A integração da abordagem LID (ou SUDS ou WSUD) no planeamento urbano
Low Impact Development (LID), sustainable urban drainage systems (SUDS) ou water sensitive
urban design (WSUD), embora com terminologias diferentes, tratam-se de abordagens, que
numa perspectiva da engenharia, apresentam um novo paradigma para o ciclo urbano da
água.
Low Impact Development (LID) é definida pela USEPA como uma abordagem para o
desenvolvimento do território que trabalha com a natureza para a gestão das águas pluviais
tão próximo quanto o possível da sua origem. Os seus princípios são a preservação e usufruto
das características da paisagem naturais, a minimização da impermeabilização de forma a criar
uma drenagem funcional e apelativa que vê as águas pluviais como um recurso em vez de um
resíduo (USEPA, 2013).
Sustainable urban drainage systems (SUDS) é a designação atribuída no Reino Unido para uma
sequência de práticas de gestão e de instalações para drenagem da água superficial de uma
forma que proporciona uma abordagem mais sustentável do que tem sido a prática
convencional de encaminhamento do escoamento pluvial através de condutas para as linhas
de água (SEPA, 2013).
O conceito water sensitive urban design (WSUD) é principalmente utillizado na Austrália e diz
respeito à integração da gestão do ciclo da água no desenho e planeamento dos ambientes
urbanos de forma a suportar ecossistemas, estilos de vida e modos de subsistência saudáveis
(WSUD.org, 2013).
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Figura 1. Esquematização do ciclo da água em condições naturais, no meio urbano sem integração da
abordagem WSUD e no meio urbano com integração da abordagem WSUD. (Fonte: Healthy
Waterways, 2011)
Esta visão integrada do ciclo urbano da água tem como principais benefícios os seguintes:
• Redução dos caudais de ponta de cheia com consequente redução das áreas, bens e
infra-estruturas afetados em situação de cheia;
• Melhoria dos regimes de escoamento (mais naturais);
• Melhoria da qualidade da água;
• Redução dos consumos de água potável;
• Redução da exposição ao calor com consequente melhoria do conforto térmico,
contributo para a saúde da população;
• Melhoria da qualidade da paisagem urbana
• Contribuir para a protecção dos ecossistemas;
• Aumento do sequestro de carbono através de uma melhoria da capacidade de uso dos
solos e incremento das zonas verdes;
• Criação de zonas de recreio e lazer;
• Contributo para a redução do risco de acidentes associados a eventos de poluição,
cheias e geotécnicos.
Na Figura 2 comparam-se os principais impactes sobre a paisagem, hidrologia e atmosfera da
adoção e não adoção de uma abordagem LID no desenho urbano.
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Figura 2. Síntese dos impactes sobre a paisagem, atmosfera e hidrologia da integração e não
integração da abordagem WSUD no desenho urbano. (Fonte: Wong et al, 2012).
Tendo como objectivos principais a utilização da água pluvial ou o escoamento superficial, a
redução do escoamento superficial e o tratamento da água de escoamento superficial, esta
abordagem faz uso de um conjunto de infra-estruturas e práticas – Tabela 1 - que combinadas
configuram uma perspetiva inteligente e naturalizada ao ciclo urbano da água.
Tabela 1. Algumas práticas e infra-estruturas utilizadas na abordagem LID.
Utilização da água pluvial e do
Redução (e naturalização) do
Tratamento da água de
escoamento superficial
escoamento superficial
escoamento superficial
Utilização destas origens de
água através de sistemas que
Valas de drenagem e taludes
revestidos com vegetação
incluem a intersecção, recolha,
Bacias de amortecimento de
caudais
armazenamento e tratamento
Superfícies permeáveis
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Unidades de bioretenção,
biofiltração e Rain gardens
Pantanais construídos
Arborização urbana
Telhados verdes
Bacias e trincheiras de
infiltração
Em Portugal, não é prática esta visão integrada do ciclo urbano da água embora os princípios
base destes conceitos estejam dispersos em instrumentos legais, de ordenamento do território
e técnicas de engenharia dos quais se destacam: i. a Lei da Água, Lei nº 58/2005 de 29 de
Dezembro; ii. a Estrutura Ecológica Municipal (EEM), figura de ordenamento do território que
integra áreas com valor ecológico, estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 380/99 de 22 de
Setembro; iii. as infra-estruturas verdes; iv. a engenharia natural; v. e, os sistemas de
aproveitamento de águas pluviais (SAAP).
No atual momento, em que é de crucial importância adaptar as nossas cidades e fornecer-lhes
uma maior resiliência às alterações climáticas, a adopção de uma abordagem de naturalização
e otimização do ciclo da água faz todo o sentido. Esta abordagem, que se carateriza por uma
grande versatilidade na sua aplicação, nomeadamente em termos de escala (desde o lote de
construção até a uma cidade) como ao nível da fase de vida do projeto (a integração desta
abordagem no planeamento urbano pode ser feita numa fase inicial de projeto urbanístico
mas também na requalificação das zonas urbanas), deve ser adotada por todos os
intervenientes, em particular os promotores, os projetistas e os decisores.
Fontes
USEPA, 2013 in http://water.epa.gov/polwaste/green/index.cfm
SEPA, 2013 in
http://www.sepa.org.uk/water/water_regulation/regimes/pollution_control/suds.aspx
WSUD.org, 2013 in http://www.wsud.org/
Healthy Waterways, 2011 in http://waterbydesign.com.au/whatiswsud/
Wong T.H.F, Allen, R., Beringer J., Brown R.R., Deletic A., Fletcher T.D., Gangaharan L., Gernjak
W., Jacob C., O’Loan T., Reeder M., Tapper N., Walsh C. Blueprint 2012 – Stormwater
Management ina Water Sensitive City. Centre for Water Sensitive Cities. March, 2012
Comissão Europeia, 2010 in
http://ec.europa.eu/environment/pubs/pdf/factsheets/green_infra/pt.pdf
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Contactos:
TTerra – Engenharia e Ambiente, Lda.
Morada: Rua Gil Vicente 193, 1º C | 2775-198 Parede (Cascais)
Telefone: 214 537 349 | 211 571 771
Fax: 210 134 553
Telemóvel: 960 209 403
e-mail: [email protected] | [email protected]
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