Aspectos da transição para a vida adulta no Brasil, dos filhos adultos que residem com os pais, segundo a Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996-1997∗ Arlindo Mello do Nascimento♣ Palavras-chave: Transição para a vida adulta; Eventos de transição para a vida adulta. Resumo A transição para a vida adulta vem sendo, desde a década de 70, definida como um processo marcado por eventos específicos aos quais damos significados específicos: saída da escola, entrada na força de trabalho, saída da família de origem, casamento e estabelecimento de uma família. Estes eventos podem não anunciar universalmente a maioridade, mas certamente um após o outro, na mesma ordem ou não, relacionam-se com a participação no mundo dos adultos. O presente artigo objetiva mostrar, através dos dados brasileiros disponíveis, a situação em que se encontram os filhos adultos que vivem na casa paterna, em relação à concretização de eventos ligados à transição para a vida adulta. Embora em países como Canadá, Estados Unidos e, praticamente, em todos os países da Europa existam diversas pesquisas específicas sobre eventos do ciclo de vida, pessoal e familiar que permitem entrevistas, durante vários anos seguidos ou não, acerca da transição para a vida adulta e da permanência ou não dos filhos no domicílio dos pais, no Brasil, tais pesquisas são, praticamente, inexistentes. Recentemente, a única pesquisa brasileira que permite investigar eventos ligados à transição para a vida adulta, por meio de informações retrospectivas e de perguntas diretas que abordam a ocorrência dos eventos e a idade em que eles foram concretizados, é a Pesquisa Sobre Padrões de Vida (PPV) 1996-1997, porém com restrições, por exemplo: a amostra é pequena, as informações, apenas, referem-se às Regiões Nordeste e Sudeste e, apenas, quatro dos cinco eventos clássicos foram investigados – saída da escola, entrada na força de trabalho, entrada em união e entrada na parentalidade. Assim sendo, as análises quanto à realização, à seqüência e à idade de entrada e de saída dos eventos relativos à transição para a vida adulta serão feitas considerando aqueles quatro eventos e comparando-se as idades de homens e mulheres metropolitanas, ou não, residentes nas regiões Nordeste e Sudeste do Brasil. ∗ Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008. ♣ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1 Aspectos da transição para a vida adulta no Brasil, dos filhos adultos que residem com os pais, segundo a Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996-1997∗ Arlindo Mello do Nascimento ♣ 1 – Introdução A definição clássica de Modell, Furstenberg Jr. e Hershberg (1976), diz que a TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA é um processo marcado por eventos específicos aos quais damos significados específicos: saída da escola, entrada na força de trabalho, saída da família de origem, casamento e estabelecimento de uma família. Estes eventos podem não anunciar universalmente a maioridade, mas certamente um após o outro, não necessariamente na mesma ordem, fazem associação aparente com a participação no mundo dos adultos1. Diante disto, os autores afirmam que poderíamos não ter uma opinião unânime sobre “quando” e “como” alguém atinge estado de adulto na sociedade: tornar-se um adulto envolve uma série de mudanças que movem os jovens de um estado de dependência econômica paterna, para uma independência econômica, bem como, da participação na família de origem para o estabelecimento de uma nova família de procriação. Para Baizán Muñoz (2000); Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000); Billari, Philipov e Baizán Muñoz (2000); Cherlin, Scabini e Rossi (1997); Cordón (1997) e Mulder, Clark e Wagner (2002) nas famílias atuais, em diversos países do mundo, a transição da juventude para a vida adulta vem acontecendo, de modo geral, cada vez mais tarde, com restrições crescentes e exibindo uma alta heterogeneidade de comportamento, tanto que o processo de deixar a casa paterna e o ingresso numa residência separada tem sido considerado como: importante rito de passagem da juventude para a vida adulta (HOLDSZWORTH, 2000); um dos nodos cruciais do curso de vida das pessoas e um evento importante na transição para a vida adulta (BILLARI; PHILIPOV; BAIZÁN MUÑOZ, 2000); um marco para a maioria dos adultos jovens que se dirigem para alcançar o estado de adulto (MITCHELL, 2000); ou, a porta de entrada para a vida adulta, pois o estabelecimento de uma casa própria – que requer uma independência financeira, funcional e emocional – representa um significativo passo em direção à diferenciação das figuras paternas (HENRIQUES, 2003). A literatura mostra que uma nova família é constituída quando ocorre o casamento ou o nascimento do primeiro filho, porém, o limite do “quando” o indivíduo adquire sua maioridade, ainda é difícil de ser definido com precisão (CAMARANO et al., 2003). Outro fato ∗ Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu- MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008. ♣ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1 Segundo Billari (2001) esta visão de transição para a vida adulta foi utilizada, pela primeira vez por Modell et al. (1976), num artigo que é “considerado influente e clássico”, já que os autores, naquele artigo, ao relacionarem os cinco eventos demográficos, expressaram opinião contrária ao fato de que sociedades contemporâneas não cultivam, explicitamente, ritos de passagem para a maioridade, algo que é dito que é típico de sociedades mais tradicionais. 2 é que, os limites desta transição podem ser entendidos como a prerrogativa que o jovem passa a ter, para decidir quanto à formação de sua própria família: deixar a casa dos pais para assumir a chefia de um domicílio ou casar, tornando-se chefe ou cônjuge no domicílio. Além do mais, destacam que estes aspectos dependem diretamente da inserção no mercado de trabalho, presumindo de alguma forma, uma independência econômica. Para explicar melhor, num retrato social de outrora, Nascimento et al. (2004a) relata que precisamente entre as décadas de 60 e 70, o jovem aguardava ansiosamente a maioridade como o momento de sua independência, ou seja, de fazer as malas e deixar para trás a casa dos pais. Isso significava, segundo Tânia Zagury em entrevista a Lopes (2004), romper com os valores estabelecidos da sociedade, entre eles a família, e ir a busca de seus sonhos, mesmo quando estes não eram bem definidos. Para Nascimento et al. (2004b), o sonho era o de conquistar seu espaço, morar sozinho e assumir a responsabilidade da vida adulta. Portanto, sair de casa acabou, para os jovens daquela época, virando sinônimo de liberdade, mesmo que para isso tivessem que trocar o conforto e o aconchego familiar por uma república de estudantes ou compartilhar um apartamento com amigos. Diante do exposto, o presente artigo objetiva mostrar, através dos dados brasileiros disponíveis, a situação em que se encontram os filhos adultos, em relação à concretização da entrada e da saída nos cinco eventos clássicos ligados à TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA apontados por Modell, Furstenberg Jr. e Hershberg. (1976). Partindo desta definição clássica serão apresentados autores e artigos que tratam a transição para a vida adulta como dinâmica, em ebulição, com diversidade de comportamentos e que segue, ou não, uma seqüência. O objeto de estudo, para a atual demografia brasileira, apresenta-se de suma importância, visto que o interesse é relativamente recente e, ainda, pouco estudado. Diante desta perspectiva, serão enfocados fenômenos que, ainda, são pouco explorados em estudos populacionais no Brasil, apesar de muito discutido em estudos internacionais, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, desde a década de 1970, por diversos pesquisadores. Outro ponto que demonstra a grande diferença entre os trabalhos nacionais e os internacionais é que, em países como Canadá2 e Estados Unidos3 e, praticamente, em todos os países da Europa4, existem pesquisas específicas sobre eventos do ciclo de vida, pessoal e familiar que permitem entrevistas durante vários anos, seguidos ou não, objetivando estudos acerca da transição para a vida adulta e a permanência ou não dos filhos adultos no domicílio dos pais, como, por exemplo, a pesquisa intitulada Fertility and Family Surveys (FFS)5, coletada na maioria dos países europeus e que permite a investigação dos cinco eventos clássicos da transição para a vida adulta. Já no Brasil, tais pesquisas são, praticamente, inexistentes. Recentemente, a única base de dados que permite recuperar e obter informações retrospectivas a respeito das idades, nas quais os indivíduos experimentaram os eventos investigados é a Pesquisa Sobre Padrões de Vida (PPV) 1996-1997, porém com restrições: a amostra é pequena e as informações, apenas, referem-se às Regiões Nordeste e Sudeste. Todavia, como fonte de dados serão utilizadas as informações desta pesquisa, comparando-se a população por sexo e por local de residência: 2 Por exemplo: Family History Survey (FHS). (MITCHELL; WISTER; BURCH, 1989). Por exemplo: National Survey of Families and Households (NSFH). (KING; SCOTT, 2004). 4 Por exemplo: European Community Household Panel (ECHP). (IACOVOU, 2001b). 