Socorro nas estradas Cremers defende equipes completas para o atendimento (pág. 5) Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul | ano XlI | nº 85 | Fevereiro 2014 novos médicos Primeiras turmas pós Mais Médicos recebem carteiras no Cremers mais médicos Cubanos começam a abandonar o programa do governo federal (págs. 6-11) nota Conselhos avaliam que crise na saúde atinge todo o País ____________________________________________________________ Publicação do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul Avenida Princesa Isabel, 921 • CEP 90620-001 • Porto Alegre/RS Fone: (51) 3219.7544 • Fax: (51) 3217.1968 [email protected] • www.cremers.org.br ____________________________________________________________ Composição da Diretoria Presidente: Fernando Weber Matos Vice-presidente: Rogério Wolf de Aguiar 1º Secretário: Isaias Levy 2º Secretário: Cláudio Balduíno Souto Franzen Tesoureiro: Ismael Maguilnik Corregedor: Régis de Freitas Porto Corregedor Adjunto: Joaquim José Xavier Coordenador da Fiscalização: Antônio Celso Koehler Ayub Coordenador da Ouvidoria: Ércio Amaro de Oliveira Filho Coordenador das Câmaras Técnicas: Jefferson Pedro Piva Coordenador de Patrimônio: Iseu Milman ____________________________________________________________ Conselheiros Antônio Celso Koehler Ayub • Arthur da Motta Lima Netto • Céo Paranhos de Lima • Cláudio Balduíno Souto Franzen • Douglas Pedroso • Ércio Amaro de Oliveira Filho • Euclides Viríssimo Santos Pires • Fernando Weber da Silva Matos • Isaias Levy • Iseu Milman • Ismael Maguilnik • Jefferson Pedro Piva • Joaquim José Xavier • Maria Lúcia da Rocha Oppermann • Mário Antônio Fedrizzi • Mauro Antônio Czepielewski • Newton Monteiro de Barros • Régis de Freitas Porto • Rogério Wolf de Aguiar • Sílvio Pereira Coelho • Tomaz Barbosa Isolan • Airton Stein • Asdrubal Falavigna • Clotilde Druck Garcia • Diego Millan Menegotto • Dirceu Francisco de Araújo Rodrigues • Farid Butros Iunah Nader • Isabel Helena F. Halmenschlager • Jair Rodrigues Escobar • João Alberto Larangeira • Jorge Luiz Fregapani • Léris Salete Bonfanti Haeffner • Luiz Carlos Bodanese • Luiz Alexandre Alegretti Borges • Ney Arthur Vilamil de Castro Azambuja • Paulo Amaral • Paulo Henrique Poti Homrich • Philadelpho M. Gouveia Filho • Raul Pruinelli • Ricardo Oliva Willhelm • Sandra Helen Chiari Cabral • Tânia Regina da Fontoura Mota ____________________________________________________________ Conselho Editorial Fernando Weber Matos • Rogério Wolf de Aguiar • Ismael Maguilnik • Isaias Levy • Cláudio Balduíno Souto Franzen ____________________________________________________________ Redação: W/COMM Comunicação (www.wcomm.jor.br), Viviane Schwäger e Ingrid Oliveira da Rosa Jornalista Responsável: Ilgo Wink • Mat. 2556 Revisão: Raul Rubenich Fotografias: W/COMM Comunicação, Rosi Boninsegna, Divulgação Simers, Marcio Arruda/CFM, OAB/RS Projeto e Design Gráfico: Stampa Design • Fone: (51) 3023.4866 www.stampadesign.com.br • [email protected] Tiragem: 27.200 exemplares Cremers, Revista do Conselho Regional de Medicina do RS, está aberta à participação de toda a classe médica gaúcha, para críticas, sugestões de pauta, artigos, divulgação de eventos e notícias de interesse da categoria. As correspondências serão encaminhadas ao Conselho Editorial. Contatos com Assessoria de Imprensa pelo e-mail: [email protected] 2 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 Reunidos em Brasília nos dias 8 e 9 de janeiro, representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) traçaram estratégias de atuação no âmbito da saúde pública brasileira. Os dirigentes fizeram uma retrospectiva sobre os principais acontecimentos de 2013 na área da saúde e avaliaram os desdobramentos de ações governamentais, como o programa Mais Médicos. Representante do Cremers no encontro, o presidente Fernando Weber Matos avalia que, a partir dos relatos apresentados, os problemas da medicina são iguais em todo o país: “Há falta de gestão, recursos, boa vontade e vivência dos problemas do dia a dia. Com um pouco de diálogo com os trabalhadores da saúde, sensibilidade, menos arrogância e atos ditatoriais, poderia estar bem melhor. Os gestores da saúde, cegos pelo poder, seguem fazendo coisas erradas, procurando ofertar resultados em números, não se importando em ofertar o fundamental, que é a qualidade da medicina”. As lideranças demonstraram preocupação com o atual cenário e relataram os problemas enfrentados por médicos e pacientes de Norte a Sul do país. Para o presidente do CFM, Roberto d’Ávila, é importante a interação dos Conselhos. “As contribuições e experiência dos conselheiros e presidentes dos CRMs são fundamentais para indicar os caminhos que as entidades devem seguir. Não será um ano fácil, mas estou convicto de que, com a união de todos, ele será repleto de avanços para a saúde e para a categoria”, afirmou, lembrando que em março será realizado o Encontro Nacional de Conselhos de Medicina. editorial Mais Médicos onde não faltam médicos “Nunca antes na história deste País” – para usar uma das tantas fanfarronices do ex-presidente Lula, o mesmo que ousou afirmar, em 2006, em plena campanha pela reeleição, que a saúde pública brasileira estava se aproximando da “excelência” - os médicos brasileiros foram tão afrontados e ofendidos como em 2013. Acusados de rejeitarem trabalhos nos pontos mais distantes e na periferia das grandes cidades, os médicos foram jogados no olho do furacão por um governo acuado diante das ruidosas manifestações que sacudiram o País no meio do ano, cobrando combate efetivo à corrupção e clamando por uma saúde “padrão Fifa”, exigindo mais hospitais e menos estádios de futebol. De repente, os 400 mil médicos formados em cursos de Medicina brasileiros, chancelados pelo Ministério da Educação, foram considerados insuficientes para suprir a demanda da população, em especial a mais carente. Se lá atrás, quando o Cremers e outras entidades do setor começaram a defender a criação de um plano de carreira médica no SUS, a proposta tivesse sido implementada, não haveria a necessidade de tirar da cartola o “Mais Médicos”. Um programa que se propõe, além de injetar recursos oriundos do bolso dos trabalhadores brasileiros na economia cubana, a suprir uma carência que não existe. Neste ano, em torno de 18 mil médicos – muito mais do que projeta trazer o programa eleitoreiro do governo federal – estarão ingressando no mercado. Só aqui no Rio Grande do Sul, o Cremers entregou mais de 1.300 carteiras médicas no ano que passou, boa parte delas em solenidades realizadas em sua sede com a presença dos jovens médicos, seus familiares e amigos. São eventos que ocorrem anualmente. Os deste início de ano trazem uma peculiaridade: são as primeiras turmas de médicos formados após a implantação forçada do programa que está trazendo para o Brasil milhares de intercambistas, um pessoal autorizado a exercer a medicina sem a necessidade de revalidar seus diplomas, numa afronta à legislação e com grande risco para a população. Aliás, a cada exame do Revalida mais fica comprovada a necessidade absoluta de manter esse processo de avaliação como forma de impedir que profissionais mal preparados pratiquem a medicina em nosso País. No Revalida/2013, dos 1.851 inscritos, apenas 109 passaram. Foi o pior percentual de aprovados até agora: 5,9%. E o governo brasileiro dispensa seus intercambistas de fazerem a prova... O fato é que se o governo colocasse mesmo a saúde como prioridade, como alardeia a cada quatro anos no período eleitoral – em 2006 a saúde se aproximava da ‘excelência’, em 2010 o governo anunciava milhares de UPAs pelo Brasil e agora vem com esse programa que começa a escancarar problemas legais, éticos e morais -, já teria implantado um plano de carreira no SUS. Hoje, os postos de saúde das periferias mais humildes e dos municípios mais longínquos teriam não apenas médicos, mas uma estrutura mínima realmente eficaz para acolher e tratar os pacientes de forma digna. O governo teria um quadro fixo de médicos concursados, realmente qualificados e preparados, distribuídos por todo o País, sem a necessidade de importar profissionais de formação bastante duvidosa. Por mais que os gestores da saúde de modo geral queiram responsabilizar os médicos pelas mazelas da saúde, os fatos comprovam que discursos de caráter populista, pirotecnias e vultosos recursos aplicados em propaganda não resolvem a falta de leitos, a superlotação das emergências, a falta de equipamentos e materiais, e, muito menos, interrompem a longa e cruel agonia que é esperar por consultas com especialistas e realização de exames imprescindíveis ao tratamento. O que conforta a nós, profissionais da Medicina, é que todos sabem - inclusive os que jogam sobre os ombros da classe médica uma responsabilidade que não é sua - que na hora da dor, do sofrimento, do desespero, poderão sempre contar com um médico. E, se puderem escolher, sem dúvida, irão recorrer a um médico com formação no Brasil, de preferência que atenda em hospitais “padrão Fifa”, com todos os recursos tecnológicos possíveis. Dr. Fernando Weber Matos Presidente do Cremers Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 3 atuação Mobilização contra corte de vagas em residência do Hospital São Pedro Vice-presidente Rogério Wolf de Aguiar representou o Cremers E ntidades médicas gaúchas (Cremers, Simers e Amrigs), Associação Brasileira e a Gaúcha de Psiquiatria (ABP) e representantes de usuários do SUS e de apoio ao doente mental estiveram reunidos em audiência no dia 31 de janeiro com o procurador-chefe do MP, Eduardo de Lima Veiga. A comitiva solicitou a interferência do Ministério Público Estadual para anular a medida do governo estadual que reduziu vagas para formação de psiquiatras no Hospital Psiquiátrico São Pedro (HPSP). Lima Veiga foi receptivo e garantiu que levaria o pedido das entidades ao governador Tarso Genro. O Cremers foi representado na reunião pelo vice-presidente Rogério Wolf de Aguiar. Em nota oficial assinada por sete entidades, é feito um apelo para que o governo estadual volte atrás na decisão de reduzir a oferta de vagas na especialidade, que tem grande carência no atendimento. Além disso, o Estado reduziu em mais de 30% os leitos psiquiátricos pelo SUS em 20 anos. Na Capital, o corte chegou a 70%, o que fragiliza a assistência hoje em meio ao aumento de casos de usuários de drogas e com transtornos psiquiátricos. Para as entidades, o corte de metade das vagas (eram dez, passaram a 5) também afetará já em 2014 a capacidade de atendimento em ambulatórios do Hospital, em Porto Alegre, que soma 130 anos de história e tem tradição na capacitação de especialistas. São cerca de 1,6 mil consultas por mês e boa parte tem participação dos residentes em psiquiatria. 