XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
TAXIDERMIA: APROVEITAMENTO DE MATERIAL BIOLÓGICO
Jair Camilo Negromonte de Azevedo
INTRODUÇÃO
Desde a Antigüidade (3.000 A.C.), a prática da conservação biológica dos animais e de pessoas
importantes a época, era bastante utilizada pelos egípcios . Naquele tempo, usava-se o processo de
embalsamamento ou mumificação. Desenvolvia-se técnicas a base de formol, creosoto e álcool, em dosagens
e proporções até hoje desconhecidas. Com a evolução dos tempos, os métodos antigos de mumificação foram
substituídos por técnicas mais modernas e mais duráveis de conservar animais, como a Taxidermia,
popularmente chamada de empalhamento.Hoje em dia, com a necessidade quase que obrigatória até para a
sobrevivência da própria raça humana de preservar a natureza, a Taxidermia é fundamental no sentido de
fornecer subsídios acerca do material conservado para educadores, estudantes, pesquisadores e a população
em geral. As grandes coleções existentes no mundo, apresentam uma enorme variedade de espécies, inclusive
algumas já extintas. Os museus exibem caracteres como: texturas das penas e dos pelos, cor dos olhos,
formato dos bicos, pegadas e uma gama de informações necessárias para estudos e pesquisas. Os zoológicos
e os criadouros conservacionistas, geralmente descartam seus óbitos, o que é um desperdício. Se houver um
aproveitamento desse material biológico, com certeza todos os envolvidos com preservação e conservação,
terão em mãos uma matéria prima que poderá se transformar em material didático imprescindível para a
propagação da educação ambiental.
TÓPICOS E SUBTÓPICOS
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA TAXIDERMIA.
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Nunca agredir a natureza para obter uma peça.
Não ter fobia de trabalhar com óbitos de animais.
Ter paciência, pois se trata de um trabalho lento e cuidadoso.
Ter conhecimentos sobre a anatomia do animal trabalhado.
Ao coletar a peça, anotar a localização, a data da coleta, dados geográficos, dados ecológicos do animal,
cor dos olhos, partes nuas e sexo.
Ter à disposição na hora de realizar a taxidermia, todo o material necessário que será utilizado durante o
trabalho.
Quando iniciar o trabalho, sempre concluir no mesmo dia; não deixar para o dia seguinte.
Nunca desistir de concluir uma peça. Na taxidermia, tudo é viável e aproveitável.
Ter noções sobre comportamentos e hábitos do animal, como por exemplo: a postura em que o mesmo
costuma exibir sobre os galhos ou no chão.
Ser criativo. Utilizar toda a capacidade de criar e adaptar para facilitar o trabalho realizado.
CUIDADOS NECESSÁRIOS.
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Utilizar máscaras, luvas e bata ou avental quando estiver trabalhando.
Se concentrar na retirada da pele, para evitar cortes desnecessários na mesma.
Nunca esquecer, antes de iniciar os trabalhos de colocar algodão nas narinas, boca, ouvidos e ânus ou
cloaca, para evitar o corrimento de secreções.
Todo cuidado ao dissecar a peça, para evitar a queda de pelos e penas.
Fazer o enchimento correto para evitar deformações quando o animal estiver pronto.
Informações sobre o(s) autor(es) e a(s) instituição(ões). E-mail: [email protected]
Seguir a mesma disposição do item anterior.
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Não iniciar a taxidermia logo após a morte do animal; o sangue precisa estar coagulado e isto só ocorre
duas horas após o óbito.
TÉCNICA
O primeiro procedimento é colocar algodão nas narinas, boca ouvido e ânus, para evitar o corrimento de
secreções que sujam a pele. Coloca-se o animal de barriga para cima, afastando para os lados os membros ou
patas. Com um bisturi, faz-se uma incisão desde o fim do esterno até um pouco antes dos órgãos genitais.
Procura-se não atingir a musculatura para que as vísceras não fiquem a mostra, o que dificultaria o trabalho.
Corta-se apenas a pele. Com o auxílio de uma espátula de dentista ou uma faca sem ponta e dos dedos vai-se
deslocando a pele para os lados (um lado de cada vez) separando-a da musculatura, sempre usando um pouco
de bórax para umedecer os dedos e secar a carcaça. Descoberta a articulação da coxa com a pele, deve-se
segura-la com uma das mãos, enquanto a outra vai descolando a pele por baixo até juntar um dedo com o
outro. Com um alicate forte, corta-se o osso da perna na articulação separando-a do corpo. Repete-se a
operação para a outra perna ou pata. Continua-se o deslocamento da pele até as costas, de modo em que os
dedos possam passar livremente entre a pele e a carcaça.Corta-se a ligação dos órgãos genitais e do intestino
com a pele, terminando com o corte na inserção da cauda.Vira-se a parte já escalpelada pelo avesso. Segurase com uma das mãos as duas coxas, que ficaram presas ao corpo e com a outra se vai deslocando a pele até
encontrar os braços, que são trabalhados da mesma maneira que as pernas.Prossegue-se o deslocamento da
pele, expondo o pescoço e atingindo a cabeça. Secciona-se o pescoço próximo a base do crânio.Deixa-se a
carcaça de lado e pendura-se o crânio arregaçando a pele o máximo deixando o mesmo semi-descoberto.
