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RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA:
ESTUDO SOBRE APOIO PSICOLÓGICO A PESSOASCOM DEFICIÊNCIA VISUAL
INTERPERSONAL RELATIONSHIPS FOR INCLUSION OF DISABLED PEOPLE: A
STUDY OF PSYCHOLOGICAL SUPPORT FOR PEOPLE WITH VISUAL
DEFICIENCY
Marcos José da Silveira Mazzotta1
Andréa de Góes Ribeiro2
Celina de Campos Horvat2
Ellen Galioni Gonçalves2
Fabiane Manuchakian2
Gabriela Monteiro do Amaral Prado2
Janaína de Araújo Muniz2
1
2
Livre-docente pela USP, Universidade Presbiteriana Mackenzie
Alunos do Curso de Psicologia, CCBC, Universidade Presbiteriana Mackenzie
RESUMO
Com o objetivo de conhecer e analisar criticamente relações desenvolvidas por pessoas com
deficiências em situação de inclusão social apoiadas por profissionais da psicologia, a presente
pesquisa desenvolveu-se segundo a metodologia qualitativa. O referencial teórico selecionado
abrangeu conceituação de inclusão, de pessoa com deficiência e com necessidades especiais,
além de atuação do psicólogo em relação à deficiência. Na pesquisa de campo foram utilizadas
entrevistas semi-estruturadas, realizadas por 2 grupos de alunas com 2 psicólogos que atuam no
atendimento a pessoas cegas ou com baixa visão em 2 instituições especializadas, de renome
nacional, que aceitaram participar após recebimento da Carta de Informação e assinatura do
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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme normas da Comissão Interna de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie . Os dados
coletados, no segundo semestre de 2007, foram analisados pelos membros da equipe sob a
supervisão do professor responsável, tendo como critérios de análise os fundamentos teóricos
selecionados. Os resultados foram agrupados em 3 Eixos Temáticos possibilitando importantes
discussões sobre a formação e experiência pessoal do psicólogo na área específica, o estímulo,
fortalecimento e apoio a situações de inclusão, bem como a atuação profissional e seus
desdobramentos.
Palavras-chave: deficiência visual, psicólogos, inclusão de pessoas com deficiência.
ABSTRACT
The aim of this study was to meet and analyze the relationship developed by disabled people in a
situation of social inclusion supported by professional psychology. This study was developed
according to qualitative methodology. The theoretical model chosen covered concept of inclusion
of disabled people and people with disabilities, as well as the performance of the psychologist
regarding to the deficiency. 2 (two) psychologist who work with blind people or slow view and 2
(two) national references of specialized institutions participated in this study, got an Information
Letter and Term of free Agreement, as according to the Ethics studies rules of the Psychologist
College Intern Comission, of the Mackenzie University. The review of the chosen literature
included the meanings of inclusion of disabled people and people with disabilities, and
psychologist performance into a relationship for inclusion of disabled people. The results in the
second semester of 2007 were analyzed by memberships under the supervision of a teacher in
charge, through the theoretical foundation choosen as analysis criteria. The results were classified
in 3 thematic groups and point to important discussions about psychologist development and
personal experience, support to situations of inclusion, as well as professional acts and
developments.
Key-words: Visual deficiency, psychologists, inclusion of disabled people.
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1. INTRODUÇÃO
1.1. Problema de pesquisa
A inclusão social tem se constituído preocupação das sociedades democráticas, revelandose nas demandas de cidadãos que individualmente ou organizados em grupos têm se manifestado
na defesa de direitos e na pressão política por igualdade de condições de vida. As situações
práticas de inclusão social, particularmente de pessoas com deficiências físicas, mentais,
sensoriais e múltiplas, têm apresentado dificuldades que justificam estudos, pesquisas, debates e
troca de informações e conhecimentos. Desenvolvendo pesquisa bibliográfica e documental sobre
essa temática, a equipe de pesquisa sob orientação do professor responsável elegeu como foco do
estudo, na disciplina Processos Investigativos em Psicologia (PIP), a necessidade e importância
de apoios especializados a pessoas com deficiência visual em situação de inclusão social. O
pressuposto básico do projeto de pesquisa foi o de que conhecer ações desenvolvidas no campo
da Psicologia como suporte a pessoas cegas ou com baixa visão, especialmente alguns elementos
significativos das relações interpessoais, poderá contribuir para o aprendizado de investigação
científica, bem como para conhecimento de fenômenos e processos psicossociais envolvidos
nessa importante questão.
No primeiro semestre de 2007 foi estruturado o projeto com respaldo dos resultados da
pesquisa teórica desenvolvida. No segundo semestre foi realizada a pesquisa de campo que teve a
colaboração de duas instituições especializadas no atendimento a pessoas com deficiência visual,
sediadas na cidade de São Paulo.
1.2. Justificativa
Relevância social: O movimento mundial em favor da inclusão de pessoas com deficiências vem
ganhando espaço também no Brasil, demandando reflexões e ações sociais e políticas das quais
não podem deixar de participar os estudantes de Psicologia.
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Relevância científica: Fundamentação teórica consistente poderá auxiliar na consolidação de
posições a respeito dessa temática, além de viabilizar, numa segunda etapa, a construção de
conhecimento sobre parcela da realidade em espaços inclusivos.
Relevância para a formação em psicologia: O desenvolvimento de consciência crítica sobre
inclusão de pessoas com deficiência deverá fortalecer o exercício da cidadania, bem como
propiciar conhecimentos sobre expectativas com relação à atuação do psicólogo em situações de
vida ou de intervenção especializada.
1.3. Objetivos
Geral: Conhecer e analisar criticamente relações de pessoas com e sem deficiências em variadas
situações sociais e de atendimentos psicológicos que dêem suporte à manutenção de condições
favoráveis à inclusão social.
Específicos:
1. Conhecer e discutir conceitos de inclusão e de pessoas com deficiência e com
necessidades especiais;
2. Identificar e analisar elementos significativos nas relações mantidas por pessoas com
deficiência visual em ambiente de reabilitação e em situações do cotidiano;
3. Obter informações sobre alternativas de intervenção psicológica e atuação do psicólogo
em instituição especializada no atendimento a pessoas com deficiência visual.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Dentre as variadas posições expressas por estudiosos sobre a inclusão de pessoas com
deficiências e com necessidades especiais, elegeu-se para a presente pesquisa uma discussão de
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conceitos básicos sobre deficiências e pessoas com deficiências, necessidades especiais, inclusão
e integração social, atuação do psicólogo nessa área.
Conforme observa Amiralian (1997, 31), “muitas vezes, ao se verem diante de uma
pessoa com deficiência mostram-se desconfortáveis (os psicólogos), com dúvidas, e, com
freqüência, preferem abster-se de realizar esse atendimento”. Aquela autora sintetiza em três
questões as dúvidas levantadas comumente por psicólogos: Os princípios básicos de intervenção
terapêutica psicológica são aplicáveis igualmente às pessoas com deficiência? Há peculiaridades
nesse atendimento? O atendimento dessas pessoas implica procedimentos específicos? Esclarece,
ainda, que:
Em qualquer processo interacional, seja na relação professor-aluno ou na relação terapeutacliente, devemos ter em mente que a condição de deficiência interfere tanto no sujeito que a
possui como no profissional que o atende [...]. Para os profissionais que atendem pessoas com
deficiência, esta os afeta em vários níveis: na percepção do objeto, no campo do conhecimento, na
área das emoções e afetos e no nível das fantasias inconscientes. (AMIRALIAN, 1997, p. 33)
Amiralian (1997) alerta que não se deve considerar a deficiência como a causa de
perturbações psíquicas, mas sim como uma condição que dificulta as relações com o ambiente.
