueto”,
o que comprometeria o objetivo de permitir que essas pessoas tivessem acesso à
informação que é disponibilizada para a sociedade de maneira geral.
O objetivo foi desenvolver um produto que permitisse autonomia às pessoas com
deficiência visual, ou seja, uma mídia que pudesse ser consumida individualmente, sem
que os cegos dependessem de outras pessoas, como no caso de jornais impressos, da
televisão e do cinema, por exemplo. Outra preocupação era que a revista fosse o mais
abrangente e portátil possível. Por isso, a escolha do áudio, em detrimento da impressão
em braille, e do CD ao invés do rádio.
Outra escolha que diz respeito à abrangência pretendida pela produtora da revista
foi a mídia a ser utilizada. A opção pelo formato wave se deu por ser uma mídia de mais
fácil acesso se comparada ao mp3, por exemplo. É importante ressaltar que a escolha
pelo CD em formato wave não impede que os arquivos da revista sejam transformados
em mp3 ou disponibilizados na internet caso seja necessário ou de interesse dos
ouvintes.
Para que as pessoas possam escolher a ordem em que desejam ouvir a revista,
cada matéria foi colocada em uma faixa do CD. Assim, orientado pela narração do índice,
o ouvinte pode manusear o produto como se estivesse folheando uma revista impressa e
escutar as matérias numa ordem aleatória. Anterior ao índice está a capa, uma faixa
inicial que traz chamadas para as principais matérias da publicação. Em seguida ao
índice, encontram-se as seções “Bem vindo”, que traz uma apresentação da revista, e
“Cartas”, um espaço dedicado a mensagens de ouvintes com sugestões e críticas a
respeito do veículo. Como última faixa do CD, tem-se o expediente, onde o público
conhece todas as pessoas que participaram do processo de produção da revista, além
das empresas e instituições que ofereceram apoio à publicação.
Mais informações sobre a pesquisa de Fernanda Santos podem ser obtidas pelos
telefones (31) 3671-1316 e (31) 8677-7876 e pelo e-mail [email protected] ou
pelos contatos do seu orientador, Elton Antunes, (31) 3409-6244 e
[email protected].
Approach Comunicação
Monique Melo
(21) 3232-8945 / 7849-0299
[email protected]
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