O SACERDÓCIO UNIVERSAL DE TODOS
OS CRENTES
Pr. Edrei Daniel Vieira
“Vós, porém, sois raça eleita, SACERDÓCIO REAL,
nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele
que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz” (I Pe.2:9)
1 A PRIMEIRA EPÍSTOLA DO APÓSTOLO PEDRO
1.1 Pano de fundo.
• A primeira carta de Pedro se dirige a uma
comunidade pequena e que atravessava
perseguições (1,6; 3:13-17; 4:12).
• Por causa de seus valores e estilo de vida, a
igreja estava “por fora” do padrão da
sociedade dominante (4:3-4) e
consequentemente, eram ridicularizados.
• Alguns sofriam mais, pois eram mais
envolvidos com a sociedade em geral.
• Portanto, os cristãos eram uma minoria em
um ambiente grande e hostil e por causa de
sua conduta não conformista, eram
“estranhos” na sua própria terra.
• “ESTRANHOS E ENVOLVIDOS”.
1.2 O Ensino Teológico.
• Mesmo diante das constatações anteriores, a
carta demonstra uma atitude de
PARTICIPAÇÃO do crente em relação ao
mundo pagão ao seu redor e não uma atitude
de ISOLAMENTO.
• Desde o início, a carta enfatiza que o cristão é
“escolhido” por Deus e “consagrado” (1:1-7)
Pedro lembra que a igreja é “povo de Deus”
(2:10), “eleito” (1:2), “chamado” (1:15).
• Nesta carta, a comunidade cristã não deve se
separar do mundo e nem condená-lo, mas ela
deve oferecer um testemunho vivo da
Esperança que levará o mundo a dar glória a
Deus.
• UMA MISSÃO DE “PARTICIPAÇÃO E NÃO
ISOLAMENTO”
1.3 A ética pessoal e social
• Os princípios básicos desta missão de
testemunho se concentram nas conseqüências
práticas desta identidade (1:1-2:10) e os
princípios são dois: Pureza Moral e
Envolvimento na Sociedade.
A) Pureza Moral:
• O primeiro princípio é que o cristão não deve
se render aos assédios carnais que podem
destruir o espírito humano (2:11).
• A recusa em aceitar os padrões dominantes da
sociedade provoca desconfiança e até
hostilidade (4:4) e, para isto, o cristão deve
permanecer sóbrio e vigilante, resistindo às
seduções do mal (5:8-9).
B) Envolvimento na Sociedade:
• Apesar da ameaça da sociedade em geral, a
comunidade deve se envolver ativamente na
sociedade e dar-lhe testemunho de boas
obras (2:12-14).
• Por causa da sua boa conduta, a igreja sofre o
afastamento da sociedade, e este sofrimento
tem um impacto missionário e uma
penetração evangelística na sociedade (2:12,
15; 3:14-16).
• O testemunho e a integridade falam
profeticamente ao mundo, na qual a igreja
vive, participa e serve.
• Exemplos: os escravos domésticos e as
esposas crentes de maridos descrentes.
• 1º Os escravos (2:18-25) são exortados a serem
“submissos” aos seus senhores, isto é, continuar
na sua posição na sociedade, pois é nesta posição
que o testemunho de suas vidas é visto.
• 2ª As esposas crentes (3:1). Na sociedade
romana, a mulher adotava a religião do marido.
Neste caso, a esposa resistia corajosamente à
vontade do marido de assumir a religião dele e
continuava no seu papel de esposa e cristã
comprometida, sem confrontar seu marido, mas
certa de ganhá-lo sem palavra alguma (3:1).
• Ambos participavam da vida social, não
fugiam de suas responsabilidades, sofriam
com essas contradições, mas levavam uma
vida de integridade (3:9) e de testemunho
comportamental e verbal de sua fé.
1.4 O Testemunho Verbal.
• O testemunho que Pedro exorta a
comunidade cristã a dar é de boa conduta, de
boas obras e também o testemunho verbal,
que ocorre com a proclamação humana da
Palavra.
• a geração eleita, sacerdócio real, nação santa,
o povo adquirido “PROCLAMA” as virtudes, as
características dAquele que deu-lhes uma
nova identidade.
