Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” Relatório final Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” Ana Laura Gamboggi e Sílvia Borges Rio de Janeiro, 2011 1 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” Ana Laura Gamboggi e Sílvia Borges CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Equipe: Ricardo Zagallo Camargo (coordenador) Berenice Valencio de Araújo Ferreira Camila Abdalla Guilherme Cohen Osmar Pastore Otávio César Camargo Wagner Alexandre Silva São Paulo, 2011 Pegada hídrica. Qual o tamanho da sua? : “Água: nosso próximo carbono”. / Ana Laura Gamboggi, Sílvia Borges, Sanjeev Chatterjee. – São Paulo, 2011. 75 p. : il. ; color, tab. Relatório final de pesquisa concluída em dezembro de 2011, desenvolvida junto ao CAEPM – Centro de altos estudos da Escola Superior de Propaganda e Marketing, 2011. 1. Água. 2. Meio ambiente. 3. Educação. 4. Consumo consciente. 5. Pegada hídrica. I. Título. II. Gamboggi, Ana Laura. III. Borges, Sílvia. IV. Chatterjee, Sanjeev. V. CAEPM – Centro de Altos Estudos da ESPM. VI. Escola Superior de Propaganda e Marketing. SUMÁRIO OBJETIVO DA PESQUISA 5 DESCRIÇÃO METODOLÓGICA 5 ANÁLISES DA PESQUISA 6 Assistindo ao One Water 9 REFLEXÕES SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA 12 PRODUTOS RESULTANTES DA PESQUISA 17 DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA 19 REFERÊNCIAS20 APENDICE A - QUESTIONARIO 21 APÊNDICE B – GRÁFICOS: PERFIL DOS ALUNOS 36 APÊNDICE C - CALL FOR CHAPTERS PARA O LIVRO VISUALIZING WATER (UN)SUSTAINABILITY 40 APÊNDICE D – RESUMOS SELECIONADOS PARA VISUALIZING WATER (UN)SUSTAINABILITY 42 APÊNDICE E – FOTOS NAS ESCOLAS 71 APÊMDICE F- CERTIFICADOS DE PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS ACADÊMICOS 73 APIMDICE G - DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA/PARCERIAS 2012 75 Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” OBJETIVO DA PESQUISA É cada vez mais evidente a preocupação dos consumidores com o chamado “consumo consciente” e a sustentabilidade, especialmente entre o público jovem. Podemos ver essa preocupação em blogs, páginas web, ONGs, concertos musicais, programas de TV. Muito tem se falado sobre a sustentabilidade e a Pegada de Carbono, mas recentemente consumidores estão alertas com relação a uma nova medida de impacto ambiental individual: a Pegada Hídrica. A pesquisa Pegada Hídrica tem objetivo geral identificar os conhecimentos e as práticas sobre os usos e os problemas da água, e analisar as ideias de sustentabilidade e de consumo sustentável de água no imaginário de adolescentes, estudantes de escolas públicas e particulares de ensino fundamental e médio da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. DESCRIÇÃO METODOLÓGICA Com relação aos procedimentos, houve uma combinação de métodos de pesquisa qualitativos e quantitativos. Em abril demos início ao projeto com a elaboração de questionário relativo ao consumo de água pelas crianças e suas famílias, que incluía expressões artísticas sobre o consumo e importância da agua em suas vidas. O questionário foi aplicado em duas escolas públicas e uma particular dos bairros de Copacabana e Ipanema para alunos de 4ª. a 8ª. séries. Posteriormente ao questionário exibimos o documentário One Water com duração de20min (este documentário não tem diálogos, portanto não houve nenhum tipo de barreira linguística na compreensão do filme), e logo depois do filme, realizamos pequenos debates com a ideia de avaliar o impacto do filme entre os alunos, no que se refere às suas ideias e suas práticas de consumo de água e de sustentabilidade. As informações coletadas em forma de questionário foram digitalizadas e tabuladas em software específico (Excel) e submetidos a análises estatísticas. Os materiais visuais foram analisados através de métodos de análise semiótica, e também de análise de discurso. Sobre a aplicação do questionário: As questões de sua primeira parte versam, em linhas gerais, sobre os conhecimentos a respeito dos usos e dos problemas da água no cotidiano dos adolescentes. A segunda parte do questionário é respondida após a exibição do documentário One Water (versão de 20 minutos) e as questões visam captar as reações, as percepções dos alunos, bem como os impactos do filme sobre os mesmos. O tempo de duração de todo esse processo é de aproximadamente duas horas. 4 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” Nos meses de abril a outubro também foram realizados os contatos com as escolas públicas e particulares, a fim de selecionarmos aquelas onde seria realizada a pesquisa. Aqui ocorreu o maior problema da pesquisa. Acreditávamos, pelas indicações que tivemos ainda na etapa de formulação do projeto, em 2010, que a receptividade das instituições de ensino em relação à participação na pesquisa seria muito grande, mas não exatamente foi o que ocorreu. As instituições se mostraram relativamente interessadas quanto ao tema e tipo de atividade propostos pela pesquisa, mas a adesão à participação foi efetivamente muito limitada por fatores diversos. No caso das escolas da rede pública, nos foi demando um documento de deferimento à solicitação de realização da pesquisa emitido pela Secretaria de Educação que, em termos práticos, demandou o cumprimento de complexos trâmites burocráticos e, portanto, um atraso no início das atividades nas escolas públicas. No caso das escolas particulares, os contatos, que nos primeiros meses se mostraram bem menos burocratizados do que aqueles feitos com as escolas públicas, não se converteram em permissão efetiva para a pesquisa. Nessas escolas (Franco Brasileiro, São Paulo e Escola Parque) a alegação, em geral, estava relacionada à falta de tempo disponível das turmas, que já tinham planejada uma série de atividades extraclasse, para a realização da pesquisa. No que se refere às escolas da rede pública, após a obtenção do documento de deferimento da Secretaria de Educação à nossa solicitação, a pesquisa pode ser iniciada no mês de agosto. Quanto às escolas particulares, somente um dos vários contatos realizados se converteu em efetiva autorização para a realização da pesquisa, o Colégio Sagrado Coração de Maria. O Colégio Franco Brasileiro e o Colégio São Paulo agendaram a pesquisa para o primeiro semestre de 2012. ANÁLISES DA PESQUISA As análises são referentes aos questionários aplicados no colégio Sagrado Coração de Maria (colégio particular) e nos colégios Marilia de Dirceu e Castel Nuovo (colégios da rede municipal que atendem as comunidades de Pavão-Pavãozinho, Cantagalo e Vidigal), localizados nos bairros de Ipanema e Copacabana. A escolha destas escolas públicas se deu por estarem localizadas em bairros da Zona Sul do Rio de Janeiro, considerados de classes média e alta, mas nas quais a maioria dos alunos vem de comunidades. As turmas escolhidas foram as de quarto, quinto e sexto anos, nas escolas públicas, e sexto, sétimo e oitavo anos, na escola particular; os alunos têm entre nove e quatorze anos de idade. Um perfil mais detalhado dos alunos está apresentado, na forma de gráficos, no Apêndice B. Participaram da pesquisa 326 alunos, sendo este o número total de questionários respondidos. Como citamos anteriormente, tivemos muita dificuldade para consegui realizar a pesquisa dentro das escolas, principalmente nas públicas, no entanto, uma vez que a Secretaria da Educação aprovou a pes- 5 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” quisa, atestando que ela é idônea e ética, as diretoras dos colégios não mostraram interesse em se aprofundar no conteúdo e objetivo da pesquisa. Elas estavam interessadas apenas no documento da Secretaria da Educação, que permitia a aplicação da pesquisa. Nas escolas públicas, escolhemos as turmas junto com as diretoras, e acertamos data e hora para começar nosso trabalho, no entanto, repetidas vezes as turmas já tinham alguma outra programação, passeios, workshops, jogos e tivemos que acertar nova data e hora para a pesquisa. Em geral as professoras, tanto de escolas públicas como particular, não se sentiam incomodadas com a nossa presença, apesar de ressaltarem que deveriam “correr” com o conteúdo nas aulas seguintes a fim de recuperar o tempo despendido nas atividades da pesquisa. Quase todas ficaram em sala durante a aplicação do questionário, e nos faziam comentários a respeito das respostas dadas pelos alunos. Em geral, a maior parte dos comentários surgia quando o aluno respondia “não sei” a uma pergunta de um tema supostamente trabalhado em aula. Nas escolas públicas uma dessas questões era a pergunta nº. 8 do questionário – “Como a água que corre nos rios foi parar neles?”. A resposta, segundo as professoras, tinha sido dada nas aulas sobre ciclo da água. Insistindo para que elas não interferissem nas respostas de cada aluno, uma professora respondeu: “mas a palavra-chave para que eles respondam corretamente essa pergunta é ciclo de água, se você não falar ciclo de água eles vão te responder ‘não sei’. Você quer saber se eles aprenderam, ou quer que simplesmente respondam?”. A maioria dos alunos não teve problema de compreensão, porém, nas escolas públicas, alguns termos como “finito” ou “infinito” precisaram de tradução para “um dia vai acabar” e “nunca vai acabar”; também a questão com fração precisou de tradução e desenho na lousa, o que nos mostra que parte deles não usa esse vocabulário e esses conceitos no seu cotidiano, mesmo que eles sejam usados em aulas, como nos disse uma das professoras de sexto ano de escola pública. Como esperado o questionário exigiu muito da paciência dos alunos, foi muito difícil fazer com que não comentassem as perguntas e suas respostas, que não conversassem durante o questionário para não atrapalhar os colegas. O entusiasmo também vinha de estarem participando de uma pesquisa internacional; não foi incomum que nos perguntassem o que as outras crianças responderam e acharam das perguntas, e queriam saber se tinham acertado nas respostas. Avisamos que não era uma questão de acerto ou erro, e que não precisariam sentir vergonha de suas respostas, já que eles não seriam identificados nem pelos pesquisadores, nem pelos professores ou diretores da escola. Também que não havia muito problema em escrever com erros de gramática, mas que, apesar disso, as respostas deveriam ser legíveis. Combinamos de responder as perguntas de múltipla escolha no final da pesquisa, e a grande maioria se surpreendeu com as respostas “certas”. Foram recorrentes comentários que demonstravam a surpresa e o desconhecimento, como: “Nossa, nunca imaginei que pra fazer um sofá se usava água; “Nossa tinha que marcar todas as 6 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” repostas?!”; “Tudo leva água, até meu batom!”; “Usa mais de um litro para fazer uma garrafa de água! Como?”. Pelas respostas podemos, neste momento, supor que o que se aprende na escola com relação aos conhecimentos sobre água e meio ambiente não está relacionado ao consumo e uso de produtos, nem à sua cadeia de produção, a não ser naquilo que esteja relacionados à agricultura, pois eles demonstraram saber que para plantar se necessita de água. Também sabem que é importante economizar água no chuveiro, na hora de escovar os dentes, manter rios limpos, quase como se vivessem fora de áreas industrializadas e urbanas. Poucos relacionam água à indústria, e quando o fazem, é para responder às perguntas que tratam da origem da água que eles consomem. A minoria que compra água engarrafada respondeu à pergunta nº.7 – “De onde vem a água que sua família usa em casa?” – com a frase “Vem da fabrica”. Como mencionamos, o questionário foi aplicado em apenas uma escola particular, as demais ficaram agendadas para o começo de 2012, portanto não alcançamos a meta de escolas prevista no projeto, mas a análise dos dados obtidos é significativa na perspectiva qualitativa. Conseguimos informações muito interessantes com relação à educação e ao meio ambiente, e a como o meio ambiente é tratado nas escolas. Fomos levados a crer que durante as aulas de Ciências não se menciona o uso de água para produção de produtos e seu uso na indústria e no comércio, como se o aluno não vivesse em zonas urbanas, em cidades. Também como era de se esperar, os alunos não têm ideia da quantidade de água que consomem durante um dia. Uma análise posterior do material didático – basicamente livros – utilizado pelas escolas comprovou essa hipótese. Especificamente sobre esse aspecto do material didático a que os alunos têm acesso, estamos trabalhando no momento na edição de um artigo utilizando estes dados para submetê-lo a uma revista acadêmica especializada em Educação. Durante a visita às escolas públicas, passamos parte do tempo esperando para entrar em sala de aula e pudemos perceber que os bebedouros da maioria dos andares não tinha água, que em poucas salas havia cartazes para economizar água, e nenhum cartaz ou aviso afixado no pátio (local onde passam o recreio e fazem aulas de esporte). Foi notado que em várias salas os alunos tinham vasilhames portáveis de água em suas carteiras, fato logo relacionado com a falta de água nos bebedouros e para o qual foram imaginadas três hipóteses: 1) Por alguma razão naquela semana não havia água na escola e os alunos traziam de casa. 2) Os bebedouros estavam quebrados. 