4 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 Denúncia de abandono de ex-internados As entidades destacaram casos de abandono de ex-internados do São Pedro e a carência de serviços, efeito de medidas dentro da chamada Reforma Psiquiátrica, mas que não assegurou rede alternativa. Além disso, a lei estadual no setor, de 1993, previa revisão em cinco anos, o que até hoje não ocorreu. Após a lei antimanicomial, foram fechados mais de 30% dos leitos de psiquiatria no RS e quase 70% em Porto Alegre, efeito do enxugamento de vagas no HPSP. O vice-presidente do Cremers, Rogério Aguiar, citou que o órgão está verificando casos denunciados pelo MP em Cachoeira do Sul que mostram operação precária de locais que recebem drogados e doentes mentais. O presidente da ABP, Geraldo Antônio da Silva, destacou que as carências no RS se repetem por todo o País: "Não entendemos a razão de cortar a formação aqui, não é por critério técnico". "A formação da residência ocorre com treinamento em serviço, por isso que o prejuízo a pacientes é automático", ressaltou o presidente de Simers, Paulo de Argollo Mendes. As entidades publicaram nota nos principais jornais a respeito do assunto: Cremers cobra qualidade no serviço de socorro nas estradas O Cremers publicou nota nos principais jornais, dia 8 de janeiro, contestando o novo modelo de atendimento às vítimas de acidentes nas estradas agora controladas pela Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), que anunciou a utilização de veículos do Samu dos municípios para prestar assistência nas rodovias. Para o presidente da entidade, Fernando Weber Matos, é fun- damental que sejam disponibilizadas ambulâncias específicas para esse serviço, de preferência tipo UTI. “É preciso equipe completa de salvamento, com médico, enfermeiro, auxiliar e motorista”, enfatiza. O Cremers coloca à disposição das autoridades do Estado os especialistas de sua Câmara Técnica de Urgência e Emergência para assessorar na definição de um projeto consistente para qualificar o serviço de socorro nas estradas, que antes dispunham de ambulâncias e carros-guinchos fornecidos pelas empresas privadas. “O Estado tem o dever de proporcionar o máximo de segurança à população”, reforça o presidente do Cremers. O Conselho também utilizou espaços na mídia para cobrar a contratação de médicos, já que o governo do Estado anunciou, através da EGR, a realização de licitação para aquisição de ambulâncias, mas não fez referência às equipes de socorro que deverão trabalhar nos veículos. Governo precisará de médicos para atendimento adequado nas rodovias O presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, avalia como muito positiva a iniciativa do governo do Estado em determinar a compra de 31 ambulâncias para atendimento nas estradas, mas espera que os veículos sejam bem equipados e com equipes completas para um socorro mais eficaz: - O Cremers sente-se gratificado por constatar que seu alerta sobre os riscos de ter estradas sem serviço de socorro nas rodovias administradas pelo governo estadual surtiu efeito. O governo gaúcho se mostrou sensível e corrigiu as falhas na estrutura inicial de atendimento médico nas estradas. Vamos conferir agora se o governo vai colocar ambulâncias tipo UTI móvel, com todos os equipamentos necessários a um atendimento de qualidade e com médico na composição da equipe. O Cremers cumpre mais uma vez seu papel social em prol da saúde da população. Governo do Estado confirma licitação A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) confirmou hoje, 13, que lançará edital de licitação para adquirir 31 ambulâncias que serão usadas pelo Corpo de Bombeiros no atendimento a acidentes nas estradas estaduais. Com o fim dos pedágios, o socorro havia ficado comprometido e não havia previsão de ambulâncias. Os veículos devem começar a operar em 45 dias. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 5 Conselhos apuram denúncia de agressão aos direitos humanos O s Conselhos de Medicina de todo o país divulgaram, no dia 5 de fevereiro, uma nota à sociedade com o objetivo de pedir às autoridades nacionais e internacionais a apuração das denúncias de agressão aos direitos humanos e trabalhistas feitas pela intercambista Ramona Matos Rodriguez. Os Conselhos conclamam, em nota, que a sociedade seja contra qualquer agressão aos direitos humanos, individuais e do trabalhador. Confira abaixo a íntegra da Nota do CFM: Em relação à situação da cubana Ramona Matos Rodriguez, intercambista de Programa do Ministério da Saúde, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e os Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) conclamam as autoridades brasileiras, universidades, imprensa e todos os movimentos da sociedade civil organizada a se posicionarem contra qualquer agressão aos direitos humanos, individuais e do trabalhador. Os Conselhos de Medicina solicitam que as denúncias feitas por esta intercambista sejam apuradas com rigor pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Supremo Tribunal Federal (STF). O CFM e os CRMs lembram ainda que Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), ambas já acionadas pelas entidades médicas, também devem ser chamadas a se manifestar contra situações de abuso aos direitos humanos, assegurando direitos e responsabilidades legais em termos de emprego e condições de trabalho. Finalmente, o CFM e os CRMs ressaltam que o respeito à dignidade da pessoa humana é um princípio do Estado Democrático de Direito, o qual deve ser observado para permitir o exercício pleno da cidadania em todos os seus aspectos. Intercambista cubana se diz enganada, abandona o Mais Médicos e pede asilo Uma médica cubana do programa Mais Médicos lotada na cidade de Pacajá, no Pará, foi levada no dia 4 de fevereiro para a Câmara dos Deputados, onde ficará abrigada na liderança dos Democratas (DEM). A profissional disse que fugiu de seu local de trabalho por ter se sentido enganada ao ficar sabendo que receberia menos que outros médicos do programa. A médica também encaminhou documentação para obter visto para os Estados Unidos. Ramona Matos Rodrigues, 51 anos, assinou contrato para atuar no Brasil no dia 27 de setembro do ano passado. Ela afirma ter sido informada em Cuba que receberia US$ 400 por mês no País (aproximadamente R$ 966) e que outros US$ 600 (R$ 1.450) seriam depositados em uma conta em seu país, valor que poderia sacar no fim do programa, além de R$ 750 em auxílio alimentação, estadia e transporte. A médica disse ter ficado sabendo, quando chegou ao Brasil em outubro, que profissionais chamados de outros países receberiam salário mensal de R$ 10 mil. “Quando eu estive no curso, estiveram outros médicos de outros países, argentinos, colombianos, que falavam para nós que iam ganhar R$10 mil reais”, disse. 6 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 “Quando eu vi que havia esta diferença, eu me senti muito mal. (...) Me senti enganada”, disse a médica, natural de Havana. Ela conta que achou o salário bom inicialmente, pois ganhava US$ 30 por mês em Cuba, mas que não imaginava que o custo de vida no Brasil seria alto. Ramona alega ter fugido na última sexta-feira e não detalha como chegou sábado a Brasília, onde encontrou o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO). Ela foi levada pelo parlamentar ao plenário da Câmara na noite desta terça; Caiado é um dos principais críticos do programa Mais Médicos na Casa. A cubana disse ter sido avisada por uma amiga que a Polícia Federal (PF) procurou por ela depois de ter deixado a cidade. Ela teme ser presa e deportada para Cuba. O contrato assinado por ela não fala em deportação. O deputado Ronaldo Caiado colocou em dúvida a razão social da empresa com quem o governo brasileiro assinou os contratos. Segundo ele, o governo alegava que se tratava de um convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), enquanto o contrato indica que a médica assinou contrato com a Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos. ”Essa é a utilização explícita da mão de obra escrava”, criticou. Cubano consegue asilo nos Estados Unidos O intercambista Ortelio Jaime Guerra é o segundo cubano a deixar o programa Mais Médicos, seguindo os passos de Ramona Matos Rodrigues. O médico procurou os Estados Unidos, que tem um programa de vistos específicos para profissionais cubanos em missão no exterior que não querem retornar à ilha. Na madrugada do dia 10 de fevereiro, Guerra publicou, em sua página do Facebook, que deixou o posto em Pariqueira-Açu (SP) e que já se encontrava nos EUA. Cubanos preocupados com atrasos nos repasses Enquanto isso, o jornal Estadão publicou reportagem em que outros cubanos manifestam preocupação com o andamento do programa. Eles reclamam da falta de repasse das prefeituras para despesas básicas. Os cubanos têm trabalhado sem receber o dinheiro da ajuda de custo prometido pelas prefeituras. Para driblar o atraso, eles improvisam repúblicas, vivem de cestas básicas, recebem "vale-coxinha" e pagam, do próprio bolso, a passagem de ônibus para fazer visitas do Programa Saúde da Família (PSF). Cremers avalia caso do intercambista em Candiota O Cremers abriu sindicância para apurar o episódio ocorrido em Candiota no dia 2 de janeiro, quando o cubano Maikel Ramirez Valle, intercambista do Mais Médicos, substituiu um médico brasileiro no Pronto-Atendimento 24 Horas do município. A prática é proibida pelas regras do programa - que limita o atendimento dos estrangeiros às Unidades Básicas de Saúde (UBS) - e pode, em tese, levar ao descredenciamento do profissional e até do município. A prefeitura de Candiota sustenta que Valle não ficou de plantão no Pronto-Atendimento, mas foi convidado a atender um paciente em estado grave, sob risco de morte, durante ausência do médico plantonista, brasileiro que havia enfrentado problemas com seu automóvel quando estava a caminho da cidade de 10 mil habitantes. O médico cubano prestou o socorro e encaminhou o paciente para um hospital de Bagé. As entidades médicas têm informações de que o intercambista atendeu na emergência do PA 24 Horas por um período completo e não apenas para um paciente. Cabe ao Ministério da Saúde decidir sobre a atuação do intercambista. O MS notificou o município para que apresente explicações. Os limites dos intercambistas do Mais Médicos estão definidos na Lei 12.871 de 2013. A intervenção do Cremers no caso envolve basicamente a atuação do Diretor Técnico do hospital e do secretário da Saúde de Candiota. O presidente da entidade, Fernando Weber Matos, diz que documentos como a ficha de referência, já enviada ao Conselho, indicam que o paciente é portador de doença crônica, mas estava em situação que lhe permitia esperar pela chegada do plantonista brasileiro. “De acordo com a resolução Cremers 05/2013, os responsáveis por um caso como esse podem ser penalizados”, comenta o presidente do Cremers. Resolução Cremers 05/2013 O Cremers emitiu no dia 8 de outubro a Resolução 05/2013, que normatiza a atuação dos médicos incluídos no programa Mais Médicos no âmbito do RS. A Resolução considera a Medida Provisória nº 621, de 8 de julho de 2013 e o Decreto nº 8.040/2013, que dispõem sobre os médicos intercambistas e que vedam, a esses médicos o exercício da Medicina fora das atividades do programa. O artigo 2º diz o seguinte: “É vedado a tais médicos o ingresso nos Corpos Clínicos de quaisquer hospitais, públicos ou privados, ainda que conveniados ao SUS, bem como a internação de pacientes”. Já o Artigo 3º destaca: “É obrigação dos Diretores Técnicos das instituições hospitalares zelar pelo cumprimento dessa determinação, que decorre da lei vigente. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 7 Reprovação em massa no Revalida/2013 Dos 1.595 inscritos, somente 109 conseguiram aprovação no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, confirmando acerto das entidades médicas em cobrar o Revalida também dos intercambistas do Mais Médicos A penas 109 dos 1.595 médicos formados no exterior inscritos no Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida) foram aprovados e estão habilitados a exercer a medicina no Brasil. Portanto, somente 6,83% dos participantes foram aprovados no exame, que é coordenado pelo MEC. A informação é do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, não se mostrou surpreso com o resultado, já que em anos anteriores o percentual de aprovados também foi muito baixo: - O baixo índice de aprovação comprova que o Cremers e as demais entidades médicas estão certas ao cobrar do governo o Revalida para os intercambistas do Mais Médicos. Agora, se o governo fizesse o Revalida, levaria anos para colocar no país esse elevado número de médicos oriundos do exterior que desembarcam sem garantia de qualificação para o exercício da medicina. Eliminação em massa Esta edição do Revalida contou com a participação de 1.595 médicos. Na primeira fase (provas objetiva e discursiva), somente 155 do total de participantes foram classificados para a segunda etapa (habilidades clínicas), na qual os participantes realizaram simulações de atendimento médico. Destes, 111 fizeram o exame, porém 109 tiveram aprovação e o diploma revalidado. A maioria dos profissionais médicos recém-habilitados a trabalhar no país é composta por brasileiros (50). Com relação à origem do diploma, Bolívia, Cuba e Paraguai tiveram 33, 14 e 14 diplomas revalidados, respectivamente. Desta forma, representam 55% do total de aprovados na avaliação de habilidades clínicas do Revalida 2013. Revalida – A avaliação é dirigida a médicos com diplomas emitidos por instituições de ensino estrangeiras. Para atuar no Brasil, o estudante formado em Medicina no exterior precisa fazer o reconhecimento do seu diploma para poder solicitar aos CRMs a autorização de trabalho. Criado como estratégia de unificação nacional do processo, o Revalida usa como parâmetro as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de Medicina do país. Desde 2011 é aplicado anualmente. Dados incompletos – O CFM solicitou detalhamento sobre o perfil dos candidatos e dos aprovados no Revalida, mas o Inep não atendeu ao pedido. Números do revalida % 6 , 9 ìnd 1 1 0 2 8 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 ice de o apr v aç % 7 , 8 ão ìnd 2 1 20 ice de o apr v aç ão % 9 , 5 ìnd 3 1 20 ice d pr ea ov aç ã o Extinta ação judicial contra o registro de intercambistas "Desde o primeiro momento o Cremers reagiu contra o registro dos intercambistas do Mais Médicos sem revalidação do diploma, ou seja, sem sua capacidade comprovada." Dr. Fernando Weber Matos A 4ª Vara Federal de Porto Alegre extinguiu, sem julgamento do mérito, a ação em que o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) reivindicava a não realização do registro provisório de profissionais estrangeiros cadastrados no Programa Mais Médicos. - Desde o primeiro momento o Cremers reagiu contra o registro dos intercambistas do Mais Médicos sem revalidação do diploma, ou seja, sem sua capacidade comprovada. Nosso posicionamento resultou, inclusive, numa tentativa de invasão da sede do Conselho. Uma ação que conseguimos neutralizar com apoio da segurança pública -, comenta o presidente Fernando Weber Matos. O objetivo do Cremers ao entrar com a ação tinha como objetivo não inscrever médicos sem a revalidação dos diplomas emitidos por universidades estrangeiras e sem o Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa, conforme prevê a legislação. Durante a tramitação do processo, dois pedidos de liminares foram negados, mas o Cremers insistiu em sua luta para impedir que médicos diplomados no exterior pudessem atuar no Brasil sem fazer o Revalida. Responsabilidade pelo registro passou para o MS A sentença, do juiz substituto Bruno Brum Ribas, foi publicada no dia 16 de janeiro. Para o magistrado, a ação perdeu o objeto após a conversão em Lei da medida provisória 621/2013, que criou o programa. A partir da conversão, a responsabilidade sobre o registro dos intercambistas passou a ser do Ministério da Saúde, fugindo da alçada dos Conselhos de Medicina. Diante disso, tanto o Cremers quanto o Ministério Público Federal concordaram com a extinção do processo. Médica contratada é substituída por intercambista em Terra de Areia Contemplado com um profissional do programa Mais Médicos, o município de Terra de Areia decidiu demitir a médica que atendia nos postos da Estratégia de Saúde da Família do local para colocar um intercambista. A decisão está em total desacordo com os preceitos do programa federal. O contrato com a médica, formada no Brasil e não participante do programa, era válido até 13 de junho de 2014. Com a demissão, o município desonerou-se da obrigação de custear a assistência na rede de atenção básica à população local. Entre os compromissos do Mais Médicos, destacam-se, conforme portaria interministerial 1.369, não substituir os médicos que já integrem as equipes pelos participantes do programa; e manter, durante o Mais Médicos, as equipes de atenção básica atualmente constituídas com profissionais médicos não participantes do programa. Está claro que os intercambistas só podem ser incluídos para expandir a capacidade de atendimento, nunca para substituir profissionais já contratados. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 9 Programa mais cubanos O s números são claros como as águas do Mar do Caribe: dos 13 mil profissionais que o programa Mais Médicos pretende mobilizar até março, mais de 10 mil serão cubanos. Com isso, não resta mais nenhuma dúvida de que a anunciada intenção de atrair médicos de outras nacionalidades ou mesmo brasileiros não passou de fachada para um projeto há muito tempo acalentado pelo governo petista: importar médicos cuba- nos em grande escala, ajudando a financiar a ditadura cubana. A terceira fase do Mais Médicos, recém-encerrada, ofertou 6,3 mil vagas, mas teve apenas 466 médicos estrangeiros e 422 brasileiros inscritos. Haverá uma nova etapa de inscrições, mas é improvável que a tendência de baixo interesse seja alterada até lá. Assim, para cumprir a meta, o governo terá de trazer outros 5 mil médicos de Cuba. Esse novo contingente vai se juntar aos 6,6 mil médicos que já atuam no programa - dos quais 5,4 mil são cubanos. Como se nota, o programa Mais Médicos deveria se chamar "Mais Cubanos", pois é disso que se trata. As condições estabelecidas pela iniciativa foram desenhadas de tal modo que o resultado seria o desinteresse de brasileiros e estrangeiros, gerando a oportunidade para trazer os médicos de Cuba - os únicos que, soldados de uma ditadura, aceitariam trabalhar em meio à precariedade do sistema de saúde no interior do País e na periferia das capitais. Que as regiões mais pobres do Brasil necessitam de mais médicos não resta dúvida. Mas esses profissionais não resolverão o problema, nem mesmo o mitigarão, se não tiverem à sua disposição equipamentos e infraestrutura ao menos razoáveis. É por esse motivo – e pelo fato de que não teriam direito a FGTS, 13° salário e hora extra – que os médicos brasileiros não se interessaram em aderir. O Mais Médicos é apenas um remendo que, no entanto, nada tem de improviso, pois a intenção sempre foi trazer os médicos cubanos. A primeira vez que o assunto veio à tona foi em maio do ano passado, quando o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a intenção de importar 6 mil cubanos. Diante da 10 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 reação negativa, Padilha disse que tentaria atrair médicos de Portugal e Espanha e que daria preferência a brasileiros, mas não conseguiu aplacar os críticos, pois estava claro que as normas da boa medicina estavam sendo atropeladas pelo populismo. Vieram então as manifestações de junho, e a presidente Dilma Rousseff viu nelas a oportunidade de lançar o Mais Médicos. Seis meses antes, porém, professores brasileiros com material didático do que viria a se tornar o Mais Médicos foram a Cuba e lá transmitiram aos médicos locais noções básicas sobre o sistema público de saúde no Brasil e também rudimentos de língua portuguesa. Profissionais do primeiro lote de cubanos que chegou ao País confirmaram que haviam passado por esse treinamento. É provável, porém, que a vinda dos cubanos estivesse sendo preparada há mais tempo ainda. Humberto Costa, exministro da Saúde do governo Lula, chegou a dizer, em agosto, que "esse programa já vem sendo trabalhado há um ano e meio" e que "boa parte desses cubanos já trabalhou em países de língua portuguesa, não tem dificuldade com a língua". Assim, o Mais Médicos é apenas a formalização de um projeto antigo e com objetivo claro. Os profissionais de Cuba recebem pelo seu trabalho apenas uma fração do valor pago pelo governo brasileiro – o resto fica retido, junto com os passaportes desses médicos, pela ditadura cubana. A exportação de médicos rende US$ 6 bilhões anuais para o governo dos irmãos Castro. O Brasil vai contribuir com R$ 511 milhões graças ao Mais Médicos. O governo petista está apresentando essa iniciativa – principal ativo da campanha de Alexandre Padilha ao governo paulista – como a prova de que é sensível às necessidades dos mais pobres. No entanto, além de ser uma forma de consolidar os laços ideológicos com Cuba, o Mais Médicos é a confissão do retumbante fracasso do governo na área de saúde, cujo descalabro nos iguala a países pobres, principais clientes da indústria médica. • Editorial do jornal O Estado de São Paulo, edição 11/01/2014 Médicos cubanos abandonam programas sociais na Venezuela Jornal da Venezuela informa que aumentou o número de cubanos que fogem de cooperação firmada entre Caracas e Havana Até 2012, 44.804 cubanos prestavam serviços nas sete missões sociais que começaram em 2003, segundo o último número oficial. "Em 2012 tínhamos cinco mil profissionais de medicina refugiados nos Estados Unidos com ajuda federal, mas a quan- O jornal El Universal, de Caracas, publicou que em 2013 aumentou em 60% (em relação a 2012) o número de cubanos que chegaram aos Estados Unidos fugindo dos programas sociais que executavam na Venezuela. Esse contingente de 3 mil refugiados registrados no ano passado é composto basicamente por médicos. Em território norte-americano, até 2012, havia em torno de cinco mil médicos e enfermeiros cubanos refugiados de todo o mundo. Até 1º de dezembro de 2013, o número subiu para 8 mil, 98% dos quais provenientes da Venezuela. As informações foram publicadas pelo jornal venezuelano em sua edição de 21 de dezembro de 