UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE BIBLIOTECONOMIA UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS São Luís 2012 LUCIO LAGO LOPES UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do grau de Bachare l em Biblioteconomia. Orientadora: Profª Dra. Aldinar Bottentuit. São Luís 2012 Lopes, Lucio Lago Um estudo sobre o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares de São Luís / Lucio Lago Lopes. ― São Luís, 2012. 63 f. Orientadora: Profª. Dra. A ldinar Bottentuit Monografia (Graduação em Biblioteconomia) ― Curso de Biblioteconomia, Universidade Federal do Maranhão, 2012. 1. Literatura Infantil Maranhense. 2. Bib lioteca Escolar. 3 Leitura. I. Título. CDU 028.5(812.1) LUCIO LAGO LOPES UM ESTUDO SOBRE O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS Monografia apresentada ao Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, para obtenção do grau de Bachare l em Biblioteconomia. Aprovada em / / BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Profª Drª. Aldinar Martins Bottentuit (Orientadora) Doutora em Ciência da Informação Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) __________________________________________________ Profª Ms. Maria Cléa Nunes Mestre em Educação Universidade Federal do Maranhão (UFMA) __________________________________________________ Profª Ms. Rita Gonçalves Marques Portella Ferreira Mestre em Ciência da Informação Universidade de Brasília (UNB) Dedico esse trabalho à minha família, e m especial aos meus pais que me deram a oportunidade universidade. de estudar e chegar à AGRADECIMENTOS Aos meus pais que me forneceram toda ajuda necessária durante a produção desse trabalho. À minha orientadora Aldinar Bottentuit, pela paciência no processo da escrita. A todos os mestres do curso de Biblioteconomia que contribuíram para a minha formação profissional. Ao Prof. Nordson Belo e a bibliotecária Rita Oliveira que prestaram informações importantes para o início da pesquisa de campo. À bibliotecária Cíntia Botelho e Prof. José Neres, por ter fornecido um material bibliográfico crucial na conclusão do estudo. Ao Danilo Santos, auxiliar de Biblioteca Rosa Castro do Serviço Social do Comércio, pela contribuição no levantamento bibliográfico. À bibliotecária Lisiana Bessa Pinto, por ter cedido gentilmente o livro Cazuza de Viriato Corrêa para a exposição oral desse estudo. RESUMO Pesquisa sobre a Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares de São Luís, tendo como enfoque a formação do leitor dessa produção na infância. Objetiva a identificação da existência do incentivo à leitura dessas obras literárias na biblioteca escolar e os fatores que contribuem para essa ação. Visa também levantar os títulos de Literatura Infantil Maranhense presentes no acervo das bibliotecas escolares, bem como avaliar o grau de conhecimento dos sujeitos da pesquisa sobre os escritores e respectivas obras literárias e apresentar ações atua is realizadas para o incentivo à leitura das mesmas nesses espaços. Caracteriza como um estudo exploratório no qual são utilizados a pesquisa bibliográfica e de campo, tendo como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada. Expõe a gênese e as características de Literatura Infantil, bem como os principais representantes desse gênero em âmbito nacional e mundial. Apresentam-se as obras e os escritores maranhenses dessa categoria literária, com base nos estudos de Neres ([2010]), Godinho (1997) e Corrêa (2006; 2008), assim como o enredo de títulos, como “O menino que sonhava” de Gilmar Pereira Santos, “Perseverança” de José Luís Pereira de Jesus e “Olá, amiguinhos” de Dagmar Desterro. Ressalta a importância da leitura literária na infância. Apresenta o conceito e as condições necessárias para tornar a biblioteca escolar como espaço possível de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense, bem como diretrizes e as dinâmicas para o bibliotecário escolar utilizar nas atividades dessa natureza. Infere que a inexistência de um sistema editorial bem estruturado de produção, divulgação e distribuição de livros favorece o baixo conhecimento das obras pelos sujeitos da pesquisa e uma menor inserção de autores maranhenses na formação do leitor, o que acarreta a invisibilidade desses trabalhos literários. Palavras chave: Literatura Infantil Maranhense. Biblioteca Escolar. Leitura. RESUMÉ Recherche sur la Littérature Enfantine du Maranhão aux bibliothèques scolaires de São Luís, en ayant comme point de vue la promotion de la lecture de ces œuvres littéraires dans l’enfance. On a comme but l’identification de l’existence de l’encouragement de la lecture de ces œuvres littéraires dans la bibliothèque scolaire et les facteurs qui contribuent pour cette action. On vise aussi savoir les titres de la Littérature Enfantine du Maranhão présentent au fonds des bibliothèques scolaires, ainsi qu’évalue r le degré de connaissance des sujets de la recherche sur les écrivains et ses respectifs œuvres littéraires et présenter actions actuelles réalisées pour encourager la lecture de ses œuvres dans ces espaces. C’est caractérisé comme une étude exploratoire dans laquelle sont utilisés la recherche bibliographique et exploratoire, en ayant comme instrument de collecte de données l’interview semi-structurée. On expose la genèse et les caractéristiques de la Littérature Enfantine, ainsi que les principaux représentants de ce genre au niveau national et mondial. On montre les œuvres et les écrivains du Maranhão de cette catégorie littéraire, avec base aux études de Neres ([2010]), Godinho (1997) et Corrêa (2006; 2008), et aussi l’intrigue de titres, comme “O menino que sonhava” de Gilmar Pereira Santos, “Perseverança” de José Luís Pereira de Jesus et “Olá, amiguinhos” de Dagmar Desterro. On relève l’importance de la lecture littéraire dans l’enfance. On présente le concept et les conditions nécessaires pour rendre la bibliothèque scolaire comme espace possible d’encouragement de la lecture de la Littérature Enfantine du Maranhão, ainsi que les directives et les dynamiques pour le bibliothécaire scolaire utiliser dans les activités de cette espèce. On aperçoit que l’inexistence d’un système éditorial bien structuré de production, divulgation et distribution de livres augmente la petite connaissance des œuvres pour les sujets de la recherche et une plus petite insertion des auteurs du Maranhão dans la formation du lecteur, ayant comme résultat l’invisibilité de ces études littéraires. Mots-clés : Littérature Enfantine du Maranhão. Bibliothèque scolaire. Lecture. LISTA DE QUADROS Quadro 1 ― Caracterização dos campos......................................................................40 Quadro 2 ― Sujeitos da pesquisa.................................................................................41 Quadro 3 ― Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das escolas da rede pública de ensino............................................................42 Quadro 4 ― Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das escolas da rede privada de ensino............................................................43 Quadro 5 ― Razões para o número reduzido de Literatura Infantil Maranhense no acervo.......................................................................................................45 Quadro 6 ― Relação de obras e escritores de Literatura Infantil Maranhense conhecidos pelos sujeitos da pesquisa.....................................................46 Quadro 7 ― Relatos dos primeiros incentivos à leitura dos sujeitos da pesquisa na infância....................................................................................................47 Quadro 8 ― Acesso a Literatura Infantil Maranhense na infância..............................49 Quadro 9 ― A visão dos sujeitos de pesquisa sobre a biblioteca escolar ser um lugar ideal para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense..........50 Quadro 10 ― Ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar.....................................................................................51 Quadro 11 ― Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar............................................................53 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 09 2 LITERATURA INFANTIL: definição, orige m e caracte rísticas ............................. 14 3 LITERATURA INFANTIL MARANHENSE: obras e representantes ................... 24 4 BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM ESPAÇO POSSÍVEL PARA O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE ...... 31 5 O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS ................................................. 39 5.1 Caracterização dos campos pesquisados ..................................................................... 39 5.2 Sujeitos da pesquisa ...................................................................................................... 41 5.3 Títulos das obras de Literatura Infantil Maranhe nse encontradas nas bibliotecas escolares visitadas.......................................................................................................... 42 5.4 Relatos dos primeiros incentivos à leitura na infância recebidos pelos sujeitos da pesquisa .......................................................................................................................... 46 5.5 A presença da Literatura Infantil Maranhense nos primeiros incentivos à leitura na Infância ..................................................................................................................... 48 5.6 A biblioteca escolar como espaço de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense.................................................................................................................... 49 5.7 Ações atuais de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares ...................................................................................................... 50 5.8 Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense......... 52 6 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 57 APÊNDICES ................................................................................................................... 62 9 1 INTRODUÇÃO O Maranhão é conhecido pela sua diversidade cultural e suas belezas naturais. No campo da Literatura, o Estado possui escritores que são notórios em todo país, como Gonçalves Dias, Aluízio de Azevedo, Ferreira Gullar e Graça Aranha. Entretanto, existem outros autores cuja produção ainda não ultrapassou as fronteiras do território local. Logo, é importante estimular à criança a conhecer e a valorizar essa Literatura, a Música, o Teatro, a Dança, as Artes Visuais e o Cinema feitos por artistas maranhenses, pois, desse modo, ela aprende a não considerar somente o produto cultural gerado nos grandes centros urbanos e disseminado nacionalmente como válido, depreciando o que é produzido na terra natal. Em relação à Literatura Maranhense, se esses estímulos não ocorrem em casa, cabe ao professor e ao bibliotecário a incumbência de apresentá-la à criança. O professor promoverá essa apresentação na sala de aula ou em atividades extraclasse, enquanto o bibliotecário de uma escola fará nas dependências da biblioteca e em outros locais da instituição de ensino, o que não impede de estabelecer parceira com o corpo docente nesse objetivo. A biblioteca escolar é o espaço ideal para incentivar à leitura de Literatura Maranhense nas crianças, porque ela está inserida em uma instituição que visa formar o futuro cidadão de nosso país, bem como possibilita a difusão cultural e de conhecimento por meio dos livros, jornais, revistas e outras fontes de informação. Os livros infantis são instrumentos fundamentais para atingir esse objetivo, porque eles possuem elementos adequados à criança, como a linguagem, as temáticas, etc. Por isso, o promotor de leitura, seja ele bibliotecário ou professor, precisa conhecer os escritores da sua região que produzem Literatura Infantil e utilizar essas obras literárias em atividades de incentivo à leitura, uma vez que se espera, desse modo, formar leitores de Literatura Maranhense. O pesquisador teve a oportunidade de participar de atividades de formação de leitores, ocorridas ao longo da graduação de Biblioteconomia, e percebeu, em algumas destas, a ausência de obras literárias infantis de escritores do Estado. Diante disso, julgou-se necessário responder as seguintes questões: será que existe o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar? De que forma isso ocorre? Q ue fatores contribuem para essa ação? As respostas dessas questões são relevantes, pois, a partir delas, será possível traçar diretrizes para ações de promoção à leitura de textos infantis de autores locais. Isso 10 beneficiará a população do Maranhão, principalmente os escritores, os quais sentirão mais motivados a escrever, cientes de que suas obras estão chegando às mãos do destinatário, a criança. Esse estudo é necessário para o Curso de Biblioteconomia, pois os futuros profissionais dessa área precisam conhecer os fatores que inviabilizam a prática da leitura de obras infantis produzida no Estado, para que tenham subsídios indispensáveis na promoção de ações que visem a mudança da situação atual. Logo, a democratização da leitura não consiste em apenas inserir as crianças no universo mágico da leitura, mas possibilitar à elas o contato a todo tipo de expressão literária direcionada a essa faixa etária, independente da nacionalidade do escritor. Por essa ótica, as ações de estímulo à leitura não pode estar dissociada ao propósito de promover a produção literária de escritores maranhenses na cidade de São Luís. Considera-se que iniciativas, como a inclusão dessas histórias na hora do conto ou a promoção de encontros com o autor e saraus literários, tornam aos olhos da criança a Literatura da sua terra natal visível. Portanto, a identificação da existência do incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares de São Luís e os fatores que contribuem para essa ação constitui o objetivo geral do estudo. A pesquisa teve como objetivos específicos: a) levantar os títulos de Literatura Infantil Maranhense presentes no acervo das bibliotecas escolares; b) avaliar o grau de conhecimento dos sujeitos da pesquisa sobre os escritores e respectivas obras literárias e; c) apresentar ações atuais realizadas para o incentivo à leitura da produção local desse gênero nesses espaços. Com base nos objetivos da pesquisa, o estudo teve o caráter exploratório, pois visa “[...] reunir dados, informações, padrões, ideias ou hipóteses sobre um problema ou questão de pesquisa com pouco ou nenhum estudo anterior. [...]”. (BRAGA, 2007, p.25). O procedimento adotado na primeira etapa do estudo foi a pesquisa bibliográfica que é tão imprescindível no início de qualquer investigação científica, pois ela permite “[...] conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado assunto, tema ou problema.” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.60). Desta forma, as contribuições científicas de Lajolo (2001), Rosemberg (1984), Cardematori (1987), Meireles (1984), Coelho (1981), Godinho (1997), Neres ([2010]), Corrêa (2006), Jouve (2002), Libâneo, Oliveira e Toschi (2006), Sandronni e Machado (1987) e Silva (1998) constituem a fundamentação 11 teórica do estudo. Na segunda etapa, utilizou-se a pesquisa de campo, pois esta favorece o contato direto do pesquisador com a realidade a ser investigada. Adotou-se como universo da pesquisa as 169 escolas da rede pública estadual e municipal de São Luís que constitui a amostra do estudo Diagnóstico das bibliotecas escolares de São Luís 1 , realizada pela professora do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão, Maria Mary Ferreira. É importante frisar que 79,88% dessas 169 escolas pesquisadas possuíam bibliotecas escolares e 34% delas eram dirigidas por professores com carga horária reduzida, ou aposentados que estão impossibilitados de dar aula por problema de saúde, e auxiliares treinados precariamente para o cuidado com os livros. (FERREIRA, 2011). Em relação às escolas privadas, não foi encontrado nenhum dado que fornecesse a quantidade aproximada das instituições que possuem bibliotecas. Torna-se relevante a constituição de uma amostra representativa para que se possa evidenciar o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares em São Luís, identificando os fatores para essa ação, e, concomitantemente, fornecer dados que favoreça a geração de estudos futuros sobre a questão proposta. A amostra representativa desse estudo monográfico é constituída de seis escolas, selecionadas aleatoriamente, divididas em quantidades equivalentes em dois grupos: escolas da rede pública e privada. Os critérios da seleção das escolas foram a presença da biblioteca com funcionamento regular, espaço físico e mobiliário, como estantes, mesas e cadeiras, e a oferta do Ensino Fundamental, especificamente do primeiro ao quinto ano, já que nesse grupo encontra-se o destinatário da Literatura Infantil, a criança. Considerou-se relevante incluir na amostra como sujeitos da pesquisa os bibliotecários e os funcionários, independente de sua escolaridade, que possuem a incumbência de cuidar das bibliotecas destas escolas, identificados no estudo Diagnóstico das bibliotecas escolares de São Luís. Adotou-se a entrevista semiestruturada como instrumento de coleta de dados, tendo em vista que ela permite “[...] a obtenção de descrições detalhados sobre o que se está pesquisando. [...]”