3) As aulas de ciências e o ciclo de água ao qual as professoras se referiam tinham surtido efeito, e era ecologicamente melhor trazer água de casa em vasilhames, e evitar o desperdiço e contaminação na hora de usar o bebedouro. Decidimos perguntar em três salas (duas de um mesmo colégio e uma de outro), a resposta foi surpreendente. Em uma das escolas os alunos estavam proibidos de ir ao bebedor durante a aula, onde com frequência um molhava o outro e “havia muita bagunça”, então a diretora mandou que cada um trouxesse água de casa. 7 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” Vários vasilhames são de marcas de águas comerciais (que eles enchem em casa com água) e outros são de plástico e servem para esse propósito. Ver foto no apêndice. O colégio Sagrado Coração de Maria, permitiu a aplicação dos questionários em seu laboratório de Biologia, durante as aulas de Ciências, com a presença das professoras da mesma matéria. Os alunos do oitavo ano, apesar de não terem ideia da quantidade de água consumida por suas famílias, pediram uma “dica” para fazer o cálculo do consumo solicitado no questionário. Dissemos a quantidade de água que se gasta em média no banho e na descarga, e a partir daí fizeram o cálculo de consumo. Também alguns alunos deste colégio estabeleceram o paralelo entre Pegada Hídrica e de Pegada de Carbono, o mesmo não ocorreu nas escolas públicas. Assistindo ao One Water Em alguns casos a exibição do filme foi feita dentro da sala de aula, por esta contar com TV e DVD; em outras, realizada na sala de vídeo da escola. Pudemos perceber que o fato de ir assistir ao filme em uma sala de vídeo predispunha o aluno a achar que a experiência seria mais “divertida”, pois em geral nas turmas que assistiram na sala de vídeo os alunos se interessaram mais e prestaram mais atenção ao filme. As belas imagens subaquáticas que abrem o documentário contrastam com o que se vê a seguir: os problemas de escassez e de poluição das águas em diferentes lugares do planeta. Desertificação; seca; poluição das águas pela presença humana; poluição industrial e por despejo de esgoto; essas são algumas das imagens que, de forma impactante, trazem à tona o quanto a vida de comunidades que vivem nesses locais sem água própria para o consumo pode parecer precária. O premiado documentário One Water não fica apenas na apresentação de imagens desses problemas, mas mostra também algumas maneiras pelas quais as populações lidam – ou tentam lidar – com esses problemas. As soluções passam pela implementação de sistemas de captação de água, desde os mais rudimentares (mas não menos eficientes) em regiões rurais até os mais sofisticados nas cidades. No decorrer de todo o filme alternam-se cenas onde a água é o personagem principal: água para irrigar e cultivar, água para navegar, água para curar o corpo e purificar o espírito; água para viver. O documentário intercala imagens já bastante conhecidas do grande público, como nas cenas de pessoas se banhando e ingerindo a água do rio Ganges, na Índia – prática que tanto espanta muitos ocidentais e não-indianos em geral, com outras imagens menos frequentes na mídia, como as paisagens urbanas muito degradas de Luisiania, nos Estados Unidos. Apesar das cenas mais dramáticas, de maior apelo e mais comumente vistas em peças fílmicas que tratam dos problemas da água, como aquelas que retratam a poluição do já citado rio Ganges e aquelas 8 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” que exibem os esqueletos de animais mortos em regiões desertificadas, a escassez e a preciosidade da água ficam mais evidenciadas na sequência filmada em uma comunidade indiana. As primeiras cenas mostram mulheres jovens, meninas e senhoras bastante magras de povoados da Índia e da África do Sul que caminham quilômetros com seus potes de metal ou de barro para retirar água de poços e voltar com essa água para os seus povoados de origem. São imagens de grande plasticidade, mas que revelam a dura realidade de mulheres que vão em busca de água potável – prioritariamente um trabalho feminino e que não tem limite de idade. Na tomada seguinte é mostrado o uso que uma dessas mulheres faz de uma pequena porção de água: após banhar o filho em uma bacia desgastada pelo uso e pelo tempo, ela utiliza a água que restou para lavar uma peça de roupa e, por fim, a água já bastante suja ainda tem uma última utilidade, regar a única árvore que fornece sombra no local. Nos últimos minutos do documentário, uma edição mais rápida e de sequências que alternam paisagens e atividades humanas das diferentes sociedades filmadas dá forma a um clip de imagens dos problemas entremeadas por imagem do engarrafamento industrial de água (em garrafas pet). Fechando o documentário, faz-se um retorno às imagens subaquáticas, de águas translúcidas, como aquelas que abrem o filme e, sobreposto às imagens, um trecho das Metas do Milênio da ONU para 2015: Integrate the principles of sustainable development into country policies and programmes; reverse loss of environmental resources. Reduce by half the proportion of people without sustainable access to safe drinking water... (Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e reverter a perda de recursos ambientais. Reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso sustentável à água potável...) A reação de surpresa por parte dos alunos durante as cenas em que são mostradas mulheres caminhando longas distâncias em busca de água também é registrada quando veem que na África uma mãe carrega um bebê amarrado nas costas enquanto consegue pegar água de uma bica, enchendo um galão de plástico bastante grande. Vários comentários se referiam ao bebê – “Coitado desse bebê!”. “Assim ele vai cair”. Os alunos ficaram impressionados ao ver que mulheres na Índia andam vários quilômetros com duas vasilhas na cabeça, debaixo de sol, em um lugar desértico, para encontrar água em um poço. O que mais lhes chama a atenção é que, em busca da água, vai junto com essas mulheres uma menina que dever ter a mesma idade de muitos deles. Sobre o uso de duas vasilhas, uma de metal que usam no poço e outra de barro para onde a água é passada antes de seguirem viajem de retorno às suas casas, algumas alunas se arriscaram a dizer que usam a de barro para levá-las porque a água se mantém mais fresca, como em alguns filtros (o que nos sugere que parte das casas usa filtros de barro). Nessa cena, em quase todas as turmas, houve o mesmo tipo de comentário: “Ainda bem 9 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” que agente tem água em casa.”. Na cena seguinte do documentário, já descrita com mais detalhes na seção anterior, aparece a mesma menina com a mãe em sua casa-tenda e se pode ver que a água que trouxeram serviu para fazer uma espécie de massa de pão, lavar a panela, banhar o filho, lavar roupa e, em seguida, com o pouco que sobrou, regar uma árvore. Essa cena acompanha os comentários dos alunos: “Meu Deu, ela usa a mesma água que lavou a panela para lavar o filho e depois a roupa!”. Vários estudantes responderam no questionário que, diferente do que é mostrado no filme, eles não usam a mesma água para lavar as panelas, tomar banho e lavar a roupa. Um deles comentou: “Assim tudo fica sujo”. As cenas do rio Ganges são as mais chocantes para os alunos, durante as quais um sem fim de exclamações do tipo “Eca!”. “Que nojo!”; “Isso é nojento!”. As exclamações se referem às pessoas bebendo água do rio que, como se pode ver, está sujo, ou às cenas em que pessoas estão tomando banho e escovando os dentes com um pedaço de madeira ao mesmo tempo em que cachorros bebem dessa água e que pessoas fazem oferendas às margens do rio. Quando no filme aparecem as cenas de fábricas e cemitérios nas margens de um mesmo rio, e pessoas pescando nesse rio, somente em uma turma de escola pública um aluno mencionou que a água estava poluída e que esse peixe deveria estar contaminado, mas nenhuma reação comparável às cenas anteriores foi observada entre os estudantes. No final dos vinte minutos de filme pedimos que os alunos respondessem a última parte do questionário e logo depois, na entrega, pedimos os comentários do filme. Nesse momento todos participavam ativamente com comentários e a grande maioria disse que houve uma mudança de percepção sobre os problemas com a água que algumas populações enfrentam, mas que no Brasil temos muita água. Alguns se animaram a dizer que apesar de termos muita água, um dia a água pode acabar e, portanto, devemos economizar. O filme os fez refletir sobre suas vidas e várias comparações entre o filme e os seus cotidianos foram feitas, não apenas na relação deles mesmos com o tema, mas de seus familiares e amigos. Um estudante de escola pública nos contou que seus avós, assim como os avós de vários alunos da escola, passaram um momento na vida em que tinham que “descer para a cidade” (significando a descida do morro) para pegar água, e que a cena da mãe africana o fazia lembrar esse momento. Para a grande maioria, o fato de o filme mostrar uma realidade diferente, de outros países, é ao mesmo tempo sofrido e divertido¹, e isso mudou a ideia que eles tinham sobre a água. “Não é só poupar água, mas tentar reaproveitar”, revelou um aluno. Aqui vemos claramente que o reaproveitamento não é natural, o que fica claro na frase através da utilização da palavra ‘tentar’; um esforço para superar o “fator eca”. Vale também destacar duas respostas à pergunta “Se você não usa água tão cuidadosamente como a mulher indiana, qual ¹ Aqui eles se referem a uma parte do filme que mostra crianças nos Andes esperando a nuvem passar por redes enormes, para depois chacoalhá-las e ver as gotas de água escorrendo numa canaleta para dentro de um enorme tanque de água, que depois era aberto para pegar água em potes de plástico. Nessas cenas as crianças estão sempre rindo e parecendo se divertir. 10 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” a razão disso?”. A resposta mais detalhada “A água vai acabar mais rápido se continuar assim. Não estamos acostumados a economizar água, acho que porque aqui tem muita. Eu uso água e depois jogo fora, não reaproveito. Tomo banho com uma água e lavo a roupa com outra.” contrasta com a simples “Abuso.”. A esmagadora maioria dos estudantes disse que o filme definitivamente vai mudar o uso que eles fazem da água em suas casas. Alguns, em geral os mais velhos, pediram o filme para mostrar em casa para suas famílias: “Tia, minha mãe gasta muita água!”. REFLEXÕES SOBRE OS RESULTADOS DA PESQUISA Palavras como poluição e meio ambiente, a partir da década de 1970, e num ritmo e quantidade crescentes desde então, passaram a estar presentes nos meios de comunicação de massa, na educação, na publicidade, na política, enfim, em vários âmbitos do cotidiano da sociedade contemporânea – com mais ou menos intensidade, variando de uma coletividade para outra. Entretanto, como argumenta Lopes et al (2004), meio ambiente e questão ambiental são noções que propiciam diferentes interpretações e apropriações. O processo ambientalizador é entendido como um tipo particular de processo civilizador (ELIAS, 1994a; 1994b) que se traduz numa onda ambientalizante que inunda vários campos da vida social, a partir de um dado momento. Tomada como resultado de um tipo de processo civilizador, a ambientalização das sociedades seria melhor entendida através da utilização da expressão processo ambientalizador. Para o caso do meio ambiente, utilizar o conceito de processo social, tal como Elias o apresenta, permite perceber que se trata de um fenômeno que se desenvolve de múltiplas formas e sem um ponto final definido; há uma constante mutação. Com isso, estamos querendo dizer que a incorporação do meio ambiente como problema/questão para as sociedades é um fenômeno social que não tem um final previsto ou previsível. São possíveis avanços e retrocessos em relação às ações de preservação ambiental, momentos em que o meio ambiente seja mais ou menos tido como algo relevante. Assim, nos parece possível contextualizar a questão ambiental tomada como uma questão relevante para as sociedades. Aquilo que hoje é visto como uma variável importante para a vida em sociedade, no futuro pode não ser mais tão importante assim. O que queremos destacar é que, ao utilizar as idéias de processo civilizador para analisar as transformações no âmbito das sociedades no que tange à introdução da preocupação com o meio ambiente, estamos afirmando que a história desse processo de ambientalização e o próprio processo são produtos de uma racionalização. As sociedades passam a pensar o meio ambiente. Outro aspecto que nos parece importante destacar é que no caso do meio ambiente, se pensamos nas mudanças na sociedade, ou ainda, se consideramos a periodização da questão ambien- 11 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” tal recorrentemente utilizada², o prazo em que essas mudanças vêm se processando é relativamente curto: estaremos falando de algumas décadas e não de séculos. Essa periodização dá conta de que essas transformações – a ambientalização da sociedade – teriam como ponto de partida a década de 1970, quando acontece a Conferência de Estocolmo (1972) e é criada uma série de instituições voltadas para essa questão do meio ambiente. ² A respeito da periodização da ambientalização e do histórico do ambientalismo, ver Leis (1996). A ambientalização possui um lado universalizante, como uma postura desejável a todos os indivíduos e a qualquer grupo social. Ou seja, o meio ambiente seria algo que vale igualmente para todos. Apesar de se desejar universalizante, o processo vai tomar configurações particulares, sendo possível perceber o seu lado mais específico, isto é, a maneira como determinados indivíduos ou grupos sociais aderem a essa etiqueta. Em outras palavras, se o processo ambientalizador é uma onda que a todos atinge, cada um irá surfar essa onda da maneira que lhe for possível ou conveniente. Assim, apesar de se pretender universalizante, adquirindo tons civilizadores e, em certo sentido, colonialistas, o processo ambientalizador vai ter nuances. É essa possibilidade de matizar a ambientalização que queremos apresentar agora, mostrando como um segmento específico de jovens percebe as questões ambientais e de sustentabilidade. Assim, tomando a ambientalização como um processo civilizador, entendemos, por um lado, que é um processo de transformação que tem uma abrangência universalizante/global, mas que, por outro lado, se desenvolve adquirindo contornos particularizantes/ locais. Se afirmarmos, por um lado, que as sociedades estão se ambientalizando, de outro, afirmamos que cada sociedade vai se ambientalizar a seu modo. É nessa perspectiva que também recorremos ao trabalho de Sahlins (1985,1994), acerca das interpretações particulares que um mesmo objeto ou evento geram, como uma contribuição capaz de ser reveladora no que tange à visão relativizadora da internalização da questão ambiental pelas sociedades. Diante do meio ambiente, cada sociedade reinterpretaria as informações e reelaboraria suas práticas e imaginários específicos (particulares) a partir dessa temática que é geral (universal). Através desta perspectiva, aquilo que poderia ser visto como uma posição passiva e apenas reativa das sociedades, aceitando ou aderindo a um discurso ambiental internacional, passa a ser analisado como circunstâncias que, embora definidas e impostas pelos rumos do capitalismo mundial e da própria ideologia ecológica, são moldadas pelas sociedades através de imagens e ações simbólicas que o evento suscita mediante o próprio esquema cultural. É na justaposição do imaginário (o discurso universal) e da realidade (o cotidiano) que damos sentido às nossas ações. Assim, a aceitação do discurso universal é influenciada pela nossa percepção particular sobre o mesmo e, portanto, seguir a agenda universal pressupõe um esforço intelectual maior ou menor dependo do contexto em que estamos inseridos. Alguns teóricos dos processos de tomada de decisão (MARX et all, 2007; LEISEROVITZ, 2004) nos mostram 12 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” que o contexto, o lugar, a memória e a experiência que temos de determinados acontecimentos têm influência direta nas decisões que tomamos sobre os mesmos. Paralelamente às reflexões de