SORAYA CARVALHO DA COSTA Características faciais, palatinas e erupção dentária em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses que receberam assistência respiratória Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências Programa de: Pediatria Orientadora: Profa. Dra. Edna Maria de Albuquerque Diniz (Versão corrigida. Resolução CoPGr 5890, de 20 de dezembro de 2010. A versão original está disponível na Biblioteca FMUSP) São Paulo 2015 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo ©reprodução autorizada pelo autor Costa, Soraya Carvalho da Características faciais, palatinas e erupção dentária em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses que receberam assistência respiratória / Soraya Carvalho da Costa. -- São Paulo, 2015. Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Programa de Pediatria. Orientadora: Edna Maria de Albuquerque Diniz. Descritores: 1.Prematuro 2.Respiração artificial 3.Intubação 4.Palato 5.Erupção dentária 6.Face 7.Antropometria USP/FM/DBD-083/15 DEDICATÓRIA À minha pequena Laura, que me fez submergir e me apaixonar universo dos prematuros. A ela, o meu amor eterno. pelo AGRADECIMENTOS A Deus Emanuel, o Deus conosco, criador e consumador de todas as coisas. A Ele, por ter-me capacitado nesta estrada da Pós-Graduação. Aos meus pais, Renato e Marli, que nunca mediram esforços em dar o melhor para as suas filhas e que nos tornaram mulheres íntegras e de caráter. Este título pertence a vocês dois! Às minhas irmãs, Denise, Eliane e Renata, pelo amor e companheirismo que nos unem, nos tornando cada vez mais comprometidas umas com as outras. Obrigada por se alegrarem e comemorarem junto comigo a conquista desta vitória. Aos meus sobrinhos, Paulo Renato e Vitória, por existirem na minha vida. Aos meus cunhados, Fabiano e Paulo Roberto, por serem sempre meus incentivadores. À minha orientadora, Profa. Dra. Edna Maria de Albuquerque Diniz, por sua confiança, amizade e dedicação nesta etapa tão preciosa da minha vida e por ter acreditado no meu potencial para a execução deste trabalho. A ela, o meu eterno muito obrigada! Ao Prof. Werther Brunow de Carvalho, presidente da Comissão de Pós-Graduação do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que possibilitou a execução deste trabalho nesta renomada Instituição, e pelas relevantes sugestões proferidas para a melhoria desta tese. À Profa. Dra. Maria Teresa Botti Rodrigues dos Santos, por poder compartilhar da sua amizade e por fazer parte da sua equipe de trabalho, a qual muito me honra. Obrigada por ter sonhado o meu sonho e ter me ajudado a concretizar esta fase tão importante em minha vida. A sua generosidade é algo que me inspira! À Profa. Dra. Maria Salete Nahás Pires Corrêa, a grande diva da odontopediatria brasileira, de cuja amizade tenho a honra de desfrutar, e por ter sido a mentora direta desta minha Pós-Graduação. Muito obrigada por todo o carinho. Saiba que você é parte integrante deste título. À Profa. Dra. Maria Esther Jurfest Rivero Ceccon, chefe do CTIN-2, por ter possibilitado a minha ida para o Ambulatório de Seguimento dos Prematuros A5 RN002 do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP e pelo apoio recebido. À Dra. Nadia Sandra Orozco Vargas, médica assistente do CTIN-2, por sua receptividade tão afetiva, não hesitando em nenhum momento em me integrar à sua equipe, além da bondade que lhe é peculiar, propiciando as melhores condições para que pudesse realizar o atendimento dos pacientes com conforto e tranquilidade. A sua amizade honrarei para sempre! À Dra. Silvia Maria Ibidi, coordenadora do Serviço de Neonatologia do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, e a Dra. Denise Gomes Miyazato, médica assistente da Unidade Neonatal e coordenadora do Ambulatório de Seguimento do Recém-nascido Prematuro de Muito Baixo Peso do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, por terem permitido a minha participação neste ambulatório para que pudesse realizar a execução deste trabalho. À equipe multidisciplinar do Ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, à enfermeira Marilza Keiko Higashi, à técnica de enfermagem Luzia Pereira de Souza Lopes e à nutricionista Evelyn K. Nakamoto, que me receberam com tanto carinho, fazendo me sentir como se estivesse na minha própria “casa”. Muito obrigada por toda ajuda recebida. Ao Prof. Dr. Fernando Martins Baeder, por sua amizade e por ter compartilhado comigo este momento tão sublime em minha vida acadêmica. À cirurgiã-dentista Fernanda Malheiro Santos, por sua inestimável colaboração na execução das fotos dos pacientes atendidos neste trabalho. À Profa. Dra. Vera Lúcia Jornada Krebs, chefe do Centro Neonatal do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, por suas valiosas sugestões que resultaram na melhoria deste trabalho. Ao Dr. Alexandre Archanjo Ferraro, que propiciou as orientações iniciais referentes à análise estatística deste trabalho. À Sra. Marilza Kazue Umetsu, bibliotecária da Biblioteca do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, por toda a ajuda dispensada ao longo deste curso e pelas orientações técnicas referentes à elaboração da tese. Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação: Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver) Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Annelise Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3ª ed. São Paulo. Divisão de Biblioteca e Documentação: 2011. Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus. SUMÁRIO Lista de Abreviaturas e Siglas Lista de Tabelas Lista de Figuras Resumo Abstract 1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 1 1.1 Assistência Respiratória.................................................................. 7 1.2 Alterações Palatinas........................................................................ 10 1.3 Características Faciais.................................................................... 14 1.4 Erupção Dentária............................................................................ 16 2 JUSTIFICATIVA................................................................................... 20 3 HIPÓTESE........................................................................................... 23 4 OBJETIVOS......................................................................................... 25 4.1 Objetivo Geral................................................................................. 26 4.2 Objetivos Específicos..................................................................... 26 5 CASUÍSTICA........................................................................................ 27 5.1 Critérios de Inclusão........................................................................ 28 5.2 Critérios de Exclusão....................................................................... 29 6 MÉTODOS........................................................................................... 30 6.1 Metodologia Estatística.................................................................. 37 7 RESULTADOS..................................................................................... 38 8 DISCUSSÃO........................................................................................ 53 9 CONCLUSÕES.................................................................................... 79 10 ANEXOS............................................................................................ 81 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................. 89 APÊNDICE LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS Bi-Zi Bizigomático BP Baixo peso CEP-HU/USP Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo CI Caninos inferiores CPAP Continuous Positive Airway Pressure CS Caninos superiores CTI Centro de Tratamento Intensivo DBP Displasia broncopulmonar EBP Extremo baixo peso G Glabela Go Gônio Gn Gnation ICI Incisivos centrais inferiores ICS Incisivos centrais superiores IG Idade gestacional ILI Incisivos laterais inferiores ILS Incisivos laterais superiores IOT Intubação orotraqueal MBP Muito baixo peso MI Primeiros molares inferiores MS Primeiros molares superiores N Násion OMS Organização Mundial de Saúde PN Peso de nascimento PPCVA Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas PT Pré-termo RN Recém-nascido RN-BP Recém-nascido baixo peso RNPT Recém-nascido pré-termo RNPT-BP Recém-nascido pré-termo de baixo peso RNPT-EBP Recém-nascido de extremo baixo peso RNPT-MBP Recém-nascido pré-termo de muito baixo peso RNT Recém-nascido termo SDR Síndrome do Desconforto Respiratório Sn Subnasal T Termo Tr Trichion UTI Unidade de Terapia Intensiva VMI Ventilação Mecânica Invasiva LISTA DE TABELAS Tabela 1- Características sociodemográficas, duração da assistência respiratória em 68 crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses................................................ Tabela 2- 39 Comparação das variáveis sociodemográficas em 68 crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses segundo o tipo de assistência respiratória......................... Tabela 3- Alterações bucais, uso de chupeta e aleitamento materno de acordo com tipo de assistência respiratória................... Tabela 4- 45 Influência do aleitamento materno nas medidas faciais em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses... Tabela 6- 41 Comparação das variáveis sociodemográficas segundo o formato do palato em crianças do grupo IOT.................. Tabela 5- 40 46 Influência do uso de chupeta sobre as medidas faciais nas crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses................................................................................. Tabela 7- Características das medidas faciais nas crianças prétermo com idades entre 12 e 24 meses.............................. Tabela 8- 46 48 Correlação de Pearson entre altura facial e índice facial nas variáveis sociodemográficas de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses....................................... Tabela 9- Gênero e medidas faciais de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses................................................ Tabela 10- 50 Formato do palato em relação às medidas faciais de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses......... Tabela 12- 49 Raça e medidas faciais de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses................................................ Tabela 11- 49 51 Comparação das medidas faciais segundo o tipo de assistência respiratória em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses................................................ 51 Tabela 13- Comparação das medidas faciais de acordo com a presença de DBP entre os grupos CPAP e IOT................. 52 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Paquímetro digital................................................................. Figura 2- Paquímetro com a ponta adaptada....................................... 35 Figura 3- Fluxograma da pesquisa....................................................... 36 Figura 4- Palato de formato quadrado de uma criança pré-termo que recebeu CPAP...................................................................... Figura 5- 43 Palato de formato ovoide de uma criança pré-termo submetida à VMI através da IOT......................................... Figura 7- 42 Palato de formato estreito de uma criança pré-termo submetida à VMI através da IOT.......................................... Figura 6- 34 44 Representação gráfica do tempo de aleitamento materno segundo uso de chupeta....................................................... 47 RESUMO Costa SC. Características faciais, palatinas e erupção dentária em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses que receberam assistência respiratória [Tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2015. INTRODUÇÃO: As crianças pré-termo, principalmente aquelas de muito baixo peso (MBP) podem apresentar alterações no seu padrão craniofacial, no desenvolvimento da cavidade bucal e no padrão eruptivo dental. Este estudo teve como objetivos descrever as características faciais, palatinas e a erupção dentária em crianças pré-termo que receberam assistência respiratória; comparar os efeitos da ventilação mecânica invasiva (VMI) e do CPAP sobre as mesmas variáveis; observar o impacto do aleitamento, uso de chupeta e presença de displasia brocopulmonar em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses. MÉTODOS: Participaram deste estudo crianças pré-termo, procedentes do Ambulatório de Seguimento de RecémNascidos Pré-Termo do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e do Ambulatório de Seguimento dos Prematuros A5 RN 002 do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com peso ao nascimento inferior a 2000g. Foram constituídos dois grupos a partir dos dados sociodemográficos coletados dos prontuários de internação neonatal das crianças participantes. O Grupo 1 (G1) constituise de 34 crianças pré-termo que receberam VMI por intubação orotraqueal (IOT) por um período igual ou maior que 7 dias, e o Grupo 2 (G2) é composto por 34 crianças pré-termo que receberam CPAP por um período de tempo igual ou maior que 72 horas. Foi realizada entrevista com a mãe ou responsável pela criança, com objetivo de obter as informações relativas à duração do aleitamento, uso da chupeta, presença/ausência de displasia broncopulmonar como sequela da prematuridade. As crianças foram submetidas a um exame de inspeção da cavidade bucal para detectar a presença de alterações no rebordo ou palato, para classificar o formato do palato (quadrado, estreito e ovoide) e para visualizar a erupção dos dentes decíduos, classificada em atrasada, normal ou adiantada para a idade. Foram realizadas medidas faciais, com emprego de um paquímetro, dos pontos antropométricos como: larguras facial e mandibular, terços superior, médio e inferior da face, altura facial e índice facial. Foi realizada análise descritiva e inferencial (teste t-Student, teste F da ANOVA, teste MannWhitney, Kruskal-Walis, teste exato de Fisher e o coeficiente de correlação de Pearson). Os cálculos foram realizados com auxílio do software R 3.1.1 (R Core Team, 2014). Utilizou-se nível de significância de 5% para o teste de hipóteses. RESULTADOS: Os grupos G1 e G2 foram homogêneos em relação ao gênero (p=1; feminino: n=17; masculino n=17 para ambos os grupos) e em relação à raça (p= 0,627; não caucasiano: n=14 CPAP; n=17 IOT). Porém, quando se analisou a duração da assistência respiratória, as crianças do G1 permaneceram um tempo médio de dias em IOT (25,3 ± 25,8) significantemente maior (p < 0,001) quando comparado ao CPAP. Em relação à erupção dentária, os grupos G1 e G2 foram homogêneos, p=1 (atrasada: 47,1%; normal: 38,2% e adiantada:14,7%), entretanto, o grupo G1 apresentou porcentagens significantemente maiores do formato do palato estreito (p=0,005) e valores significantemente maiores para a altura do terço inferior da face (p=0,019) quando comparadas às crianças do G2. As crianças com palato ovoide apresentaram um terço inferior da face significantemente menor (p = 0,038) quando comparado aos outros tipos de formato de palato, porém para as outras medidas da face e para os outros formatos de palato não houve diferença. Os grupos G1 e G2 não diferiram em relação às alteração de palato, medidas faciais e uso da chupeta. Da mesma maneira, o aleitamento materno não influenciou as medidas faciais da população estudada. Crianças submetidas à IOT, com sequela da DBP, apresentam altura do terço inferior da face significantemente maior (p= 0,019). CONCLUSÕES: As crianças pré-termo que receberam assistência respiratóra (CPAP ou IOT) não apresentam alterações em rebordo, palato, medidas faciais e na erupção dentária. Entretanto, quando estas foram submetidas à IOT, observou-se presença de palato de formato estreito e profundo, enquanto naquelas em CPAP o palato é de formato quadrado. As crianças pré-termo com hábitos nutritivos e não nutritivos não apresentam alteração no formato palatino nem nas medidas faciais. A presença da DBP em crianças submetidas à IOT acarreta maior altura no terço inferior da face. Descritores: Prematuro; respiração artificial; intubação; palato; erupção dentária; face; antropometria. Costa SC. Facial and palate characteristics and tooth eruption in preterm children aged 12-24 months who have received mechanical ventilation [Thesis]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo;” 2015. ABSTRACT INTRODUCTION: Preterm children, especially those of very low birth weight, (VLBW), may show changes in the craniofacial pattern in the development of the oral cavity and tooth eruption pattern. This study aimed to describe the facial and palate characteristics as well as tooth eruption in preterm infants who have receiving mechanical ventilation; compare the effects of invasive mechanical ventilation (IMV) and CPAP on the same variables; observe the impact of breastfeeding, use of pacifier and presence of bronchopulmonary dysplasia in preterm children aged 12-24 months. METHODS: The study included preterm infants, coming from the Pre-Term Newborn Follow-up Clinic of the University Hospital at University of São Paulo and from the Preterm Follow-up Clinic A5 RN 002 of the Children's Institute of the Medical School of the University of São Paulo, weighting less than 2000g at birth. Based on the sociodemographic data collected from newborn hospital records of participating children, two groups were divided. Group 1 (G1) consisted of 34 preterm infants who received IMV by tracheal intubation (TI) for a period equal to or greater than 7 days and Group 2 (G2) consisted of 34 preterm infants who received CPAP for a period of time equal to or greater than 72 hours. An interview was