Pontua, ainda, que embora apresentem peculiaridades relacionadas à sua condição orgânica, as
necessidades das pessoas com deficiência são as mesmas vivenciadas por todas as pessoas.
Referindo-se à importância da qualidade das relações intersubjetivas, diz que se pode dizer que
uma relação satisfatória, proporcionando bons resultados para o cliente com deficiência e para o
seu terapeuta, “pressupõe duas condições básicas e fundamentais: a) a compreensão das
vicissitudes causadas pela deficiência no desenvolvimento e ajustamento da pessoa dela
portadora; b) a atitude do profissional que atende essa pessoa”. (AMIRALIAN, 1997, p.36)
É oportuno salientar que a inclusão não aborda somente pessoas com deficiência,
envolvendo também grupos que se sentem prejudicados e excluídos dos benefícios da sociedade;
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do ponto de vista escolar significa educação de qualidade para todos. O tema também não é
restrito ao processo educacional, mas também, é um processo social, embora a escola sirva como
base para a inclusão social e constitui-se como cerne da mudança de atitudes.
Para o melhor entendimento é necessário desvendar sua terminologia: INCLUSÃO - ato ou efeito
de incluir; INCLUIR – Estar incluído ou compreendido, fazer parte, figurar entre outros,
pertencer junto com o outro.
Dentre a variedade de concepcões, Nirje, da Dinamarca, traz para o campo educacional o
conceito da filosofia da normalização, “que tinha como princípio norteador a idéia de que as
pessoas com deficiência tinham o direito de vivenciar um estilo ou padrão de vida que seria
comum ou normal em sua cultura”. (AMIRALIAN, 2005, p. 63)
Novos questionamentos importantes surgem com a evolução conceitual, particularmente em
relação às pessoas com deficiência:
Querer tornar o indivíduo com deficiência o mais parecido possível com aquele que não a possui
não significa não aceitá-lo como ele é?; Treiná-lo não significa que não acredito em sua
capacidade de aprendizagem?; Modificá-lo não significa que, como ele é eu o considero inferior e
incapaz de viver em sociedade?; Como, então, educar ou reabilitar as pessoas com
deficiência?(AMIRALIAN, 2005, p. 64)
O processo de inclusão é muito amplo para ser compreendido através de providências
isoladas, são necessários esforços conjuntos, respaldo institucional e participação da sociedade
civil. Nesse sentido é importante destacar que à escola cabe uma responsabilidade diferenciada, já
que ela se configura como o espaço social onde a criança conviverá com maior diversidade de
pessoas além da família. Seu papel e a mudança de suas atitudes em relação aos alunos com
deficiência influencia todo o corpo discente da escola na aceitação ou não da diversidade que
compõe uma comunidade verdadeiramente integrada.
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Mazzotta (2007) ao discutir o sentido da inclusão com responsabilidade e o seu oposto a
que denomina inclusão selvagem, reitera sua “convicção de que a inclusão, ou seja, a convivência
respeitosa de uns com os outros, é essencial para que cada indivíduo possa se constituir como
pessoa ou sujeito e, assim, não venha a ser meramente equiparado a qualquer coisa ou objeto”.
Esse autor diz, ainda, ser “indispensável a participação social de todos na produção, gestão e uso
dos bens e serviços de uma sociedade democrática” e chama a atenção para o fato de que
Aquele que fica separado dos demais, isolado, privado de sua capacidade de agir, está socialmente
morto. É precisamente em razão disso que o respeito à diversidade e a prática de cooperação e
solidariedade devem ser os sólidos pilares da edificação de uma ordem social que prioriza a
construção do outro como sujeito e cidadão (MAZZOTTA, 2007).
Com relação à terminologia utilizada no campo de estudos e intervenções especializadas
referentes às pessoas com deficiência, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou nos
anos setenta a Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens
(CIDID) e que foi publicada na língua portuguesa em 1989, em Portugal. Segundo aquela
classificação, no domínio da saúde, “deficiência representa qualquer perda ou anormalidade da
estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica” (OMS, 1989 apud MAZZOTTA,
2002, p.19).
No Brasil, pelo Decreto no. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, para os efeitos do referido
decreto, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência, está assim definido:
Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
anatômica, que gere incapacidade para o desempenho de atividade dentro do padrão considerado
normal para o ser humano; Deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante
um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se
altere, apesar de novos tratamentos. (MAZZOTTA, 2002, p. 22)
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Com relação à deficiência visual, é oportuno lembrar como ela está definida no Decreto
no. 5.296, de 02 de dezembro de 2004, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a
promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida:
Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho,
com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,5 no
melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo
visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º.; ou ocorrência simultânea de quaisquer das
condições anteriores. (BRASIL, 2004)
Elemento fundamental nas relações interpessoais é a consciência dos limites do outro e de
nossos próprios limites. E, a presença da deficiência muito nos ensina nesse sentido. Como diz
Glat (1995, p.44), “é claro que aceitar a limitação, inclusive psicológica, de nosso cliente ou de
nosso aluno, não significa aceitar a sua baixa auto-estima ou a sua acomodação. Nem implica em
superprotegê-lo dos riscos, acolchoado em um mundo ‘especial’, longe dos demais”.
Vale lembrar, também, que nas relações humanas, as situações de inserção, integração e inclusão
social trazem efeitos diferentes a cada um que as vivencia; daí ser igualmente importante
considerar o que as discussões teóricas têm trazido para a melhor compreensão das peculiaridades
de que se revestem e suas implicações na vida de todos.
3. MÉTODO E MATERIAL
Envolvendo pesquisa teórica e de campo, o presente estudo norteou-se pela abordagem
qualitativa e não utilizou recursos estatísticos na análise dos dados coletados. Além disso, na
pesquisa de campo não foi selecionada amostra representativa e sim amostra ilustrativa de
situações contempladas na pesquisa teórica.
Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com psicólogos que
atuam em equipe multidisciplinar de instituição especializada e que oferecem intervenção
psicológica a tais pessoas em situação de inclusão social.
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Foram escolhidas 2 (duas) instituições especializadas no atendimento a deficientes
visuais, situadas na cidade de São Paulo. A entrevista compôs-se de 8 itens, que serviram de
roteiro para sua realização. Tal roteiro resultou de discussão em sala de aula com suporte no
referencial teórico sistematizado. Durante a entrevista foram utilizados gravador digital, canetas e
bloco para anotações e posteriormente, um microcomputador. Os procedimentos seguidos para a
sua realização foram: contato telefônico pelo professor responsável pela disciplina com os
principais representantes das instituições especializadas que serão aqui referidas como instituição
A e B; envio do projeto para informar o assunto introduzido no primeiro contato com a
instituição especializada, bem como a Carta de Informação à Instituição e respectivo Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido,1 (uma) Carta de Informação ao Sujeito da Pesquisa e
respectivo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ; agendamento das entrevistas conforme
disponibilidade das alunas e das instituições com seus respectivos profissionais; definição dos
grupos que realizariam as entrevistas.