5 Através das entrevistas realizadas, os dados da FFS, segundo Billari (2001) provêem, com qualidade alta, todas as informações necessárias para investigar os cinco eventos marcadores da transição para a maioridade. 3 3 áreas metropolitanas e não metropolitanas. Devido ao fato da PPV, apenas, ter investigado a Região Nordeste e Sudeste, as comparações serão feitas apenas entre elas e por ter sido coletada em um único período, as análises serão feitas pela fotografia das realidades encontradas nos anos de 1996 e 1997. O desenvolvimento deste estudo está pautado nos conceitos definidos pela fonte de dados. Como na PPV o foco central é a investigação e a coleta de informações das famílias e da população contida nos domicílios ocupados, a investigação dos dados pode ser feita através de duas abordagens: o conjunto de pessoas residentes no domicílio ou o conjunto de pessoas residentes e identificadas em uma ou mais famílias existentes no domicílio. Para efeito deste estudo, será utilizada a abordagem domiciliar. A investigação das referências bibliográficas, nas quais os limites, mínimo e máximo, de idades estavam explícitos, apresentou uma gama diversificada de grupos etários estudados: mais da metade das referências estudam grupos de idade começando em 18 anos e pouco menos da metade das referências têm como limite superior idades maiores que 30 anos. Para Goldscheider (2000), quando se estuda a saída da casa paterna, todos os processos são encadernados em várias combinações complexas, que incluem o fim da infância e a progressão nos papéis da maioridade responsável. Também, a idade de início de matrimônio, acrescenta a autora, aumentou substancialmente ao longo do mundo industrializado, adiando a maioridade completa para a maior parte dos adultos jovens e criando uma fase ambígua no curso de vida entre as idades de 18 e 25, fase esta tão marcada por semimaioridade, onde viver com pais pode fazer um sentido econômico significativo. Isto tudo fez com que as transições do tipo “deixar a casa paterna” e “voltar para a casa paterna” sejam mais complexas. Segundo Rossi (1997), na Itália, o número de jovens que vivem com suas famílias de origem representa mais da metade da população, entre 18 e 34 anos de idade. Também, ao estudar, comparativamente, 10 países europeus, Aassve et al. (2001) selecionou amostras de filhos com idade entre 18 e 34 anos, que permaneciam residindo na casa dos pais. Os motivos apontados para a escolha dos limites deste grupo etário são justificados pelo fato de que o limite inferior representa a idade a qual o fenômeno de deixar a casa paterna começa a adquirir importância social e o limite superior, relativamente alto, reflete a realidade de alguns países em que uma proporção, cada vez maior de pessoas jovens, continua vivendo na casa paterna, além dos 30 anos. Ao estudar os arranjos familiares de jovens adultos de 18 e 34 anos que moram com os pais, Di, Yang e Liu (2002) enfatizam que gostariam de focalizar com maior ênfase os jovens adultos com idade entre 25 e 34 anos, em relação àqueles com idade entre 18 e 24 anos. A razão principal desta preferência consiste na preocupação com a permanência na casa dos pais, visto que o grupo mais jovem, raramente, alcança a propriedade de uma casa e, muitos, permanecem na faculdade. Em estudo que abrangeu pesquisa qualitativa, Henriques (2003) relata que estudou famílias com filhos que residiam na casa dos pais de 26 anos ou mais de idade e pertenciam à classe média da zona sul do município do Rio de Janeiro. Este critério obedeceu à discussão de que, nesse ponto do ciclo vital, na classe média, é suposto que os filhos com 26 anos ou mais de idade já tenham finalizado um curso universitário e, portanto, apresentem condições para a sua vida profissional e independência. 4 Na Espanha, em recente estudo sobre a integração dos jovens à idade adulta, Baizán Muñoz (2003) também reforça a necessidade de ampliação do limite superior do grupo etário a ser estudado, pois os passos para a vida adulta são alcançados cada vez mais tarde, prolongando a estadia no domicílio paterno, muito acima dos 30 anos de idade. Diante do exposto acima e tendo em vista que na realidade brasileira, nos termos da legislação vigente, a idade de 18 anos é considerada como a maioridade legal pela Constituição da Republica Federativa do Brasil6; que, para o novo Código Civil Brasileiro7, a menoridade cessa aos 18 anos; que a idade penalmente imputável prevista pelo Código Penal Brasileiro8 é, também, aos 18 anos; além do Estatuto do Idoso9 que define como idoso aquela pessoa com 60 anos ou mais de idade, portanto, serão considerados como filhos adultos os indivíduos com idade entre 18 anos e 59 anos e que foram identificados como “filho ou enteado” em relação ao responsável pelo domicílio. A escolha deste corte etário pode, também, ajudar a traçar um perfil diferenciado dos filhos adultos por ocasião da análise desses grupos, visto que pessoas com idades entre 18 e 24 anos, ainda trazem muitas características da juventude, estão na idade de freqüentar universidade e estão iniciando o processo de transição para a vida adulta; pessoas com idades entre 25 e 39 anos, deveriam estar consolidando a transição para a vida adulta e que pessoas com idades entre 40 e 59 anos de idade, já deveriam ter consolidado sua transição. Finalmente, cabe ressaltar que o presente trabalho é oriundo da dissertação de mestrado intitulada Transições para a Vida Adulta: Revisão Bibliográfica e Olhar na Situação Brasileira no Período 1970-2000, apresenta na Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE e defendida no final de 2006. 2 – Transição para a vida adulta A juventude é uma etapa da vida que abrange um conjunto de processos que permite ao indivíduo sair da dependência infantil e adquirir responsabilidades e autonomias próprias de um cidadão adulto. Para Baizán Muñoz (2003), trata-se de uma etapa “densa10” em acontecimentos vitais que estão extremamente inter-relacionados, onde germinam as bases em termos de segurança e autonomia, responsáveis pela plena integração social do indivíduo. Para Du Bois-Reymond e Blasco (2004), esse tempo é caracterizado como uma moratória, que vem após a infância e serve como preparação para a idade adulta, consistindo, portanto, no processo de mudança entre duas etapas: juventude e maioridade. 6 Artigo 228: São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. (Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05 out. 1988. Disponível em:<http://www.senado.gov.br>. Acesso em: nov. 2004.) 7 Artigo 5: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. (Código Civil. Lei n. 10.406, de 10 jan. 2002. Disponível em:<http://www.mj.gov.br/sal>. Acesso em: nov. 2004.) 8 Artigo 27: Os menos de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Código Penal. Decreto-lei n. 2.848, de 07 dez. 1940. Disponível em:<http://www.mj.gov.br/sal>. Acesso em: nov. 2004.). 9 .Artigo 1o: É instituído o Estatuto do Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Estatuto do Idoso. Lei n. 10.741, de 1 out. 2003. Disponível em:< http://www.presidencia.gov.br/sedh>. Acesso em: nov. 2004.) 10 Expressão, também, usada por Billari (2001) em alusão à citação: O período ao redor da transição para a maioridade é demograficamente “denso”, cercado de uma alta densidade de eventos demográficos. (Rindfuss, Ronald R. 1991. The Young adult years: diversity, structural change and fertility. Demography 28 (4)). 5 Hogan e Astone (1986) relatam que a transição para a vida adulta tem despertado grande interesse nos cientistas sociais por causa de sua importância na compreensão dos caminhos para a vida adulta. Assumir papéis de adulto abre portas para a constituição de uma família e para a entrada numa carreira ocupacional, visto que o desejo, o momento da vida e a seqüência com que os jovens se adaptam aos papéis de adultos influenciam de maneira decisiva as etapas subseqüentes de suas vidas. A transição para a vida adulta pode ser vista como um processo associado com passagens sociais e demográficas, tais como: do sistema educacional para o mercado de trabalho ou da casa dos pais para uma casa própria, para o início de uma união ou para o início da procriação. Segundo Billari (2001), esta última transição, nascimento do primeiro filho, é, normalmente, definida como sendo a fase final do processo. Como definido por Modell, Furstenberg e Hershberg (1976), as referidas passagens estão, tradicionalmente, associadas a eventos demográficos que ocorrem numa seqüência normativa e à entrada em papéis considerados como de pessoas adultas, tais como: saída da escola, entrada na força de trabalho, saída da família de origem, casamento e estabelecimento de uma família. A respeito destes eventos específicos podemos destacar, dentre outros, cinco comentários importantes feitos por pesquisadores engajados no tema: Marini (1984): a ocorrência destes eventos representa a transição de uma situação de dependência econômica e de participação na família de origem para uma situação caracterizada por independência econômica e formação de uma nova família; Hogan e Astone (1986): mais que um conjunto de eventos que ocorrem de maneira ordenada ao longo do curso de vida dos jovens, a transição da juventude para a idade adulta, é um processo no qual cada jovem elege, ou se vê obrigado a seguir, uma trajetória que finalmente o converta em adulto11; Iedema, Becker e Sanders (1997): para ser visto como independente, qualquer jovem, não necessariamente, precisa fazer estas quatro transições, no entanto, quanto mais cedo elas ocorrerem, mais cedo as pessoas serão consideradas independentes e, ainda, na medida em que um maior número de transições sejam realizadas, representará um maior grau de independência; Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000): esta aproximação não é a única que poderia ser adotada, mas provê um vigamento extensamente usado quando queremos analisar os determinantes e estudar a dinâmica de comportamento dentro de uma sociedade comparando-se coortes, sexos, grupos sociais e/ou sociedades diferentes; Iedema, Becker e Sanders (1997) e Iacovou (2001a): neste processo estão envolvidas as principais transições de vida: a transição da escola para um trabalho remunerado, a transição de viver com os pais para viver independente, a transição de ser solteiro para viver com um cônjuge e a transição de não ter filho para a parentalidade. Na literatura consultada, o número de eventos considerados na transição para a vida adulta é bastante variado, no entanto, a base utilizada é aquela contida na definição de Modell et al. (1976). Enquanto alguns autores consideraram a totalidade dos cinco eventos, outros autores estudaram uma parte deles ou acrescentaram mais eventos12. 