conducted with the mother or the child's guardian in order to obtain information on breastfeeding duration, nursing nipple use, presence/absence of bronchopulmonary dysplasia as prematurity-related sequelae. The children underwent an oral cavity inspection to detect the presence of changes in alveolar ridge or palate, so as to sort palate shape (square, narrow, oval) and to view the eruption of primary teeth, classified as delayed, average or early for the age. Facial measures were taken with the use of a caliper on anthropometric points, such as facial and mandibular width, upper, middle and lower thirds of faces, facial height and facial index. A descriptive and inferential analysis was carried out (t-Student test, ANOVA F test, Kruskal-Wallis, Mann-Whitney test, Fisher's exact test and Pearson's correlation coefficient). Calculations were performed with the aid of the R 3.1.1 software (R Core Team, 2014). A 5% significance level was used to test the hypotheses. RESULTS: Groups G1 and G2 were homogeneous with respect to gender (p=1; female: n=17; male n=17 for both groups) and to race (p=0.627; non-Caucasian: n=14 CPAP; n=17 TI). However, when analyzing the duration of the mechanical ventilation, G1's children remained a significantly higher average of days in TI (25.3 ± 25.8) (p <0.001) as compared to CPAP. Concerning tooth eruption, groups G1 and G2 were homogeneous, p=1, (delayed: 47.1%; average: 38.2% and early: 14.7%), however, G1 showed significantly higher percentages of narrow palate shape (p = 0.005) and significantly higher values for the height of the lower third of faces(p = 0.019) when compared to children of the G2. Children with oval palate have shown a significantly smaller lower third of the face (p = 0.038) when compared to other types of palate shapes, nevertheless, for other facial sizes and other palate shapes, no difference has been observed. The groups G1 and G2 did not differ with regard to palate change, facial sizes and use of pacifiers. Moreover, breastfeeding has also not affected the facial sizes of the study population. The height of the lower third of the face is significantly higher (p=0.019) in children with bronchopulmonary dysplasia sequelae who have received TI. CONCLUSIONS: Preterm infants who have received mechanical ventilation (CPAP or TI) have shown no changes on the ridge, palate, facial sizes and tooth eruption. However, when submitted to TI, the presence of narrow- and deep-shaped palate was noted, while infants who have undergone CPAP showed square-shaped palates. Preterm infants with nutritive and nonnutritive sucking habits have shown no changes in palatal shape or facial sizes. The presence of BPD in children who have undergone TI entails greater height in the lower third of the face. Descriptors: Preterm infant; respiration artificial; intubation; palate; tooth eruption; face; antropometry 1 INTRODUÇÃO Introdução 2 O recém-nascido (RN) é classificado em três categorias: pré-termo (PT), termo (T), e pós-termo. São considerados RN de termo as crianças nascidas vivas entre 37 e 41 semanas e seis dias; e pós-termo as nascidas vivas com 42 semanas ou mais (294 dias em diante). Recém-nascido prétermo (RNPT), de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é aquele que nasce antes do termo, ou seja, toda criança nascida viva até 36 semanas e seis dias; os que nascem entre 34 a 36 6/7 são denominados de PT tardio e os RN que nascem com idade gestacional inferior a 30 semanas são considerados RNPT extremo (Paulsson et al., 2004; Ramos et al., 2006; Cruvinel et al., 2012; Picone et al., 2014). Os RNPT podem ser classificados de acordo com a idade gestacional (IG) e com o peso de nascimento (PN) (Paulsson et al., 2004). Em relação ao PN, normalmente, os RNPT nascem pesando menos de 2500g e são considerados de baixo peso. Neonatos com PN < 1500g e IG menor que 34 semanas são denominados recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso (RNPT-MBP), enquanto que os RN que nascem com peso < 1000g recebem a denominação de extremo baixo peso (RNPT-EBP) ou de muito muito baixo peso, ou ainda RN de muitíssimo baixo peso (Ramos et al., 2006; Takaoka et al., 2011). A prematuridade é uma das principais causas de morbidade e mortalidade perinatal nos países desenvolvidos, com incidência variável entre 6% e 10%, na Europa, América do Norte e Austrália (Paulsson et al., 2004; Caixeta; Corrêa, 2005; Hohoff et al., 2005a). No Brasil, a incidência da prematuridade é variável, sendo aproximadamente entre 10% e 12% de todos os nascimentos (Michelazzo et al., 2004). A morbidade e a mortalidade são inversamente proporcionais à idade gestacional (IG) e ao PN. Quanto maiores a IG e o PN, menor é a morbimortalidade. De acordo com vários autores, a taxa de sobrevida varia em 98% para aqueles RNPT que apresentam entre 2000-2500 g, 80% para aqueles entre 1000-1500g e 50% para aqueles entre 700-800g (Seow, 1986; Seow, 1997; Stimac et al., 2014). Porém, devido ao avanço tecnológico em neonatologia, particularmente nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tem havido um aumento significativo na Introdução 3 sobrevida com diminuição da morbidade destes RN (Paulsson et al., 2008; Nelson et al., 2010; Cruvinel et al., 2012; Stimac et al., 2014). O nascimento de RNPT representa um problema de saúde pública, causando desta forma um aumento nos custos econômicos (social, familiar e individual). Medidas de prevenção e de promoção de saúde se tornam necessárias com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dessas crianças (Cruvinel et al., 2010). A etiopatogenia da prematuridade é complexa e multifatorial, envolvendo tanto fatores maternos quanto fetais, embora em muitos casos a etiologia seja desconhecida (Paulsson et al., 2004). Podemos citar como fatores de risco: a idade materna (mães muito jovens ou muito idosas), tabagismo materno, fatores genéticos, obstétricos e ambientais, estado nutricional, estresse físico ou emocional, infecções, baixo nível socioeconômico, falta de cuidado pré-natal, alterações de placenta, abuso de álcool ou drogas, hipertensão, diabetes, gravidez múltipla, dentre outros que podem afetar o crescimento e o desenvolvimento intrauterino, resultando no parto prematuro e no baixo peso de nascimento da criança (Hohoff et al., 2005a; Ramos et al., 2006; Ferrini et al., 2007; Boguszewski et al., 2011; Tsai et al., 2012). Tanto a IG quanto o PN baixos são os principais fatores para determinar a incidência de complicações neonatais, porque a transição entre o período fetal e o neonatal nesses RN costuma ser mais lenta, devido à própria imaturidade de seus órgãos, principalmente cérebro, pulmões, olhos, sistema imunológico, fígado e rins (Hohoff et al., 2005a; Austeng et al., 2010; Cruvinel et al., 2012; Zhang; Liu, 2012; Tanaka; Miyake, 2014; Picone et al., 2014). Podemos citar como as principais complicações que acometem o RNPT: anemia, hipocalcemia, hiperbilirrubinemia, apneia, asfixia perinatal, síndrome do desconforto respiratório (SDR), hipoglicemia, dificuldade na manutenção da temperatura corpórea, intolerância gastrointestinal, enterecolite necrotizante, disfunções cardiovasculares, suscetibilidade a infecções (sepse), sucção e deglutição deficientes, doença metabólica óssea, hemorragia intracraniana, retinopatia da prematuridade e outras Introdução 4 alterações que podem afetar a saúde o crescimento e o desenvolvimento dos RNPT (Davenport et al., 2004; Hohoff et al., 2005a; Austeng et al., 2010; Cruvinel et al., 2012; Colaizy, 2014; Machado et al., 2014). Além disso, o RNPT-MBP também pode apresentar uma ampla variedade de problemas no seu desenvolvimento neuropsicomotor, como alterações de comportamento, falta de atenção, dificuldades nas áreas de linguagem, aprendizagem, integração visomotora e problemas sensoriais e perceptivos que podem se manifestar na primeira infância ou na época do ingresso escolar. Crescimento insuficiente também pode ocorrer durante o primeiro ano de vida (Paulsson et al., 2009; Austeng, 2010; Moreira et al., 2014). Vários fatores influenciam o crescimento pós-natal, como a idade gestacional, a intensidade e duração das intercorrências, o estado nutricional ao nascimento e a oferta nutricional (Aguiar et al., 2003; Colaizy, 2014). Os prematuros apresentam um risco maior para desenvolverem defeitos do desenvolvimento e do crescimento pós-natal, que podem afetar também o desenvolvimento da cavidade bucal e dos dentes (Viscardi et al., 1994; Seow, 1997; Aguiar et al., 2003; Hohoff et al., 2005b; Austeng, 2010). A influência da dentição na saúde da criança tem sido debatida nos últimos 5000 anos, e há desde escritos hindus, bem como trabalhos de Hipócrates, Aristóteles, Homer, Celsus, dentre outros, que associam a dentição a doenças (Macknin et al., 2000; Sood; Sood, 2010). Assim, como outros tecidos e órgãos, os ossos faciais e a dentição podem ser afetados pelo nascimento prematuro (principalmente aqueles de muito baixo peso), em comparação com as crianças que nascem com idade gestacional e peso normais (Seow; Wan, 2000). Segundo Ferrini et al. (2007), desde 1982, vários estudos tem mostrado que RNPT estão sujeitos à má formação do esmalte dentário e do palato, além do atraso do crescimento e desenvolvimento das dentições decídua e permanente. Assim, podemos citar como possíveis complicações bucais no RNPT-MBP: alteração em palato, defeitos no esmalte dentário que vão desde alterações de cor até danos mais graves, como hipoplasia de Introdução 5 esmalte; agenesia dental, maloclusão e retardo na erupção dentária (Caixeta; Corrêa, 2005; Hohoff et al., 2005a; Ramos et al., 2006; Ferrini et al., 2007; Rajshekar; Laxminarayan, 2011; Zhang; Liu, 2012; Rytén et al., 2013). A região orofacial desempenha um papel importante no desenvolvimento da criança, pois o crescimento e o desenvolvimento da face humana proporcionam uma interação bastante interessante de forma e função (Subramaniam; Naidu, 2010). Entre as numerosas modificações esqueléticas que ocorreram na evolução do hominídeo, a morfologia do rosto foi a que mais sofreu alterações importantes, principalmente no que se refere à projeção facial, ou seja, o grau com que a face se projeta para a frente da base do crânio, mostrando o importante papel de integração entre a face e a base do crânio e até mesmo com o neurocrânio (Neaux et al., 2013). Portanto, o padrão morfogenético do crescimento craniofacial é influenciado por vários fatores, como os genéticos e os ambientais (BureticTomljanovic et al., 2007; Sherwood et al., 2008). Segundo Sherwood et al. (2008), há um controle genético em certas características craniofaciais e é possível que esta influência genética domine a morfogênese craniofacial. A sucção e a deglutição são reflexos mecânicos que representam a primeira atividade muscular coordenada da infância e são indicadores da maturidade da criança. A habilidade de sucção ainda não está desenvolvida até a 34ª semana gestacional, porque o RNPT nesta idade possui ainda cerca de 53% do volume do córtex cerebral, e a mielinização da substância branca aumentará até cinco vezes mais entre a 35ª e a 41ª semana da gestação. Por esse motivo também, o RNPT apresenta habilidades motoras orais menos coordenadas (Charchut et al., 2003; Ludwig, 2007; Rythén et al., 2013; Neiva et al., 2014). Segundo Hohoff et al. (2005 b), os bebês prematuros devem desenvolver a habilidade necessária para iniciar a alimentação oral, assim como para ter capacidade de manter a coordenação da respiração e da deglutição. Essas funções orais de normalidade, como sucção, mastigação, deglutição e respiração nasal, representam a primeira Introdução 6 atividade muscular coordenada da criança e induzem a um desenvolvimento adequado da região orofacial. Os RNPT, porém, frequentemente apresentam uma dificuldade de estabelecer essas funções de forma coordenada (Charchut et al., 2003; Fucile et al., 2012). Hábitos orais são padrões de contração muscular aprendidos de natureza complexa. Alguns deles servem como estímulo ao crescimento normal dos maxilares (hábitos bucais nutritivos), outros estão associados ao crescimento ósseo alterado, os denominados deletérios (hábitos bucais não nutritivos), que são considerados fatores etiológicos da maloclusão (Alves; Bastos, 1995; Paulsson et al., 2004; Ferrini et al., 2007; Garbin et al., 2014; Neiva et al., 2014). Desde a vida intrauterina, o feto apresenta o reflexo natural de sucção não nutritiva, por meio das mãos e dedos, pois a sucção não nutritiva proporciona à criança diversas sensações como bem-estar, prazer emocional e proteção, dentre outras (Garbin et al., 2014). A qualificação de um hábito deletério quanto ao dano que este poderá causar ao sistema orofaríngeo depende de uma tríade (Tríade de Garber) que irá determinar a ocorrência, o tipo e a gravidade das alterações oclusais, faciais e musculares. Essa tríade é constituída pela intensidade e duração com que a força é aplicada durante o hábito, pela frequência e duração desse hábito oral e por sua interação com o padrão de crescimento do paciente (Garbin et al., 2014). Assim, durante o período de tempo entre o início das funções orais até o momento em que a criança vai ser alimentada oralmente, vários fatores externos ou internos tendem a exercer uma influência que pode afetar o desenvolvimento palatino e predispor a um maior risco de este paciente vir a ter uma futura maloclusão, assimetria facial ou até mesmo uma alteração no desenvolvimento dentário. Podemos destacar como fatores possíveis de causar a deformidade palatina: o peso e a idade da criança, o tamanho dos dentes e o hábito de sucção. Além desses fatores, podemos destacar como importante fator exógeno na possível deformidade palatina no RNPT-MBP, a Brown,1987; Zhang; Liu, 2012). intubação orotraqueal (IOT) (Warwick- Introdução 7 Nos estágios iniciais do desenvolvimento da cavidade oral, os ossos do palato são maleáveis e a pressão de qualquer objeto pode facilmente moldar o seu formato no palato. Assim, nos estágios iniciais do palato, este pode sofrer influências de forças externas como a da intubação oral e de uma sucção inadequada, resultando, portanto em uma deformidade palatina (Hohoff et al., 2005a). Graças aos avanços nos cuidados intensivos neonatais nas últimas décadas, tem sido observada uma diminuição importante na mortalidade peri e neonatal, utilizando-se principalmente medidas efetivas para o controle da insuficiência respiratória, por meio do suporte ventilatório mecânico ao RN, que vão desde recursos simples e não invasivos (CPAP) até os mais invasivos, como a ventilação mecânica através da IOT (Pinto et al., 2004; O’Donnell; Stenson, 2008). 1.1 Assistência Respiratória O CPAP (Continuous Positive Airway Pressure) ou PPCVA (Pressão Positiva nas Vias Aéreas) é uma técnica de assistência respiratória não invasiva, que utiliza uma pressão constante ou variável proveniente de um suporte ventilatório, sem que haja a IOT, sendo usada frequentemente para o RNPT com respiração espontânea (Carlisle et al., 2010; Mahmoud et al., 2011; DeMauro et al., 2014). O CPAP nasal associado aos avanços nos cuidados respiratórios, na terapia de suporte e nos sistemas de monitorização surge como uma técnica não invasiva escolhida para iniciar um suporte respiratório para evitar a necessidade de uma IOT por meio da ventilação mecânica ou até mesmo para prevenir a falha da extubação e a necessidade de uma nova reintubação (Bancalari; Claure, 2008; Schmölzer et al., 2013; DeMauro et al., 2014; Vendettuoli et al., 2014). Quando usado na SDR, em crianças nascidas entre 25 e 28 semanas gestacionais, tem se mostrado efetivo na Introdução 8 redução do tempo de dependência ao oxigênio, assim como no tempo de permanência em ventilação mecânica, tentando-se desta forma minimizar a lesão pulmonar. Além disso, contribui para diminuir a incidência da displasia broncopulmonar (DBP), que é uma doença pulmonar crônica, cuja etiologia é multifatorial como a prematuridade, ventilação mecânica, toxicidade do oxigênio entre outros, e que pode trazer sérias consequências para a função pulmonar (Claure; Bancalari, 2009; Lista et al., 2010; Pfister; Soll, 2012; Carvalho et al., 2013; Schmalisch et al., 2014). Em relação ao peso, a DBP apresenta incidência elevada entre os RNPT, particularmente aqueles de MBP. De modo que, cerca de 85% dos RNPT que nascem com peso entre 500 e 699g, 75% daqueles que nascem com um peso igual ou menor a 1000 g e 5% daqueles com mais de 1500g são suscetíveis a apresentarem DBP (Gupta et al., 2009; Schmölzer et al., 2013). A função do CPAP é, principalmente, estabilizar as vias aéreas, melhorar a função pulmonar e reduzir as crises de apneia (Hascoet et al., 2008; Bancalari; Claure, 2013; Carvalho et al., 2013). O CPAP deve ser aplicado, de preferência, por meio de “prongs” nasal, sendo um método simples, não invasivo e barato (Sankar et al., 2008; Carlisle et al., 2010; Ota et al., 2013). Atualmente se recomenda, sempre que possível, que se faça a utilização da assistência respiratória para evitar os efeitos deletérios da intubação por meio da ventilação mecânica invasiva (VMI), como traumas das vias aéreas, risco de infecções e danos ao pulmão (Gupta et al., 2009; García-Muñoz Rodrigo et al., 2015). As doenças pulmonares são responsáveis por 20% das mortes neonatais e também estão associadas às morbidades que ocorrem a longo prazo (Mahmoud et al., 2011). No ano 2000, no Reino Unido, a proporção de crianças nascidas com extremo baixo peso que necessitaram ser intubadas ainda na sala de parto ficou em torno de 97%, porém atualmente este índice vem sofrendo uma queda (O`Donnell; Stenson, 2008). O RNPT com insuficiência respiratória de grau moderado a grave frequentemente necessita de ventilação assistida, o que constitui uma das principais técnicas utilizadas em cuidados intensivos neonatais (Fadavi et al., Introdução 9 1990; Mahmoud et al., 2011; Lopez et al., 2013; Vendettuoli et al., 2014). A necessidade de intubação e de ventilação mecânica com pressão positiva é associada a várias complicações agudas e a morbidades que podem surgir durante o período da internação, como o dano estrutural alveolar, a presença de edema, inflamação e fibrose pulmonar, que são características da DBP (Bancalari; Claure, 2008; Dani et al., 2012; Mulder et al., 2012). Uma das principais complicações é a injúria pulmonar induzida pelo ventilador, pois o barotrauma e a toxicidade do oxigênio desencadeiam respostas inflamatórias, podendo resultar no aparecimento da DBP, principalmente nas crianças muito imaturas (Lista et al., 2010; Mahmoud et al., 2011; Gizzi et al., 2011; Lista et al., 2012; Pfister; Soll, 2012; Carvalho et al., 2013; Lopez et al., 2013; Schmalisch et al., 2014). Os prematuros são mais suscetíveis a essa injúria imediatamente após o parto, pois seus pulmões ainda estão parcialmente cheios de líquido amniótico e o conteúdo de surfactante endógeno ainda é deficiente. Cerca de 40% dos RNPT que nascem com menos de 28 semanas gestacionais acabam desenvolvendo a DBP (Carvalho et al., 2013; Roberts et al., 2013). A ventilação assistida no RNPT normalmente requer a colocação de um tubo naso ou orotraqueal, utilizando-se mais comumente o tubo orotraqueal, pois assim evitam-se lesões particularmente no septo nasal, que podem ser sequelas oriundas da aplicação do tubo nasotraqueal (Reina; López-Herce, 2003). Muitos trabalhos têm sido publicados relatando as possíveis lesões nas vias respiratórias oriundas das técnicas de ventilação mecânica utilizadas no RNPT, principalmente naqueles de MBP, como o barotrauma, volutrauma, atelectrauma e biotrauma. Além disso, o tubo orotraqueal pode causar um trauma local nas vias aéreas superiores após longo período de intubação, resultando em complicações como edema ou perfuração das cordas vocais, formação de granuloma, cistos subglóticos, paralisia da corda vocal uni ou bilateralmente, estenose subglótica e traqueíte (Molteni; Bumstead,1986; Macey-Dare et al., 1999; Sai Sunil Kishore et al., 2009; Lista et al., 2012; Carvalho et al., 2013). Ainda têm sido relatados efeitos Introdução 10 iatrogênicos intraoralmente provocados pela permanência prolongada do tubo orotraqueal, como fissuras adquiridas em lábio e palato, deformidades palatinas, ranhura alveolar, mordida cruzada posterior, comprometimento da fala, dilaceração dental e hipoplasia de esmalte (Seow et al., 1985; Ginther, 1986; Angelos et al., 1989; Menoli et al., 1998; Alves; Luiz, 2012). 