• A proclamação da igreja chama a atenção do
mundo para a ação salvífica de Deus, realizada
em Jesus é evidenciada na vida de cada crente
(2:9-10).
• Ele é chamado a dar razão da esperança que
ele possui.
• O crente que demonstra a sua fé despertará
nas pessoas o desejo de conhecer o Senhor
desta fé, e assim: O CRENTE PROCLAMA, O
CRENTE EVANGELIZA, O CRENTE ENSINA, O
CRENTE DISCIPULA E O ESPÍRITO SANTO
REVELA CRISTO E A VIDA DA PESSOA É
TRANSFORMADA (1: 11-12) e “ALCANÇA O
FIM DE VOSSA FÉ, A SALVAÇÃO DAS ALMAS”.
Por fim:
• Mesmo diante da sociedade pagã, que não
entende as atitudes do cristão e se chateia
pela recusa destes de assumir seus valores, a
igreja deve ser tanto firme na sua boa
conduta, quanto também participar nas
instituições da sociedade, a fim de
testemunhar e levar os gentios a glorificarem
a Deus, pela Revelação de Jesus Cristo, através
da ação poderosa do Espírito Santo.
2 O SACERDÓCIO REAL.
• De acordo com Von Allmen (1975: 379): “os
sacerdotes tinham por missão regulamentar
os sacrifícios e dar respostas a quem vinha
consultar a Deus ...os sacerdotes
desempenhavam a missão do culto oficial, isto
é, do conjunto de orações e de gestos
simbólicos que visavam conservar a santidade
do povo”.
• No Antigo Testamento, dupla era a função dos
sacerdotes: oferecer sacrifícios pelos pecados dos
indivíduos e da nação, conforme as
determinações da Lei, e interceder pelos
pecadores diante de Deus, com base no sacrifício
vicário que ofereceram.
• Em Jesus ocorre o Sacrifício Perpétuo. Não
experimentou a necessidade de oferecer cada dia
sacrifícios pelos próprios pecados, mas foi
totalmente devotado aos outros e não ofereceu
outra vítima mais que a si mesmo (Heb. 7:24-28).
Cristo morreu sobre a cruz “uma vez por todas”
(Hb. 9:25-28; 10:10-14) estendendo o benefício
da sua morte a todos os homens (Hb. 2:9).
Deste modo no Novo Testamento, o conceito de
Sacerdócio tem dois aspectos:
• Jesus Cristo é o grande Sumo Sacerdote: todas
as funções sacerdotais da antiga aliança
concentram-se nEle e são por Ele
transformadas;
• Todos os crentes em Cristo, tornam-se
sacerdotes: em Cristo, nos vemos livres de
qualquer necessidade de sacrificar. Liberdade
que nos permite viver no louvor e na ação de
graças que convém aos filhos de Deus,
inteiramente voltados ao SERVIÇO DO
TESTEMUNHO e da gratidão (Hb. 13:15).
• É nessa perspectiva que devemos ler os
diversos textos que nos falam deste novo
sacerdócio.
• Fomos tornados templos do Deus Vivo (II Cor.
6:16), casa espiritual (I Pe. 2:5), tornados: REIS
E SACERDOTES (Ex. 19:6; I Pe. 2:9; Ap. 1:6;
5:10; 20:6; 21:22) não para sacrificar, mas
resgatados do meio da humanidade para o
serviço de Deus e para DAR TESTEMUNHO
DIANTE DO MUNDO E PELA PREGAÇÃO
PROCLAMAR A MEDIAÇÃO E O SENHORIO DE
JESUS.
3 O MINISTÉRIO DA IGREJA E O SACERDÓCIO
UNIVERSAL
• Todo o “Ministério da Igreja” é chamado a
testemunhar explicitamente o que Jesus Cristo
revela ser, através das Escrituras.
• Para tanto, ela tem ministérios e na igreja
neotestamentária não havia distinção entre os
membros da igreja e os sacerdotes ou clérigos.
A distinção foi feita pela primeira vez em 95
d.C. por Clemente de Roma, que aplicava aos
crentes a palavra laikos (povo).