. (OLIVEIRA, 2010, p.86). Esse instrumento é adequado à pesquisa, pois possibilita ao pesquisador explorar mais o tema proposto, favorecendo a inclusão de perguntas 1 Realizada no período de junho de 2009 a julho de 2011, co m a equipe formada por alunos da disciplina Unidades de Informação Públicas e Escolares, ministrada pela Pro f. Dra. Mary Ferreira, onde foram adotados métodos quantitativos e qualitativos co m aplicação de questionários e observação direta que permit iu verificar a situação in loco dessas bibliotecas escolares. 12 que não foram previamente elaboradas e, desse modo, obter respostas fided ignas para as questões formuladas. O pesquisador visitou os campos da pesquisa antecipadamente para agendar as entrevistas, assegurou aos entrevistados que as informações coletadas serão utilizadas para fins acadêmicos e garantiu a preservação em sigilo da identidade dos mesmos, bem como das instituições envolvidas, pois essa condição visa conseguir “[...] uma relação mais descontraída e espontânea e, consequentemente, contribuir para a revelação de dados que poderiam comprometer o entrevistado se a sua identidade não fosse protegida. [...]” (PADILHA et al, 2005, p.101). Essa garantia deixou o entrevistado mais seguro para se expressar livremente. As questões da entrevista foram elaboradas com base no referencial teórico e nos objetivos específicos do estudo e aplicou-se in loco no mês de abril de 2012 com a amostra definida. Utilizou-se um gravador portátil para registrar a entrevista, a fim de que se captassem as respostas e digressões dos entrevistados e coletasse dados relevantes para pesquisa. As respostas foram transcritas, categorizadas de acordo com as questões formuladas, codificadas e expostas em quadros e analisadas, relacionando-as com a fundamentação teórica. A abordagem da descrição, explicação e análise do objeto de estudo foi qualitativa, utilizando como complemento alguns dados quantitativos. Após essa explanação da justificativa, objetivos e metodologia adotada, inicia-se o estudo com o capítulo Literatura Infantil: definição, origem e características no qual apresenta-se o conceito de Literatura para subsidiar a definição de Literatura Infantil, na perspectiva de Rosemberg (1984), bem como a gênese dessa modalidade literária, as características que a identificam e a relação de alguns escritores estrangeiros e nacionais e suas respectivas obras. Já no capítulo seguinte Obras e representantes da Literatura Infantil Maranhense é compartilhado, com base nos estudos de Neres ([2010]), Godinho (1997) e Corrêa (2008), a lista de escritores maranhenses e respectivas obras destinadas às crianças, além de expor a dificuldades encontradas por esses profissionais para a publicação dos seus livros, as temáticas abordadas nos mesmos e o enredo de alguns títulos, como “O menino que sonhava” de Gilmar Pereira Santos, “Perseverança” de José Luís Pereira de Jesus e “Olá, amiguinhos” de Dagmar Desterro. Em Biblioteca escolar como um espaço possível para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense, apresenta-se o conceito da leitura na perspectiva de Jouve (2002), delimitando-se a leitura literária a qual é ressaltada a importância do incentivo à 13 mesma. Nesse capítulo, mostra-se a biblioteca escolar como espaço para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense, bem como o conceito, a missão, os requisitos necessários para um espaço físico adequado e a presença do bibliotecário. São expostas também as diretrizes para oportunizar a criança à leitura de Literatura de Infantil Maranhense. No capítulo O incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas escolares de São Luís é apresentado a descrição das bibliotecas visitadas, os sujeitos da pesquisa e os resultados da pesquisa, analisados com base na fundamentação teórica. O estudo é encerrado com as conclusões do pesquisador sobre o tema proposto. 14 2 LITERATURA INFANTIL: definição, origem e características Quando se pensa em Literatura Infantil, é evocado aqueles coloridos e ilustrados livros de poucas páginas, destinados às crianças, com a presença ou ausência de texto, cujo conteúdo possui histórias com mensagens educativas, ora repletas de príncipes, princesas, reis e rainhas, animais que agem como humanos, bruxas e fadas, habitantes de um mundo mágico, ora cheio de temas realistas como a separação dos pais, a inclusão de pessoas especiais, a proteção aos animais, a preservação do meio ambiente, etc. Essa evocação deriva do modelo de livro produzido pelas editoras e disseminado nos catálogos das mesmas o qual possui essa configuração e recebe a classificação de Literatura Infantil. É necessário iniciar um percurso teórico para compreender porque esse modelo de livro recebe a classificação de Literatura Infantil. Antes de apresentar uma definição para esta, precisa-se esclarecer primeiramente o que é Literatura. O termo Literatura é originário do vocábulo latino littera que significa letra. Esse sentido etimológico delineia uma relação indissociável entre a escrita e a Literatura, o que associa esta, inicialmente, ao domínio de línguas clássicas, à erudição, aos conhecimentos gramaticais e linguagens, à exigência de formas fixas e à emoções e sentimentos elevados. Contudo, o conceito de Literatura foi se modificando ao longo dos tempos e hoje, assim como a Arte, a Cultura ou a Liberdade, existem tantas e tão diferentes definições que a adoção de uma, consequentemente, exclui as outras. Logo, as cartas de amor escritas pelo amante para a sua namorada, os poemas divulgados na internet ou guardados em gavetas, pastas, fitas, disquetes, CDs, cadernos e arquivos no computador, as histórias de bruxas e bichos contadas para as crianças antes de dormir, os best-sellers, a Literatura Infantil, as telenovelas, a Música Popular Brasileira, enfim, tudo isso é, não é e pode ser que seja Literatura, dependendo do ponto de vista, do significado que o termo possui e o lugar onde é discutido. (LAJOLO, 2001) É importante lembrar que [...] A literatura precede o alfabeto. Os iletrados possuem a sua literatura. Os povos primitivos, ou quaisquer agrupamentos humanos alheios ainda às disciplina s de ler e escrever, nem por isso deixam de co mpor seus cânticos, suas lendas, suas histórias; e exemplificam sua experiência e sua moral co m provérbios, adivinhações, representações dramát icas – vasta herança literária transmitida. (M EIRELES, 1984, p.94) Com base nessa explanação de ideias, afirma-se que Literatura, sem elucubrações, é toda expressão humana que tem como matéria prima a palavra. Também é um meio de comunicação, pois existe um emissor que elabora uma mensagem utilizando os signos linguísticos como código para o receptor decodificar. Constata-se que o canal pode ser tanto oral, quanto impresso ou eletrônico. 15 Nesse aspecto, o sentido original de Literatura torna-se excludente, pois não reconhece as manifestações literárias de natureza oral. Além disso, em alguns casos, para se criar uma obra artística ultimamente, não se utiliza apenas uma arte, mas a convergência de duas ou mais ao mesmo tempo. O que seria da Música Popular Brasileira sem a poesia? Seria apenas uma música instrumental. Os recursos da pintura são utilizados para compor as ilustrações da maioria dos livros de Literatura Infantil. Com base nessa constatação, afirma-se que as artes são interdependentes. Ademais, cada definição de Literatura existente permite anular ou validar qualquer um dos exemplos apresentados como obras literárias. As pessoas, independente da classe econômica, idade, raça, escolaridade ou religião, considerará literário ou artístico aquilo que corresponda a suas expectativas e aos critérios estabelecidos a partir do conceito de Literatura e Arte que cada um deles têm. Para determinado grupo, aquele texto é considerado Literatura, enquanto para outro pode ser desconsiderado, o que torna subjetivo essa designação. Hoje a Literatura não está mais apenas em livros impressos ou em publicações via editora, mas em formato eletrônico, em blogs e em sites de relacionamentos. Esses meios tecnológicos não anulam o caráter literário das manifestações humanas por meio da palavra. Em todos os exemplos apresentados, identifica-se um denominador comum: o mundo representado na Literatura que, conforme Lajolo (2001, p. 47), “[...] por mais simbólico que seja – nasce da experiência que o escritor tem de sua realidade histórica e social. [...]”. Tudo será fonte de inspiração no momento de criação de um poema ou de uma história para um escritor, seja este o profissional dedicado ao ofício de escrever, seja o homem comum, o pedreiro, o médico ou uma dona de casa. O mundo circundante é uma influência indubitá vel do qual quem escreve não está imune. Gregorin Filho (2009, p.74) reforça que [...] Essas experiências são existenciais, isto é, resultantes das vivências do autor na sua trajetória de vida; e são experiências sociais e cu lturais, po is cada indiv íduo interpreta a vida e as relações humanas de acordo com os elementos que a sua sociedade e a sua cultura proporcionaram [...] Um texto não surge do nada, mas é originário das relações sociais do escritor. Isso justifica que uma notícia de jornal ou um livro didático não serem Literatura, mas todos os exemplos listados receberem essa classificação, porque, nesses últimos, encontra-se a interpretação subjetiva do ser humano sobre o mundo circundante, ao contrário dos primeiros. Portanto, a concepção de Lajolo (2001) favorece a inclusão de todas as formas de Literatura, pois muitas interpretações subjetivas utilizam a palavra como matéria prima e esta não precisa, necessariamente, ser escrita. Nessa perspectiva, considera-se a Literatura Infantil da maneira em que é conhecida, como Literatura, e elimina aquelas discussões infrutíferas nas 16 quais põe o seu caráter literário em questão, devido à predominância da Pedagogia em detrimento a Arte. Em se tratando de prosa narrativa ficcional, a Literatura Infantil é constituída por [...] u ma estória (=argu mento, assunto, fábula, etc.), que resulta de u ma ação (= acontecimentos, fatos, sucessos, situações, etc.) viv ida por personagens (=protagonistas e/ou antagonistas; principais e/ou secundários...) situadas em determinado espaço (=amb iente, cenário, local...) onde se desenvolve a ação e durante o tempo em que esta dura. Tais elementos reais (=objeto da criação) são concretizados pela linguagem literária que os transfigura em corpo verbal ou matéria literária, através de um processo de composição específico. [...] (COELHO, 1981, p.49, grifo do autor) A partir da natureza descrita sobre a obra ficcional, esses elementos não são encontrados apenas na Literatura que a criança ler, mas no que os adultos, adolescentes e idosos leem também. O mesmo ocorre com a poesia, pois, independente do destinatário, as formas literárias possuem a mesma constituição na mensagem, exposta anteriormente. Mas, em que momento a Literatura, de fato, se torna infantil? Segundo Rosemberg (1984, p.30), a Literatura se torna infantil quando ela, na verdade, “[...] passa a constituir gênero específico concomitantemente à diferenciação do ser criança enquanto categoria social, quando é afastada do cotidiano adulto e lhe são criadas necessidades especiais. [...]”. Portanto, para que a Literatura seja infantil, a mensagem precisa rigorosamente obedecer aos requisitos necessários e compatíveis com reconhecimento histórico, científico e social da infância como uma etapa da vida distinta da fase adulta. É importante retroceder no tempo para compreender de que forma ocorreu esse reconhecimento. Segundo Ariès (1981, p.156), Na sociedade medieval, que tomamos co mo ponto de partida, o sentimento da infância não existia – o que não quer dizer que as crianças fossem negligenciadas, abandonadas ou desprezadas. O sentimento da infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças: corresponde à consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem. Essa consciência não existia. Por essa razão, assim que a criança tinha condições de viver sem a solicitude constante de sua mãe ou de sua ama, ela ingressava na sociedade dos adultos e não distinguia mais destes. Torna-se nítido a evolução que a sociedade teve em relação às crianças. Passou-se de um tempo remoto onde não havia nenhuma distinção entre adultos e elas para uma época onde ambos possuem territórios demarcados. Hoje já está consolidado no senso comum e no inconsciente de algumas pessoas o respeito pela infância, pois ainda em pleno século XXI surgem eventualmente no noticiário corrente as denúncias de exploração infantil, maus tratos, abandono de recém nascido e abusos de qualquer tipo em crianças. Ariès (1981) acrescenta que o tratamento recebido pela criança foi paulatinamente 17 modificado a partir do século XVII, à medida que começaram a encará- las como seres imaturos para a vida. Percebe-se que a infância como é conhecida nos últimos séculos foi ignorada durante muito tempo. É importante ressaltar que foi também no século XVII que a Literatura Infantil teve seu início por meio de Charles Perrault. Juntamente com ele, Mme. d’Aulnoy, os Irmãos Grimm e outros coletaram do povo as narrativas que encontraram sob a forma oral para registrá- las por escrito. Contudo, os ancestrais da Literatura Infantil têm suas origens mais remotas nas Índias, nas fábulas usadas por pregadores budistas, o Pantschatantra, antes do século XVI A.C. A ação dessas narrativas exemplares se passa fora dos limites do mundo conhecido e os animais atuam como seres humanos, a ponto de esquecer de que se trata ali de animais. Os contos de Perrault ou dos Irmãos Grimm, antes de serem textos escritos, foram Literatura oral, que durante a Idade Média funcionavam pedagogicamente. A bela adormecida, Chapeuzinho Vermelho e A gata Borralheira ou Cinderela são histórias que estão presentes na coletânea de contos de ambos. Contudo, esses escritores eliminaram a crueldade e violência presente originalmente nesses contos, para que fosse considerada socialmente adequada à criança. (CARVALHO, B., 1984; COELHO, 1981; NOVA, 1998; MEIRELES, 1984, grifo nosso). Logo, muitas características que são encontradas na Literatura Infantil já existiam antes do século XVII. Perrault e Irmãos Grimm tiveram a preocupação de preservar por meio da escrita toda a Literatura que estava em formato oral com o povo e mantiveram o pedagógico já existente nas narrativas, entretanto deram a configuração compatível com a nova condição da criança, recebida a partir do século XVII, de seres imaturos despreparados para a vida e distintos dos adultos. Palo e Oliveira (1986, p.5-6) afirmam que [...] a própria Psicologia de Aprendizagem, que, ao evidenciar as fases para a completa maturação das estruturas de pensamento e de todo o conjunto biopsíquico da criança, acaba por colaborar co m a v isão de “natural” do mínio do adulto, na med ida em que o pensamento infantil ainda não está apto a inferências, abstratas e generalizadoras, de uma mente logicamente controlada. [...] Isso contribuiu para mostrar que a criança encontra-se impossibilitada biologicamente de criar as próprias leis, normas de comportamento, crenças e, por fim, a cultura. Rosemberg (1984) afirma que, diante dessa impossibilidade de adequar a sociedadecentrada- no-adulto à criança, o adulto passa educá- la para que ela atinja o paradigma adulto exigido socialmente. Então, a criança passa aprender por meio da educação formal e informal as leis, as normas de comportamento, as crenças, o conhecimento