XXXV Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia Universidade Federal do Rio Grande do Sul 07 a 09 de abril de 2015, Porto Alegre, RS 40 anos do Programa de Melhoramento Genético de Aveia da UFRGS ESTATURA EM CULTIVARES DE AVEIA BRANCA COM RESISTÊNCIA E SUSCETIBILIDADE AO ACAMAMENTO NAS DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO Lorenzo Ghisleni Arenhardt1, Emilio Ghisleni Arenhardt2, Dionatan Ketzer Krysczun3, Guilherme Arnold4, Constantino José Goi Neto5, Luciano Carlos da Maia6, Antonio Costa de Oliveira7, José Antonio Gonzalez da Silva8 Segundo a CONAB (2015), o sul do Brasil se destaca pela produção da Aveia branca (Avena sativa L.), por proporcionar melhores condições climáticas para seu cultivo, pois essa cultura necessita de temperatura mínimas com altas densidades pluviométricas. A aveia se destaca por suas múltiplas possibilidades de uso, pois ela serve tanto para a alimentação animal quanto para a alimentação humana, por oferecer nutrientes e fibras, principalmente β-glucana que ajuda no combate do colesterol LDL (DE FRANCISCO, 2002; CRESTANI et. al. 2010). A deficiência no suprimento de nitrogênio pode comprometer os processos de crescimento e desenvolvimento das plantas, e as aplicações eficientes de nitrogênio estão relacionadas às condições de ambiente pela variação de clima e manejo (CAZETTA et al, 2007). Em muitas regiões produtoras de grãos no estado do Rio Grande do Sul, tem se verificado nas lavouras de aveia branca crescentes problemas de acamamento. De forma geral, as cultivares não evidenciam elevada resistência, e quando absorvem grandes quantidades de nitrogênio se verifica a elevação da estatura de planta acompanhada pela maior fragilidade do colmo (MARTINS et al., 2009; MATTER et al., 2009). Embora exista a tendência do acamamento em plantas com maior estatura, nem todos os genótipos altos são aqueles mais suscetíveis (TRIPATHI et al., 2003), A interação entre clima e o uso do nitrogênio resultam em variações de ano para ano na produtividade de grãos, sendo a disponibilidade hídrica o fator mais decisivo (BENIN et al., 2012). Alguns trabalhos apresentam resultados demonstrando a existência de interação genótipo e nitrogênio. Portanto, com a elevação de doses crescentes de nitrogênio em cobertura, geralmente são observadas elevações crescente da estatura (ALFONSO, 2004; MARTINS et al., 2009). O uso de altas doses de N pode resultar no aumento da estatura das plantas, com consequente acamamento que, quando ocorre na fase de enchimento dos grãos, limita a translocação de carboidratos nas plantas, diminuindo a qualidade dos grãos (RODRIGUES et al. 2003). Todavia, a máxima exploração do potencial genético de uma cultivar está relacionada ao melhor aproveitamento dos estímulos ambientais, sugerindo que o ajuste da dose e da condição de adubação se traduz numa eficiente alternativa em promover à produtividade vegetal (KRÜGER et al., 2011). A estatura de plantas foi a característica mais associada com o acamamento, sendo a característica alvo de inumeráveis programas de melhoramento em todo o mundo, Pela possibilidade de seleção indireta de plantas resistentes (KELLER et al., 1999). No entanto, condições nem sempre são observadas nos genótipos avaliados pelos programas de melhoramento genéticos brasileiros. O objetivo do estudo busca analisar o comportamento de genótipos de aveia branca resistente e suscetíveis ao acamamento quanto a expressão da estatura de planta em distintas condições de uso do nitrogênio no município de Augusto Pestana, RS. Para a realização do estudo, foram utilizadas oito cultivares de aveia branca recomendadas para a semeadura na região