O QUE MUDA NAS AULAS DE MATEMÁTICA COM A PRESENÇA DO INTÉRPRETE DE
LÍNGUA DE SINAIS DO PONTO DE VISTA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA?
Elaine Cristina Sturion (IC) - UNESPAR/Fecilcam, [email protected]
Fábio Alexandre Borges (OR) - UNESPAR/Fecilcam, [email protected]
INTRODUÇÃO
A proposta de inclusão de indivíduos com necessidades educacionais no ambiente escolar
deve levar em conta as especificidades desses indivíduos. Dentro desse grupo estão inseridos os
surdos, cujo seu diferencial na aprendizagem se dá pelo fato de não ouvirem e se comunicarem por
meio de Língua de Sinais, no caso do Brasil a Libras.
A proposta de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais visa interação entre
indivíduos com diferentes características. No caso dos alunos surdos, muitos são filhos de pais
ouvintes que muitas vezes não sabem como agir em relação ao filho tentando muitas vezes escondê-lo
da sociedade. Assim, a inclusão vem como uma forma de garantir o respeito às diferenças e não é um
impedimento para se relacionar com outras pessoas que possuem características diferentes da sua.
Logo, com a grande diversidade de alunos que se encontra no ambiente escolar, essa mistura de
diferenças contribui indiretamente “para a quebra de resistências e de visões que possam vir a ser
estereotipadas, favorecendo para todos os alunos o trabalho em parceria e o respeito às diferenças”
(LORENZETTI, 2003, p.7). A diversidade de culturas pode favorecer os alunos em sua formação
como cidadãos, respeitando cada indivíduo em sua particularidade.
No que se refere à inclusão de alunos surdos, esses possuem uma língua própria. A Libras é
reconhecida pela Lei nº 10.436/2002 (BRASIL, 2002) como a língua natural dos surdos brasileiros,
mas “o governo brasileiro e o sistema educacional [...] impõe o Português como língua acadêmica, o
que impede o desenvolvimento educacional do surdo” (LIRA, 2009, p.21). A mesma lei garante
atendimento especializado para os surdos, seja no ambiente escolar ou em qualquer outro ambiente e a
presença de um profissional Intérprete de Língua de Sinais é essencial para que o surdo possa se
comunicar com outros indivíduos de modo que ele seja entendido.
Diante das especificidades encontradas no ensino de alunos surdos, nossa pesquisa visou fazer
uma análise das dificuldades encontradas na comunicação entre o Professor de Matemática e o aluno
surdo. Assim, objetivamos analisar o papel do Intérprete de Língua de Sinais nas aulas inclusivas de
Matemática, sobre o ponto de vista dos professores desta disciplina e que atuam com surdos.
Segundo Zampieri (2006 apud LACERDA, 2009), “os modos de atuar do professor interferem
no modo de atuar do ILS1, e essas questões precisam ser consideradas cuidadosamente para um bom
andamento do trabalho escolar” (p.73). Deste apontamento surge a necessidade de entender qual é a
relação entre o professor e o Intérprete de Língua de Sinais, qual é a importância e qual é o papel de
cada um na educação de alunos surdos.
O Intérprete de Língua de Sinais é de muita valia na educação de alunos surdos, pois
[...] viabiliza a comunicação entre surdos e ouvintes, identificando-se com o
orador, exprimindo-se na primeira pessoa, sinalizando e representando suas
ideias e convicções, buscando imprimir-lhe similar intensidade e mesmas
sutilezas que as dos enunciados em português oral (ROSA, 2006, p.80, apud
TUXI, 2009, p.14).
Para o aluno surdo, a presença do Intérprete de Língua de Sinais é muito importante, “[...]
quando se insere um intérprete de língua de sinais na sala de aula abre-se a possibilidade do
aluno surdo receber a informação escolar em língua de sinais, através de uma pessoa com
competência nesta língua” (PAIXÃO, 2010, p.87-88). Mesmo que a interpretação do Português
para a Libras não seja uma interpretação boa2 a presença do Intérprete na sala é essencial para o
entendimento do aluno. Antes um entendimento parcial do que estar presente e não saber o que está
acontecendo.
Dos apontamentos feitos anteriormente, resolvemos investigar a relação Professor de
Matemática e Intérprete de Língua de Sinais, objetivando analisar o papel do Intérprete de Língua de
Sinais nas aulas inclusivas de Matemática, sobre o ponto de vista dos professores desta disciplina e
que atuam com surdos, além de estudar a temática Surdez e suas implicações quando do tratamento
em estabelecimentos inclusivos de ensino; entender o relacionamento entre professor de Matemática e
Intérprete de Libras; investigar a legislação vigente no que diz respeito ao tratamento das pessoas
surdas em estabelecimentos inclusivos de ensino; contribuir com a discussão da temática Educação
Especial na formação inicial de professores de Matemática; analisar o trabalho com temas
matemáticos mediados pela atuação da Intérprete de Libras.
