DEMONSTRAÇÃO DE MECANISMO DE RESISTÊNCIA E DA PRESENÇA DE GENES DIFERENTES DE RESISTÊNCIA A Ramularia areola EM DOIS GENÓTIPOS DO ALGODOEIRO Carla Zandoná Chimatti; Tanara Garcia de Novaes; Maria Paula Nunes; Wilson Paes de Almeida; Ivan Schuster ;Yeshwant Ramchandra Mehta Orientador: Yeshwant Ramchandra Mehta Londrina(PR), setembro/2011 INTRODUÇÃO •A mancha-de-ramularia, causada por Ramularia areola, é uma das doenças de importância econômica para o Brasil. • Sintomas - lesões pequenas (3-4 mm de largura), formato angular bem definido, de coloração branca à amarela com aspecto farináceo. •Fase avançada - lesões necróticas, cor marromescura com clorose severa, folhas caem precocemente, afetando a produção. INTRODUÇÃO •- A doença causa perdas de 30% na produção na região do cerrado (Utiamada et. al., 2003) e de até 75% no Estado de Mato Grosso (Fuzzato et. al., 1999). •- Madagascar e Índia - perdas acima de 60% em algumas safras (Shivankar et. al; 1992). INTRODUÇÃO • Controle da doença: • + 5 aplicações de fungicidas durante o ciclo da cultura; • Uso de cultivares menos suscetíveis Conhecimento sobre as fontes de resistência e o mecanismo de herança de resistência. • Trabalho anterior demonstrou que a herança da resistência do genótipo FMT 02102996 (originário de cruzamento entre Fibermax 966 e uma linhagem da Fundação Mato Grosso-FMT) a R. areola é governada por um gene dominante (Novaes, et al 2011). • Recentemente, a resistência do genótipo CNPA BA 2003-2059 (originário de cruzamento entre [Stoneville 373 X BRS Itaúba] X Delta Opal) a este patógeno foi verificada em casa de vegetação e no campo. OBJETIVO Verificar o mecanismo de resistência do genótipo CNPA BA 2003-2059 e ao mesmo tempo verificar se os genes de resistência de dois genótipos resistentes (CNPA BA 20032059 e FMT 02102996) são mesmos ou diferentes, a fim de auxiliar trabalhos de melhoramento visando desenvolver novas cultivares resistentes a R. areola. METODOLOGIA I – Escolha dos progenitores • CNPA BA 2003-2059 (R) • FMT 02102996 (R) • FMT 701 (S) A B As sementes genéticas dos progenitores foram purificadas até a 2 geração através de inoculação antes de iniciar o cruzamento. METODOLOGIA - HERANÇA II – Cruzamento (Resistente X Suscetível) Retrocruzamento com pai S CNPA-BA 2003-2059 x FMT 701 F1 F1 x FMT 701 RC1F1S Retrocruzamento com pai R F1 x CNPA-BA 2003-2059 F2 RC1F1R METODOLOGIA – GENES DE RESISTÊNCIA III – Cruzamento (Resistente X Resistente) CNPA-BA 2003-2059 x FMT 02102996 F1 F2 METODOLOGIA IV – Condução das populações - Casa de vegetação (20-30 C), vasos 30 cm, solo esterilizado (solo areia e composto); - Sementes de todas as populações, juntamente com os progenitores, foram multiplicadas paralelamente em todas as fases do trabalho para evitar o efeito da idade de sementes na expressão dos sintomas da doença. (Mehta, et al 2002). METODOLOGIA V – Preparo do inóculo - Isolado monospórico de R. areola mais agressivo - (Isolado nº44 proveniente do município de Ipameri-GO (2008), da coleção do IAPAR), foi utilizado em todas as inoculações; Inóculo - 106 conídios/ml. METODOLOGIA VI – Inoculações - Populações segregantes e dos progenitores foram inoculadas aos 25 dias de idade utilizando um pulverizador manual; - Incubadas na câmara de crescimento com umidificador onde permaneceram 48 horas no escuro a temperatura de 21º C e umidade relativa do ar quase100 %; - Casa de vegetação (20 a 30 C). METODOLOGIA VII – Avaliações - Severidade da infecção - 30 dias após a inoculação. Escala visual da área foliar infectada (AFI) entre 0 a 100% em três categorias; onde: 1= Pontuações necróticas sem clorose e sem esporulação cobrindo 0-1% da AFI 2= Pequenas pontuações necróticas sem clorose e sem esporulação cobrindo <5% da AFI 3= manchas tipicamente angulares, com clorose com esporulação, e cobrindo > 5% da AFI •Plantas de categorias 1 e 2 consideradas como resistentes e da categoria 3 como suscetíveis. •Os resultados obtidos foram submetidos ao teste de qui-quadrado. RESULTADOS E DISCUSSÃO I - DEMONSTRAÇÃO DE HERANÇA: Tabela 1. O mecanismo de resistência a Ramularia areola do genótipo CNPA BA- 2003-2059 verificado através de teste de qui-quadrado para o padrão de segregação da severidade de área foliar infectada das populações dos progenitores, da geração F2 e dos retrocruzamentos, envolvendo a cultivar suscetível FMT 701 do algodoeiro (Gossypium hirsutum). Progenitor/ População Reação Foliar** segregante FMT 701 CNPA-BA 2003-2059 F1 F2 RC1F1R RC1F1S Número de indivíduos em cada categoria de infecção* Esperada N° total Razão Observada de teórica indivíduos (R:S) R S R S Χ2 P - S 15 0:1 0 15 0 15 - R 15 1:0 15 0 15 0 - R 35 1:0 35 0 35 0 - Segreg. 