• Nesse sentido, todos os crentes são laikos
(leigos) são povo de Deus.
• Deste modo, o ministério refere-se ao que toda
a Igreja, leiga e ordenada, faz dentro do
contexto do ministério do próprio Deus, são
faces de uma mesma missão.
• POVO DE DEUS É UM POVO 100%
MISSIONÁRIO.
• Sem anular o ministério de todo o povo, o
ministério ordenado (pastores, presbíteros,
diáconos, evangelistas e etc...) desempenha
um papel específico dentro do ministério da
Igreja. Esse papel específico consiste em
assegurar que a Igreja não se esqueça quem
ela é e qual o seu propósito e sua missão no
mundo. E o faz: ensinando, pregando,
ministrando os sacramentos, governando,
cuidando das pessoas e fortalecendo-as na fé
para que possam participar do ministério da
Igreja.
• De acordo com BRAATEN (1995:233): “O
ministério ordenado tem a tarefa de falar aos
membros da Igreja sobre o ministério deles e
também de praticar esse ministério entre e com
eles... E capacitá-los a executarem o ministério de
Deus no mundo”.
• Ao pregar o “SACERDÓCIO UNIVERSAL DE TODOS
OS CRENTES”, Martinho Lutero acreditava que
todo crente é um sacerdote. Entretanto, a ênfase
do reformador estava no sentido comunitário
deste sacerdócio. De acordo com o Novo
Testamento, todo crente é um ministro (diákonos)
de Deus e a serviço da comunidade.
• O conceito de sacerdócio universal de todos
os crentes afirma a necessidade do ministério
ordenado, ao mesmo tempo em que coloca
este ministério em um relacionamento
adequado com os ministérios não-ordenados
e que qualquer sacerdócio que exista
pertence a todos os crentes e funciona em
favor deles.
• Portanto, SACERDÓCIO UNIVERSAL DE TODOS
OS CRENTES – NÃO É SACERDÓCIO
INDIVIDUAL DE TODO CRENTE, mas o meu
sacerdócio só se cumpre na medida em que é
desempenhado em favor de todo o povo de
Deus e é nesse sentido que deve ser
desenvolvida A MISSÃO DE TODA A IGREJA.
4 A MISSÃO DA IGREJA
• Em II Cor. 5:18 encontramos duas verdades
centrais que caminham juntas:
• 1ª - O Deus que conhecemos age para nos
redimir e nos salvar;
• 2ª - Ele resolve criar um povo para realizar a sua
obra.
• Assim, a Igreja é parte integrante do plano e da
obra de redenção. Ela não existe para si mesma,
ela tem uma função: o cumprimento do propósito
de Deus no mundo tal como foi expresso em Jesus
Cristo.
• A nossa missão como igreja é uma só: dar
testemunho da ação reconciliadora de Deus e
tornar real aos seres humanos a redenção e
ser instrumento através do qual ela se realiza.
• Para isso, no Novo Testamento a Igreja tem
fundamentalmente três funções, as quais são
tentativas de expressar o modo pelo qual a
igreja cumpre o seu ministério e realiza a sua
missão, a saber:
• 1ª A FUNÇÃO KERIGMÁTICA DA IGREJA ou A
PROCLAMAÇÃO DAS BOAS NOVAS;
• 2ª A FUNÇÃO DIACONAL DA IGREJA ou A
RESPONSABILIDADE DA IGREJA;
• 3ª A FUNÇÃO KOINONÍACA DA IGREJA ou A
VIDA DE TESTEMUNHO.
• 4.1 A Função Kerigmática da Igreja ou a
Proclamação das Boas Novas
• A palavra “Kérigma” significa “mensagem”.
Logo, a Igreja é chamada para proclamar uma
mensagem: proclamar as “boas novas” proclamar o Evangelho. Sua mensagem
consiste na proclamação ao mundo daquilo
que Deus tem feito pelo ser humano em Jesus
Cristo.
• A mensagem que ela proclama é uma
mensagem de libertação, de chamamento ao
arrependimento e de que Deus derrotou as
“potestades e poderes” através de Jesus Cristo
e reconciliou o ser humano com Deus.