e, por fim, a cultura criada pelos 18 adultos, para que ela possa estar devidamente apta para o ingresso a fase da vida posterior a infância e adolescência. A Psicologia de Aprendizagem veio contribuir para a sociedade centrada no adulto e consolidar a ideia surgida no século XVII de que as crianças são seres imaturos e, dessa forma, possuem uma mentalidade distinta. Nessas circunstâncias, em relação à Literatura Infantil, Cademartori (1987, p.21), acrescenta que [...]através do adjetivo, particu lariza-se a questão dessa literatura em função do destinatário estipulado: a criança. Desse modo, circunscreve-se o âmbito desse tipo de texto: é escrito para a criança e lido pela criança. Porém, é escrito, empresariado, divulgado e comprado pelo adulto. A especificidade do gênero vem dessa assimetria, sendo que todas as diferenças, tensões e intenções da relação adulto/criança man ifestam-se, também, literatura infantil. Isso é diferente nos outros tipos de Literatura que recebem adjetivos identificando o público alvo a qual supostamente foi destinada, como a Literatura para mulheres ou outros segmentos, a exemplo de grupos étnicos raciais, nos quais ocorre uma comunicação entre um escritor e um leitor adultos, ou seja, não há a obrigatoriedade de transmitir uma mensagem educativa, pois ambos já se encontram com o conjunto biopsíquico formado. Assim como a criança, para que tenha um crescimento físico adequado, são recomendados a prática de esportes, alimentação saudável e outros cuidados, para que ela possua um desenvolvimento psíquico sadio, é necessário não expô- la a um ambiente hostil, a linguagem chula, a atos obscenos, a exibição de violência gratuita, seja em filmes, seja em jogos eletrônicos e, por extensão, a qualquer elemento do mundo dos adultos. Nesse momento, outorga-se à família e à escola essa incumbência. A Literatura Infantil torna-se o meio ideal para auxiliar a criança no desenvolvimento de suas potencialidades naturais e nas várias etapas de amadurecimento que medeiam entre a infância e a idade adulta. Para isso, é preciso equacionar a natureza da matéria literária às faixas etárias correspondentes a cada etapa, e disso resultando a classificação de livros infantis. (COELHO, 1981). A Literatura passa auxiliar o período de desenvolvimento psíquico da criança durante o qual aprende-se a ler, a escrever e a contar e, ao mesmo tempo, a ser humano e a incorporar as regras necessárias para se viver em sociedade. Não se pode esquecer que a Literatura é um meio de comunicação, e, para que esta seja eficiente, deve existir a compatibilidade entre a Literatura e a fase de maturação da estrutura do pensamento em que a criança se encontra. Palo e Oliveira (1986, p.6) justificam a adoção da [...] Pedagogia como meio de adequar o literário às fases do raciocínio infantil, e o liv ro, co mo mais u m p roduto através do qual valores sociais passam a ser veiculados, de modo a criar para mente da criança hábitos associativos que 19 aproximam as situações imaginárias vividas na ficção a conceitos, comportamentos e crenças desejados na vida prática, co m base na verossimilhança que os vincula.[...] A Literatura Infantil não pode destituir-se desse caráter educativo e formador em uma época onde a infância é uma etapa importante da vida das pessoas e, portanto, a família e a escola têm a responsabilidade de fornecer livros que contribuem para a criança se tornar um adulto o qual possa viver em sociedade. Ademais, a Pedagogia que predomina ainda hoje em muitas obras literárias dedicadas para o segmento infantil é a maneira para que esse objetivo seja atingido. Algo deve ser bem enfatizado: a Literatura destinada para as crianças não pode ser constituída em direção contrária a todas essas ações de reconhecimento e proteção à infância. Em virtude disso, para tornar a Literatura adequada a criança, ela adquire as seguintes características as quais são encontradas no modelo de livro que recebe a classificação de Literatura Infantil. Essas características não tornam a leitura desse gênero literário restrita para as crianças. Góes (2010, p.14) lembra que “[...] se destinada especificamente à criança, nada impede (pelo contrário) que possa agradar ao adulto. [...]”. Logo, o fato de possuir uma estrutura à qual os adultos julgam adequados ou próprios ao universo infantil não será impedimento para que pessoas de todas as faixas etárias possam apreciar a Literatura Infantil. O mesmo deve ocorrer com a Literatura para mulheres e outros segmentos, a exemplo de grupos étnicos raciais. Por exemplo, não é porque aquela obra foi, a princípio, destinada ao público feminino que homens não poderão se interessar. Tudo é Literatura, inclusive a infantil, e, com essa perspectiva, será dado prosseguimento ao estudo. A seguir, serão apresentadas as características da Literatura Infantil. A primeira é a natureza do conteúdo a ser fornecido a esse público. Hoje essa preocupação surge constantemente em relação a criança. A classificação indicativa que aparece no início dos programas da televisão aberta no Brasil é um exemplo atual bem emblemático disso. Muitas temáticas que são consideradas socialmente inapropriadas às crianças não são apresentadas a esse segmento. Essa preocupação surge a partir do momento que as crianças são tratadas como seres imaturos e não devem ter contato com nenhum elemento do mundo adulto durante o período da infância. Logo, para escrever livros literários para as crianças, [...] o enunciador (autor) escolhe, entre outros elementos, o seu enunciatário (o possível leitor de sua obra) e, consequentemente, opta por essa ou aquela man ifestação textual, mais ou menos apropriada para u ma criança ler; tudo isso com o objetivo de que o seu texto (bem co m os valores neles contidos) seja aceito tant o pela criança que será a suposta leitora do livro co mo pela p rópria sociedade, já que a 20 maior parte dos livros que os pequenos leem é escolhida por adultos (sejam eles pais, professores ou parentes que buscam p resentear a criança). (GREGORIN FILHO, 2009, p.19) Essa interferência de um adulto em relação à criança, não se encontra apenas no processo de escolha da história que ela quer ler, nem no fornecimento dessa mensagem, mas na produção literária do escritor. Ele já possui inculcada a ideia de infância a qual é desconhecida pela criança e, com base nela, ele elaborará o texto a partir do julgamento do que a sociedade considera apropriada para o segmento infantil atualmente. Em virtude de sua natureza biológica, a criança tem acesso a Literatura Infantil por intermédio do adulto, a quem é atribuída a responsabilidade de que tipo de informação ou texto literário que ela pode ler. Por isso, Gregorin Filho (1990) ressalta que houve uma produção de textos literários para as crianças, nos quais assuntos, como ética e diversidade cultural, estão presentes. Isso ocorreu, segundo o autor, após a inserção dos Temas Transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais, criados a partir da Lei n.9394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece a Lei das Diretrizes e Bases da Educação no Brasil. Logo, os livros com essas temáticas são considerados apropriados às crianças, o que torna evidente a obrigatoriedade de se transmitir uma mensagem educativa que esteja de acordo com os padrões vigentes. Nesse momento, a Literatura Infantil passa a ser um elemento fundamental na educação das crianças, pois, por meio delas, pode-se suscitar discussões e reflexões pertinentes aos temas abordados, além de transmitir normas de comportamento de modo direto. . A linguagem precisa ser correta, simples, fluente, da vivência da criança repleta de recursos sonoros, prosopeias e onomatopeias. (CARVALHO, B., 1984). Acredita-se que o texto torna compreensível e apropriado socialmente para a criança quando o deixa dessa forma. Ademais, não é permitida ao escritor com o público infantil a liberdade verbal e de pensamento que ele teria ao escrever uma obra literária destinada para os adultos. Por isso, a Literatura destinada para as crianças é depurada de tudo que se julga inadequado pela sociedade para essa faixa etária. Vale lembrar que a Literatura Infantil precisa contribuir para o processo da aprendizagem da língua com a qual a criança irá se comunicar, por isso a exigência da linguagem correta. De acordo com Góes (2010, p. 149, grifo nosso), as fábulas, os contos de fadas, os contos maravilhosos, os mitos e as lendas são alguns dos tipos de histórias que predominam na Literatura Infantil, contudo, classificá-las com exatidão não é recomendado em virtude da existência de casos nos quais encontram duas ou mais classificações. 21 Muitos desses tipos de histórias já trazem na sua essência um caráter pedagógico e elementos mágicos que causam fascínio nas pessoas de todas as idades. As histórias nas quais os animais agem como humanos, como foi apresentado inicialmente, é uma característica pertencente às fábulas que são narrações “[...] (de natureza simbólica) de uma situação vivida por animais, que alude a uma situação humana e tem por objetivo transmitir certa moralidade.” (COELHO, 1981, p.77) A fábula é um tipo de narrativa bastante antiga que facilita o propósito de transmitir normas de comportamento e princípios morais para a criança. Contudo, isso não é encontrado só nesse tipo de história, mas também nos contos das fadas os quais ainda atraem atenção de todas as faixas etárias. A fábula não é estritamente pertencente a Literatura Infantil, mas utiliza-se essa forma de narração também na Literatura juvenil e adulta. Outro tipo de história muito conhecida na Literatura Infantil são os contos de fadas. De origem pagã, as fadas são seres que conseguem realizar os sonhos e desejos dos mortais com as suas varinhas mágicas e, ao mesmo tempo, lutam contra opositores que são as bruxas ou bruxos, os gigantes e os seres maléficos. (CARVALHO, B., 1984; COELHO, 1981). Os contos de fadas se caracterizam pela natureza sobrenatural que é uma característica encontrada também nos contos maravilhosos, nos mitos e nas lendas. Nos contos maravilhosos, as histórias acontecem em um espaço fora da realidade onde tudo se resolve por meios sobrenaturais. Isso ocorre nos mitos, entretanto nesse tipo de história existe a finalidade definida a qual é explicar a genealogia dos deuses, o surgimento do mundo e do homem, das forças da natureza. Já as lendas possuem uma particularidade, pois elas são transmitidas e conservadas pela Tradição Oral e estão ligadas ao espaço geográfico e a determinado tempo no qual o maravilhoso e o imaginário sobrepõem ao histórico e o verdadeiro. (COELHO, 1981). Encontram-se nesses tipos de histórias os personagens, habitantes de um mundo mágico, característica apresentada inicialmente a Literatura Infantil. Ainda hoje muitos escritores continuam coletando mitos e lendas da tradição oral para transformá- las em Literatura destinada às crianças. Percebe-se que o gênero textual conto é frequente nas histórias da Literatura Infantil. Segundo Coelho (1981), o conto é ideal para a compreensão ao raciocínio infantil, pois ela se desenvolve concentrado em uma ação central que evolui e se encerra de maneira simples, com poucas ações secundárias e complementares, eliminando a confusão e a proxilidade, presente em outras formas literárias, como romance. O conto é o gênero textual mais adotado pelos escritores ainda hoje, pois ele é um pouco extenso e está compatível com 22 as possibilidades cognitivas da criança pequena. Por isso, a maioria dos livros infantis tem poucas páginas em decorrência da adoção desse gênero textual. Nas histórias para as crianças, encontra-se, segundo Coelho (1981), os personagens-tipo, imutáveis do princípio ao fim e sem profundidade psicológica, e os personagens-caráter, os impulsos ou ações são representativos de padrões morais a que se pretende transmitir. A autora exemplifica os reis, as rainhas, os príncipes e as princesas, as bruxas e as fadas como personagens-tipo, e o Pinóquio, como personagem-caráter. Esses tipos de personagens ainda permanecem presentes na Literatura Infantil atual, pois, desse modo, consegue-se tornar nítido e sem ambiguidades para a criança o que é certo e errado. Os personagens que, ao longo do enredo, possuem atitudes consideradas aceitáveis pela sociedade são recompensados com um final feliz, enquanto os vilões são punidos. Dessa maneira, a criança assimila os valores que são considerados imprescindíveis para se viver na sociedade. Por fim, não se pode esquecer das ilustrações que se encontram nas páginas dos livros infantis. Segundo Sandroni e Machado (1987, p.38), No processo de elaboração da linguagem, antes mesmo que se exprima por meio de palavras, a criança é sensível às imagens. Nesse processo, a imagem tem u m papel primord ial. Apesar de ser u m material semiconcreto e bid imensional, constitui-se numa co municação mais d ireta que o código verbal escrito, representado de forma direta. Os personagens e o universo criado pelo escritor ganha cores e formas graças a adição dos recursos da pintura à Literatura. Percebe-se o quanto as ilustrações encantam os adultos e são fundamentais para despertar o interesse em Literatura nas crianças que ainda não foram alfabetizadas. Embora a criança esteja passando por essas fases de desenvolvimento pleno mental e físico, ela possui a sua forma de compreender o mundo circundante. Ela pode não saber o significado real da ilustração, mas cria um sentido diferente do que está exposto a partir do pensamento intuitivo, a lógica das crianças de dois a sete anos, segundo a teoria piagetiana de desenvolvimento psíquico. Por isso, é fundamental a presença das ilustrações na Literatura Infantil, além de contribuir para o cumprimento da intenção pedagógica do texto. Pode-se citar como obras da Literatura Infantil Mundial as Fábulas de La Fontaine, Contos da Mamãe Gansa de Charles Perrault, Os contos de fadas de Mme.D’Aulnoy e Telêmaco de Fénelon, Pinóquio, do Collodi, Alice no país das Maravilhas Lewis Carrol, O mágico de Oz do Frank Baum, Peter Pan do escocês Jamies Barrie, Contos 23 de Fadas para Crianças e Adultos dos Irmãos Grimm e João e Maria e o Patinho Feio de Andersen. (CARDEMARTORI, 1987; COELHO, 1981) Algumas dessas obras são conhecidas ainda hoje porque receberam adaptações cinematográficas, para televisão e teatro. Além disso, tornaram-se clássicos e referência à Literatura Infantil. No Brasil, Monteiro Lobato é um dos escritores mais importantes na Literatura Infantil e o mais conhecido ainda hoje pelos seus personagens. Segundo Zilberman (2004), ele escreveu o primeiro livro voltado ao público infantil, A menina do Narizinho Arrebitado, em 1921, e o último, Os dozes Trabalhos de Hércules, em 1944. Contudo, ao mencionar personagens como Emilia, Narizinho, Visconde Sabugosa, Pedrinho, Tia Nastácia e Dona Benta, é evocado o sítio do picapau amarelo, o cenário das histórias de Monteiro Lobato. O Menino Maluquinho de Ziraldo, O caneco de prata de João Carlos Marinho, Reizinho mandão de Ruth Rocha, Ou isto ou aquilo de Cecília Meireles, O que é, o que é? de Eva Furnari, Limeliques de Tatiana Belinky são algumas obras e representantes da Literatura Infantil Brasileira. (ABRAMOVICH, 1997) Assim como as obras de Monteiro Lobato, o Menino Maluquinho também recebeu adaptações para o cinema e televisão o que tornou um personagem conhecido. A partir desse momento, será apresentado a Literatura Infantil Maranhense. 