A realização da pesquisa de campo ocorreu após aprovação do projeto pela Comissão
Interna de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade
Presbiteriana Mackenzie (UPM).
Assim, a primeira entrevista foi agendada para o dia 11/09/2007 às 11h na Instituição A e
a segunda no dia 18/09/2007 na Instituição B, no mesmo horário. Na Instituição A estavam
presentes 4 alunas (do grupo de 7 integrantes) da disciplina Processos Investigativos em
Psicologia (PIP), do Curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As alunas se
dirigiram à instituição e se apresentaram na recepção portando documentos pessoais e carta de
apresentação. Foram orientadas a aguardar o representante que as receberia, um psicólogo do
sexo masculino, muito prestativo e atencioso. Em seguida, todos foram encaminhados para uma
sala, onde ocorreu a entrevista, que teve início às 11h 15 minutos e teve 1h de duração. Após a
entrevista, o profissional apresentou brevemente a brinquedoteca para as alunas.
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Na Instituição B estavam presentes 6 alunas (do mesmo grupo de sete) de PIP, do Curso
de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. As alunas se apresentaram na recepção
portando documentos pessoais e carta de apresentação à instituição. Foram orientadas a aguardar
a representante que as receberia, uma psicóloga do sexo feminino, muito simpática e atenciosa.
Em seguida, todas se dirigiram para uma sala, onde ocorreu a entrevista, que teve início às 11:30
hs. e teve 1hora 30 minutos de duração.
Após a realização das entrevistas, já em sala de aula, houve um breve relato sobre cada
uma das entrevistas e sobre a experiência em ambas as instituições. Em seguida, o grupo de 7
alunas foi dividido em 2, sendo um grupo composto por 3 e o outro por 4 alunas. Cada grupo
ficou responsável pela realização da transcrição da entrevista de uma instituição e após o término
desta atividade algumas discussões foram realizadas em sala de aula sobre o que seria focado no
momento de destacar os trechos mais significativos de acordo com os objetivos do projeto, bem
como a relevância de outras novas e possíveis informações. Ainda sob orientação do professor,
foram definidos os critérios para organização dos depoimentos em Eixos Temáticos.
Assim, cada grupo foi identificando e destacando ao longo de uma aula e de encontros
extra classe, os trechos mais relevantes da entrevista, discutindo sua importância e ligação com as
perguntas do roteiro, contando com o auxílio, referências e orientações do professor, e
selecionando algumas informações complementares, que foram acrescentadas e apresentadas ao
mesmo para posterior revisão.
Em seguida, o professor definiu as próximas etapas, que consistiram em relato sobre o
método e material, aproximação entre os trechos selecionados da entrevista e o referencial teórico
e a elaboração dos comentários críticos sobre os dados obtidos.
No decorrer de todo o processo, houve contribuições individuais onde cada participante
pôde comparar o que selecionou como trechos relevantes com os demais membros do grupo, o
que também trouxe grande troca de experiências e conhecimentos.
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4. Apresentação dos dados e discussão dos resultados
Neste item serão apresentados os trechos mais significativos dos depoimentos dos
psicólogos entrevistados, bem como uma análise crítica dos dados obtidos com base no
referencial teórico.
4.1. Apresentação dos dados obtidos
Os dados obtidos estão sendo apresentados com o agrupamento das questões em torno de
eixos temáticos, que representam as principais respostas dadas pelos profissionais entrevistados.
Serão transcritos trechos referentes às informações preliminares fornecidas pelos psicólogos e a
seguir os trechos significativos para composição dos eixos temáticos.
O eixo temático 1 engloba as questões 1, 2 e 3 e recebe informações a respeito da
formação e experiência profissional do entrevistado. O eixo temático 2 engloba as questões 4, 5 e
7, no qual estão presentes as principais informações sobre o estímulo, fortalecimento e apoio às
situações de inclusão. Por fim, o eixo 3 engloba as questões 6 e 8, com as informações que
merecem destaques a respeito da atuação profissional e seus desdobramentos.
4.1.1 Instituição especializada A
A Instituição A foi visitada no dia 11 de novembro de 2007 por 4 (quatro) alunas que
entrevistaram o Psicólogo E.D. formado no ano de 1992 e que trabalha com pessoas com
deficiência visual há 15 anos. Não atua nessa área em outra instituição. Em suas próprias
palavras:
“Me formei em 92, [...] na época o Hospital das Clinicas oferecia uma especialização em
Psicologia Hospitalar [...]Foi onde eu tive contato primeiro, Mais intenso com pessoas com
deficiência. [...] Então, foi lá que eu comecei esse contato com pessoas com deficiência de forma
mais intensiva, mesmo no atendimento.[...] deficientes físicos, periplégicos, paraplégicos, pessoas
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com doenças degenerativas, deficientes visuais e crianças com paralisia e suas famílias [...] abri
um consultório também recebendo e atendendo pessoas com deficiência”.“[...] estou aqui há 10
anos [...] também atuar como coordenador aqui no setor de educação especial e eu estou aqui
desde 98 como psicólogo, como coordenador aqui do setor de educação [...] só aqui.”
Eixo Temático 1 – Formação e experiência pessoal
1. Você considera que a formação regular do psicólogo é suficiente para esse atendimento
ou é necessário um preparo específico? Os princípios básicos de intervenção psicológica
são igualmente aplicáveis às pessoas cegas ou com baixa visão?
“Olha, precisei. [...] eu tinha uma disciplina chamada Psicologia do Excepcional e ela era
ministrada no 3º ano.[...] São os mesmos. [...] antes da deficiência, tem uma pessoa, então antes
de a gente pensar na pessoa com deficiência, a gente pensa na pessoa, [...] sempre no trabalho em
equipe que é a filosofia e premissa aqui na Instituição.[...] o bebê é diferente de uma pessoa
adolescente, de um adulto, mas a família tem que estar inserida nesse trabalho, então antes de
você pensar na deficiência, eu penso na pessoa, eu tento conhecer a pessoa, eu tento entender em
como essa pessoa vive, [...] existem algumas especificidades , a gente poderia pensar num bebê
com cegueira congênita e um bebe que nasce com baixa visão leve.”
2. Você convive com a deficiência visual no âmbito familiar?
“No âmbito familiar, olha não convivo [...] comecei a trabalhar, eu tinha muito receio, tinha
muito medo, eu tinha uma expectativa muito grande, o que eu podia fazer [...] eu tive muito
medo, assim, receio mesmo de que maneira trabalhar, de como fazer esse trabalho.[...] encontrei
outras formas de poder atuar em Psicologia com pessoas com deficiência.”
3. Qual o significado que a deficiência tem para você? Como você percebe a dinâmica das
relações entre você e o paciente cego ou com baixa visão?
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“[...] a coisa em relação a pessoa com deficiência é o trabalho de você sempre ganhar algo, então
você recebe às vezes a pessoa aqui, ela vem bastante, às vezes angustiada, deprimida, porque tem
uma série de características, se foi adquirida.[...] reconhecer recursos para superar algumas
dificuldades, isso é muito gratificante, isso é, assim, não tem preço.”