1.2 Alterações Palatinas A forma do palato é uma característica morfológica significante, que tem impacto em algumas funções (Trefný et al., 2004). Nas crianças, sob condições normais, o palato tem uma forma plana e a sutura palatina ainda não está fusionada (Alves; Luiz, 2012). A presença de uma deformidade no palato pode afetar a alimentação, a respiração, a fonação, o desenvolvimento dental, causar atraso na erupção da dentição decídua, má oclusão, hipotonia geral e comprometimento do aspecto facial, que pode gerar alteração tanto no aspecto estético quanto psicossocial do indivíduo (Hohoff et al., 2005a). A assimetria palatina tem sido relatada com frequência elevada no RNPT quando comparada com a ocorrência nos RN termo (RNT), e essa alteração ainda pode vir acompanhada pela assimetria das arcadas (Angelos et al., 1989; Paulsson et al., 2008; Paulsson; Bondermark, 2009; Alves; Luiz, 2012). Os ossos palatinos do feto são intercalados por tecido esponjoso e conectivo, sendo o osso do palato estreito e arqueado. Porém, todos os elementos do osso palatino estão presentes nos RNT. O palato, durante o primeiro ano de vida, é relativamente amplo e achatado. No entanto, nos estágios iniciais do desenvolvimento da cavidade oral, os ossos do palato são maleáveis e a pressão de qualquer objeto pode causar uma alteração no seu formato (Padilla, 1965; Hohoff et al., 2005a; Hohoff et al., 2005c). Por isso, há vários fatores externos e internos que podem influenciar o Introdução 11 desenvolvimento palatino, como o trauma do laringoscópio ou do tubo orotraqueal (Warwick-Brown, 1987; Alves; Luiz, 2012). Foi realizado um estudo com 200 recém-nascidos, com o objetivo de descrever os tipos de palato no RN. Os autores constataram vários formatos de palato, como o semicircular, o achatado na porção anterior e, por último, o palato que apresenta um arco elíptico. Acima de 11 meses de idade, a maioria das maxilas tem um formato semicircular na região anterior e bordas convergentes; dos 16 aos 24 meses, as bordas ficam paralelas; e dos 28 aos 32 meses, as bordas se tornam divergentes. Além disso, ocorre um aumento na altura palatina até os nove meses, e depois ela permanece quase constante até o primeiro ano de vida (Hohoff et al., 2005a). Em relação ao formato do arco palatino, pode-se classificá-lo em quadrado, estreito e ovoide (Rai, 2010; Ansari et al., 2011). É considerado arco palatino quadrado quando os dentes anteriores estão em linha reta; o oval é mais largo entre a região dos caninos e a inclinação do incisivo central é ligeiramente para dentro; e o estreito é quando se apresenta atrésico na região de canino a canino e as bordas incisais dos dentes estão projetadas para a frente do colo cervical (Rai, 2010). Fadavi et al. (1992a) estabeleceram uma outra classificação quanto ao formato e à profundidade, classificando o formato do arco paltino em muito profundo, profundo, normal, raso e achatado. Há ainda outros trabalhos que classificam a altura palatina em alto-estreito, normal e rasa (Howell, 1981). O palato do RNPT apresenta uma intensa atividade osteogênica, e qualquer pressão exercida na área do palato ou na região do rebordo alveolar pode causar um aumento na atividade osteoclástica e criar um defeito na área pressionada (Fadavi et al., 1990). Segundo Ash; Moss (1987), o palato de RN intubados é considerado mais estreito do que naqueles que não foram intubados. Macey-Dare et al. (1999) demonstraram em seu trabalho que o palato das crianças que foram intubadas era mais estreito na região do segundo molar decíduo e do primeiro molar permanente. Seow et al. (1985) referiram que tanto a deformidade palatina quanto a de rebordo não são evidentes em crianças de 2 a 5 anos que foram Introdução 12 intubadas durante um período neonatal. A explicação, segundo esses autores, seria a de que essas alterações sofrem remodelação, corrigindo assim qualquer deformidade até o primeiro ano de vida. Também alguns autores afirmam que não ocorre assimetria nos arcos palatinos, nem do lado direito nem do lado esquerdo, em RNPT-MBP que se submeteram à intubação (Seow, 1997). Porém há ainda autores que são categóricos em afirmar que crianças entre as idades de 3 e 5 anos e de 7 a 10 anos que sofreram intubação prévia apresentaram maior prevalência para a mordida cruzada posterior e possuíam as abóbodas palatinas mais altas (o que caracterizaria um palato mais estreito), além de presença de ranhuras palatinas. No grupo de 3 a 5 anos, elas ainda apresentaram uma significante assimetria palatina (Kopra; Davis, 1991; Macey-Dare et al., 1999). Molteni; Bumstead (1986) descreveram o termo “ranhura” como a presença de uma pseudofenda, que seria um mecanismo de obstrução transitório do crescimento normal dos rebordos palatinos, dando um aspecto de uma “fenda” adquirida, cujo diâmetro é em média de 5mm. Esses rebordos, no entanto, irão sofrer remodelação, e por isso não teriam nenhuma implicação de se transformar em uma fenda verdadeira ou até mesmo em um defeito palatino. A pseudofenda poderia ser classificada em 1 = normal, 2 = suave, 3 = moderada e 4 = profunda (Ginoza et al., 1989). Posição do Tubo versus Alterações em Palato Tem sido sugerido que o efeito do tubo durante a IOT depende da posição colocada, pois o mesmo pode pressionar o rebordo alveolar e a sutura palatina mediana de forma contínua e causar a deformidade (Carrilo, 1985; Procter et al., 1998; Macey-Dare et al., 1999; Hohoff et al., 2005c; Paulsson et al., 2008). Assim, a presença do tubo na cavidade bucal pode inibir o crescimento normal do palato e alterar ainda a morfologia dos rebordos alveolares (Paulsson et al., 2008). Alguns autores têm Introdução 13 recomendado a mudança do tubo para o outro lado da cavidade oral, minimizando dessa forma os efeitos nocivos do posicionamento do tubo (Carrilo, 1985; Hohoff et al., 2005b). Há ainda outros que acreditam que essas deformidades palatinas tendem a desaparecer devido aos processos de remodelação e crescimento compensatórios que ocorrem nos primeiros anos de vida (Seow et al., 1985; Ginter, 1986; Molteni; Bumstead, 1986; Seow, 1986; Paulsson et al., 2008). Pode haver ainda uma inter-relação da colocação do tubo, quando este é posicionado lateralmente, resultando assim em intercorrências localizadas no palato. A explicação seria que, ao ser colocado desta forma, o tubo exerceria uma pressão na área posterior do palato (Erenberg; Nowak, 1984; Seow, 1997; Hohoff et al., 2005b). Tempo de Intubação versus Deformidade Palatina A duração da intubação é um fator determinante para a gravidade dos efeitos iatrogênicos. De acordo com Procter et al. (1998), um tempo de intubação superior a 10 dias causará somente um aumento pequeno e transitório na profundidade do palato. Alguns autores correlacionam o tempo de intubação com as alterações da morfologia palatina e do rebordo alveolar (Watterberg; Munsick-Bruno, 1986; Fadavi et al., 1992a; Alves; Luiz, 2012). Assim, quanto maior o tempo de intubação (> 30 dias), maior é a prevalência de defeitos orais, ocorrendo desse modo um aumento na profundidade do palato em crianças de 2 a 5 anos de idade (Fadavi et al., 1992a). Também foi encontrado um aumento significante em termos de profundidade na região anterior do palato em crianças com 10 anos de idade que foram intubadas no período neonatal (Hohoff et al., 2005b). Porém, Kopra; Davis (1991) e Macey-Dare et al. (1999) não encontraram essa correlação. Introdução 14 A largura do palato de RNPT que foram submetidos a intubação por mais de 30 dias também é significantemente menor do que em RNPT que não foram intubados (Hohoff et al., 2005b). 1.3 Características Faciais O crescimento e o desenvolvimento craniofacial têm sua origem durante o desenvolvimento embriofetal e são regulados por mecanismos complexos que envolvem genes, hormônios, nutrientes e fatores epigenéticos que produzem a morfologia craniofacial final, porém a ocorrência de qualquer distúrbio nesses fatores resultará em um desvio no padrão de crescimento (Little et al., 2006; Paulsson; Bondermark, 2009; Ramires et al., 2011). O crescimento facial é uma complexa interação de alterações esqueléticas e tegumentares, resultando assim em uma modificação do perfil facial (Ramires et al., 2011; Rhytén et al., 2013). A integração das estruturas ósseas e da musculatura propiciará o desenvolvimento de uma harmonia facial, porém qualquer distúrbio que ocorra nesta integração fatalmente resultará em uma alteração no padrão facial e, consequentemente, poderá influenciar de forma direta as funções da mastigação, deglutição, voz, respiração e fala (Ramires et al., 2011). Segundo a literatura, não se sabe ao certo se o nascimento prematuro pode ser um fator de risco para alterar a morfologia craniofacial (Paulsson; Bondermark, 2009). Os RNPT-MBP que sobrevivem podem sofrer influência das forças gravitacional e de posicionamento, e estas podem interromper ou causar desvios no desenvolvimento dos ossos cranianos, faciais e do palato. Os efeitos dessas mudanças tendem a alterar o aspecto facial da criança e a afetar adversamente a nutrição durante a infância (Morris et al., 1993). Há estudos que sugerem que uma pressão desigual na maxila durante o nascimento poderia causar elevação e assimetria no palato duro, Introdução 15 levando também a uma distorção no vômer e no septo nasal. Poderia ainda ocorrer um achatamento da cabeça (comumente visto em crianças muito prematuras), pois a mesma força agiria de forma recíproca para o estreitamento craniofacial e seria transferida das estruturas zigomáticas para a porção lateral do palato duro, causando uma deformidade palatina (Kent et al., 1991; Hohoff et al., 2005c). O crescimento facial é comumente utilizado como um indicador da maturação somática, e o crescimento da altura corpórea parece ser aceitável como um método indireto para a avaliação da evolução deste crescimento facial durante a adolescência, porque é nesta fase que ocorre um crescimento facial acelerado, causando uma mudança no perfil facial do indivíduo (Ekström, 1982; Ochoa; Nanda, 2004; Thilander, 2009; Rhytén, 2013). Uma radiografia de norma lateral de cabeça e de face pode avaliar o crescimento facial (Ekström; 1982; Hohoff, 2005c). Classificação dos Tipos Faciais A face humana pode ser classificada em três tipos, levando-se em consideração o crescimento, a variação do formato e da configuração craniofacial, tanto no sentido vertical quanto horizontal. Desta forma, podese classificar a face segundo o seu crescimento vertical em dolicofacial, que é uma face longa e estreita; mesiofacial ou média; e braquifacial (face curta e larga) (Kageyama et al., 2006; Van Spronsen, 2010; Ramires, 2011). Segundo Macey-Dare et al. (1999), RNPT que apresentam um palato profundo e estreito também terão uma cabeça alongada e estreita (dolicofacial). Embora não haja nenhum estudo bem documentado para elucidar a relação entre a posição de dormir e a posição do tubo intraoral e a assimetria palatina, dormir de decúbito ventral poderia promover uma compressão do rosto sobre o travesseiro, promovendo um desvio lateral da Introdução 16 mandíbula ou até mesmo causar uma possível alteração no formato da face, resultando em uma face dolicofacial. Além disso, há autores que tentam demonstrar que a postura da cabeça na incubadora poderia contribuir para um colapso palatino (Updike et al., 1986; Soares; Totti, 1996). 1.4 Erupção Dentária A formação e desenvolvimento do órgão dentário ocorre segundo um padrão histológico, obedecendo vários estágios de desenvolvimento como: iniciação, histodiferenciação, morfodiferenciação, aposição, calcificação e erupção (Bönecker et al., 2002). O tempo de formação, calcificação e erupção dos dentes decíduos é subjetivo, assim como cada processo biológico, varia de indivíduo para indivíduo, e pode ser afetado por vários fatores, como a genética, o peso ao nascimento e a nutrição (Ramos et al., 2006; Sajjadian et al., 2010). O termo erupção é empregado para caracterizar o momento em que a coroa do dente atravessa a gengiva e passa a pertencer ao ambiente bucal (Neto; Falcão, 2014). A prematuridade também pode trazer consequências que se tornam evidentes durante a erupção dos dentes, tanto decíduos quanto permanentes, pois a erupção está correlacionada ao desenvolvimento físico da criança. Assim sendo, crianças com menor idade gestacional, menor peso, problemas sistêmicos, deficiências nutricionais, exposição a certos medicamentos e manipulações orais traumáticas podem apresentar distúrbios na erupção dentária, pois pode ocorrer uma redução no suprimento de mineral, o que afeta diretamente a mineralização dos tecidos duros (Viscardi et al., 1994; Aine et al., 2000; Ramos et al., 2006; Ferrini et al., 2007; Neto; Falcão, 2014). As deficiências nutricionais podem afetar a odontogênese e a erupção dentária, pois ambas são caracterizadas por processos metabólicos complexos e multifatoriais (Ferrini et al., 2007). A migração, proliferação e Introdução 17 diferenciação das células da crista neural ocorrem durante a sexta semana de vida intrauterina, originando a estrutura denominada de lâmina dentária e os brotos dentários, marcando o início da formação dentária do homem. O esmalte dentário é o único tecido duro que não sofre remodelação, e todas as alterações resultantes de agressões durante o crescimento e o desenvolvimento serão permanentes (Seow, 1997; Aguiar, 2003; Ferrini et al., 2007). A maturação dental, que é definida pelo número de dentes erupcionados na cavidade bucal segundo a idade do paciente, é um assunto ainda controverso quando se trata de prematuros. Há autores que afirmam ocorrer um atraso na erupção dentária de RNPT resultante da associação da prematuridade com a presença de uma deficiência nutricional e baixos níveis de cálcio sérico (Viscardi et al., 1994; Davenport et al., 2004). Porém, um estudo realizado por Aine et al. (2000) avaliou o efeito da ingestão precoce de minerais e de vitamina D no desenvolvimento dental de RNPT e o resultado obtido foi que não houve nenhum impacto na maturação tanto dos dentes decíduos quanto dos permanentes dessas crianças. Assim, os autores concluíram que a maturação de ambas as dentições nas crianças pré-termo não difere muito em relação das crianças termo. Há ainda autores que tentam correlacionar o distúrbio na erupção dentária com a prematuridade da criança. Fadavi et al. (1992b) concluíram que RNPT-MBP apresentaram um atraso na erupção dentária nos seus primeiros vinte e quatro meses de vida e que, após este período, ocorre uma normalização na cronologia de erupção quando comparadas às crianças termo. Os primeiros dentes a se formar são os incisivos, por volta da 14a semana de vida intrauterina, sendo completado o seu desenvolvimento por volta do final do terceiro mês gestacional, período este em que os caninos e molares iniciam sua formação (Caixeta; Corrêa, 2005). Além disso, podemos destacar que a exposição a certos medicamentos e manipulações orais traumáticas, como a colocação do laringoscópio e do tubo orotraqueal, Introdução 18 também podem exercer influência sobre a formação e a erupção dos dentes (Viscardi et al., 1994; Ramos et al., 2006; Ferrini et al., 2007). A cronologia de erupção corresponde à data que o dente irrompe na cavidade bucal, e a sequência de erupção é a ordem em que os dentes vão emergindo na boca. O momento da erupção dentária varia muito, embora a maioria das crianças tenha o seu primeiro dente irrompido por volta dos 6 meses de idade, e o último entre 24 e 30 meses de idade. Normalmente, os dentes emergem em pares e as meninas muitas vezes têm os dentes mais cedo erupcionados do que os meninos (Sood; Sood, 2010). Por volta dos 6 a 8 meses de idade, inicia-se a erupção dos incisivos centrais inferiores (ICI); aos 10 meses, os incisivos centrais superiores (ICS); aos 11 meses, os incisivos laterais superiores (ILS); aos 13 meses, os incisivos laterais inferiores (ILI); primeiros molares tanto superiores (MS) quanto inferiores (MI) surgem por volta dos 16 meses; o canino superior (CS), com 19 meses; o inferior (CI), aos 20 meses; os segundos molares inferiores, por volta dos 27 meses; e os superiores, aos 29 meses (Logan; Kronfeld, 1933; Massler; Shour, 1941). Seow (1997) avaliou a erupção dental em RNPT-MBP em relação às suas idades cronológica e corrigida (idade que o RN teria se tivesse nascido com 40 semanas de gestação). Quando se avaliou em relação à sua idade cronológica, houve uma significante redução em número de dentes em bebês de 6 a 11 meses e de 12 a 17 meses; entre os de 18 a 24 meses não houve diferença significativa entre os de muito baixo peso, os de baixo peso e os normais, indicando que a velocidade de crescimento ocorreu de forma mais tardia. Em relação à idade corrigida dos RNPT, não houve diferença significante do número de dentes entre os três grupos. Porém, Neto; Falcão (2014), ao compararem a erupção decídua dos RNPT-MBP em relação à idade corrigida com a idade média brasileira nascida termo, observaram um relativo atraso (9,6 versus 8,3 meses). Ramos et al. (2006) avaliaram recém-nascidos pré-termo de baixo peso (RNPT-BP) e RNPT-MBP, na idade de 5 a 36 meses, quando consideraram a idade cronológica do RNPT, e a cronologia de erupção mostrou-se atrasada para a erupção dos primeiros Introdução 19 dentes decíduos dos RNPT-MBP quando comparados com RNT de peso normal e também quando comparados ao recém-nascidos de baixo peso (RNBP). Seow (1996) relatou ainda que crianças com idade gestacional entre 24 e 30 semanas também apresentam um atraso significativo no desenvolvimento dental, porém crianças com idade gestacional entre 30 e 35 semanas já não apresentam esse atraso. 