24 3 OBRAS E REPRESENTANTES DA LITERATURA INFANTIL MARANHENSE Neres ([2010]) afirma que “A produção maranhense nessa categoria literária é vasta e tem seu terreno ainda pouco explorado em pesquisa de cunho acadêmico, quer em artigos ou ensaios, quer em monografias, dissertações e teses. ” A pesquisa bibliográfica realizada pelo pesquisador sobre o tema ratifica essa afirmação, por isso serão apresentados os escritores que contribuíram para a Literatura Infantil Maranhense, apontados por Corrêa (2006; 2008), Neres ([2010]) e Godinho (1997). A primeira obra destinada ao segmento infantil de um escritor maranhense que se tem conhecimento, segundo Corrêa (2008), foi o Livro do povo, de Antonio Marques Rodrigues, cuja primeira edição foi em 1861. Coelho (1981) atribui a ele o pioneirismo em relação a Literatura Infantil Brasileira e, durante mais de vinte anos, teve várias reedições, em milhares de exemplares. Logo, percebe-se a importância de Antonio Marques para o início da produção de uma Literatura destinada às crianças tanto no Brasil quanto na sua terra natal. Nesse período, Coelho Neto foi um dos escritores que contribuiu para a Literatura Infantil Maranhense, com obras como Contos Pátrios, em parceria com Olavo Bilac, Fabulário, Apólogos, Contos para as crianças e Mystérios do Natal. Contudo, a maior expressão desse gênero, segundo Corrêa (2008), é Viriato Corrêa que publicou em 1938 o seu livro Cazuza. Esse autor possui inúmeras produções infanto-juvenis, como Era uma vez..., Contos da história do Brasil, Varinha de condão, Arca de Noé, No reino da bicharada, Quando Jesus nasceu, A macacada, Os meus bichinhos, História do Brasil para crianças, Meu torrão, Bichos e bichinhos, No país da bicharada, A descoberta do Brasil, História de Caramuru, A bandeira das esmeraldas e As belas histórias da história do Brasil. (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, 2012). Pode-se considerar Antonio Marques, Coelho Neto e Viriato Corrêa os percussores da Literatura Infantil Maranhense. Josué Montello escreveu para o público mirim os livros As aventuras de Calunga, A Cabeça de Ouro, O Carrasco que era Santo, A formiguinha que aprendeu a dançar, A viagem Fantástica e O tesouro de Dom José, O bicho do circo, A viagem fantástica, Conversa do Tio Juca, As três carruagens e outras histórias e o Fofão, Antena e o Vira-Lata inteligente. (CASA..., 2012) Infelizmente as novas gerações não terão acesso a esses textos, porque, segundo Neres ([2010]), esses textos estão fora de edição. Na década de 70, encontra-se a obra Os bichos de céu de Odylo Costa Filho que hoje é pouco conhecido. (NERES, [2010]). Esse fato colaborou para que Godinho (1997, p.70-71) afirmasse que A partir de Josué Montello, não se identificou outros escritores produzindo esse tipo 25 de literatura, o que só vem ocorrer nos anos 80 quando registra -se um tênue renascimento desta forma de expressão literária no Estado com o surgimento de novos autores que atualmente têm demonstrado interesse e dedicação pelo gênero. Logo, precisa-se ter cautela ao afirmar sobre a existência de obras literárias escritas por autores maranhenses dedicadas às crianças, pois não se pode descartar a possibilidade de ter havido a produção de livros literários no Maranhão dessa natureza no período anterior da década de 80. As obras do grupo de novos autores apontados pela Godinho (1997) são: Olá amiguinhos, de Dagmar Desterro, em 1988; em 1992, os livros Perseverança, de José Luís Pereira de Jesus e Búli-búli, de Ubiratan Teixeira; em 1993, O amigo do futuro de Jorge Muce; em 1995, A filha de Pai Francisco de Lenita Estrela de Sá; e Os pássaros não voltam, de João de Deus Vieira Barros; em 1996. Em 1997, foi publicado o primeiro livro de Wilson Marques, Touchê: uma aventura pela cidade dos Azulejos e, em 1999, Touchê: uma aventura em noite de São João. (MARQUES, 2004, p.52) Ademais, Neres ([2010]) afirma que Wilson Marques tornou-se o autor mais destacado nesses últimos anos na publicação de obras literárias infantojuvenis do Estado como, Quem tem medo de Ana Jansen? e Touchê e o segredo da serpente encantada, entre outros. De acordo com Neres ([2010]) e Pinheiro (2010), são exemplos de produção literária atual no Maranhão para as crianças os livros O menino que sonhava de Josemar Pinheiro, Pés no chão, cabeça nas nuvens de Welinton Carvalho, Poesias infantis de Ricardo Caval, Vila Tulipa de Talita Guimarães, O peão que queria coroar de Nicolau Leitão e O menino que via o além de José Ewerton Neto, O menino e a Lagosta e outras peripécias, A bela amortecida e outros contos, O Camaleão que queria ser gente e outras fábulas, Contos de menino e de menina e de velho também e Canção para dormir e outros contos de Gilmar Pereira, Contos Inocentes de Arlete Nogueira da Cruz, A vida de Benedito Leite para crianças de Dagmar Desterro, Quando eu era pequenino de Wílson Pires Ferro, Comédias para rir e aprender de Josué Costa, A Lagartinha Crisencrise de Lenita Estrela de Sá, São Luís: azulejo e poesia de Antônio Carlos Lima, Ilha do Maranhão de Moisés Matias, Poesias infantis de Ricardo Caval e O Jabuti que falava inglês de Joaquim de Oliveira Gomes. Corrêa (2006) lembra também de Azulejos de Nascimento de Moraes Filho e A Serra do Sincorá e Criancice de Ribamar Feitosa. Percebe-se que Wilson Marques não está sozinho nessa tarefa de contar histórias às crianças. Outros autores maranhenses de renome nacional escreveram para o segmento 26 infantil. É o caso de Ferreira Gullar que, conforme Neres ([2010]), escreveu Um gato chamado Gatinho em 2000 e, cinco anos depois, Dr. Urubu e outras fábulas. Entretanto, na maioria dos casos, a obra circula somente entre parentes e amigos ou fica apenas na primeira edição, o que a torna rara a sua presença nas estantes das bibliotecas e livrarias. Nesse rol, estão as obras Viagem ao mundo da imaginação de Lucas Baldez, Gibi, o menino que não sabia voar de Tácito Borralho, O sumiço do Rei de Lio Ribeiro e Juliana de Suely Moura de Oliveira. (NERES, [2010]) Isso é reflexo da falta de uma política editorial, incentivo e apoio financeiro para os autores e ausência de uma editora com a linha editorial para o público infantil. O escritor Wilson Marques afirmou que hoje é “melhor do que nos tempos sem internet. Pela rede você pesquisa, faz contatos e divulga seu trabalho através de blogs, sites ou redes de relacionamento.” (MARQUES, 2010) Nos blogs do autor 2 , estão registradas as visitas realizadas pelo escritor nas escolas de São Luís. Dessa forma, W ilson Marques torna as suas obras conhecidas e mostra para as crianças e adolescentes que no Maranhão também existe Literatura Infantil. Não se sabe se os escritores contemporâneos de Wilson Marques utilizam os recursos da internet para divulgar as suas obras literárias, o que seria uma alternativa viável para os tempos atuais. Muitos fatores contribuem para a ausência de reedições e a circulação, em alguns casos, restrita aos parentes dos escritores das obras de Literatura Infantil Maranhense. Marques (2010) denuncia na mesma entrevista que o Maranhão não possui [...] as mínimas condições para que o autor se profissionalize, ou seja, ser capaz de tirar pelo menos parte do seu sustento, de forma digna, co m os frutos do seu trabalho. O mercado editorial (que envolve produção, divulgação e distribuição) é praticamente inexistente. [...] Pode-se identificar que a ausência de um mercado editorial dificulta a promoção da Literatura de modo geral no Maranhão. Carvalho, R. (2009) revela, em sua pesquisa Panorama Editorial em São Luís: 2003-2008 3 , que existem 95 editores no Maranhão, tanto de pessoas jurídicas quanto físicas, o que mostra uma parcela quase insignificante da participação do Estado no quadro de editores brasileiros, os quais totalizam 19.733. Saraiva 2 Blog do Wilson Marques. Disponível em: <http://blogdowilsonmarques.blogspot.com/>. Acesso em: 27 jan. 2012. Blog do Wilson Marques. Link antigo. Disponível em: <http://wilsonmarques.zip.net/>. Acesso em: 27 jan. 2012. 3 Estudo monográfico realizado pelo estudante de Biblioteconomia Roberto Sousa Carvalho, entre setembro de 2008 e maio de 2009 em nove editoras de São Lu ís, nos quais foram utilizados o método da pesquisa oral co m funcionários, gestores, admin istradores, ou pessoas que conhecem o funcionamento das mesmas. O pesquisador traçou um panorama editorial da cidade, tendo como intervalo de tempo 5 anos (2003 -2008). 27 (2008), em seu estudo Editoras e política de publicação em São Luís 4 , acrescenta que das seis editoras pesquisadas em São Luís, em 2008, quatro não tinha m linha editorial nem parque gráfico. Esses fatos mostram a dificuldade de um escritor maranhense publicar o seu livro em sua região, o que leva muitas vezes a produção independente. Além disso, o escritor termina assumindo a responsabilidade de divulgação e distribuição dos livros a qual pertence a uma editora. Isso contribui para que a obra fique na primeira edição ou tenha uma circulação restrita e, ao mesmo tempo, torna a Literatura Maranhense desconhecida pela população do próprio Estado. Deve-se ressaltar que aqueles escritores que não possuem nem condições para realizar uma publicação independente, não encontram outros meios, como concursos literários estaduais, que oportunizem a eles a impressão e divulgação dos próprios livros. A extinção do Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado (SIOGE), em 1994, prejudicou os escritores, pois a gráfica do órgão editava os livros aprovados pelos Planos Editoriais existentes do mesmo, da Secretaria de Cultura do Estado e da Fundação Cultural do Município de São Luís. Em 2007, Joãozinho Ribeiro, o então Secretário da Cultura do Maranhão, preocupado com esse aspecto decadente, criou um novo Plano Editorial Prêmio Gonçalves Dias de Literatura que revelou novos escritores. Quase um ano depois, em novembro de 2009, parte dos livros foi lançada, por insistência dos escritores premiados, reclamando dos seus direitos autorais. (BRASIL, A., 2009) O único concurso literário, que chegou em 2011 em sua trigésima quarta edição, foi o Concurso Artístico e Literário Cidade de São Luís, realizado pela Fundação de Cultura, que durante a realização da 5ª Feira do Livro de São Luís divulgou o resultado dos vencedores. (FUNC..., 2011) Diante da ausência de editoras com infraestrutura adequada e linhas editoriais definidas, o Estado poderia compensar esse déficit com a promoção e execução de planos editoriais, mas percebe-se que o mesmo não está interessado em reverter essa situação. Esse desinteresse é evidente na demora que se teve em publicar as obras vencedoras do Plano Editorial Prêmio Gonçalves Dias de Literatura. Além disso, só há o Concurso Artístico e Literário Cidade de São Luís que ainda oportuniza a publicação dos vencedores. Contudo, não consta nesse concurso a categoria Literatura infantil ou infantojuvenil, o que não colabora para que surjam publicações desse gênero. É importante enfatizar que o ideal seria ter editoras com infraestrutura em São Luís. 4 Estudo monográfico descritivo feito pelo estudante de Biblioteconomia Marcelo Werneck de Souza Saraiva, realizado no período de 30 de abril de 2008 a 20 de junho de 2008 em seis editoras. 28 Logo, para que surja editoras que possam publicar livros de autores maranhenses, é imprescindível a existência de um público leitor, pois de que forma as mesmas irão custear a produção de livros sem consumidores? O mais agravante disso é que, segundo dados do Censo demográfico 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATITICA, 2010), a população maranhense possui um baixo rendimento mensal médio total domiciliar de R$ 319, 00, enquanto o número de analfabetos de 15 anos ou mais é alto, com 20,9 %, e elevada proporção de domicílios com saneamento inadequado, com 23 %. O estudo Informação e desigualdade social da professora de Biblioteconomia, Mary Ferreira (2010), revela que dos 125 municípios pesquisados, 40 % possuem bibliotecas públicas funcionando de forma precária, com estrutura física inadequada, acervos defasados e sem bibliotecários. Também foram constatadas somente 15 livrarias nos municípios de São Luís, Caxias, Imperatriz e Codó. Essa realidade traduz o descaso dos poderes da cultura e desenvolvimento social e econômico da sociedade maranhense. Esse cenário é desfavorável para que um escritor maranhense de modo geral sobreviva de sua arte, já que os habitantes do seu Estado não possuem uma renda que favoreça o consumo de livros e nem livrarias suficientes para comprá- los. Percebe-se que a renda dos habitantes do Maranhão está abaixo do atual salário mínimo de R$ 622,00. Além disso, é difícil ter leitores literários em um estado no qual ainda existe uma taxa elevada de analfabetismo e não é oferecido de modo eficiente um conjunto de serviços básicos, como abastecimento de água, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica e coleta de lixo. A precariedade de bibliotecas públicas e o número irrisório de livrarias são reflexos de todos esses indicadores sociais. É importante lembrar que, segundo o Art.215 da Constituição Brasileira, é dever do Estado garantir “[...] a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.” (BRASIL, 2004, p.216, grifo nosso) Em relação à Literatura, esse apoio e incentivo não está sendo garantido, como revela os fatos apresentados, da mesma forma que o pleno exercício e o acesso às fontes da cultura, pois as bibliotecas públicas encontram-se em estado abandono o que irá se acentuar cada vez mais com o decorrer do tempo, a ponto dos serviços serem definitivamente encerrados, caso não seja feito nenhuma interferência. Dessa forma, colaborase para que a população maranhense não leia nem os clássicos da Literatura Mundial e Nacional e, dificilmente, dos escritores do seu Estado. A leitura torna-se o meio imprescindível para que as pessoas conheçam essa produção literária de escritores locais e, para reverter essa realidade, é necessário o incentivo 29 a prática ainda na infância. Para esse fim, a Literatura Infantil Maranhense pode ser utilizada uma vez que ela existe. Desse modo, tendo um público leitor ativo, poderá surgir um mercado editorial mais atuante no Estado. Mas, o que as crianças poderiam descobrir na Literatura Infantil Maranhense? Nas obras publicadas em grande parte na década de 90, a criança encontrará “[...] as lendas, os contos, as histórias e fatos relacionados à gente da terra (seus costumes, seu folclore), que pôr conta da oralidade estão se transformando e até mesmo se perdendo em decorrência da falta de registros e valorização das mesmas” (GODINHO, 1997, p.71). Esses escritores maranhenses tiveram a mesma preocupação tida por Perrault e outros escritores no século XVII em preservar a Literatura oral na forma escrita. Por meio da ficção, a criança não conhece somente essa Literatura resgatada por esses escritores, mas as histórias da sua própria cidade. Neres ([2010]) acrescenta que “A cidade, a natureza e a infância, são alguns dos temas recorrentes nos autores da Literatura infanto-juvenil no Maranhão. [...]” Constata-se que os temas abordados nas obras literárias infantis do Estado não se restringe apenas a lendas de São Luís, como será descrito a seguir: O autor Gilmar Pereira Santos, em seu livro O menino que sonhava, apresenta histórias interessantes e pitorescas da sua terra natal, Penalva. Além disso, ele descreve as paisagens, os lagos, os rios, as ilhas de água doce, bem como as festas, as manifestações folclóricas e populares da sua região de origem e dos municípios de Cajari, Viana, Conceição do Lago-Açu e Matinha. (PINHEIRO, 2010) Percebe-se nessa obra a oportunidade da criança encontrar representadas as características da sua localidade e, por extensão, a sua cultura. Além disso, em algumas histórias, dependendo da realidade em que a criança vive, ela automaticamente se identificará com a personagem da história. Por exemplo, em Perseverança, de José Luís Pereira de Jesus, Rosa, a protagonista do enredo, é uma menina pobre do interior que desejava estudar e vencer obstáculos pelos quais passava sua família. (GODINHO, 1997). Pode-se afirmar que essa história é realista e permanece atual, pois retrata a situação de pobreza, apresentado pelos indicadores sociais dos últimos dez anos, que assola o Estado do Maranhão. Também é uma evidência de que autor sofre influências do meio em que vive ao escrever uma obra literária. A escritora Dagmar Desterro, em sua Olá, amiguinhos, conta a história, em tom moralizante, de Gustavo, Daniele e Carolina que discutem entre si a flexibilidade do sim e do não, presentes no universo adulto. A partir dessa discussão, esses personagens adota m como solução para esse problema a criação de um mundo só para ela s onde os adultos não participam. (GODINHO, 1997.) 