caráter mais teórico apontadas acima, empiricamente é cada vez mais perceptível a preocupação de grupos de consumidores com o consumo consciente e a sustentabilidade, especialmente entre os mais jovens. Podemos ver essa preocupação em blogs e páginas da web, concertos musicais, programas de TV, etc. Muito tem se falado sobre a sustentabilidade e a Pegada de Carbono, mas recentemente alguns consumidores estão se dando conta da existência de uma nova medida de impacto ambiental individual: a Pegada Hídrica. O relatório Charting Our Water Future, da empresa de consultoria americana McKinsey, alertou que, em apenas 20 anos, a necessidade de água será 40% maior do que hoje, e nos países em desenvolvimento a demanda chegará ao dobro dos padrões atuais. As previsões são de que as novas gerações enfrentarão mais restrições de acesso à água, e nesse cenário vemos cada vez mais governos e ONGs investirem tempo e dinheiro para educar suas populações com relação ao consumo de água; educação que, em geral, está relacionada ao controle e á redução do desperdício. Essas são algumas das questões que nortearam a pesquisa com estudantes de escolas de ensino fundamental da cidade do Rio de Janeiro que possibilitou levantar e analisar as ideias de sustentabilidade e de consumo sustentável de água no imaginário dessas crianças e adolescentes, identificando fatores sociais e culturais de maior influência na construção desse imaginário. Tratava-se, também, de avaliar o impacto do filme entre os alunos, no que se refere às suas ideias e às suas práticas de consumo de água. A ideia da apresentação do documentário One Water não era apenas compartilhar informações, mas compartilhar experiências; em outras palavras, não se tratava de racionalizar temas como sustentabilidade e ecologia, mas sensibilizar os alunos por meio de imagens, estimulando-os a falar e a escrever sobre as questões abordadas no filme. Os assim chamados problemas ambientais vêm sendo objetos de estudos, pesquisas, jornais, programas de televisão e, mais recentemente, filmes. Caseiros ou superproduções, exibidos em cinemas ou assistidos em casa nos aparelhos de DVD ou nos computadores em versões baixadas pela Internet, em comum esses filmes trazem a exposição das “questões ambientais” em várias partes do mundo. Alguns documentários famosos como Uma verdade inconveniente, de 2006, A história das coisas, de 2007, ou The Foods That Make Billions, de 2011, só para citar três daqueles que nos últimos anos tiveram bastante sucesso entre o público em geral, apresentaram suas denúncias aos entraves à sustentabilidade do planeta. Decidimos usar o One Water porque é um filme sem depoimentos ou diálogos, contando somente com sons dos ambientes – que podem ser os sons de cantos individuais e coletivos, de risos e choros de 13 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” crianças, de animais ou de ruídos das cidades – entrecortados pela música instrumental executada pela Greensboro Symphony Orchestra, o documentário One Water dá visibilidade aos problemas relacionados à água enfrentados por populações de várias partes do mundo. “I was interested in sharing the experience of being there and bearing witness to the human condition as it relates to water. So, it was not so much about telling the audience specific information but sharing experience. The sound design is very important and is meant to guide the feelings and the experience of the viewer” (Eu estava interessado em compartilhar a experiência de estar lá e testemunhar a condição humana no que se refere à água. Então, não se tratava tanto de dar ao público informações específicas, mas de compartilhar experiências. O som é muito importante e serve para guiar os sentimentos e a experiência do espectador). Sanjeev Chaterjee Pelas respostas da primeira etapa do questionário, cujas perguntas objetivam medir conhecimentos prévios sobre uso de água, podemos supor que o que se aprende sobre água e meio ambiente, principalmente na escola, não está relacionado ao consumo e uso de produtos, nem à sua cadeia de produção, a não ser naquilo que esteja relacionado à agricultura. Os alunos reiteraram, em suas respostas às perguntas do questionário e em suas falas espontâneas, o discurso da importância de economizar água no chuveiro e na hora de escovar os dentes, e também de manter rios limpos. Poucos relacionam água à indústria e quando o fazem é para responder às perguntas que tratam da origem da água que eles consomem. A minoria que compra água engarrafada respondeu à pergunta “De onde vem a água que sua família usa em casa?” com a frase “Vem da fábrica”. Estas análises dos dados revelam que durante as aulas não se menciona o uso de água para fabricação de produtos e seu uso na indústria e no comércio, como se o ciclo da água não incluísse a atividade industrial e de consumo urbano. Isto de certa forma está relacionado à separação entre conhecimento substantivo e conhecimento processual (GARFINKEL, 1966). As escolas tendem a focar muito no conhecimento substantivo (abstrato, teórico) e muito pouco no conhecimento processual (prático, estratégico) Durante as vistas às escolas, e evidenciado no questionário, o que percebemos é que os alunos têm informações sobre as temáticas de meio ambiente, em geral, e de água, mais especificamente, mas não sabem exatamente como essas informações estão relacionadas aos seus cotidianos. No tocante à poluição do meio ambiente pelas garrafas, com relação à pergunta “Você sabe se o uso de água engarrafada contribui para a poluição do meio ambiente?”, 62 % dizem que sim, e em geral as respostas vêm acompanhadas do registro de que o plástico polui o meio ambiente; 12% dizem que não e cerca de 20% dizem não saber. Neste caso podemos ver o efeito da intensa divulgação sobre a contaminação do meio ambiente pelas garrafas pet e sacolas de plástico, o que explica o adendo “o plástico polui o meio ambiente” presente em muitas respostas. 14 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” As reações e respostas dos alunos que procuramos destacar podem ser analisadas para questionarmos se entre as questões presentes no universo das novas gerações, aquelas referentes à sustentabilidade, a um futuro sustentável, e que pautam a possibilidade, senão a existência, de um comportamento ambientalmente orientado, têm sido incorporadas aos estilos de vida da juventude, pois, para esta, a adesão aos comportamentos ambientalmente corretos seria, de certa forma, naturalizada. A pesquisa revelou que 61% dos estudantes dariam preferência a produtos de uma empresa que usasse menos água na produção de um produto. Apenas cerca 8% dizem não se preocupar com o uso racional da água na cadeia produtiva de um produto e comprariam aquele que fosse mais barato,sem preocupar-se com a questão da água. A grande maioria, cerca de 85% dos estudantes, diz saber que uma empresa que se preocupa em economizar água na cadeia de produção de um produto é uma empresa ecologicamente mais correta do que a que não se preocupa. As novas gerações (...) são as primeiras a incorporar as mudanças em seu sistema de comportamento. A juventude tem maiores possibilidades de desenvolver ‘contatos originais’ com a cultura. As pessoas mais velhas, que vivem dentro de um quadro de referências já consolidadas, adquiridas pessoalmente em experiências passadas, vivem as novas experiências de forma já em grande parte determinada por esse modelo anterior. A atualidade da juventude, assim, consiste em estar mais próxima dos problemas presentes. (ABRAMO, 1994, p. 49) Além do fato de as novas gerações terem, comparadas às gerações anteriores, maior familiaridade com a temática ambiental, uma vez que já nasceram num tempo em que os problemas ambientais eram bastante conhecidos do ponto de vista científico e massivamente divulgados pela mídia, o meio ambiente é frequentemente apontado como uma questão através da qual haveria uma possibilidade de mobilização planetária, reflexo de um crescente processo de ambientalização³ das sociedades. O meio ambiente constitui, portanto, um terreno privilegiado para uma reflexão sobre a emergência de novos discursos e de novas formas de comportamento, de manifestação, de obrigação e de responsabilidade, tratando-se de um tema complexo que superpõe domínios de competências muito diversas e, em grande parte, interesses divergentes de grupos sociais (FABIANI, [199-?]). ³ Ambientalização significa o processo de aparecimento e adoção, por parte de um grupo social ou sociedade, de um conjunto de valores e práticas referentes aos cuidados com o meio ambiente. Vários autores têm estudado questões relativas às mudanças nos padrões de consumo das sociedades e à sustentabilidade, e, na interseção dessas questões, uma série de produções sobre consumo sustentável (PORTILHO, 2005). No Brasil, alguns institutos de pesquisa, tais como ISER, Instituto Ethos e Instituto Akatu, realizam periodicamente pesquisas que visam à construção de um quadro das transformações ocorridas entre os brasileiros quanto a questões ambientais mais gerais e a questões de consumo sustentável e/ou consciente, mais especificamente. Essas pesquisas têm apontado, entre outros aspectos, para um crescimento da conscientização ambiental em uma parcela da população brasileira. Esse crescimento cor- 15 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” responde ao que, no quadro teórico desta pesquisa, chamamos de ambientalização ou processo ambientalizador. Os estudantes que participaram da pesquisa também se dizem preocupados com o meio ambiente, e em geral, o que a pesquisa apontou é que eles tem consciência do que é “ecologicamente certo e errado” vem da escola e das campanhas de conscientização que aparecem nos meios de comunicação. Em geral os alunos dizem que os adultos, são menos conscientes que eles, 58% dizem que a pessoa que compra os produtos usados em suas casas não lê os rótulos de produtos. Por fim, podemos perceber que o impacto emocional do filme levou a reflexões sobre o uso racional e consciente da água. Ter imaginado a experiência das personagens do filme e mais, tarde nos debates, haver compartido essa experiência e reflexões com seus colegas os fez repensar em seu comportamento. O filme não apenas aponta o problema da falta d’água e mau uso dela, mas mostra estratégias de adaptação de diferentes populações em várias partes do globo. As reações dos alunos que criticam os usos – e abusos – da água feitos por suas mães e que depois da experiência querem que seus familiares também assistam ao filme mostram aquilo que Elias (1994a; 1994b) explicava como o surgimento e a disseminação de um padrão a orientar os comportamentos e as atitudes no convívio social. Nesse contexto, passa a se verificar o tom acusatório nas críticas feitas por pessoas que se manifestam publicamente contra outras que não apresentam comportamentos compatíveis com essas novas regras sociais. As acusações e os pedidos de punição nos remetem ao fenômeno, descrito por Elias, do aumento da coação exercida por um indivíduo sobre outro, enfatizando a exigência daquilo que se considera como bom comportamento. PRODUTOS RESULTANTES DA PESQUISA Apresentações em Congressos 1) Apresentação de artigo no Foro Internacional sobre Desarrollo Sostenible y Médio Ambiente no Uruguai, realizado dia 24 e 25 de outubro. 2) Apresentação de artigo no IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado na PUC do Rio de Janeiro entre os dias 17 e 19 de novembro. 3) Submissão do artigo (Re)vendo os problemas da água: o consumo da água na perspectiva de estudantes dos ensinos fundamental e médio da cidade do Rio de Janeiro, destinado ao GT 4 - Comunicação e Educação da Congresso da Asociación Latinoamericana de Investigadores de la Comunicación (ALAIC) a ser realizado em maio de 2012 em Montevidéu. 16 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” Publicação de artigos em revistas especializadas: 1) Etnografia, meio ambiente e comunicação ambiental. Aceito para publicação, Caderno Pedagógico, Lageado (categoria B5 Qualis Capes). 2) (Re)vendo os problemas da água na perspectiva de estudantes do Rio de Janeiro. Artigo submetido à Revista Educação e Realidade (categoria A2 Qualis Capes). 3) Seeing Water through the experiences of children in schools in Rio de Janeiro. Artigo aceito no newsletter do Comitas Institute for Anthropological Study (CIFAS), em Nova York. Exposições: 1) Exposição Fotográfica e de Desenhos elaborados pelas crianças durante o IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental na PUC do Rio de Janeiro no hall do Edifício Kenedy; 2) Aprovada e em elaboração, exposição virtual que será feita na página do One Water, no site da Universidade de Miami (www.onewater.org); 3) Aguardando confirmação, exposição dos desenhos e apresentação do documentário One Water para primeiro semestre de 2012 no Cine Lage do Parque Lage, Rio de Janeiro. Livro: Elaboração e envio do prospectus para várias editoras internacionais (Columbia University Press; Duke University Press; New México University Press; California University Press;Washington University Press; Arizona University Press) para a publicação do livro que editamos intitulado Visualizing Water (Un)sustainability, composto de 15 artigos de diferentes países – África do Sul, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, Índia, México, Moçambique, Reino Unido, Vietnam e Brasil, escritos por autores filiados a importantes universidades e instituições de pesquisa desses países. Dentre os capítulos está The impact of the Water Footprint: 10 years on, de Arjen Hoekstra, criador da pegada hídrica. Palestra: Agendamento da palestra do Prof. Sanjeev Chaterjee para maio de 2012, a ser realizado no auditório da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, em evento da parceria ESPM-Globo Universidade. Tema da apresentação O desafio da água: do modelo de produção ao modelo de consumo. 17 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” DESDOBRAMENTOS DA PESQUISA Durante o Foro de Montevidéu fizemos contatos e reuniões com Graciela Ferreira, Coordenadora da área de marketing da Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade Católica do Uruguai (UCU), e com Carmen Correa, representante da ONG AVINA no Uruguai, que se predispôs a realizar a pesquisa nos países que a instituição tem projetos. No México estabelecemos contato com a professora Zulma Amador, do Centro de Eco- Alfabetización y Diálogo de Saberes, da Universidad Veracruzana, quem gostaria de replicar a pesquisa nas cidades de Xalapa e Cidade do México e comparar os dados.