• Quando lemos o Novo Testamento a
mensagem é clara: Cristo veio ao mundo para
destruir os trabalhos/obras de Satanás (I João
3:8).
• Todo o seu ministério foi uma deliberada e
corajosa ofensiva contra todos os poderes que
escravizavam o ser humano. Foi assim até a
Cruz.
• A Boa Nova é a libertação que Cristo nos
trouxe. A batalha foi travada e vencida na
cruz. Assim, a função da Igreja é anunciar as
boas novas, a chegada de um novo Reino e
uma nova possibilidade de vida.
• Deus reina enviando a igreja ao mundo para
evangelizar. Essa é a missão. Ela é anterior á
Igreja, pois a Igreja como corpo, organiza-se e
inclusive, institucionaliza-se a serviço da
missão, para poder cumprir com a missão.
• A missão não é uma atividade entre outras: É
A FINALIDADE DA IGREJA - O MODO DE SER
DA IGREJA NO MUNDO.
4.2 A Função Diaconal da Igreja ou a
Responsabilidade da Igreja;
• A Igreja não apenas prega a Palavra de
Libertação, mas também tem de juntar-se a
Cristo em sua obra de libertação do ser
humano. Isto é “diaconia” ou “serviço”.
• A Igreja não se limita à proclamação da
chegada de um novo Reino, ela também tem a
função de administrar os benefícios desse
Reino. Essa função “diaconal” está patente no
ministério de Jesus quando ele proclama:
Lucas 4:18-19.
• A diaconia se refere ao ato de curar e reconciliar,
de tratar das feridas e restaurar a saúde do
organismo. Ex: A parábola do Bom Samaritano.
• A diaconia não se refere, como se pode pensar à
primeira vista, só ao serviço social. Mas,
sobretudo que, toda a vida do cristão e a vida de
toda comunidade cristã é uma vida de serviço e
participação da sociedade. Seja qual for o caso, a
tarefa da Igreja é a de ser o DIACONOS do
mundo, a serva que se submete e se entrega à
luta pela libertação, saúde e integridade do ser
humano e do mundo.
• Diaconia é serviço, é cura; e é serviço ao ser
humano total.
• Proclamação sem Diaconia é palavreado vazio.
Diaconia sem proclamação não faz sentido.
JESUS CRISTO EVANGELIZAVA CURANDO E
CURAVA EVANGELIZANDO.
4.3 A Função Koinoníaca da Igreja ou a Vida de
Testemunho.
• A palavra “koinonia” é geralmente traduzida
por “comunhão”. Harvey Cox escreve que
KOINONIA é: “o aspecto da responsabilidade
da igreja que exige uma demonstração visível
daquilo que a Igreja está dizendo no KÉRIGMA
(PROCLAMAÇÃO) e apontando na sua
DIACONIA (SERVIÇO)”.
• Em outras palavras, a igreja tem que ser o
retrato vivo, a expressão concreta e real
daquilo que ela prega e procura realizar e
cumprir no mundo.
• Ela é o lugar onde a esperança já se tornou
realidade, onde o futuro já assumiu uma
forma concreta no presente. A igreja então, é
aquela porção do mundo que vive aqui e
agora o novo Reino e organiza a sua vida de
acordo com os padrões e o estilo de vida do
novo Reino. Assim como a comunidade de I
Pedro.
• Por fim, embora tratamos as diferentes
funções da igreja em separado, o fizemos
simplesmente por uma questão didática. Pois,
estas três funções (KÉRIGMA, DIACONIA E
KOINONIA) não podem ser separadas e nem
significam três coisas distintas.
• Elas refletem uma só realidade: o caráter total
da obra redentora da igreja no desempenho
de sua missão. A verdadeira igreja ocorre
onde estas três funções ocorrem
simultaneamente.
• A nossa tarefa é descobrir como, em cada
comunidade, a diversidade de KÉRIGMA,
DIACONIA E KOINONIA, possa se expressar na
totalidade e na prática de cada um de seus
membros, do povo missionário.
