Curso de Pós-Graduação Lato Sensu
MBA em Gestão, Auditoria e Perícia Ambiental
Gerenciamento de
Riscos Ambientais
Alexandre Martins Fernandes
[email protected]
Sorocaba
Fevereiro 2010
Quem é o professor ??
E os meus colegas de curso ??
Nome / Formação
De onde vem
O que espera do curso
Contrato
Horário : 19:00 às 22:30 hs
Intervalo: a definir
Saídas da sala: livre? (bom senso)
Telefone celular: desligado ou no modo sem campainha
Dinâmica da aula: interatividade
(somos todos profissionais)
Em casa: leitura e pesquisa (recomendado)
Compromisso de comparecer às aulas !
Assuntos que vamos abordar programa...
Aula 1: 04/02/2010 (hoje)
– Apresentação do programa.
– Apresentação de um caso real de risco ambiental.
– Conceitos básicos sobre riscos. Análise preliminar de perigos.
Aula 2: 04/02/2010
– Apresentação das questões da avaliação.
– Breve histórico do Gerenciamento de Riscos Ambientais.
– Apresentação de casos clássicos de acidentes de grande impacto.
Aula 3: 04/02/2010
– Identificação de Perigos: principais técnicas utilizadas.
What if...? / Análise Preliminar de Perigos (APP) / Análise de Modo de Falhas e
Efeitos (FMEA) / Estudo de Perigos e Operabilidade (HazOp).
Assuntos que vamos abordar programa...
Aula 4: 25/02/2010
– Análise de Vulnerabilidade.
– Análise por Árvore de Falhas e caso prático.
– Entrega da avaliação escrita pelos alunos.
Aula 5: 04/03/2010
– Gestão e Gerenciamento de riscos.
– Exemplo de Relatório de Análise de Riscos
– Discussão do artigo científico: “O princípio da precaução e a avaliação de
riscos” (Prof. Paulo Affonso Leme Machado).
– Debate das questões formuladas na avaliação
Vamos observar um
estudo real
em que há
risco ambiental iminente .
Voltando à nossa aula!
Como o meio acadêmico vê a questão dos riscos
ambientais?
Aula Introdutória
Atualmente a noção de risco ambiental está
consideravelmente difundido na sociedade.
Os estudos técnicos tem tido importante papel nesse
contexto, com os debates, avaliações e estudos do
meio acadêmico e empresarial.
Introdução
Há três principais abordagens:
• Enfoque em processos catastróficos e rápidos;
• Enfoque nos chamados riscos tecnológicos e sociais;
• Enfoque na abordagem empresarial e financeira.
O Risco
Pode ser tomado como uma categoria de análise
associada às noções de:
incerteza, exposição ao perigo, perda e prejuízos
materiais, econômicos e humanos em função de
processos de ordem “natural” e/ou daqueles
associados ao trabalho e às relações humanas.
O Risco
O risco (lato sensu) refere-se à probabilidade de
ocorrência de processos no tempo e no espaço,
não-constantes e não-determinados, e à maneira
como estes processos afetam a vida humana, direta
ou indiretamente.
O Risco
Pode-se dizer que a gênese dos riscos, assim como o
aumento da capacidade de gerar danos e de sua
escala de abrangência, acompanham a história da
sociedade.
É difícil afirmar quando se iniciaram os primeiros
estudos sobre riscos.
O Risco
Os termos risco e incerteza se tornaram termos
técnicos na literatura em 1921, no trabalho “Risk,
uncertainty and profit” (Frank Knight).
Escola de Chicago – White (tese de doutorado) – voltada aos
riscos associados a processos da natureza, como por
exemplo, as enchentes.
O Risco
“A Sociedade do Risco” (Beck, 2000)
Livro em que o autor afirma que vivemos em uma verdadeira
sociedade do risco.
Faz uma distinção entre a primeira modernidade
(industrialização, sociedade estatal e nacional, pleno emprego, etc.) e a
segunda modernidade (modernidade reflexiva), em que as
insuficiências e as antinomias da primeira tornam-se objeto
de reflexão.
Modernização Reflexiva
A modernidade, ao mesmo tempo em que propicia o
desenvolvimento das instituições sociais modernas
em escala mundial, criando condições para uma
existência humana mais segura e gratificante, foi
também geradora de um “lado sombrio”, sobretudo
no século XX. (Giddens, 1991)
Algumas conceituações
Risco = uma incerteza objetivamente definida por
um caráter probabilístico, que não deve ser
confundido como uma ênfase estatística.
(Godard et al., 2002)
Risco confirmado (risque avéré)
Passível de predições científicas
Risco potencial (risque potentiel)
Que não pode ser definido de forma (tão) objetiva.
Algumas conceituações
Risco e Perigo
Em português são considerados sinônimos.
O mesmo ocorre em inglês (risk, hazard e danger), e
em francês (risques, danger).