“[...] quando eu tive Psicologia do Excepcional em oitenta e noventa, hoje a psicologia mudou a
terminologia da disciplina, gente é outra história, as pessoas atualmente se relacionam de uma
maneira diferente.[...] quando eu tive essa disciplina nada disso foi contemplado, esses recursos,
recursos tecnológicos, e até mesmo no que a gente entende como recursos de intervenção
psicológica, ta, acho que (inaudível) mudou muito. ”
Eixo Temático 2 – Estímulo, fortalecimento e apoio a situações de inclusão
“[...] falando um pouco da instituição. [...] não só os médicos, mas as escolas, outras instituições
da comunidade, [...] uma assistente social que acolhe essa pessoa e a família. [...] Se há
possibilidade de trabalho aqui na Instituição, [...] essa pessoa passa por uma avaliação em
algumas áreas especificas, dentre elas a Psicologia. [...] a partir daí é feita uma discussão na
equipe,com essa equipe que avaliou e com a equipe que vai receber,pra gente trocar informações
sobre condutas e necessidades específicas, geralmente a maioria deles tem indicação pra
Psicologia, seja do modo individual, grupo ou familiar.”
4. Você procura estimular o deficiente visual para situações inclusivas no seu cotidiano
(trabalho, escola, lazer)? De que modo?
“Sempre, sempre. Acho que é o que mais faço.[...] eu sou muito ligado no que existe de serviço
na comunidade[...] atividades extra-atendimento então eu os encaminho sempre. Então faço
contatos, peço pra que voltem ao espaço, conheçam, trabalhando nesse conceito mesmo de rede,
de conhecer e de poder oferecer outros , outros serviços, outros espaços de convivência e que eles
possam estar.O Senac de Santo Amaro, eles oferecem um espaço na informática né pras pessoas
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com deficiência visual né onde eles têm todo um equipamento já adaptado, impressora em braile
e instrutores né especializados e treinados pra dar assistência [...] sei da ligação forte dos
adolescentes com a internet, [...]então a 1ª coisa que faço já é orientar pra ele procurar esse
serviço comunitário nessa região da cidade.[...]
Então assim,sempre dando, oferecendo,
informações de espaços que eles possam ta se conhecendo, tendo atendimento, aquela história
específica e um passo (diário) também.”
(aluna) Você também incentiva a relação dele com pessoas não cegas?
Sem dúvida; sempre, sempre.[...] porque preferencialmente eles acabam optando por espaços e
interação com pessoas deficientes,[...] importante isso que você colocou, você tem que incentivar
que ele conviva e espaços onde todos convivam, ainda tem um estigma muito grande, um clima
pesado em relação a pessoas com deficiência, [...]incentivar a convivência social,de uma forma
ampla, porque eu sinto que é na relação que a coisa acaba acontecendo.[...]com a inclusão social,
as pessoas com deficiência passaram a freqüentar, estar mais presentes em vários segmentos
institucionais sociais. Escolas, principalmente escola, então hoje o atendimento a pessoa com
deficiência nas escolas mudou e muito. [...] E isso é muito legal, você incentivar, você pode
estimular ele buscar esse serviço.”. [...] Então eu recebia, atendia as famílias. Hoje, a demanda ela
é muito mais externa do que, a gente diz respeito à orientação. Então nós vamos até as escolas,
recebemos os professores, e outros profissionais.[...] Nós trabalhamos com três grandes
programas, ta, um programa chamado intervenção precoce, um outro programa chamado de
desenvolvimento de funções e habilidades básicas e o programa de complementação educacional,
ta. Então, esses programas são realizados pela equipe interdisciplinar ta. Hoje na equipe nós
temos psicólogos, pedagogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistente social, a
ortoptica, professores de orientação e mobilidade”.“[...] nossa filosofia de trabalho ela é
interdisciplinar. [...] uma criança de oito anos com uma deficiência necessita? Então, ela entra no
programa de complementação educacional porque ela já está na escola incluída e nós damos o
apoio.[...] Então, elas estão em escola e a gente ta trabalhando, preparando, essa criança,
ajudando essa criança, a ter um bom desenvolvimento também escolar, social, ângulo, não falta
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em ângulo.[...] Mas as escolas elas estão sim, estão se preparando mais, os professores, tem
buscado cursos,tem lido mais.”
5. Na sua ação como psicóloga, prestando apoio a uma pessoa com deficiência visual,
considera fundamental a compreensão das conseqüências da deficiência? Poderia
explicar?
“[...] quando você passa a entender ou passa a ter uma escuta praquela pessoa com deficiência
visual e que começa a relatar pra você problemas, dificuldades e (inaudível ) então você entra
nesse universo, né, tentando fazer se conectar com essa fala, com essa narrativa e a partir daí né,
uma coisa que eu uso muito, fazer uma compreensão. Como que eu compreendo? Perguntando,
perguntando, perguntando, perguntando...então é a experiência dele que vai fazer com que eu
possa de fato tentar compreender o que pra ele é um (inaudível ) o que pra ele não é ou como é.”
7. Você considera que seu trabalho numa equipe multidisciplinar tem fortalecido o
deficiente visual diante de barreiras atitudinais em situação de inclusão? Como?
“[...] é um trabalho em conjunto mesmo , (inaudível ) acho muita pretensão nossa achar
(inaudível ) eu acho que a gente é um ponto, a gente é um fator, um elemento que contribui pra
isso, mesmo porque a gente tem data na vida do cliente, a gente tem começo, meio e fim no
processo.[...] o que a gente faz assim é interessante porque a gente tem também, a gente
encaminha pra outros recursos. [...] nós damos o suporte à escola no que diz respeito à material,
informação, discussão, também é feito.”
Eixo Temático 3 – Atuação profissional e seus desdobramentos
6. Pensando em um determinado cliente que atende nessa instituição, como você percebe as
suas relações com amigos, professores, colegas, família e outros?
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“[...] pensando em alguém específico, olha eu to pensando aqui numa adolescente que começou
conosco ela tinha treze anos, o diagnóstico era catarata congênita, então ela veio com uma perda
grave já no nascimento [...] grande com todos da equipe, e foi pra uma escola e foi uma
experiência bastante gratificante pra nós porque em quase quatro meses que ela fez ela
praticamente já dominava o braile.[...]Não tomar atitudes precipitadas, isso é um mal de
psicólogo, a gente, nós somos interpretadores natos. [...] Nós somos interpretadores natos, nós
interpretamos o tempo inteiro, nós trabalhamos com a interpretação. [...] Tem uma autora,
bastante legal, que ela diz que o especialista é o cliente, é ele que sabe da vida dele.”
8. Fique à vontade para comentar outros aspectos que julgue relevantes na atuação do
profissional de Psicologia.
“[...]quem vai atuar em psicologia tem que gostar de se relacionar, tem que gostar de gente, sabe,
ã, e quem vai (inaudível ) mais difícil como a área de deficiente, acho que tem que gostar muito
mais.[...] tem que ta ligado nessa coisa porque preconceito, essas nuances elas são muito
subterrâneas, a gente não, não, a gente tem que ta muito atento, fazer trabalho com a gente,os
nossos próprios preconceitos, as nossas maneiras de enxergar o mundo, entender que a nossa
atuação ela modifica sim, ela tem poder sim de, ã, quando, a gente nota isso ‘ah, vou falar com o
psicólogo’”.