11 Em sociedades pequenas uma simples divisão do trabalho ou o estabelecimento de uma certa idade podem determinar uma multiplicidade de papéis (familiar, trabalho, religião e políticos). Em outras sociedades, os indivíduos se tornam adultos, numa idade particular, realizando alguma tarefa específica ou, então confirmam a maioridade numa cerimônia específica em grupo (por exemplo, crisma e baile de debutante) 12 Evans (2004) diferencia entre os que vivem ou não com a família; Marine (1984) faz distinção entre morar em alojamento ou estabelecer um domicílio. 6 2.1 – A transição em ebulição Segundo Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000), a demografia sempre esteve preocupada com o estudo dos principais eventos que moldam a vida das pessoas, como nascimento, morte, migração e a formação e a dissolução de residências e famílias. Estes estudos vêem, acima de tudo, os eventos demográficos e as transições dos indivíduos como uma série de trajetórias paralelas que podem ser embutidas em outras trajetórias13. Para Iedema, Becker e Sanders (1997) a modernização experimentada nas últimas décadas abrangeu um processo de individualização, pelo qual as pessoas constróem suas trajetórias de vida e compõem suas próprias biografias, através do planejamento e da escolha do tempo de ocorrência e da ordem dos eventos e onde as influências de classe social, da família e de sexo diminuem com o tempo. Conseqüentemente, Carneiro (2003) afirma que maior diversidade de trajetórias acontece por coortes e, também, que dentro de coortes os indivíduos são distribuídos mais uniformemente por trajetórias. Os Estados Unidos, bem como a maioria dos países desenvolvidos, experimentou, segundo Axinn e Barber (1997), mudanças acentuadas nos padrões de formação familiar, acompanhadas por outras, igualmente dramáticas, em atitudes e valores relacionados à formação familiar, tais como: a idade de entrada em matrimônio subiu, o compromisso com o matrimônio recuou, fazendo com que as taxas de matrimônio declinassem, o interesse em ter filhos diminuiu e a aceitação de não ter filhos cresceu proporcionando que a fecundidade permanecesse baixa e as taxas de divórcio alcançaram níveis previamente desconhecidos. Estudos recentes de Baizán Muñoz (2003), Billari (2001), Billari e Wilson (2001) e Mulder (2003), em países europeus, mostraram que as idades em que ocorrem o matrimônio e o nascimento do primeiro filho tem uma grande variação e estão cada vez menos relacionadas entre si. Além disto, Hullen (2000) acrescenta que o adiamento na formação de união e de início da procriação em países europeus ocidentais, nas últimas décadas, é resultado de um tempo de espera mais prolongado para que jovens adultos construam sua própria família e montem seu próprio domicílio14. O período de transição para a vida adulta, de acordo com Evans (2004), esteve definido de muitas formas e normalmente envolve a transição da dependência financeira para a independência financeira, além da transição da dependência social para a independência social. De modo geral, a transição para a independência financeira apresenta-se com maior complexidade, pois o prolongamento dos estudos e a demora em encontrar um emprego fixo fazem com que os jovens adultos retardem esta independência, porém, fato é que a permanência na escola, por períodos mais longos de tempo, permite combinação de trabalho e estudo em arranjos de tempo parcial ou integral. Como apontado por Oppenheimer (2003) e King e Scott (2004), duas tendências intimamente ligadas ao comportamento familiar nos últimos trinta anos foram o aumento de 13 Ver: Du Bois-Reymond e Blasco (2004) e Pais (2001 e 2002). Há de se destacar que durante as décadas de 70 e 80, segundo Goldscheider e DaVanzo (1989) e Mulder, Clark e Wagner (2002), no caminho para a vida adulta, surgiu a separação entre independência residencial e o matrimônio e desde essa época a transição dos jovens para a vida adulta foi transformada por duas experiências previamente incomuns: arranjos não familiares e coabitação. Estes dois fatos, segundo Goldscheider e DaVanzo (1985) e Goldscheider, Thornton e Young-DeMarco (1993), fizeram com que os jovens passassem um tempo significativo vivendo longe de suas famílias antes do matrimônio e, às vezes, vivendo sozinho e, outras vezes, vivendo em instituições, em dormitórios ou com companheiro de quarto. 14 7 matrimônios tardios e o aumento substancial de coabitações. Na visão de Evans (2004), na Austrália, matrimônio tardio vem sendo associado ao número crescente de coabitação jovem e ao aumento crescente do tempo para deixar a família de origem. E, estas, associadas à maternidade tardia. Pesquisa feita por Baizán Muñoz, Aassve e Billari (2001) apresenta resultados que confirmam um forte relacionamento entre a formação de união e o nascimento do primeiro filho; que viver em coabitação produz aumento muito menor no risco relativo de ter o primeiro filho; além de que, o efeito da concepção do primeiro filho na formação de união é muito forte durante a gravidez, mas declina nitidamente depois do nascimento dele. Pais (2001 e 2002), tomando a imagem do labirinto como ilustrativa de realidades complexas, aponta que a vida dos jovens de hoje são labirintos de encruzilhadas e de utopias, que proporcionam seu envolvimento em trajetórias do tipo iô-iô15. Para o autor, os jovens sentem a sua vida marcada por crescentes inconstâncias, flutuações, descontinuidades e reversibilidades que representam movimentos de vai-e-vem: saem da casa dos pais para voltarem a qualquer dia; abandonam os estudos para os retomarem tempos depois; encontram um emprego e em qualquer momento se vêem sem ele; se eles se casam, não é certo que seja para toda a vida, enfim, as suas paixões são como “vôos de borboleta”, sem pouso certo. Em razão da quantidade de mudanças ocorridas nos últimos anos, Evans (2004) destaca que o estudo da transição para a vida adulta é um dos campos que mais atraíram interesse na literatura demográfica, tanto por parte de pesquisadores quanto por elaboradores de política, porque o período de transição fica cada vez mais longo, trazendo conseqüências como um todo para os indivíduos, famílias e sociedade. 2.2 – A diversidade de comportamentos Diversos estudos indicam que a transição para a vida adulta é uma das áreas, na esfera de eventos do curso de vida, que exibe uma grande heterogeneidade de comportamento. Historicamente, a literatura mostra que durante a década de setenta nos Estados Unidos, surgem os primeiros trabalhos sobre o tema. Em princípio somente se preocupavam em medir a intensidade e a data de ocorrência dos eventos, posteriormente passam a enfocar os aspectos individuais e familiares que aceleram ou atrasam sua ocorrência (CÁNOVAS; AMADOR, 2003). Outro fato verificado no estudo da transição para a vida adulta é a diferenciação da transição por gênero ao longo do tempo. O modelo clássico proposto por Modell et al. (1976) pode ser considerado como um padrão de transição basicamente masculino, mas na atualidade, o padrão se assemelha por sexo, embora os homens ainda sejam mais influenciados pela participação no mercado de trabalho e as mulheres pelo casamento e pela maternidade, apesar do grande aumento de sua participação no mercado de trabalho. Avaliando o por quê de se estudar os arranjos familiares dos adultos jovens, Goldscheider (2000) revisa as atuais tendências em deixar a casa dos pais nos Estados Unidos e em alguns outros países industrializados. O foco principal aponta para as mudanças nas relações entre os homens e mulheres: o crescimento da coabitação e do matrimônio tardio, 15 Este conceito, em forma de metáfora, vem sendo utilizado pelo autor desde 1994 em alusão ao brinquedo formado por dois discos presos ao centro por um fio com o qual podemos fazer movimentos oscilatórios. 