2 JUSTIFICATIVA 21 Justificativa Com base na revisão da literatura anteriormente apresentada, foram encontrados poucos estudos que descrevessem as características palatinas e o padrão de erupção dentária em crianças pré-termo entre 12 e 24 meses de vida. Até o presente momento, não foi encontrado nenhum trabalho que descrevesse as características e padrão facial de crianças pré-termo que nasceram com peso inferior a 2000 gramas. A observação e a análise do tema deformidade palatina apontam achados controversos. Alterações de formato e de profundidade, presença de pseudofissura e deformidade no rebordo causada pela pressão da cânula são descritas. Desta forma, é importante conhecer a alteração morfológica do palato de crianças pré-termo entre 12 e 24 meses de vida que receberam assistência respiratória através do CPAP ou VMI. Em relação à cronologia de erupção, faz-se necessário destacar a importância da abordagem do assunto por diversos pesquisadores, uma vez que a erupção dentária está intimamente ligada ao desenvolvimento físico, às condições nutricionais da criança e ainda pode ser afetada de forma direta por certas doenças sistêmicas e até mesmo por traumas que ocorrem na cavidade bucal, dos quais podemos destacar os oriundos dos laringoscópios e do próprio tubo utilizado na intubação orotraqueal. Os trabalhos atuais mostram uma análise desse problema comparando a idade biológica versus a cronológica, e outros englobam crianças prematuras e de baixo peso, recém-nascidos de termo com baixo peso, além de RNPT com peso superior a 2500g, que compõem grupos distintos. Isto explicaria resultados tão diferentes quanto à época de erupção e à própria alteração da cronologia. Outros autores ainda preferem avaliar apenas em relação à idade gestacional. Tendo em vista esses aspectos, faz-se necessária uma análise que englobe tanto a idade cronológica quanto a idade gestacional e o peso de nascimento para melhor descrever a erupção dentária na criança pré-termo. Desta forma, a relevância deste estudo reside no impacto que seus resultados poderão trazer, podendo requerer do profissional cirurgião- 22 Justificativa dentista medidas interceptadoras/corretivas, a fim de preservar a integridade morfofuncional destes pacientes. 3 HIPÓTESE 24 Hipótese As crianças pré-termo podem apresentar alterações nas características faciais, palatinas e de erupção dentária, particularmente aquelas que necessitam de ventilação mecânica invasiva. 4 OBJETIVOS 26 Objetivos 4.1 Objetivo Geral • Descrever as características faciais, palatinas e a erupção dentária em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses que receberam assistência respiratória. 4.2 Objetivos Específicos • Comparar os efeitos da ventilação mecânica invasiva (IOT) e CPAP, sobre as características faciais, palatinas e na cronologia de erupção dos dentes decíduos em idades entre 12 e 24 meses. • Avaliar o impacto do aleitamento materno, o uso de chupeta e a presença da displasia brocopulmonar em crianças pré-termo. 5 CASUÍSTICA 28 Casuística Trata-se de um estudo observacional transversal. Durante o período de 2012 a 2014, foram avaliadas 68 crianças procedentes do Ambulatório de Seguimento de Recém-Nascidos Pré-Termo do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo e do Ambulatório de Seguimento Prematuro A5 RN 002 do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Este estudo foi submetido à aprovação da Comissão de Pesquisa e Ética do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, registrada sob o número CEPHU/USP:1049/10-SISNEP CAAE:0078.0.198.000-10 (Anexo A). Foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais ou responsáveis dos pacientes participantes, segundo normas baseadas na resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde (Anexo B). Foram adotados os seguintes critérios de inclusão e exclusão: 5.1 Critérios de Inclusão Crianças de ambos os gêneros; Nascidas na Maternidade do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo ou RN que ficaram internadas no Centro de Tratamento Intensivo Neonatal 2 do Instituto da Criança HC-FMUSP logo nas primeiras 72 horas de vida; Idade gestacional inferior a 37 semanas; Com idade entre 12 e 24 meses de vida na época da coleta dos dados (idade corrigida para prematuridade: idade pós-natal subtraída 29 Casuística do número de dias, semanas ou meses que faltaram para completar as 40 semanas na época do nascimento da criança); Peso inferior a 2000g; Que receberam ventilação mecânica invasiva através da intubação orotraqueal por um período igual ou superior a 7dias ou o CPAP por um período igual ou maior que 72 horas/3 dias. 5.2 Critérios de Exclusão Crianças com diagnóstico de malformações congênitas, síndromes genéticas e sequelas neurológicas graves que comprometessem o desenvolvimento facial (hidrocefalia, microcefalia, paralisia cerebral); Crianças sem diagnóstico conclusivo para síndromes e sequelas neurológicas. 6 MÉTODOS 31 Métodos Foram coletados dados sociodemográficos dos prontuários da internação durante o período neonatal das crianças: Raça Gênero Idade gestacional Peso de nascimento (em gramas) Tipo de assistência respiratória Duração da assistência respiratória: IOT ou CPAP (em dias) Foram constituídos dois grupos a partir dos dados coletados dos prontuários: Grupo 1: formado por 34 crianças pré-termo que receberam ventilação mecânica invasiva por IOT por um período igual ou maior a 7 dias; Grupo 2: constituído por 34 crianças pré-termo que receberam CPAP durante um período igual ou maior que 72 horas/3 dias. Avaliações Foram avaliadas 68 crianças distribuídas nos dois grupos descritos acima, com idades entre 12 e 24 meses. Inicialmente foi realizada uma entrevista com a mãe ou responsável pela criança, com objetivo de obter os seguintes dados: duração do aleitamento materno (foi adotado como esse critério crianças amamentadas por um período igual ou maior que 3 meses), o uso ou não de chupeta e a presença de displasia broncopulmonar na criança. Após a anamnese, a criança era colocada deitada no colo da mãe ou do responsável e submetida a um exame clínico de inspeção da cavidade bucal, por meio de um fotóforo e de espátulas abaixadoras de língua para se observar a presença de alguma alteração no palato duro e rebordo alveolar 32 Métodos e também para visualizar o formato do palato, classificado segundo o formato quadrado, estreito ou ovoide (Anexo C), como também para visualizar a erupção dos dentes decíduos. Mensurações Após a inspeção oral, a criança era colocada sentada no colo da mãe e/ou responsável, em uma angulação de 90°, com os lábios ocluídos, quando foram mensurados alguns pontos antropométricos faciais. A identificação dos pontos ósseos usados nas medidas da superfície da face é facilmente realizada mediante a simples palpação. A mensuração foi realizada com o emprego de um paquímetro digital Digimess® de capacidade de 200mm/8”, reprodutibilidade de 0,01mm e grau de acurácia de ± 0,03mm. Todas as medidas foram coletadas pela mesma profissional e mensuradas por duas vezes, realizando-se a média aritmética dos valores obtidos. Antes do início da coleta, o instrumento foi encaminhado para o Laboratório Metrológico da própria empresa para realizar a calibração do mesmo, e foi emitido o certificado de calibração (Anexo D). Como o paquímetro apresentava pontas agudas que poderiam causar ferimentos nas crianças no momento do exame (figura 1), optou-se por fazer uma adaptação, colocando pontas de plástico padronizadas, de bicos arredondados, que eram descartáveis para cada paciente, mantendo-se assim não só a segurança das crianças como também cumprindo-se as normas de biossegurança (figura 2). Os valores obtidos foram anotados em mm em um protocolo específico (apêndice A) e descontado o valor de 0,45mm de cada medida referente à colocação do adaptador nas pontas do paquímetro (figura 2). Os pontos escolhidos estão no Anexo E: 1- Largura da face: Bi-Zi corresponde à distância bizigomático (zigomático é ponto mais proeminente da região zigomática). 33 Métodos 2- Largura da mandíbula: Go-Go é a distância que vai de gônio a gônio (é o ponto mais proeminente no ângulo mandibular). 3- Altura facial: N-Gn corresponde à distância que vai do nasion ao gnation (nasion é o ponto sagital da sutura fronto-nasal e gnation é o ponto mediano mais inferior da borda inferior da mandíbula). 4- Altura da face superior: Tr-G corresponde à medida do trichion à glabela (trichion é o ponto situado na implantação do cabelo, na linha mediana da testa, e glabela corresponde ao ponto na linha mediana mais proeminente entre as sobrancelhas, no osso frontal). 5- Altura do terço médio da face: G-Sn corresponde à medida da glabela ao subnasal. 6- Altura da face inferior: Sn-Gn é a distância do subnasal ao gnation (subnasal, ponto mediano do ângulo da base da columela, no qual a borda inferior do septo nasal e a superfície do lábio superior se encontram). 7- Índice facial: altura da face X 100 ÷ largura da face (N-Gn X 100 ÷ Zy-Zy) 34 Métodos Figura 1- Paquímetro digital 35 Métodos Figura 2- Paquímetro com a ponta adaptada 36 Métodos Crianças procedentes do Ambulatório de Seguimento de RNPT do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) e do Ambulatório de Seguimento dos Prematuros A5 RN 002 do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) Critérios de Inclusão para ambos os grupos: • • • • • • • Ambos os gêneros Nascidos na Maternidade do HUUSP ou RN internados no CTI Neonatal 2 ICr HC-FMUSP Matriculados no Ambulatório de Seguimento de RNPT HU-USP e do Ambulatório de Seguimento do Prematuro A5 RN 002 ICr HC-FMUSP IG < 37 semanas Peso < 2000g Idade entre 12-24 meses VMI-IOT ≥ 7dias ou CPAP ≥ 72 horas Grupo 1 n= 34 crianças pré-termo VMI-IOT≥ 7 dias • • • Critérios de Exclusão para ambos os grupos: • Malformações congênitas • Síndromes genéticas • Sequelas neurológicas • Crianças sem diagnóstico conclusivo para síndromes e sequelas neurológicas Informações sobre a pesquisa + Assinatura TCLE Grupo 2 n=34 crianças pré-termo CPAP ≥72 horas Entrevista (aleitamento materno, hábitos nutritivos e não nutritivos e sequelas) Exame físico intra-bucal (alteração em rebordo e palato, formato palato e erupção dentária) Medidas faciais (larguras de face e mandíbula, alturas dos terços superior, médio e inferior da face; altura facial e índice facial) Orientação sobre Higiene Oral Figura 3- Fluxograma da pesquisa 37 Métodos 6.1 Metodologia Estatística As variáveis contínuas foram apresentadas por meio de estatística de posição (média, mínimo, máximo, mediana) e escala (desvio padrão e intervalo interquartil). Comparações dessas variáveis segundo os grupos ou outras categorias foram realizadas por testes de comparações de médias (teste t-Student ou teste F da ANOVA) (Neter et al., 1996), quando comparados dois grupos ou mais de 3, respectivamente. Nos casos onde a variável contínua não apresentava características de normalidade (como por exemplo dias de IOT e tempo de aleitamento, especificamente), foram utilizados testes não paramétricos (teste Mann-Whitney ou Kruskal-Walis, quando comparados dois grupos ou mais de 3, respectivamente) (Lehmann; D’Abrera, 2006). Variáveis categóricas foram apresentadas por frequência absoluta e relativa. Avaliação de independência com outras variáveis foi analisada pelo teste exato de Fisher (Bussab; Morettin, 2006). A relação linear entre duas medidas contínuas foi verificada pelo coeficiente de correlação de Pearson (Bussab; Morettin, 2006). Os cálculos foram realizados com auxílio do software R 3.1.1 (R Core Team, 2014). Utilizou-se nível de significância de 5% para os testes de hipóteses. 7 RESULTADOS 39 Resultados Durante o estudo, foram avaliadas 68 crianças nascidas prematuras que se submeteram a uma assistência respiratória (CPAP ou IOT), com IG média de 29,5 ± 2,4 semanas; peso médio de nascimento de 1250,3g ± 319,6g, e idade corrigida média de 15,9 ± 4,1 meses. As características sociodemográficas e a duração da assistência respiratória estão descritas na Tabela 1. Tabela 1 - Características sociodemográficas, duração da assistência respiratória em 68 crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Variável Idade (meses) Idade gestacional (semanas) Peso (g) Duração AR (dias) Grupo n Mínimo Máximo Média Desvio padrão Mediana 1º quartil 3º quartil Todos 68 12 24 15,9 4,1 14,0 13,0 17,5 CPAP 34 12 24 16,4 4,5 14,0 13,0 20,5 IOT 34 12 24 15,4 3,6 14,5 12,3 17,0 Todos 68 25,5 36,3 29,5 2,4 29,4 28,1 30,4 CPAP 34 25,5 33,5 29,8 1,9 30,1 28,5 30,4 IOT 34 25,5 36,3 29,3 2,9 28,8 27,2 30,1 Todos 68 575 1998 1.250,3 319,6 1.202,5 1.058,8 1.412,5 CPAP 34 840 1925 1.318,7 291,6 1.270,0 1.113,8 1.473,8 IOT 34 575 1998 1.181,8 335,8 1.107,5 963,8 1.338,8 Todos 68 3 120 16,6 20,5 7,5 5,0 19,3 CPAP 34 3 21 7,8 5,7 5,0 4,0 12,5 IOT 34 7 120 25,3 25,8 15,0 7,0 33,8 n= tamanho amostral; g= gramas; AR= assistência respiratória; CPAP= ”Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal Segundo o tipo de assistência respiratória, os grupos foram homogêneos em relação ao gênero, p=1 (feminino: n=17; masculino n=17 para ambos os grupos). Em relação à raça, os grupos CPAP e IOT também foram homogêneos p= 0,627 (não caucasiano: n=14 CPAP; n= 17 IOT). Variáveis sociodemográficas foram comparadas segundo o tipo de assistência respiratória recebida (IOT ou CPAP), sendo que estas não apresentaram diferença estatisticamente significante. Porém, quando se analisou a duração da assistência respiratória, as crianças que foram 40 Resultados submetidas à IOT permaneceram um tempo médio de dias (25,3 ± 25,8) significantemente maior (p < 0,001) quando comparada às submetidas ao CPAP (Tabela 2). Tabela 2 - Comparação das variáveis sociodemográficas em 68 crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses segundo o tipo de assistência respiratória Grupo Variável Valor p CPAP (n=34) IOT (n=34) Total (n=68) Média DP Média DP Média DP Teste t M-W¹ Idade (meses) 16,4 4,5 15,4 3,6 15,9 4,1 0,3 0,511 Idade gestacional (semanas) 29,8 1,9 29,3 2,9 29,5 2,4 0,413 0,086 Peso (g) 1318,7 291,6 1181,8 335,8 1250,3 319,6 0,077 0,035 Duração da assistência respiratória (dias) 7,8 5,7 25,3 25,8 16,6 20,6 <0,001 <0,001 n= tamanho amostral; g= gramas; CPAP= ”Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal; (1)Teste de Mann-Whitney A Tabela 3 mostra uma comparação das alterações bucais, o uso de chupeta e o aleitamento materno de acordo com o tipo de assistência respiratória recebida. Em relação à erupção dentária, os grupos CPAP e IOT foram homogêneos, p=1, (atrasada: 47,1%; normal: 38,2%; e adiantada:14,7%). Em relação à presença de ranhura ou pseudofissura em rebordo alveolar e palato, nenhuma alteração foi encontrada. No que diz respeito ao formato do palato (figuras 4, 5 e 6), as crianças submetidas à IOT apresentaram porcentagens significantemente maiores do formato do palato estreito (p=0,005) quando comparadas às crianças que se submeteram ao CPAP. Porém, não se observou diferença para o uso de chupeta e para o aleitamento materno segundo os grupos de assistência respiratória. 