( Ver apêndice) No IV Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental a professora Angela Schaun, do Mackenzie de São Paulo, que tem uma pesquisa sobre o papel das comunicações na educação ambiental, mostrou interesse em replicar a pesquisa em SP. O professor do CEFET-RJ, Marcelo Borges Rocha, que tem uma pesquisa sobre avaliação de questões ambientais em jornais e revistas brasileiros, como forma de educação ambiental propôs um trabalho em conjunto. Também temos a possibilidade de desenvolver a pesquisa no Ceará por meio de universidades locais - UNIFOR e UFC. A continuidade da pesquisa em 2012 criaria vínculos com universidades brasileiras e latino- americanas, e com ONGs. A contrapartida das universidades locais seria colaborar com o projeto bancando a bolsa de seu professor-investigador e assistentes, e dando o suporte necessário para a realização da pesquisa. O caráter comparativo internacional valoriza ainda mais o projeto, dando a oportunidade de publicação de artigos em obras colegiadas em revistas acadêmicas nacionais e internacionais além da exposição da pesquisa em outros foros e congressos nacionais e internacionais. 18 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Relatório final de pesquisa Pegada Hídrica. Qual o tamanho da sua? “Água: nosso próximo carbono” REFERÊNCIAS ABRAMO, Helena. Cenas juvenis: punks e darks no espetáculo urbano. São Paulo: Scritta/ANPOCS, 1994. CHING, Leong. Eliminating ‘yuck’: a simple exposition of media and social change in water reuse policies. International Journal of Water Resources Development, 2010,26(1): 111-124. CURTIS, Valerie. Dirt, disgust and disease: a natural history of hygiene. Journal of Epidemiology and Community Health , 2007, 61(8): 660-664. DAVIS, C. Assembling the re-use jigsaw. Water, Journal of the Australian Water Association, 2010, 37(8): 5 ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Volume 1: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994a. ____________ . O processo civilizador. Volume 2: Formação do estado e civilização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994b. FABIANI, Jean. Principe de précaution et protection de la nature. Mimeo. [199-?]. GARFINKEL, Harold. Studies in ethnomethology. Polity Press, 1966. HIGGINS et al. Survey of users and providers of recycled water: quality concerns and directions for applied research. Water Research, 2001, 36(20): 5045-5056. HURLIMANN et al. When Public Opposition Defeats Alternative Water Projects – the Case of Toowoomba Australia. Water Research, 2008, 44 (1), 287-297. LOPES, José Sergio Leite et al. A ambientalização dos conflitos sociais: participação e controle público da poluição industrial. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 2004. LEISEROVITZ, Anthony. Before and after The Day After Tomorrow: a U.S. study of climate change risk perception. Environment, 2004, 46(9), 22-37. MARX, Sabine et al. Communication and mental processes: experiential and analytic processing of uncertain climate information. Global Environmental Change, 2007. PORTILHO, Fátima. Sustentabilidade ambiental, consumo e cidadania. São Paulo: Cortez, 2005. ROZIN, MILLAMAN, and NEMEROFF. Operation of the laws of sympathetic magic in disgust and other domains. Journal of Personality and Social Psychology , 1986, 50(4): 703-712. 19 CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DA ESPM Apendice A- Questionario Pesquisa sobre consumo de agua c 01<1! Você está participando de uma pesquisa internacional sobre consumo consciente de água. Este é um questionário que busca entender os hábitos de consumo de água por jovens e suas famílias. A seguir você encontrará uma série de perguntas, elas estão divididas em duas etapas: uma que você vai responder antes de assistir a um documentário chamado Uma Água (One Water é o título original em inglês), e outra depois de assisti-lo. Jovens em várias partes do mundo responderam ou estão respondendo a perguntas como estas. Se você tiver alguma dúvida, ou não souber como responder a alguma pergunta, chame-me ou aos assistentes que estarão aplicando a pesquisa, e nós o ajudaremos. Obrigada, Ana Laura Gamboggi Idade: Sexo: [ ] Fem. / [ ] Masc. Colégio: Série: Cidade: Bairro onde mora: Número de pessoas que moram na casa: Profissão do pai ou responsável: Profissão da mãe ou responsável: Seu pai ou responsável estudou até que série? Sua mãe ou responsável estudou até que série? Quantos computadores há na sua casa? [ ] nenhum / [ ] 1 / [ ] 2 / [ ] 3 / [ ] mais de 3 Quantos automóveis há na sua casa? [ ] nenhum / [ ] 1 / [ ] 2 / [ ] 3 / [ ] mais de 3 Quantos telefones celulares há na sua casa? [ ] nenhum / [ ] 1 / [ ] 2 / [ ] 3 / [ ] mais de 3 Quantos quartos de dormir há na sua casa? [ ] nenhum / [ ] 1 / [ ] 2 / [ ] 3 / mais de 3 [ ] Você possui acesso à Internet na sua casa? [ ] sim / [ ] não Água na nossa vida 1. Como a água faz parte da sua vida? 2. Você acha que a água é um bem (marque com um X): [ ] finito / [ ] infinito 3. Qual a importância da água na sua vida? 4. A água é necessária para a fabricação de objetos que você está usando agora ou usou para chegar até aqui (caneta, lápis, papel, roupa, shampoo, cremes, pasta de dente, batom, pente, escova, transporte...)? Se sim, como você acha que ela é usada? 5. A água pode transmitir doenças? Como? 6. Que doenças podem ser transmitidas pela água? 7. De onde vem a água que a sua família usa em sua casa? 8. E a água que você utilizou em sua casa, para onde vai depois de utilizada? 1. Como a água que corre nos rios foi parar neles? Água engarrafada 10- A sua família usa filtro em casa ou compra água engarrafada para beber? 11- Quantos litros você acha que sua família consome por semana? 12- Se você e sua família compram água engarrafada para beber, de que marca ela é? 13- Você sabe de onde ela vem antes de ser engarrafada? 14- Água engarrafada tem sabor diferente da água de torneira? 15- Se você acha que os sabores são diferentes, para você qual é a de melhor sabor? 16- Qual a água de melhor qualidade: a filtrada ou a água engarrafada? 17- Por que você acha que as pessoas compram água engarrafada? 18- Existem meios pelos quais poderíamos levar água potável conosco sem ter que comprar uma garrafa cada vez que precisamos beber? 19- Quem controla a pureza e limpeza da água na cidade onde você mora? 20- A água tem dono? 21- Você sabe dizer se o uso de água em garrafa contribui para a poluição do meio ambiente? Como? Representação da água na arte. 22- Faça um desenho cujo tema seja a água. 23- Agora, em poucas linhas, explique o seu desenho. 24- Existem temas universais na representação da água nas artes? Se sim, quais são esses temas, na sua opinião? Quanta água é preciso para fabricar coisas? 25- Na sua opinião, alguns países deveriam ter direito a consumir mais água do que outros? 26- Por quê? 27- Você costuma ler os rótulos dos produtos que compra? 28- Ler os rótulos dos produtos é importante? Por quê? 29- Você sabe se a pessoa que faz as compras na sua casa lê os rótulos dos produtos? 30- Você sabia que quase todos os produtos levam água em sua fabricação? 31- Se você soubesse que uma empresa utiliza muita água para produzir um produto, e outra utiliza menos água para a fabricação do mesmo produto, qual você escolheria? [ ] O que for mais barato; a questão da água não faz diferença para mim. [ ] O que for de melhor qualidade; a questão da água não faz diferença para mim. [ ] Escolheria o da empresa que usa menos água. 32- Entre uma empresa utiliza muita água para produzir um produto, e outra utiliza menos água para a fabricação do mesmo produto, qual empresa é mais ecologicamente correta? 33- Você acha que água foi utilizada para fazer a roupa que você está usando? Como? 34- Alguns usos da água são melhores do que outros? 35- Quando compramos produtos estrangeiros, estamos com isso indiretamente consumindo água de outras pessoas? (exemplo: se se utiliza água para fabricar um par de meias que compramos da China, então estamos consumindo água chinesa ao comprar as meias?) 36- Na sua opinião, de toda a água usada na sua casa, quanto dela é usada no banheiro? [ ] 1/4 [ ] 3/4 [ ] 1/2 [ ] 9/10 [ ] Não sei 37- Responda as seguintes questões para determinar a quantidade de água que você usa diariamente: a. Quantas vezes você escova os dentes por dia? b. Quanto tempo (minutos) você gasta no chuveiro tomando banho? c. Quantas vezes por dia você dá descarga no banheiro?_ 38- Quanta água você acha que é usada para produzir uma garrafa pet de um litro? [ ] Nenhuma água [ ] ½ litro [ ] 1 litro [ ] 2 litros [ ] Não sei 39- Marque com um X os produtos em que a água é usada em sua produção: [ ] Batom [ ] Sofá [ ] Calça jeans [ ] Metais (aço, por exemplo) [ ] Carne de vaca [ ] Papel [ ] Automóvel [ ] Computador [ ] Milho [ ] Caneta 40- Você sabe dizer se o uso de água em garrafa contribui para a poluição do meio ambiente? Como? 41- O que é uma garrafa de água quando se retira a garrafa? 42- De onde vem a água que é colocada nas garrafas? Explorando One Water 43- Na sua opinião, as pessoas em sua casa usam a água tão cuidadosamente quanto a mulher indiana no filme? (Ela usa uma pequena quantidade para dar banho na sua criança, depois a mesma água para lavar as roupas, e depois a mesma água para regar uma árvore)? 44- Se você não usa a água tão cuidadosamente quanto a mulher indiana, qual a razão disso? Como você faz uso da água no seu cotidiano familiar? 45- Depois de ver o filme você acha que seria importante colocar nos rótulos dos produtos quanta água foi consumida para produzi-los? Por quê? 46- Você mudaria seu comportamento com relação ao uso da água depois de ver o filme? Como? Atividade: Criatividade Esta atividade você vai fazer em casa e depois entregá-la a sua professora. “Todo ser humano deveria ter a ideia de cuidar do meio ambiente, da natureza, da água. Então, usando muita água, ou desperdiçando-a, deveria ter algum tipo de sentimento ou sensação de preocupação. Algum tipo de responsabilidade e, com isso, um senso de disciplina.” O 14º Dalai Lama, Tenzin Gyatso. Você seria capaz de fazer um poema, uma pequena redação, ou uma pintura que represente a importância da água nas nossas vidas? As melhores expressões artísticas serão colocadas no site do projeto One Water (www.onewater.org) junto com as melhores de outras escolas ao redor do mundo. Apêndice B – Gráficos: Perfil dos Alunos Idade 27,1% 27,1% 26,4% 20,8% 19,1% 17,6% 14,4% Particular 12,0% Pública 10,6% 7,1% 4,6% 3,4% 4,2% 2,8% 1,4%1,5% Menos que 10 10 11 12 13 14 Mais que 14 Idade média 15,00 13,00 12,12 12,03 Particular Pública 11,00 9,00 7,00 5,00 NS/NR Sexo 51% 49% Pública Particular 54% 45% Masculino Feminino Série 49,1% 43,7% 32,9% 26,4% Particular 21,8% Pública 14,1% 8,0% 0,0% 0,5% 4º Ano 5º Ano 0,0% 6º Ano 7º Ano 0,9% 8º Ano 0,9% 9º Ano 0,9% 0,9% NS/NR Número de computadores em casa 41,8% 41,3% 30,5% 23,6% 21,8% Particular Pública 16,0% 10,3% 9,1% 0,5% 0,0% 1 2 3 Mais de 3 Nenhum 3,6% 1,4% NS/NR Número de automóveis em casa 64,5% 34,7% 36,6% Particular Pública 22,7% 13,0% 8,8% 5,5% 4,2% 1,8% 1 2 3 1,8% Mais de 3 Nenhum 3,6% 1,4% NS/NR Número de celulares em casa 73,8% 43,6% Particular Pública 16,4% 21,8% 18,7% 11,8% 6,4% 6,1% 0,5% 0,0% 0,5% 1 2 3 Mais de 3 Nenhum 0,5% NS/NR Número de quartos na casa 40,4% 36,4% 31,8% 28,6% 27,7% Particular Pública 14,5% 11,8% 5,5% 2,8% 0,0%0,0% 1 2 3 Mais de 3 Nenhum 0,5% NS/NR Apêndice C – Call for chapters para o livro Visualizing (Un)sustainability Water Call for Chapters Visualizing Water (Un)sustainability Ana Laura Gamboggi, Sílvia Borges Corrêa, and Renzo Taddei, editors. We would like to invite researchers from the social sciences (broadly speaking) to submit chapter proposals for a book on water sustainability. The main goal of the book is to unite in one volume theoretical analyses and case studies that address the following issues: What factors make individuals and groups perceive water problems as salient and relevant, and to adopt a proactive attitude towards water sustainability? And, conversely, what factors promote denial or the invisibility of water related problems? What are the roles played by individual and group psychology, culture and other anthropological and sociological variables, institutional configurations and communication strategies in the promotion of water sustainability? What is the role played by visualization devices/strategies for water sustainability (water footprint calculations, labels, taxes, etc.) in raising the salience and relevance of water related issues in peoples’ everyday lives and also in public policy? How effective are these strategies, and in what contexts and circumstances is their effectiveness demonstrably increased? A tentative structure for the book is presented below. We welcome comments and suggestions regarding topics or issues that are not mentioned. Part 1: Theoretical background - The influence of culture and social practices on water related dimensions of social life; - Varying attitudes towards water sustainability according to socio-demographic factors; - The role of institutions and institutional design in water sustainability; - Framing and communicating water sustainability; - Water consumption and decision-making; Part 2: Case studies We invite researchers to present case studies from different parts of the globe. We are especially interested in case studies from arid and semiarid regions, flood prone areas, glaciers and island nations, but also places under great water stress due to demographic or pollution related issues. Ideally, these case studies will work in conversation with the theoretical pieces presented in Part 1, but this is not a requirement (just as other theoretical orientations are also welcome). We also suggest that the proposed case studies consider the interrelation between the diverse dimensions of water related problems (cultural, political, economic, psychological, etc). Please send your abstract of up to 500 words, which describes your intended proposal, to both email addresses below. In the same email correspondence please also indicate whether your text is intended to form part of the theoretical or in the case studies section. The deadline for abstracts is June 30 , 2011. Once we have the abstracts, we will prepare a prospectus and inform th potential editors. Please feel free to contact us with comments or questions and to disseminate this CFC widely. Ana Laura Gamboggi - Comitas Institute for Anthropological Study, and Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brazil ([email protected]) Sílvia Borges Corrêa - Escola Superior de Propaganda e Marketing ([email protected]) Renzo Taddei - Federal University of Rio de Janeiro, and Center for Research on Environmental Decisions, Columbia University ([email protected]) Apêndice D – Resumos selecionados para Visualizing Water (Un)sustainability 1) “Seeing double”: The Duality of Scientific and Community Visualisations of Water Sustainability in South Africa’s Mpumalanga and Limpopo Provinces. Karen