O uso indiscriminado tem causado alguma confusão
e equívocos.
Mas há diferença?
Algumas conceituações
Para a Engenharia (Cerri & Amaral, 1998)
Risco = possibilidade de ocorrência de um acidente.
Acidente = fato já ocorrido, onde foram registradas
consequências sociais e econômicas (perdas e
danos).
Algumas conceituações
Para a área de Seguros (Augusto Filho, 2001)
Perigo = ameaça potencial a pessoas ou bens.
Risco = expressa o perigo em termos de danos por
período de tempo e, em geral, unidade monetária
por ano.
Algumas conceituações
Principais conceitos utilizados na análise de risco
conforme a International Union of Geological Sciences – IUGS
Working Group – Commitee on Risk Assesment (1997)
Risco (Risk)
Perigo (Hazard)
Elementos sob risco (elements at risk)
Vulnerabilidade (Vulnerability)
Análise de risco (Risk analysis)
Definição IUGS:
Risco (risk)
Uma medida da probabilidade e severidade de um efeito
adverso para a saúde, propriedade ou ambiente.
Risco é geralmente estimado pelo produto entre a
probabilidade e as consequências.
A interpretação mais genérica de risco envolve a comparação
da probabilidade e consequências, não utilizando o produto
matemático entre estes termos para expressar os níveis de
risco.
Definição IUGS:
Perigo (hazard)
Uma condição com potencial de causar uma consequência
desagradável.
Alternativamente, o perigo é a probabilidade de um
fenômeno particular ocorrer num dado período de tempo.
Definição IUGS:
Elementos sob risco
(elements at risk)
Significa a população, as edificações e as obras de
engenharia, as atividades econômicas, os serviços
públicos e a infra-estrutura na área potencialmente
afetada pelos processos considerados.
Definição IUGS:
Vulnerabilidade
(vulnerability)
O grau de perda para um dado elemento ou grupo de
elementos dentro de uma área afetada pelo processo
considerado.
É expressa em uma escala de 0 (sem perda) a 1 (perda total).
Para propriedades, a perda será o valor da edificação, para
pessoas, ela será a probabilidade de que uma vida seja
perdida.
Definição IUGS:
Análise de risco
(risk analysis)
O uso da informação disponível para estimar o risco para
indivíduos ou populações, propriedades ou o ambiente..
A análise de risco, geralmente, contém as seguintes etapas:
Definição do escopo;
Identificação do perigo;
Determinação do risco.
As categorias de Análise de Risco
A noção de risco ambiental foi sistematizada por Talbot Page
(1978), quando distinguiu a visão tradicional da noção de
poluição da noção de risco, tendo origem no setor de energia
nuclear.
Utilizou as categorias:
Risco natural
Risco tecnológico
Risco social.
As categorias de Análise de Risco
Este tipo de classificação tende a ser cada vez menos
utilizada, por não ser mais possível distinguir os riscos e
perigos naturais, tecnológicos e sociais, devido à
complexidade existente.
Persiste ainda como convenção ou por conveniência.
Risco Natural
(Natural hazards)
Relacionada a processos e eventos de origem
natural ou induzida por atividades humanas.
Como a natureza desses processos é bastante diversa nas
escalas temporal e espacial, o risco natural pode se
apresentar com diferentes graus de perdas, em função da
intensidade (magnitude), da abrangência espacial e do tempo
de atividade dos processos considerados.
Risco Natural
Está associado ao comportamento dos sistemas
naturais, considerando o grau de estabilidade e
de instabilidade expresso pela vulnerabilidade a
eventos de curta ou longa duração.
As análises de risco natural estão relacionadas, desta maneira, às
atividades que interferem e/ou são afetadas direta ou
indiretamente por processos da dinâmica superficial ou interna da
Terra.
Risco Natural
Processos
Atmosféricos
Climatológicos
Furacões,
ciclones,
tornados,
tempestades, trovões, chuvas,
secas, calor extremo, frio extremo
Endógenos
Terremotos, vulcanismo, tsunamis.
Exógenos
Erosão, movimento de massa,
enchentes, assoreamento.
Risco Tecnológico
(Technological hazards)
Circunscrito ao âmbito dos processos
produtivos e da atividade industrial.
Pode ser definida como o “potencial de ocorrência de eventos
danosos à vida, a curto, médio e longo prazo, em
consequência das decisões de investimento na estrutura
produtiva”.