41 Resultados Tabela 3- Alterações bucais, o uso de chupeta e aleitamento materno de acordo com o tipo de assistência respiratória Grupo Variável Erupção dentária Formato palato Fator CPAP (n=34) IOT (n=34) Total (n=68) n % n % n % Normal 13 38,2 13 38,2 26 38,2 Atrasada 16 47,1 16 47,1 32 47,1 Adiantada 5 14,7 5 14,7 10 14,7 Quadrado 14 41,2 5 14,8 19 28,0 Estreito 10 29,4 23 67,6 33 48,5 Ovoide 10 29,4 6 17,6 16 23,5 Valor p¹ 1 0,005 Uso de Sim 21 61,8 24 70,6 45 66,2 0,609 chupeta Aleitamento materno Sim (≥3meses) 14 41,2 11 32,4 25 36,8 0,615 (meses) n=tamanho amostral; CPAP= “Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal; (1) Teste Exato de Fisher 42 Resultados Figura 4- Palato de formato quadrado de uma criança pré-termo que recebeu CPAP 43 Resultados Figura 5- Palato de formato estreito de uma criança pré-termo submetida à VMI através da IOT 44 Resultados Figura 6- Palato de formato ovoide de uma criança pré-termo submetida à VMI através da IOT 45 Resultados A Tabela 4 mostra uma comparação das variáveis sociodemográficas segundo o formato do palato em crianças que foram submetidas à IOT, sendo que, embora a média de tempo da IOT de fato tenha sido alta no grupo de crianças com palato estreito, a amostra, porém, não difere para garantir, ao nível de significância estipulado, que essa diferença seja real. Porém, não se observou diferença para a variável de formato de palato e para o tempo de aleitamento materno. Tabela 4- Comparação das variáveis do estudo segundo o formato do palato em crianças do Grupo IOT Formato Palato Variável Idade (meses) Idade gestacional (semanas) Peso (g) Duração IOT (dias) Tempo de aleitamento (meses) Ovoide (n=6) Total (n=34) Valor p Quadrado (n=5) Estreito (n=23) Média DP Média DP Média DP Média DP ANOVA K-W¹ 13,8 1,8 15,5 3,4 16,3 5,2 15,4 3,6 0,5 0,664 29,0 2,4 29,0 3,0 30,6 2,7 29,3 2,9 0,503 0,338 1069,0 205,6 1161,4 284,5 1354,2 551,3 1181,8 335,8 0,338 0,522 28,6 27,9 27,8 28,0 13,2 10,5 25,3 25,8 0,458 0,314 3,2 4,4 4,1 6,1 1,3 2,2 3,5 5,4 0,546 0,598 n=tamanho amostral; g=gramas; CPAP= “Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal; (1) Kruskal-Walis Não foi observada diferença significante (p=0,816) com relação ao tempo de aleitamento materno entre os Grupos IOT (3,5 ± 5,4) e CPAP (3,5 ± 5,2). A Tabela 5 demonstra que o aleitamento materno não influenciou as medidas faciais das crianças pré-termo entre 12 e 24 meses. Da mesma forma, pode-se afirmar que o uso de chupeta (n=45) não causou nenhuma alteração nas medidas faciais (Tabela 6). 46 Resultados Tabela 5 - Influência do aleitamento materno nas medidas faciais em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Aleitamento materno Variável Não (n=43) Sim (n=25) Total (n=68) Valor p¹ Média DP Média DP Média DP Largura da face (mm) 63,7 8,4 67,3 8,1 65,0 8,4 0,089 Largura da mandíbula (mm) 77,6 7,3 76,3 7,7 77,1 7,4 0,497 Altura terço superior face (mm) 50,3 8,6 47,8 6,0 49,4 7,8 0,217 Altura terço médio face (mm) 43,5 10,5 41,2 5,5 42,6 9,0 0,33 Altura terço inferior face (mm) 43,0 6,4 41,6 8,6 42,5 7,2 0,443 Altura facial mm) 67,5 12,4 68,7 19,8 67,9 15,4 0,757 Índice facial (mm) 109,5 29,8 103,1 30,5 107,2 30,0 0,394 n=tamanho amostral; mm= milímetros; (1)Teste de Mann-Whitney Tabela 6 - Influência do uso de chupeta sobre as medidas faciais em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Uso de chupeta Variável Não (n=23) Sim (n=45) Total (n=68) Valor p¹ Média DP Média DP Média DP Largura da face (mm) 67,1 7,5 64,0 8,8 65,0 8,4 0,156 Largura da mandíbula (mm) 78,9 7,5 76,2 7,3 77,1 7,4 0,153 Altura terço superior face (mm) 49,5 7,7 49,3 7,9 49,4 7,8 0,926 Altura terço médio face (mm) 42,3 8,5 42,8 9,3 42,6 9,0 0,827 Altura terço inferior face (mm) 44,2 4,7 41,7 8,2 42,5 7,2 0,165 Altura facial (mm) 66,8 18,4 68,5 13,7 67,9 15,4 0,664 Índice facial (mm) 99,7 27,4 111,0 30,8 107,2 30,0 0,143 n=tamanho amostral; mm=milímetros; (1)Teste de Mann-Whitney Na Figura 7, pode-se verificar que o tempo de aleitamento materno tende a ser menor em crianças que utilizaram a chupeta (teste de MannWhitney, p=0,050). 47 Resultados Figura 7- Representação gráfica do tempo de aleitamento materno segundo uso de chupeta As medidas faciais: largura, altura e índice facial da população estudada estão descritas na Tabela 7. 48 Resultados Tabela 7 - Características das medidas faciais nas crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Variável Largura da face (mm) Largura da mandíbula (mm) Altura terço superior face (mm) Altura terço médio face (mm) Altura terço inferior face (mm) Altura facial (mm) Índice facial (mm) Grupo n Mínimo Máximo Média Desvio padrão Mediana 1º quartil 3º quartil Todos 68 31,6 90,2 65,0 8,4 64,1 61,3 69,1 CPAP 34 31,6 90,2 64,3 9,4 63,9 61,9 66,8 IOT 34 52,3 83,7 65,7 7,4 64,2 60,6 71,2 Todos 68 56,4 97,5 77,1 7,4 77,1 73,6 81,1 CPAP 34 60,5 92,1 76,4 7,0 75,2 73,6 78,7 IOT 34 56,4 97,5 77,8 7,8 78,5 74,3 81,8 Todos 68 34,5 74,9 49,4 7,8 48,7 44,6 53,5 CPAP 34 34,5 63,9 49,2 7,2 49,2 45,4 52,8 IOT 34 37,8 74,9 49,5 8,4 47,6 43,6 54,4 Todos 68 28,8 82,0 42,6 9,0 41,6 37,7 45,8 CPAP 34 32,2 69,3 42,8 7,5 42,3 38,5 46,4 IOT 34 28,8 82,0 42,5 10,4 40,1 37,6 44,9 Todos 68 18,4 55,2 42,5 7,2 43,9 39,5 47,4 CPAP 34 18,4 52,6 41,9 7,9 43,8 39,4 47,7 IOT 34 19,6 55,2 43,1 6,6 43,9 40,1 45,8 Todos 68 30,4 102,2 67,9 15,4 70,0 65,2 76,2 CPAP 34 30,4 102,2 66,2 17,8 68,9 57,7 76,4 IOT 34 32,9 95,3 69,6 12,5 71,8 67,7 75,4 Todos 68 37,8 241,4 107,2 30,0 108,4 94,8 122,9 CPAP 34 37,8 241,4 107,4 36,1 109,2 87,3 121,7 IOT 34 51,7 144,6 106,9 22,8 105,2 97,8 123,1 n= tamanho amostral; mm=milímetros; CPAP= “Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal A Correlação de Pearson mostrou uma correlação fraca entre a idade e o índice facial, bem como com a largura da mandíbula e o tempo de aleitamento. Houve uma correlação moderada entre largura de face e índice facial (Tabela 8). 49 Resultados Tabela 8 - Correlação de Pearson entre altura facial e índice facial nas variáveis sociodemográficas de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Altura facial (mm) Índice facial (mm) Idade (meses) -0,211 -0,264* Idade gestacional (semanas) -0,13 -0,151 Peso (g) -0,17 -0,205 Duração IOT (dias) 0,073 -0,033 Largura da face (mm) -0,018 -0,599* Largura da mandíbula (mm) 0,028 -0,295* Altura terço superior face (mm) -0,06 -0,182 Variável Altura terço médio face (mm) 0,075 0,088 Altura terço Inferior face (mm) -0,018 -0,053 Tempo de Aleitamento (meses) -0,195 g= gramas; mm= milímetros; IOT= intubação orotraqueal; (*) Valor de p < 5% para testar hipótese de nulidade do coeficiente de correlação de Pearson -0,276* Em relação ao gênero e às medidas faciais, o gênero masculino apresentou valores significantemente maiores para a altura do terço superior da face (p = 0,031) e do terço médio da face (p= 0,026) quando comparado ao feminino (Tabela 9). Tabela 9 - Gênero e medidas faciais de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Gênero Variável Masculino (n=34) Feminino (n=34) Total (n=68) Valor p Média DP Média DP Média DP Largura da face (mm) 66,5 9,7 63,6 6,8 65,0 8,4 0,163 Largura da mandíbula (mm) 78,3 8,3 76,0 6,4 77,1 7,4 0,207 Altura terço superior face (mm) 51,4 8,1 47,4 6,9 49,4 7,8 0,031 Altura terço médio face (mm) 45,0 10,1 40,2 7,1 42,6 9,0 0,026 Altura terço Inferior face (mm) 43,0 9,2 42,1 4,6 42,5 7,2 0,605 Altura facial (mm) 69,3 17,7 66,5 12,7 67,9 15,4 0,45 Índice facial (mm) 108,0 37,7 106,4 20,1 107,2 30,0 0,827 n= medida amostral; mm=milímetros; (1)Teste de Mann-Whitney 1 50 Resultados Em relação à raça, os não caucasianos apresentaram um índice facial significantemente maior (p= 0,033) quando comparados aos caucasianos (Tabela 10). Tabela 10- Raça e medidas faciais de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Raça Variável Caucasiano (n=37) Não caucasiano (n=31) Total (n=68) Valor p Média DP Média DP Média DP Largura da face (mm) 65,7 7,7 64,2 9,3 65,0 8,4 0,461 Largura da mandíbula (mm) 77,6 6,8 76,5 8,1 77,1 7,4 0,55 Altura terço superior face (mm) 47,7 5,2 51,3 9,8 49,4 7,8 0,055 Altura terço médio face (mm) 41,5 5,3 44,0 12,0 42,6 9,0 0,251 Altura terço Inferior face (mm) 42,9 5,4 42,1 9,1 42,5 7,2 0,646 Altura facial (mm) 64,9 15,7 71,5 14,4 67,9 15,4 0,078 Índice facial (mm) 100,1 27,6 115,6 31,0 107,2 30,0 0,033 1 n=tamanho amostral; mm= milímetros (1) Teste de Mann-Whitney A Tabela 11 mostra o formato do palato em relação às medidas faciais na população estudada. As crianças com palato ovoide apresentaram o terço inferior da face significantemente menor (p = 0,038) quando comparado aos outros formatos de palato, porém, para as outras medidas da face e para os outros formatos de palato, não houve diferença. 51 Resultados Tabela 11 - Formato do palato em relação às medidas faciais de crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Formato Palato Variável Quadrado (n=19) Estreito (n=33) Ovoide (n=16) Total (n=68) Valor p Média DP Média DP Média DP Média DP Largura da face (mm) 64,0 6,3 66,1 10,3 64,1 6,4 65,0 8,4 Largura da mandíbula (mm) 76,7 6,8 77,3 7,3 77,2 8,8 77,1 7,4 0,959 Altura terço superior face (mm) 48,4 7,9 49,1 8,7 51,2 5,3 49,4 7,8 0,541 Altura terço médio face (mm) 42,2 8,2 43,3 8,1 41,8 11,8 42,6 9,0 0,835 Altura terço Inferior face (mm) 44,4 5,5 43,3 6,0 38,6 9,9 42,5 7,2 0,038 Altura facial (mm) 67,1 13,8 68,4 17,0 67,8 14,4 67,9 15,4 0,956 Índice facial (mm) 105,7 24,0 108,3 35,7 106,4 24,3 107,2 30,0 0,95 1 0,623 n=tamanho amostral; mm= milímetros; (1)Teste de Mann-Whitney A Tabela 12 mostra comparação das medidas faciais segundo o tipo de assistência respiratória recebida (CPAP ou IOT). Não observou diferença para as medidas faciais segundo os grupos CPAP e IOT. Tabela 12 - Comparação das medidas faciais segundo o tipo de assistência respiratória em crianças pré-termo com idades entre 12 e 24 meses Grupo Variável CPAP (n=34) Média DP Valor p IOT (n=34) Média DP Total (n=68) Média DP Teste t M-W¹ Largura da face (mm) 64,3 9,4 65,7 7,4 65,0 8,4 0,507 0,639 Largura da mandíbula (mm) 76,4 7,0 77,8 7,8 77,1 7,4 0,424 0,147 Altura terço superior face (mm) 49,2 7,2 49,5 8,4 49,4 7,8 0,864 0,754 Altura terço médio face (mm) 42,8 7,5 42,5 10,4 42,6 9,0 0,883 0,364 Altura terço Inferior face (mm) 41,9 7,9 43,1 6,6 42,5 7,2 0,5 0,835 66,2 17,8 69,6 12,5 67,9 15,4 0,364 0,417 107,4 36,1 106,9 22,8 107,2 30,0 0,946 0,775 Altura facial total (mm) Índice facial (mm) n= tamanho amostral; mm= milímetros; CPAP= “Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal; (1)Teste de Mann-Whitney 52 Resultados Em relação à comparação das medidas faciais de acordo com a presença de DBP entre os grupos CPAP e IOT, estes diferiram significantemente em relação à altura do terço inferior da face, apresentando o grupo IOT valores significantemente maiores para esta variável (p = 0,019) (Tabela 13). Tabela 13 - Comparação das medidas faciais de acordo com a presença de DBP entre os grupos CPAP e IOT Grupo Variável CPAP (n=5) IOT (n=18) Total (n=23) Valor p Média DP Média DP Média DP Teste t M-W¹ Largura da Face (mm) 66,4 4,9 67,3 8,3 67,1 7,6 0,822 0,914 Largura Mandíbula (mm) 80,5 9,8 80,7 6,6 80,7 7,1 0,961 0,745 Altura terço superior face (mm) 50,4 2,1 51,4 8,5 51,2 7,5 0,795 0,971 Altura terço médio face (mm) 41,5 6,9 43,0 3,7 42,7 4,4 0,531 1 Altura terço Inferior face (mm) 37,3 10,8 46,6 4,5 44,6 7,2 0,007 0,019 Altura facial total (mm) 63,7 28,7 71,4 9,0 69,7 14,9 0,322 0,491 Índice facial (mm) 95,0 38,7 107,4 20,0 104,7 24,7 0,333 0,745 n=tamanho amostral; mm=milímetros; CPAP= “Continuous Positive Airway Pressure”; IOT= intubação orotraqueal; DBP= Displasia broncopulmonar; (1)Teste de Mann-Whitney 8 DISCUSSÃO 54 Discussão A prematuridade é definida como o nascimento de uma criança com menos de 37 semanas de idade gestacional, constituindo uma das principais causas de mortalidade e morbidade no período neonatal (Machado et al., 2014). Neste trabalho (Tabela 1), foram examinadas crianças caucasianas e não caucasianas, de ambos os gêneros, com média de idade corrigida para a prematuridade de 15,9 meses, IG média de 29,5 semanas e peso médio ao nascimento de 1250,3 g, que receberam assistência respiratória (CPAP ou VMI), caracterizando a população deste estudo como RNPT-MBP. Foi utilizada a idade corrigida para a prematuridade porque, segundo os autores, as crianças nascidas prematuramente não estão completamente maduras no momento do nascimento e a sua idade cronológica não corresponde à verdadeira idade biológica. Portanto, uma forma significativa de comparação com a criança de termo deve ser feita por meio da correção da idade cronológica (Seow et al., 1988; Ramos et al., 2006). Segundo Waldman (1996), há uma forte associação do parto prematuro com a raça. Os afro-americanos têm duas vezes mais chances de apresentar um nascimento prematuro (13,3%) quando comparados aos brancos (5,8%). Porém, neste estudo, tal relação não foi encontrada, verificando-se uma distribuição homogênea tanto nos caucasianos quanto nos não caucasianos. A possível justificativa é a de que, no Brasil, a população é oriunda de uma grande miscigenação de negros, índios e brancos, ou seja, uma mistura de várias etnias. Atualmente, a taxa de sobrevida para RNPT acima de 25 semanas gestacional é de cerca de 50%, porém, para os que nascem com mais de 32 semanas, a taxa chega próxima à do recém-nascido termo (Rocha et al., 2009). Vários autores como Austeng et al. (2010); Cruvinel et al. (2012); Zhang; Liu (2012); Machado et al. (2014) e Picone et al. (2014) relatam que os RNPT que apresentam uma IG≤ 32 semanas são os que possuem maior risco de mortes e complicações no período neonatal, devido à imaturidade dos órgãos. Nas crianças prematuras, dentre as várias complicações neonatais que podem afetar o seu crescimento e desenvolvimento, podemos 55 Discussão citar os distúrbios respiratórios, particularmente a SDR e a sua sequela principal, que é a DBP (Davenport et al., 2004; Hohoff et al., 2005a; Austeng et al., 2010; Cruvinel et al., 2012; Colaizy, 2014; Machado et al., 2014). A imaturidade anatômica e bioquímica pulmonar constitui uma das principais causas da SDR, caracterizada pela deficiência primária de surfactante, o que leva a uma maior morbidade e mortalidade entre os RNPT-MBP (Flor-de-Lima et al., 2012; Whitsett, 2014 ). A crescente tecnologia nas UTI neonatais, particularmente a adoção de estratégias de ventilação mecânica protetora do pulmão (controle da saturação de oxigênio, CPAP e ventilação de alta frequência), além do emprego dos corticosteróides no período antenatal e da administração de surfactante exógeno, tem propiciado um aumento na sobrevida das crianças nascidas de muito baixo peso (Rocha et al., 2009; Flor-de-Lima et al., 2012; GarciaMuñoz Rodrigo et al., 2015). O´Donnell e Stenson (2008), Claure e Bancalari (2009) e Lista et al. (2012) relatam que, há mais de 20 anos, a ventilação mecânica era preferida para o tratamento dos RNPT-MBP com insuficiência respiratória, cuja terapia com oxigênio chegava a ter uma duração média de 28 dias; já os RNPT-EBP recebiam o suporte respiratório ainda na sala de parto, mostrando desta forma que a maioria dos RNPT requeria um suporte ventilatório mecânico prolongado. Segundo Brix et al. (2014), crianças que nascem com IG muito baixa são mais propensas a receber VMI através da IOT mais prolongada. Neste trabalho, a média da idade gestacional dos RNPT que se submeteram à VMI através da IOT foi de 29,3 semanas e o peso médio ao nascimento foi de 1181,8g, ou seja, os que mais necessitaram permanecer intubados foram os RNPT-MBP, que tiveram um tempo médio de intubação de 25,3 dias, uma duração considerada longa (Tabela 2). Estes achados estão em consonância com os trabalhos de O´Donnell e Stenson (2008), Claure e Bancalari (2009) e Lista et al. (2012), que relacionaram a necessidade da intubação orotraqueal em relação ao peso de nascimento, pois, segundo Alves e Luiz (2012), 100% das crianças nascidas com peso de nascimento ≤ 56 Discussão 1000g e 85,5% daquelas com peso entre 1,001g a 2500g necessitarão de VMI com IOT, tendo um tempo médio de duração da IOT de 3 a 28 dias. Hascoet et al. (2008) e Claure e Bancalari (2009) relataram que a necessidade de reduzir o tempo de intubação parece ser de importância crucial para prevenir danos pulmonares e consequentemente a ocorrência de DBP, pois sabe-se que a ventilação mecânica é considerada um fator de risco primário para o desenvolvimento desta doença, que permanece uma das principais causas de mortalidade e morbidade nos RNPT, principalmente nos de muito baixo peso. Assim, segundo Lista et al. (2010) e Schmölzer et al. (2013), a prevenção da lesão do barotrauma induzido pelo ventilador pode ser realizada desde o nascimento e para isso pode ser utilizado um suporte respiratório que não necessite da IOT, que mantenha a capacidade residual funcional, melhore a oxigenação e a complacência pulmonar, e isto pode ser conseguido através do uso do CPAP. O uso do CPAP foi descrito pela primeira vez em 1971 por George Gregory para o tratamento da SDR (Sankar et al., 2008; Davis et al., 2009; Mahmoud et al., 2011). Segundo Sankar et al. (2008) e Davis et al. (2009), tem se tornado a primeira escolha de suporte respiratório para o RNPT, particularmente o de muito baixo peso. Davis et al. (2009); Sai Sunil Kishore (2009) e Lista et al. (2012) citam como vantagens deste mecanismo respiratório um menor risco de morte, diminuição da necessidade de oxigênio por um período maior do que 28 dias, redução nos riscos de infecção, de trauma na laringe e traqueia e no aparecimento da doença pulmonar aguda e crônica. Alguns autores como Hascoet et al. (2008) e Morley et al. (2008) sugerem que crianças nascidas com idade gestacional entre 25 e 28 semanas, que respiram espontaneamente, podem receber o CPAP de forma imediata logo após o nascimento. Porém, Rocha et al. (2009) demonstraram em seu estudo a preferência do CPAP nasal até para o RNPT-EBP que apresentava capacidade respiratória, pois relataram que somente