UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS SISTEMA DE APOIO A DECISÃO EIS – EXECUTIVE INFORMATION SYSTEM Celso Alves Mauro Samuel Schaffer SAO LEOPOLDO, ABRIL DE 2006 2 SUMARIO 1. Introdução ................................................................................................................. 3 2. Conceito de EIS (Executive Information Systems) ....................................................... 4 2.1 Principais Características dos EIS: ....................................................................... 6 3. Como funciona os Sistemas de Informação Executiva? .............................................. 7 4. Onde se aplica? ....................................................................................................... 10 5. Vantagens e Desvantagens da utilização de EIS ....................................................... 11 6. Identificando as necessidades de informações dos executivos. ................................ 11 7. Arquitetura Tecnológica: .......................................................................................... 13 8. EIS x DSS x MIS ....................................................................................................... 15 9. Cases Empresas ...................................................................................................... 18 9.1 Bosch ................................................................................................................. 18 9.2 Santista .............................................................................................................. 18 9.3. Melhoramentos Papéis ....................................................................................... 18 9.4 UNICRUZ .......................................................................................................... 18 10. Conclusão: ............................................................................................................ 19 Bibliografia .................................................................................................................. 20 3 1. Introdução Atualmente, em decorrência de uma economia global, onde as corporações necessitam extrema agilidade em suas tomadas de decisões, sob pena de perda de mercado perante seus concorrentes, seus executivos exercem papel fundamental. São eles os responsáveis pela tomada de decisão visando desenvolver o plano estratégico que a empresa irá atuar. Para que a tomada de decisão seja bem sucedida, faz-se necessário que os executivos dessa empresa possuam um sistema que os auxilie nessa fase tão complexa de decisões estratégicas visando o fornecimento de informações que são consideradas relevantes e críticas para o negócio. E é nesse contexto que o Sistema de Informações Executiva (EIS – Executive Information System) foi concebido. Segundo Pozzebon [3], o surgimento do EIS foi anunciada formalmente em 1979 no Harvard Business Review por Rockart and Treacy, numa palestra sobre “Chief Executives Define Their Own Data needs”. A idéia principal do EIS é de disponibilizar um sistema de auxílio aos executivos, permitindo que os mesmos possam, sem auxílios de uma equipe técnica, tomar decisões mais ágeis e com maior nível de confiabilidade no que tange atividades estratégicas da empresa. A extração dos resultados gerados pelos EIS deve ser de fácil compreensão para o executivo, através de gráficos, planilhas e relatórios customizados. “O EIS é um poderoso veículo de informação que torna possível a visualização de informações disponíveis nas bases de dados da empresa ou do ambiente externo, onde possui capacidade de drill-down, ou seja aprofundamento em detalhes de acordo com as necessidade do executivo, facilitando a análise de exceções por meio de parametrização do próprio executivo”. [5] Para que o EIS possa facilitar a tomada de decisão do executivo, faz se necessário que possua uma base de dados para extração dos resultados. Essa base, segundo Ivã Cielo [2], pode ser construído utilizando vários sistemas transacionais presentes na corporação. Porém, o tempo de espera da conclusão dessas transações pode sacrificar o ideal do EIS, pois é necessário extrair dados de diversas fontes, trata-los, mantê-los íntegros bem como um histórico dos mesmos. Então, para aplicação de um EIS, convenciona-se a utilização de um Data Warehouse (repositório de dados), que assumirá a parte “burocrática” de manipulação das transações com as outras fontes e permitirá que o EIS tenha acesso a essas informações após estarem devidamente formatadas. Nos últimos anos, com o advento dos microcomputadores e das redes locais, o EIS sofreu uma adaptação passando a fornecer suporte não somente mais aos executivos e sim, empresa como um todo (EIS – Enterprise Information System). Porém, essa questão não será abordada nesse trabalho. 