5. UMA IGREJA PARA O MUNDO (João 17:15)
• Através de toda a Bíblia nós notamos que a
Igreja é a comunidade que Deus criou para
uma missão. E relembrando, esse é o conceito
de “povo de Deus” no Antigo Testamento
(Gn.12:4; 18:18; Is.43:10; 42:6-8 e I Pe.2:9).
• Assim não podemos pensar na obra
missionária da igreja como sendo uma de suas
muitas atividades, mas sim, como a sendo a
sua RAZÃO DE SER.
• Precisamos redescobrir o caráter INSTRUMENTAL
da Igreja, isto é, a igreja não é um fim em si
mesma, ela existe para um propósito, é um
instrumento de Deus.
• Uma pergunta surge então: TEM A IGREJA SIDO A
MISSÃO ENCARNADA?
• Infelizmente temos de responder que à
semelhança de Israel ela também tem perdido de
vista o propósito para o qual Deus o chamou, tem
estado preocupada muito consigo mesma, tem se
julgado superior e privilegiada e, por isso mesmo,
está arriscada a perder a sua primogenitura.
• Assim, todo esforço está sendo dirigido no
sentido de se levar a igreja à recuperação do
seu sentido vocacional e à redescoberta de
sua missão no mundo. A igreja não existe
para si mesma. Ela só tem sentido na medida
em que está a serviço de Deus no mundo.
• De acordo com um teólogo moderno nos
acostumamos a ver: DEUS-IGREJA-MUNDO,
mas a Bíblia nos desafia e pensa em termos de
DEUS-MUNDO-IGREJA.
• Deus está preocupado primeiramente com o
mundo e não com a igreja.
• Na sua ação Ele visa o mundo. O mundo é o
objeto do seu amor e foi porque Ele amou o
mundo é que Ele enviou o seu Filho e por
amar o mundo é que Ele instituiu a sua Igreja.
• Assim a Igreja tem que estar a serviço do seu
propósito no mundo. Só assim ela tem
sentido. Só assim ela é verdadeiramente Igreja
de Jesus Cristo.
• Temos pensado na Igreja e no mundo como
binômios irreconciliáveis, mas a missão nos
leva a pensar na Igreja como serva e
missionária no mundo (EVANGELIZANDO,
SERVINDO E TESTEMUNHANDO).
5.1 O mundo é criado, sustentando e julgado
por Deus.
• O mundo é criação de Deus. O mundo lhe
pertence. Ana, no seu cântico declara que “do
Senhor são os alicerces da terra e assentou
sobre eles o mundo” (I Sm. 2:8). O mundo tem
sua fonte de vida em Deus e é pelo fato de ser
por Ele sustentado que não cai no caos e na
desordem.
• A história da criação é também a confissão de
que o mundo é bom.
• Assim, precisamos levar a sério o mundo
como obra da criação de Deus e Ele nos
colocou nele para o lavrar e o guardar. Essa
também é a nossa missão.
5.2 O mundo é objeto do amor e da
preocupação de Deus.
• Esta é a segunda afirmação bíblica a respeito
do mundo. Ler João 3:16-17.
• Deus amou o mundo e em Cristo, Ele veio,
viveu, ensinou e morreu no mundo. Ele
envolveu-se com o mundo. Esteve às voltas
com o mundo e foi exatamente este mundo
que Ele reconciliou consigo mesmo (II Cor.
5:19).
• Entretanto, Ele não cedeu aos encantos deste
mundo, mas amou o mundo a ponto de dar a
sua vida por ele.
5.3 O mundo é a esfera da ação libertadora e
renovadora de Deus.
• O mundo é o lugar de encontro de Deus com o
ser humano. O Deus da Bíblia se distinguia dos
outros deuses justamente por que se revelava
através dos eventos históricos, sociais e
políticos. O Deus dos hebreus é o Deus que se
revelou no Êxodo, na caminhada pelo deserto,
na conquista da terra Prometida, nos Exílios,
na derrota e nas vitórias do seu povo.
• Esta é então a terceira afirmação bíblica: o
mundo (kosmos), onde estão em jogo as
forças que decidem o destino dos homens é a
arena da ação Libertadora e Renovadora de
Deus.