Risco Tecnológico
Perigos Tecnológicos
Agente
Materiais perigosos
Evento
(material radioativo,
substâncias e gases tóxicos)
Risco Tecnológico
Perigos Tecnológicos
Agente
Evento
Materiais perigosos
Contaminação
(Construções, solo, águas
de superfície e/ou de
subsuperfície, ar, produtos
agrícolas)
Processos perigosos
(radioatividade, combustão)
Risco Tecnológico
Perigos Tecnológicos
Agente
Evento
Materiais perigosos
Contaminação
Processos perigosos
Lançamento de
materiais
Dispositivos perigosos
(gasoso ou líquido,
explosões)
(veículos, estações de energia,
linhas de transmissão de energia,
explosivos, dispositivos de
controle de natalidade)
Risco Tecnológico
Perigos Tecnológicos
Agente
Evento
Materiais perigosos
Contaminação
Processos perigosos
Lançamento de materiais
Dispositivos perigosos
Acidentes
(transporte, planta
industrial, mineração,
acidentes médicos ou
cirúrgicos)
Risco Social
É um risco analisado e desenvolvido por
vieses.
Pode ser considerado como o dano que uma sociedade, ou
parte dela, pode fazer causar (conflitos armados, guerras,
ações militares, etc.)
Risco Social
É um risco analisado e desenvolvido por
vieses.
Ou então, a relação entre marginalidade e vulnerabilidade a
desastres naturais (sem teto e terremoto).
Um terceiro viés é considerá-lo como resultante de carências
sociais que contribuem para uma degradação das condições
de vida da sociedade (saneamento básico, água potável e
coleta de lixo).
Avaliação e Estimativa de Risco
O método mais utilizado para avaliação de riscos é
uma medida indireta, de referencias aos resultados
(ocorrências) de acidentes.
Trata as estatísticas de acidentes como medidas
objetivas de risco, comumente utilizando o padrão
número de eventos/100.000 pessoas, com intervalos
de tempo estabelecidos.
Avaliação e Estimativa de Risco
Os programas de mitigação e prevenção de riscos em
relação à segurança pública e desastres têm
geralmente utilizado um “perfil” de risco baseado
em históricos sobre o número de ocorrências
adversas, na probabilidade de danos a pessoas,
empresas e propriedades.
Avaliação e Estimativa de Risco
Por exemplo, para os riscos naturais são
considerados três níveis de avaliação:
– A identificação dos perigos;
– A avaliação da vulnerabilidade; e,
– A análise de risco.
Avaliação e Estimativa de Risco
A identificação dos perigos:
Pode ser entendido como o processo de estimar a
extensão geográfica do perigo, sua magnitude
(intensidade) e probabilidade de ameaça aos interesses
humanos.
A intensidade se refere ao dano que pode ser gerado
pelos atributos do perigo natural.
A probabilidade é calculada geralmente pelo intervalo
de recorrência do evento.
Avaliação e Estimativa de Risco
A avaliação da vulnerabilidade:
Combina a informação obtida na fase de identificação
dos riscos com um inventário de pessoas, propriedades
e infra-estruturas expostas ao perigo, estimando danos
e causas que resultarão das diferentes intensidades dos
perigos avaliados.
Vulnerabilidade é a suscetibilidade das instalações
humanas aos impactos danosos dos perigos naturais.
Avaliação e Estimativa de Risco
A análise de risco :
O mais sofisticado nível de avaliação de perigos,
envolvendo estimativas quantitativas de danos e custos
prováveis em uma área específica, durante
determinado período de tempo.
O risco possui dois componentes mensuráveis:
magnitude do prejuízo (definida pela vulnerabilidade)
probabilidade do prejuízo (em termos de área/escala)
A Dimensão Espacial do Risco
A noção de “possibilidade de perdas”, intrínseca
ao risco, possui uma dimensão espacial que pode
ser desdobrada em vários aspectos.
No que diz respeito á distribuição espacial dos riscos,
fica evidente a existência de uma concentração de
riscos nas cidades, ou mais precisamente, nos grandes
centros urbanos.
Por que?
A Dimensão Espacial do Risco
Isto se deve ao fato de esses locais constituírem o
locus da produção e reprodução de processos
produtivos e de um modo de vida que propicia a
concentração da população, estimula a produção
industrial, as relações comerciais e prestação de
serviços.
A Dimensão Espacial do Risco
Tanto na cidade quanto no campo, os processos atmosféricos,
hidrológicos, sociais, político-econômicos e industriais
produzem quadros conjunturais de riscos, com diferentes
intensidades e níveis de exposição da sociedade.
Esta cobra esforços para a mitigação de danos,
regulamentação de usos e compensações financeiras,
definição de investimentos e, em outra instância, políticas e
ações específicas contidas no planejamento e gestão
territorial.
Breve conclusão
O risco ambiental deve ser considerado como um
processo que se estrutura ao longo do tempo,
não estando restrito aos eventos “naturais” ou
tecnológicos catastróficos (de grande magnitude
e concentrados em curtos intervalos de tempo,
ainda que recorrentes), como grandes enchentes,
acidentes industriais, etc.
(Castro et al., 2005)
Breve conclusão
A construção do risco, tomada como um
somatório de processos em diferentes
intervalos temporais, está vinculada ao modo
de vida moderno e à vida cotidiana nas
cidades.
(Castro et al., 2005)
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