4 2. Conceito de EIS (Executive Information Systems) Algumas definições: “Um mecanismo computadorizado que fornece aos executivos as informações necessárias para gerenciar o negócio.” [1] “O EIS é uma tecnologia que visa integrar num único sistema todas as informações necessárias para que o executivo possa verificá-las de forma numérica, textual e gráfica.” [7] “Os Executive Information Systems são sistemas computacionais destinados a satisfazer necessidades de informação dos executivos, visando eliminar a necessidade de intermediários entre estes e a tecnologia.” [1] Os sistemas de informação executiva (EIS – Executive Information Systems) surgiram da necessidade de se obter dados gerenciais sumarizados que fossem direcionados a atender uma carência dos executivos pela falta de informação, uma informação rápida, sem conflitos e de fácil obtenção. Esta é uma das características destes sistemas, que deve ter interfaces amigáveis e de simples operação. Muito se discute sobre a sua conceituação. No inicio foi relutante a aceitação da sigla EIS como um novo conceito, pois muitos entendiam como sendo uma adaptação e/ou apenas mais uma ferramenta complementar de um SAD. Mas não demorou muito para que a comunidade aceitasse os Sistemas de Informação Executiva como um novo conceito, visto as suas características e forma de implementação. O EIS é uma ferramenta que integra em uma base de dados informações de diferentes locais, apresentando resultados de forma simples e amigável, atendendo as necessidades dos executivos de alto nível. Gandara [7] definiu três conceitos básicos para um EIS: • Não ter que aprender informática; • Integrar as diversas fontes de informações; • Trabalhar de forma intuitiva através de textos, números, gráficos e imagens. A união destas características em um sistema de informação define o que realmente é um EIS. O executivo não é um usuário comum, muitas vezes não tem muita afinidade com os computadores e também não quer ter, porque não precisa ter grandes conhecimentos sobre a estrutura de um sistema de informação. O ponto chave em um EIS é a integração das diversas informações existentes nas empresas, sejam elas informações internas da própria empresa ou externas, como cotações da bolsa ou dólar, concorrência, notícias, etc. Um sistema que permita ao executivo obter informações de forma intuitiva, corrobora com a primeira característica, de que não é necessário conhecer muita da informática, apenas saber o que é um computador, um mouse e saber ler. O sonho de todo executivo é apertar um botão e ter na sua frente aquela informação que há tanto tempo procurava. 5 ORIGEM DO EXECUTIVE INFORMATON SYSTEMS Executivos necessitam de informações para tomar decisões... Porém.... os computadores das empresas armazenam grande parte dos dados Necessários para gerar informações executivas. Os executivos não são usuários comuns Solução: Apresentar as informações críticas de modo customizado, com acesso simplificado e com um mínimo de treinamento. Figura 1 – Origem dos EIS [1] Segundo Furlan [1], as exigências dos executivos com relação à produtividade de suas tarefas é um aspecto muito importante e que deve ser levado em consideração. Os executivos precisam controlar medidas de desempenho, como por exemplo, os lucros, a produtividade, as despesas, etc., sem que isso prejudique as operações que lhe são incumbidas e que são de sua responsabilidade, fazendo com que possa identificar problemas ou oportunidades para adotar medidas corretivas. Com um EIS, o nível executivo consegue de uma forma dinâmica monitorar os FCS (fatores críticos de sucesso) e o motivo dos desvios. Nas empresa, a maioria dos executivos estratégicos não tem tempo e nem estímulo para trabalhar em um SIG, por exemplo, para que possa extrair informações que lhe sejam úteis. Na pratica eles não encontram nesses sistemas estruturados para o nível operacional, os dados de uma forma simples e amigável. Um sistema para executivos (EIS) resolve esse dilema, porque oferece um modo prático de acesso às informações disponíveis na empresa de forma simples e voltada às suas necessidades, por ter uma interface Homem/Máquina bem amigável e por apresentar o conteúdo ajustado ao seu estilo de trabalho. Deve permite o acompanhamento diário de resultados, tabulando dados de todas as áreas funcionais da empresa para depois exibi-los graficamente de forma simplificada. Ainda deve ter a capacidade de navegação por diversos estágios da informação, partindo de um nível mais sintético até o detalhamento mais analítico, sempre com a simplicidade que lhe é peculiar. 