Nortje and Inga Jacobs Abstract There is a growing recognition that there is an implementation crisis in the field of conservation, more specifically water conservation in South Africa (Knight et al. 2006). Simultaneously, there has been an ever-growing realisation that solutions for this crisis can only be found outside the conservation process and beyond the confines of the natural sciences. For this reason, institutions such as the Water Research Commission in South Africa have funded projects that take into account the broader socio- economic and political context within which conservation management and planning occurs. One such project is the Knowing, Caring and Acting: Making Use of Socio- Cultural Perspectives to Understand and Improve Conservation project which was awarded to the Council for Scientific and Industrial Research (CSIR). This project sought to investigate the relationship between (1) policy intent, (2) conservation planning and management and (3) societal values and behaviours in relation to conservation. More specifically, it aimed to advance a conceptual understanding of 1). local socio-cultural perspectives of conservation, which translated into the various ways in which people know and care about conservation, and the various ways in which people act on this; and 2). how the conservation planning process is influenced by the knowing, caring, acting dynamic and local socio-cultural perspectives. This chapter will summarise the project’s findings and present a case study of the multiple visualisations of freshwater conservation in two local communities in South Africa’s Mpumalanga and Limpopo Provinces: Hazyview and Bushbuckridge. The case study is based in the Greater Kruger Area of South Africa with the focus on two local municipalities. The local municipalities, Bushbuckridge and Mbombela, both offer a complex and sensitive environment of human settlement, commercial agriculture and nature reserves. Through a descriptive analysis of the case study, the chapter will address two main theoretical issues and the way in which it is manifested in South Africa, 1) the multiplicity of perceptions around the wise use of water (water conservation); and 2) the duality of the scientific notion of water sustainability versus communities’ notions, and the interplay between the two. Data for this research was gathered through a multi-method approach and undertaken over a three year period. In order to gather perspectives from a multiplicity of actors, there was an emphasis on qualitative methodology based on a case study descriptiveanalysis of the Mbombela and Bushbuckridge municipalities. The participant pool comprised of school children, professionals within various environmental and/or governmental institutions, informal trade vendors, part-time farm labourers, as well as unemployed individuals. Additionally, this study adopted a mixed-method data collection strategy consisting of semi-structured and theme-based interviews, questionnaires, and participatory approaches such as focus groups, and participant observation techniques. In this chapter we argue (based on our case study research) that two disconnects are at play i.e. between conservation planning and an understanding of societal values and behaviours; and between values espoused by policy and held by societal (user) clusters, which can be attributed to an array of factors that centre around the lack of societal support, community buy-in, the recognition of constantly changing mental models, and the “diversity within diversity” (or the degree of heterogeneity). Issues that will be discussed here are: the dynamic and inter-subjective meaning of conservation; the social sanctioning around water conservation; the juxtaposition of water as utility versus water as aesthetic value; the juxtaposition of water as free versus when you have to pay for it, and the internalisation of conservation as a norm in individual and collective behaviour. In essence, this chapter questions the implicit dichotomy of western-scientific understandings of conservation and local socio-cultural realities and the perceived moral superiority of existing conservation planning models as processes of “teaching” conservation practises to “uninformed local community members”. The view that society should be influenced by, and should adjust their knowledge systems, their values and behaviours in greater support of conservation, is an enormous sociocultural and socio-political challenge in many rural communities in the developing world. While unsustainable and environmentally damaging practices are rife at the local level, this view undermines the needs and challenges of local communities. Karen Nortje Social Anthropologist Senior Researcher: Water Governance CSIR - Natural Resources and the Environment Unit (NRE) PO Box 395 Room AB14/16, Building 21 Pretoria MeiringNaudé Road 0001 Brummeria Tel: (012) 841-4354 Cell: 079 495 2664 E-mail/E-pos: [email protected] 2) Structural Impediments to Visualizing Water Sustainability: The Case of the U.S. Ogallala Aquifer Matthew R. Sanderson and R. Scott Frey ABSTRACT U.S. government surveyor Stephen Long led an 1820 expedition to explore the land acquired by the Louisiana Purchase. His travels led him through what is called the “Great Plains,” but in maps completed after his return, Long labeled the region, “the Great American Desert.” Nearly 150 years after Long’s expedition, however, the Great American Desert bloomed. Beginning on a large scale in mid-20th century, industrialized capitalist agriculture transformed the region into an oasis of grain and cattle: the Ogallala region was transformed into the “Breadbasket of America.” What Long did not know was that a large portion of the Great American Desert sat atop an underground lake called the Ogallala Aquifer. Underlying 174,000 square miles in eight states, the aquifer allowed agriculture to flourish in a semi-arid region. The aquifer held an estimated 3 billion acre-feet of water in 1980, but it is a nonrenewable source of water. Withdrawals to support agricultural irrigation have far exceeded recharge rates in many areas of the region. As a result, some sections have been exhausted and estimates point to complete depletion in other sections by 2025. The Breadbasket appears to be on the verge again becoming the Great American Desert. The Ogallala region provides a fascinating and revealing case study of factors affecting unsustainable water use. Unsustainable water use in the region has drawn significant attention from scholars, but inquiries into the structural dynamics underlying unsustainable water use are scarce. In the meantime, the aquifer continues to be depleted, even as public awareness and research expands. Why does depletion of the Ogallala Aquifer continue despite growing recognition that it is a nonrenewable resource? We address this question by placing the region into world-historical context, focusing on the role of industrialized capitalist agriculture, which has rendered the problem “invisible” while also providing the economicmaterial incentives to “deny” the problem. We argue that as industrialized capitalist agriculture has expanded, the region has been incorporated into international circuits of capital investment, trade, and production. Incorporation has gradually disarticulated the region from its surrounding natural-environmental and social context, exacerbating the “metabolic rift” (Foster 1999) in the nutrient cycle supporting agriculture. Water consumption in the region is thus increasingly disembedded from local social regulation and environmental constraints as it is governed by the dictates of global agricultural markets. As a result, the factors driving unsustainable water consumption in the region are increasingly extra-local in the sense that those withdrawing water for agriculture are acting in response to distant markets over which they had little control. Thus, the problem of unsustainable water consumption is more easily rendered “invisible,” lost within the increasingly abstract, global process of capital accumulation. Mining the groundwater underlies a process of “ecologically unequal exchange” (Hornborg 2011, 2009; Jorgenson and Clark 2009), as more developed regions of the U.S. (and world) externalize their consumption-based impacts on the region, leading to gradual ecological and economic impoverishment of the region. Impoverishment exacerbates the economic incentives to increase agricultural production and intensify water withdrawals. Thus, ultimately the impoverishment of the region encourages actors to “deny” the problem of unsustainable water consumption, because their material-economic livelihoods are tied directly to water withdrawal. We contend that there are important historical-structural impediments to sustainable water use in the region that are embedded in the process of capital accumulation. Drawing on interviews, public documents, historical sources, and secondary studies, we trace a historical narrative of the region that describes how this process has unfolded, the consequences of this process for water use in the region, and the challenges of confronting unsustainable water consumption. REFERENCES Foster, John Bellamy. 1999. “Marx’s Theory of Metabolic Rift: Classical Foundations for Environmental Sociology.” American Journal of Sociology 105 (2): 366-405. Hornborg, Alf. 2011. Global Ecology and Unequal Exchange: Fetishism in a Zero-Sum World. New York: Routledge. Hornborg, Alf. 2009. “Zero-Sum World: Challenges in Conceptualizing Environmental Load Displacement and Ecologically Unequal Exchange in the World-System.” International Journal of Comparative Sociology 50 (3-4): 237-262. Jorgenson, Andrew and Brett Clark. 2009. “The Economy, Military, and Ecologically Unequal Relationships in Comparative Perspective: A Panel Study of the Ecological Footprints of Nations, 1975-2000." Social Problems 56 (4):621-646. Matthew R. Sanderson 45 Assistant Professor of Sociology Kansas State University Manhattan, KS 66506 (610) 866-3696 [email protected] R. Scott Frey Professor of Sociology Center for the Study of Social Justice University of Tennessee Knoxville, TN 37996 (865) 974-1169 [email protected] 3) Historical Catalysts, Institutional Design, and the Creation of Hydrologic Visions Stephen Gasteyer Abstract This chapter will address the role of social institutions in developing water use regimes. These regimes, in turn, influence what come to be taken for granted notions of the role of water in society. This chapter will build on a well-developed literature in geography on how human interactions have shaped the hydrologic flows (Cosgrove, Linton, Swyngdow, among others) and on an emerging literature on the interactions among institutional and other actors in managing water quality and quantity (Medd and others). I will build on the work of Freudenburg and others in arguing that during particular historical periods, human institutions change the use value and use of water, and in so doing change the meaning of water in society. Pulling from examples in 46 Nebraska, USA, the Keyes Region of Mali in West Africa, and the Levantine Middle East, this paper will compare how water availability and conflict influence the development and transformation of institutional structures and the ultimate vision of water sustainability in by key actors. The case in Nebraska will document how the 1935 Flood of the Republican River in Southwestern Nebraska led to government programs to build flood retention dams, public power districts using the turbines, along with the establishment of irrigation districts, and ultimately the pivot irrigation system and corn/beef complex that is responsible for the depletion of the Ogallala Aquifer system in the United States. This very system is now seen as vital to the economic survival of people in this region. Attempts to address the unsustainability of the system through technical fixes, such as greater water efficiency to irrigation systems have been only partially successful. Because of the temporal and spatial dynamics of interactions between groundwater and surface water and the political and legal requirements of interstate compacts, estimations of sustainability have at least in part been based on scientifically imperfect but highly complex hydrologic models. Even so, Kansas has recently filed suit against Nebraska over violation of the interstate river compact. In Mali, the development of a flood control and hydropower dam in the Keyes region has been seen as opportunity for the installation of irrigated perimeters for populations displaced by the reservoir. The implementation of the perimeters has led to the creation of new institutional structures both at the village level and at the regional level. While many voice excitement about the potential benefits of the irrigated perimeter, some voice concerns that water availability for irrigation will disrupt a balance with nature in the area that once existed. In the Levantine Middle East, the development improved irrigation capacity in the post 1948 era in Jordan, Israel, and the Palestinian Areas has changed forever the relationship with water – especially in this region where use value must contest with religious value of water in the Jordan River. Through these cases, I aim to demonstrate the role of key institutions in shaping visions of water sustainability over time. Stephen Gasteyer 47 Assistant Professor, Department of Sociology Michigan State University 316 Berkey Hall East Lansing, MI 48823 tel: 00-517-355-3505 fax: 00-517-432-3856 Skype: gasteyer 4) Global Water Governance: Designing a private regulation for virtual water Lisa Münch Enhancing transparency and building knowledge about the increasingly globalised flows of “virtual water” – i.e. water that was used during the production of goods – is one precondition for the visualization of Water (Un)sustainability. The chapter proposal at hand seeks to add a global dimension to the discussion on water sustainability (which so far is seemingly missing from the structure of the book). The chapter also seeks to demonstrate a possible solution for how to address this global responsibility. The proposal would fit the theoretical part of the book or might as well be adapted to the case studies section. Abstract Against the background of globalized trade and the virtual water flows connected to it the global responsibility for water scarcity becomes apparent. However, this global dimension remains almost unnoticed, as consumption and impact are separated in space and time – so far there is no instrument to visualize the causal relationship between water scarcity and the production and consumption of traded goods, resulting in a huge