4.1.2 Instituição especializada B
A segunda instituição especializada a ser visitada foi a Instituição B (IB), onde o grupo de 6
alunas foi atendido pela psicóloga E., que graduou-se na PUC-SP, no ano de 1982. Seu tempo de
experiência profissional com pessoas com deficiência visual é de aproximadamente 29 anos. Não
atua nessa área em outra instituição.
Conforme palavras da psicóloga entrevistada:
“ [...]em 78 entraram 2 crianças cegas nessa escola (em que trabalhava) e aí começaram a fazer
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minhas aulas de música e daí pra frente nunca mais parei. [...] A psicóloga que tinha feito
indicação dessa escola pra essas duas crianças, que eram pacientes dela, deu uma supervisão
inicial pra nós, inclusive porque ela era também assessora na Secretaria da Educação na época e
passou a literatura pra nós, ensinou o braile pra nós, deu várias dicas e aí a gente começou a
estudar, pesquisar a área. [...]Então, integração da criança com deficiência na escola comum [...]
Então meu trabalho foi assim iniciado dentro dessa escola e desenvolvido dentro desses
parâmetros até 87, né? [...] depois eu trabalhei na Estação Especial da Lapa por 4 anos e depois
eu vim pra Instituição B (IB) e estou aqui há 12 anos.[...] Agora só aqui.”
Eixo Temático 1 – Formação e experiência pessoal
1. Você considera que a formação regular do psicólogo é suficiente para esse atendimento
ou é necessário um preparo específico? Os princípios básicos de intervenção psicológica
são igualmente aplicáveis às pessoas cegas ou com baixa visão?
“[...] Porque na formação do psicólogo vocês sabem que a gente tem uma disciplina que aborda
as várias deficiências, então não é o específico de cada deficiência. [...] A graduação nunca é
suficiente pra nós. Nunca vai ser na verdade. A graduação é uma formação generalista, que
depois as pessoas vão ou fazer opções em determinadas áreas de trabalho e aí vão se
especializando e a gente vai construindo mesmo a vida profissional e vai aprimorando sempre.
Não tem fim nunca, né? [...] a visita que eu fiz a algumas instituições, isso foi importante. [...]
então eu procurava direcionar um pouco do que eu ouvia ali pra aquele interesse que eu já tinha.
[...] Agora o específico em relação a deficiência, o desenvolvimento, a aprendizagem da criança
com deficiência eu é que tive que ir fazendo as articulações e fui me especializando.”
“Olha, é, eu diria que sim, porque inconsciente não é cego. Quem é cego, é por outras questões
que a pessoa perdeu a visão. [...] Então veja, se o profissional é um bom profissional psicólogo,
se é bom naquilo que ele faz, ele vai trabalhar bem com essa pessoa que tem visão, que tem uma
baixa visão [...] eu não sou do, da opinião que o psicólogo especializado em deficiência visual vai
ser um melhor psicoterapeuta para a pessoa com deficiência visual, não mesmo. Agora, se for
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para fazer psicodiagnóstico, aí sim, porque os testes em geral, não vão ser acessíveis para a
pessoa, para a criança cega, por exemplo. [...]”
2. Você convive com a deficiência visual no âmbito familiar?
“Sim. Meu marido tem baixa visão. [...] ele é educador também, artista plástico e mesmo
conhecendo assim eu não identifiquei. [...] ele mesmo nunca tinha participado muito desse mundo
da deficiência, foi praticamente normalizado, vamos dizer assim, né? Pelo lado bom e pelo lado
ruim também porque ele ficou sem muitos recursos, enfim, mas por outro lado ficou muito
integrado socialmente, ele conseguiu muitas coisas. [...] na família também eu tive um tio que
não tinha uma vista e que depois acabou ficando cego. [...]”
3. Qual o significado que a deficiência tem para você? Como você percebe a dinâmica das
relações entre você e o paciente cego ou com baixa visão?
“[...] A deficiência... o que ela representa na minha vida... muito aprendizado. [...] na nossa
dinâmica de trabalho, que nós não trazemos nenhum tema pronto nem nenhuma dinâmica em
particular. Chegamos aqui e as pessoas começam a conversar e o tema vai surgindo, o tema do
dia vai surgindo aqui. O que nós propiciamos é um enquadre de pontos de vista das pessoas
falarem.E a nossa mediação, é uma mediação que não leva à terapia, mas leva a essa circulação
mesmo de fatos, as pessoas vão se ouvindo e algo começa a surgir, uma troca muito grande de
experiências [...] a gente precisa ter muita clareza sobre o que é o seu papel profissional aqui,
porque aqui ninguém está para ser amigo, eu não venho aqui para estabelecer vínculos de
amizade, eu venho aqui para trabalhar. Então o meu vínculo sempre vai ser profissional e eu não
posso ter medo disto, pelo contrário, eu tenho que saber assumir isso muito bem para estar
tranqüila na festa junina se eu for dançar com alguém que estava aqui chorando me contando um
fato da vida dele muito difícil, ou abrindo aqui para mim uma fragilidade dele [...] Com a
convivência com a deficiência, que é você conviver o tempo todo com a limitação ali, faz
também você se dar conta de suas próprias limitações. [...]”
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Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, São Paulo, v.7, n.1, p.53-82, 2007
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Eixo Temático 2 – Estímulo, fortalecimento e apoio a situações de inclusão
4. Você procura estimular o deficiente visual para situações inclusivas no seu cotidiano
(trabalho, escola, lazer)? De que modo?
“[...] Que a gente tá dentro de uma instituição segregada, porque só atende, digamos, a
deficiência, as pessoas com deficiência, porém, totalmente voltada às ações de inclusão social
porque a gente faz essa reflexão aqui dentro e favorece com ações que vão para fora da IB,
favorece que essa inclusão comece a ser mais responsável, que ela aconteça de fato. [...] Olha,
nós temos várias ações. [...] Porque a IB sempre foi à escola, e a escola sempre veio à IB ou outro
segmentos da nossa sociedade. [...] passamos a discutir muito essa questão do modelo que nós
tínhamos de atendimento e de ação junto à família, junto à escola, dentro de um novo contexto
que trazia essa discussão da inclusão social da pessoa com deficiência e da inclusão social de
modo amplo né, para todas as pessoas. [...] Por exemplo, é: nós convidamos as escolas das
crianças e dos jovens atendidos na IB, para três encontros ao longo do ano. Então são encontros
que sempre vão congregar família, escola e instituição especializada, né, todos os documentos do
MEC, todas as recomendações de Salamanca mesmo, que a idéia é essa mesma, de fazer um
trabalho de parceria entre família, escola e instituição especializada. [...] Nós propiciamos uma
capacitação profissional também, seja em cursos aqui, mais teóricos, seja em cursos práticos,
oficinas, aprender a fazer né. [...]A gente vai ensinar o braile, ensina o sorobã [...] oficinas de
orientação e mobilidade, onde as pessoas vem e fazem muitas vivências pra aprender um pouco
sobre como é orientar quando a criança vai para a escola com bengala, e todas as dicas, assim, do
que fazer com um aluno com baixa visão na escola.[...] Dentro dessa parte de capacitação, a gente
investe muito em produção de material didático e material pedagógico, então a gente faz, escreve
manuais, lança DVD’s para orientação do professor é, bom, na mídia, a gente ta sempre lá. [...] a
gente também tem ações mais diretas e outras mais indiretas [...] fazem cursos de inglês,
informática, é, mais cursos voltados para a educação, para o trabalho. A gente faz inclusão
discutindo também com as empresas esse potencial, mostrando tudo isso, fazendo o próprio
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encaminhamento profissional. [...] Fortalecer as famílias no grupo de apoio psicossocial é uma
outra ação de inclusão porque onde a gente vai mais fundo nos preconceitos das próprias
famílias, nas dificuldades de aceitação, na negação, na super proteção, é, no olhar voltado, na
dificuldade de aceitação. [...]”