6 2.1 Principais Características dos EIS: • Destinam-se a atender às necessidades informacionais dos executivos [2]; • Possuem recursos gráficos de alta qualidade para que as informações possam ser apresentadas graficamente de várias formas e as variações e exceções possam ser realçadas e apontadas automaticamente; • São usados principalmente para acompanhamento e controle; • Possuem informações de nível estratégico – indicadores de desempenho; • Destinam-se a proporcionar informações de forma rápida para a tomada de decisões críticas; • São fáceis de usar, com telas de acesso intuitivo, com treinamento mínimo; • São desenvolvidos de modo a se enquadrar na cultura da empresa e no estilo de tomada de decisão de cada executivo; • Podem ser customizadas de acordo com o estilo de cada executivo [2]; • Tem capacidade de Drill-Down (detalhamento), proporcionam acesso a informações detalhadas posteriores às telas de sumarização; • Filtram resumem e acompanham dados ligados ao controle de desempenho de fatores críticos de sucesso do negócio; e • Fazem uso intensivo de dados do macro-ambiente empresarial (concorrentes, clientes, indústria, mercados, governo, internacionais) contidos em bancos de dados on-line, relatórios sobre mercado de ações, taxas e índices do mercado financeiro, entre outros. Figura 2 – Características do Executive Information System [1] 7 3. Como funciona os Sistemas de Informação Executiva? Antes de explicar como funciona um EIS, é importante ter uma visão de onde e como esses sistemas estão inseridos em um contexto geral de sistemas de informação, a sua classificação e posição em relação aos outros tipos de sistemas de informação. A classificação dos EIS dentre os Sistemas de Informação pode ser vista no quadro abaixo: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Sistemas de apoio gerencial Apóiam processos de tomada de decisões Sistemas de apoio às operações Suportam processos de monitoramento e controle Sistemas de Informações Sistemas de Registro da informação sistemáticas ou processamento de operações. gerencial (SIG) visualizações transações (OLTP) instantâneas para o corpo gerencial. Sistemas de apoio Suporte a processos Sistemas de controle Monitoramento de à decisão (SAD) de simulações e de processos processos industriais. previsões. Sistemas de Tratamento de Sistemas de trabalho Facilitador da informação informações críticas e colaborativo comunicação e executiva (EIS) de desempenho (Groupware) aumento de organizacional. produtividade. Tabela 1 – Classificação dos Sistemas de Informação – O’ Brien (apud [8],2003) A figura abaixo mostra a posição do EIS em uma organização que possui sistemas informatizados em todos os seus níveis. Figura 3. Relacionamento entre os Sistemas de Informação [8] O sistema executivo fica no nível estratégico da organização, onde são tomadas as decisões pelos executivos de alto nível, abrangendo todas as áreas e recebendo informação de todos os outros sistemas, inclusive informações externas que não estão representadas na figura acima. 8 Conforme Furlan [1], a implementação de um EIS deve possuir: a) Geração instantânea de relatórios Bons sistema executivos fornecem a informação quando ela realmente é necessária, tecnicamente isso é alcançado com a construção de uma base de dados executiva, que possui as informações coletadas de outros locais. b) Foco nos indicadores-chave do negócio Informações vitais dos negócios da empresa é o que os executivos precisam. Não é a quantidade de informações que um EIS fornece que o qualifica e sim a criticidade delas. O sistema deve ser pró-ativo e ajudar o executivo a avaliar o desempenho de sua organização, apontando desvios e exceções. c) Multivisão dos dados Em um sistema EIS, as informações são trabalhadas de diferentes formas, como textos, gráficos e tabelas, permitindo o acesso também de diferentes formas, até mesmo exibindo todas as formas na mesma tela. d) Comunicação Num escopo de organização que possui tomadas de decisões em grupo, o sistema deve prover a comunicação entre os executivos. A base de dados deve ser comum a todos, criando assim, uma linguagem corporativa única que elimine discussões ou discordâncias, visando estabelecer uma verdade sobre os fatos. Para entender o funcionamento, Pozzebon [4] dividiu o EIS em três categorias: Interface com o usuário, Capacidades técnicas e Requisitos em qualidade da informação. Figura 4 – Interface do Usuário [4] A figura 4 mostra as principais características de um sistema executivo, as quais já foram citadas neste texto, e que estão presentes na interface do sistema com o usuário, ou seja, estas características são a comunicação entre o executivo e o sistema. 