Arquivo Siqueira Castro - Advogados Fonte: Dra. Cláudia Brum Monthé Seção: Tribunal Decisão foi tomada devido aos problemas não solucionados Tribunal Superior do Trabalho determina auditoria no TRT do Rio de Janeiro no sistema de Processo Judicial Eletrônico. TRT admite falha POR ALESSANDRO LO-BIANCO RIO — O Tribunal Superior do Trabalho determinou, na tarde desta sexta-feira, que seja realizada uma auditoria no sistema do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, para que seja apurado e solucionado um problema que vem prejudicando juízes, advogados e a população: desde 2013, o sistema de acesso ao Processo Judicial Eletrônico (PJE) tem saído do ar. Segundo os advogados, com o término do processo feito em papel, a ideia era que o novo sistema eletrônico trouxesse agilidade aos trâmites processuais. Entretanto, as falhas no sistema deixaram os processos mais lentos do que na época em que eram feitos apenas no papel. A situação foi agravada após o site do TRT publicar um calendário divulgando os dias em que o sistema não funcionou. O documento registra um número elevado de datas, que vai de janeiro deste ano até o momento, dividido em 12 páginas. Segundo o presidente do Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro, Álvaro Quintão, o sistema chegou a ficar fora do ar por 70 dias úteis, somando quase dois meses em que o TRT não trabalhou. De acordo com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz, que chegou a recorrer em julho ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que as petições sejam eletrônicas e em papel, em especial diante das notórias falhas de segurança do sistema, o TST, além de determinar uma auditoria no sistema, exigiu maior rigor na instalação do sistema em novas varas. — A empresa que fará o diagnóstico já foi contratada. O presidente do TST ainda pediu desculpas aos advogados fluminenses e informou que a solução para o problema será prioridade de sua gestão — disse o presidente da OAB/RJ. Arquivo Siqueira Castro - Advogados A presidência do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região informou que o TRT/RJ está fazendo todos os esforços, juntamente com o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), para solucionar o problema de instabilidade no sistema do PJe-JT. "A instabilidade tem sido provocada pela grande quantidade de acesso simultâneo ao sistema. No Rio de Janeiro, somente no 1º grau, existem mais de 30 mil advogados cadastrados no sistema, quase 250 magistrados, mais dois mil servidores, e contabilizase um total aproximado de 285 mil processos. Em alguns horários, chega-se a três mil acessos ao sistema por minuto. Esse volume considerável tem sobrecarregado o sistema como um todo, provocando sua queda nos momentos de pico. As equipes técnicas do CSJT e do TRT/RJ estão trabalhando em conjunto, dedicadas exclusivamente a solucionar o problema. O objetivo no momento é realizar um ajuste fino na aplicação com o intuito de otimizar as consultas e as rotinas, melhorando o tempo de resposta e aliviando a sobrecarga no sistema. Anteriormente tal medida não era necessária, pois não havia um volume tão grande de processos e concorrente de acessos", alegou o órgão. A Coordenadoria Nacional do PJe-JT, representada pelas magistradas Ana Paula Pellegrina Lockmann e Gisela Ávila Lutz, reforçaram que está atuando diretamente na busca de soluções e medidas para garantir com rapidez a estabilização plena do sistema. Ainda segundo o órgão, “a presidência do TRT/RJ compreende os percalços para os usuários externos do PJe-JT, decorrentes da intermitência do sistema, e reitera seu total comprometimento na busca da solução dos problemas de forma definitiva". De acordo com a advogada trabalhista Claudia Brum Mothé, do escritório Siqueira Castros - Advogados, é hora de a Justiça reconhecer que não tem condições ainda de implantar o sistema eletrônico e voltar com o papel, para que advogados e partes do processo não continuem a serem lesados. — Esse sistema, em tese, seria uma ferramenta excelente porque possibilitaria o advogado, via internet, protocolar petições, juntar documentos, apresentar sua defesa, dentre outras ações, de qualquer lugar do mundo bastando apenas acessar a internet. Entretanto, desde que foi implementado, ele vem apresentando problemas diários, como o sistema fora do ar, acesso negado, entre outros. Com isso, advogados não estão Arquivo Siqueira Castro - Advogados conseguindo cumprir prazos estipulados pela própria Justiça, com risco de os juízes não aceitarem protocolos físicos, o que implica risco para o cumprimento de prazos. O sistema, deste jeito, não faz sentido. A OAB tem atuado bastante neste caso, mas o problema persiste. Agora então que terminou a Copa, está praticamente fora do ar todos os dias. É um problema muito grave. Está na hora de a Justiça reconhecer as falhas, dar dois passinhos para trás e voltar ao papel até, realmente, ter condições de implementar um sistema deste porte — considerou a advogada. Para o advogado Bruno Cariello, do escritório Pinaud Neto Advogados Associados, as dores de cabeça aumentaram com a implantação do novo sistema. — Com o sistema fora do ar, nada acontece: nem audiências, nem cumprimento de prazos. E o pior, os processos ficam parados. As partes ficam sem prestação jurisdicional e os advogados estão tendo prejuízos em seus honorários que dependem do fim das demandas — disse Bruno. O presidente do Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro, Álvaro Quintão, pediu rigor no caso e afirmou que a prestação jurídica no Rio de Janeiro está comprometida enquanto o problema não for solucionado. — Estamos aqui questionando o motivo de um sistema, que deveria funcionar, ter se transformado em um problema grave para a prestação jurídica no Rio de Janeiro. As ações se tornaram mais lentas, os juízes não conseguem trabalhar com esse problema, assim como os advogados, e também as partes que não conseguem ver seus processos chegando ao final. Queremos que o TRT apresente uma solução definitiva. Se o sistema não tem condições de funcionar no Rio de Janeiro, que tenhamos a humildade de voltar ao papel, ao sistema anterior — disse o presidente do sindicato. http://oglobo.globo.com/rio/tribunal-superior-do-trabalho-determina-auditoria-no-trt-do-riode-janeiro-13695875#ixzz3B96QkS4g