406 306 100 304,5 101,5 0,03NS 86,35% R Segreg. 48 48 27 0 21 48 24 0 24 0,75NS 36,65% 3:1 48 1:0 1:1 - *Inoculação realizada em casa de vegetação, nas plântulas de 25 dias de idade, utilizando isolado agressivo no. 44 de R. areola da coleção do IAPAR; ** A reação das plantas foi observada 30 dias após a inoculação utilizando uma escala visual de porcentagem da área foliar infectada (AFI) entre 0 a 100%. Segreg=segregando. NS=não significativo (P=0,5). OBS: Resultados semelhantes foram encontrados por Novaes et al (2011) mostrando resistência monogênica do genótipo FMT 02102996. II - DEMONSTRAÇÃO DA PRESENÇA DE GENES DIFERENTES EM DOIS GENÓTIPOS: Tabela 2. Comprovação da presença de genes diferentes de resistência a Ramularia areola em dois genótipos de algodoeiro (Gossypium hirsutum) verificada através de teste de qui-quadrado para o padrão de segregação da severidade de área foliar infectada das populações dos progenitores e da geração F2, envolvendo cruzamento entre CNPA BA-2003-2059 e FMT 02102996. Genótipo e População Reação Foliar** segregante FMT 02102996*** CNPA-BA 2003-2059 Número de indivíduos em cada categoria de infecção* Observada Esperada Razão N° total de teórica indivíduos R S R S (R:S) Χ2 P R 26 1:0 26 0 26 0 - - R 13 1:0 13 0 13 0 - - F1 R 30 1:0 30 0 30 0 - - F2 Segreg. 348 15:1 319 29 326,25 21,75 2,58NS 10,84 % *Inoculação realizada em casa de vegetação, nas plântulas de 25 dias de idade, com isolado agressivo no. 44 de R. areola da coleção do Iapar; ** A reação das plantas foi observada 30 dias após a inoculação utilizando uma escala visual de porcentagem de área foliar infectada (AFI) entre 0 e 100%. Segreg=segregando. NS=não significativo (P=0,5),***=Resistência desta cultivar é governada por um gene dominante (Novaes et al, 2009). Se os dois genótipos tivessem o mesmo gene de resistência, então todas as plantas F2 deveriam ser resistentes sem segregação. A segregação observada no presente trabalho, demonstra a presença de dois genes independentes com dominância completa em ambos os genótipos. CONCLUSÕES •Os resultados obtidos comprovaram que a resistência de genótipos CNPA BA 2003-2059 e FMT 02102996 do algodoeiro à mancha-de-ramularia (R. areola) é condicionada por genes diferentes. •Tais resultados podem auxiliar o planejamento dos programas de melhoramento genético, visando à piramidação de genes de resistência a R. areola em novas cultivares e ao mesmo tempo constituem informação básica para o início de trabalhos de mapeamento genético de genes de resistência a ser utilizado em melhoramento assistido por marcadores moleculares. •O uso de cultivares resistentes evitará aplicações indiscriminadas de fungicidas, minimizando assim o custo de produção e ao mesmo tempo contribuindo para um cultivo eco-amigável e sustentável do algodoeiro no Brasil. FIM FLUXOGRAMA – PIRAMIDAÇÃO DE GENES Wilson Paes de Almeida F2 Genótipos com resistência a alguns isolados AABB – 1 Genótipo A X Genótipo B AAbb X aaBB AABb – 2 (F1) AaBb (F2) 15:1 (9:6:1) Inocular plantas resistentes com 2º isolado, avaliar e descartar as plantas suscetíveis. Inocular plantas resistentes com 3º isolado, avaliar, descartar as plantas suscetíveis, autofecundar as plantas resistentes. F3 Todas Resistentes AaBB – 2 Inocular com nº 44 = 1:0 Inocular com nº 44, avaliar e descartar as plantas suscetíveis. Vamos tentar fazer isso agora. Mas o frio poderá inviabilizar. Nesse caso, colheria o F2 (planta a planta), 180 plantas e levaria ao MT para inoculação / avaliação. AaBb – 4 Segrega p/ 15:1 AAbb – 1 Todas Resistentes Aabb – 2 Segrega p/ 3:1 aaBB – 1 Todas Resistentes aaBb – 2 Segrega p/ 3:1 aabb – 1 Genótip o F2 AABB AABb AAbb AaBB AaBb Aabb aaBB aaBb aabb Freq. em F2 1/16 2/16 1/16 2/16 4/16 2/16 1/16 2/16 1/16 Não Segrega Fenótipo em F2 Fenótipo em F3 R R R R R R R R S 100% R 100% R 100% R 100% R 15R: 1S 3R:1S 100% R 3R:1S 100% S