9 Figura 5 – Capacidades Técnicas [4] Por trás da camada de interface, fica a camada de funcionalidades e capacidades técnicas, representada na figura 5. O sistema possui atributos de comunicação, análises, Web e mineração, fazendo com que resulte em dados sumarizados com opção de detalhamento, comparando informações passadas com informações atuais. Análise “Ad Hoc” é um termo conhecido para designar consultas ou análises instantâneas e eventuais. Figura 6 – Requisitos em Qualidade da Informação [4] 10 Por último fica a camada de acesso e armazenamento dos dados de um sistema de informação executiva onde se guardam as informações integradas dos dados internos da empresa com os dados externos, as informações formais e as não formais. O banco de dados EIS mantém informações históricas e atuais, algumas em tempo real com outros sistemas de informação. 4. Onde se aplica? O dilema existencial do EIS é: a quem se destina? O próprio nome indica que estes sistemas são de exclusividade dos executivos, o qual não são usuários comuns, como já foi dito antes. Antes de existir o EIS, o executivo se via com um monte de relatórios, muitas vezes com informações conflitantes e quase sempre não tinha a informação quando desejava. Para rever uma informação, tinha que procurar em uma pilha de papéis e muitas vezes acabava solicitando o relatório novamente. Por esses e outros motivos é que cada vez mais os EIS vem sendo implantado nas grandes empresas que possuem um alto nível gerencial executivo. É evidente que estas empresas devem possuir um grau de informatização elevado para que suporte um sistema deste tipo. Não seria possível implantar um EIS em uma empresa onde não houvesse um sistema de informação em funcionamento. Empresas de médio e pequeno porte também são passíveis de implementações de sistemas executivos, porém muitas vezes em uma escala menor, visto que a complexidade gerencial é menor nestas empresas. Um dos problemas dos executivos, o qual o EIS se propõe a resolver, é a demora na obtenção dos dados em tempo hábil para as suas necessidades. A tendência nas empresas é a utilização das informações diárias, ou até mesmo em tempo real, em todos os níveis da organização. Executivos que antes esperavam dias para receber um relatório do fechamento mensal, agora ficam impacientes com os 10 minutos da atualização do banco de dados para gerar os dados do dia anterior. Portanto, essa tendência impõe que os sistemas tenham um planejamento para o desenvolvimento que possam suportar as demandas de larga escala e de respostas próximas ao tempo real. 11 5. Vantagens e Desvantagens da utilização de EIS Muitas são as vantagens na utilização de um Executive Information Systems e algumas delas já foram citas neste texto, mas relembrando estas e descrevendo outras, temos que os principais benefícios da implementação de um EIS são: a) Tomada de decisões oportuna e efetiva: a coerência e a confiança nos dados dão ao executivo uma confiança maior na sua tomada de decisão. As características de ser um sistema orientado por gráficos e quadros, utilizar símbolos, ícones e cores, ter multivisão, facilita o trabalho do executivo; b) Redução no tempo de obtenção de informações: o sistema executivo tem facilidade de uso e manuseio amigável, não requer experiência em informática pelo usuário e treinamento mínimo para utilização, as respostas do sistema são rápidas e focadas, diminuindo o tempo na procura por informações; c) Melhoria e agilização da comunicação interna entre áreas e executivos: auxilia no controle dos indicadores, apontando os desvios, falhas e perspectivas a fim de que os executivos possam tomas as medidas corretivas ou confirmar a sua estratégia. O sistema pode ser utilizado em conjunto por mais de um executivo, fornecendo um ambiente de decisões em grupo; e d) Esforços dirigidos para a consecução de objetivos: os objetivos da empresa são acompanhados e controlados no sistema pelos fatores críticos de sucesso, a concepção do EIS é focada em atender a necessidade dos executivos em controlar e alcançar suas metas e objetivos. Outra vantagem na utilização de um sistema de informação executiva é a complementação em vez da substituição, pois uma implementação não requer grandes mudanças nos sistemas de informação atuais de uma organização. O EIS deve atuar de forma adjunta aos sistemas implantados por meio de conexões simples. Sem esse aproveitamento, o sistema pode ser desvantajoso pelo custo necessário para alterar os sistema existentes e o tempo necessário para adaptação. Um item que pode ser uma desvantagem na utilização de um EIS é o custo de implementação. Porém se o sistema é bem sucedido, rapidamente ele se paga com a qualidade das decisões dos executivos e um sistema bem sucedido é aquele que realmente é utilizado pelos seus usuários. 