2013. Os dados foram revelados pelo médico Julio César Alfonso, presidente da Solidariedade Sem Fronteiras (Solidaridad Sin Frontera - SSF), uma organização com sede em Miami que presta ajuda aos médicos cubanos que buscam fugir dos programas sociais que Havana vende como "economia de serviços" por todo o mundo. Na Venezuela está o maior contingente de profissionais de medicina cubana prestando serviço, graças ao convênio de cooperação firmado entre Caracas e Havana em 2003. tidade disparou no decorrer de 2013, chegando a 8 mil médicos, 98% dos quais fugiram da Venezuela porque as condições são cada vez piores nesse país", adverte Alfonso. "A maioria dos cubanos saiu por conta dos baixos salários que recebia; além disso, o pagamento não chega a tempo e aumentou a carga de trabalho nos respectivos módulos de Barrio Adentro e CDI de todo o país, o que muitos denunciam como um sistema de escravidão moderna", diz o administrador da SSF. "Pagam diretamente aos médicos cerca de 300 dólares, mas ao Estado cubano a Venezuela paga em média 6 mil dólares por cada profissional, ou seja, eles não recebem nem 10% dos benefícios econômicos", reclama Alfonso. Como todo cubano que presta missão no exterior, esses profissionais podem pedir visto americano por meio do programa Cuban Medical Professional Parole Program (CMPP), que data do ano 2006. Depois de pedir ajuda à Embaixada dos EUA em Caracas, o principal ponto de partida dos cubanos continua sendo via Colômbia rumo aos EUA, embora o Brasil esteja se tornando outra rota de trânsito para a libertação dessas pessoas. Continua sendo exigido dos médicos que apresentem altos registros de pacientes examinados para em seguida elaborar informes, muitos destes com dados adulterados que não correspondem com documentos, nome do paciente ou condição. "Isto é necessário para que Cuba possa mostrar relatórios positivos ao Estado venezuelano", explica Alfonso. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 11 remuneração Proposta da ANS não atende médicos A Comissão Nacional de Saúde Suplementar (COMSU) – composta por representantes de entidades médicas nacionais –, avaliou que a proposta de resolução normativa da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que pretende induzir “boas práticas entre operadoras e prestadores” não atende a categoria e, se editada na forma original, poderá agravar ainda mais os conflitos no setor. A decisão da Comsu foi tomada em reunião realizada dia 17 de janeiro. O primeiro-secretário Isaias Levy representa o Cremers na Comissão. Em consulta pública, encerrada dia 4 de fevereiro, a proposta da Agência muda o foco da Contratualização, contrariando um dos eixos da Agenda Regulatória da própria ANS para 2013 e 2014, sobre a relação entre médicos e operadoras de planos de saúde. Para o coordenador da COMSU e 2º vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Aloísio Tibiriçá, desde 2010 as entidades médicas têm pressionado a Agência no sentido de estabelecer um equilíbrio entre as relações no setor, por meio da criação de cláusulas obrigatórias a serem inseridas em novos contratos entre médicos e planos de saúde. Auditoria da operadora para monitorar contratos A ANS propõe utilizar indicadores para monitorar as relações do setor. Alguns deles, no entanto, foram considerados preocupantes para as lideranças médicas, como o expresso no artigo 5º da resolução – “Índice de Conformidade da Contratualização” 12 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 (I-CC). O item estabelece um monitoramento dos contratos assinados entre as operadoras e os médicos por uma auditoria contratada pela própria operadora, o que para os médicos compromete a autonomia da fiscalização, o que é pela lei uma obrigação da ANS. O artigo 6º da proposta de resolução também foi criticado. Ele cria um índice nos contratos que estabelece a utilização de “métodos extrajudiciais de solução de controvérsias” (I-MESC), tais como conciliação, mediação e arbitragem. “Não se pode subtrair o direito do médico de recorrer à Justiça, especialmente num momento em que o Tribunal Superior do Trabalho decide que a relação entre médicos e operadoras se caracteriza como de trabalho e coloca os Tribunais Regionais como mediadores e como esferas de análise do tema”, afirmou Tibiriçá. Outro problema apontado pela COMSU está expresso no artigo 8º, que cria o “Índice de Remuneração por Critérios de Qualidade” (I-RCQ). Este prevê a remuneração diferenciada para o mesmo serviço de acordo com critérios definidos pela própria operadora e vinculados à adoção de boas práticas, desfechos clínicos e excelência no atendimento a padrões e protocolos. Na prática, avaliou a Comissão, isso retoma o polêmico pagamento “por qualidade” ou por performance. A ideia foi cogitada publicamente pela ANS em 2010 e mereceu forte repúdio, sendo considerada potencialmente antiética pelos médicos, ao beneficiar financeiramente apenas as operadoras. Saúde pública Reação contra portaria do MS No Dia Nacional da Mamografia, entidades denunciam: o SUS diminui prevenção do câncer de mama e expõe mulheres ao risco de desenvolver a doença O acesso aos exames de prevenção do câncer de mama dentro da rede pública está restrito por conta de medidas adotadas pelo Ministério da Saúde, o que tem deixado milhões de brasileiras, especialmente na faixa de idade inferior a 50 anos com maior risco de desenvolver a doença sem que o diagnóstico seja feito de maneira precoce. O alerta é de quatro das maiores entidades médicas do país dedicadas ao tema – Conselho Federal de Medicina (CFM), Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) – que aproveitaram o Dia Nacional da Mamografia (5 de fevereiro) para chamar a atenção do governo e da sociedade para este problema. Elas divulgaram uma nota pública de repúdio à política implementada pelo Ministério da Saúde e orientam médicos e população a continuarem a buscar a prevenção precoce desta doença, independentemente de restrições impostas. câncer de mama é a mais frequente e principal causa de morte O por câncer em mulheres no Brasil e no mundo mamografia é o principal exame a para detectá-lo precocemente O Instituto Nacional do Câncer estima que 57 mil novos casos sejam diagnosticados no país em 2014 Dados preocupantes Portaria será questionada na Justiça O principal alvo da crítica dos médicos é a edição da Portaria 1.253/2013, pela qual o governo excluiu o direito de mulheres de até 49 anos de realizarem mamografia diagnóstica no Sistema Único de Saúde (SUS). Para as entidades médicas, a portaria é ilegal por contrariar a Lei 11.664/08 - que afirma que o SUS deve assegurar “a realização de exame mamográfico a todas as mulheres a partir dos 40 anos de idade”. A portaria será questionada na Justiça. Com a portaria do Ministério da Saúde, o governo federal diminuiu o repasse de verbas da União aos municípios para realização de mamografias, restringindo a ação aos exames feitos pelas pacientes na faixa etária de 50 a 69 anos. No entendimento das entidades, a Portaria nº 1.253/13 estabelece que os municípios realizem um procedimento condenável: a meia mamografia, denominada mamografia unilateral. Caso os municípios queiram, terão a opção de arcar sozinhos com o custeio de mamografias para mulheres com até 49 anos – podendo remunerar somente a mamografia unilateral, método que não é eficiente na prevenção do câncer de mama. O câncer de mama é a mais frequente e principal causa de morte por câncer em mulheres no Brasil e no mundo e a mamografia é o principal exame para detectá-lo precocemente. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que 57 mil novos casos sejam diagnosticados no país em 2014. De forma geral, a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem ressaltado a necessidade de prevenção às neoplasias, doença que deve atingir 24 milhões de pessoas até 2035. No documento divulgado, as entidades argumentam que “diante do subfinanciamento da saúde no Brasil, com a diminuição progressiva da participação da União no custeio do SUS e consequente oneração dos municípios, na prática, a portaria 1.243/13 nega às mulheres com até 49 anos a prevenção e o tratamento precoce do câncer de mama”. No Brasil, de acordo com o Inca, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 13 participação Presídio Central OEA determina providências A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), tribunal vinculado à Organização dos Estados Americanos (OEA), atendeu pedido do Fórum do Sistema Penitenciário e solicitou uma série de medidas na maior cadeia gaúcha, o Presídio Central de Porto Alegre. O Cremers e um grupo de entidades liderado pela OAB e Ajuris vistoriaram o local em abril de 2012 e em dezembro de 2013, encaminhando denúncia sobre as condições do Presídio à OEA. A Corte determinou que as medidas sejam cumpridas em até 15 dias, a partir da data de emissão da resolução (30 de dezembro). No documento, o tribunal pede providências como: garantir a vida e a integridade pessoal dos detentos; assegurar as condições de higiene e tratamentos médicos adequados; implementar medidas para recuperar o controle de segurança e reduzir a lotação na cadeia. Governo institui política de saúde para presos Em portaria conjunta publicada na edição de 3 de janeiro do Diário Oficial da União os ministérios da Saúde e da Justiça instituem a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional para garantir aos detentos atendimento pelo Sistema Único de Saúde. A nova política amplia o atendimento e o repasse de recursos da União aos estados, Distrito Federal e municípios, de acordo com o Ministério da Saúde. 