5. Na sua ação como psicóloga, prestando apoio a uma pessoa com deficiência visual,
considera fundamental a compreensão das conseqüências da deficiência? Poderia
explicar?
“[...] Enfim, são inúmeras coisas, angústias, medos, dúvidas, ansiedades, tudo vai aparecendo
aqui e vai sendo trabalhado. E também conquistas né, porque aquela família que já caminhou,
que já superou determinadas dificuldades, dá a sua fala da experiência para o outro, o outro que
ainda tá mergulhado no medo, no turbilhão e isso acaba surtindo um efeito muito bom. [...] Se for
adulto, se for jovem, ele já está lá com sua história mais constituída, né. O que vai estar mais em
falta, vai ser, serão as representações sociais, será a história de vida dela marcada pela
deficiência. Então ela vai contar sua história, da sua infância ou da sua adolescência, do seu
grupo social, das suas dificuldades em enfrentar um preconceito ou outro, da sua dificuldade de
se assumir como pessoa com deficiência, de se apresentar num grupo utilizando os seus recursos
óticos, no meio de uma aula ou no meio de um grupo, ou aparecer de bengala no grupo que ela
sempre tentou, no caso da baixa visão, disfarçar aquela deficiência. [...] por isso que eu digo, são
dramas humanos que todos nós vivemos, só que marcado por sua história de vida, de deficiência
[...]”
7. Você considera que seu trabalho numa equipe multidisciplinar tem fortalecido o
deficiente visual diante de barreiras atitudinais em situação de inclusão? Como?
“[...] Favorece totalmente, principalmente porque a gente já deu o passo da multidisciplinaridade
para a interdisciplinaridade, é tem uns eixos norteadores ai, no nosso trabalho, uma linha de
compreensão do que são todos esses aspectos que estão envolvidos com a deficiência e
socialmente falando e também especificamente nas necessidades bem específicas que são
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decorrentes da deficiência né, todos têm que saber braile, todos têm que entender a deficiência
porque são essas respostas de especialistas que nos temos que dar (psicólogo, sociedade), [...] na
hora do ato é um ato educacional, mas na hora do olhar, da compreensão, cada um de nós trás a
sua contribuição da sua área, também para compreender bem aquele que está sendo estudado, o
aspecto da aprendizagem, os medos, o desenvolvimento né. Então contribui [...]”
Eixo Temático 3 – Atuação profissional e seus desdobramentos
6. Pensando em um determinado cliente que atende nessa instituição, como você percebe as
suas relações com amigos, professores, colegas, família e outros?
“[...] Os deficientes ou as famílias que ainda falam por seus filhos pequenos, são trazidas muitas
questões voltadas ao preconceito mesmo, dentro da própria família. Isso é real, né? Assim, desde
as formas mais camufladas até as formas mais evidentes. [...] Cada família reage de um jeito, né?
Afastou a família, vive só esse núcleo, aí recupera a família ou aquela família que deu todo, todo
apoio que até sufocou essa criança, não deixa essa criança fazer nada, super protege ao extremo,
não deixa essa criança crescer, né? Então tudo isso acontece. Então, as relações dessas pessoas e
suas famílias com as pessoas tudo em torno dela são das mais variadas possíveis. Elas vão ter que
enfrentar o preconceito? Sempre. Elas com elas mesmas, elas com a família e depois o próprio
deficiente que vai crescer com ele mesmo, com a sociedade. [...] Alguns lidam com naturalidade
não querendo nem saber, respondendo mal, outros lidam de forma acanhada, ficando muito
tristes, mas se fechando em si mesmos e outros lidam de uma forma que seria mais ideal, vamos
dizer, nessa construção, nessa transformação, que é explicando, é respondendo as perguntas [...]
Então as relações aí fora são é... mescladas, muitas ainda de grande preconceito velado ou direto,
outras já as pessoas estão um pouco mais informadas, então já se aproximam de outra maneira,
é...as leis estão favorecendo porque estão exigindo que coisas sejam transformadas na sociedade,
né? [...] Ao mesmo tempo que tem esse avanço, tem também a criança lá na escola que ta dando
uma pega na criança cega, ta botando ele no meio do pátio e chamando ele de ceguinho.[...] Isso
cabe a cada um de nós um posicionamento nesse momento. Não se omitir, né? Nós que somos
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profissionais, as famílias, o próprio deficiente, as pessoas que como vocês, que estudam...que
estão estudando e pensando nesses aspectos, refletindo sobre isso. Cabe a cada um de nós esse
esclarecimento da população cada vez maior pra levar aí esse respeito, né?”
8. Fique à vontade para comentar outros aspectos que julgue relevantes na atuação do
profissional de Psicologia.
“[...] essa questão da deficiência não dá para desvincular lógico da minha história pessoal e da
minha vida profissional, e nas duas eu usei a palavra “aprendizado”, porque efetivamente é [...]
Com a convivência com a deficiência, que é você conviver o tempo todo com a limitação ali, faz
também você se dar conta de suas próprias limitações. [...] aquilo me fazia trabalhar com as
minhas próprias limitações, e que a limitação da deficiência é uma limitação num aspecto em
particular, em geral uma limitação nos aspectos práticos da vida [...] Psicologia é uma área, acho
que pode contribuir muito, muito, com a área da deficiência, acho que por tudo que a gente
colocou aqui, seja na área que você escolher, clinica, e você pode escolher na área de
organizações, como orientação de trabalho, área social, área institucional, educacional,
psicopedagógica, enfim qualquer área que vocês venham atuar dentro da psicologia, acho o
conhecimento e a psicologia como ciência é um conhecimento que pode contribuir muito para a
área da deficiência e para essa sociedade [...] Mas ela em si também como ciência tem também
momentos, tem instrumentos, tem teorias de compreensão do ser humano na sua dimensão
psíquica e social que pode ajudar o outro. [ ...] A gente é humano e pode se sentir mexido por
essas coisas. Só que você tem obrigação de trabalhar tudo isso, para poder estar diante daquela
pessoa, sem julgamento, acolher tudo o que ela te trás e sabendo que ali você tem que ter um ato
específico da sua profissão, porque ela não veio buscar no psicólogo um fisioterapeuta, nem ela
vai buscar no fisioterapeuta um psicólogo. Então cada profissão tem que dar de retorno aquilo
que é próprio da sua profissão. [...]”