6. Identificando as necessidades de informações dos executivos. Quando se fala em informação executiva, os colaboradores da área de TI logo imaginam que relatórios de dados impressos é a maneira de prover informação para a área gerencial. 12 Pelo lado executivo, observa-se que a quantidade de informação proveniente é muito maior do que a necessária, e muitas vezes o que realmente está se buscando não esteja naquelas pilhas intermináveis de papeis. Por esse motivo, os pesquisadores do MIT resolveram construir uma nova maneira de prover informações para os executivos. Até aquele momento, no final da década de 70, existiam quatro métodos para definir a necessidade de informação dos executivos. Vamos ver brevemente cada um deles: • Técnica do Subproduto: Esse método visa consolidar com o uso de computadores os dados de folha de pagamento, faturamento, fluxo de caixa, etc. e passa esses para os executivos, basicamente na forma de números e dados. Esse é o método mais usado nas empresas. Problema: dados e informações obtidas são na maioria inúteis pois não passam de números e tabelas, não havendo clareza nas informações. • A Abordagem Nula: Esse método baseia-se no fato de que os executivos não analisam relatórios e documentos impressos, mas sim as informações que são passadas de maneira informal, ouvindo diretamente de seus assessores e demais fontes internas e externas à empresa. Problema: Mesmo com essa necessidade de informações informais, ainda assim é possível criar um sistema para gerenciar elas, e não mantê-las somente em conversas. • Método do Estudo Total: Essa técnica emprega uma análise top-down da empresa, ou seja, entrevista os seus gerentes para descobrir as suas reais necessidades de informação, para a partir daí construir um sistema no qual será possível extrair as informações gerencias necessárias. Problema: o volume de informações geradas e o tempo necessário para se fazer às entrevistas tornam o processo muito trabalhoso. • Método dos Indicadores-Chaves: Esse modelo é considerado o mais eficaz entre os 4 citados, e é a base para as técnicas aplicadas do EIS. Primeiramente são apontados os indicadores-chaves dentro do processo de negócio abordado. Em seguida é apresentado para os executivos somente os indicadores que obtiveram desvios em relação aos parâmetros de normalidade estabelecidos para eles. Desta maneira, os executivos podem focar mais o seu trabalho. Neste modelo também é sugerido o uso de recursos com gráficos e quadros para o acompanhamento dos indicadores. 13 Tendo como base esses quatro modelos, e aproveitando as vantagens de cada um, foi desenvolvido por John Rockart, também do MIT, o método chamado Análise dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS). O método focaliza individualmente cada executivo, verificando suas necessidades de informações, tanto quantitativa como qualitativamente, e a partir daí traça uma lista de FCS na empresa, que podem variar entre 3 a 7, e que devem ser atingidos para que a empresa tenha sucesso. Foram identificadas pelos pesquisadores do MIT 4 fontes principais dos FCS: • Estrutura de ramo de negócios: Dependendo da área de atuação da empresa, existem pontos importantes que devem ser monitorados por assim dizer. • Estratégia competitiva, ranking no ramo e localização geográfica: Análise da concorrência bem como o posicionamento da empresa no mercado, além do posicionamento geográfico da empresa. • Fatores ambientais: Análise do ambiente externo, mercado, flutuação da economia, consumidores, etc. • Fatores temporais: Aspectos internos da organização que mudam com o passar do tempo. Ex: estoques. 