8 aliado às taxas crescentes de dissolução de união e os desafios observados nas relações familiares entre as gerações. O processo de deixar a casa paterna, segundo a rota a ser tomada, é abordado por Goldscheider através das mudanças familiares acontecidas durante a transição para a vida adulta e das mudanças ocorridas nas economias industrializadas. Em decorrência, aquele processo está em andamento e é afetado, não só pelos fatores que ajustam a economia e por oportunidades para trabalhar e estudar, mas também pelas relações entre pais e filhos. E acrescenta que as mudanças nos arranjos familiares dos jovens adultos, não só estão relacionadas às mudanças dos padrões de trabalho e de freqüência à escola, como também, àquelas ligadas à formação de matrimônio e coabitação. Para Goldscheider, Thornton e Young-DeMarco (1993), nas mudanças ocorridas nas rotas, no período de ocorrência e na reversibilidade estão os desafios para a compreensão dos processos de saída de casa durante a juventude. Embora pessoas jovens experimentem muitos arranjos familiares (sem que nenhum predomine), o processo de saída de casa tem sido medido, conceitualizado e, conseqüentemente, analisado de modos incompatíveis em pesquisas prévias. Paralelamente, Hogan e Astone (1986) apontam que a transição da juventude para a idade adulta não inclui os mesmos componentes para todos os indivíduos, não seguem a mesma seqüência e não ocorrem ao mesmo tempo. Quando analisamos algum país ou comparamos países ou continentes diferentes fica latente a grande heterogeneidade de comportamento de jovens e adultos em relação à transição para a vida adulta. A esse respeito, diversos estudos indicam a existência de grandes padrões regionais, os quais estão, na maioria das vezes, relacionados a diferenças culturais. Ao compararem os processos de saída de casa em países como China, Coréia do Sul, Japão, França, Suécia e Estados Unidos, Yi et al. (1994) apontam que é grande a diferença entre os países asiáticos e os ocidentais, sendo que nos últimos, a idade de saída é mais precoce. Nos três países asiáticos a idade mediana de saída para os homens é de 24,2 anos e para as mulheres de 23,7 anos. Nos ocidentais, 21,8 e 20,9 anos, respectivamente. A análise demográfica de pessoas jovens que deixam a casa paterna no Japão, feita por Suzuki (2001), demonstra que seus arranjos familiares são determinados através de dois eventos: saída da casa dos pais e entrada em matrimônio. Homens e mulheres jovens que deixam a casa paterna, antes do matrimônio, passam por um período vivendo sozinhos ou em um contexto institucional, como num dormitório estudantil. Homens deixam a casa paterna a uma idade mais jovem do que as mulheres, apesar de diferenças na idade ao contrair matrimônio. A comparação de coortes revelou que a demora para sair da casa paterna tem acontecido desde os anos setenta e que esta tendência não é somente um resultado da demora em contrair matrimônio, mas também, um resultado do declínio no número de pessoas jovens que deixam a casa paterna, antes do contrair matrimônio. Ao investigar em seis países da América Latina a partida da casa dos pais em uma perspectiva comparativa, De Vos (1989) destaca que a idéia de matrimônio está associada à aquisição de novas responsabilidades e independência; estar casado é a principal razão para não morar na casa dos pais e que fatores associados a gênero, situação urbana e rural, educação e trabalho são importantes no processo de saída. Murphy e Wang (1988) analisando, na Inglaterra, as influências familiares e sóciodemográficas nos padrões de saída de casa, enfocando os fatores ligados à ocorrência e ao 9 período de ocorrência dos eventos, observaram que para os jovens ingleses, quanto maior for o nível educacional de suas mães, maior também é a idade que eles saem de casa; que o tamanho da família está inversamente relacionado com a idade de saída; e, também, que filhos que sofreram com a ruptura matrimonial de seus pais também tendem a acelerar sua saída. Alguns trabalhos têm enfocado as características do relacionamento entre pais e filhos e seu efeito na transição para a vida adulta dos filhos. Ao estudarem os efeitos da estrutura familiar no processo de saída de casa nos Estados Unidos, Goldscheider e Goldscheider (1998) além de verificarem que os filhos que vivenciaram a ruptura matrimonial de seus pais tendem a acelerar sua saída, apontam, também, que os que habitam com padrastos ou madrastas deixam o domicílio de residência muito mais cedo, comparado àqueles que vivem em famílias com os pais biológicos ou àqueles que residem com apenas um dos pais, como resultado de uma separação ou divórcio. Nos Estados Unidos, Aquillino (1990) destaca que a dependência paterna não é o fator principal que explica a corresidência; em todas as idades investigadas, os pais têm mais probabilidade de prover uma casa para os filhos adultos, do que os filhos adultos têm para com seus pais; a estrutura familiar mostra uma influência forte na probabilidade de corresidência, visto que a dissolução matrimonial dos pais e uma segunda união apresentam probabilidade negativa de corresidência; além de que, pais com famílias estendidas têm maior probabilidade de terem um filho adulto corresidindo. Também para os Estados Unidos, em outro trabalho elaborado posteriormente, Aquillino (1991) relata que a maioria das formas de família sem um dos pais biológicos durante a juventude leva a aumentos substanciais na probabilidade dos filhos saírem de casa antes dos 19 anos; filhos adotados e filhos que viveram em situações não-paternas (com parentes, com pais adotivos ou em instituições) tinham maior probabilidade de deixarem a casa antes dos 19 anos; e, também, que filhos residindo com pai ou mãe sozinha, com pais de segunda união, com famílias adotivas e aqueles vivendo com não parentes tinham maior probabilidade do que os filhos residindo em famílias com os dois pais biológicos de estabelecerem uma casa independente depois de partir de casa e menor probabilidade depois de freqüentar a escola. A expansão da educação tem um impacto profundo nos arranjos familiares. A continuação da educação pode conduzir a uma dependência financeira prolongada, tornando a saída da casa dos pais demorada ou pode dar origem a novos arranjos, como alojamento compartilhado e união consensual (EVANS, 2004). Enquanto na Europa encontramos uma alta heterogeneidade, onde em alguns países os eventos são experimentados a uma idade precoce, em outros eles são adiados a idades posteriores, porém em países como Austrália, Estados Unidos e México embora a heterogeneidade exista, ela é menor. Mostram Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000), que a seqüência de eventos, bem como, sua quantidade é muito diferente e que estas diferenças, unidas a padrões culturais e históricos e a arranjos institucionais, são claramente visíveis até mesmo quando consideramos países vizinhos. A grande diversidade européia na transição para a vida adulta pode ser vista no estudo de Billari (2004) produzido com dados da década de 1990. Nele, o autor considera duas coortes de população feminina (coorte de 1956-61 e de 1966-71) e alguns eventos como a saída da casa dos pais, entrada em união corresidencial e na maternidade (ver Quadro 1). 10 Quadro 1 Percentagem de mulheres que já haviam experimentado eventos demográficos aos 25 anos de idade, em duas coortes com 10 anos de distância - Alguns países europeus – Década de 1990 Já haviam saído da Já haviam entrado em Já tinham sido Países europeus Coortes casa dos pais (%) união corresidencial (%) mãe (%) Áustria Bélgica Espanha Finlândia França Grécia Hungria Itália Noruega Países Baixos Portugal Suécia 1956-61 86,1 74,8 52,5 1966-71 83,0 70,2 43,4 1951-56 89,3 86,1 47,1 1961-66 82,3 75,7 26,3 1955-60 73,3 71,2 50,0 1966-70 56,6 53,3 33,2 1950-54 90,2 75,7 49,1 1960-64 91,0 77,8 36,1 1954-58 88,8 81,7 57,5 1964-68 86,6 76,1 36,4 1960-64 83,3 75,5 54,5 1970-74 72,8 54,9 34,8 1953-57 80,4 85,9 71,8 1963-67 80,6 83,8 66,0 1956-60 67,7 61,2 44,3 1966-70 64,7 40,7 23,5 1950 88,7 78,0 58,1 1960 90,7 78,5 44,2 1953-58 92,6 81,1 32,3 1963-68 88,9 71,3 19,8 1957-62 72,1 70,6 61,8 1967-72 60,7 58,5 43,5 1954 95,0 82,2 47,6 1964 96,7 79,8 36,9 Fonte: Billari (2004, p. 19), adaptado da Tabela 1. Nos resultados observa-se uma leve redução do percentual de mulheres que já tinham saído da casa dos pais aos 25 anos, na coorte mais jovem, mas esses percentuais continuam elevados. Nos países nórdicos (ao redor de 90%) e nos países do sul da Europa (ao redor de 70%) das mulheres consideradas, já tinham deixado a casa dos pais até os 25 anos. Focalizando o caso da Itália, Billari (2001) apresenta dados mais específicos sobre os cinco eventos clássicos marcadores da transição para a vida adulta (ver Quadro 2). Estes resultados mostram uma clara seqüência quando as idades medianas são examinadas. Tanto para homens como para mulheres, independente da coorte, a idade mediana de ocorrência dos eventos apresenta-se crescente em relação à seqüência de eventos considerados: fim da educação formal, primeiro emprego, saída de casa, primeira união e primeiro filho. Dentre os diversos estudos relativos à transição para a vida adulta, a análise de eventos múltiplos é mais problemática que a análise de eventos únicos. Por exemplo, se desejamos analisar a duração entre dois eventos ou a ordem expressa de um grupo de eventos dentro do curso de vida, podemos enfrentar problemas com a falta de técnicas para sua representação e 11 com a necessidade de que os eventos tenham ocorrido antes da entrevista, quando se examina um estudo retrospectivo (BILLARI, 2001). Quadro 2 Idade mediana das pessoas, sexo, coortes e eventos de