knowledge deficit in this respect. As there are no signs that an internationally regulated ‚strategic virtual water trade’ or an international convention on the use of virtual water will be realized soon, the 48 question addressed in this paper is whether and how private actors could provide for a sustainable use of water. It is argued that private actors – business, NGOs and consumers – can contribute to a sustainable water usage by cooperating in a private certification scheme with a product label, thus visualizing the global dimension of water scarcity, raising awareness and changing behavior within business as well as consumers. What should such a ‘private regime’ for virtual water look like to be effective? Following a common approach of international regime scientists, effectiveness is conceptualized as behavioral consequences (i). Hence, the private water regime must be designed in such a way that it influences actors’ behavior (business and agricultural practices, consumer behavior) and contributes to a sustainable water use in the production of goods. Although there is no such thing as a ‘guide for effective regime-design’, research on regime effectiveness has identified the following basic conditions known as “4-C´s”. In order for a regime to be effective it must: 1) increase concern, 2) improve the contractual environment, 3) enhance the capacity of key actors and 4) use a flexible compliance management (ii). For each condition design-elements are identified that are suited for the respective end. In order to increase concern the disclosure of the water footprint (WF) of products is proposed as central element, as well as the use of a product label as communication tool and giving expertise a central role. To improve the contractual environment and enhance mutual trust between the regime participants as well as consumers trust in the regulation (and in the product label) fair decision andprocess rules must balance the competing interest. It will also be specified which actors should be among the first to be integrated in the regime (NGOs, TNCs of beverage and food industry). Also, independent verification of compliance with the standards – that are to be developed in a fair process – and transparency of all processes is necessary to enhance trust. Another important regime element is capacity building, as the proposed regime will affect agricultural practices of export products, being cultivated to a great extend in developing countries where capacities to adapt to or 49 change to sustainable agricultural practices are generally low. It is important not only to enhance awareness about the WF but also to focus on practical solutions for how it can be reduced (here again lies an important role for expertise). Last, compliance management should be flexible to help participants to adapt to the system. Optional: chapter could also be structured to fit in the section ‘case study’; the title could then be extended to “Global Water Governance: Designing a private regulation for virtual water – and an assessment of its chances of realization”. The chapter would then focus on the question of how realistic the emergence of such a private water regime is. To answer this question a model by Pattberg (2007)(iii) is used, describing the conditions of emergence for private-private-partnerships as an analytical framework to systematically analyze the empirical developments (iv). The findings show an interesting and rapid development in the realm of virtual water: not long ago the concept of the water footprint was hardy known – now it seems that businesses actors are awakening to the threats of water scarcity. It is in their own interest to responsibly use and regulate the availability and quality of water, as businesses rely on water as aproduction resource (v). More and more companies disclose their water footprint and there is actually a first finish firm that uses a water footprint label on its oat flakes. Though, much more pressure from civil society and NGOs is needed to pressure businesses to not only disclose their water footprint but to cooperate in a certification scheme and thus comply to standards of sustainable water use along the supply chain. Still, in a long term perspective it seems realistic that such a regulation will emerge. This positive assessment is also due to the many recently emerged multi-stakeholder initiatives such as the Water Footprint Network or the Alliance for Water Stewardship, helping to promote the footprint method and certification schemes as important tools to visualize unsustainable water use. Endnotes (i) Young, O. R. and Levy, M. (1999a): The Effectiveness of International Environmental Regimes. In: The Effectiveness of International Environmental Regimes: Causal Connections and Behavioural Mechanisms.(Eds.) Young, O., Massachusetts Institute of Technology: 1-32; Miles, E. L., Underdal, A., Steinar, A., et al. (2002): Environmental Regime Effectiveness. Confronting Theory with Evidence, Massachusetts Institute of Technology; Breitmeier, H., Zürn, M. and Young, O. (2007): International Regime Database. Architechture, Key Findings, and Implications for the Study of Environmental Regimes. In: Politik und Umwelt.(Eds.) Jacob, K., Biermann, F., Busch, P.-O. andFeindt, P. H. Wiesbaden, VS VerlagfürSozialwissenschaften. PVS - PolitischeVierteljahresschrift. Sonderheft 39/2007, page: 47. (ii) Haas, P., Keohane, R. O. and Levy, M., Eds. (1993): Institutions for the Earth: Sources of Effective International Environmental Protection, Cambridge, MA; Zürn, M. (1998): Regierenjenseits des Nationalstaates. Globalisierung und Denationalisierungals Chance. Frankfurt am Main, Suhrkamp. (iii) Pattberg, P. (2007): The Institutionalization of Private Governance: How business and non-profit organizations agree on transnational rules. In: Environmental Governance in Global Perspective. New Approaches to Ecological and Political Modernization. (Eds.) Jänicke, M. and Jacob, K., FreieUniversität Berlin, pages: 386410. [first published in 2005 in: 'Governance: An International Journal of Policy, Administration and Institutions', 18,4, pages: 589-610] (iv) The long version of this paper provides an overview of all websites considered in the analysis. Please contact author if more information is needed. (v) JP Morgan (2008): Watching water. A guide to evaluating corporate risks in a thirsty world, JP Morgan, page 9; WBCSD (2010): Water for Business. Initiatives guiding sustainable water management in the private sector, World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). March 2010, page: 165. By Lisa Münch Environmental Policy Research Centre FreieUniversität Berlin, Germany Email: [email protected] 5) The impact of the Water Footprint: 10 years on authors: Anna Wesselink, research fellow, Sustainability Research Institute, University of Leeds, UK Robert Hoppe, professor, Department of Science, Technology, Health, and Policy Studies, School of Management and Governance, University of Twente, the Netherlands Arjen Hoekstra, professor, Water Engineering and Management, University of Twente, the Netherlands, and scientific director, Water Footprint Network et al.: Julia Steinberger? Ann Talontire? Ralf Barkemeyer? JouniPaavola? Abstract The water footprint was launched in 2002 (Hoekstra 2003). It is a way to calculate and visualise both direct and indirect water use of a consumer or producer. The water footprint of an individual, community or business is defined as the total volume of freshwater that is used to produce the goods and services consumed by the individual or community or produced by the business. It is based on the concept of virtual water (Allan 1993?) and inspired by the ecological footprint launched 10 years earlier (Rees 1992). From the outset, the water footprint was intended not just as an academic achievement but as a tool to influence the behaviour of individuals, communities and businesses. Efforts to achieve impact have been sustained and growing in the 10 years since its launch, mainly but not exclusively by its creator and his colleagues; the establishment of the Water Footprint Network (WFN) is an important channel for these efforts. While testimonies gathered by the WFN show that international leaders verbally support the recently launched Global Water Footprint Standard, there is a strong feeling amongst its proponents that actual impact on practices has been limited, to the extent that active resistance is starting to be encountered. In this paper we describe the strategies employed by the proponents of the water footprint to advocate its use, and the responses these have produced. We critically evaluate why its uptake was less than hoped for, and less than was expected from its often enthusiastic reception. An evaluation of the assumptions behind the water footprint is the starting point. The responses by organisations and businesses allow us to elucidate discrepancies between intentions and interpretations at this substantive level. Next, we examine the potential mismatch between the goals professed by the water framework proponents, of increased sustainability, efficiency and justice or fairness. We then catalogue possibilities to increase the use of the water footprint to achieve more sustainable water use, for example product labelling, company certification schemes and (inter)national regulation. From existing literature on similar schemes, e.g. of organic food labels or corporate social responsibility certification, we assess what their likely effect would be. References Allan J A (1993?) ?? Hoekstra, A.Y. (2003) (ed) Virtual water trade: Proceedings of the International Expert Meeting on Virtual Water Trade, IHE Delft, the Netherlands Rees, William E. (October 1992). "Ecological footprints and appropriated carrying capacity: what urban economics leaves out".Environment and Urbanisation 4(2) 121– 130 http://www.waterfootprint.org/downloads/WFN-PressRelease-28Feb2011.doc Anna Wesselink Research Fellow ‘Enhancing the Impacts of Climate Change Research on Policy and Practice’ Sustainability Research Institute School of Earth and Environment University of Leeds LS2 9JT United Kingdom tel. (+).44.(0)113.3431635 http://www.see.leeds.ac.uk/ http://www.see.leeds.ac.uk/people/a.wesselink 6) Waterscapes, Privatization, and Envisioning Water Sustainability in Delhi, India Krista Bywater When the government and World Bank planned to privatize Delhi’s water utility, residents began one of India’s most well known environmental movements. Thousands of people including students, women’s groups, trade unionists, and citizens from all segments of society protested against Delhi’s Water Supply and Sewage Project. The diverse opposition united to prevent the Delhi Water Board from pursing a $140 million World Bank loan to restructure the utility and allow foreign private firms to manage the city’s water. Protesters dubbed the scheme Delhi’s water privatization project and demanded that the government remain in control of the utility. Delhi’s Water Board proposed the plan to improve the city’s dismal water distribution. Forty percent of Delhi’s residents live in slums without any official water or sanitation services. Even those who live in houses are not guaranteed a clean and reliable water supply as water is irregularly rationed. Scarcity, pollution, and unequal distribution of water have left Delhi parched and desperate for visions of sustainable water management. Despite the Water Board’s claims thousands of protesters found the water project to be shortsighted and unsustainable. They filled the streets during demonstrations throughout 2004 and 2005, and the city became embroiled in one of the country’s biggest water movements. This chapter examines how envisioning sustainability as a multidimensional process enabled activists to generate vast public opposition to Delhi’s water privatization project. Protesters stated that the privatization scheme was environmentally, economically, and socially unsustainable. Activists’ used this holistic understanding of sustainability to shape people’s waterscapes—how they see and perceive water. Baviskar (2007) suggests that waterscapes are the cultural, political, economic, geographic, and social terrain from which people derive the meanings they assign to water. To galvanize public opposition, campaigner’s noted that the water plan was not ecologically feasible because it failed to identify where the additional water needed to expand the utility would be found. Dissenters also posited that the project was not economically viable because it would eliminate free water supplies, increase user costs, and deny poor residents water access. The anti-privatization campaigns further stressed that the water scheme ignored water’s social and cultural significance. Emphasizing how the plan treated water like a commodity rather than a revered cultural and spiritual resource allowed activists to gain broad public support for the movement. Many members of the general public joined the movement because activists’ claims of water’s social and cultural importance matched people’s waterscapes—their perceptions of water’s significance. The case study in Delhi reveals that visions of sustainability are not only ignited by environmental scarcity but by political, cultural, and economic factors. Conceiving of water sustainability as a multidimensional process enabled protesters to influence people’s waterscapes and convinced them to oppose water privatization. Due to the strength of the public opposition, the Delhi Water Board halted the project and withdrew its loan request from the World Bank. Visualizing water sustainability and engaging the public in water management require engaging with multiple aspects of sustainability—environmental, economic, and social—and addressing people’s waterscapes. Reference Baviskar, Amita. 