30 Isso comprova que a Literatura Infantil não pode destituir-se do caráter pedagógico, pois, dessa forma, não contribuiria para formar pessoas aptas para viver na sociedade. Essas obras apresentadas acima ilustram o conteúdo da Literatura Infantil Maranhense que não difere muito da escrita por autores de renome nacional e mundial. Também, com base nas análises de Godinho (1997) e Neres ([2010]), as histórias produzidas no Maranhão seguem os mesmos moldes da Literatura Infantil: linguagem simples, compreensível à criança; o caráter pedagógico; e, em alguns casos, é encontrado ilustrações. Existem obras que são mais adequadas ao público juvenil, como Cazuza de Viriato Corrêa, pois [...] é u ma obra de crít ica social e de ju lgamento de valores de u ma época já ultrapassada, em termos de ideologia. Olhar crít ico que se deve ao deslocamento/afastamento espácio-temporal do meio interiorano, por parte do autor, que compõe essa sua obra-prima, já adulto, e residente no Rio de Janeiro, recordando, reconstruindo, o menino que vivera no interior do Maranhão. (CORRÊA, 2008) É importante lembrar que a Literatura Infantil deve corresponder com as fases de maturação mental para que a comunicação entre o emissor-receptor seja exitosa. Segundo Piaget (2007), a criança não possui um pensamento formal ou hipotético-dedutivo, característica da adolescência, que possibilita as operações lógicas no plano das idéias, expressas em linguagem qualquer (a linguagem das palavras ou dos símbolos matemáticos etc), sem precisar da percepção ou experiência. A obra Cazuza de Viriato Corrêa precisaria ser adaptada para o raciocínio infantil, a fim de que as crianças possam compreendê- la. Portanto, a biblioteca escolar torna-se um espaço no qual a criança pode receber incentivo à leitura de livros infantis da sua região. Dessa maneira, os bibliotecários podem formar futuros leitores de Literatura Maranhense. 31 4 BIBLIOTECA ESCOLAR COMO UM ESPAÇO POSSÍVEL PARA O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE É importante conhecer a natureza e as implicações que uma atividade pode gerar nas pessoas antes de indicá- la ou incentivá- la, pois esse conhecimento será a explicação para qualquer questionamento que possa surgir. Nesse contexto, se insere o ato de ler o qual deve ser compreendido pelo agente ou mediador da leitura. Logo, será apresentado inicialmente o que é e como se processa a leitura de documentos escritos, na perspectiva de Jouve (2002). Entretanto, dá-se o enfoque para a leitura literária, ou seja, a leitura de narrativas ficcionais, e justifica por que é importante incentivá-la. Após essa explanação, será apresentada, por fim, a biblioteca escolar como espaço de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense e os recursos que podem ser utilizados para essa finalidade. Segundo Jouve (2002), a leitura é uma atividade complexa que engloba cinco dimensões: a) o neurofisiológico: o leitor ativa as diferentes funções do cérebro para perceber e decodificar os signos; b) o cognitivo: o leitor busca entender do que se trata o texto, transformando as palavras em elementos de significação. c) o afetivo: o leitor vivencia diversas emoções suscitadas pelo texto; d) o argumentativo: a intenção de convencer o destinatário está de um modo ou de outro presente em todo texto. Trata-se do leitor acatar ou recusar para si próprio a argumentação desenvolvida; e) o simbólico: o sentido é extraído do contexto cultural que o leitor habita, já que este e o autor – pelo menos na grande maioria dos casos – estão afastados no espaço e tempo; É importante ressaltar que “[...] Para ter acesso ao texto [escrito], é preciso ter acesso ao seu código [...]” (SOLÉ, 1988, p.51). Esse é o requisito indispensável para iniciar e processar a leitura de documentos escritos. Sem conhecer o código, o texto se tornará um enigma que o cérebro não conseguirá decifrar por si só. Entretanto, somente o domínio do código não possibilitará o entendimento do texto, pois haverá situações em que o leitor encontrará palavras desconhecidas ao contexto cultural em que ele vive e consultará imediatamente o dicionário para elucidá- las. Um bom exemplo para esse caso é a leitura de um texto científico de determinada área do conhecimento por um leigo no assunto. 32 As emoções suscitadas no ato de ler podem influenciar no curso da leitura, pois, se o conteúdo não for empolgante ou não corresponder com as expectativas do leitor, este interrompe e não prossegue. Deve-se também considerar o processo cognitivo e a identificação no texto de elementos da realidade do leitor como fatores que contribuem para a desistência ou continuação da leitura, bem como no surgimento do sentido e na aprovação ou discordância nas ideias do autor. Portanto, tentou-se mostrar que essas dimensões que constitui o ato de ler, de modo geral, não ocorrem separadamente e são indissociáveis. É importante lembrar que [...] ler se concretiza tanto por meio de textos escritos (de caráter ficcional ou não) quanto de expressão oral, música, artes plásticas, artes dramáticas ou de situações da realidade objetiva cotidiana (trabalho, lazer, relações afetivas, sociais). Seja o leitor inculto ou erudito, seja qual for a origem do objeto de leitura, tenha ele caráter utilitário, científico, artístico, configure-se co mo produto da cultura folclórica, popular, de massa ou das elites. (MARTINS, 2007, p.65) Essa perspectiva de concepção da leitura está em plena consonância ao século XXI, pois hoje, com as tecnologias da informação e comunicação cada vez mais presentes no cotidiano das pessoas, ela tornou-se uma espécie de passaporte para conhecer à uma gama de informações, seja em forma audiovisual, seja em textos ou imagens estáticas, produzidas a cada milésimo de segundo na internet, além de participar das redes sociais e comunicar-se em chats, microblogs e e-mails. Logo, dificilmente a pessoa irá usufruir de tudo isso, caso esta não saiba ler e não sejam fornecidas condições necessárias, como o acesso ao computador com conexão à rede. Em relação ao material escrito, deve-se frisar que a leitura “[...] passa a ser, então, uma via de acesso à participação do homem nas sociedades letradas, na medida em que permite a entrada e a participação no mundo da escrita [...]” (SILVA, E., 2005, p.63). A leitura permanece sendo o único meio para conhecer as obras literárias, filosóficas, científicas, jornalísticas, publicitárias e de outra natureza. Aqui será abordada apenas a leitura literária, ou seja, a leitura de narrativas ficcionais, por corresponder a temática proposta para o estudo. Agora, é preciso responder: por que é importante incentivar a leitura literária na infância? Para responder essa pergunta, é necessário primeiramente compreender a infância. Piaget (2007) definiu a infância como uma fase q ue inicia a partir dos zero aos doze anos e a adolescência, dos doze em diante. Segundo a teoria piagetiana, durante esse período, o indivíduo se encontra em pleno desenvolvimento mental que ocorre por meio de estágios distintos entre si, identificando a evolução psíquica gradativamente a cada etapa, até atingir o equilíbrio final, a fase adulta. Portanto, as limitações físicas e mentais são superadas 33 ao mesmo tempo, possibilitando assim muitas conquistas. Desse modo, considera-se que a criança está em processo de descoberta do mundo que o cerca dentro das suas possibilidades cognitivas. Parafraseando Silva, E. (2005), a Literatura, em suas diversas formas, aumentaria as possibilidades de conhecer o outro e de se autoconhecer e alargaria as alternativas de ver o mundo. Soares (2008) acrescenta que a leitura literária democratiza o ser humano mostrando o homem e a sociedade em sua complexidade, trazendo para seu universo o estrangeiro, o desigual, o excluído e eliminando barreiras do tempo e de espaço, revelando tempos, lugares, povos e culturas muito além do nosso. Ao ler um romance, o leitor poderá se tornar mais compreensivo e tolerante e menos preconceituoso, pretensioso, presunçoso e alheio às diferenças, bem como encontrar as respostas para os seus problemas pessoais, ao acompanhar a maneira que o personagem resolveu os mesmos. Ele encontrará retratado em um livro literário o contexto cultural que está inserido, desde o vocabulário e as situações dos personagens. Também o leitor terá contato com outras realidades diferentes da qual ele vive e, desse modo, refletirá de como elas poderiam ser melhores se houvesse mudanças. Os romances, os contos, as novelas e os poemas possibilitam conhecer os momentos históricos, os mitos, as lendas e as lutas sociais de diferentes épocas no Brasil e em outros países, os erros cometidos pela humanidade, as pessoas de diversas camadas sociais e índoles, as crenças, os costumes e as paisagens de regiões distantes e inexistentes, pois, segundo Nova (1998, p.23), “[...] o signo lingüístico é então uma das vias de acesso à informação [e à cultura].”. Entretanto, é interessante não só conhecer outras culturas ou povos, mas a própria cultura na qual o leitor está inserido por meio da leitura literária. Nesse c aso, pode-se incluir a Literatura Maranhense onde há a possibilidade de encontrar representado por meio de personagens e histórias a realidade das pessoas do Estado no qual os leitores nasceram e vivem. Percebe-se as inúmeras contribuições que a Literatura pode trazer no desenvolvimento mental da criança, o que já justificaria a importância de se incentivar a leitura na infância. Agora é importante ressaltar que a leitura da palavra escrita não se trata de um ato instintivo, mas uma prática gradativamente adquirida. Portanto, para esse objetivo, recomenda-se, em vez de cartilhas ou manuais, a Literatura ficcional produzida especificamente às crianças e aos jovens, denominada Literatura Infantil e Juvenil, devido ao interesse imediato que esta suscita nelas. A casa, a família e os pais são os primeiros incentivos, enquanto a escola torna-se o local possível. (SANDRONNI; MACHADO, 1987). 34 Entretanto, nesse momento, será apresentado um espaço também ideal para esse objetivo: a biblioteca escolar. É importante primeiramente compreender o que é a escola. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2006, p. 300), A escola é u ma instituição social co m o objet ivo exp lícito: o desenvolvimento das potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos alunos, por meio da aprendizagem dos conteúdos (conhecimento, habilidades, procedimentos, atitudes, valores), para tornarem-se cidadãos participativos na sociedade em que vivem. O objetivo primord ial da escola é, portanto, o ensino e a aprendizagem dos alunos, tarefa a cargo da atividade docente. [...] Percebe-se o quanto é fundamental a criança frequentar esse espaço para adquirir esses conteúdos os quais serão necessários para a vida inteira. Além disso, para que esses objetivos sejam alcançados, é preciso a mobilização de todos os profissionais que compõem essa instituição, principalmente os professores. A biblioteca pode contribuir nesse processo de ensino e aprendizagem, uma vez que ela é [...] u ma co leção de docu mentos bibliográficos (livros, periódicos etc.) e não bibliográficos (gravuras, mapas, filmes, d iscos etc.) organizada e ad min istrada para a formação, consulta e recreação de todo o público ou de determinadas categorias de usuários. [...](A RAÚJO; OLIVEIRA, 2005, p.36) Em tempos de internet, a biblioteca deve ser apresentada ao segmento infantil como uma alternativa imprescindível para obter as diversas informações sobre vários assuntos. Logo, ela não pode jamais estar limitada a uma coleção de materiais que visem dar suporte pedagógico aos alunos. Não se deve esquecer que a biblioteca escolar tem a missão de promover [...] informação e ideias fundamentais para sermos bem sucedidos na sociedade actual, baseada na informação e no conhecimento. A b iblioteca escolar desenvolve os estudantes competências para a aprendizagem ao longo da vida e desenvolve a imaginação, permit indo-lhes tornarem-se cidadãos responsáveis. (FEDERAÇÃ O INTERNACIONA L DE ASSOCIA ÇÕES DE BIBLIOTECAS E INSTITUIÇÕES, 2006) Essa missão só será cumprida se o ambiente da biblioteca for um lugar favorável para isso e oferecer múltiplas possibilidades as quais devem ser vislumbradas pelo usuário mirim, como local de descontração, atividades recreativas e conversas despretensiosas na hora do recreio. Logo, que ações devem ser realizadas para obter esse resultado? Primeiramente, o espaço físico da biblioteca deve ser construído e projetado para esse fim, pois, dessa forma, torna-se um lugar agradável, sinalizado e adequado para alojar o mobiliário, o acervo, bem como a acomodação dos usuários e uma boa organização. (PIMETEL; BERNARDES; SANTANA, 2007) Qualquer biblioteca precisa ter essa infraestrutura para atrair os usuários, independente de qual seja a sua tipologia. Deve-se oferecer aos seus usuários um ambiente atmosférico agradável e 35 adequado ao suprimento das necessidades informacionais de seu público, seja ele, adulto ou infantil, jovem ou idoso. Kotler (1999) nos fala sobre o ambiente atmosférico nas organizações, onde é importante a atenção e o respeito que os funcionários (no caso os bibliotecários) devem fornecer aos leitores. Isso co ntribui, sim, para que estes sintam-se bem e até incentivados e motivados a frequentar, assiduamente, esse espaço e fazer melhor uso dos seus recursos informacionais. Pereira (2006) acrescenta que uma biblioteca bem organizada é, com certeza, o primeiro estímulo para a leitura. Logo, é preciso pensar que esse recinto, além de fornecer o suporte necessário para o processo de ensino e aprendizagem na escola, pode despertar o gosto pela leitura e, nesse contexto, o espaço físico contribui muito para alcançar esse objetivo. Pereira (2006, p. 12) sugere “a utilização de almofadas, pequenos sofás, tapetes ou esteiras, de forma a proporcionar conforto ao leitor em um momento de lazer.” Contudo, é relevante ressaltar que não adianta a biblioteca obedecer todos os critérios necessários para que tenha uma boa infraestrutura, se o espaço não se encontra em funcionamento e os usuários não possuem acesso aos livros. Ademais, para que esse ambiente funcione adequadamente a presença do bibliotecário é indispensável, pois esse profissional está habilitado para, segundo Romani e Borszcz (2006), disponibilizar a informação em qualquer suporte, tratar tecnicamente e desenvolver os recursos informacionais, disseminar a informação com o objetivo de facilitar o acesso e a geração do conhecimento, realizar a difusão cultural e desenvolver as ações educativas. Para isso, é necessária a execução de atividades, como a aquisição e seleção da coleção, registro, classificação, catalogação, indexação, preparo físico para armazenamento e empréstimo dos livros ou qualquer material não bibliográfico. Logo, não é recomendado inserir qualquer profissional ou funcionário sem essas habilidades para atuar na biblioteca, pois esta, caso esse requisito não seja obdecido, pode se transformar em um mero depósito de livros e materiais não bibliográficos. Ademais, a direção da escola e os docentes precisam conceber a biblioteca escolar como um espaço de múltiplas possibilidades as quais deve m ser vislumbradas pelo alunado. Silva, F (2005, p.125) alerta que As atividades do bibliotecário escolar vão muito além do serviço de empréstimo de liv ros e preparo técnico do acervo. Ao utilizar a biblioteca co mo espaço pedagógico, os bibliotecários que trabalham no ambiente escolar podem contribuir significativamente no interesse de jovens e crianças pela leitura. 