transição para a vida adulta – Itália – 1996 Homem (anos) Mulher (anos) Eventos 1946-55 1956-65 1966-75 1946-55 1956-65 1966-75 Fim da educação formal 17,7 18,7 19,7 15,4 18,3 19,5 Primeiro emprego 17,8 19,0 20,4 20,6 20,9 21,5 Saída de casa 24,9 26,7 >30 22,6 23,6 26,2 Primeira união 25,9 28,3 >30 22,7 23,9 27,2 Primeiro filho 28,9 31,9 >30 24,9 26,7 >30 Fonte: Billari (2001, p. 15), adaptado da Tabela 1 Outro tipo de análise que é feita em estudos de transição para a vida adulta é a investigação da sucessão de eventos que pode ser de dois tipos: sucessão periódica, onde são consideradas a ordem e a duração entre os eventos e sucessão não periódica, onde somente a ordem é analisada. Segundo Billari, Fürnkranz e Prskawetz (2000), no estudo da transição para a vida adulta a ênfase principal está na análise do tempo, da seqüência e da quantidade de eventos que normalmente acontecem ao longo deste período. Outra preocupação considerada é a simultaneidade de eventos, conhecida como sincronização: realização de dois ou mais eventos na mesma unidade de tempo. Por exemplo, segundo Billari (2001), em pesquisas do tipo da Fertility and Family Surveys – FFS italiana, que investigam o mês e ano de ocorrência de cada evento, os eventos simultâneos podem ser vistos como realmente simultâneos. É o caso da primeira união (ou matrimônio) e da saída da casa paterna, conforme o padrão do sul da Europa. Porém, em alguns outros casos como por exemplo, o fim da educação formal e o início do primeiro emprego ou a saída de casa e o início do primeiro emprego podem ser questionados se são verdadeiramente simultâneos. Para o autor, o fim da educação formal e o início do primeiro emprego são eventos que ficam crescentemente predominantes, enquanto que a saída da casa paterna e a primeira união se tornam, freqüentemente, eventos simultâneos. Mostra, ainda, Billari (2001) que a análise da ordem de ocorrência dos eventos pode ser investigada pela ordem cronológica de cada um. Neste sentido, o Quadro 3 apresenta para a Itália, em 1996, a ordem de cada um dos cinco eventos clássicos. Vale ressaltar que dentre os homens, o evento fim da educação formal, apesar da grande maioria apontá-lo como primeiro evento (61%), uma parte significativa realizou-o como segundo evento e esse percentual aumentou na coorte mais jovem, passando de 23,5% para 29%. Já no caso das mulheres, o fim da educação formal é majoritariamente o segundo evento, mas como no caso dos homens, os valores tem aumentado significativamente na coorte mais jovem, variando de 11,4% para 17,4%. Com relação ao primeiro emprego, mesmo a maioria tendo realizado este evento em segunda ordem, uma parte elevada (ao redor de 30%) o realizou em primeira ordem, ou seja, esse contingente populacional iniciou sua transição para a vida adulta através do primeiro emprego e não, por exemplo, através do fim da educação formal ou pela saída de casa. 12 Quadro 3 Ordem de eventos transitivos observados antes da idade de 30 anos, em percentagem, de acordo com o sexo, coortes e eventos de transição para a vida adulta – Itália – 1996 Homem (%) Mulher (%) Eventos e ordem 1946-55 1956-65 1946-55 1956-65 Fim da educação formal 1º evento 60,7 61,6 75,7 71,8 2º evento 23,5 29,0 11,4 17,4 3º evento 4,5 5,7 3,8 2,8 4º evento 4,7 1,5 3,9 4,6 5º evento 6,6 2,2 5,3 3,4 1º evento 36,2 35,9 23,5 29,5 2º evento 54,1 55,1 54,2 53,3 3º evento 5,5 6,2 4,2 4,2 4º evento 2,6 1,1 6,4 4,9 5º evento 1,6 1,7 11,8 8,1 1º evento 13,0 12,9 10,7 11,4 2º evento 21,8 16,4 39,3 33,8 3º evento 61,0 68,1 47,2 51,7 4º evento 3,2 1,7 2,2 2,3 5º evento 1,1 0,9 0,5 0,8 1º evento 0,9 0,4 5,9 4,8 2º evento 14,2 9,9 35,9 33,4 3º evento 65,6 72,2 49,5 53,6 4º evento 18,8 17,1 8,4 7,7 5º evento 0,5 0,4 0,3 0,4 1º evento 0,0 0,0 0,3 0,3 2º evento 0,7 0,4 1,6 1,2 3º evento 2,8 2,6 7,4 6,5 4º evento 19,5 13,8 37,8 35,4 5º evento 77,0 83,1 53,0 56,7 Primeiro emprego Saída da casa dos pais Primeira união Primeiro filho Fonte: Billari (2001, p. 18-19), Tabela 4. Outro evento que tem uma ordem disputada é a saída da casa dos pais. Se majoritariamente ocorre em terceira ordem (mais de 60% dos homens e ao redor de 50% no caso das mulheres), uma grande proporção de mulheres realiza essa transição em segunda ordem (quase 40% da coorte mais velha e 34% na coorte mais jovem). Mas a tendência é de se consolidar esta transição na terceira ordem, nas coortes mais jovens, independente do sexo, o que estaria refletindo o adiamento da saída de casa. Também, dois fatos podem ser destacados: a predominância da entrada em primeira união como sendo o terceiro evento e não, como seria esperado, o quarto evento e como 13 tradicionalmente é esperado, o nascimento do primeiro filho caracteriza-se como sendo o quinto evento realizado, contudo, sem ignorar os percentuais obtidos na indicação como o quarto. 3 – Aspectos da transição para a vida adulta no Brasil Atualmente, a PPV é a única pesquisa brasileira que permite investigar quatro dos cinco eventos clássicos ligados à transição para a vida adulta16, relacionados por Modell et al (1976), por meio de perguntas diretas que abordam a ocorrência, ou não, dos eventos e a idade em que eles foram concretizados: saída da escola17, entrada na força de trabalho18, entrada em união19 e entrada na paternidade/maternidade20. Assim sendo, as análises quanto à realização, à seqüência e à idade de entrada e de saída dos eventos relativos à transição para a vida adulta serão feitas considerando estes quatro eventos21. Deve ser ressaltado que, devido ao baixo número de registros de filhos adultos e, principalmente de filhas adultas, algumas investigações, somente serão feitas para o total de cada grande região. 3.1 – Eventos de transição A seguir, os Quadros 4 e 5 apresentam uma visão geral da distribuição dos filhos adultos, no período 1996-1997, segundo a entrada e saída em eventos de transição. O primeiro quadro contém a distribuição percentual e o segundo, idades medianas de ocorrência daqueles eventos. No Quadro 4, quanto à saída da escola, observa-se que, do total de filhos adultos, em torno de dois terços não estavam freqüentando escola, com destaque para o maior e o menor percentual verificado no Sudeste: 71,33% entre as filhas adultas residentes em áreas metropolitanas e 58,44% entre as filhas adultas não metropolitanas. Por grupos de idade, de modo geral, os filhos adultos de 18 a 24 anos, em comparação com os de 25 a 39 anos, permanecem mais tempo na escola. Ao compararmos os percentuais de saída da escola, nas duas grandes regiões, observase que na faixa de 18 a 24 anos, o Sudeste registra o maior e o menor percentual (60,83%, 16 A saída dos filhos da casa dos pais e nem a data de ocorrência, não foi investigada. 17 Quesitos utilizados: freqüência ou não à escola e, em caso negativo, se já freqüentou; e a idade de conclusão da última série freqüentada. 18 Quesitos utilizados: já trabalhou alguma vez?; com que idade começou a trabalhar? Quesitos utilizados: estado civil; se vive ou não em companhia de cônjuge e, para os que vivem, a natureza da união; o mês e o ano em que iniciou a união atual; a idade do cônjuge ao iniciar a união atual; e, se a união atual não é a primeira, o mês e o ano de início da primeira união. 20 Na PPV este evento somente foi investigado para as mulheres. Os quesitos utilizados foram: teve filho nascido vivo? e com que idade teve o primeiro filho nascido vivo? 21 Embora a PPV permita esta investigação, algumas restrições devem ser observadas, tais como: a idade de entrada em união, somente foi investigada para mulheres de 12 a 49 anos que viviam em união na data da pesquisa, excluindo-se todos os homens e as mulheres maiores de 49 anos de idade; não está disponível a informação sobre idade de entrada em união das pessoas que estão atualmente separadas, divorciadas ou viúvas; a idade de entrada na parentalidade somente foi investigada para mulheres de 12 a 49 anos; por se tratar de uma pesquisa piloto e com restrições orçamentárias, o tamanho amostral foi reduzido, não oferecendo uma visão nacional completa; além de que, devido ao pequeno tamanho da amostra é muito grande a variância dos resultados estimados, restringindo certas comparações a patamares mais agregados do que desejado. 19 14 mulheres metropolitanas e 47,94%, mulheres não metropolitanas); que nas duas grandes regiões é grande a percentagem de filhos e filhas adultas metropolitanas de 25 a 39 anos de idade (entre 81,66% e 87,21%); que filhos e filhas de 25 a 39 anos residentes em áreas não metropolitanas do Nordeste apresentam valores semelhantes (74,40% e 74,70%, respectivamente); além de que na faixa de 25 a 39 anos, o Sudeste se destaca por apresentar para os filhos o maior valor percentual (91,09%) e o para as filhas o menor (69,37%). De acordo com a distribuição percentual dos filhos adultos que já tinham entrado na força de trabalho, observa-se no Quadro 4 que o padrão encontrado é bem diferente do apresentado por aqueles que já saíram da escola. Este padrão de entrada na força de trabalho, onde todos os valores são bem mais expressivos, pode indicar que para muitos filhos adultos, a necessidade de obtenção de um emprego é maior que a necessidade de instrução. Porém, provavelmente, devido a uma grande parte dos filhos de 18 a 24 anos ainda estar estudando, a entrada na força de trabalho se dá nesta faixa de idade em menor escala do que na faixa de 25 a 39 anos. Quadro 4 Distribuição percentual dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, localização do domicílio, sexo, eventos de transição para a vida adulta e grupos de idade Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Região Nordeste (%) Região Sudeste (%) Eventos de transição e grupos de idade Área Metropolitana Área não metropolitana Área Metropolitana Área não metropolitana Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Já tinham saído da escola (1) 65,48 69,58 60,36 60,22 68,10 71,33 67,56 58,44 18-24 anos 51,03 51,27 56,01 50,71 58,52 60,83 56,96 47,94 25-39 anos 84,82 87,21 74,40 74,70 81,66 83,63 91,09 69,37 Já tinham entrado na força de trabalho (2) 86,74 78,80 86,15 75,06 88,32 82,89 90,04 78,92 18-24 anos 79,29 65,84 83,71 70,37 82,67 76,86 84,62 76,35 25-39 anos 97,53 90,90 90,44 81,04 97,26 92,77 100,00 80,61 Vivem em companhia de cônjuge (3) 6,02 5,63 5,84 4,65 4,32 4,93 7,10 4,49 18-24 anos 2,72 5,30 4,62 2,91 2,31 3,91 3,57 1,22 25-39 anos 11,50 6,11 9,24 7,24 6,56 6,57 16,12 8,86 Já tinham tido filho (4) .. 