alguns recém-nascidos abaixo de 27 semanas toleram o CPAP de 57 Discussão forma precoce, sendo que muitas crianças nascidas de extremo baixo peso ainda necessitarão da ventilação mecânica invasiva. Neste trabalho, as 34 crianças que receberam CPAP apresentavam uma média da idade gestacional de 29,8 semanas e peso médio de nascimento de 1318,7 g (tabela 2), e apenas 44,1% começaram a fazer uso desta ventilação logo após o nascimento, ou seja, o CPAP pode ser a assistência respiratória de escolha para os RNPT-MBP logo após o nascimento. Estes dados estão de acordo com os trabalhos da literatura de Hascoet et al. (2008), Morley et al. (2008), Rocha et al. (2009), Rojas et al. (2009), Lista et al. (2010), DeMauro et al. (2014) e Gonçalves-Ferri et al. (2014). Vários autores como Luz et al. (1997), Hascoet et al. (2008), O´ Donnell e Stenson (2008), Gizzi et al. (2011) e Flor-de-Lima et al. (2012) relataram ainda outra vantagem do uso do CPAP em RNPT, a de evitar ou diminuir a falha de extubação em crianças em ventilação mecânica prolongada. Desta forma, o uso do CPAP após a extubação promove uma redução significativa na duração da ventilação mecânica convencional. Neste trabalho, os RNPT em CPAP permaneceram por um tempo médio de 7,8 dias, (Tabela 2) sendo este achado semelhante com aqueles da literatura de Rojas et al. (2009), Dani et al. (2010), Lista et al. (2010) e Ota et al. (2013), cujo período também variou de 4 a 10 dias. No entanto, o trabalho de Brix et al. (2014) mostrou que o RNPT com idade gestacional menor do que 32 semanas necessitou permanecer por um período médio de 17,5 dias. A terminologia displasia broncopulmonar envolve um amplo espectro de achados clínicos, radiológicos e histológicos e a doença permanece uma importante causa de morbidade a curto e longo prazo (Mulder et al., 2012; Ruiz-Peláez; Charpak, 2014). Segundo Mulder et al. (2012) e Schmalisch et al. (2013), o nascimento prematuro interrompe o desenvolvimento normal intrauterino do pulmão. Com esta interrupção no período pós-natal e a necessidade de um longo período de ventilação mecânica, há um aumento na resistência das vias 58 Discussão aéreas e uma redução no volume pulmonar efetivo, podendo assim causar facilmente injúrias no pulmão. Dos RNPT-MBP que apresentam a SDR, cerca de 20% a 60% acabam desenvolvendo a DBP devido à ventilação mecânica (Pinto et al., 2004). Segundo Reyburn et al. (2012), a baixa idade gestacional associada ao desenvolvimento imaturo do pulmão favorece o desenvolvimento da DBP. Segundo Ruiz-Peláez e Charpak (2014), em relação à IG de nascimento, a incidência de DBP varia entre 11,9% e 76,9%. Em relação ao peso, os autores Gupta et al. (2009) e Schmölzer et al. (2013) afirmaram que o risco de desenvolvimento da DBP aumenta entre os que nascem com o menor peso, chegando a 85 % entre os que nascem pesando entre 500g e 699g. Segundo Farstad et al. (2011) e Schmalisch et al. (2014) a ocorrência da doença também pode estar correlacionada com o tempo da duração da intubação. Atualmente, os autores Saxena et al. (2012), Carvalho et al. (2013) e Ruiz-Peláez e Charpak (2014) afirmam que, em decorrência do uso sistemático de corticosteróides pré-natal, a administração de surfactante exógeno e um suporte respiratório mais fisiológico, a DBP tem apresentado um declínio nessas crianças, sendo atualmente mais frequente nos muito imaturos (entre 23 e 28 semanas ou que apresentem extremo baixo peso). Segundo Farstad et al. (2011), o período de tempo da duração da intubação entre 24 horas e 7 dias já pode estar associado com o desenvolvimento da DBP de grau moderado a grave. Porém, Schmalisch et al. (2014) mostraram a ocorrência da doença em crianças que permaneceram intubadas de 3 a 27 dias quando comparadas às crianças que ficaram por um tempo menor de intubação (de 1 a 7,5 dias). Isto poderia sinalizar que RN com maior tempo de IOT tenderiam a apresentar como sequela esta doença, conforme os achados de Schmalisch et al. (2014), porém, em vista da etiopatogenia da doença ser multifatorial, portanto outros fatores podem influenciar, como grau de prematuridade e incidência da SDR. A prematuridade é fundamental para o desenvolvimento desta doença, uma vez que, segundo Mulder et al. (2012) e Schmalisch et al. (2013), estas 59 Discussão crianças apresentam um pulmão imaturo, podendo requerer o uso prolongado de oxigênio por mais de 28 dias, sendo estes fatores importantes para a ocorrência da doença. Os autores Viscardi et al. (1994), Seow (1997), Aguiar et al. (2003) afirmaram que o desenvolvimento da cavidade bucal, assim como dos dentes, também pode ser afetado em decorrência da prematuridade no período neonatal. A erupção dentária foi definida como a situação em que qualquer porção do dente (borda de um incisivo ou uma cúspide de um molar) esteja presente na mucosa gengival (Fadavi et al., 1992b; Wake et al., 2000). Segundo Aktoren et al. (2010), a erupção dos dentes decíduos é uma parte do crescimento somático e do desenvolvimento das crianças, podendo ser influenciada por fatores genéticos e ambientais. Alguns autores como Ramos et al. (2006) e Sahin et al. (2008) relataram que muitos fatores podem influenciar a erupção dentária, como raça, gênero, desenvolvimento físico, o nascimento de prematuros e o baixo peso ao nascimento, pois estes últimos podem influenciar o desenvolvimento físico de forma geral e isto poderia alterar o desenvolvimento dental. Outros autores como Fadavi et al. (1992b); Aktoren et al. (2010) e Neto e Falcão (2014) mostraram que o processo eruptivo não apresenta nenhuma diferença significante em relação ao tempo de erupção e os gêneros. Este trabalho não apresentou nenhuma correlação entre o atraso na erupção em relação à raça e aos gêneros, estando em concordância com os trabalhos dos autores citados no parágrafo anterior. Alguns autores como Fadavi et al. (1992b) sugeriram que o baixo peso ao nascimento e a prematuridade são fatores que causam atraso na erupção dentária nos primeiros 24 meses de vida, contudo, Sajjadian et al. (2010) não acharam correlação entre o peso do nascimento e o tempo de erupção dos dentes decíduos. Viscardi et al. (1994), no seu trabalho com crianças pré-termo com peso inferior a 2500g, com idade corrigida entre 3 e 36 meses, notaram que aproximadamente 40% das crianças pré-termo tinham seus dentes erupcionados no tempo correto e que 60% 60 Discussão apresentavam atraso na erupção. Estes autores sugeriram que o atraso poderia estar correlacionado com os RNPT que precisaram de ventilação mecânica e que esta teria contribuído para o atraso da erupção dos primeiros dentes. Porém, Fadavi et al. (1992b) não encontraram correlação significante entre o tempo de intubação e atraso na erupção. Seow et al. (1988) e Ramos et al. (2006), quando compararam os RNPT levando em consideração a idade cronológica, observaram que os RNPT-MBP em comparação aos RNPT-BP e aos RNT apresentavam atraso na erupção. Quando foi considerada a idade corrigida, não houve diferença entre os três grupos. Desta forma, vários autores como Seow et al. (1988); Seow (1996); Backströn et al. (2000); Paulsson et al. (2004); Caixeta e Corrêa (2005) e Ramos et al. (2006) também não encontraram atraso na cronologia de erupção quando se considerou a idade corrigida. Isto pode significar que o nascimento prematuro das crianças, ou seja, a idade cronológica, não deve ser levada em consideração para estimar o tempo da erupção dentária, mas esta deve ser sempre calculada através da idade corrigida da criança. A coleta dos dados neste trabalho iniciou-se em crianças com 12 meses de vida, levando em consideração a idade corrigida para a prematuridade. Esta idade foi escolhida porque a média de idade para a erupção dos primeiros dentes decíduos encontra-se entre 7 e 11 meses de idade. Quando se considera a idade corrigida para a prematuridade, as crianças pré-termo não apresentaram atraso na cronologia da erupção dentária (Tabela 3), estando em consonância com a literatura de Seow et al. (1988); Seow (1997); Backströn et al. (2000); Paulsson et al. (2004); Caixeta e Corrêa (2005); Ramos et al. (2006) e Sajjadian et al. (2010) e discordando dos achados dos autores Fadavi et al. (1992b) e Viscardi et al. (1994). Além disso, não houve correlação entre o baixo peso de nascimento e o tempo de intubação com o atraso na erupção da dentição decídua, estando este achado de acordo com o trabalho de Fadavi et al. (1992b). Segundo levantamento de vários autores Ginther (1986); Watteberg e Munsick-Bruno (1986) e Fadavi et al. (1990), as complicações palatinas 61 Discussão relatadas em conexão com a intubação oral podem ser a presença de uma erosão, sulco ou ranhuras no rebordo alveolar e palato; alterações nas características de normalidade do palato; tornando-o profundo e estreito; e a presença de uma assimetria do palato. Ranhuras de rebordo e palato, embora tenham sido descritas, nunca acontecem juntas (Erenberg; Nowak, 1984; Fadavi et al., 1990; Hohoff, 2005c). Segundo os autores Erenberg e Nowak (1984); Ginther (1986); Warwick-Brown (1987) e Fadavi et al. (1990), esta alteração apresenta uma incidência de 48% nos neonatos que se submeteram à IOT, podendo chegar até 88% quando o período de IOT for maior do que 2 semanas. Os autores Ginther (1986) e Fadavi et al. (1990) afirmaram ser desconhecido se a ranhura palatina é permanente, porém Fadavi et al. (1992a) afirmaram ser irreversível. Vários autores, Molteni e Bumstead (1986); Warwick-Brown (1987); Fadavi et al. (1992a) e Hohoff et al. (2005b), correlacionaram a incidência e a gravidade das ranhuras com o tempo de intubação, quanto maior o tempo de IOT e menor o peso de nascimento, maior seria a prevalência para esta alteração. Carrilo (1985) e Watterberg e MunsickBruno (1986) descreveram as ranhuras como uma rara complicação de uma intubação orotraqueal prolongada em RNPT. Esta deformidade seria resultante de uma iatrogenia do tubo, que permanece em contato com o palato. Todos os RNPT que foram intubados por um período maior do que 2 semanas apresentavam um sulco no palato após a extubação, que desaparece até 6 meses após o momento da extubação. Tanto Seow et al. (1985) quanto Macey-Dare et al. (1999) não observaram nenhuma ranhura em criança pré-termo com idade entre 2 e 5 anos que ficaram previamente intubadas. Neste trabalho, nenhuma ranhura em palato ou em rebordo alveolar foi detectada em crianças submetidas à IOT, discordando-se dos autores Erenberg e Nowak (1984); Ginther (1986); Molteni e Bumstead (1986); Warwick-Brown (1987); Fadavi et al. (1990); Fadavi et al. (1992a) e Hohoff et al. (2005b), estando este achado apenas em consonância com Seow et al. (1985) e Macey-Dare et al. (1999). Isto pode ser explicado porque as 62 Discussão crianças examinadas tinham no mínimo 12 meses de idade, e já havia decorrido mais de 6 meses da extubação, concluindo-se, desta forma, que essas lesões poderiam apresentar um quadro de reversibilidade, ou então elas realmente não ocorrem, mesmo naquelas crianças que ficaram muito tempo intubadas. Outra alteração que os autores relataram ser resultante da IOT é o palato profundo (Watterberg; Munsick-Bruno, 1986; Fadavi et al., 1992a; Hohoff, 2005b). Fadavi et al. (1992a) e Macey-Dare et al. (1999) afirmaram que a duração da IOT é um fator importante para determinar a severidade dos efeitos iatrogênicos. Em seu estudo, Fadavi et al. (1992a) compararam crianças pré-termo de BP a EBP entre 2 e 5 anos de idade que se submeteram à IOT de 1 a 90 dias (a maioria tinha DBP). Preconizaram que a IOT estava associada a efeitos iatrogênicos irreversíveis, como abóboda palatina mais alta (palato profundo), encontrada em 69% das crianças prétermo de MBP. Isto indicou que, quanto menor for o peso ao nascimento, maior serão as complicações orais esperadas relacionadas com a intubação orotraqueal. Hohoff (2005b) relatou que, nas crianças pré-termo MBP entre idades de 9 e 75 meses que ficaram intubadas por um período médio de 34,5 dias, 32% apresentaram muito elevados os arcos palatinos; crianças pré-termo que não foram intubadas apresentavam uma menor profundidade palatina quando comparadas às crianças intubadas, afirmando-se desta forma que quanto maior a duração da IOT, maior é a chance de o paciente apresentar um palato profundo. Porém Erenberg e Nowak (1984); Morris et al. (1993) e Macey-Dare et al. (1999) não encontraram correlação da altura palatina com a influência da duração da intubação. Neste trabalho, nas crianças pré-termo que ficaram intubadas, cuja duração média da intubação foi de 25,3 dias (Tabela 4), 67,6% delas apresentaram um palato de formato estreito (caracterizado clinicamente como um palato que tem uma largura diminuída e uma maior profundidade da abóboda palatina), quando comparadas às submetidas ao CPAP; 41,2% das crianças apresentavam o tipo quadrado (que é um palato mais raso quando comparado clinicamente ao estreito) (Tabela 3). Este resultado pode 63 Discussão confirmar o que a literatura preconiza segundo os autores Fadavi et al. (1992a); Hohoff (2005b), ou seja, crianças intubadas têm um maior risco para desenvolver um palato estreito e, quanto maior for a duração da IOT, maior será a chance de a criança pré-termo apresentar um palato estreito. Na literatura pesquisada, não foi encontrado nenhum trabalho que correlacionasse o tipo de palato em crianças que receberam o CPAP, porém Hohoff et al. (2005b) descreveram crianças pré-termo que não foram intubadas e apresentavam uma menor profundidade palatina quando comparadas às intubadas. Warwick-Brown (1987) e Macey-Dare et al. (1999) afirmaram que vários fatores poderiam explicar a forma anormal do palato, dentre eles a prematuridade e o baixo peso ao nascimento das crianças. Seow et al. (1985) avaliaram crianças pré-termo de MBP e extremo baixo peso (EBP) com idade entre 2 e 5 anos, que apresentaram um peso médio de nascimento de 1213g e que foram submetidas à IOT. Relataram que a duração da intubação não parece afetar a simetria palatina, mas Molteni e Bumstead (1986) afirmaram que os neonatos de extremo baixo peso apresentaram maior incidência de palato profundo. Da mesma forma, Warwick-Brown (1987) em seu estudo revelou que o peso e a idade influenciam no tamanho do palato. Procter et al. (1998) descreveram que a profundidade e a largura palatina estão correlacionadas com a idade gestacional, sendo que as crianças com maior IG apresentam um palato mais largo. Hohoff et al. (2005) mostraram em seu levantamento que crianças do mesmo tamanho e peso ao nascimento podem ter diferentes dimensões palatinas. Ash e Moss (1987) estudaram RNPT com menos de 32 semanas (média de IG de 26,6 semanas), peso médio ao nascimento de 860g, que ficaram em IOT de 19 a 32 dias. Os pacientes foram divididos em 3 grupos: no primeiro, usou-se um protetor na cânula de intubação; no segundo, a intubação foi normal; e no terceiro, não houve intubação. Os autores concluíram que crianças intubadas e não protegidas apresentavam um palato menor, mais estreito e mais profundo quando comparado aos palatos de não intubados. Os que usaram protetor no tubo apresentaram um 64 Discussão palato menos estreito e menos profundo em comparação aos intubados convencionalmente. Neste trabalho, o peso médio de nascimento e a média da idade gestacional não influenciaram no aparecimento do palato estreito (Tabela 4), contradizendo os trabalhos de Warwick-Brown (1987), embora a criança avaliada por este autor tivesse uma idade gestacional (28 semanas) e um peso de nascimento (1230,0g) menores, enquanto Procter et al. (1998) encontraram uma maior profundidade palatina em crianças com idade gestacional de nascimento maior, em concordância com o trabalho de Hohoff et al. (2005), uma vez que as crianças que apresentaram palato quadrado e palato estreito tinham uma média de peso de nascimento semelhante,o que denota que crianças com o mesmo peso ao nascimento podem ter diferentes dimensões palatinas, pois este não é o fator determinante para causar a deformidade palatina. Em relação ao tempo de intubação, a análise das crianças deste trabalho que apresentaram um palato estreito (embora tenham permanecido por um tempo médio de intubação prolongado, 27,8 dias) (Tabela 4), não possibilitou afirmar que, quanto maior fosse o tempo de intubação maior, maior seria a chance de a criança vir a apresentar um formato estreito do palato, pois as que apresentaram palato quadrado também permaneceram intubadas por um tempo médio prolongado. Talvez esta correlação de quanto maior o tempo de intubação maior a possibilidade da criança vir a ter um palato estreito não foi possível demonstrar porque o poder amostral foi insuficiente, em função das mudanças ocorridas no protocolo de assistência respiratória ao RNPT dos serviços em que as crianças eram atendidas. Uma outra explicação plausível para este resultado é que, embora a duração prolongada de IOT possa ser um fator significante para causar um defeito iatrogênico no palato, como relatam Fadavi et al. (1992a) e Macey-Dare et al. (1999), outro fator que também pode estar associado à deformidade na profundidade palatina é a pressão exercida diretamente pelo tubo orotraqueal na região mediana do palato, conforme relatam Seow et al. (1985); Ash e Moss (1987), Fadavi et al. (1990); Procter et al. (1998). 