36 O bibliotecário, juntamente com o corpo docente, pode tornar a biblioteca como um lugar onde a criança comece a apreciar o gosto da leitura, entretanto, para concretizar esse objetivo, deve-se pensar em atividades que oportunize essa prática. A hora do conto torna-se adequado para a formação de leitores infantis, pois é nessa dinâmica que “são contadas histórias por adultos ou pelas próprias crianças, utilizando-se os materiais mais variados, dependendo da criatividade do contador ou de seu relacionamento com o público infantil.” (SANDRONI; MACHADO, 1987, p.36) Pode-se utilizar na hora do conto as mais conhecidas histórias da Literatura mundial e nacional infantil. Para que essa atividade tenha êxito, o bibliotecário precisa conhecer as etapas de maturação mental da criança. Vale lembrar que os alunos da Educação Infantil e dos primeiros anos do Ensino F undamental englobam o período que Piaget (2007) denominou de infância. Logo, esse objetivo será atingido a partir da elaboração de inúmeras dinâmicas nas quais a criança possa cultivar a prática da leitura. Deve-se lembrar que a Literatura, enquanto meio de comunicação, para que seja compreendida, precisa considerar o estágio mental da criança. Coelho (1981) apresenta qual tipo de Literatura é mais adequada para infância: a) Primeira infância: Movimento e Emotividade (dos 15/18 meses aos 3 anos). Nessa fase é mais indicada os livros de imagens (ou álbuns de figuras), pois estes estimulam a percepção visual e motriz dos pequenos. A música e o canto fazem parte da iniciação literária; b) Segunda infância: Fantasia – Imaginação (dos 3 aos 6 anos): nessa fase, os livros mais adequados são os bem ilustrados, cujo significado pode ser sugerido ou completado com textos curtos e elucidativos, pois esta é a fase da consolidação da linguagem, quando as palavras devem corresponder às figuras. Por isso, as ilustrações precisam de realismo. Em relação aos temas, recomenda-se estórias que reproduzam situações familiares, contos de animais, fábulas simples ou os contos maravilhosos onde e xistam castelos encantados, surjam fadas e bruxas e possuem talismãs que resolvem todos os problemas, reis, rainhas, princesas, príncipes que encarnam desejos básicos de amor, poder, lealdade, beleza, etc. Logo, os lugares maravilhosos, os animais que falam e os seres extraordinários detêm o interesse maior do futuro leitor; c) Terceira Infância: Pensamento racional e socialização (7 a 11 anos): São indicados os livros que realçam aventuras cujo sentido seja mostrar a coragem, 37 o desassombro do herói que ameaça a sua ação; desenvolvam situações de mistério onde a inteligência e a afetividade sejam os fatores dinamizadores; e estórias bem humoradas, populares, policiais simples e do cotidiano da criança. Em posse desses procedimentos ao selecionar o livro de Literatura Infantil para a hora do conto, o bibliotecário precisa ter cuidado para não privilegiar sempre apenas os clássicos universais e nacionais em detrimento, principalmente, da produção literária da sua terra natal. É importante citar que “[...] Temos sido levados a pensar que apenas o conhecimento oficialmente ocidental e científico, originado em centros consagrados do saber competente, é válido, útil, confiável [...]” (BRANDÃO, 2008, p.25) Portanto, insere-se, nesse contexto, a Arte de modo geral, incluindo a Literatura, pois julga-se como produtos artísticos de qualidade os produzidos pela indústria cultural, localizada nos grandes centros econômicos do mundo. Entretanto, essa visão pode ser modificada ainda na infância pelos pais, professores e bibliotecários. Por isso, é fundamental o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense para alcançar esse objetivo. Portanto, o bibliotecário escolar, quando for planejar e executar a hora do conto, precisa intercalar os clássicos mundiais e nacionais infantis com os livros desse gênero produzidos no Estado, sem privilegiar os primeiros em detrimento dos segundos, pois, dessa maneira, a criança aprenderá desde cedo que a Literatura produzida por escritores da sua terra natal podem ser tão geniais e belos quanto os trabalhos criados por artistas de diversas nacionalidades ou brasileiros residentes, na maioria, no sudeste do país. Algumas atividades se tornam interessantes para essa perspectiva como: a) Apresentação teatral; b) Encontro com o escritor; c) Saraus literários; d) Concurso de poesia. (PIMENTEL; BERNARDES; SANTANA, 2007) Pressupõe-se que na coleção da escola da biblioteca escolar possua títulos de Literatura Infantil Maranhense, para que essas atividades sejam realizadas. A dificuldade de encontrar essa produção literária em virtude de diversos problemas, como a ausência de um mercado editorial, não pode ser um obstáculo para o bibliotecário em incentivar a leit ura da mesma. Torna-se interessante ainda resgatar obras que não receberam uma segunda edição. Hoje tem-se muitas ferramentas tecnológicas como redes sociais, twitter, blogs nas quais possibilita a postagem anúncios para saber quem poderia ceder um livro de Literatura Infantil para elaborar uma atividade de leitura. Deve-se ter criatividade para vencer 38 e buscar algum um livro de literatura Infantil Maranhense fora de circulação. Para isso, o bibliotecário necessita conhecer a literatura para que ele possa indicar no momento do empréstimo domiciliar ou selecionar o livro ideal para a faixa etária da criança na elaboração de alguma atividade de leitura. Nesse momento, Silva, E. (1998, p.27) ressalta que “Gostar de ler, ou mais do que isso, ter uma paixão pessoal pela literatura – esta me parece ser a característica básica da pessoa que vai comandar uma biblioteca. [...]”. O bibliotecário, antes de tudo, precisar ser leitor, pois o desconhecimento acerca da literatura inviabiliza qualquer iniciativa de incentivo à leitura. Logo, da mesma forma que, para se ter um futuro leitor de a Dostroeviski, Kafka, Machado de Assis e Eça de Queiros, é necessário ler inicialmente os contos de Perrault, Irmãos Grimm, Monteiro Lobato, Ziraldo e Tatiana Berlinky, precisa-se apresentar a criança a Literatura Infantil Maranhense na infância a fim que ela possa apreciar quando adolescente ou adulto Luis Augusto Cassas, Nauro Machado, Gonçalves Dias, Aluiso Azevedo, Víriato Corrêa, José Neres e entre outros. É importante ressaltar que todas essas ações exigem um bibliotecário ativo e leitor. Mesmo com todas as adversidades, esse profissional deve democratizar a leitura literária, de maneira engajada, e contribuir com os objetivos da escola. Amato e Garcia (1998, p.19) enfatiza que “Vários recursos podem ser utilizados para introduzi- la no mundo dos livros: flanelógrafo, quadro de pregas, álbum seriado, cineminha, dramatizações, teatro de sombras, fantoches e outros.” É interessante a adoção desses recursos na hora do conto, principalmente para os alunos da Educação Infantil e o início do ensino fundamental, pois, dessa forma, torna-se a Literatura mais atraente para essa faixa etária. Assim, esse profissional estaria viabilizando o encontro do escritor infantil maranhense e o publico infantil por meio da contação de histórias. Enfim, entende-se que essa mudança poderá contribuir para o surgimento de novos leitores de Literatura Maranhense, oportunizando a convivência com o universo literário de seus autores. 39 5 O INCENTIVO À LEITURA DE LITERATURA INFANTIL MARANHENSE NAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DE SÃO LUÍS Primeiramente, serão caracterizadas, a partir de aspectos, como espaço físico, condições do mobiliário e acervo, as bibliotecas escolares que compõem a amostra da pesquisa. Em seguida, apresenta-se os sujeitos que atuam nelas os quais foram identificados pelo cargo e escolaridade. As bibliotecas e os sujeitos da pesquisa foram simbolizados pelas letras A, B, C, D, E e F para garantir o sigilo em relação a identidade dos entrevistados e instituições pesquisadas. Após essas informações essenciais, inicia-se a exposição de resultados com a lista de títulos das obras de Literatura Infantil Maranhense, encontradas nas bibliotecas visitadas e os relatos dos entrevistados sobre os primeiros incentivos à leitura de modo geral, mostrando posteriormente, se nesse processo, houve a inclusão das obras literárias infantis de autores maranhenses. A exposição é prosseguida com a relação de obras de Literatura Infantil Maranhense conhecida pelos sujeitos da pesquisa, bem como a crença de que a biblioteca escolar pode ser um lugar ideal para o incentivo à leitura desses livros e as ações executadas para esse fim. Encerra-se com as sugestões dos entrevistados de contribuições para o incentivo à leitura desses trabalhos literários. 5.1 A caracterização dos campos É importante conhecer as bibliotecas escolares que compõem a amostra da pesquisa. Segundo Caldeira (2003, p. 48), o espaço físico da biblioteca deve contemplar “[...] salas de estudo individual e de grupos, locais específicos para uso de equipamentos (computadores, gravadores, videocassetes), lugar separado para a coleção infantil e atividades com crianças menores, além de sala de projeções. [...]” Entretanto, foi constatado muitas deficiências na maioria dos campos visitados. Em relação a infraestrutura do ambiente de trabalho desses sujeitos, somente a biblioteca E possui um espaço agradável e aconchegante que possa atrair as visitas espontâneas do alunado, pois as demais possuem poucos atrativos que venham despertar a atenção das crianças, como a ornamentação lúdica. Ademais, as bibliotecas A, B, C e D estão em lugares que não favorecem a realização de atividades de incentivo à leitura, bem como o espaço abrange apenas um compartimento da escola que não possibilita a inclusão de cabines individuais ou a construção de salas de estudo. Embora a biblioteca F possua uma boa infraestrutura, ela possui aspectos mais próximos a biblioteca universitária pela ausência de ornamentação lúdica e atende a todos os níveis oferecidos pela instituição, inclusive o ensino fundamental I (1ª ao 5ª ano). 40 Quadro 1 ― Caracterização dos campos Escolas Rede pública Munici pal de Ensino Ní veis de ensino Bibliotecas escolares Ensino Fundamental Biblioteca A Ensino Fundamental Biblioteca B Ensino Fundamental Biblioteca C Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médi o Biblioteca D Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médi o Biblioteca E Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Superior Biblioteca F Rede pública Es tadual de Ensino Rede pri vada de Ensino Caracterização dos campos Um co mpart imento, co m alguns ventiladores quebrados, ilu minado, alguns objetos do mobiliário, gastos, como as mesas, e estantes de madeira conservadas. Sem ornamentação lúdica. Acervo em boas condições de uso. Encontra-se o armário onde os professores da escola guardam os seus materiais e u m frigobar. Sala de au la adaptada, local quente, ilu minada, mob iliário gasto, ornamentado. O acervo não se encontra devidamente conservado. Sala de au la adaptada, mobiliário gasto com ar condicionado e mu itos livros didáticos de anos anteriores no chão. Acervo com boas condições de uso. A biblioteca teve o espaço reduzido para a imp lantação de um laboratório de informát ica, bem ilu minado, mobiliário conservado. Sem o rnamentação lúdica. Espaço mu ito amplo, mob iliário conservado, bem ilu minado, local com ar condicionado e possui cabines individuais. As atividades de inventivo a leitura são realizadas com regularidade em um espaço da biblioteca. Acervo conservado. Co m ornamentação lúdica. A biblioteca funciona também como bib lioteca escolar, universitária e infantil, ilu minada, cabines individuais, local co m ar condicionado e salas de estudo. Sem ornamentação. Acervo conservado. Fonte: elaborado pelo autor (2012). Nos campos A e C, foram encontrados objetos que não fazem parte do mobiliário de uma biblioteca, como um frigobar, um armário para professores guardarem os seus pertences. Portanto, percebe-se a desvalorização das Secretarias da Educação do Município e Estado, dos gestores e comunidade escolar (professor, coordenador pedagógico e outros profissionais envolvidos) na maioria das bibliotecas das instituições de ensino pesquisadas, exceto a E, pois todas as outras estão bem distantes de uma infraestrutura ideal que possibilite torná- las atraente aos olhos do alunado do Ensino Fundamental I e, ao mesmo tempo, um 41 espaço de incentivo à leitura literária, incluindo a Literatura Infantil Maranhense. Deve-se ressaltar que [...] a bib lioteca escolar não deve ser só um espaço de ação pedagógica, servindo como apoio à construção do conhecimento e de suporte a pesquisas. Deve ser, sim, um espaço perfeito para que todos que nela atuam possam utilizá-la co mo u ma fonte de experiência, exercício da cidadania e formação para toda a vida. (PIM ENTEL; BERNA RDES; SANTANA, 2007, p.25) Essa perspectiva apresentada pelos autores não é levada em consideração pelos gestores das escolas da rede pública de ensino, nem da instituição de ensino privado que reduziu o espaço da biblioteca D para a implantação de um laboratório de informática. Agora é importante conhecer os sujeitos da pesquisa e as bibliotecas nas quais eles atuam para analisar os dados seguintes. 5.2 Sujeitos da pesquisa Em relação aos sujeitos de pesquisa, percebe-se a ausência do bibliotecário nas escolas da Rede Pública de Ensino, pois duas estão sob a responsabilidade de professores isentos de sala de aula e uma encontra-se com um assistente administrativo. Logo, evidenciase, nessas bibliotecas, profissionais que foram deslocados das áreas para as quais a sua formação é destinada e, consequentemente, não estão habilitadas a exercer as funções inerentes ao bibliotecário. Quadro 2 – Sujeitos da pesquisa Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Carg o/ Escolari dade Sujeito A Sujeito B Sujeito C Sujeito D Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito E Sujeito F Professora isenta de sala de aula, graduada em Licenciatura plena em Magistério, pós-graduada em Psicopedagogia. Professora isenta de sala de aula por problemas de saúde, graduada em Pedagogia. Assistente Administrativo, ensino méd io co mpleto. Graduada em Bib lioteconomia. Graduada em Bib lioteconomia e Educação Física, pós-graduação em Gestão da Cultura Graduada em Bib lioteconomia. Fonte: elaborado pelo autor (2012). A maioria dos gestores das escolas privadas não fornece um espaço físico favorável para a execução de atividades de incentivo à leitura em uma biblioteca escolar, embora se observe a presença do bibliotecário, inexistente na rede pública de ensino. Desse modo, a biblioteca termina favorecendo apenas pesquisa escolar, situação que deve ser combatida. Portanto, ressalta-se a importância do profissional bibliotecário criar ou 42 reivindicar uma infraestrutura que possibilite a dinamização do espaço. Apresentados os sujeitos da pesquisa, serão verificados a seguir os títulos que estão no acervo das bibliotecas pesquisadas. 5.3 Os títulos das obras de Literatura Infantil Maranhense encontradas nas bibliotecas escolares visitadas Em todos os acervos dessas bibliotecas, existem os exemplares de pelo menos uma obra de Literatura Infantil Maranhense, alguns destes mal conservados. A maioria da produção literária de Wilson Marques e o livro Cazuza de Viriato Corrêa foram localizados nos campos da pesquisa. Há um exemplar na biblioteca C do título Fofão, antena e vira-lata de Josué Montello que, segundo Neres ([2010]), não foi reeditado até hoje. As obras relevantes da Literatura Infantil Maranhense que consta no estudo de Godinho (1997), bem como as publicações recentes do gênero não foram encontradas nos acervos das bibliotecas da rede pública de ensino. Quadro 3 – Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das escolas da rede pública de ensino. Bibliotecas escolares Munici pal Biblioteca A Rede Pública Títul os das obras de Literatura Infantil Maranhense Touchê e o segredo da serpente encantada Touchê: uma aventura pela cidade dos azulejos Touchê: uma aventura em noite de São João A men ina levada e a serpente encantada Biblioteca B Cazuza Biblioteca C Cazuza A macacada Fofão, antena e vira-lata Es tadual Autor Quanti dade 02 01 Wilson Marques 01 01 Viriato Corrêa Viriato Corrêa Josué Montello 115 23 01 01 Fonte: elaborado pelo autor (2012). Já nas bibliotecas da rede privada, foram encontrados alguns títulos de Wilson Marques, duas obras que não constam nos estudos de Godinho (1997) e Neres ([2010]): Um balãozinho no céu de Gracinha Guerreiro e Caminhando com Paulo/Aprendendo com Biel/Ouvindo com Ritinha e Ouvindo com Vitória de Sharlene Serra. Outra obra recente que não consta nas bibliotecas de escolas públicas é São Luís: Azulejos e poesias de Antonio Carlos Lima. O título Búli búli de Ubiratan Teixeira, publicado na década de 90, foi encontrado somente em uma biblioteca, enquanto as obras Touchê: uma aventura pela “Cidades dos Azulejos” e Touchê: uma aventura em noite de São Luís desse mesmo período de Wilson Marques estão nas coleções da rede privada e na biblioteca escolar 43 do município. Quadro 4 – Relação de títulos de Literatura Infantil Maranhense nas bibliotecas das escolas da rede privada de ensino. Bibliotecas escolares Títul os das obras de Literatura Infantil Maranhense Touchê: uma aventura pela “Cidades dos Azulejos” Touchê: uma aventura em noite de São João Quem tem medo de Ana Jansen? Biblioteca D Touchê e o segredo da serpente encantada A men ina levada e a serpente encantada A frança equinocial e a fundação de São Lu ís Cazuza Touchê: uma aventura em noite de São João Quem tem medo de Ana Jansen? Touchê e o segredo da serpente encantada A lenda do Rei Sebastião e o Touro encantado Rede pri vada Biblioteca E Touchê: uma aventura pela “Cidade dos Azulejos” Touchê e Rafa em A revolta de Beckmann e nos tempos de Pombal Touchê e Rafa em A invasão Francesa de São Lu ís e a Fundação de São Lu ís A men ina levada e a serpente encantada São Lu ís: A zulejos e poesias Um balãozinho no céu Cazuza Búli búli Biblioteca F Autor Quanti dade 01 01 Wilson Marques 01 01 01 01 Viriato Corrêa 01 01 03 02 01 Wilson Marques 03 03 03 03 Antonio Carlos Lima Gracinha Guerreiro Viriato Corrêa Ubiratan Teixeira 03 06 01 01 Quem tem medo de Ana Jansen? 