26,85 .. 28,87 .. 19,41 .. 20,87 18-24 anos .. 16,68 .. 16,60 .. 13,06 .. 9,51 25-39 anos .. 37,18 .. 44,59 .. 28,84 .. 31,41 Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos adultos, em cada célula. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinais convencionais utilizados: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento. .. Não se aplica dado numérico. (1) Filhos que não estavam freqüentando escola e que já freqüentaram escola. (2) Filhos que já tinham trabalhado alguma vez. (3) Filhos que vivem em companhia de cônjuge na casa dos pais. (4) Somente mulheres, de 18 a 49 anos de idade, que tinham tido filho nascido vivo. Em geral, filhas adultas apresentam nas duas faixas etárias, menores percentuais em comparação aos dos filhos homens, sendo estes, mais expressivos na primeira faixa. Mas, na comparação entre as duas faixas de idade, verifica-se que filhos e filhas adultas de 18 a 24 anos entram no mercado de trabalho com menor intensidade que os de 25 a 39 anos. Este fato, 15 em geral, deve-se à maior necessidade de instrução e menor necessidade de trabalho, visto que a permanência na casa dos pais proporciona proteção material e não material. Quanto aos filhos adultos que residem na casa dos pais em companhia de cônjuge, no Quadro 4 observa-se que é bem menos expressiva a proporção daqueles que realizaram esta transição. Percentualmente, nota-se para o total, que estes filhos adultos representam menos de 8% em todas as categorias. Na comparação entre sexos, os filhos apresentam maiores percentuais que as filhas, exceto os metropolitanos do Sudeste que mostram valores semelhantes. Por faixa etária, verifica-se que são menores os percentuais daqueles com idades entre 18 e 24 anos, que nas áreas metropolitanas predominam as filhas e nas não metropolitanas, os filhos. Já, entre aqueles de 25 a 29 anos há um predomínio de filhos em todas as áreas, exceto no Sudeste, onde os valores são iguais. Ressalta-se que os filhos não metropolitanos do Sudeste (16,12%) detêm o maior percentual em relação às filhas (8,86%). Na análise das filhas adultas que residem na casa paterna e que já tinham tido filho nascido vivo, o Quadro 4 aponta valores pouco expressivos, tanto no total quanto nas faixas de idade. Entretanto, estes percentuais, que são mais expressivos entre as filhas entre 25 e 39 anos de idade, retratam, provavelmente, duas realidades verificadas no mundo de hoje: entre as filhas de 18 a 24 anos, o aumento da maternidade solteira e entre as filhas de 25 a 39 anos, o retorno à casa dos pais após uniões desfeitas. No Nordeste, as filhas adultas de 18 a 24 anos de idade que já tinham tido filho apresentam valores próximos (16,68%, nas metropolitanas e 16,60% nas não metropolitanas), enquanto que no Sudeste, as metropolitanas se destacam (13,06% contra 9,51%). Na faixa de 25 a 39 anos, as não metropolitanas predominam sobre as metropolitanas. No Quadro 5, quanto à idade de saída da escola, mulheres saem em idades medianas superiores a dos homens, com diferença de 1 ano nas áreas não metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, de 2 anos na área metropolitana do Nordeste e de 4 anos na não metropolitana do Sudeste. Quanto à idade de entrada na força de trabalho, mulheres, em comparação com a idade de saída da escola, também entram em idades medianas superiores a dos homens, porém com maior amplitude: 2 anos (áreas metropolitanas do Nordeste e Sudeste) e 4 anos (áreas não metropolitanas do Nordeste e Sudeste). Paralelamente, nota-se que tanto filhos adultos quanto filhas adultas que residem com os pais entram na força de trabalho, muitas vezes, em idades precoces (de 9 anos a 14 anos). Quanto à idade de entrada em união, o Quadro 5 aponta que filhos homens realizam este evento em idades mais avançadas do que as filhas: 3 anos (área metropolitana do Sudeste), 6 anos (área metropolitana do Nordeste), 8 anos (área não metropolitana do Nordeste) e 9 anos (área não metropolitana do Sudeste). Nota-se também, que as idades medianas dos filhos e filhas adultas são mais expressivas entre os residentes em áreas não metropolitanas, tanto no Nordeste quanto no Sudeste, com destaque para as idades apontadas no terceiro quartil. Dentre elas, pode ser realçada a idade mais avançada em que filhos (32 anos) e filhas adultas (29 anos) não metropolitanas do Sudeste, realizam a entrada em união. Em relação à idade de entrada na maternidade, as filhas adultas do Nordeste, nas três medidas investigadas, apresentam valores iguais, exceto as não metropolitanas que no terceiro 16 quartil, que têm idade um ano menor que as metropolitanas. Já as filhas adultas não metropolitanas do Sudeste, realizam este evento 2 anos e 5 anos após as metropolitanas. Quadro 5 Idade (primeiro quartil, mediana e terceiro quartil) dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, localização do domicílio, sexo e eventos de transição para a vida adulta Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Região Nordeste (anos) Região Sudeste (anos) Eventos de transição e grupos de idade Área Metropolitana Homem Área não metropolitana Área Metropolitana Área não metropolitana Mulher Homem Mulher Homem Mulher Homem Mulher Já tinham saído da escola (1) Primeiro quartil 13 16 12 13 13 15 12 13 Mediana 16 18 15 16 17 18 14 18 Terceiro quartil 19 21 19 19 19 21 18 19 Já tinham entrado na força de trabalho (2) Primeiro quartil 13 15 9 10 14 15 10 13 Mediana 16 18 10 14 15 17 12 16 Terceiro quartil 18 20 15 18 18 19 15 18 Vivem em companhia de cônjuge (3) Primeiro quartil 21 17 23 18 19 17 20 17 Mediana 25 19 28 19 21 18 29 21 Terceiro quartil 28 24 29 23 26 23 32 29 Primeiro quartil .. 18 .. 18 .. 18 .. 20 Mediana .. 20 .. 20 .. 20 .. 22 Terceiro quartil .. 24 .. 23 .. 23 .. 28 Já tinham tido filho (4) Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Nota: Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado numérico. (1) Idade de conclusão da última série freqüentada daquelas pessoas que não estavam freqüentando a escola, mas já freqüentaram. (2) Idade com que começaram a trabalhar as pessoas que trabalham ou que já tinham trabalhado alguma vez. (3) Idade de início da primeira união das mulheres de 18 a 49 anos que na data da pesquisa viviam em companhia de cônjuge e, idade mediana de início da primeira união dos cônjuges dessas mulheres.. (4) Idade das mulheres ao ter o primeiro filho nascido vivo. Somente foram consideradas as mães de 18 a 49 anos de idade. 3.2– A transição em seqüência Na análise da seqüência de eventos do tipo saída da escola e a entrada na força de trabalho, o Quadro 6 aponta para o total de filhos e filhas adultas, a predominância daqueles que saem da escola depois do início do primeiro trabalho, exceto para filhos metropolitanos do Nordeste, cujos percentuais aparecem no mesmo patamar. Já aqueles que saem da escola e entram na força de trabalho na mesma idade representam uma fatia pequena (menos de 9%) do total de filhos adultos, com um pequeno predomínio das filhas adultas do Sudeste. Quanto à comparação entre as seqüências antes e depois, os dados apontam que os filhos adultos as realizam mais intensamente que as filhas adultas. Isto somente não é verificado na área não metropolitana do Nordeste (saída da escola antes do primeiro trabalho), onde as filhas apresentam maior percentual que os filhos. 17 Segundo os grupos de idade, percebemos uma diversificação de valores. Contudo, mesmo sem os três grupos de idade apresentarem um padrão predominante, verifica-se nos dois primeiros grupos de idades, nas seqüências antes e depois, que os percentuais dos filhos adultos são maiores que os das filhas, exceto na área não metropolitana do Nordeste. Para o último grupo, ora os filhos sobressaem, ora as filhas. Quadro 6 Distribuição percentual dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, localização do domicílio, sexo, seqüência de saída da escola e início do primeiro trabalho e grupos de idade Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Região Nordeste (%) Região Sudeste (%) Seqüência de eventos Área Metropolitana Homem Mulher Área não metropolitana Homem Área Metropolitana Área não metropolitana Mulher Homem Mulher Homem Mulher Saída da escola antes do início do primeiro trabalho (1) Total 28,76 23,33 12,47 21,36 26,07 21,07 21,99 15,99 18-24 anos 22,14 15,06 12,90 14,42 21,16 17,81 18,91 16,02 25-39 anos 38,39 29,05 11,45 31,81 29,61 22,91 29,29 9,50 40-59 anos 35,84 45,09 13,45 25,35 67,73 40,26 20,49 30,38 Saída da escola depois do início do primeiro trabalho (1) Total 28,33 30,93 39,99 22,90 34,56 33,31 37,66 30,53 18-24 anos 19,59 18,25 35,12 21,20 28,65 25,97 29,23 18,80 25-39 anos 39,89 44,02 54,09 24,58 46,62 44,11 55,38 48,69 40-59 anos 47,42 42,56 12,86 28,29 26,77 40,32 38,69 52,48 Saída da escola e início do primeiro trabalho na mesma idade (1) Total 4,04 5,55 2,41 5,48 4,59 8,12 4,99 7,51 18-24 anos 2,73 4,79 2,70 3,72 5,44 5,56 4,93 8,27 25-39 anos 5,17 7,12 2,14 9,40 2,89 13,63 5,60 6,39 40-59 anos 11,85 2,33 - - 5,51 1,06 3,86 5,98 Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos, em cada célula. 