65 Discussão Segundo Rai (2010), as chances de as formas dos arcos quadrados e ovoides se transformarem em estreito ou vice-versa são remotas. Le Révérend et al. (2014) afirmam que a largura, o comprimento e a altura palatina se desenvolvem entre o primeiro ano de vida e a puberdade; após este período, o crescimento ósseo continua até atingirem a dimensão de um osso adulto, o que ocorre por volta dos dezoito anos de vida. Um outro fator que os autores discutem como possível influenciador na dimensão palatina é a dieta. Segundo Hohoff et al. (2005c), parâmetros como: tipo da dieta (leite materno versus fórmula), modo de alimentação (mamadeira versus aleitamento), hábitos (nutritivos e não nutritivos), bem como dados biométricos, devem ser levados em consideração. Segundo Neiva et al. (2014), o desenvolvimento da sucção e da deglutição nas crianças pré-termo é um dos maiores indicadores da maturidade e, consequentemente, demonstra uma melhor evolução; assim, os autores sugerem que a IG e o PN influenciam de forma direta o início da alimentação oral e que a IG é um fator que determina a capacidade da criança para a alimentação oral. Vários autores como Neiva et al. (2003); Davenport et al. (2004) e Ferrini et al. (2007) afirmaram que crianças pré-termo e/ou de baixo peso possuem uma menor capacidade gástrica e uma sucção pouco vigorosa, cansando-se facilmente durante as mamadas, tornando-as mais curtas e por isso necessitando de mais períodos de amamentação. São nesses casos que os hábitos nutritivos (como mamadeiras) e os não nutritivos (o uso da chupeta) se fazem presentes na vida da criança e podem causar efeitos deletérios para a morfologia do palato duro, posicionamento dentário, movimentação da língua, com alterações musculares. Assim, o aleitamento materno deve ser estimulado, pois dentre as grandes vantagens, como excelente fonte de nutrição, proteção imunológica, além de minimizar o impacto econômico da família, o leite materno possibilita o crescimento e o desenvolvimento harmônico craniofacial e do sistema mastigatório pelo exercício adequado da musculatura facial no ato da sucção. Segundo Machado et al. (2014), tem sido documentadas com maior frequência as 66 Discussão dificuldades referentes à manutenção da amamentação nos RNPT, ocorrendo um desmame precoce (e este processo pode ocorrer por diversas causas). Neiva et al. (2003) e Charchut et al. (2003) enfatizaram que somente a sucção no peito materno promove a atividade muscular correta e que a mamadeira privilegia apenas os músculos bucinadores e orbiculares da boca, deixando de estimular os músculos da mastigação, digástrico, genihióideo e milo-hióideo. O excessivo trabalho dos orbiculares pode influenciar no crescimento craniofacial, resultando em arcadas estreitas, alterações no palato e falta de espaço para dentes e língua. Segundo Hohoff et al. (2005a), os hábitos de sucção nutritiva apresentavam pequena mas significante correlação com os parâmetros palatinos estabelecidos, sugerindo que o hábito de sucção nutritiva está associado com o estreitamento do palato. Warwick-Brown (1987), em seu estudo, descreveu que a presença do hábito de sucção causa uma pequena mas significante mudança na largura palatina. Neste trabalho, apenas 36,8% dos RNPT foram amamentados (Tabela 3), e a duração média do aleitamento materno recebido pelos PT foi de 3,5 meses (tabela 4) o que é considerado um período curto, pois, segundo Charchut et al. (2003), Lunardelli; Peres (2006), considera-se período de tempo curto o aleitamento materno por menos de seis meses. Porém, quando se correlaciona esse fator com o tipo de palato, as crianças com o palato estreito tiveram um tempo médio de aleitamento de 4,1 meses, sendo o maior período de tempo quando comparados com os outros formatos palatinos. As crianças pré-termo deste trabalho tiveram esta modalidade de alimentação substituída pelo aleitamento artificial (hábito de sucção nutritiva). Assim, este achado discorda do trabalho de Hohoff et al. (2005b), que mostra uma pequena mas significante correlação do hábito nutritivo com o estreitamento de palato, porém esta correlação não foi encontrada neste trabalho, uma vez que as crianças que tiveram o menor tempo médio de aleitamento (1,3 meses) (Tabela 4) não apresentaram um palato de formato estreito, e sim ovoide. Isto talvez possa ser explicado pelo fato de que o uso da mamadeira até os 2 anos de idade não causa impacto 67 Discussão na largura palatina, não resultando portanto no estreitamento palatino. O curto período de aleitamento neste estudo pode ser explicado pelo fato de a alimentação oral ser iniciada no RNPT após a trigésima segunda semana de idade gestacional, em vista da imaturidade da coordenação da sucção, deglutição e respiração, sendo geralmente adquirida entre a trigésima terceira e a trigésima quarta semanas gestacionais (Mizuno; Ueda, 2003). Desse modo, o RNPT-MBP recebe a sua alimentação através de uma sonda nasogástrica e, após a remoção, a alimentação oral poderá ser iniciada através de hábito nutritivo, porque o uso da mamadeira é a forma mais fácil para a criança realizar a coordenação da sucção, deglutição e respiração, uma vez que a criança não precisa executar o movimento de ordenha, facilitando a saída do leite. Outra explicação plausível para a criança não receber o aleitamento materno é que a demora para se iniciar as mamadas pode comprometer a produção láctea materna, levando a um desmame precoce. Embora a maioria das crianças tivesse o hábito de sucção nutritiva, não foi possível detectar a correlação deste hábito com o estreitamento do palato, porque apenas as crianças prematuras que se submeteram à IOT é que apresentaram um palato estreito. Isto pode indicar que, contrariando os achados de Charchut et al. (2003); Neiva et al. (2003); Hohoff et al. (2005b), o uso de uma sucção nutritiva não causou um impacto direto no estreitamento do palato. Isto pode ser plausivelmente explicado porque as crianças examinadas ainda se encontravam em tenra idade e talvez a perpetuação deste hábito possa, no futuro, causar uma deformidade, o que não foi observado até os 2 anos de idade; ou então, embora o aleitamento artificial possa ser considerado um fator de risco para o desenvolvimento de um palato estreito, ele não pode ser considerado determinante, tendo de ser levada em consideração uma somatória de fatores (quanto mais fatores associados estiverem presentes, maior será o risco de acometimento no padrão facial e do palato). Segundo Neiva et al. (2003), há trabalhos mostrando que crianças alimentadas com mamadeira apresentam maior frequência para hábitos não nutritivos, como o uso de chupetas. Este achado foi reforçado por Montaldo 68 Discussão et al. (2011), mostrando que crianças que foram exclusivamente amamentadas artificialmente nos primeiros 6 meses de vida apresentaram um maior risco para desenvolver um hábito de sucção não nutritiva quando comparadas com as que foram amamentadas, pois estas mostraram um baixo risco de adquirir uma sucção não nutritiva. Para Ferrini et al. (2007), o hábito de sucção não nutritiva é aceitável em crianças de tenra idade, porém deve ser desestimulado antes dos três anos de idade, quando se tornam viciosos e deletérios. Quando o hábito é removido em tempo hábil, o equilíbrio do sistema orofaríngeo é restabelecido. Este trabalho está em concordância com os trabalhos de Neiva et al. (2003) e Montaldo et al. (2011), pois a maioria das crianças pré-termo que não foi amamentada (63,2%) também desenvolveu o hábito não nutritivo do uso da chupeta (66,2%) (figura 7), porém, a presença deste hábito não foi deletério a ponto de causar uma atresia palatina nem nas medidas faciais. Este achado reforça a descrição dos autores Ferrini et al. (2007), de que se o hábito for removido antes dos 3 anos, toda alteração bucal causada pela chupeta é autocorrigida espontaneamente. Segundo Farkas; Deutsch (1996); Ward et al. (2000); Darwis et al. (2003); Cattoni e Fernandes (2009); Cattoni et al. (2009); Jahanbin et al. (2012) e Mahdi (2012), a antropometria é a ciência que estuda as medidas em relação ao tamanho, peso e proporções do corpo humano, baseada em medidas angulares e lineares do corpo humano. É uma técnica objetiva, em que se obtêm de forma direta as mensurações dos pontos craniofaciais para investigar o crescimento e o desenvolvimento, propiciando avaliar a variação da harmonia facial entre as diferentes etnias e raças. Segundo Darwis et al. (2003), um dos efeitos mais importantes do crescimento e do desenvolvimento é a mudança que ocorre no perfil facial. Os autores Farkas et al. (2005) e Cattoni (2006) relatam que as medidas antropométricas devem ser obtidas através do emprego de um paquímetro que realiza as mensurações de distâncias lineares entre dois pontos no mesmo plano ou em planos vizinhos (dadas em milímetros). Os autores Ward e Jamison (1991) e Cattoni (2006) relataram que, para 69 Discussão aumentar a confiabilidade dos dados, o clínico deve utilizar, de preferência, sempre o mesmo instrumento e realizar duas vezes cada medida, obtendo a média aritmética final para checar a sua precisão. As medidas coletadas neste estudo seguem as exigências preconizadas por Ward e Jamison (1991) e Cattoni (2006) . Segundo Allanson (1997), as medidas necessárias são prontamente obtidas com adequado treinamento e prática. Os autores Ward (1991); Allanson et al. (1993); Farkas e Deutsch (1996) e Cattoni (2006) citam várias vantagens deste sistema de medidas, como: ser uma técnica simples, não invasiva, de baixo custo, que propicia, através da mensuração dos pontos, descrever objetivamente a expressão fenotípica do indivíduo. Os autores Woodside et al. (1991); Farkas et al. (2005); Özdemir et al. (2007); Paulsson e Bondemark (2009); Montaldo et al. (2011) e Jahanbin et al. (2012) afirmaram que vários fatores como gênero, raça, etnia, idade, fatores ambientais (por exemplo, severa obstrução das vias aéreas associada à respiração bucal), genéticos, condições socioeconômicas e hábitos nutricionais influenciam nos parâmetros antropométricos, porque regulam o crescimento e o desenvolvimento do complexo craniofacial. Além disso, Montaldo et al. (2011) relacionaram que a atividade de sucção precoce pode influenciar o crescimento do complexo craniofacial e por isso vários estudos têm investigado os efeitos da sucção nutritiva e não nutritiva neste crescimento. Neste trabalho, não foi possível verificar a influência dos hábitos nutritivos e não nutritivos no crescimento facial, pois não houve alteração nas medidas faciais tanto nas crianças que foram alimentadas com mamadeira quanto naquelas que faziam uso de chupetas (Tabelas 5 e 6), fato não encontrado no estudo de Montaldo et al. (2011). Isto talvez tenha ocorrido porque as crianças examinadas ainda possuíam pouca idade, e talvez a influência negativa destes hábitos possa ser vista em um período mais tardio da vida, ou seja, a partir dos 3 anos de idade; além do que, concordamos com Garbin et al. (2014), quando estes afirmam que o dano 70 Discussão que o hábito deletério pode causar ao sistema orofaríngeo depende da presença da tríade de Garber. Darwis et al. (2003) relataram que ainda não sabem ao certo como a influência genética e ambiental agem durante o processo de crescimento e desenvolvimento das estruturas craniofaciais. Assim, segundo Farkas e Deutsch (1996); Paulsson e Bondemark (2009), a validade das medidas anormais realizada na população estudada depende da comparação que deverá ser feita, levando-se em consideração principalmente as diferenças morfométricas do complexo craniofacial entre as diversas raças e etnias. Segundo Farkas e Deutsch (1996), até o presente momento, na antropometria direta, 132 medidas estão listadas, 103 são lineares e 29 são angulares (inclinações e ângulos), em que a maioria delas é identificada visualmente. Porém, Allanson (1997) e Kallianpur et al. (2011) afirmaram que, na região facial, vários parâmetros podem ser utilizados para avaliar dados antropométricos, e as dimensões devem ser escolhidas para representar larguras, comprimentos, profundidades, alturas e circunferências da cabeça e da face, para possibilitar a avaliação de olhos, orelhas, nariz e boca. Farkas et al. (2003) afirmaram que falta estabelecer os valores de normalidade das medidas antropométricas faciais em crianças entre 1 e 2 anos. O número de medidas antropométricas que pode ser realizado nas faces de crianças é limitado, isto porque há uma dificuldade de cooperação por parte dos menores durante a execução das mensurações, dificultando assim a realização das medidas. Por isso, só há um trabalho realizado por Farkas et al. (2003), que caracteriza 45 pontos antropométricos em criança entre 1 e 5 anos de idade, sendo a maioria índices de proporção antropométrica. As medidas referentes à largura da face e da mandíbula são as medidas horizontais; e as referentes à altura da face e dos terços superior, médio e inferior são denominadas de verticais, além das medidas de profundidade das regiões maxilar e mandibular, que são chamadas sagitais ou laterais. Segundo Farkas et al. (1992) e Cattoni (2006) estas medidas 71 Discussão foram assim estabelecidas porque o crescimento da face ocorre nos planos vertical, transversal e póstero-anterior. Neste trabalho, os pontos antropométricos escolhidos para caracterizar o crescimento horizontal e o vertical da face das crianças prétermo, que foram baseados em vários trabalhos, como os de Ward e Jamison (1991); Budai et al. (2003); Farkas et al. (2003); Volkmann et al. (2003); Farkas et al. (2007); Neaux et al. (2013), e os pontos escolhidos para representar a altura horizontal foram a largura da face e a largura da mandíbula; a altura do terço superior ou face superior, médio e inferior ou face inferior e altura da face (também denominada por alguns autores de altura morfológica da face ou altura total da face), além do índice facial (que foi calculado), caracterizaram o crescimento vertical da face (Tabela 7). Segundo Jahanbin et al. (2013), a altura facial tem um grau de crescimento mais rápido quando comparada largura. De acordo com Van Spronsen (2010), o excessivo crescimento facial vertical em crianças é fortemente determinado geneticamente. Segundo Allanson (1997), a finalização do crescimento ocorre primeiramente na região da cabeça, depois na largura da face e finalmente no comprimento e profundidade da face. Buretiic-Tomljanovic et al. (2007) afirmaram que a maior velocidade de crescimento ocorre antes e depois do nascimento e durante o primeiro ano de vida, porém, o grau de crescimento encontra-se novamente acelerado entre as idades de 3 e 5 anos, com alguma desaceleração entre os 5 e os 13 anos e com um pico secundário durante a puberdade. Os autores Mahdi (2012) e Jahanbin et al. (2013) afirmaram que as mudanças nas dimensões craniofacial ocorrem em diferentes fases da vida, percebendo essas mudanças de forma mais rápida nos períodos em que houve uma aceleração do crescimento, entre 2 e 4 anos, 5 e 6 anos e 9 e 11 anos (sendo esta menos significante), embora diferenças sutis possam ocorrer em relação ao crescimento e desenvolvimento facial entre os diferentes indivíduos. Bishara e Jakobsen (1985) relataram que o crescimento vertical é mais pronunciado no adulto jovem quando comparado ao período da infância. Isto poderia indicar que a 72 Discussão forma facial torna-se mais pronunciada com o passar da idade e que a presença dos fatores epigenéticos participam para promover ou inibir a tendência do crescimento facial. Neste trabalho, a Correlação de Pearson (Tabela 8) mostra uma correlação fraca entre a idade e o índice facial, a largura de mandíbula e o tempo de aleitamento; isto talvez possa ser explicado porque as crianças tinham entre 1 e 2 anos de vida, e o grau de aceleração do crescimento irá ocorrer a partir de 2 ou 3 anos de vida. É provável que este resultado sofra alterações significativas se as crianças forem examinadas após os 3 anos de idade. Em relação ao gênero, segundo Allanson (1997), tanto na cabeça quanto na face as dimensões verticais geralmente aumentam mais do que as dimensões horizontais, principalmente nos homens. Gazi-Coklica et al. (1997) afirmaram que as crianças mais jovens do sexo masculino apresentavam as faces mais estreitas e mais compridas (longas), e com o tempo, esta diferença entre o homem e a mulher vai diminuindo gradativamente (a maioria desaparece entre 9,8 e 10,7 anos). Darwis et al. (2003) concluíram que as formas de crescimento da face são similares entre homens e mulheres em idade jovem (antes dos 9 anos de idade), pois, depois desta idade, podem ser detectadas formas diferentes de crescimento entre os homens e as mulheres. Segundo Buretiic-Tomljanovic et al. (2007), os sexos exibem dimorfismo em seus complexos craniofaciais. Homens e mulheres apresentam diferenças em relação ao crescimento dos processos facial, quando as meninas mudam o formato de crescimento, do horizontal para a vertical, enquanto os meninos mantêm o padrão de crescimento vertical na puberdade. Esta diferença no crescimento poderia ser explicada como uma resposta diferente dos gêneros às influências ambientais, porém Kapoor et al. (2012) relataram que o gênero não influencia nos parâmetros antropométricos relatados em relação aos traços dismórficos durante a primeira infância. De modo semelhante aos de Allanson (1997) e Buretiic-Tomljanovic et al. (2007), este trabalho mostra também uma resposta de crescimento 73 Discussão diferente entre os gêneros (Tabela 9), pois as crianças do gênero masculino apresentam maiores valores nas alturas dos terços superior e médio, mostrando o predomínio do crescimento vertical dos homens em relação às mulheres. Em relação às larguras das faces superior e inferior, Gazi-Coklica et al. (1997) afirmaram que as mesmas são diferentes para homens e mulheres, apresentando um aumento nas medidas das meninas quando comparadas aos meninos, no período de 10,7 a 11,8 anos. Estas alterações não foram encontradas neste trabalho; isto talvez possa ser justificado porque as crianças que foram examinadas ainda possuíam pouca idade, e como apresentarão um maior crescimento posteriormente, talvez o predomínio no crescimento horizontal possa ser observado mais tardiamente no gênero feminino. A Correlação de Pearson deste