05 Touchê: uma aventura pela “Cidades dos Azulejos” 04 Touchê e o segredo da Serpente encantada Touchê e Rafa em A revolta de Beckmann e nos tempos de Pombal Touchê e Rafa em A invasão Francesa de São Lu ís e a Fundação de São Lu ís Wilson Marques 06 06 02 44 Caminhando com Pau lo Ouvindo com Vitória Aprendendo com Biel Olhando com Rit inha Sharlene Serra 03 02 08 07 Fonte: elaborado pelo autor (2012). Percebe-se, tanto nas bibliotecas de escolas públicas quanto as privadas, que não há uma amostra representativa de títulos clássicos e atuais de livros de Literatura Infantil Maranhense, embora não haja uma diversidade equivalente a Literatura Infantil Nacional. Existe também uma discrepância em relação à quantidade de obras entre as bibliotecas. A biblioteca C possui 115 exemplares de um mesmo título, em contrapartida que a E totaliza 30 livros com títulos de cinco autores diferentes, sem privilegiar apenas uma obra ou escritor. Essa diversidade encontrada na biblioteca E não existem nos demais campos pesquisados. Desse modo, são ofertados ao usuário desses espaços poucos títulos de Literatura Infantil Maranhense. Logo, quando foram solicitadas as razões para a presença desses títulos nos acervos, os entrevistados alegaram, em sua maioria, dificuldade de acesso e informação sobre essas obras literárias. Os entrevistados A e C afirmam que as Secretárias da Educação são responsáveis pela formação de coleção das bibliotecas nas quais eles atuam. Já o sujeito B atribui a falta de informação, sem esclarecer o profissional ou órgão responsável pela composição do acervo. Evidencia-se que os sujeitos da pesquisa da rede pública estão alheios ao processo de formação de coleção, já que não participam do mesmo. É importante lembrar que Um dos grandes obstáculos encontrados pelos escritores maranhenses é a falta de condições de escoamento de sua produção artístico-cultural. Co mo não há u m sistema profissional de produção e de distribuição de livros, o autor torna-se, ao mes mo tempo, escritor, rev isor, editor, patrocinador, divulgador e vendedor dos próprios trabalhos. Funções para as quais nem sempre está preparado ou tem disponibilidade de tempo. Isso faz co m que a algu mas obras de boa qualidade não atinjam o público-alvo. [...] (NERES, [2010]) Isso se torna evidente as razões apresentadas pelos sujeitos D e F que alegaram dificuldade de acesso às obras e as editoras publicadoras, o que denota, como consequência da ausência de um sistema editorial com infraestrutura adequada em São Luís, a falta de catálogos os quais são os instrumentos para seleção de livros no processo de formação de coleção. Esse fato termina contribuindo para o desconhecimento dos autores de Literatura Infantil Maranhense e a invisibilidade da produção desse gênero pelos sujeitos da pesquisa e, por conseguinte, pelo alunado. A inclusão de títulos de Literatura Infantil Maranhense no acervo da biblioteca E é outro fato resultante dessa falta de estrutura editorial no Estado, pois 45 uma aluna teve a tarefa de divulgar o livro, ou seja, assumiu a atribuição de uma editora. Quadro 5 – Razões para o número reduzido de Literatura Infantil Maranhense no acervo Razões para a presença dos títulos de Literatura Infantil Maranhense no acervo Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Sujeito A Sujeito B Sujeito C Sujeito D Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito E Sujeito F Os livros são doações da Secretaria da Educação. Falta de informação. Acred ito que ela precisar ser mais divulgada pelos professores. Esses livros foram doados pela Secretaria da Educação. Atribuo a dificuldade de encontrar editoras que publiquem Literatura Infantil Maranhense. Os livros da escola são sugestões de alunos e professores. Teve um livro de Literatura Infantil Maranhense que foi a aluna que trouxe para escola e nós fizemos o lançamento dele aqui. Desse modo, conseguimos alguns títulos de Literatura Infantil Maranhense. É pouco conhecido de Literatura Infantil Maranhense. Eu atribuo a questão de acesso à essas obras literárias. Fonte: elaborado pelo autor (2012). Nas bibliotecas da rede pública, o ideal seria a presença do bibliotecário que, de fato, realize de forma ativa e sistemática todo processo de formação da coleção, pois os profissionais que se encontram nesses espaços não possuem a capacitação necessária para essa atividade. Alguns títulos encontrados nas bibliotecas constituem a relação de escritores e obras de Literatura Infantil Maranhense, apontados pela maioria dos entrevistados, exceto o sujeito B. Nessa relação, o Wilson Marques foi o escritor mais mencionado e, desse modo, pode considerá- lo o autor mais conhecido entre os pesquisados. Foi citado também os títulos da autora Sharlene Serra e o clássico Cazuza de Viriato Corrêa. Nas respostas dos sujeitos, não se encontra nenhuma obra apresentada no estudo de Godinho (1997), Neres ([2010]) e Corrêa (2006). Essa é mais uma consequência da falta de um sistema editorial que dificulta o acesso à Literatura Infantil Maranhense. Percebe-se o desinteresse dos sujeitos da pesquisa C, D e E em conhecer todos os títulos desse gênero que compõe o acervo das bibliotecas das quais eles atuam. 46 Quadro 6 – Relação de obras e escritores de Literatura In fantil Maranhense conhecidos pelos sujeitos da pesquisa Escritores e obras de Literatura Infantil Maranhense Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Sujeito A Touchê e o segredo da serpente encantada, Touchê: uma aventura pela “Cidade dos Azulejos” e Touchê: uma aventura em noite de São João de Wilson Marques. Sujeito B Não conheço. Sujeito C Cazuza de Viriato Corrêa e Quem tem medo de Ana Jansen de Wilson Marques. Sujeito D Quem tem medo de Ana Jansen, Touchê e o segredo da serpente encantada, Touchê: uma aventura pela “Cidade dos Azulejos” e Touchê: uma aventura em noite de São João de Wilson Marques. Sujeito E Todas as obras de Wilson Marques e o Cazuza do Viriato Corrêa. Sujeito F Caminhando com Paulo, Ouvindo com Vitória, Aprendendo com Biel e Olhando Com Ritinha de Sharlene Serra e Touchê:uma aventura pela “Cidade de Azulejos”, Quem tem medo de Ana Jansen, Touchê e Rafa: a revolta de Beckmann e nos tempo de Pombal, Touchê e o segredo da serpente encantada e Touchê e Rafa em a invasão fancesa e a fundação de São Luís de Wilson Marques. Bibliotecas escolares da rede pri vada Fonte: elaborado pelo autor (2012). O entrevistado B não conhece nenhuma obra literária infantil do Estado, o que pode contribuir para que os 115 exemplares da obra Cazuza de sua biblioteca não seja lido pelo alunado dessa instituição. Esse dado revela também que o sujeito B não sabe que no acervo de sua biblioteca existe esse título do escritor Viriato Corrêa. Agora, é preciso saber se os entrevistados receberam incentivo à leitura e, se nesse processo, foram incluídos Literatura Infantil Maranhense, identificando autores e títulos. 5.4 Relatos dos primeiros incentivos à leitura na infância recebidos pelos sujeitos da pesquisa Segundo Silva (1998), a característica básica da pessoa que vai comandar uma biblioteca é ter paixão pela Literatura. Mas, para isso, é necessário o incentivo à leitura desde a infância para que o profissional possa transmitir o gosto por essa atividade para qualquer pessoa. Logo, foi solicitado aos entrevistados o relato dos primeiros incentivos à leitura, especificando de quem, em que período de sua vida e onde isso ocorreu. 47 Quadro 7 – Relatos dos primeiros incentivos a leitura dos sujeitos da pesquisa na infância Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Incenti vo à leitura na infância Sujeito A Sujeito B Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Sujeito C Sujeito D Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito E Sujeito F Meu pai que gostava de ler me incentivou muito. Me interessava de ler histórias infantis, os clássicos da Literatura Infantil. Eu semp re gostei desde criança. Nasci no interior, parei de estudar umas três vezes por mot ivo de transferência de lugar. Daí, co m vinte e seis anos, eu retomei os meus estudos. A partir do mo mento que eu comecei a trabalhar co mo professora, depois do magistério, fo i que eu passei incentivar os meus alunos e a me incentivar, ao mes mo tempo, a ler. Nunca tive nem na in fância nem na adolescência. Nasci no interior e eu v im para a cidade aos catorze anos. Na escola que eu estudava no ginásio, não tinha biblioteca. Foi aqui trabalhando na biblioteca da escola que eu comecei a gostar de ler. Foi bem no co mecinho da infância, minha mãe é professora. Então eu convivi em meio aos livros, mas antes disso, nossos avós eram contadores de história, então eu não dormia ouvindo uma h istória contada por eles. Eu sempre tive incentivo por parte dos meus pais, comecei mes mo quando criança lendo as histórias de quadrinhos que meu tio me presenteava. Sempre fui incentivada pela minha mãe desde criança. Desde que eu comecei a aprender a ler, recebo incentivo à leitura. Lembro -me de Monteiro Lobato, Pedro Bandeira, Menina do Laço de fita de Ana Maria Machado Fonte: elaborado pelo autor (2012). Pelos relatos apresentados, dos seis entrevistados, quatro receberam incentivo à leitura da infância. A escolaridade e a condição econômica dos pais dos entrevistados são alguns dos fatores determinantes que contribuíram para que os sujeitos B e C se tornassem leitores tardiamente. Nesse momento, é importante frisar que [...] a leitura [da palavra escrita] não é u ma função que nasce e se desenvolve devido a um do m, vocação ou talento de um indiv íduo. Muito pelo contrário: a leitura é uma prática social que, para ser efetivada, depende de determinadas condições objetivas, presentes na sociedade como u m todo. [...] Em outras palavras, u ma pessoa dificilmente vai ler ou conviver co m livros se ela não tiver tempo para o exercício da leitura; acesso a educação formal; poder aquisitivo para co mpra regular de materiais escritos, possibilidades de frequentar u ma rede bem equipada de bibliotecas, que atenda aos seus interesses e necessidades; estímu los para valorizar a leitura co mo u m meio de adquirir conhecimentos etc. [...] (SILVA, 1991, p.120) Os sujeitos B e C revelam que cresceram em um ambiente desfavorável para o fomento à leitura, ao contrário dos demais que foram estimulados pelos pais à leitura por meio da aquisição do objeto a ser lido (livros literários, revistinha de quadrinho). A descoberta pelo gosto da leitura só surgiu nos sujeitos B e C quando começaram a ter contato com os livros, o que reforça ainda mais a importância de se criar um ambiente propício para a prática do ato de 48 ler. Um dado que não pode ser desprezado é a importância da contação de histórias no processo de incentivo à leitura, pois “Escutá- las é o início de aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e compreensão do mundo. [...]” (ABRAMOVICH, 1991, p.16). Com base nessa afirmação, o sujeito D se tornou leitor apenas ouvindo histórias, muito antes de ter contato com os livros, o q ue contribuiu para o seu gosto à leitura. Também não importa se a criança começou a ler livros literários ou gibis, o mais importante é a aquisição do gosto pela leitura. O ambiente onde se deu esses primeiros incentivos do sujeito A, D, E e F não pode ser ignorado, o que ressalta a relevância da família na formação do leitor. Agora, é importante saber se nesses primeiros estímulos a prática da leitura os entrevistados tiveram contato com Literatura Infantil Maranhense. 5.5 A presença da Literatura Infantil Maranhense nos primeiros incentivos à leitura na Infância Quando perguntados se foram incentivados a ler algum livro de Literatura Infantil Maranhense e as razões para esse fato, nenhum dos entrevistados teve acesso a Literatura Infantil Maranhense na infância. Nas respostas dos sujeitos A, C e D, ficou evidenciado que tiveram acesso a Literatura Infantil Maranhense na fase adulta. É interessante notar a presença de livros de Literatura Infantil Maranhense no acervo das bibliotecas onde os sujeitos da pesquisa A e C atuam contribuiu bastante para que eles conhecessem e lessem essas obras. Na década de 70 e 80, com base a Neres ([2010]) e Godinho (1997), foi um período onde poucas obras de Literatura Infantil Maranhense foram publicadas, o que está evidenciado no relato do entrevistado E. A dificuldade de acesso a essa produção é atribuída pelos pesquisados D e F para a ausência de incentivo de Literatura Infantil Maranhense na infância. Evidencia-se, a partir das respostas dos entrevistados, que esse obstáculo do acesso ainda permanece, uma vez que as bibliotecas não oferecem em seu acervo uma amostra representativa de títulos de Literatura Infantil Maranhense. Também constata-se o impacto de fatores externos atribuídos pelos pesquisados A e C para a presença dos títulos nos acervos dos campos visitados, como a doação da Secretaria da Educação enquanto forma de aquisição da coleção das bibliotecas escolares da rede pública, no momento em que eles têm o primeiro contato com a Literatura Infantil Maranhense na fase adulta. 49 Quadro 8 – Acesso a Literatura Infantil Maranhense na infância Acesso a Literatura Infantil Maranhense na infância Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Sujeito A Sujeito B Sujeito C Sujeito D Sujeito E Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito F Não, já na fase adulta, eu li Touchê de Wilson Marques. Depois que cheguei na biblioteca, co mecei a me interessar a ler literatura maranhense Não tive acesso na infância, foi u m período de mu ita dificu ldade, não tive acesso aos livros. Não. Fo i aqui na Biblioteca que eu li o liv ro Cazu za espontaneamente. Nunca tive acesso a literatura infantil maranhense, eu nunca ouvi falar, só vim saber na faculdade Wilson Marques foi o primeiro escritor maranhense de Literatura Infantil Maranhense que tive acesso. Na época em que eu comecei a receber os primeiros incentivos à leitura, na década de 70, não tínhamos escritores maranhenses que escreviam para as crianças. Não me lembro de Literatura Infantil Maranhense. Essa questão da literatura maranhense, anos atrás, não se tinha mu ito acesso, era meio desconhecido, então meus pais não tiveram mu ito acesso. Fonte: elaborado pelo autor (2012). Os entrevistados A e C tiveram acesso aos livros desse gênero que foram disponíveis pela Secretaria da Educação, ou seja, esse órgão não oportunizou a inclusão de títulos diversos da produção literária infantil maranhense nos acervos das bibliotecas pesquisadas. Essa realidade pode ser mudada, pois o incentivo à Literatura Infantil Maranhense pode ocorrer na escola, caso não haja no ambiente familiar. A biblioteca escolar pode ser um espaço ideal para essa mudança. A seguir, será exposto o quê os pesquisados pensam a respeito dessa questão. 5.6 A biblioteca escolar como espaço de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense Os sujeitos que atuam nas bibliotecas escolares acreditam que estas possam ser lugares ideais para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense. O sujeito A e B apontam a frequência de empréstimos e o acesso gratuito a livros como oportunidades para que os usuários possam conhecer a produção literária infantil do Estado. O sujeito C justifica que esse incentivo poderia ocorrer na biblioteca, uma vez que ela está inserida em uma escola engajada na promoção à leitura. 