7. Arquitetura Tecnológica: Para um EIS fornecer as informações aos executivos de forma rápida e de fácil manuseio, existe a necessidade de escolher de maneira correta a arquitetura tecnológica que o EIS irá operar. Os componentes básicos desse modelo são: Arquitetura de hardware: Nesse ponto, define-se onde o sistema será processado, o modelo de servidor(s), quantidade de recursos necessários (memória, disco, processador, velocidade da rede, etc.). Abaixo vemos uma figura exemplificando a visão da arquitetura de hardware: 14 Figura 7- Arquitetura de Hardware [1] Arquitetura de Software e dados: Essa etapa define os recursos e ferramentas que serão utilizados pelo sistema. Esse processo define-se em duas etapas: a) Desenvolvimento do Programa Interface; Nesse ponto entra uma premissa básica do EIS, uma interface GUI (Graphics User Interface) fornecida pelos softwares de EIS que irá fornecer os dados de forma amigável e simplificada. b) Acesso à base de dados; Define-se aqui a forma como serão acessados esses dados. Pode-se usar um acesso à base de dados diretamente pela ferramenta EIS, que é a melhor opção, pois é mais rápida. Em contrapartida, a ferramenta de EIS nem sempre terá acesso completo as informações disponíveis e também porque essas informações não estão em dados pré-selecionados. Pode-se nesse caso criar uma base intermediária (Base de dados EIS), atualizada e acessada através de um outro programa específico. Vemos a seguir uma figura que exemplifica esse modelo: 15 Figura 8- Arquitetura de software e dados Esses modelos de arquitetura devem ser planejados em conjunto, visto que um depende do outro, além da necessidade de planejar um crescimento do sistema no futuro. 8. EIS x DSS x MIS Os conceitos de EIS e de DSS (Decision Support Systems), embora aparente possam ser próximos, permitindo ao decisor a tomada de decisão de um problema específico, possuem sutis diferenças. Estas estão na tabela abaixo, proposta por [1]: Abordagem EIS DSS Foco Utilização Nível Consultas e análise de exceções. Estratégico Display-only com aprofundamento opcional (drill-down) Nível Tático Simulações, cálculos, consultas Análises What-if. Tabela: Diferenças entre EIS x DSS [1] Identificamos a partir da tabela que o EIS é um sistema voltado mais para consultas sobre os dados das organizações. Atuando no nível estratégico, auxilia os executivos em suas decisões, porém sem fornecer alternativas. Apenas fornece uma “imagem” de como está a empresa. Importante salientar que estas informações geradas devem ser extramente confiáveis pois o risco atribuído a elas é altíssimo. 16 O DSS atua em um nível inferior, atuando com todos os setores da organização. É através dela que os decisores poderão se orientar sobre como a melhor forma de tomar a decisão. O sistema gera condições para o problema em questão. Embora o risco da decisão também seja alto, ele é inferior ao EIS. Abaixo segue uma pirâmide que descreve os principais níveis de atendimento de informação: EIS SAD e SIG Sistema de Nível Operacional e de automação Figura 9 - Níveis de Atendimento Com o crescimento vertical do EIS na empresa, este acabou adotando funções dos DSS (SAD e SIG). A partir dessa nova realidade, os EIS passaram a estender seu escopo aos níveis inferiores (gerenciais), chegando ao ponto dos altos executivos e gerentes acessarem as mesmas telas, além de executar simulações, projeções e consultas multivisão às bases de dados[1]. Com isso, houve o surgimento do MIS (Management Information System), sistema que assumirá as tarefas do EIS e DSS dentro da organização. Como exemplo dessa plataforma, encontram-se os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning). Para uma maior clareza, abaixo uma tabela comparando os três sistemas através de um comparativo realizado por R. Sprague (apud [1, 1994]): Dimensão EIS Foco Acesso ao indicadores status de DSS MIS Análise e Apoio à Processamento decisão informações Gerentes Gerentes de desempenho Usuário Típico Executivos Intermediários e de Nível médio analistas Objetivo Conveniência Aplicação Avaliação desempenho, de Eficácia Eficiência Tomada de decisão Controle operacional produção, da projeção 17 acompanhamento de de vendas, análise fatores de custos, etc. críticos de sucesso Banco de Dados Apoio oferecido à Diversos Especial Do Sistema Indireto Direto Direto ou Indireto Operações internas, Informações de apoio Relatório tópicos para operações decisão Tipo de Informação críticos, informações situações das internas, específicias fluxo estruturado. Planejamento, Controle externas, exceções. Uso Principal Acompanhamento e controle organização e controle Adaptação ao usuário Adaptável ao estilo Permite recursos, de Normalmente decisório do execuivo simulação, nenhuma julgamento e escolha de estilos de diálogo Recursos gráficos Essencial Parte integrada de Desejável muitos Facilidade Essencial Essencial Desejável conversacional Tratamento das Informações Filtra e resume Utiliza informações Sumariza e relata informações, geradas pelo MIS ou informações para apresentando EIS como input. serem tratadas pelos usuários. exceções e tópicos essenciais. Detalhamento