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4.2 Discussão dos resultados
São apresentados, a seguir, os dados obtidos e discutidos com base no referencial teórico,
sob supervisão do professor responsável.
4.2.1 Instituição especializada A
4.2.1.1. Eixo Temático 1 – Formação e experiência pessoal
Na entrevista com o Psicólogo E.D. ele nos contou que no início tinha medo, receio de
como trabalhar com pessoas com deficiência, esse dado é apresentado por Amiralian (1997, 31),
ao comentar que “muitas vezes, ao se verem diante de uma pessoa com deficiência mostram-se
desconfortáveis (os psicólogos), com dúvidas, e, com freqüência, preferem abster-se de realizar
esse atendimento”. Ela ainda destaca três questões nas quais aparecem dúvidas levantadas
comumente por psicólogos: Os princípios básicos de intervenção terapêutica psicológica são
aplicáveis igualmente às pessoas com deficiência?
Há peculiaridades nesse atendimento? O
atendimento dessas pessoas implica procedimentos específicos?
Em qualquer processo interacional, seja na relação professor-aluno ou na relação terapeutacliente, devemos ter em mente que a condição de deficiência interfere tanto no sujeito que a
possui como no profissional que o atende [...]. Para os profissionais que atendem pessoas com
deficiência, esta os afeta em vários níveis: na percepção do objeto, no campo do conhecimento, na
área das emoções e afetos e no nível das fantasias inconscientes. (AMIRALIAN, 1997, p. 33)
Amiralian (1997) alerta que não se deve considerar a deficiência como a causa de
perturbações psíquicas, mas sim como uma condição que dificulta as relações com o ambiente.
Pontua, ainda, que embora apresentem peculiaridades relacionadas à sua condição orgânica, as
necessidades das pessoas com deficiência são as mesmas vivenciadas por todas as pessoas. O
Psicólogo da Instituição A (IA) ressalta isso em sua entrevista quando questionado sobre os
princípios básicos de intervenção a pessoas cegas e com baixa visão. Ele deixa evidenciado o uso
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desses princípios ao dizer que “o bebê é diferente de uma pessoa adolescente, de um adulto, mas
a família tem que estar inserida nesse trabalho, então antes de você pensar na deficiência, eu
penso na pessoa, eu tenho conhecer a pessoa, eu tento entender em como essa pessoa vive”.
4.2.1.2. Eixo Temático 2 – Estímulo, fortalecimento e apoio a situações de inclusão
Sobre o tema inclusão o entrevistado na IA disse que sempre procura estimular os seus
clientes a buscar atividades extras atendimento e que também os incentiva a conviver em espaços
onde todos convivam, porque ele acredita que é na relação com o outro que a inclusão acaba
acontecendo. Isto que o entrevistado nos coloca é apresentado por Mazzotta (2007) da seguinte
maneira: “Aquele que fica separado dos demais, isolado, privado de sua capacidade de agir, está
socialmente morto. É precisamente em razão disso que o respeito à diversidade e a prática de
cooperação e solidariedade devem ser sólidos pilares da edificação de uma ordem social que
prioriza a construção do outro como sujeito e cidadão” (MAZZOTTA, 2007). O autor ainda nos
coloca que a convivência respeitosa de uns com os outros é importante para o indivíduo se
constituir como sujeito para que dessa forma não seja equiparado a qualquer coisa ou objeto.
Segundo Amiralian (1997) a deficiência não deve ser considerada como a causa de
perturbações psíquicas, mas sim como uma condição que dificulta a relação do sujeito com o
ambiente. Apesar das peculiaridades relacionadas a sua condição orgânica, as necessidades das
pessoas com deficiência são as mesmas vivenciadas por todas as pessoas.
O processo de inclusão não deve ser compreendido de forma isolada e sim de forma
ampla. Sendo assim, para que ocorra a inclusão são necessários esforços conjuntos e participação
da sociedade civil. Para o entrevistado o trabalho do psicólogo é apenas um ponto, um fator, um
elemento que contribui para o processo de inclusão.
A escola no processo de inclusão tem uma responsabilidade diferenciada, já que é ela que
configura como espaço social onde a criança poderá conviver com mais pessoas além da família.
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4.2.1.3. Eixo Temático 3 – Atuação profissional e seus desdobramentos
Sobre a atuação do psicólogo, o entrevistado E.D. afirma que aqueles que estão nesta
profissão têm que gostar de se relacionar, e mais ainda os que desejam trabalhar com deficientes.
Amiralian (1997, p. 33) nos coloca que a condição da deficiência interfere tanto no sujeito que a
possui quanto no profissional, e que afeta este último nos níveis da percepção, do conhecimento e
das emoções, deixando claro que a condição da deficiência interfere diretamente na relação
terapeuta-cliente, assim como foi dito pelo psicólogo E.D. Ponderou, também, que é necessário
gostar do que se faz, pois este processo se daria de forma mais facilitadora, já que segundo
Amiralian “muitas vezes, ao se verem diante de uma pessoa com deficiência mostram-se
desconfortáveis (os psicólogos), com dúvidas, e, com freqüência, preferem abster-se de realizar
esse atendimento”
E.D. observa que é necessário o psicólogo estar atento aos seus próprios preconceitos,
pois conforme Amiralian (1997, 31).
4.2.2 Instituição especializada B
4.2.2.1. Eixo Temático 1 – Formação e experiência pessoal
A partir da opinião do profissional, pode-se pensar que o desconforto dos profissionais da
Psicologia é em função da sua formação, possivelmente incompleta, sem base experimental. A
vivência e o contato prévio com a deficiência tornam-se, então, fator importante para o
profissional que deseja se envolver com mais tranqüilidade, na área das deficiências, seja qual for
e assim, ajudar o sujeito a desenvolver funções superiores para superar suas dificuldades, obtendo
assim, recursos mentais para entrar em contato com a realidade e aí se desenvolver.
A deficiência é uma condição e como tal vai gerar conseqüências para as pessoas cegas ou
com baixa visão, que vão necessitar de ações específicas sim, mas para cada angústia, para cada
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situação e sentimento, o que não implica tratamento diferenciado quanto aos princípios de
intervenção. Cada pessoa vai lidar melhor ou pior com aquilo que lhe ocorre. As relações de
alteridade é que, muito provavelmente, trarão conteúdos angustiantes. Respeitar o outro e sua
condição, entendendo suas peculiaridades, encarando o seu próprio preconceito são atitudes que
facilitarão o desenvolvimento e o envolvimento deste com os demais, com o social.
Outro aspecto é que a deficiência provoca uma orientação social muito particular, de forma que o
sujeito se organiza a partir dos vínculos que cria com as pessoas, com o local onde viveu e vive e
como participante de sua vida.
O convívio familiar com a deficiência é muito proveitoso para o crescimento profissional
e pessoal do psicólogo que deseja atuar nessa área, embora não seja um requisito básico,
diferentemente da sua formação teórica, que exige uma especialização. A convivência favorece a
aceitação da deficiência por parte do profissional, que estará mais apto e sentindo-se mais
confortável para lidar com seu paciente.