50 Quadro 9 – A v isão dos sujeitos de pesquisa sobre a possibilidade da bib lioteca escolar ser u m lugar ideal para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Sujeito A Sujeito B Bibliotecas escolares da rede pública de Es tado Sujeito C Sujeito D Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito E Sujeito F A bi bli oteca escolar como lugar ideal para o incenti vo à leitura de Literatura Infantil Maranhense Acredito que sim, pois as crianças solicitam mu itos empréstimos de liv ros. Sim, as crianças procuram a b iblioteca para ter acesso aos livros que os pais não podem comprar. Sim, acred ito por que está dentro da escola de onde eles recebem o incentivo à leitura. Sim, porque é u m excelente espaço para despertar a valorização da Literatura Infantil Maranhense nas crianças, com a colaboração dos professores. Sem sombra de dúvida, a bib lioteca escolar é um espaço de incentivo à leitura de literatura de modo geral. Co m certeza, a bib lioteca é u ma área de incentivo à leitura. Fonte: elaborado pelo autor (2012). Não está evidenciado nas respostas dos entrevistados A, B e C o objetivo de uma biblioteca escolar que, segundo Santos (1998, p.101), “é incentivar e disseminar o gosto pela leitura junto às crianças e aos adolescentes, através de material bibliográfico e não bibliográfico, organizado e integrado aos interesses da instituição a que pertence”. Os entrevistados E e F reconhecem esse espaço como local para o alcance desse objetivo, enquanto o sujeito D acrescenta a colaboração dos professores nesse processo. Entretanto, para que isso aconteça, é necessária a inserção dessas obras literárias na coleção, caso contrário, o usuário não terá contato com elas. Torna-se oportuno identificar que ações estão sendo feitas pelos sujeitos para incentivar à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar. 5.7 Ações atuais de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar realizadas As ações realizadas de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense, apresentadas abaixo, ocorreram no ano de 2011 e no início de 2012, exceto na biblioteca A e C, pois ambas estavam em fase de elaboração do planejamento pedagógico desse ano. Logo, nesse caso, considerou-se ações do ano anterior. Apenas os sujeitos B e D relataram que nada está sendo feito em relação à promoção a leitura de Literatura Infantil Maranhense. Os demais entrevistados revelaram ações, como indicação de livros de Literatura Infantil Maranhense na hora do empréstimo 51 domiciliar e a inclusão dos mesmos nos projetos de incentivo à leitura. Quadro 10 – Ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Sujeito A Sujeito B Sujeito C Sujeito D Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito E Sujeito F Ações de incenti vo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na bi bli oteca escolar Sugiro livros de Literatura Infantil Maranhense na hora do empréstimo. Mas eu levo em consideração a idade das crianças, pois às vezes elas podem querer levar u m livro que nem vão entender o que está escrito. Então, incentivo dessa forma e eles leem mes mo. Nada. Só fornecemos os livros solicitados pelos professores de acordo com os projetos que eles estão elaborando na sala de aula. Não fo i incluído Literatura In fantil Maranhense nas solicitações feitas pelos docentes. Indico os livros de Literatura Infantil Maranhense e eles levam. Nada voltado para Literatura In fantil Maranhense, porque sempre acred ito que educação é parceria. Depende da conscientização de cada u m aqui da escola, justamente dos professores. Fizemos relançamentos de Wilson Marques. Incluímos a Literatura Infantil Maranhense no ano passado no projeto de incentivo à leitura Ciranda da Leitura 5 . Propus os livros de Literatura Infantil Maranhense na roda de leitura. No ano passado, nós incluímos os liv ros de Wilson Marques e Sharlene Serra nos projetos de incentivo à leitura. Pro movemos u m encontro com os escritores na biblioteca da escola. Fonte: elaborado pelo autor (2012). Logo, as ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense do sujeito A e C não englobam atividades, como hora do conto, saraus literários, encontros com o escritor e apresentações teatrais. Já os sujeitos E, promoveu os relançamentos de Wilson Marques e, desse modo, o encontro desse escritor com o alunado. O bibliotecário F revelou que está sendo incluídos os livros de Literatura Infantil Maranhense nos projetos de incentivo à leitura da instituição de ensino. Comparando com o quadro 4, percebe-se que somente os escritores cujos livros compõe o acervo da biblioteca do entrevistado F foi promovido. Silva (1998, p.30) lembra que “[...] Sem a participação – ativa e constante – dos 5 A atividade é desenvolvida com os alunos do 2º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, de segunda à quinta -feira, na qual utiliza -se jornais e revistas, poemas e outras fontes de informação para desenvolver o interesse e o gosto pela leitura, tendo como produto final a criação de desenhos, colagem e p inturas. 52 professores, a dinamização da biblioteca escolar dificilmente será viabilizada na prática.”. Logo, as ações dos professores são fundamentais no processo de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense e isso fica muito evidente nas respostas dos sujeitos B e D. Outro fato que deve ser considerado é a iniciativa e o interesse do sujeito E e F em inserir a Literatura Infantil Maranhense nos projetos de incentivo à leitura das instituições nas quais fazem parte. O sujeito B revela, em seu depoimento, que não participa dos projetos de incentivo à leitura os quais ocorrem na sala de aula. Isso evidencia também que os professores dessa instituição não concebem a biblioteca como um espaço de promoção ao ato de ler, por meio de encontro com escritores, a hora do conto, saraus literários e outras atividades. Agora é relevante saber que medidas, sugeridas pelos sujeitos da pesquisa, poderiam ser tomadas para contribuir ao incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense. 5.8 Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense As respostas dos sujeitos A, B e C evidencia um grande problema que atinge as bibliotecas das escolas públicas de São Luís, pois, segundo Ferreira (2012), “A falta de bibliotecário na maioria das bibliotecas escolares levou a maior parte das escolas a improvisar um “funcionário para a biblioteca” que passa a ser visto muito mais como um “guardião”, o qual tem como missão guardar o material bibliográfico. [...]”. Os sujeitos B e C delegam aos professores a iniciativa de incentivar à leitura de Literatura Infantil Maranhense, enquanto a entrevistada A solicita um treinamento para melhorar a sua atuação na biblioteca. Ou seja, essas respostas deixam evidente a resignação desses entrevistados na condição de meros guardiões de livros e responsáveis pelo cumprimento de atividades técnicas, já reveladas em alguns relatos em quadros anteriores, como empréstimo domiciliar e a disponibilização de livros quando solicitados. Também os pesquisados das bibliotecas escolares da rede ensino público desconhecem o profissional bibliotecário o qual está capacitado para atuar nesses espaços. Não constam em nenhum depoimento dos sujeitos A, B e C revindicações de melhorias na infraestrutura das bibliotecas. Já os bibliotecários E e F apresentam sugestões que são de natureza exterior a biblioteca, como doações de livros de Literatura Infantil Maranhense à biblioteca e apoio ao fomento de novos autores. 53 Quadro 11 – Contribuições para o incentivo à leitura de Literatura In fantil Maranhense na Biblioteca Escolar Sujeitos da pes quisa Biblioteca escolar da rede pública do Municí pi o Sujeito A Sujeito B Bibliotecas escolares da rede pública do Es tado Sujeito C Sujeito D Bibliotecas escolares da rede pri vada Sujeito E Sujeito F Contri buições para o i ncenti vo à leitura de Literatura Infantil Maranhense Preparar melhor o au xiliar de biblioteca. Os professores fossem incentivados a ler Literatura Infantil Maranhense, pois a partir dele os alunos se interessariam. Os professores darem incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense aos seus alunos na sala de aula. É necessário parceria entre professores, bibliotecários, coordenadores, em conjunto, para valorizar a questão da Literatura Infantil Maranhense. Por incrível que pareça, eu consultei e pesquisei na internet, lá só me veio os dois escritores maranhenses: Viriato Corrêa e Wilson Marques, pois na verdade a gente queria selecionar umas obras para o projeto de formação do leitor da escola. Eu acho o que está faltando é apoio, pois existem mu itos autores que estão escondidos em seus locais de trabalhos escrevendo e não tem nenhum suporte pra levar para o mercado editorial as suas obras . Doações de livros de Literatura Infantil Maranhense para a biblioteca, pois, dessa forma, o aluno tem acesso a essa literatura. Fonte: elaborado pelo o autor (2012). O sujeito E alerta para algo que Godinho (1997, p.74) já havia denunciado que é [...] a falta de incentivo e inexistência de uma política cultural atenta, que priorize o mais exigente e delicado consumidor: a criança. Parado xo que deixa longe das prateleiras e dos olhares públicos uma volu mosa produção que está mofando nas gavetas, até mesmo de autores já consagrados. É perceptível a iniciativa da entrevistada E em incluir em projetos de incentivo à leitura da escola esses livros infantis escritos por autores locais, entretanto ela se deparou com a falta de divulgação existente na internet. Já o sujeito D reivindica a parceria dos professores e todos os profissionais da escola para a valorização dessa produção literária na biblioteca, pois essa é a justificativa para ausência de ações de incentivo à Literatura Infantil Maranhense. No depoimento da bibliotecária D e E, percebe-se a ausência de iniciativa e predisposição para tornar conhecidas as obras literárias locais para o público infantil. 54 6 CONCLUSÃO Pode-se afirmar, a partir dos resultados da pesquisa, que existem ações de incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense na biblioteca escolar, entretanto isso não ocorre em todas as instituições que compõe a amostra representativa do estudo. É importante frisar que algumas dessas ações acontecem de maneira eventual e sem magnitude, pois elas se restringem a sugestões ou indicações de livros dessa produção literária na hora do empréstimo e atividades esporádicas, como encontro com os escritores e lançamentos de livros renomados do gênero. Logo, muitas publicações locais para o público mirim não constam nos acervos das bibliotecas e nem recebem a divulgação feita pelos bibliotecários nas instituições onde eles atuam. Todos os entrevistados acreditam que a biblioteca escolar é um lugar ideal para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense, apesar da prática de muitos sujeitos da pesquisa, paradoxalmente, não corresponderem com essa crença. O desinteresse em relação à Literatura Infantil Maranhense está nítido na falta de mobilização dos bibliotecários na inclusão de mais obras literárias desse gênero nos acervos de suas bibliotecas, pois sabe-se que, além de Wilson Marques, outros autores escrevem para as crianças, como foi revelado nas pesquisas de Neres ([2010]), Godinho (1997) e Corrêa (2010), embora haja intervalos de tempo nos quais não houve nenhuma publicação. Portanto, alguns fatores que foram identificados no estudo contribuiriam para esse incentivo nas bibliotecas escolares de São Luís. O primeiro fator seria a existência de um sistema editorial bem estruturado de produção, divulgação e distribuição de livros, pois com este os docentes e os bibliotecários poderiam conhecer essas obras literárias pelos catálogos, um dos instrumentos de seleção adotados para formação de coleção de uma biblioteca, e, desse modo, selecioná- las, adquirilas, incluí- las no acervo. A presença da Literatura Infantil Maranhense no acervo e o seu uso em atividades que oportunize a prática da leitura, como a hora do conto, apresentações teatrais, encontros com o escritor e saraus literários, viabilizariam o contato da criança com essa produção literária. Outras estratégias poderiam ser aplicadas em uma biblioteca escolar, como produção textual a partir dos livros de Literatura Infantil Maranhense, leituras compartilhadas, a promoção de discussões entre os leitores, murais da leitura, entre outros. Nas instituições da rede pública, o que contribuiria para a mudança da realidade verificada na pesquisa é a realização de concursos públicos para os bibliotecários os quais são os profissionais habilitados a atuar em uma biblioteca, pois os funcionários que lá se 55 encontram não estão habilitados a ocupar essa área, não promovem nenhuma atividade já mencionada de promoção à leitura e exercem a sua função de guardar o material bibliográfico e, ao mesmo tempo, de circulação. Nas escolas da rede privada, o interesse dos bibliotecários em conhecer e dar visibilidade para os trabalhos literários infantis produzidos no Estado colaboraria com o incentivo à leitura dessa literatura. Eles precisam driblar com criatividade os obstáculos existentes, como falta de um sistema editorial estruturado, para, por fim, possibilitar o encontro dos alunos com a Literatura Infantil Maranhense. É necessário também que os bibliotecários não permaneçam resignados em suas atividades rotineiras e possam a inovar a sua prática na biblioteca escolar, criando, por exemplo, estratégias de como tornar esses lugares atrativos para as crianças. Nesse momento, torna-se imprescindível reforçar que as tarefas de um bibliotecário não se limitam, segundo Silva, F. (2005), ao serviço de empréstimo de livros e preparo técnico. Sugere-se também ao bibliotecário que: a) Primeiramente, investigue quais os livros de escritores maranhenses desse gênero constam no acervo. Caso não tenha nenhum título, pesquise na internet, em anuários literários ou em outras fontes de informação; b) Em posse do livro, selecione o público alvo para a hora do conto, levando em consideração o estágio mental da criança para que esta possa entender a mensagem do livro; c) Para tornar mais atraente aos olhos da criança, incremente a atividade de leitura com recursos, como álbum seriado ou sanfonado, cineminha, teatro de sombras, slides de Power Point, fantoches, teatro de varas ou o próprio bibliotecário fantasiado de Cazuza do Viriato Corrêa ou o Touchê das histórias de Wilson Marques, utilizando o próprio texto. A promoção do encontro do escritor com os alunos da escola pode se tornar uma alternativa para a aquisição desses títulos. Contudo, vale ressaltar que, para isso acontecer, é necessário o bibliotecário conhecer a Literatura Infantil Maranhense e ter predisposição para essas iniciativas, pois, caso contrário, o desconhecimento sobre essa produção local será perpetuado para o alunado. Algo que se deve ressaltar é a desatenção dada ao espaço da biblioteca pelos gestores das escolas privadas e pelas Secretarias da Educação Municipal e Estadual, visto que a pesquisa revelou muitas irregularidades, como lugares inapropriados ou adaptados e ausência de ornamentação lúdica. Uma vez que se pretende promover atividades de promoção nesses ambientes, estes necessitam de uma infraestrutura compatível para esse propósito. A biblioteca escolar 56 deveria ser concebida pelo o corpo docente e pelos bibliotecários como um espaço pedagógico e de descoberta ao gosto pela leitura. Isso ajudaria no incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense. Em termos de criatividade, infere-se que as obras literárias desse gênero do Estado não perdem para as de âmbito nacional e estrangeiro. O mais agravante disso revelado pela pesquisa bibliográfica e observação é a indiferença à memória da produção literária desse gênero por escritores maranhenses. Não se sabe se estes fazem o depósito legal de suas obras literárias. O curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão necessitaria, em sua nova reformulação da grade curricular, incluir uma disciplina que trouxesse conhecimentos ligados à Pedagogia. Ademais, é imprescindível promover discussões acerca da Literatura Infantil Maranhense na disciplina Leitura e formação de leitores, por meio de realização de seminários, pesquisas e artigos científicos sobre o tema, bem como a inclusão de livros de escritores maranhenses desse gênero no conteúdo programático e atividades extensionistas do curso, pois atualmente não existe nenhuma ação com esse propósito. Também o Estado precisa garantir o apoio, o incentivo e a difusão de manifestações culturais, estabelecido na Constituição Federal, por meio da promoção de planos editoriais e concursos literários, visando dar condições para o escritor iniciante ou renomado possa concluir e publicar o seu livro. É necessária também a parceria das Secretarias da Educação do Estado e do Município para que os livros de Literatura Infantil Maranhense sejam incluídos no acervo das bibliotecas das escolas da rede pública. Espera-se que com esse estudo os Secretários da Cultura, tanto do Município quanto do Estado, sensibilizem-se e elabore políticas públicas que favoreça a publicação e exposição de obras de Literatura Infantil Maranhense para as crianças de nosso Estado. 57 REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 5. ed. São Paulo: Scipione, 1997. ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Bibliografia. In:______. Viriato Correia. [2012]. 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Por quê? 5 – O que você faz para tornar a biblioteca escolar um espaço ideal para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense? 6 – O que poderia contribuir para tornar a biblioteca escolar um espaço ideal para o incentivo à leitura de Literatura Infantil Maranhense? 7 – Quais os escritores e obras que você conhece, além dos livros que consta no acervo de sua biblioteca escolar?