1
Intérprete de Língua de Sinais.
Na Libras não existem sinais específicos para alguns termos e expressões matemáticas o que dificulta a
compreensão de alguns conceitos.
2
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Nosso trabalho está embasado no tipo de pesquisa qualitativa que, segundo Moraes (2003), é
aquela que
[...] pretende aprofundar a compreensão dos fenômenos que investiga a partir
de uma análise rigorosa e criteriosa desse tipo de informação3, isto é, não
pretende testar hipóteses para comprová-las ou refutá-las ao final da
pesquisa; a intenção é a compreensão (MORAES, 2003, p.191).
Para coletar as informações necessárias para a realização de nossa pesquisa, contamos com a
mediação de três Núcleos Regionais de Educação para os quais foi enviado um e-mail explicando o
objetivo de nossa pesquisa e pedindo para que encaminhassem o questionário em anexo para
professores que atuam com alunos surdos em escolas inclusivas.
Desta forma, os professores que se disponibilizaram a contribuir com nossa pesquisa
responderam ao questionário via e-mail. Esse questionário teve por objetivo coletar informações a
respeito das opiniões dos professores a respeito da presença do Intérprete na sala de aula e também
quanto à inclusão do aluno surdo. Dentre as questões foram abordadas problemáticas como: a
formação profissional (inicial e continuada), a experiência no ensino de surdos, recursos didáticos
utilizados nesse ensino, a relação com o Intérprete, entre outras. As perguntas foram caracterizadas em
três eixos:
1º Eixo - Conhecimento do professor acerca das especificidades do aluno surdo;
2º Eixo - Relação entre o Professor de Matemática e o Intérprete de Língua de Sinais;
3º Eixo - Opinião dos Professores com relação à inclusão e aos alunos surdos.
Análise dos resultados
Para a realização da pesquisa tivemos a colaboração de quatro professores de Matemática que
atuam em escolas inclusivas juntamente com o Intérprete de Língua de Sinais. Os professores, que
denominados como P1, P2, P3 e P4, responderam ao questionário que foi constituído de onze
perguntas separadas em três eixos.
3
Essas análises que Moraes (2003) cita são do tipo textual. A pesquisa qualitativa se apoia em textos já
existentes que contribuam com a pesquisa, ou produz o próprio material para análise a partir de entrevistas e
observações
1º Eixo
1. Em sua formação inicial ou continuada, você se deparou com algum tema ou discussão
relacionada à Inclusão ou à surdez?
2. Como foi recebida a notícia de que você iria lecionar Matemática para alunos surdos?
3. Em sua metodologia de trabalho, há alguma ação voltada especificamente para os alunos
surdos? Se sim, qual?
4. Você possui algum conhecimento da Libras? Sabe se comunicar por meio de sinais?
2º Eixo
5. Como se dá a relação entre você e o (a) Intérprete de Libras dentro e fora de sala de aula?
6. Em algum momento a Intérprete pede explicações sobre o conteúdo matemático que está
sendo trabalhado?
7. A Intérprete paralisa as aulas para pedir explicações específicas para o aluno surdo?
8. A Intérprete de Libras já faltou em alguma aula? Diante desse fato, como você lidou com o
aluno surdo?
9. Qual a sua opinião sobre a presença da Intérprete dentro da sala de aula? Há alguma
influência em seu trabalho pelo fato de haver um adulto acompanhando suas aulas?
3º Eixo
10. Qual a sua opinião em relação à inclusão de alunos surdos na escola regular?
11. Qual a sua opinião em relação à aprendizagem do aluno surdo?
Conhecimento do professor acerca das especificidades do aluno surdo
Neste eixo, questionamos os professores se eles haviam tido contato com o tema surdez
durante sua formação inicial e continuada e quais os conhecimentos que possuem acerca desta
temática.
Com relação ao tema da inclusão de alunos com necessidades educativas especiais durante a
formação, todos os professores disseram que na formação inicial nunca tiveram contato com o tema da
inclusão de alunos surdos se deparando com essa realidade somente na formação continuada, por meio
de especializações na área de educação especial. De acordo com o professor P1, na especialização a
surdez era tratada em um sentido mais amplo, não englobando metodologias e estratégias de ensino, o
que nos leva a crer que, o que é trabalhado é a questão da deficiência do aluno, mas não como lidar
com ele em sala. É um conhecimento superficial acerca das necessidades educacionais que este aluno
possui.