Glat (1995) menciona a superproteção do deficiente, muitas vezes dado pela família e que
acarretará em uma carga pesada para ele, uma vez que pode separá-lo dos demais, e esse mundo
que lhe é negado conhecer, explorar e ser nele inserido pode tornar-se um lugar estranho,
colocando-o em desvantagem, levando-o a uma incapacidade progressiva.
4.2.2.2. Eixo Temático 2 – Estímulo, fortalecimento e apoio a situações de inclusão
Todo tipo de apoio à pessoa com deficiência é válido, como se percebe nos trechos da
entrevista. Porém não dá para contar apenas com o apoio da família e de uma instituição
segregada, pois com isso a pessoa nunca irá sair de sua “zona de conforto”, não irá enfrentar os
obstáculos reais que a sociedade lhe impõe. Por esse motivo que a instituição deve preparar a
pessoa para lidar com situações de fora, fortalecê-la para que esteja preparada psicologicamente
para enfrentar os problemas com a sociedade e se incluir no mundo do trabalho, de estudo, enfim
das relações sociais.
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É de suma importância que os profissionais envolvidos no trabalho interdisciplinar de
atendimento às pessoas com deficiência visual ou com baixa visão tenham compreensão das
conseqüências da deficiência tanto para o indivíduo como para os seus familiares e a
oportunidade que cada família tem de expor suas experiências cotidianas é benéfica por
proporcionar aprendizado mútuo. O trabalho do profissional de psicologia, como nos diz Glat
(1995), não é superproteger o indivíduo e muito menos de criar um “mundo” específico para sua
inserção, e sim, proporcionar consciência da sua condição, apresentando suas limitações e que
pode ter uma vida normal de acordo com suas possibilidades e limitações.
Quanto ao trabalho multidisciplinar, pode-se dizer que o mesmo trás grandes
contribuições na medida em que permite o conhecimento de cada um dentro da sua área de
atuação e a experiência adquirida ao conhecer o trabalho dos demais. Assim, cada profissional
presta um atendimento mais adequado aos seus pacientes, tendo consciência do que ele pode
realizar de acordo com o seus conhecimentos, com o que pôde aprender no que concerne às
demais áreas de atuação na equipe multidisciplinar, mas que possa fazer encaminhamento para a
área que melhor possa prestar atendimento quando necessário.
4.2.2.3. Eixo Temático 3 – Atuação profissional e seus desdobramentos
Dentro deste trabalho, falar das relações da pessoa com deficiência com seus amigos,
professores, colegas e a família é de suma importância, porque a convivência de uns com os
outros é fundamental para a constituição do sujeito. Dessa forma, ele apresentar-se-á como
sujeito vivo e participante da vida, independente da marca que carrega e tornará possível a
solidificação de um alicerce no qual se apoiará por toda a vida.
Ao comparar o que foi relatado na entrevista e com o que consta na literatura, pode-se
pensar que a deficiência acaba gerando na sociedade, movida por um estereótipo de
“normalidade”, certo preconceito em relação ao deficiente, excluindo o mesmo da sociedade,
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muitas vezes até pela própria família, que acaba por super proteger essa pessoa por medo, por
imaginar que alguém vai lhe fazer mal. O processo de inclusão é de extrema importância para
esse indivíduo, pois o colocando em um meio social onde ele possa conviver com todos as
pessoas, que estão tanto em uma condição igual a ele ou diferenciada, este deficiente pode
aprender, se desenvolver, aprender a lidar com as suas limitações, aceitá-las, como qualquer outra
pessoa sendo deficiente ou não. O fato de excluir a pessoa com deficiência colocando-a apenas
em meio onde há pessoas com a mesma condição que ela, seria como isolá-la do mundo, o que
poderia ser um agravante em termos de equilíbrio psíquico para este.
Por fim, pode-se notar que o psicólogo tem um papel relevante no trabalho com as
pessoas com deficiência. Esse trabalho pode fazer com que o indivíduo em questão, consiga lidar
melhor com as suas limitações, aceitando-a, explorando outras habilidades, facilitando sua
inserção no meio social e com isso obter melhor saúde psíquica.
Cabe destacar que o processo da inclusão abrange a todos e que ela se refere à educação e
ao social em geral, de forma que a escola serve como base para esse processo e para as mudanças
na direção da inclusão das pessoas com ou sem deficiências.
5. Considerações Finais
Importante ressaltar que foi alcançado o objetivo geral de conhecer e analisar criticamente
relações de pessoas com e sem deficiências em variadas situações sociais e de atendimentos
psicológicos que dêem suporte à manutenção de condições favoráveis à inclusão social. Através
das entrevistas entramos em contato com formas de apoio e orientação para inclusão social, como
por exemplo, a citada pelo profissional E.D. da Instituição A sobre encaminhar para cursos de
informática dado pelo Senac com profissionais treinados para atender deficientes visuais.
Os objetivos específicos também foram alcançados ao longo do desenvolvimento do
projeto, pois consistiam em:
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- Elaborar e desenvolver projeto de investigação científica envolvendo pesquisa teórica e de
campo; que foi iniciado no semestre anterior com pesquisas teóricas e concluído nesse semestre
com pesquisa de campo.
- Conhecer e discutir conceitos de inclusão e de pessoas com deficiência e com necessidades
especiais; etapa realizada para a elaboração do projeto de pesquisa.
- Identificar e analisar elementos significativos nas relações mantidas por pessoas com
deficiência visual em ambiente de reabilitação e em situações do cotidiano; realizado a partir das
transcrições das entrevistas e da elaboração dos eixos temáticos.
- Obter informações sobre alternativas de intervenção psicológica e atuação do psicólogo em
instituição especializada no atendimento a pessoas com deficiência visual. Importante ressaltar
que nas duas entrevistas realizadas com psicólogos das instituições especializadas A e B, foi
possível saber sobre variadas alternativas de intervenção psicológica para proporcionar apoio a
pessoas com deficiência visual em situações de inclusão social.
Os pesquisadores envolvidos nesse estudo esperam que os resultados obtidos possam
estimular outros pesquisadores para a realização de investigações sobre a atuação do psicólogo
nessa área, contribuindo para seu melhor conhecimento e aprimoramento da intervenção
profissional.
6. Referências
AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. O psicólogo e a pessoa com deficiência. In: Becker, Elisabeth
et. al.. Deficiência: alternativas de intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo,1997.
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AMIRALIAN, Maria Lúcia T. M. Desmistificando a inclusão. Revista Psicopedagogia, São
Paulo,v. 22 n.67, p. 59-66, 2005.
BRASIL. Decreto no. 5.296, estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras
providências.
Disponível
em
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/decreto%205296-
2004.pdf. Acesso em 09/04/2007.
GLAT, Rosana. A integração social dos portadores de deficiências: uma reflexão. Rio de Janeiro:
Sette Letras, 1995.
MAZZOTTA, Marcos J. da S. Deficiência, educação escolar e necessidades especiais: reflexões
sobre inclusão socioeducacional. São Paulo: Mackenzie, 2002
MAZZOTTA, Marcos J. da S. Reflexões sobre inclusão com responsabilidade. Disponível em
http://http//www.faders.rs.gov.br/politica_gestao_inclusao_escolar.php. Acesso em 29/03/2007.
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Relações interpessoais na inclusão de pessoas com