2007. Waterscapes: The Cultural Politics of a Natural Resource. Delhi: Permanent Black. Krista Bywater Assistant Professor of Sociology Muhlenberg College Allentown, PA [email protected] 7) Running head: Arizona Water Managers’ Understandings of Uncertainty Arizona Water Managers’ Understandings of Uncertainty in their Evaluation of WaterSim in the Decision Theater Dave D. White, Arizona State University, School of Community Resources and Development Amber Y. Wutich, Arizona State University, School of Human Evolution and Social Change Timothy Lant, Arizona State University, Decision Theater Kelli L. Larson, Arizona State University, School of Geographical Sciences and Urban Planning and School of Sustainability Address correspondence to Dave D. White, Arizona State University, School of Community Resources and Development, 411 N. Central Ave., Ste. 550, Phoenix, AZ 85004-0690; (602) 496-0154; [email protected] This material is based upon work supported by the National Science Foundation under Grant No. SES-0345945 Decision Center for a Desert City and Grant No. SES0951366 Decision Center for a Desert City II: Urban Climate Adaptation. Any opinions, findings and conclusions or recommendation expressed in this material are those of the author(s) and do not necessarily reflect the views of the National Science Foundation (NSF). Abstract Compelling evidence suggests that climate change poses a significant threat to water sustainability in the southwestern United States as the region’s climate becomes warmer and drier (Karl et al., 2009; National Research Council, 2007; Seager et al., 2007). Our institutions and decision processes, however, seem ill equipped to deal with decision making under uncertainty for water sustainability and climate adaptation. For instance, Arizona water managers have only recently begun to factor the implications and uncertainties of climate change into planning, policy and decision making. While water managers acknowledge that uncertainty pervades their work, they tend to frame uncertainty narrowly in terms of seasonal and inter-annual variability in water supply (White et al., 2008) rather than recognizing that a structural shift in the systems delivering water the region is taking place due to long-term climate change. Arizona water managers have conventionally relied heavily on the historical record for characterizing uncertainty and they remain skeptical about the scientific validity, relevance to decision making, and political legitimacy of climate models and future scenarios (White et al., 2010). Incorporating climate change into water resource decision making is problematic because the impacts are long term, regional, and uncertain, but the institutional and political culture in which water managers operate stresses short-term and local concerns. Impacts will occur beyond the tenure of most water managers, who are focused on local and immediate issues like economic viability, population growth, water rights claims, and environmental compliance (White et al., 2008). Despite these potential challenges, an increasingly popular approach to integrating climate change into water resource decision making is through the use of computer simulation modeling, visualization, and scenario planning. For such efforts to be successful, research is needed to explain how water managers understand uncertainty in the context of modeling and visualization and how they integrate uncertainty into their decision making. This chapter presents a case study of Arizona water managers’ understandings of multiple dimensions of uncertainty during an evaluation of WaterSim, a model that simulates water supply and demand in central Arizona under varying scenarios of growth, urbanization, climatic uncertainty, and policy choices (Gober et al., 2011). The model is presented in the Decision Theater, a 260-degree interactive visualization environment designed to facilitate decision-making and policy deliberation (see Figure 1). Data were collected through both individual responses and moderated focus group discussions during 10 sessions with 62 central Arizona water managers. Text from the self-administered responses and focus group transcriptions were coded by multiple analysts, guided by theoretically-informed coding categories. Multiple coders established acceptable inter-rater reliabilities as measured by Cohen’s Kappa (1960). In this chapter, we focus on analysis of five uncertainty themes: scientific uncertainty; political uncertainty; climatic uncertainty; communication and visualization uncertainty; and model uncertainty. We show how Phoenix water managers frame uncertainty in this setting in terms of historical trends, probabilistic future outcomes, and accuracy of scientific data and assumptions. We discuss the implications of water managers’ understandings for communication, visualization and policy deliberation for water sustainability and climate adaptation in Arizona and beyond. References Cohen, J. (1960). A coefficient of agreement for nominal scales. Educational and Psychological Measurement, 20(1), 37-46. Gober, P., Wentz, E. A., Lant, T., Tschudi, M. K., & Kirkwood, C. W. (2011).WaterSim: A simulation model for urban water planning in Phoenix, Arizona, USA. Environment and Planning B, 38(2), 197-215. Karl, T. R., Melillo, J. M., & Peterson, T. C., (Eds.) (2009). Global climate change impacts in the United States. Cambridge: Cambridge University Press. National Research Council. (2007). Colorado River basin water management: Evaluating and adjusting to hydroclimatic variability. Washington, DC: The National Academies Press. Seager, R., Ting, M., Held, I., Kushnir, Y., Lu, J., Vecchi, G., Huang, H-P., Harnik, N., Leetmaa, A., Lau, N-C., Li, C., Velez, J., &Naik, N. (2007). Model projections of an imminent transition to a more arid climate in Southwestern North America. Science, 316, 1181-1184. White, D. D., Corley, E. A., and White, M. S. (2008). Water managers’ perceptions of the science-policy interface in Phoenix, Arizona: Implications for an emerging boundary organization. Society & Natural Resources, 21(3), 1-14. White, D. D., Wutich, A., Larson, K. L., Lant, T., Gober, P., &Senneville, C. (2010). Credibility, salience, and legitimacy of boundary objects: Water managers’ assessment of a simulation model in an immersive decision theater. Science & Public Policy (SPP), 37(3), 219-232. Figure 1.WaterSim presented in the Decision Theater 8) The Water Footprint’s role in addressing the efficient use of water Wilson Cabral de Sousa Junior, Vanessa Empinotti, Paulo Antônio de Almeida Sinisgalli, Pedro Roberto Jacobi Water indicators are becoming usual in planning activities of several areas especially in industries and in the public sector. The Water Footprint methodology, launched in 2002 by Hoekstra (Hoekstra et al., 2011), is part of these initiatives. The methodology, which could be interpreted as an analogy to the Ecological Footprint, estimates the water consumption of a product, during its entire production process, since the raw material until the final use. Furthermore, as a multiscale indicator, it can be applied to estimate the water consumption from a person, a municipality, a country or even the global water footprint. From the combination of three pieces – the green, blue and grey footprint – the methodology has been applied mainly in the industrial sector, in order to provide means to promote a more efficient use of water. Despite its relatively simple implementation, and maybe due to this fact, the methodology has been criticized by some hydrologists who argue the treatment given to the water cycle which could not be segmented. Actually, there are some aspects of the methodology that have to be improved. For instance, the use of local quality standards to establish the grey water magnitude can produce different results for similar industrial plants from diverse locations. In another case, the blue footprint does not take into account the natural environment consumption before the anthropic activity, which could be consider as a baseline to compute the water footprint at all. Nevertheless, the Water Footprint and its use within a geographical information context, can make clear some concepts that could remain hidden without it. The virtual water and its role on the global market are some of these concepts. This chapter discusses the Water Footprint concept under its consequences, focusing on two questions: i) what is the role played by quantification and certification devices/strategies for water sustainability (water footprint calculations, labels, taxes, etc.) in raising the consciences and importance of water use related to peoples’ everyday lives and public policy?; ii) how effective are these strategies and in what contexts and circumstances is their effectiveness really increase?; and iii) how is the process that could transform a simple indicator into a most universal agenda? 9) Managing the Unseen: perceptions of an underground aquifer and its outcomes in Mexico’s Yucatan Peninsula. Maria de Lourdes Melo Zurita - King’s College London The Yucatan Peninsula of Mexico represents a unique waterscape in the world. As while the Peninsula contains no rivers and next to no above ground sources of potable water, it does contain the world’s most extensive underground flooded cave systems, accessible only via the numerous cenotes (water sinkholes) that pierce the region’s surface. These cenotes have been object of multiple narrations and representations since pre-Hispanic times. Their condition as inaccessible accessible places made them sacred, profane and survival places, among others. The physical implications of their geo-morphology have also been object of multiple scientific, astrological and divine explanations. Since the end of the twentieth century such places have been redesigned by different actors with the purpose of unfolding their deepest secrets, but also with the intention of conquering what has been named as one of the last ‘unknown human frontiers’. The Yucatan Peninsula is located in the south-east of Mexico and it was sparsely populated prior to the 1970s, with parts of it acting as a space of refuge for the rebellious indigenous Maya population. This has rapidly changed in recent decades with the tourism boom in Cancun causing massive immigration from other parts of Mexico (and the world) to the Caribbean side of the Peninsula. Such rapid anthropogenic change, both in terms of numbers and activities, has caused increase of pressure on the underground aquifer, bringing to the fore questions surrounding the management and use of the underground. The analysis in this chapter corresponds to the peculiarities of the Peninsula’s waterscape and its implications for water management practices in the context of a rapidly changing human environment. Cenotes, and the aquifer, represent sacred spaces for the Maya, places of exploration for cave divers and the only source of potable water for the rapidly growing Peninsula’s population. Yet their physically obscured nature and their role as historical vessels have challenged traditional water management approaches. Thus the particular conditions of the Peninsula offer a good case study to explain how nature plays a fundamental role in defining human actions, perceptions and cultural values. The limitations imposed by the landscape in the social construction and perception of water have defined policies and decisions taken towards a sustainable use of water. 10) No Title Emily Van Houweling In Mozambique millions of dollars are being spent by development organizations to improve rural water supply and meet the Millennium Development Goals. Fewer than 40% of people have access to an improved water source in Nampula, a province in Northern Mozambique that received 400 hand-pumps in 2011. This research explores the hand-pump water project in Nampula, as the fulcrum of multiple and contradictory discourses concerning water, gender, and sustainability. Critical discourse analysis of planning and policy documents, and interviews conducted with water sector personnel were used to identify the global discourses related to the hand-pump project. The local discourses were explored during eight months of field work conducted with the Macua in Nampula. Semi-structured interviews, key informant interviews, focus group discussions, and participant observation took place in three villages in Nampula during the transition from customary water sources (generally surface water and shallow wells) to hand-pumps. I focus on how this change impacted livelihoods, gender roles, time allocation, social life, and personal feelings of contentment for different social groups in these three communities. My aim is to compare the different ways the costs and benefits of the hand-pump project are understood by different actors, and in particular, how sustainability and gender equality are articulated at different levels. I argue that the imperative in the water sector to satisfy donor requirement and align with global discourses of sustainability and gender equality, is often in tension with local perceptions of change and well-being and abstract from social and cultural norms. I contend that an improved understanding of the ways water is collected, used and managed by local communities could improve water project sustainability as well as inform gender equality approaches in the water sector. Emily Van Houweling Ph.D candidate at Virginia Tech in an interdisciplinary program called, ‘Planning, Governance and Globalization’ [email protected] 11) ¿Who are the experts? Searching the relevant voices on New Water Culture through issue network visualization and analysis Juan C. Aceros and Miquel Doménech In Spain, the expression "New Water Culture" (NWA) was elaborated to refer to the efforts for a sustainable magement and regulation of water. Conceived within the Committee of People Affected by Large Dams and Transfers (COAGRET, in Spanish), the NWC became the common flag for a variety of players who where against the transfer of the Ebro River since the nineties. Through an innovative methodology on issue network mapping and analysis on the web, our research team (a) found the main actors who participated in the dissemination of the NWC on the Internet, and (b) identified the process of a policy network formation. In the case study presented in this chapter, we briefly discuss these achievements and, additionally, we analyze the discourse of the main nodes of the NWC issue network: the New Water Culture Foundation (Fundación Nueva Cultura del Agua, in Spanish) and the Ministry of Environment of Spain. Such additional analysis should allow us to show a successful strategy followed by a non-governmental organization in order to influence in public policy about water issues. Two main features of this case will be underlined in our analysis: (a) Following Callon, Lascoumes and Barthe, we will present public controversies as an opportunity for deepening in democratic practices (b) We will show the centrality of expert knowledge in water controversies. Through this case study we hope to show a possible role for issue network visualization and analysis on water sustainability affairs: identify and understand relevant voices in controversies related to water policy. Juan C. Aceros and Miquel Doménech Departamento de Psicologia Social Universitat Autónoma de Barcelona [email protected] 12) When things fall apart: The Colombian water referendum and community aqueducts Verónica Perera Since the 2000 water war in Cochabamba, water struggles became so prominent in Latin America that