14 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 Os estados, municípios e o Distrito Federal devem aderir à política por meio da assinatura de um termo de adesão e será garantida uma complementação de repasse de recursos da União a título de incentivo. Para formalizar a adesão será preciso elaborar um plano de ação para atenção à saúde dos presos. Os entes federativos terão prazo até 31 de dezembro de 2016 para efetuar as medidas de adequação de suas ações e serviços para que a política seja implementada de acordo com as regras previstas. Cremers constata que faltam médicos para o atendimento A s vistorias da OAB foram acompanhadas por representantes do Cremers e do Crea-RS. O presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, que acompanhou também a última visita ao Presídio Central, realizada dia 23 de dezembro, comentou que praticamente nada mudou desde a vistoria anterior. - Houve pintura de paredes e melhorou a limpeza, mas não ocorreram melhorias de fato. As promessas não foram cumpridas. Deveria ter 72 profissionais na área da saúde, mas existem apenas dez. A única coisa que mudou foi a municipalização da saúde dentro do presídio. O vice-presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, lembrou que em 2012, após a visita da comitiva, o governo do Estado prometeu a geração de 3 mil vagas para desafogar o Central, mas o quadro pouco mudou. O número atual é de 4,4 mil detentos contra 4,6 mil de abril de 2012. O presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Coêlho, ficou estarrecido com o que presenciou: “É um dos piores presídios que já vi, uma universidade do crime. Presos provisórios Presidente Fernando Matos criticou a estrutura de saúde do local junto de condenados. Facções mandam na cadeia, decidindo quem tem direito a atendimento médico e jurídico. Há fezes escorrendo pelas paredes dos pavilhões”. Conselho de Direitos Humanos da ONU é acionado A OAB protocolou pedido no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, para que o órgão internacional cobre do Brasil providências sobre a situação do sistema prisional do Rio Grande do Sul e do Maranhão. A ação foi assinada pelo presidente da entidade, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, e protocolada no dia 22 de janeiro. O Conselho de Direitos Humanos da ONU é formado por mais de 40 países e faz parte da Assembleia Geral da ONU, que pode recomendar punições a países por violações dos direitos humanos. A OAB pede que o Estado brasileiro seja cobrado "urgentemente" para separar os presos provisórios dos condenados definitivos, separar os presos em função da gravidade dos crimes cometidos, conceder assistência médica e jurídica efetiva aos presos e seus familiares, iniciar a construção de novos presídios para controlar a superlotação e efetuar indenização às famílias de presos mortos nas unidades prisionais. Em relação ao Rio Grande do Sul, a OAB foi à ONU para denunciar a situação do Presídio Central, em Porto Alegre. Segundo a entidade, as condições de saúde, higiene e alimentação são degradantes. A Ordem afirma que o presídio tem 2,9 mil vagas, mas abriga 4,4 mil detentos. OEA quer menos de dois mil detentos no Central A decisão da OEA levou em conta os requisitos de gravidade, urgência e irreparabilidade do caso. No relatório, assinado por Mario López-Garelli, coordenador regional da CIDH, o órgão exige que seja desenvolvido um plano de prevenção contra incêndio, reconhecendo o risco iminente no presídio. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 15 Entrega de carteiras Novos integrantes do M ais de 200 carteiras foram entregues a novos médicos na primeira solenidade de entrega de carteiras do ano, realizada no dia 13 de janeiro. O evento, que contou com as presenças de familiares e amigos dos jovens médicos, foi aberto pelo primeiro-secretário Isaias Levy, que chamou à mesa os demais integrantes da diretoria do Cremers. O presidente Fernando Weber Matos fez a saudação aos novos colegas, que “passam a fazer parte do corpo médico do Rio Grande do Sul”, e destacou o momento difícil que a medicina atravessa. - O governo está causando perdas irreparáveis à medicina brasileira, como o desmonte da Residência Médica, dos currículos dos cursos de medicina. Há uma tentativa de mostrar à população que os médicos brasileiros não atendem com carinho e que se negam a trabalhar em lugares mais afastados. Nessa campanha, o governo omite que os médicos querem uma estrutura mínima para poder prestar um atendimento digno. Matos criticou o programa Mais Médicos, que paga 10 mil reais para os intercambistas na condição de bolsistas, além de outras vantagens como transporte para ir ao trabalho, enquanto são realizados concursos com salários irrisórios. “A Prefeitura de Porto Alegre, por exemplo, abriu inscrições para médico especialista, 16 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 Cerimônia de entrega de carteiras realizada no dia 13 de janeiro no Cremers 40 horas, oferecendo em torno de 5 mil reais por mês”, atacou, frisando que “depois dizem que médico brasileiro é mercenário, que quer ganhar muito”. Salientou ainda que “os Conselhos de Medicina estão lutando para amenizar os efeitos desse massacre que a medicina brasileira está vivendo”. Corpo Médico do RS "Há uma tentativa de mostrar à população que os médicos brasileiros não atendem com carinho e que se negam a trabalhar em lugares mais afastados. Nessa campanha, o governo omite que os médicos querem uma estrutura mínima para poder prestar um atendimento digno" Dr. Fernando Weber Matos A relação médico-paciente também foi referida pelo presidente do Cremers em sua saudação: “A melhoria de nossa imagem perante a sociedade passa também por uma relação de mais carinho e proximidade ao paciente, do qual fomos nos distanciando em função de vários fatores, como a pressa, o alto número de atendimentos, pela evolução tecnológica. Além de pedir exames, é preciso conversar mais com os pacientes, demonstrar mais interesse. O princípio básico da medicina é a relação de carinho e afeto. Não podemos nos esquecer disso”. Fernando Matos ainda falou sobre o Código de Ética Médica, entregue a cada médico na cerimônia. “Este exemplar é o que está em vigor desde 2009. A maioria dos integrantes da diretoria do Cremers participou da elaboração do Código que rege a atividade médica no Brasil. É importante que todos o leiam com atenção”. Depois, os médicos foram chamados, um a um, pelos diretores Isaias Levy e Cláudio Franzen para receberem suas carteiras das mãos dos integrantes da mesa, composta ainda pelo vice-presidente Rogério de Aguiar; tesoureiro Ismael Maguilnik; corregedor Régis Porto, corregedor adjunto Joaquim Xavier, coordenador das Câmaras Técnicas Jefferson Piva, coordenador da Comissão de Fiscalização, Antônio Ayub, coordenador da Ouvidoria, Ércio Amaro de Oliveira Filho; e coordenador de Patrimônio, Iseu Milman. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 17 Entrega de carteiras Primeiras turmas após o programa Mais Médicos Os primeiros médicos formados após o lançamento do programa Mais Médicos são, em sua grande maioria, críticos à iniciativa do governo federal, mas não se abalam e demonstram confiança na medicina brasileira A o receber sua carteira no dia 13 de janeiro no Cremers, Juliana Mezari Carbajal criticou o programa porque o governo deixou de fora investimentos em infraestrutura para dar mais condições de trabalho ao médico e também porque não havia a necessidade de importar médicos: “A cada ano ingressam no mercado milhares de médicos formados em cursos brasileiros. Não faltam médicos, por isso não havia necessidade de trazer médicos do exterior. O governo esqueceu a infraestrutura, faltam coisas básicas para um atendimento adequado. No caso dos cubanos, a situação é ainda pior. Além de ocuparem vagas de médicos formados aqui ainda nem recebem a remuneração integral, já que parte do dinheiro fica com o governo cubano”. Outro jovem médico, Gustavo Júlio Dreher, avalia que houve avanços importantes na área da saúde, mas detecta má vontade do governo em atender as reais necessidades da população: “O SUS melhorou nos últimos anos, mas ainda há muito que fazer. E não será trazendo médicos de fora que iremos atender a população adequadamente. Do que adianta mais médicos se 18 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 faltam tantas outras coisas, como leitos nos hospitais, nas emergências?”. Para Rafael Coimbra Ferreira Beltrame, o programa do governo não passa de uma medida demagógica e eleitoreira, mas que o Mais Médicos não irá afetar o trabalhos dos médicos formados no Brasil em função da diferença de qualidade em relação aos diplomados em Cuba. “Esses médicos que estão vindo em geral têm formação subqualificada, de apenas quatro anos. Sequer tiveram seus diplomas revalidados. Quando a população precisar realmente, vai procurar um médico bem formado”. Já Evelin Gomes Esperandio entende que o debate em torno do Mais Médicos deve levar em conta que “é inegável que a população mais carente, de lugares mais distantes e da periferia, precisa de atendimento, não pode ser esquecida”. Lamenta, contudo, que o governo coloque a saúde em segundo plano: “É preciso tratar a saúde com mais seriedade, levar em conta aqueles que dependem unicamente do SUS. É preciso pensar em soluções, que passam por investimento na infraestrutura”. Manifestação em favor do Revalida A segunda cerimônia de entrega de carteiras do ano aconteceu no dia 27 de janeiro e reuniu mais de 80 jovens médicos e seus familiares. O evento foi aberto pelo tesoureiro Ismael Maguilnik. O primeiro-secretário Isaias Levy fez a saudação em nome do Cremers aos novos médicos, explicando de maneira sucinta o que são e quais as atribuições dos Conselhos de Medicina. Em seu discurso, Levy manifestou preocupação e inconformidade com os rumos da saúde e da medicina no Brasil a partir do programa Mais Médicos: - Ainda estamos abalados pelo ingresso na assistência médica de intercambistas recrutados pelo governo federal em Cuba e em outros países. É preciso deixar bem claro que não se trata de xenofobia. Não somos xenófobos, como tentam impingir aos médicos e aos Conselhos de Medicina, que desde o primeiro momento se opuseram à importação de médicos que não comprovassem sua capacidade, seus conhecimentos, com revalidação do diploma e proficiência em português, conforme determina a legislação. O diretor do Cremers garantiu que os Conselhos de Medicina “vão continuar lutando tenazmente para que a lei seja cumprida, para que todos os médicos formados no exterior sejam obrigados a revalidar seus diplomas para exercer a medicina em território brasileiro”. No encerramento da cerimônia, Levy destacou: “Quem escolhe a medicina é porque gosta de gente. Levem isso consigo sempre e apliquem na relação com os pacientes, usando sua arte em benefício das pessoas”. Participaram também da mesa o segundo-secretário e conselheiro federal Cláudio Franzen, o corregedor adjunto Joaquim José Xavier, o coordenador da Fiscalização Antônio Celso Ayub, o coordenador da Ouvidoria Ércio Amaro de Oliveira Filho, e o coordenador de Patrimônio Iseu Milman. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 19 Entrega de carteiras Jovens médicos cobram mais investimento na saúde pública A situação da saúde pública no Brasil é uma preocupação que envolve os novos médicos desde os bancos da faculdade de Medicina. Há troca de informações e experiências a respeito. As notícias divulgadas pela mídia são perturbadoras. Mas nada que possa afetar a confiança dos jovens que iniciam sua caminhada determinados a exercer a medicina mesmo sem as condições ideais. O médico Rafael Giacobbo, de Carlos Barbosa, não ignora os problemas da saúde no País, e se mostra muito confiante: “A tendência é melhorar a assistência de saúde pública. A situação poderia ser melhor, com mais acesso da população aos serviços, mas infelizmente o que vemos muitas vezes são medidas mais voltadas a eleger políticos do que em benefício dos pacientes. Agora, com esforço dos profissionais e mais ajuda dos governos, tudo tende a melhorar”. Residente em Cruz Alta, Omar Hassan Saleh Thalji se diz preparado para o desafio de entrar no mercado de trabalho, apesar de reconhecer que os problemas para a prática médica não são poucos: “Na faculdade a gente já sabe o que vai encontrar 20 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 para exercer a profissão. Existe muita falta de apoio, as condições de trabalho nem sempre são as mais adequadas, mas nada disso é novidade para nós”. Ana Luiza Azevedo, de Porto Alegre, traz a experiência de ter trabalhado em posto de saúde, onde afirma ter encontrado boas condições para atender a população: “Sei que existem muitos problemas na saúde pública, mas o que mais me chamou a atenção no posto em que trabalhei é a falta de esclarecimento das pessoas. É preciso esclarecer a população sobre, por exemplo, o uso correto de medicamentos, a necessidade de tomar antibióticos nos horários definidos”. A jovem médica Maria Amaral de Oliveira admite estar um pouco insegura nesse início, mas enfatiza que está confiante e preparada, apesar de todos os problemas que atingem a saúde: “Nós sabemos que os médicos e os demais profissionais da saúde são extremamente dedicados. Se o atendimento não é melhor é por outros motivos. O governo deveria aplicar mais recursos na saúde, melhorar a infraestrutura de hospitais e postos. Oferecer mais leitos. Enfim, proporcionar melhores condições de trabalho aos profissionais”. ensino médico Conselhos contrários à revisão das atuais diretrizes do curso de Medicina E m reunião realizada em Brasília, no início de janeiro, o corpo de conselheiros do Conselho Federal de Medicina (CFM) e os presidentes dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) decidiram que as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Medicina devem ser mantidas sem qualquer modificação. Diante deste posicionamento, o CFM rejeitou o convite do Ministério da Educação (MEC) para participar de uma reunião da comissão ministerial responsável pela revisão da Resolução CNE/CES nº 4/2001 à luz das mudanças curriculares previstas e da classe médica com o objetivo principal de avaliar os componentes da qualidade para a transformação da realidade do ensino médico no Brasil. Ao longo de dez anos o grupo avaliou as escolas médicas e delineou um diagnóstico que, posteriormente, contribuiu para a formulação da atual base curricular. “Um dos principais problemas da formação médica hoje é a subordinação do setor da saúde à lógica de mercado, que trata a saúde e a doença como mercadoria. Por isso nos preo- na Lei do Mais Médicos (12.871/13). Para os Conselhos de Medicina, as atuais diretrizes atendem às necessidades do país e foram construídas a partir de um intenso debate democrático capitaneado pela Comissão Interinstitucional de Avaliação do Ensino Médico (CINAEM). Formada em 1991, a CINAEM reuniu entidades representativas ligadas à comunidade acadêmica, universitária cupa tanto a abertura indiscriminada de cursos, especialmente privados”, afirmou o presidente do CFM, Roberto d’Ávila. Para ele, é preciso que as escolas atendam aos critérios do MEC e exista a garantia da qualidade de ensino, com vagas para a residência médica. “Participar dessa reunião da comissão do MEC seria avalizar alterações no ensino médico com as quais não concordamos”, afirmou. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 21 BALANÇO 2013 Câmaras Técnicas: suporte de especialistas à diretoria A s 48 Câmaras Técnicas do Cremers repetiram em 2013 o trabalho que vem sendo realizado com muita eficiência nos últimos anos, ou seja, dar suporte à diretoria na tomada de decisões, emissão de pareceres e resoluções nas diversas áreas da medicina. Conforme destaca o coordenador das CTs, Jeferson Piva, as demandas são as mais variadas, passando por análise para fertilização e uso de útero de substituto, técnicas terapêuticas não usuais como a implantação de marca-passo intracerebral para controle de doenças complexas do SNC, conflitos éticos e técnicos de auditoria médica, discussão de estratégias para enfrentar epidemias como no caso do Influenza A H1N1, desafios do dia a dia como a utilização dos critérios de classificação de risco para ordenar o atendimento de urgências e emergências superlotadas, entre outros. No ano que passou, foram realizadas 64 reuniões ordinárias de CTs, com a emissão e publicação de 18 pareceres, sendo os demais documentos produzidos enviados aos diversos setores do Cremers (ouvidoria, departamento jurídico, corregedoria, diretoria, entre outros). Encontro das CTs no dia 18 de abril 22 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 Em 22 e 23 de abril de 2013 a CT de Medicina do Tráfego realizou no Cremers o I Fórum de Atualização em Medicina do Tráfego e Acidentes, contando com 140 participantes. No dia 18 de abril, foi realizado um encontro das Câmaras Técnicas do Cremers. Em 14 de março de 2013, Dia Mundial do Rim, a CT de Nefrologia promoveu o Fórum de Tratamento Integral do Paciente Renal. No dia 17, houve atividades relacionadas ao Dia do Rim no Parque Farroupilha, com ampla participação popular. Piva avalia que as CTs prestam um trabalho qualificado e fundamental no direcionamento da atividade médica de nosso estado: “Diversos pareceres e resoluções oriundos do trabalho das CTs do Cremers acabaram tendo repercussão nacional e sendo também endossados por outros conselhos e pelo próprio CFM. Os mais de 240 colegas que integram as CTs do Cremers merecem todo o reconhecimento e gratidão da comunidade médica gaúcha por sua dedicação, colaboração e entusiasmo na defesa de uma medicina condizente com as necessidades de nossa população e capacidade de nossa classe". BALANÇO 2013 Atuação das Delegacias no raio X da saúde no RS O Cremers, com a efetiva participação das suas Delegacias Seccionais, realizou, em 2013, um amplo balanço das condições de trabalho médico e dos atendimentos à população em todas as regiões do Rio Grande do Sul. No I Encontro dos Delegados Seccionais, que ocorreu dia 8 de março, na sede do Cremers, foi apresentado o resultado desse levantamento. Para realizar o balanço, foi enviada a todos os médicos do interior uma correspondência solicitando a avaliação das condições da saúde nas suas regiões. As 28 delegacias seccionais do Conselho também produziram relatórios sobre o trabalho médico e condições gerais de assistência, resultando numa radiografia completa do setor no Estado. Os problemas mais comuns que o resultado apresentou, verificados em um grande número de cidades, foram: baixos salários na rede pública, más condições de trabalho, falta de leitos, contratos precários e informais, número de médicos insuficientes e defasagem na tabela do SUS. No dia 1º de outubro delegados seccionais foram empossados para fazer parte do novo Corpo de Conselheiros do Cremers em cerimônia realizada no auditório do Conselho. No dia 8 de novembro, foi realizado o II Encontro dos Delegados Seccionais. O tema central do encontro foram as condições de trabalho médico no Estado, com os delegados apresentando levantamento feito em suas regiões. Neste ano também aconteceu o fórum Aspectos Atuais, Éticos e Legais na Prática Médica, no dia 12 de abril. O evento foi promovido pelo Cremers em parceria com a Universidade de Caxias do Sul. Outras duas edições aconteceram dia 26 de abril e dia 7 de junho, em Santa Maria e Rio Grande, respectivamente. No dia 13 de dezembro, com o objetivo de capacitar e integrar todos os seus setores, o Cremers promoveu o II Encontro dos Assistentes de Delegacias Seccionais. De acordo com o coordenador das Delegacias, o vice-presidente Rogério Wolf de Aguiar, o evento ocorre anualmente, buscando esclarecer pontos importantes para o funcionamento das delegacias, com o objetivo de melhor atender os médicos de todo o Estado. Os coordenadores regionais das Delegacias são: Douglas Pedroso, Philadelpho Manoel Gouveia Filho, Mário Antônio Fedrizzi e Tomaz Barbosa Isolan. Encontros com delegados de todo o Estado para avaliar a saúde Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 23 BALANÇO 2013 Corregedoria e SAT A Secretaria de Assuntos Técnicos e a Corregedoria do Cremers atingiram as metas estabelecidas para o ano de 2013, mantendo a agilidade e a eficiência na tramitação das sindicâncias e dos Processos ÉticosProfissionais (PEPs). O trabalho foi coordenado pelos corregedores Régis de Freitas Porto e Joaquim José Xavier, com apoio da secretária Tina Marques. O Cremers segue determinado a reduzir o tempo de espera para os médicos denunciados, sem prejuízo da segurança e eficácia de todo o processo. O prazo hoje pode chegar a 50 dias a partir do final da instrução até o julgamento. No ano que passou foram julgados 49 PEPs, com a instauração de 93 processos ao longo de 2013. Em relação às sindicâncias, foram instauradas 483 e apreciadas 389. Ocorreram 12 sessões Plenárias Ordinárias e 79 extraordinárias. O setor expediu um total de 7.486 ofícios com 4.504 pro- Sindicâncias tocolos recebidos. 132 461 444 2008 2009 2010 401 498 316 2011 2012 2013 Corregedoria: drs. Régis Porto e Joaquim Xavier Ouvidoria e o Mais Médicos O programa Mais Médicos foi um dos assuntos que mais resultaram em questionamentos e queixas à Ouvidoria do Cremers em 2013. A informação é da conselheira Maria Lúcia da Rocha Oppermann, que integra o setor coordenado pelo conselheiro Ércio Amaro de Oliveira Filho e que tem ainda a atuação da conselheira Céo Paranhos de Lima. O ano que passou interrompeu a elevação constante que vinha ocorrendo nos últimos períodos em relação ao número de consultas e denúncias. De acordo com levantamento feito pela secretária Elisabete Boff, houve um total de 2.667 consultas, a maioria delas pelo telefone (1.494). Por e-mail foram 1.092. Apenas 81 consultas foram feitas pessoalmente. Mais uma vez, as consultas relacionadas a algum tipo de denúncia ficaram no topo do ranking. Em muitos casos, as pessoas encaminham suas demandas e, depois de uma conversa 24 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 com um ouvidor, acabam desistindo de formalizar a denúncia por constatar falta de fundamento ou consistência. Também ocorreram questionamentos relativos à atuação profissional, atestados e laudos médicos, prontuários, perícia, receituário e honorários, entre outros. Contato com a Ouvidoria: fone 3219.7544, ramais 158/242 E-mail: [email protected] Equipe de ouvidores do Cremers BALANÇO 2013 Fiscalização intensificada na Capital N o último ano sem os tablets, que permitirão a elaboração de relatórios instantâneos a ser enviados diretamente ao CFM e aos Conselhos Regionais, a Comissão de Fiscalização do Cremers manteve o ritmo forte de atuação em hospitais, postos de saúde, clínicas privadas e UBS, entre outros serviços de saúde. No segundo semestre, foi intensificada a fiscalização em unidades de saúde de Porto Alegre, começando pelos hospitais Luterano, Presidente Vargas, Independência, Vila Nova e Pronto Socorro (HPS). Nesse período, também foi vistoriado o posto de primeiros socorros do Aeroporto Salgado Filho, além da Central de Regulação e do Serviço de Atenção Médica de Urgência (Samu). O presidente do Cremers, Fernando Weber Matos, participou de algumas dessas operações ao lado do coordenador da comissão, Antônio Celso Ayub, e dos médicos fiscais Mário Henrique Osanai e Alexandre Pôrto Prestes. O trabalho segue com a fiscalização de postos e unidades básicas de saúde da Capital, devendo ser ampliado para municípios do Interior. Diretores do Cremers acompanharam a Comissão de Fiscalização para conferir condições de trabalho e de atendimento Jurídico com aumento nas demandas A equipe da Assessoria Jurídica do Cremers mais uma vez marcou presença em inúmeros setores da entidade. Em 2013, houve um incremento significativo nos processos judiciais (ações distribuídas, acompanhamento de execuções fiscais, de ações ordinárias e de ações civis públicas, processo baixados na JF e mandados de segurança), com um total de 1420 contra 1276 do ano anterior. Durante o ano que passou foram 1047 consultas jurídicas, entre ofícios expedidos, respostas por e-mail, notas técnicas e despachos. Em sua atuação junto à Secretaria de Assuntos Técnicos e Corregedoria, o Jurídico participou de 138 audiências e PEPs; 37 participações em sessões de julgamentos; e 157 pareceres em sindicâncias e PEPS. Na Secretaria Operacional, foram 523 análises de registro de empresas; 407 de registro de alteração contratual; 130 cancelamentos de empresas e 272 análises de registro de médicos estrangeiros (em 2012 foram 125). No setor de licitações, a equipe jurídica analisou 184 expedientes. O Jurídico esteve presente também em 55 reuniões diversas e diligências externas. A equipe é composta pelos drs. Juliano Lauer, Gustavo Moreira Pestana, Carla Bello Fialho Cirne Lima, Maely Verba Gischkow, Guilherme Brust Brun e Michele Souza Milanesi. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 25 BALANÇO 2013 Secretaria Operacional: cresce emissão de carteiras A Secretaria Operacional do Cremers registrou em 2013 um aumento acentuado no número de inscrições de novos médicos. Foram 1347 inscritos contra 968 em 2012. Com isso, houve um incremento na entrega de carteiras – inclusive com a realização de inúmeros eventos para esse fim, com as presenças de amigos e familiares dos novos médicos -, chegando a 1234 documentos. No período, foram expedidas 1392 cédulas de identidade médica, que desde 2012 são digitais. Confeccionadas na Casa da Moeda, possuem avançado sistema antifraude. Houve a expedição de 216 inscrições secundárias, número bastante superior ao de 2012, que atingiu 142. Já as inscrições secundárias no Cremers foram 130. A SO também efetuou 1.122 registros de especialidades. A nota triste é que ocorreram 98 óbitos de médicos em 2013. Na área da pessoa jurídica, houve o registro de 474 empresas e 319 alterações de contrato social, além do cancelamento de 126 pessoas jurídicas. O primeiro-secretário Isaias Levy coordena o setor, que tem as funcionárias Aída Doval e Adriana Corso nas chefias das atividades. Dr. Isaias Levy e funcionários da Secretaria Operacional Codame: orientação e fiscalização da publicidade médica Integrantes da Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos A Codame (Comissão de Divulgação de Assuntos Médicos) é um órgão do Cremers cuja atividade principal é orientar, fiscalizar e regular a propaganda médica realizada em jornais, radio, televisão, outdoors, sites (internet, em geral). 26 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 O trabalho é desenvolvido a partir da Resolução CFM n° 1.974/2011,que regulamenta a propaganda médica. Os membros (conselheiros do Cremers) da Codame reúnem-se mensalmente para analisar as propagandas que chegam através de denúncias ou busca ativa realizada pela própria Codame ou correspondência enviada pelas Delegacias Seccionais do Conselho. A Codame está sob a supervisão do segundo-secretário do Cremers, Claudio Balduino Souto Franzen, e é composta pelos Drs. Tomaz Barbosa Isolan (Coordenador), Iseu Milman (secretário), Euclides Virissimo dos Santos Pires e Jorge Luiz Fregapane (vogais). No ano de 2013 foram recebidas 214 correspondências, com 150 ofícios expedidos e análise de 115 anúncios. trabalho médico Relatório CEHM revela conquistas nas negociações A Comissão Estadual de Honorários Médicos, composta por representantes do Cremers, Simers e Amrigs, obteve um saldo positivo de negociações em 2013. Após 39 reuniões, o grupo conseguiu reajustes de 7% a 33% junto às operadoras Saúde Bradesco, Cabergs, Cassi, Centro Clínico Gaúcho, Correios, Doctor Clin, Geap, Golden Cross, Infraero, Ipergs, Porto Alegre Clínicas, Saúde Caixa e Sul América. A Comissão também participou de eventos e organizou reuniões com associa- com os médicos do RS sobre a “RELAÇÃO MÉDICO x OPERADORA X USUÁRIO – QUEM GANHA, QUEM PERDE?” forneceu um importante panorama do trabalho médico no Estado. Um estudo similar foi realizado com os médicos do IPE. ções de médicos e sociedades de especialidades, além de promover uma assembleia com os médicos de saúde suplementar e duas com os médicos do IPE. A pesquisa Dia Nacional de Advertência e Protesto contra planos de saúde No próximo dia 7 de abril (Dia Mundial da Saúde), entidades médicas de todo o país promovem o Dia Nacional de Advertência e Protesto aos Planos de Saúde. A data será marcada por atos públicos contra os problemas que afetam o setor suplementar de saúde e deverá ainda convergir com o início das mobilizações da categoria no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), também previsto para abril. Além de reivindicarem a recomposição de honorários, as entidades médicas defendem o fim da intervenção antiética das operadoras na autonomia profissional e a readequação da rede credenciada, para que seja garantido o acesso pleno e digno dos pacientes à assistência contratada. A deliberação foi promovida durante encontro da Comissão Nacional de Saúde Suplementar (Comsu), realizada dia 14 de fevereiro na sede da Associação Paulista de Medicina (APM). O Cremers é representado no grupo pelo primeiro secretário Isaias Levy. Em ato simbólico, as operadoras de planos de saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), reguladora do setor, receberam cartão amarelo por ainda não atenderem plenamente o pleito dos médicos. Mais detalhes em: www.cremers.org.br Médicos com novo piso salarial A Federação Nacional dos Médicos (Fenam) divulga no final de janeiro o novo piso salarial dos profissionais médicos. Este ano o valor pleiteado passa a ser de R$ 10.991,19 para 20 horas semanais de trabalho. O valor é calculado anualmente, e serve para orientar as negociações coletivas da categoria. A Fenam, que reúne 53 sindicatos médicos pelo país, recomenda que o referencial integre as pautas de reivindicação. Para calcular o reajuste é utilizado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice acumulado, em 2013, foi de 5,5%. No ano passado, o valor defendido para a remuneração da categoria médica era de R$ 10.412,00. Programa Mais Médicos amplia abismo salarial Para a Fenam, o programa Mais Médicos ampliou as desigualdades nos salários dos médicos que desempenham a mesma função no serviço público. O governo federal paga aos profissionais do programa uma bolsa de R$ 10 mil, mais benefícios para auxílio alimentação e moradia, enquanto os municípios remuneram o médico brasileiro com menos da metade desse valor. Em muitas cidades, o rendimento dos médicos só passa de R$ 7,5 mil porque é complementado com gratificações mensais ou bônus anuais, pagos em forma de prêmio por desempenho. É o caso de Vitória (ES), onde o salário-base para 40 horas semanais é de R$ 5,4 mil, mas com os extras. Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 27 painel Jubilados: encontros com temas relevantes O ano de 2013 marcou mais um período de palestras interessantes, servindo também para a confraternização dos participantes. O coordenador dos encontros, o segundo-secretário do Cremers, avalia como muito positivo o resultado alcançado: DATA “Os encontros vêm sendo muito produtivos e realizados com uma frequencia boa. Os palestrantes apresentaram temas muito interessantes em 2013, não apenas sobre a história da medicina, mas sobre suas vivências pessoais no exercício da profissão”. PALESTRANTE TÍTULO DA PALESTRA 25.03.2013 Dra. Clotilde Druck Garcia Análise dos Transplantes no Brasil 29.04.2013 Dr. Jose Citrin Andreas Vesalius – Ano 1532 – A Fascinante História da Moderna Anatomia Humana 27.04.2013 Drs. Genaro e Nicolau Laitano Obs.: Somente Dr. Genaro apresentou A presença das mulheres na medicina do Rio Grande do Sul, no período de 1904 a 1954 29.07.2013 Dr. Carlos Antonio Mascia Gottschall Rubens Maciel, O Triunfo da Inteligência – Registros e reminiscências 26.08.2013 Dr. Sergio Alexandre Goldani Sessão Comentada Do Filme: “Morangos Silvestres" 28.10.2013 Dr. Aloysio Costa Teixeira Exercício Físico Para a Terceira Idade-Importância do Maxvo2 25.11.2013 Dr. Márcio da Silveira Rodrigues e Apresentação Grupo Médicos & Música da Amrigs Estratégias de Atendimento a Catástrofes e a Experiência em Santa Maria agenda 02 a 05 abril 29 a 03 abril / maio 03 a 05 abril 08 a 11 abril 10 a 12 abril 28 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 9º Congresso Médico de Passo Fundo » Centro de Eventos UPF, Passo Fundo (RS) » Informações: www.congressomedicopf.com.br XIX Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia » Local: Hangar Centro de Convenções - Belém/PA » Informações: www.cbgg2014.com.br IV Congresso Sul-Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade 12º Conferência Mundial de Saúde Rural da Wonca » Local: Gramado - Rio Grande do Sul » Informações: www.woncarural2014.com.br/ingles/index 5º Congresso Internacional de Atividade Física e Saúde Pública » Local: Rio de Janeiro – RJ » Informações: www.icpaph2014.com I Congresso Internacional sobre Segurança do Paciente ISMP Brasil V Fórum Internacional sobre Segurança do Paciente: Erros de Medicação » Local: Ouro Preto - MG » Informações: www.ismp-brasil.org/congresso conselho federal Avaliação médica para a prática de atividades físicas Alerta para o risco de desqualificação na formação dos especialistas É recomendável que antes da prática de atividade física as pessoas se submetam à avaliação médica, mas não é obrigatório que o exame seja realizado por um cardiologista em todos os casos. Em síntese, este é o teor do Parecer nº 22/13, emitido pelo CFM. O CFM divulgou nota em dezembro com críticas à intenção do governo de aumentar o número de vagas de Residência Médica no país. Apesar de ser uma luta histórica das entidades médicas, a entidade teme que a medida não tenha o lastro necessário para garantir a boa formação dos futuros especialistas. O relator e secretário-geral da entidade, Henrique Batista e Silva, justifica: “É de grande importância uma avaliação médica antes da atividade física, seja ela competitiva ou recreativa, porque mediante esse exame o médico poderá identificar patologias de base; alguma alteração, como hipertensão arterial, ou alguma outra doença que possa ser diagnosticada pelo exame médico ou exames complementares. Esta é uma recomendação que deve ser cumprida em todos os estabelecimentos onde se praticam exercícios físicos”. De acordo com a entidade, o governo deve estar atento para assegurar que critérios mínimos de infraestrutura e de corpo docente sejam oferecidos aos residentes. “Sem isso, o processo de ensino não se concluirá, devolvendo à sociedade um profissional sem a qualificação esperada, comprometendo o atendimento dos pacientes”, afirma a entidade. O Parecer