trabalho (Tabela 9), mostra uma correlação moderada entre a largura e o índice facial, porque, quanto maior for o crescimento da largura facial, menor será o índice facial e vice-versa, justificando assim a interação entre os crescimentos horizontais e verticais da face. Cattoni (2006) relata que a face é uma das regiões que mais sofrem variações de acordo com a raça. Segundo Mahdi (2012) e Jahanbin et al. (2013), cada grupo racial ou étnico possui sua forma facial e craniana específica, a qual muda com a idade. Farkas et al. (2005) e Kallianpur et al. (2011) afirmaram que vários estudos têm sido realizados para tentar estabelecer a altura facial em diferentes grupos de população, incluindo os caucasianos, africanos, europeus e asiáticos. Segundo Farkas et al. (2005), a maior largura mandibular foi vista nos asiáticos; maior largura facial, em caucasianos masculinos e nos asiáticos; e uma menor largura da face e da mandíbula, nos homens e mulheres portugueses quando comparados a outros grupos étnicos. Parro et al. (2005) afirmaram que o terço médio e inferior apresentaram valores maiores nas mulheres negras do que na raça branca. Isto pode ser explicado pelo fato de que a raça negra apresenta um padrão craniano dolicofacial, biprotrusão dentária e anteriorização da maxila, havendo assim um provável aumento do terço inferior da face. 74 Discussão Neste trabalho (Tabela 10), os não caucasianos apresentaram um índice facial maior quando comparados aos caucasianos, ou seja, os não caucasianos tendem a ter um predomínio do crescimento vertical, resultando em uma face mais longa, denominada de dolicofacial. Este achado está em concordância com os de Parro et al. (2005). Segundo Cattoni (2006), o índice facial ou índice morfológico da face é definido como a relação existente entre a altura da face e a sua largura, que pode ser obtida clinicamente por meio do uso do paquímetro. Este índice permite classificar os tipos faciais em normofacial, dolicofacial e braquifacial. O paciente dolicofacial apresenta a cabeça ovalada, comprida e estreita no sentido horizontal, face longa e estreita (caracterizada pelo excesso na altura facial), resultando em ausência de selamento labial, excesso de exposição de dentes em repouso e da gengiva durante o sorriso; a maxila e a mandíbula apresentam direção de crescimento predominantemente vertical com certa tendência à retrusão mandibular. Os braquifaciais terão uma cabeça mais arredondada, mais curta e ampla no sentido horizontal, face curta e larga, sendo identificados pela deficiência nas dimensões verticais (Kageyama et al., 2006; Reis et al., 2006; Ramires et al., 2011). Segundo Wang et al. (2013), uma face com região frontal ampla (amplas medidas bizigomáticos e bigoniais) pode facilmente produzir uma ilusão de face curta. Embora a altura facial anterior inferior possa estar normal, os lábios são compridos, a maxila tem expressão adequada, há pouca exposição dos incisivos superiores no repouso e no sorriso e os arcos dentais serão amplos (Kageyama et al., 2006; Reis et al., 2006; Ramires et al., 2011). Segundo Kageyama et al. (2006), os indivíduos normolíneos ou com face mesofacial são caracterizados como tendo o padrão de crescimento equilibrado e boa relação entre os maxilares, normalmente apresentam um palato no formato ovoide ou médio. Os indivíduos com face curta (braquifacial) tendem a ter um arco palatino amplo, no formato quadrado, apresentando também músculos mastigatórios mais fortes. Pacientes com uma face alongada possuem um arco maxilar no formato 75 Discussão estreito, porém o referido estudo não correlacionou o comprimento mandibular com nenhum tipo facial. Segundo levantamento de Hohoff (2005b), RNPT-MBP frequentemente têm uma cabeça estreita e longa (dolicocefálico) e o palato também seria estreito, quando comparado com RNT . Neste estudo (Tabela 11), as crianças com palato quadrado não apresentaram nenhuma alteração nas medidas faciais, como altura facial, índice facial ou até mesmo largura facial, que pudesse caracterizar uma face braquifacial conforme os achados de Kageyama et al. (2006). Da mesma forma, as crianças que apresentaram um palato estreito também não tiveram nenhuma alteração nestas medidas faciais que pudesse ser correlacionada com a presença de uma face dolicofacial, contradizendo os estudos de Hohoff (2005b) e de Kageyama et al. (2006). Talvez estes achados possam ser explicados porque as crianças examinadas ainda são muito pequenas e, como ocorrerá um maior crescimento (também na região facial) a partir dos 2 ou 3anos, eventualmente as medidas faciais sofrerão alterações e virão a caracterizar as faces braquifacial e dolicofacial. Além do que, segundo Bishara e Jakobsen (1985) e Farkas et al. (2005), há vários fatores que podem influenciar a morfologia facial, por isso faz-se necessário realizar um acompanhamento odontológico nestas crianças, pois as mesmas poderão vir a apresentar alterações em uma fase mais tardia da vida. Pode-se destacar como um achado bastante interessante deste trabalho a presença de um palato ovoide associado a uma diminuição do terço inferior da face, ou seja, isto pode significar que, embora este palato seja característico de um indivíduo mesofacial, este paciente poderá vir a ter uma face do tipo braquifacial, porque, segundo Jahanbinl et al. (2013), a altura facial tem um grau de crescimento mais rápido quando comparado à largura. O achado, então, já pode estar sinalizando o maior predomínio da largura facial (do crescimento horizontal), ou seja, pessoas com pequena altura facial inferior podem exibir um maior componente horizontal. Além disso, segundo Nanda (1988), as proporções verticais da face anterior são estabelecidas em uma idade precoce e mantidas durante toda a fase de crescimento, 76 Discussão consequentemente, parece que é possível antecipar o desenvolvimento facial vertical de uma criança ainda em uma idade precoce. Outra possibilidade é que esta alteração na altura vertical inferior pode não ter nenhum significado clínico no futuro, pois segundo Buretiic-Tomljanovic et al. (2007) e Jahanbin et al. (2013), o grau de crescimento encontra-se novamente acelerado entre 2 e 3 anos e o comprimento da face é o último local a sofrer o crescimento quando este se encontra em fase de finalização na idade de adulto jovem. Outro aspecto que merece ser destacado neste estudo é a influência da assistência respiratória (CPAP ou VMI com IOT) em relação às medidas faciais (Tabela 12). Para se manter a sonda orotraqueal posicionada corretamente, necessita-se realizar uma fixação externa, sendo que esta fixação ocorre na região facial. Crianças que permanecem por muito tempo intubadas poderiam apresentar um desequilíbrio no crescimento facial, apresentando menor crescimento na largura facial e tendendo a uma face dolicofacial. Porém, segundo os resultados obtidos neste trabalho, os métodos de assistência respiratória (CPAP ou VMI) não interferiram nas medidas faciais. Outro achado deste trabalho que merece destaque é que as crianças com DBP e que foram submetidas à IOT apresentaram maior altura do terço inferior da face (Tabela 13), o que pode sinalizar o desenvolvimento de uma possível face dolicofacial no futuro. Segundo McNamara (1981) e Woodside et al. (1991), problemas respiratórios que fatalmente resultarão em uma respiração bucal (com modificação na posição de língua) influenciam a morfologia craniofacial, pois estes pacientes apresentarão maior crescimento da altura facial inferior, caracterizando uma face longa, assim como um palato estreito e profundo, levando ao aparecimento de uma mordida aberta. Porém, somente as crianças intubadas é que apresentaram esta alteração. Deve-se levar em consideração a associação da doença respiratória e a duração da intubação, que foi prolongada. Esses dois fatores associados podem ter interferido no crescimento vertical da face destas crianças. Por isso, faz-se importante o acompanhamento destes pacientes e o tratamento 77 Discussão da DBP, porque a perpetuação do problema respiratório pode resultar em um perfil dolicofacial. Neste trabalho (Tabela 7), a média do índice facial obtido (tanto no grupo do CPAP quanto no grupo da IOT) foi maior (107,2mm) quando comparada ao mesmo índice obtido no trabalho realizado por Farkas et al. (2003) com crianças brancas norte-americanas entre 1 e 5 anos de idade (88,5mm). Este resultado pode ser explicado pelo fato de a população brasileira ser resultante de uma grande miscigenação racial, tendo uma influência direta de várias etnias, dentre elas a africana; e, como Parro et al. (2005) afirmaram, os africanos tendem a ter um padrão cranioencefálico dolicofacial. É possível que as crianças deste estudo apresentem um índice facial maior quando comparadas às crianças examinadas por Farkas et al. (2003), cujo trabalho constituiu-se exclusivamente por crianças brancas de etnia europeia. Em relação às outras medidas faciais (largura facial e mandibular, terço superior, médio e inferior e altura facial), não conseguimos encontrar nenhum trabalho na literatura que descreva tais medidas em crianças na faixa etária estudada. Desse modo, outras pesquisas poderão ser realizadas na área da antropometria com crianças nas idades entre 1 e 5 anos, com o objetivo de caracterizar não só o perfil facial dos prematuros, como também a face das crianças brasileiras nascidas a termo. Sabemos que o crescimento e o desenvolvimento facial devem ser de grande preocupação para o cirurgiãodentista, porque por meio de um simples exame físico é possível diagnosticar alterações faciais ou até mesmo estabelecer metas de prevenção ou propor formas de tratamento precoce para minimizar possíveis danos ao sistema orofaríngeo das crianças que apresentem uma tipologia facial dólico ou braquifacial. Finalmente, é possível que o uso cada vez mais frequente de uma assistência respiratória minimamente invasiva ou mesmo não invasiva possa contribuir de forma direta não só para prevenir qualquer dano na cavidade 78 Discussão bucal como também para melhorar a harmonização facial dos RNPT, particularmente aqueles de muito baixo peso. 9 CONCLUSÕES 80 Conclusões De acordo com os objetivos propostos e com os resultados encontrados neste estudo, pode-se concluir: • As crianças pré-termo que foram submetidas à ventilação mecânica invasiva com IOT não apresentaram nenhuma alteração em rebordo alveolar ou no palato; • Nas crianças que receberam ventilação mecânica invasiva com IOT, o palato é predominantemente estreito e profundo; enquanto que, nas crianças que receberam o CPAP, verificou-se o palato de formato quadrado; • As medidas faciais (larguras de face e mandíbula, alturas dos terços superior, médio, inferior, altura facial e índice facial) não diferiram de acordo com o tipo de assistência respiratória recebida (CPAP ou VMI); • Em relação à erupção dentária, não foi detectado atraso considerando-se a idade corrigida para a prematuridade; • Crianças pré-termo que não foram amamentadas desenvolveram o hábito não nutritivo do uso de chupeta; • A presença de hábitos nutritivo (o uso de mamadeira) e não nutritivo (o uso de chupeta) em crianças pré-termo com até 2 anos de idade não interferiu no formato palatino nem nas medidas faciais avaliadas; • Crianças submetidas à ventilação mecânica invasiva com IOT, com sequela de DBP, apresentaram maior altura do terço inferior da face. 10 ANEXOS 82 Anexos ANEXO A 83 Anexos ANEXO B Termo de Consentimento Livre Esclarecido REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, CONSIGNANDO: Características faciais, palatinas e erupção dentária em recém-nascidos prétermo de muito baixo peso no primeiro e segundo anos de vida. Pesquisador responsável: Edna Maria de Albuquerque Diniz Instituição/Departamento: Pediatria da FMUSP Telefone para contato: 3091 9409 1. Justificativa e os objetivos da pesquisa Mãe, o seu filho está inscrito neste ambulatório para acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, junto com isso estarei desenvolvendo um estudo para avaliar se está acontecendo também um crescimento correto do rostinho, do céu da boca, e se os dentinhos de leite do seu filho também estão nascendo na época certa. Este estudo é importante porque a criança pode estar tendo alguma alteração de crescimento no rosto, na boca ou então pode ter o nascimento atrasado do dente de leite em relação à outras crianças, e podemos tentar prevenir que isto piore no futuro. O seu filho não vai sentir dor, nem será machucado durante o exame. O exame será feito através de olhar a boquinha da sua criança, medir uns locais do rosto e da cabeça com um aparelho que não machuca e por último se necessário tiraremos uma fotografia do céu da boca.Várias outras crianças da mesma idade do seu filho serão beneficiadas com o estudo, pois os médicos e os dentistas que atenderem essas crianças saberão como 84 Anexos orientar e estimular um melhor crescimento do ossinho do rosto, do céu da boca e também saberão o tempo em que os dentes de leite vão nascer, para evitar assim que eles fiquem encavalados. 2. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: exame clínico, medidas de pontos antropométricos com paquímetro, inspeção do palato e se necessário, será realizada uma fotografia do palato 3. Desconfortos e riscos esperados: Mínimo 4. Benefícios que poderão ser obtidos: dados clínicos sobre características faciais, palatinas e cronologia de erupção dos dentes decíduos que podem ocorrer frente à fatores externos. 5. Liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e, portanto, deixar de participar do estudo: Mãe, se você não quiser mais que seu filho participe desta pesquisa, não tem problema, é só pedir e automaticamente ele será retirado desta pesquisa. 6. Salvaguarda da confidencialidade, sigilo e privacidade: As informações obtidas através dessa pesquisa são confidenciais e asseguram o sigilo sobre a participação. Os dados não serão divulgados de forma a possibilitar a identificação do paciente. “Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente Projeto de Pesquisa, além de autorizar a realização de fotografias ou imagens com a finalidade Científica, desde que resguardada a privacidade do menor.” 85 Anexos São Paulo, de de 20 De acordo Nome: Grau de parentesco: __________________________________________________________ Nome: Soraya Carvalho da Costa CEP-HU: ENDEREÇO: Av Prof Lineu Prestes, 2565-Cidade Universitária- CEP 05508-000- São Paulo- Telefone: 3091-9452- E-mail: cep@hu. 86 Anexos ANEXO C Formas do palato usadas como referência ZARB, et al. (1990) apud McConnell et al. (1996) 87 Anexos ANEXO D 88 Anexos ANEXO E Pontos Antropométricos utilizados na pesquisa 1- Altura craniofacial:V-Gn 2- Altura faciall: N-Gn 3- Altura do terço inferior: Sn-Gn 4- Altura da face superior: Tr-G 5- Altura do terço médio: G-Sn Largura da face: Zy-Zy Largura da mandíbula: Go-Go Índice facial: altura da face X 100 ÷ largura da face WARD; JAMISON,1991; BUDAI et al., 2003; FARKAS et al., 2005 ; FARKAS et al., 2007 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 90 Referências Bibliográficas Aguiar SMHCI, Castro AM, Barbieri CM. Alterações dentárias em crianças nascidas prematuras: revisão de literatura. J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2003;6(31): 240-3. Aine L, Backström MC, Mäki R, Kuusela AL, Koivisto AM, Ikonen RS, Mäki M. Enamel defects in primary and permanent teeth of children Born prematurely. J Oral Pathol Med. 2000;29(8):403-9. Aktoren O, Tuna EB, Guven Y, Gokcay G. A study on neonatal factors and eruption time of primary teeth. Community Dent Health. 2010;27(1):52-6. 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APÊNDICE Apêndice FICHA CLÍNICA ODONTOLÓGICA Data_______________ Nome: ____________________________________________________________________ Endereço:____________________________________________________________ Bairro: ________________________________Fone:_______________________________ Nome da mãe/ e ou responsável:__________________________________________________________ Sexo : M ( ) ( )F Raça ___________ Data do Nascimento:______________ Idade Gestacional:______Idade Cronológica: _______ Idade Corrigida:___________ Medida Antropométricas de nascimento: Peso _______ Sofreu Ventilação Mecânica Invasiva ( ) Sim ( ) Não Duração:____________ Tempo de Início:______________________________________________________ CPAP ( ) Sim ( ) Não Aleitamento materno ( ) Sim Duração:___________ Tempo de Início:___________ ( ) Não Idade (início)_____Idade de término_____ Aleitamento artifical: ( ) Sim ( ) Não Idade (início)_______Idade de término____ Faz uso de chupeta ( ) Sim ( )Não Idade (início)______Idade que largou_____ Outros hábitos de sucção não nutritiva: _______________ Tempo_______________ Possui Displasia Broncopulmonar como sequela da prematuridade ( ) Sim ( ) Não) Medicamentos em uso________________________________________________________________ Apêndice AVALIAÇÃO ODONTOLÓGICA Superior Direito Superior Esquerdo 55 54 53 52 51 85 84 83 82 81 Inferior Direito _ 61 62 63 64 65 71 72 73 74 75 Inferior Esquerdo Consulta Odontológica: IC:_______________ Erupção dentária_____________________________________________________ Análise do palato:_____________________________________________________ ZARB, et al. (1990) apud McConnell et al. (1996) Formato do palato: Quadrado ( ) Estreito ( ) Ovóide ( ) Apêndice Medidas Antropométricas Medidas Antropométricas Faciais 1ₐ Medida Antropométrica (mm) 2ₐ Medida Antropométrica (mm) Média 1- Largura da face (Bi-Zy) 2- Largura mandíbula (G0-Go) 3- Altura terço superior da face (Tr-G) 4- Altura do terço médio da face (G-Sn) 5-) Altura do terço inferior da face (Sn-Gn) 6- Altura facial (N-Gn) 7- Índice facial (N-Gn X100 ÷ BiZy) WARD; JAMISON,1991; BUDAI et al., 2003; FARKAS et al., 2005 ; FARKAS et al., 2007