sul do país, sendo divididas em dois grupos com 1 Bolsista de Iniciação Científica, DEAg/UNIJUÍ. E-mail: [email protected] Eng. Agr. Integrado do projeto de pesquisa em aveia, DEAg/UNIJUÍ. E-mail: [email protected] 3 Bolsista de Iniciação Científica, DEAg/UNIJUÍ. E-mail: [email protected] 4 Bolsista de Iniciação Científica, DEAg/UNIJUÍ. E-mail: [email protected] 5 Bolsista de Iniciação Científica, DEAg/UNIJUÍ. E-mail: [email protected] 6 Professor Orientador, Departamento de Fitotecnia da Agronomia, FAEM/UFPel . E-mail: [email protected] 7 Professor Orientador, Departamento de Fitotecnia da Agronomia, FAEM/UFPel. E-mail: [email protected] 8 Professor Orientador, Departamento de Estudos Agrários/ DEAg/UNIJUÍ. E-mail: [email protected] 2 quatro cultivares cada. No grupo suscetível ao acamamento são identificadas as cultivares FAEM Carlasul, URS Corona, URS Guria e IAC 7, já no grupo resistente estão as cultivares Brisasul, URS FapaSlava, UPFA Ouro e URS Taura. Essas oito cultivares foram selecionadas de acordo com o elevado potencial de rendimento de grãos e da resistência e suscetibilidade ao acamamento dos resultados da análise conjunta dos ensaios da Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia (CBPA). Os experimentos foram realizados nos anos agrícolas de 2013 e 2014, no IRDeR (Instituto Regional de Desenvolvimento Rural), pertencente ao Departamento de Estudos Agrários (DEAg) da Unijuí, localizado no município de Augusto Pestana, RS. E o solo sendo classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico Típico (SANTOS et al., 2006) Foi utilizada três doses de nitrogênio 30, 90 e 150 kg de N ha-1, em um único sistema, milho/aveia, e cada unidade experimental (parcela) foi constituída por cinco linhas de 5,0 m de comprimento espaçadas em 0,20 m, totalizando 5,0 m2. A semeadura feita foi de 350 sementes viáveis por metro quadrado de área. Os ensaios foram conduzidos em delineamento experimental de blocos ao acaso com quatro repetições, seguindo um modelo fatorial simples 3x8, abrangendo as três doses de nitrogênio e as oito cultivares de aveia, totalizando 96 parcelas ano de estudo. A colheita para a estimativa da produtividade de grãos ocorreu de forma manual pelo corte das três linhas centrais de cada parcela, que após, foram trilhadas com colheitadeira estacionária. A análise da estatura de planta foi proveniente da média da de três plantas aleatoriamente avaliadas na parcela. Com base no comportamento médio das cultivares no conjunto de ambientes, foi efetuado o agrupamento de médias pelo teste de Scott & Knott (1974) a 5% de probabilidade de erro. Ressalta-se que na anova tanto as fontes de variação cultivar como doses de nitrogênio foram definidas como de efeitos fixos. A partir disso, foram realizadas equações lineares visando determinar o comportamento de cada genótipo por ano. Para estas determinações foi utilizado o programa computacional GENES (CRUZ, 2006). Na tabela 1 foi detectada apenas a existência de interação significativa entre fatores ano e cultivar sobre o caráter. Portanto, apesar das contribuições das condições de ambiente atribuídas pelas doses de nitrogênio e do potencial genético das cultivares, as características do ano promoveram maior efeito sobre a expressão fenotípica das cultivares. Foi observado na tabela 2, um comportamento similar entre as cultivares de aveia, destacando um incremento de 0,07 cm por quilo de nitrogênio aplicado em cobertura. Por outro lado, nas diferenças na expressão da estatura de planta houve diferenças entre os genótipos em cada ano de cultivo. Embora as diferenças entre anos sejam visíveis, os genótipos Brisasul, URS Taura e URS FapaSlava foram as que evidenciaram menor estatura de plantas. No contexto geral destaca-se as cultivares Brisasul, URS Taura e URS FapaSlava que evidenciaram a menor estatura nos anos de estudos. Referências: ALFONSO, C.W. Características biométricas de colmos e raízes de plantas de cevada e aveia relacionadas à suscetibilidade ao acamamento. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2004. 112f. BENIN, G. et al. Agronomic performance of wheat cultivars in response to nitrogen fertilization levels. Acta Scientiarum. Agronomy, Publishing House of the State University of Maringá Press-Eduem. v.34, p.275-283, 2012. CAZETTA, D. A. et al. Resposta de cultivares de trigo e triticale ao nitrogênio no sistema de plantio direto. Científica, Jaboticabal v.35, p.155-165, 2007 CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos: safra 2014/201, quarto levantamento, janeiro 2015/Companhia Nacional de Abastecimento. Brasília: Conab, 2015. Disponível em < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/15_01_09_09_00_21_boletim_graos_janeiro_2 015.pdf>. Acesso em: 04 de março de 2015. CRESTANI, M. et al Conteúdo de β-glucana em cultivares de aveia-branca cultivadas em diferentes ambientes. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.45, n.3, p.261-268, 2010. CRUZ, C. D. Programa Genes: Biometria. Editora UFV. Viçosa (MG). 382p. 2006. DE FRANCISCO, A. et al. Estudo comparativo de cultivares de aveia (Avena sativa L.) do sul do Brasil: Efeito da morfologia do grão no rendimento industrial. 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Porto Alegre: UFRGS, 2009. p.83-85. RODRIGUES, O. et al. Redutores de crescimento. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2003. (Circular técnica, 14). SANTOS, H.G. dos. et al. (Ed.). Sistema brasileiro de classificação de solos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2006. 306p. SCOTT, A. J. et al. A cluster analysis method for grouping means in the analysis of variance. Biometrics, University of Texas at Arlington v.30, p. 507-12, 1974. TRIPATHI, S.C. et al. Growth and morphology of spring wheat (Triticum aestivum L) culms and their association with lodging: effects of genotypes, N levels and ethephon. Field Crops Research, v.84, n.3, p.271-290, 2003. Tabela 1. Resumo da análise de variância do uso do nitrogênio em cultivares de aveia nos anos de cultivo em Augusto Pestana, RS. 2015. Quadrado Médio Fonte de G.L. Estatura Variação (cm) Bloco 3 117 Ano (A) 1 6697* Dose (D) 2 1165* Cultivar (C) 7 626* AxD 2 33ns AxC 7 89* DxC 14 18ns AxDxC 14 30ns Erro 141 31 Total 191 Média Geral 106 C.V. (%) 5,2 * Significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F; ns= Não significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste F; G.L.= Graus de liberdade; C.V.=Coeficiente de Variação. Tabela 2. Média geral e parâmetro de inclinação linear em cultivares de aveia padrões de resistência ao acamamento nos distintos anos de cultivo. 2015. Grupo Estatura (cm) Cultivar Suscetível Brisasul URS Taura URS FapaSlava UPFA Ouro Média FAEM Carlasul URS Corona URS Guria IAC 7 Média R2 P(bix) 2013/2014 0,07x * 107 Resistente Geral bix 2013 A 105 b A 105 b A 109 b A 120 a 110 A 115 a A 112 a A 115 a A 116 a 115 89,9 2014 B 98 b B 95 b B 91 c B 103 a 99 B 107 a B 102 b B 102 b B 100 b 103 * e ns= Significativo e não significativo a 5% de probabilidade de erro pelo teste t, respectivamente; Médias seguidas de mesma ̅= Média Geral; bix= ponto de intersecção; P(bix)= letra minúscula na coluna não diferem entre si a 5% de significância; X probabilidade significativa (*) ou não significativa ( ns); R2 = coeficiente de determinação, em porcentagem.