Com um bisturi ou uma tesoura de ponta fina, retira-se o máximo que puder de carne, deixando-o
completamente limpo. Com um alicate forte, corta-se o osso da parte posterior do crânio para retirar o
encéfalo com mais facilidade. Após a retirada do mesmo, envenena-se com a pasta taxidérmica e preenche-se
o vazio deixado pelo mesmo com argila. Os olhos podem ser arrancados por dentro do crânio ou por fora da
pele; retira-se todo o globo ocular. Se for feito por fora é preciso ter todo cuidado para não ferir as pálpebras.
Logo após a retirada, passa-se a pasta taxidérmica e preenche-se os orifícios com argila. Inicia-se a
separação dos membros que ficaram na pele. Pendura-se uma pata de cada vez e vai deslocando a pele
devagar até chegar aos pés. Disseca-se todos os ossos dos pés e das mãos, deixando-se somente as
unhas.Pendura-se a cauda e puxa-se levemente até o seu final com muito cuidado. Em animais de cauda
preênsil esse procedimento não é viável, deve-se então, abrir a cauda com um bisturi até o seu final para a
retirada da musculatura. Logo após, envenena-se a cauda com a pomada arsenical e em caso de tê-la aberto,
sutura-se antes de envenenar.Com a pele liberada, limpa-se bem o excesso de gordura ou carne que tenha
ficado grudado na mesma com um bisturi ou tesoura. Feito esse procedimento, envenena-se toda a pele com a
pasta taxidérmica e em seguida com um pouco de bórax. Agora é hora de fazer a armação. Deve-se afiar a
ponta dos arames que serão utilizados. A espessura dos mesmo varia de acordo com o tamanho e o peso do
animal. Primeiro enfia-se uma ponta do arame principal no interior do forâmen occipital ultrapassando a
calota craniana em direção ao píleo, deixando um pedaço de arame fora da cabeça. Coloca-se os dois
conectores que vão fazer a amarração dos membros pela outra ponta do arame e em seguida enfia-se a mesma
no interior da cauda até ultrapassa-la na ponta. Logo após, enfia-se um arame partindo da base do membro
para o arame principal quando chegar no mesmo, dobra-se a ponta e encaixa-se no conector. Esse
procedimento deve ser feito nos quatro membros. Quando o membro do lado direito estiver encaixado com o
membro do lado esquerdo ao conector cruzando com o arame principal, aperta-se o conector até ficar bem
firme. Quando a armação estiver pronta, começa-se o enchimento dos membros com parafina misturada com
pó-de-serra, este enchimento deve ser bem feito e compactado, para não deformar. A cauda pode ser cheia
com a mesma mistura de parafina ou chumaço de algodão. Em seguida, o corpo deve ser enchido com palha
ou bucha de sisal. O enchimento do corpo deve ser feito gradativamente e bem compactado com o cuidado
de não rasgar a pele. Com uma agulha e linha da cor da pele do animal, inicia-se a sutura da parte ventral da
parte anterior para a posterior. Costura-se um pouco e vai enchendo até bem perto da sutura, repetindo
sucessivamente até suturar totalmente o animal. Pinta-se os olhos de vidro de acordo com a cor dos olhos do
animal taxidermizado e colocando-os nos orifícios oculares. Utiliza-se tinta acrílica ou guache misturada com
um pouco de verniz incolor para aumentar a durabilidade. Preencher as fossas nasais com algodão para dar o
molde depois que o animal secar, isso não pode deixar de ser feito, devido ao encolhimento das narinas
depois que seca e o animal fica com a cara murcha. Quando o animal ficar pronto, aplica-se uma mistura de
formol com pasta taxidérmica no focinho, orelhas e unhas para fixa-los. Para deixar as orelhas bem formadas,
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corta-se uma garrafa plástica um pouco maior que o formato das mesmas, e prende-as por dentro com o
auxilio de grampos de cabelo. Molda-se o bicho de acordo com a sua postura natural, fixando-o em galho ou
pedaço de madeira envernizados, cortando as sobras de arame do crânio e da cauda rente aos mesmos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Taxidermia é uma técnica que facilita o aproveitamento de material biológico, que por sua vez,
servirá como recurso didático e prático para trabalhos de Educação Ambiental. Por isso é muito importante
esse trabalho que vai engrandecer os projetos de conservação e preservação de espécies.
REFERÊNCIAS
Hidasi Filho, José – 1991 – TAXIDERMIA – Técnica Paramédica. Goiania-GO.
Morganti, Carlos – 1970 – TAXIDERMIA – Entomologia y Herbario Buernos Aires – Argentina.
Palaus, Xavier – 1984 – La Taxidermia – Barcelona – Espanha
Moyer, John W. – 1979 – Pratical Taxidermy – U. S. A.
Monteiro, Alberto Resende – 1979 – Guia Prático de Taxidermia - Viçosa-MG
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