das Informações Acesso aos instantâneo detalhes Podem ser Inflexibilidade dos de programados relatórios ser Essência do sistema Disponível, mas não qualquer resumo Banco de Modelos Pode acrescentado Desenvolvimento Especialistas sistemas gerenciável. em Usuários com treinamento oferecido pelos especialistas. Tabela 2 – Comparação EIS x DSS x MIS Especialistas sistema. em 18 9. Cases Empresas Abaixo apresentamos alguns cases coletados nas bibliografias identificadas. Dentre essas, verificamos que a implantação de um EIS sempre trouxe benefícios para a empresa que o implantou. Seguem os relatos: 9.1 Bosch “A Bosch está implementando o BW (Business Warehouse), uma ferramenta de EIS (Executive Information System) da própria SAP, para permitir a extração de informações gerenciais.” [9] 9.2 Santista “Segundo o entrevistado, os relatórios obtidos pelo Business Objects atendem mais às necessidades de relatórios operacionais, e a Santista desenvolveu internamente um sistema EIS utilizando ferramentas da Oracle para atender as necessidades de informações gerenciais.”. [9] 9.3. Melhoramentos Papéis “Para disponibilizar informações gerenciais, a MP desenvolveu um sistema EIS baseado na linguagem Pilot Lightship. Segundo o diretor-financeiro, o desenvolvimento do EIS foi facilitado pelo sistema ERP, uma vez que toda a informação da empresa encontra-se em um único banco de dados.” [9] 9.4 UNICRUZ “Esta pesquisa teve como objetivo implementar um EIS e avaliar o seu uso pela PróReitoria de Administração de uma universidade do setor privado, a Universidade de Cruz Alta UNICRUZ. Inicialmente, foram identificados, junto aos decisores da organização, seus objetivos, principais atividades, principais decisões e necessidades de informação. Em seguida, foi planejado, desenvolvido e implementado um protótipo de EIS, com a participação dos decisores envolvidos e, após a implementação, foi avaliado seu uso e os efeitos provocados pelas informações disponibilizadas na área selecionada para estudo. Os resultados demostraram o cumprimento do objetivo, pois a implantação do EIS proporcionou aos decisores envolvidos uma nova e confiável fonte de informações, da qual eram extremamente carentes, permitindo-lhes maior controle sobre suas atividades e objetivos, dando-lhes maior segurança ao decidir, tornando-os mais produtivos e permitindo uma visão mais clara de sua instituição. O EIS possibilitou, ainda, um conhecimento mais profundo dos números da organização, permitindo revisar objetivos e estratégias, planejando o futuro da instituição.” [10] 19 10. Conclusão: Concluímos que a utilização de um sistema de informação para executivos é vital para a tomada do processo de decisão destes, uma vez que agilidade é a essência estratégica para enfrentar uma competição globalizada. Faz-se fundamental que o EIS possua versatilidade que o executivo necessite, sem este ter que “aprender” como operar o sistema. O EIS deve ser de fácil manipulação, pois, do contrário não alcançará seus objetivos perante o executivo. A não utilização de um EIS leva muitas vezes, o executivo a administrar por impulso, ou (pior) por experiências passadas. Porém, cada caso exige uma análise diferente, dependendo do contexto e das variáveis envolvidas no processo decisório. Constatamos também que as empresas atualmente estão preocupadas com todos os setores que as compõe, fazendo que o EIS deixe de ser um sistema apenas para executivos, mas também para a empresa como um todo. Com isso, não há mais uma centralização das informações, traçando um novo paradigma na organização. 20 Bibliografia 1. FURLAN, Jose Davi, IVO, Ivonildo da Motta, AMARAL, Francisco Piedade. Sistemas de informacao executiva : Eis: executive information systems. 1. ed. São Paulo: Makron, 1994. 2. CIELO, Ivã. EIS – Executive Information System. Disponível em: http://www.datawarehouse.inf.br/artigos/eis.asp . Acesso em Abril/2006. 3. 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OSIRONO, Carlos Hiroshi. Tecnologia Workflow: O impacto de sua utilização nos processos de negócio. Um estudo de caso múltiplos. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde08122003-233842/. Acesso em Abril/2006. 9. Souza, Cesar Alexandre de. Sistemas Integrados de Gestão Empresarial: Estudos de Casos de Implementação de Sistemas ERP. Universidade de São Paulo – SP. 2000. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12133/tde-19012002-123639/. Acesso em Abril/2006 10. Kruel, Evandro Barbosa. Implementação de um Executive Information System e Avaliação de seu Uso: o caso UNICRUZ. Mestrado Interinstitucional PPGA - URI, 2001.