• A Igreja participa nesta ação libertadora e
renovadora na medida em que participa do
mundo. Voltar as costas ao mundo significa
voltar as costas ao lugar da cena onde Deus é
o ator principal.
5.4 O mundo é lugar onde temos de viver como
cristãos.
• É no mundo que o cristão é chamado a ser
Cristão. O mundo é o lugar para onde Cristo nos
envia para exercitar a nossa fé. “Eu vos envio ao
mundo” (Jo.20:21-22) e no final de sua oração o
Senhor declara: “Não te peço que os tires do
mundo, mas que os livres do mal”. Não existe vida
cristã genuína fora do mundo. A luz só brilha nas
trevas, o fermento só levada quando na massa e
o sal, só faz diferença fora do saleiro. È no mundo
que temos de dar testemunho de nossa fé.
• A maior tragédia da obra missionária de
nossos dias tem sido esta: em vez de se
relacionar de uma maneira positiva e
dinâmica com o mundo, a Igreja tem feito dele
uma carga pesada.
• A Igreja não é só instrumento, mas a
existência da História e do mundo e, portanto
o futuro do homem, dependem de certo
modo, da fidelidade da Igreja.
• O povo de Deus deve participar
sacerdotalmente da missão de Deus no
mundo.
• O povo de Deus proclama, trabalha e
testemunha ao mundo, o amor libertador de
Deus.
• O povo de Deus é um povo envolvido no
mundo e não pelo mundo.
• O povo de Deus é um povo 100% missionário.
6 DUAS VISÕES DE MUNDO - DOIS MINISTÉRIOS:
Atos 27:20-26
Comparar duas experiências de relacionamento e
de disposição de ser instrumento de Deus na
salvação de pessoas:
1ª JONAS: o profeta livre que entra em um navio
para fugir de Deus e não consegue (760-612
a.C.)
2ª PAULO: o apóstolo prisioneiro que entra em
um navio a fim de cumprir a vontade de Deus e
o faz de forma comprometida e participativa (964 d.C.).
• ELEMENTOS COMUNS:
a) 2 personagens em contato com sociedades
pagãs;
b) 2 viajando em navios com pessoas que
tinham crenças em deuses distintos;
c) 2 navegando no mesmo mar Mediterrâneo;
d) 2 oram ao mesmo Deus.
Mas a resposta que cada um dá ao chamado de
Deus é diferente.
• Questão: Por que é que Jonas não consegue
fazer diferença (salgar) o ambiente onde está,
ao passo que o apóstolo Paulo consegue
contagiar (salgar), contaminar com sua vida os
que estão a sua volta?
1º JONAS é o sal que não quer salgar.
Jonas se achava: “raça eleita, SACERDÓCIO
REAL, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus”, mas que se excluía da
missão de Deus no mundo e o mundo. “Se
achava mais santo do que os resto do mundo”.
• JONAS se imagina alguém que tem a missão
de separar os homens de Deus. PAULO,
porém, se entende como alguém que tem a
missão de destruir as muralhas que separam
os homens da fé em um só Deus, em Jesus
Cristo.
• JONAS tem uma visão exclusivista e
excludente, porque pensa que os ninivitas
como inimigos de Deus e isso traz 2
consequências trágicas na sua missão.
1ª JONAS não conseguia amar os diferentes, só
amando os iguais.
2ª JONAS só queria fazer missão entre aqueles
que gostava, que pensava igual a ele.
Missão, significava preservação do seu povo, não
sendo ganhar aqueles que eram diferentes e
estavam distantes. Para ele era inconcebível
amar os ninivitas, os inimigos do povo de Deus.
• JONAS preferiu não ter futuro a ter um
presente com quem ele não gostava,
preferindo a morte a ter que conviver com
quem ele não se dá bem: “Se no céu vai ter
ninivita, eu prefiro ficar no inferno”.
• No mundo de JONAS há pessoas
“convertíveis” e pessoas que, mesmo
querendo se converter, Jonas não as queria
convertidas.
2º PAULO é o sal que quer salgar a terra inteira.