2 – Sinal convencional utilizado: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento. (1) Somente filhos adultos que não freqüentavam escola, mas tinham freqüentado e que já tinham trabalhado. 3.3 – Idades de saída e de entrada nos eventos de transição Ao analisarmos o Quadro 7, fica evidente a presença de maior percentagem de filhas adultas na escola, em qualquer idade, principalmente no Sudeste, onde o acesso à instrução é conseguido com maior facilidade, em todos os níveis. Em relação aos dois grupos de idade apresentados no quadro, esta presença na escola é bem superior nas idades de 18 a 24 anos, idade na qual os filhos consolidam a instrução secundária e, os que têm maior oportunidade, o nível universitário. Nota-se também, que o percentual de filhos nordestinos que nunca freqüentou escola é bem elevado (16,14%), em comparação com as demais combinações (9,01%, filhas no Nordeste e 6,82%, filhos e 4,38%, filhas, no Sudeste). Para os filhos adultos de ambos os sexos, a idade em que ocorre a saída da escola é, em geral, até os 15 anos e entre 16 e 19 anos. Entretanto, na comparação da idade de saída da escola entre filhos e filhas, o padrão encontrado é bem diferente. Enquanto os filhos concentram a saída até os 15 anos de idade (em torno de 50% do total) e entre 16 e 19 anos 18 (em torno de 30% do total), as filhas apresentam um padrão concentrado nos três primeiros grupos (no Nordeste, 38%, 35% e 19% e no Sudeste, 34%, 37% e 22%, respectivamente), com uma redução acentuada no grupo de 25 a 59 anos. Esta diferença na idade de saída da escola por sexo, entre o primeiro grupo de idade e os dois seguintes, indica que os filhos tendem, provavelmente por motivos econômicos pessoais e da maior necessidade de ajuda financeira em casa, a abandonar a escola mais cedo que as filhas. Na comparação entre as faixas etárias, esta diferença fica mais evidente. Enquanto para os filhos, nos dois grupos etários o maior percentual de saída ocorre no grupo até 15 anos, para as filhas, na faixa de 18 a 24 anos eles são semelhantes e entre 25 e 39 acontece o maior valor. Quadro 7 Distribuição percentual de filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, idade de saída da escola, localização do domicílio, sexo e grupos de idade Região Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Não Nunca Idade de saída da escola freqüenfreqüenLocalização do domicílio, sexo e FreqüenAté 15 De 16 a De 20 a De 25 a tando (1) taram grupos de idade tando anos 19 anos 24 anos 59 anos Região Nordeste (%) – Homem 22,50 61,36 31,66 17,36 8,46 1,76 16,14 18-24 anos 20,64 35,01 20,49 9,73 3,40 .. 7,88 25-39 anos 1,85 24,59 10,42 7,06 4,90 1,21 5,59 28,38 62,61 24,15 22,45 12,14 2,95 9,01 18-24 anos 24,78 28,31 13,93 10,80 2,90 .. 2,60 25-39 anos 3,60 28,98 8,31 10,52 7,78 2,12 4,44 25,39 67,80 35,22 22,20 8,42 1,46 6,82 18-24 anos 22,86 35,13 19,42 13,32 2,28 .. 2,94 25-39 anos 2,52 26,18 11,71 7,38 5,72 1,12 1,54 31,26 64,36 22,97 24,23 14,67 2,43 4,38 18-24 anos 26,90 32,38 13,88 13,65 4,86 .. 1,09 25-39 anos 4,31 23,38 5,75 8,88 7,01 1,68 2,67 Região Nordeste (%) – Mulher Região Sudeste (%) – Homem Região Sudeste (%) – Mulher Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, em cada localização do domicílio e sexo. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado numérico. (1) Inclusive sem declaração de idade de saída da escola. Quanto à entrada na força de trabalho, o Quadro 8 indica que mais de 75% já o fizeram, sendo que esta entrada é mais evidente entre os filhos. Esta característica caminha em situação inversa à encontrada na saída da escola, porém produzindo efeitos semelhantes: mulheres estudam mais tempo e entram na força de trabalho em menor proporção, enquanto que homens estudam menos tempo e acessam a força de trabalho em maior proporção. Em relação à idade de início do primeiro trabalho daqueles que já tinham trabalhado, podemos concluir que os filhos adultos, tanto do Nordeste quanto do Sudeste, acessam o mercado de trabalho com maior intensidade até a idade de 15 anos (em torno de 70% do total), seguida das idades entre 16 e 19 anos (em torno de 25% do total); que as filhas nordestinas seguem o mesmo padrão dos filhos; além de que, as filhas do Sudeste apresentam padrão diferenciado, com a maioria acessando o mercado de trabalho com idades entre 16 e 19 anos, seguido das idades até 15 anos. Por faixa etária, os mesmos padrões são encontrados. 19 Quadro 8 Distribuição percentual dos filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, idade de início do primeiro trabalho,localização do domicílio, sexo e grupos de idade Região Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Já tinham Idade de início do primeiro trabalho trabalhado Localização do domicílio, sexo e Nunca Até 15 De 16 a De 20 a De 25 a (1) grupos de idade trabalharam anos 19 anos 24 anos 59 anos Região Nordeste – Homem (%) 13,74 86,26 62,75 16,95 6,29 0,27 18-24 anos 10,86 52,68 39,09 9,93 3,65 .. 25-39 anos 2,55 29,48 20,29 6,36 2,59 0,24 23,98 76,02 41,40 17,54 13,98 3,09 18-24 anos 17,08 38,61 24,56 8,58 5,47 .. 25-39 anos 5,98 31,04 13,26 8,37 7,24 2,18 10,71 89,29 58,03 25,48 5,19 0,59 18-24 anos 9,90 51,04 32,36 17,20 1,48 .. 25-39 anos 0,40 29,84 18,90 7,65 2,89 0,41 19,26 80,74 32,74 36,01 10,20 1,79 18-24 anos 14,14 46,23 18,29 22,22 5,72 .. 25-39 anos 3,91 26,45 10,88 10,81 3,46 1,29 Região Nordeste – Mulher (%) Região Sudeste – Homem (%) Região Sudeste – Mulher (%) Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhos adultos de 18 a 59 anos de idade, em cada localização do domicílio e sexo. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinal convencional utilizado: .. Não se aplica dado numérico. (1) Inclusive sem declaração de idade de início do primeiro trabalho. Quanto ao contingente de filhas adultas que estavam casadas e residindo na casa dos pais, observa-se no Quadro 9, para o total das duas regiões, que é pequena a percentagem (menos de 5%) de filhas adultas que residem com os pais e que vivem com o cônjuge, sob o mesmo teto. Quando isto acontece, a idade de entrada na primeira união se dá, embora com valores pequenos, mais intensamente às idades de 16 a 19 anos, de 20 a 24 anos e de 25 a 29 anos, no Nordeste e às idades de 16 a 19 anos, de 25 a 29 anos e de 20 a 24 anos, no Sudeste. Quadro 9 Distribuição percentual das filhas adultas de 18 a 49 anos de idade, idade da filha ao entrar na primeira união, localização do domicílio e grupos de idade Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Não Vivem Idade da filha ao entrar na primeira união vivem com Localização do domicílio Até 15 De 16 a De 20 a De 25 a De 30 a com cônjuge e grupos de idade da filha anos 19 anos 24 anos 29 anos 49 anos cônjuge (1) Região Nordeste (%) 95,08 4,92 0,23 2,50 1,33 0,77 0,09 18-24 anos 54,51 2,40 0,05 1,56 0,79 .. .. 25-39 anos 34,95 2,41 0,17 0,94 0,54 0,71 0,05 95,33 4,67 0,60 1,37 1,07 1,21 - 18-24 anos 60,39 1,20 - 1,20 - .. .. 25-39 anos 28,64 2,49 0,60 0,16 0,88 0,84 - Região Sudeste (%) Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhas mulheres adultas de 18 a 49 anos de idade, em cada localização do domicílio. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinais convencionais utilizados: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento. .. Não se aplica dado numérico. (1) Inclusive sem declaração da idade ao entrar na primeira união. 20 Quanto à entrada na maternidade, no Quadro 10, verifica-se que a proporção de filhas adultas que já tiveram filho nascido vivo e continuam residindo com os pais é pouco expressivo. Porém, quando este evento ocorre, ele é mais expressivo nas filhas adultas de 25 a 39 anos de idade, tanto no Nordeste quanto no Sudeste. Confirmando achados de pesquisas prévias relatadas nos capítulos anteriores e da análise dos dados das mulheres adultas brasileiras relativos à seqüência dos eventos entrada na primeira união e na maternidade, o Quadro 10 mostra, em comparação com o Quadro 9, que filhas adultas que já tiveram o primeiro filho nascido vivo realizam este evento em idades superiores à idade de entrada na primeira união. Enquanto no Quadro 9 os maiores percentuais de entrada em primeira união ocorrem nas idades entre 16 e 19 anos e entre 20 e 24 anos, inversamente no Quadro 10, os maiores percentuais de entrada na maternidade ocorrem nos grupos de 20 a 24 anos e de 16 a 19 anos. Quadro 10 Distribuição percentual das filhas adultas de 18 a 49 anos de idade, idade ao ter o primeiro filho nascido vivo, localização do domicílio e grupos de idade Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil – Março 1996-Março 1997 Não Idade da filha ao ter o primeiro filho nascido vivo tiveram Localização do domicílio e Tiveram Até 15 De 16 a De 20 a De 25 a De 30 a filhos grupos de idade da filha filhos (1) anos 19 anos 24 anos 29 anos 49 anos Região Nordeste (%) 78,70 21,30 0,98 7,77 8,34 3,00 0,88 18-24 anos 49,02 7,90 0,80 4,73 2,36 .. .. 