they have even caught the imagination of commercial filmmakers like Iciar Bollaín’s “Even the Rain.” Assemblages of activists, ranging from environmentalists to unionists to public services and community organizers, came together, and created repertoires of contention (to borrow from Tarrow) or allegorical bundles (to use the words of Tsing) that traveled from one country to another. In 2007, forty Colombian social movements and NGOs were inspired by the Bolivian water war, and by the Uruguayans who, in 2004, had reformed their Constitution to include the human right to water. Colombians came together with the goal of amending their own Constitution with the access to water as a human right to water, among other socio- environmental demands, like universal and public provision of the vital element. “It was the most important environmental mobilization in the last ten years,” a public intellectual told me. Water activists debated for two years and traveled the country in “conversatorios and navegaciones” to draft a bottom-up five-points referendum text, which was later endorsed by more than two million citizens. Activists understood the referendum campaign beyond the legal reform—as a “pedagogic exercise” and as “an exercise to defend the territories,” like more than one environmentalist told me. But they failed. The government and the Uribista Congress halted the referendum by changing the text and watering down the key points of the movement’s platform. What happened after such failure? Drawing on multi-sited fieldwork in Colombia in 2010 and 2011 (ranging from big cities like Bogotá and Medellín and their metropolitan areas, to smaller settlements in Santander and the Pacific Coast) the chapter argues that despite activists’ fatigue, frustration, and some internally oriented anger, the referendum process left some important victories for the water movement. On the one hand, “water” became a political topic in Colombia—in and of itself, as a key part of the notion of “territory”; connected yet distinct from the “problem of land”. On the other hand, for water activists and the public at large, “community aqueducts” became visible. “The referendum took us out of our isolation” a community leader told me. Even if very diverse, overall, community aqueducts provide water to poor suburban and rural communities ranging from 15,000 to 800 inhabitants. Built with scattered government support and strenuous voluntary labor, these small-scale aqueducts were abandoned by the state and preserved by the communities in the last decades. Today they are social, economic and cultural experiences that, in the eyes of activists, deserve to be safeguarded from the neoliberal juggernaut and as part of the commons. While the neoliberal imagination aspires to economies of scale and large scale infrastructure for water provision, the chapter explores how Colombian activists and most of the organized poor defend community aqueducts as intrinsic to their own “territory”, and as possibilities for their own empowerment and stronger control over their own lives. Veronica Perera Assistant Professor of Sociology State University of New York, Purchase 735 Anderson Hill Road Purchase, NY 10577 [email protected] 13) “You just turn your faucet on and it works:” the hydrosocial cycle in rural and urbanizing Arizona Donald N. Anderson Drawing on a comparison of the hydrosocial cycles in two sets of rural Arizona communities – one group relying on private wells and acequia-style ditch irrigation, the other with municipal water systems – this paper explores the discursive and practical relationships between “nature,” subjectivity, and infrastructure. Based primarily on interviews with residents and water managers, I construct comparative diagrams of the differing ways these elements are articulated in local discourse, and what social and political consequences these differences are seen to entail. Of particular interest is the way in which the materiality of water, by way of the social and physical infrastructure through which it is delivered, lends itself to a process of reification, obscuring the potential for seeing resources like water not as “things” but as expressions of social relations and obligations. Donald N. Anderson School of Anthropology University of Arizona [email protected] 14) “Hydraulic development, anthropology and indigenous people of the Papaloapan Basin: The case of the Papaloapan Commission” Patricia Legarreta In 1944 the lower Papaloapan basin of Oaxaca, southern Mexico was flooded, as it routinely occurred, only this time the consequences were unprecedented. First, recently settled stockbreeders and commercial crop farmers in the fertile alluvial lands of the Papaloapan experienced extreme economic loss. Second, the press focused on the event as if it was unique and unheard-of: pictures of devastated villages, figures of economic loss and outbreaks of mortal tropical diseases were found plastered on the front pages of the national newspapers. Third, Miguel Alemán, the then president of Mexico, and native of the Papaloapan region, used the media’s effect on public opinion to launch the first great hydraulic development project for Mexico, creating the Papaloapan Commission, which later became a model for the creation of other Mexican hydraulic commissions (Tepalcatepec, Grijalva, Usumacinta, etc.). Aleman’s project was promoted and supported by hydraulic engineers who had proved to be efficient allies of this post-revolutionary regime for the scientific and modern exploitation of hydraulic resources in the arid and unpopulated north of Mexico. By heading south, they were thus able to achieve effective occupation of the nation’s territory (Aboites, 2000). Aleman’s project was also supported by anthropologists who had worked for years towards the consolidation of a program for the incorporation of the indigenous peoples of Mexico into national development through agrarian reform, education and infrastructure (Aguirre, 1973). This process coincided with a growing world interest in the unexploited and unexplored natural resources of the tropics, which remained as the “last great frontiers” due to isolation and insalubrity (Winnie, 1953). The solution was apparently very simple: a huge injection of money into effective regional planning (multi-purpose dams, change in land use, colonization of the lowlands, education of highland populations, sanitary infrastructure, etc.). Optimism for the Papaloapan Commission was largely due to the former success of the Tennessee Valley Authority (TVA) in southern USA, which had been the world’s first great hydraulic planning project. The Tennessee Valley and world tropics shared characteristics - the majority of their populations were rural and they enjoyed abundant sub-exploited natural resources. The TVA monopolized natural resources and industry held by the State. This was a geopolitical strategy, which - apart from making State intervention in the population’s welfare possible - was a determining factor in the Allies’ success in the Second World War. Soon after, in 1946 the International Bank for Reconstruction and Development (IBRD) was created to rebuild Europe and Japan post war, and to foster economic growth in what were classed as Third World countries. These two processes (TVA and IBRD) were decisive in the financing of Papaloapan Commission projects. This article aims to expose and analyze the different perspectives linked to the development of the Papaloapan basin hydraulic scheme (including those of hydraulic engineers, anthropologists and indigenous people) without losing sight of the global context in which international organizations (such as the UNO and the OAS) and the United States held the balance of power in the decision-making and financing of development programs. The leading question in this article is how we can account for the multiplicity of overlapping and apparently opposing processes that led to particular water management practices in the Papaloapan basin. Patricia Legarreta [email protected] 15) CONTEXTUALIZING LOCAL RESPONSES AND INSTITUTIONAL ARRANGEMENTS FO DRINKING WATER SUPPLIES IN PERI-URBAN AREAS, HANOI, VIETNAM Hao Thien Nguyen Water (un)sustainability debates have extensively focused on issues relating to resource depletion, social and cultural values of water and compensation for future generations’ social and cultural loss, impacts of water on human wellbeing, the politics of water, various pathways of water supplies and crisis in the governance of water, and roles of financial and technological aspects. From urban planning perspectives, my case study focuses on the spatial development of water supplies. The case contextualizes the complexity of the issue in the peri-urban interface, where urban and rural activities are juxtaposed and comprised of diverse and rapidly changing socioeconomic segments. This transition zone faces great challenges in planning and management of water provision due to the decline in water resources and the shift from self-provisioning to complex water regimes requiring new water governance arrangements. This study employs Co Nhue, a 50,000 inhabitant peri-urban community, in Hanoi, Vietnam as a single case and relies on participant observation and in-depth interviews to examine two major areas of inquiry: (1) How do peri-urban communities in Ha Noi secure drinking water by arranging a new form of institution in the face of ongoing ecological transformations? (2) How do changes in water resource conditions and newly emerged local institution for drinking water provision influence entitlements to water of periurban inhabitants? Which local populations become beneficiaries and which are rendered more vulnerable? Approximately 95 actors participated in interviews, including representatives from the local authority, community population clusters, community water provision sources, and selected households across socio-economic status in Co Nhue. The preliminary research findings reveal that as the Co Nhue commune continues to be absorbed into the urban fabric of Hanoi: (1) its residents experience a transition in their entitlements to drinking water, determined by the availability and quality of water resources, water providers, and social relations shaped in their community. Local residents’ entitlements to water are shifting from free of charge to primarily determined on a monetary basis; the poor and other disadvantaged are most severely afflicted. (2) The better-off and the worst-off households have developed different coping strategies in water access, but the latter’s strategies entail higher vulnerability given that their chances of using water free of charge have been drastically reduced. (3) The community solidarity has been on the verge of fragmentation because mutual assistance, once a social norm utilized by community residents across socio-economic status to support the disadvantaged, now occurs only among people afflicted by the decline in water resource. (4) Inequity in access to and provision of water entails confrontations over the ignorance of the local authority toward its disadvantaged residents. (5) The emergence of a community-based institution for drinking water laid conditions for community building as its development required and stimulated engaged residents to develop their capacity for collective effort through social, technical, and decisionmaking skills. This innovative local response enabled good local governance and brought an opportunity for the local government and residents to practice dialogue and collaboration. Hao Thien Nguyen, Ph.D Candidate Dept. of Urban and Regional Planning University of Hawaii, Manoa, USA Email: [email protected] Apêndice E – Fotos nas escolas Foto 1: Uso de garrafinhas de água Foto 2: Alunos assistem a One Water em sala de vídeo dentro da escola Foto 3: Alunos assistem a One Water em sala de aula. Ap€mdice F- Certificados de participa ao em eventos academicos 1t CCJ FUNDACION ZONAMERICA Montevideo, 25 de octubre de 2011 A quien corresponda, Tenemos el agrado de dejar constancia por este medio, de Ia presentaci6n sobre Ia investigaci6n vinculada a Ia Percepci6n sobre Agua en Niiios de Brasil, que realize Ia Prof. Ana Laura Gamboggi. La misma se realize en Ia sede de ADM (Asociaci6n de Marketing del Uruguay) ante una audiencia de interes sobre temas vinculados a Responsabilidad Social. Quedo a disposici6n para ampliar cualquiera de estas informaciones y dar cuenta de las propuestas presentadas. Muy cordialmente, Andrea Lie. Andrea Spolita Directora Ejecutiva Fundacion Zonamerica Ruta 8 km 17 - Montevideo 2517 0085 www.zonamerica.org Apimdice G- Desdobramentos da pesquisa I parcerias 2012 CCJ FUNDACION ZONAMERICA Montevideo, 25 de octubre de 2011 A quien corresponda, Tenemos el agrado de dejar constancia par este media, de Ia presentaci6n sabre Ia investigaci6n vinculada a Ia Percepci6n sobre Agua en Ninos de Brasil, que realizo Ia Prof. Ana Laura Gamboggi. La misma se realizo en Ia sede de ADM (Asociaci6n de Marketing del Uruguay) ante una audiencia de inten§s sobre temas vinculados a Responsabilidad Social. Quedo a disposici6n para ampliar cualquiera de estas informaciones y dar cuenta de las propuestas presentadas. Muy cordialmente, Andrea Lie. Andrea Spolita Directora Ejecutiva Fundacion Zonamerica Ruta 8 km 17 - Montevideo 2517 0085 www.zonamerica.org CENTRO DE ECO ALFABETIZACIÓN VERACRUZANA Y DIÁLOGO DE SABERES UNIVERSIDAD Estimada, Prof. Dra. Ana Laura Gamboggi, Investigadora do Centro de Altos Estudos da Escola Superior de Propaganda e Marketing. Por este conducto, quiero manifestarte mi interés de unirme a la pesquisa que está diseñando sobre "Huella Hídrica: percepciones del agua en población infantil". Me parece que la intención que me has comunicado de ampliar esta pesquisa con varios estudios de caso en América Latina, articulando las cuestiones ambientales y educativas, enriquecerá las posibilidades de análisis, las particularidades bio-culturales de la problemática que estás abordando. Propongo, para el caso de México, contribuir con dos contextos regionales para la replica de la investigación: 1. la cuenca del río Pixquiac, en los alrededores de Xalapa, Veracruz, donde se está desarrollando un proyecto de protección del medio ambiente, un convenio entre organizaciones civiles y gobierno estatal; y 2. en la ciudad de México, una de las urbes más grandes del continente. Espero que esta propuesta sea de interés y podamos articular la investigación para el año próximo. Gracias por la invitación. Estamos en comunicación. Un abrazo, Zulma Vianey Amador Rodríguez Profesora-investigadora del Centro de Eco-Alfabetización y Diálogo de Saberes, de la Universidad Veracruzana - Xalapa, Veracruz, México