• Paulo se achava: “raça eleita, SACERDÓCIO
REAL, nação santa, povo de propriedade
exclusiva de Deus”, mas que se incluía na
missão de Deus no mundo e o mundo na
graça e na salvação de Deus.
• O significado de missão para Paulo é
totalmente diferenciado do de Jonas.
• Paulo dizia que preferia se perder a perder
aqueles pelos quais Jesus morreu (Rm. 9:1-3).
• O compromisso de Paulo era tão levado a
sério que a sua própria vida poderia ser
destruída, aniquilada, não querendo que de
modo algum, que ninguém por quem Cristo
morreu viesse a se perder, não importando se
era judeu, gentio, escravo, livre, crente, pagão,
ninivita, monoteísta ou politeísta.
• O seu ministério era o da reconciliação do ser
humano com Deus (I Cor. 9:22).
• O texto mais comovente escrito por Paulo:
II Tm. 4:9-11; 14; 16-18.
• A viagem de Jonas mostra sua postura de
isolamento (sal que não quer salgar) e a de
Paulo mostra sua postura de participação (sal
que quer salgar tudo).
• Diante disso podemos traçar algumas
comparações entre esses dois homens e suas
respectivas viagens:
• 1ª JONAS embarca para qualquer lugar que
não seja Nínive (1:3).
PAULO embarca sabendo para onde ia:
pregar o evangelho a César.
2ª JONAS usa sua liberdade para fugir.
PAULO usa o fato de estar preso para levar
liberdade aos cativos.
3ª JONAS entra no navio e se esconde no porão, se
aliena.
PAULO entra no navio e se integra. Fica amigo do
centurião, do piloto e precisa o número de vida
no navio: 276.
4ª JONAS não ora nunca, nem por ele, nem por
ninguém ou coisa alguma. Ele dorme.
PAULO entra no barco e ora por todos (Atos
27:22-26 e 35).
5ª JONAS se considera a causa da tragédia (1:12).
PAULO, observa o vento, as ondas, a
tempestade e os sinais de calamidade, mas
não diz que aquilo é por intervenção do diabo,
por culpa do homem, do vento, do centurião,
do piloto e nem se culpa a si mesmo.
6ª JONAS é a expressão da desistência da vida:
“Joguem-me no mar”.
PAULO está apaixonado pela vida, querendo
viver e ansiando chegar em Roma.
7ª JONAS é “vomitado” em Nínive e lá prega com
raiva e com rancor, acontecendo o que ele não
queria: a conversão da cidade (3:10).
PAULO chega em Malta e se relaciona com as
pessoas, entra na casa delas, come com elas,
ora por suas doenças, cura suas enfermidades
(At. 28:7-10) convive com elas 3 meses.
8ª JONAS quase “morre” de ódio, ao ver a morte
de uma planta (4:6-9).
PAULO chega em Malta e é mordido por uma
víbora e não da a mínima importância (At.28:35).
9ª JONAS ora pela destruição da cidade (3:10)
PAULO passa 3 meses orando pelos doentes
da ilha (At. 28:9-11) e vendo cada um deles,
em nome de Jesus, ser curado.
A Missão de evangelização “corre” nas veias de
Paulo.
Não é um programa, um projeto, um método,
uma estratégia. É vida de salvação e graça
“escorrendo” para dentro da sociedade, em
nome do Jesus.
Que Deus dê compreensão para que:
1. Assim como a comunidade de I Pedro você participe
e atue na sociedade;
2. Exerça o seu sacerdócio em benefício de toda
comunidade;
3. Na missão: você proclame, sirva e testemunhe
Cristo ao mundo;
4. É no mundo que você deve exercer o seu chamado
e vocação;
5. o POVO DE DEUS é um POVO 100% MISSIONÁRIO,
que dá gosto (salgar) a este mundo tão desgosto.
MUITO OBRIGADO PELA OPORTUNIDADE EM
NOME DO SENHOR JESUS!
AMÉM!
CONTATOS:
Pr. Edrei Daniel Vieira
Fone: (43) 3055.25.10 e (43) 9961.80.99.
(44) 3027.63.60 – Ramal 487.
E-mail: [email protected], [email protected],
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