A reação dos professores ao saber que lecionariam para alunos surdos foram distintas. Os
professores P2 e P4 relataram que estavam curiosos para lecionar, pois queriam saber como este aluno
aprenderia os conteúdos matemáticos. O professor P3 sentiu-se preocupado em como seria o
aprendizado do aluno surdo. O professor P1 descobriu que iria lecionar para um aluno surdo quando
chegou à sala, o que o deixou sem reação diante deste fato. As reações podem influenciar no modo
como o professor leciona, diante da curiosidade o professor demonstra-se aberto à novas experiências;
da preocupação o professor se demonstra despreparado, inseguro em não atingir seu objetivo como
educador; da surpresa o professor demonstra sua versatilidade em lidar com situações inesperadas.
Como estão lecionando para um aluno que exige um atendimento diferenciado, perguntamos a
respeito das metodologias adotadas pelos professores. Somente o professor P4 disse que adotou uma
metodologia diferenciada. As atitudes tomadas por ele foi colocar o aluno surdo nas primeiras
carteiras, falar pausadamente, olhando e explicando várias vezes para ele quando necessário. Os
demais responderam que não mudaram suas metodologias por não terem conhecimento de como lidar
com esse aluno e por não verem necessidade, pois eles contavam com a presença da Intérprete de
Língua de Sinais. Dentre os professores apenas o professor P4 sabe se comunicar basicamente em
Libras e viu na presença dos alunos surdos uma possibilidade de exercitar seu conhecimento com os
alunos para os quais lecionava.
Relação entre o professor de matemática e o intérprete de língua de sinais
Neste eixo, procuramos saber se havia intervenção do Intérprete de Língua de Sinais durante a
aula e como lidam com a presença e a ausência deste em sala de aula.
A relação entre todos os Professores de Matemática e os Intérpretes era boa, mas raramente
ocorriam interrupções na aula por parte destes, sendo que a maioria das dúvidas eram tiradas fora da
sala de aula, momento em que Professor e Intérprete repassavam os conteúdos trocando ideias sobre
como abordar o conteúdo a ser trabalhado.
Os professores responderam que a presença do Intérprete não influencia em seus trabalhos e
são unânimes ao responder que a sua presença é essencial na sala de aula, pois facilita a comunicação
com o aluno surdo. Como já foi perguntado aos professores se sabiam se comunicar em Libras,
perguntamos como os professores se comportavam com o aluno surdo na ausência do Intérprete.
Quando os professores tiveram que lidar com o aluno surdo sem a presença da Intérprete de
Língua de Sinais, apresentaram diferentes atitudes. Como o professor P4 possui um conhecimento
básico da Libras, ele conseguiu se comunicar com os alunos sem problemas, mas disse que ficou
inseguro quanto à transmissão do conteúdo. Os professores P2 e P3 disseram que nunca se depararam
com essa situação, mas disseram também que não saberiam lidar com o aluno demonstrando
insegurança em relação ao aprendizado deste. O professor P1, conforme o relato abaixo, usou a escrita
como estratégia de comunicação, já que não possui conhecimento em Libras.
P1- "[...] sempre que possível eu escrevia no caderno da aluna o que eu estava explicando ela sempre
me questionava também através da escrita não é a melhor opção, mas é assim que nos
comunicávamos."
Como se sabe, os surdos possuem a Libras como primeira língua e a língua portuguesa escrita
como segunda língua. De acordo com Streiechen (2011) “o ensino da língua portuguesa escrita deve
passar pela visualização e associação com os sinais que ele conhece e os que são empregados na
LIBRAS” (p.162). Logo, deve-se tomar cuidado com este tipo de comunicação, pois corre-se o risco
de escrever uma palavra que o aluno não conhece, não conseguindo associá-la ao que ela representa
dificultando mais ainda a comunicação.
Conforme no trabalho de Nogueira e Borges (2012), os alunos surdos pediam explicações para
o significado de palavras e a Intérprete reescrevia o enunciado de exercícios substituindo algumas
palavras “novas” do português por outras conhecidas pelas surdas, evidenciando dessa forma a
dificuldade dos surdos em entender o português escrito.
Opinião dos professores com relação à inclusão e aos alunos surdos
Neste eixo, buscamos entender a opinião dos professores em relação à inclusão de alunos
surdos e em relação à aprendizagem matemática desses.
Com relação à inclusão de alunos surdos na Educação Básica, os professores responderam que
a inclusão é possível e um direito que este possui de aprender junto aos alunos ouvintes, mas ressaltam
que devem ser ofertadas as condições necessárias para que isso ocorra.
P1- “[...] eu vejo isso como uma “inclusão disfarçada”, pois o aluno está lá, mas os professores não
estão preparados para lidar com esse público”.
P2- “Penso que é possível, desde que haja o empenho de toda comunidade escolar. Pois, não é só
colocar o aluno surdo na escola, é necessário um grande suporte pedagógico para que isso ocorra de
forma satisfatória”.
