31 DE MARÇO 2012 SÁBADO WWW.DIARIOCOIMBRA.PT DiáriodeCoimbra 5 COIMBRA “Próxima geração será primeira com nível de vida inferior à dos pais e avós” PLANO DE ACTIVIDADES AINDA POR APROVAR Metro Mondego com mais uma assembleia (quase) sem resultados Patrícia Isabel Silva Miguel Frasquilho veio a Coimbra traçar cenário negro, mas realista, do futuro de Portugal e da Europa se não se adaptarem ao advento de países, nomeadamente asiáticos O antigo secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, Miguel Frasquilho, garantiu ontem em Coimbra que «se a Europa não mudar de mentalidade a próxima geração de europeus será a primeira da História a ter um nível de vida inferior aos dos país e avós». «Os europeus não perceberam ainda o advento de países da Ásia, nomeadamente», afirmou, sem dúvidas de que «toda a Europa, e não só Portugal, vão perder direitos». O deputado na Assembleia da República, vice-presidente do PSD e director do Espirito Santo Research, proferiu no Instituto de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC) uma palestra sobre “Portugal, A Crise da Dívida Soberana e o Caminho para uma Nova Ordem Global”, onde previu um futuro negro para o continente europeu e apontou o Banco Central Europeu (BCE) como um dos responsáveis pela crise. «A austeridade poderia ter sido complementada com a ajuda do BCE. A crise não seria tão forte. Muitas vezes os efeitos nos mercados financeiros são psicológicos», afirmou Miguel Frasquilho, BREVES A EXPOSIÇÃO “O Mapa do Mar”, de Fernando Calhau é inaugurada hoje em três distintos espaços da cidade: no Círculo de Artes Plásticas (Sereia), às 16h30; Colégio das Artes às 18h30 e, no Centro de Artes Visuais, às 22h00. A LIVRARIA Almedina, no estádio Cidade de Coimbra, promove hoje, às 11h00, a leitura encenada de um conto tradicional português, dedicada a crianças e jovens. A iniciativa “Almedina Con- FIGUEIREDO Ana Margalho DEPUTADO do PSD deu ontem palestra no ISCAC garantindo que, neste momento, é já «outra a atitude dos mercados em relação a Portugal». «Um bom sintoma» para um país que estava, quando pediu ajuda extrena, «a um mês do colapso financeiro», afirmou. “Não nos preparámos para a globalização” Para Frasquilho a crise portuguesa tem, pelo menos, 15 anos e aconteceu porque o nosso país «não se preparou para a globalização e para a adesão à zona euro». «Deveriamos ter preparado o país, fazendo as reformas que hoje estão a ser feitas para sermos mais ta um Conto” é dinamizada por alunos do curso profissional de Artes do Espectáculo da Escola de Teatro São Teotónio, que vão interpretar o conto “As Razões da Galinha”. Entrada livre. A ASSOCIAÇÃO Juvenil Pioneiros de Portugal em parceria com a Associação Fila K Cineclube, dá continuidade a um ciclo de cinema direcionado a crianças e jovens a partir dos 10 anos. A sessão começa às 15h00, na Casa das Artes, na Avenida Sá da Bandeira, n.º 83, e propõe o visionamento de “Persépolis”, de Marjane Satrapi. Entrada livre. competitivos», afirmou. Não ajuda o facto de a produtividade portuguesa «praticamente não ter evoluído face à média europeia. É uma linha recta desde 1995», continuou, sublinhando o facto de Portugal estar, em rankings internacionais, em 18.º lugar entre os 27 países da zona euro e ter perdido 21 lugares entre 2004 e 2011. Recursos Humanos, Justiça – «um dos grandes cancros da nossa sociedade» -, Mobilidade, Legislação Laboral ou Protecção de Investidores são áreas em que Portugal é pouco produtivo. Depois, há o endividamento externo e as contas públicas que, considera, em nada têm contribuído para a credibilização do país nos mercados. «De 1974 até 2011, Portugal não há um único ano em que tenha havido equilíbrio ou excedente das contas públicas. Que confiança podem ter os credores num país como este?», questionou. Embora admita que estamos «com muita dor» a mudar a vida à qual nos habituámos - «e mal» nos últimos anos, para o dirigente do PSD este é um caminho que tem de ser traçado. «Qualquer alternativa seria pior do que aquela que temos. Seria o caos e a desordem», afirmou. l A reunião da assembleia-geral da Metro Mondego terminou ontem, praticamente, sem resultados práticos. «É quase como se não tivesse acontecido», adiantou ao Diário de Coimbra João Paulo Barbosa de Melo. Depois de o representante do Estado – accionista maioritário da sociedade - ter voltado a afirmar que «não era oportuno» votar a maioria dos pontos da agenda, foram aprovados concursos para trabalhos de escoramento e demolições de alguns edifícios que ameaçam ruir no canal de passagem do metro na Baixa. «Era o mínimo», sublinhou o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, reforçando o risco de ruína iminente, que coloca em causa a segurança dos cidadãos. Na reunião foi votado o relatório e contas de 2011, mas não o plano de actividades para 2012, com Barbosa de Melo a lamentar, mais uma vez, que o accionista maioritário continue a inviabilizar a participação da MM, através dos prédios de que é proprietária, no fundo de investimento imobiliário da Sociedade de Reabilitação Urbana. «É inaceitável, inexplicável», criticou. Barbosa de Melo lembrou o compromisso que o Governo, através do ministro da Economia e do secretário de Estados dos Trans- portes, assumiu com as câmaras de Coimbra, Lousã e Miranda do Corvo de, durante o mês de Abril, revelar a calendarização da obra. Na expectativa que surjam «novidades» neste período de tempo, os accionistas marcaram já uma próxima assembleia-geral para 2 de Maio, com a esperança de que, nessa altura, «haja uma clarificação». Barbosa de Melo focou ainda a questão dos transportes alternativos ao caminho-de-ferro que afecta, sobretudo, os municípios da Lousã e Miranda. Quando se sabe que os autocarros estão garantidos, «no máximo, até final de 2012», importa discutir o assunto o «mais rápido possível», de preferência já na assembleia de Maio, alertou. Outro dos pontos da ordem de trabalhos era a eleição dos corpos sociais, numa altura em que se sabe que já a partir de amanhã, 1 de Abril, Carlos Picado e Parola Gonçalves, deixam de fazer parte do Conselho de Administração, depois de pedirem renúncia. Também João Rebelo, igualmente vogal do Conselho de Administração, em representação do município de Coimbra, manifestou interesse em abandonar o cargo, tal como Fernando Carvalho, ex-presidente da Câmara da Lousã, que a pedido dos restantes accionistas, ainda presidirá à assembleia de 2 de Maio. l