destaca: no caso de pacientes interessados em atividades competitivas, recomenda-se que sejam encaminhados a um cardiologista ou a um médico com formação em Medicina Esportiva; os com alterações clínicas diagnosticadas ou suspeitadas no exame médico ou evidenciadas nos exames complementares devem ser avaliados por um cardiologista. Confira a íntegra do Parecer: www.goo.gl/TWpkS8 Dr. Cláudio Balduíno Souto Franzen (Conselheiro do CFM) O Ministério da Saúde havia anunciado a expansão das bolsas para especialistas em medicina e de outras áreas da saúde. Segundo o MS, serão oferecidas 3.613 vagas em 91 especialidades e áreas de atuação, com orçamento de R$ 262,8 milhões e ampliação de 95% na oferta de bolsas. O benefício faz parte do Pró-Residência, programa criado em 2010 pelo Ministério da Saúde, que oferta bolsas no valor de R$ 2,9 mil para as especialidades da medicina com maior demanda no Sistema Único de Saúde (SUS), como clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, cirurgia geral e medicina da família. O objetivo do governo é atingir a meta do Programa Mais Médicos de oferecer vagas de residência para todos os graduados em medicina até 2018. Dr. Antônio Celso Ayub (Conselheiro Suplente do CFM) Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 29 Orientação Próstata: aprovada nova técnica para tratamento da HPB O CFM alerta que o emprego da técnica de embolização das artérias para tratamento do aumento benigno da próstata depende da observação rigorosa de critérios estabelecidos pelo parecer 29/13, aprovado pelo plenário da entidade O plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou parecer (nº 29/2013) que abre perspectivas para que os brasileiros diagnosticados com Hiperplasia Prostática Benigna contem com mais uma alternativa de tratamento: a embolização das artérias da próstata. Este procedimento, desenvolvido, em 2007, na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, há cerca de cinco anos vem sendo aplicado de forma experimental na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). O CFM deve editar, ainda em 2014, uma resolução sobre o procedimento. Antes da liberação do parecer 29/13, o procedimento foi aprovado em outubro de 2013 pela Comissão de Reconhecimento de Novos Procedimentos e Terapias em Medicina (CRNPTM), tendo cumprido todas as etapas necessárias, como a justificativa de aplicabilidade clínica, o protocolo de pesquisa clínica e de aprovação das etapas clínicas pelo Comitê de Ética em Pesquisa e pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (sistema CEP/ Conep). Os resultados consolidados das etapas pré-clínica, clínica e clínica expandida também validaram o estudo. 30 | Revista Cremers | Fevereiro - 2014 De acordo com o parecer, a embolização das artérias da próstata é um procedimento de alto risco e complexidade, sendo que os pacientes devem assinar um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os médicos que farão a embolização deverão ter feito um treinamento avançado específico em centros de excelência devidamente autorizados pelo CFM e credenciado pela Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular. Hoje, o único centro credenciado é o da FMUSP. As indicações da embolização devem obedecer àquelas elencadas como opção terapêutica para o tratamento da HPB, não devendo ser considerada como primeira opção para o tratamento da doença até evidência científica em contrário. Para o urologista Alberto Azoubel Antunes, professor associado da Divisão de Urologia da FMUSP e chefe do setor de próstata, o grande atrativo é a simplicidade, além dos efeitos mínimos. De acordo com o especialista, o procedimento pode não ser indicado para todos os casos de hiperplasia prostática. “Nos casos mais avançados, o melhor é o tratamento convencional, o que não tira a importância desse tratamento”, enfatiza. transparência Relatório de Contas/2013 é aprovado em Assembleia Geral D epois de aprovado pela diretoria e plenária, o Relatório das Contas do Cremers referente ao exercício de 2013 foi referendado também pela Assembleia Geral realizada no dia 28 de janeiro. As contas tiveram a aprovação do Conselho Federal de Medicina (CFM) e Tribunal de Contas da União (TCU). Os Conselhos Regionais de Medicina são autarquias públicas federais da administração indireta, órgãos públicos com o controle externo impositivo. O Cremers e os demais CRMs são fiscalizados pelo TCU e pelo CFM, em processos mensais de prestação de contas e também em regime de prestação global. Todos os anos, na última terça-feira do mês de janeiro, o Cremers realiza sua Assembleia Geral, aberta a todos os médicos (avisados previamente por meio de nota na imprensa e dos meios de comunicação da entidade), para prestar contas das atividades desenvolvidas. Delegacias do Cremers Seccional Delegado Fone Endereço | e-mail Alegrete Dr. Luiz Carlos Diniz Barradas (55) 3422.4179 R. Vasco Alves, 431/402 | CEP 97542-600 | [email protected] Bagé Dr. Cesar Alfeu Iamin de Mello (53) 3242.8060 R. General Neto, 161/204 | CEP 96400-380 | [email protected] Bento Gonçalves Dr. José Vitor Zir (54) 3454.5095 R. José Mário Mônaco, 349/701 | CEP 95700-000 | [email protected] Cachoeira do Sul Dra. Leisa Maria Behr Gaspary (51) 3723.3233 R. Senador Pinheiro Machado, 1020/104 | CEP 96506-610 | [email protected] Camaquã Dr. Vitor Hugo da Silveira Ferrão (51) 3671.3191 Sem Sede - [email protected] Carazinho Dr. Airton Luis Fiebig (54) 3330.1049 Sem Sede - [email protected] Caxias do Sul Dr. Luciano Bauer Grohs (54) 3221.4072 R. Bento Gonçalves, 1759/702 | CEP 95020-412 | [email protected] Cruz Alta Dr. João Carlos Stona Heberle (55) 3324.2800 R. Venâncio Aires, 614/45 e 46 | CEP 98005-020 | [email protected] Erechim Dr. Paulo Cesar Rodrigues Martins (54) 3321.0568 Av. 15 de Novembro, 78/305 | CEP 99700-000 | [email protected] Ijuí Dra. Marilia Raymundo Thome da Cruz (55) 3332.6130 R. Siqueira Couto, 93/406 | CEP 98700-000 | [email protected] Lajeado Dr. Fernando Jose Sartori Bertoglio (51) 3714.1148 R. Fialho de Vargas, 323/304 | CEP 95900-000 | [email protected] Novo Hamburgo Dr. Luciano Alberto Strelow (51) 3581.1924 R. Joaquim Pedro Soares, 500/55 e 56 | CEP 93510-320 | [email protected] Osório Dr. Luis Fernando Ilha de Souza (51) 3601.1277 Av. Jorge Dariva, 1153/45 | CEP 95520-000 | [email protected] Palmeira das Missões Dr. Joaquim Pozzobon Souza (55) 3742.3969 Sem Sede - [email protected] Passo Fundo Dr. Henrique Luiz Oliani (54) 3311.8799 R. Teixeira Soares, 885/505 | CEP 99010-010 | [email protected] Pelotas Dr. Victor Hugo Pereira Coelho (53) 3227.1363 R. Barão de Santa Tecla, 515/602 | CEP 96010-140 | [email protected] Rio Grande Dr. Job José Teixeira Gomes (53) 3232.9855 R. Zalony, 160/403 | CEP 96200-070 | [email protected] Santa Cruz do Sul Dr. Gilberto Neumann Cano (51) 3715.9402 R. Fernando Abott, 270/204 | CEP 96825-150 | [email protected] Santa Maria Dr. Floriano Soeiro de Souza Neto (55) 3221.5284 Av. Pres. Vargas, 2135/503 | CEP 97015-513 | [email protected] Santa Rosa Dr. Carlos Alberto Benedetti (55) 3512.8297 R. Fernando Ferrari, 281/803 | CEP 98900-000 | [email protected] Santana do Livramento Dr. Tiago Silveira de Araujo Lopes (55) 3242.2434 R. 13 de Maio, 410/501 e 502 | CEP 97573-500 | [email protected] Santo Ângelo Dr. Rafael Rodrigues da Fontoura (55) 3313.4303 R. Três de Outubro, 256/202 | CEP 98801-610 | [email protected] São Borja Dr. Ary Poerscke (55) 3431.5086 R. Riachuelo, 1010/43 | CEP 97670-000 | [email protected] São Gabriel Dr. Ricardo Lannes Coirolo (55) 3232.6555 Sem Sede - [email protected] São Jerônimo Dr. Roberto Schuster (51) 3651.1135 Sem Sede - [email protected] São Leopoldo Dra. Solange Maria Seidl Gomes (51) 3566.2486 R. Primeiro de Março, 113/708 | CEP 93010-210 | [email protected] Três Passos Dr. Lauro Erni Borth (55) 3522.2548 Sem Sede - [email protected] Uruguaiana Dr. Jorge Augusto Hecker Kappel (55) 3412.5325 R. Treze de Maio, 1691/204 | CEP 97501-538 | [email protected] Fevereiro - 2014 | Revista Cremers | 31 Santa Maria Um ano da U ma das tragédias mais marcantes da história do Brasil completou um ano no dia 27 de janeiro de 2014. O incêndio da boate Kiss, em Santa Maria, fez 242 vítimas fatais, deixou inúmeros feridos e marcou para sempre a vida de amigos e familiares, além de médicos e outros profissionais da saúde que desde o primeiro momento foram incansáveis no atendimento aos feridos. Em todos os momentos, o Cremers salientou e reconhe- descanso, os que auxiliaram a coordenar o atendimento em meio a tamanha comoção cumpriram na íntegra o juramento de Hipócrates – muitas vezes colocando a própria saúde em risco. Atendimento psiquiátrico Diante da dimensão da catástrofe e de seus naturais efeitos emocionais sobre todos, o Cremers solicitou a uma equipe do Hospital de Clínicas de Porto Alegre a elaboração de um protocolo de atendimento psiquiátrico tanto para vítimas e familiares quanto para os profissionais que os atenderam. A iniciativa visava a evitar que os médicos também se tornassem vítimas do acontecimento, visto que ninguém está imune a danos psicológicos diante de traumas tão fortes. A tragédia gerou uma série de efeitos que se refletem ainda hoje, como o cuidado com os planos de prevenção a incên- ceu o desprendimento e o empenho das equipes de saúde envolvidas no socorro às vitimas. Nos hospitais, helicópteros, aviões mobilizados para receber tantos feridos em tão pouco tempo, os médicos travaram uma batalha inédita e monumental para encontrar formas de salvar e tratar esses pacientes, comprovando sua capacidade de organização e competência profissional. dios nos mais diversos locais e o conhecimento sobre o tratamento de intoxicados por fumaça e queimados. É doloroso observar que centenas de vidas foram ceifadas de maneira tão dramática, mas é preciso lembrar que da catástrofe nasceram iniciativas que podem evitar acontecimentos parecidos. "Saímos de lá convencidos de que a presteza e a capacidade de socorrer, Mobilização médica O Conselho se fez presente em Santa Maria nas pessoas dos conselheiros Rogério Wolf de Aguiar e Ismael Maguilnik (então presidente e primeiro-secretário), Léris Salete Haeffner e João Alberto Larangeira, além do delegado seccional Floriano Soeiro Neto. Eles ressaltaram que, graças à mobilização dos colegas e da comunidade, o número de mortos não foi maior. Os médicos voluntários, os que se deslocaram de outras cidades para ajudar, os que passaram dias em plantão sem de colocar a ventilação mecânica e encaminhar para o suporte imediato foram vitais para diminuir o número de vítimas fatais." Dr. Rogério Wolf de Aguiar, depois da viagem a Santa Maria no dia 31 de janeiro de 2013 uso exclusivo dos correios MUDOU-SE DESCONHECIDO RECUSADO FALECIDO AUSENTE IMPRESSO – Fechado. Pode ser aberto pela ECT Endereço para devolução: CREMERS NÃO PROCURADO END. INSUFICIENTE CEP NÃO EXISTE O N° INDICADO INFORMAÇÃO ESCRITA PELO PORTEIRO OU SÍNDICO Avenida Princesa Isabel, 921 - Porto Alegre - RS - 90620-001 reintegrado ao serviço postal em _____/_____/_____ _____/_____/_____ _________________________________ responsável