Percebemos nas respostas dos professores que a escola e os professores em geral não estão
preparados em lidar com este aluno devido as suas especificidades, porém é de direito que o surdo
receba educação em um ambiente inclusivo juntamente com os alunos ouvintes.
No que diz respeito à aprendizagem dos alunos surdos, os professores acreditam que esses
alunos possuem uma aprendizagem matemática satisfatória, levando-os a afirmar que o aluno surdo
tem as mesmas capacidades de um aluno "normal".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A proposta de inclusão de alunos com necessidades educativas especiais visa a interação entre
indivíduos com diferentes características proporcionando a formação de cidadãos sem preconceitos.
Para que isto ocorra, o ambiente escolar precisa se adequar as especificidades desses alunos para
possibilitar a inclusão, no caso de alunos surdos é preciso a presença de um Intérprete de Língua de
Sinais em sala.
Podemos notar em nossa análise que, de acordo com os professores a presença do Intérprete de
Libras é essencial em sala de aula, pois por meio deste profissional é possível assegurar a transmissão
do conhecimento para o aluno e também é possível que professor e aluno se comuniquem. Conforme o
trabalho de Spenassato e Giareta (2009), os professores se sentem mais seguros com a presença do
Intérprete em sala.
Também percebemos que os professores não se preocuparam em alterar suas metodologias
para um melhor aproveitamento do ensino por parte dos alunos surdos, não se utilizaram de
metodologias diferenciadas pelo próprio desconhecimento destas e por estarem auxiliados por um
Intérprete. De acordo com Guarniello et al (2006) "podemos considerar que o professor ainda tem uma
compreensão reducionista sobre o processo de ensino/aprendizagem dos surdos", pois é dependente do
Intérprete de Língua de Sinais. O professor deve lembrar que a responsabilidade pela aprendizagem do
aluno surdo é sua e não do intérprete, o intérprete não possui os conhecimentos matemáticos
necessários do professor para ajudar o aluno surdo na aquisição dos mesmos.
Sendo assim, é
necessário que o professor tenha conhecimento da língua de sinais, pelo menos sinais básicos para
poder se comunicar com o aluno. A inclusão do aluno surdo será facilitada quando for considerada sua
presença nos bancos escolares.
Outro fato que deve ser destacado é o despreparo dos professores para lidar com alunos
surdos. A ideia de inclusão é boa, mas primeiro é necessário incluir o educador nos meios de discussão
acerca das necessidades educativas especiais.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei no 10.436. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras – e dá outras
providências. Diário Oficial da União, Brasília, 24 abr. 2002.
GUARINELLO, A. C; et al. A inserção do aluno surdo no ensino regular: visão de um grupo de
professores do Estado do Paraná. Revista Brasileira de Educação Especial. v,12, n.3 Marília
Set./Dez, 2006
LACERDA, C. B. F. Intérprete de Libras em atuação na educação infantil e no ensino
fundamental. Porto Alegre: Editora Mediação, 2009.
LIRA, D. S. A Experiência e Opinião dos Estudantes Surdos nas Escolas Bilíngues e de Inclusão.
Trabalho de Conclusão de Curso – Especialização Em Educação Especial: Estudos Surdos. Faculdade
Santa Helena. Recife – PE, 2009.
LORENZETTI, M. L. A inclusão do aluno surdo no ensino regular: A voz das professoras. Revista
Espaço. Rio de Janeiro, v. 18/19, p. 63-69, 2003.
NOGUEIRA, C. M. I.; BORGES, F. A. Uma análise das aulas de matemática para alunos surdos
inclusos em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental. Revista Educação e Linguagens, Campo
Mourão, v. 1, n. 1, ago./dez. 2012.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise textual discursiva.
Revista Ciência & Educação. v.9, n.2, dezembro 2003.
PAIXÃO, N. S. S. M. Saberes de Professores que ensinam Matemática para Alunos Surdos
incluídos numa escola de ouvintes. Dissertação de Mestrado. Instituto de Educação em Matemática e
Científica – IEMCI – Universidade Federal do Pará. 2010. Belém.
SPENASSATO, D.; GIARETA, M. K. Inclusão de alunos surdos no ensino regular: investigação das
propostas didático-metodológicas desenvolvidas por professores de matemática no ensino médio da
EENAV. In: X Encontro Gaúcho de Educação Matemática, 2009, Ijuí/ RS.
STREIECHEN, E. M. Porque o surdo escreve diferente? Revista Interlinguagens, n.2, v.2, 2011.
TUXI, P. A atuação do Intérprete Educacional no Ensino Fundamental. Dissertação de Mestrado.
Universidade de Brasília, 2009, Brasília.
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