25-39 anos 25,71 11,65 0,08 3,04 5,09 2,57 0,82 Região Sudeste (%) 75,50 24,50 1,37 7,73 8,66 5,00 0,37 18-24 anos 53,85 7,75 0,75 4,84 2,17 .. .. 25-39 anos 19,18 11,95 0,62 2,54 4,61 3,60 - Fonte: IBGE, Microdados da Pesquisa sobre Padrões de Vida – Março 1996-Março 1997. Notas: 1 – Percentagem em relação ao total de filhas mulheres adultas de 18 a 49 anos de idade, em cada localização do domicílio. 2 – Devido ao pequeno contingente de filhos adultos, de 40 a 59 anos de idade, selecionados na amostra, estes foram omitidos da apresentação, no entanto, eles estão incluídos no total. 3 – Sinais convencionais utilizados: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento. .. Não se aplica dado numérico. (1) Inclusive sem declaração da idade ao ter o primeiro filho. 4 – Considerações finais Na análise do processo de transição para a vida adulta, através da revisão bibliográfica, pudemos observar que as transições no âmbito da família são decisivas e fundamentais na adoção de papéis de adulto, tanto de filhos quanto de filhas, pois, entre outros aspectos, elas refletem a maneira como adquirem independência em relação aos pais. Observamos, também, que a transição da juventude para a idade adulta vem sendo associada, na totalidade ou em parte, aos cinco eventos tradicionais que ocorrem ao longo da vida dos indivíduos e é influenciada por fatores culturais, sociais, econômicos e demográficos atuantes na sociedade e na família. Porém, durante as últimas décadas, novas modalidades de transições originaram mudanças estruturais e biográficas, responsáveis pela troca no padrão das transições dos jovens adultos, fazendo com que elas passem de um padrão linear, como visto na transição convencional, para um padrão de incertezas, que apresenta possibilidades de reversão, onde os jovens entram e saem de qualquer evento, por diversas vezes. Historicamente a literatura mostrou que os trabalhos sobre transição para a vida adulta, em princípio, somente se preocupavam em medir a intensidade e a data de ocorrência dos 21 eventos, posteriormente, aspectos individuais e familiares que aceleram ou atrasam a ocorrência dos eventos de transição, passaram a ter maior atenção. Outro fato é que, ao longo do tempo, o padrão dos eventos de transição, como visto por Modell et al. (1976), passou de, basicamente, masculino para um padrão, atualmente, semelhante por sexo. Todos os cinco eventos tradicionais, sob o ponto de vista individual, estão interrelacionados: a ocorrência de um pode acelerar ou atrasar o outro e, atualmente, os jovens podem planejar e organizar suas vidas substituindo biografias padronizadas por biografias escolhidas. Paralelamente, do ponto de vista coletivo, o papel da família tem importância decisiva na execução das transições de seus membros jovens para a vida adulta, importando ressaltar que as mudanças sociais e a dinâmica econômica afetam diretamente as decisões tomadas pelos jovens adultos, durante o período de transição. Tais mudanças, ao longo do tempo, reorganizaram os cursos de vida dos jovens adultos, fazendo com que a transição para a vida adulta se tornasse um processo diferente do que era no passado. A bibliografia sustenta que algumas características, envolvidas no processo de transição para a vida adulta, podem ser destacadas. Por exemplo, a idade à qual os componentes de cada nova geração finalizam seus estudos tem se elevado consideravelmente, visando maiores conhecimentos e especialização para enfrentar a atual competitividade do mercado de trabalho. Freqüentar escola, principalmente em tempo integral, gera maior dependência e faz com que os filhos permaneçam por mais longo tempo na casa dos pais. Outro aspecto relevante é o trabalho remunerado pela sua importância para a saída da casa paterna, pois provê maior independência econômica. De modo geral, pessoas jovens com emprego e salários altos têm maior probabilidade de serem residencialmente independentes, do que as demais. Porém, em diversos países industrializados, a obtenção de um primeiro emprego tem sido afetada pela deterioração geral da posição dos jovens no mercado de trabalho nas últimas décadas, principalmente, no que diz respeito ao desemprego, aos contratos de curta duração, aos baixos salários e às situações de risco e de precariedade que se concentram de forma desproporcional, entre homens e mulheres mais jovens. Notório é que, o desemprego tem sido apontado como uma das principais causas do aumento da idade de saída dos filhos da casa paterna e a segurança de um trabalho estável, bem como, a necessidade de uma renda razoável são exigências e condições indispensáveis para que a maioria dos jovens deixe a casa dos pais. Portanto, observa-se que o período das transições saída da escola e entrada na força de trabalho, e vice-versa, é crucial para os jovens e o apoio do domicílio paterno se faz necessário. Em contrapartida, o fato dos jovens dedicarem um período prolongado de suas vidas a um melhor nível educacional concorre para uma entrada no mercado de trabalho, com maior preparo. Considerando os países investigados na bibliografia analisada, podemos destacar alguns fatos que foram observados: 1) o processo de transição para a vida adulta mostra diferenças entre homens e mulheres; 2) a idade de saída dos filhos da casa paterna vem acontecendo cada vez mais tarde, desde os anos 60/70, e decorre, em parte, de comportamentos novos e diferentes nas atividades dos filhos de 20 a 24 anos de idade, que ainda estão morando com os pais; 3) o envelhecimento populacional tem provocado aumento da permanência dos filhos na casa dos pais; 4) filhos residentes em domicílios com situações sócio-econômicas mais favoráveis saem de casa mais tarde; 6) mulheres jovens deixam a casa paterna mais cedo do que os homens jovens; 7) jovens rurais saem da escola e começam a trabalhar mais cedo do que os residentes na área urbana; 8) mulheres tornam-se cônjuges em idades mais precoces que os homens, principalmente, em áreas rurais; 9) mulheres rurais têm 22 filhos mais cedo do que as mulheres urbanas; 10) o modelo tradicional de matrimônio, onde a passagem de uma família para outra sem qualquer passo intermediário, ainda é uma condição popular em muitos países, principalmente, naqueles com laços familiares fortes; 11) embora a maioria dos jovens espere se casar, há uma proporção significativa que prefere a coabitação, e com isto, esta prática deixou de ser pouco freqüente como nos anos sessenta, para ser uma experiência comum; 12) nas últimas décadas, a maior parte dos casamentos são precedidos de coabitação; 13) de modo geral, as decisões ligadas ao matrimônio e à procriação são bastante distintas, porém, intimamente relacionadas e, nas últimas décadas, o adiamento da formação de união e casamento tem conduzido ao adiamento do nascimento do primeiro filho; 14) mulheres com maior nível educacional têm o primeiro filho numa idade posterior às mulheres com menor nível; 15) a dissociação do exercício da sexualidade do ingresso na vida conjugal tem sido cada vez mais comum na sociedade moderna; 16) em síntese, as fases que envolvem o processo de transição da juventude para a vida adulta – convencionadas por Modell et al. (1976) – continuam sendo marcadas pelos mesmos eventos e a sua seqüência continua, praticamente, a mesma. De modo geral, entre os homens a transição é delimitada por eventos ligados ao mercado de trabalho e entre as mulheres a vida adulta ainda é marcada pelo casamento e pela maternidade. No decorrer da análise dos eventos de transição para a vida adulta no Brasil, através dos dados disponíveis da Pesquisa sobre Padrões de Vida 1996/1997, chegou-se a algumas conclusões: 1) em torno de dois terços do total de filhos adultos das regiões Nordeste e Sudeste, não estavam freqüentando escola, sendo que, de modo geral, filhos adultos de 18 a 24 anos permanecem mais tempo na escola que os de 25 a 39 anos; 2) comparativamente, na região Sudeste os percentuais de saída da escola são superiores aos do Nordeste e homens metropolitanos apresentam percentuais menores de saída da escola, enquanto que, entre os não metropolitanos são as mulheres que apresentam os menores percentuais. Quanto à idade mediana, filhas saem da escola em idades superiores a dos filhos, com diferença de 1 ano nas áreas não metropolitanas do Nordeste e do Sudeste, de 2 anos na área metropolitana do Nordeste e de 4 anos na área não metropolitana do Sudeste; 3) em relação aos filhos que já haviam trabalhado alguma vez, observa-se que a maioria dos que permanecem residindo com os pais, já ingressou no mercado de trabalho. Em razão de grande parte dos filhos adultos de 18 a 24 anos ainda estar estudando, a entrada na força de trabalho se dá, nesta faixa de idade, em menor escala do que nas idades superiores. Em geral, filhas adultas apresentam menores percentuais que os filhos homens, sendo, estes, bem menores no grupo de 18 a 24 anos de idade, corroborando o fato de que mulheres entram com menor intensidade na força de trabalho; 4) quanto à idade mediana de entrada na força de trabalho, filhas entram em idades superiores às dos filhos, com uma amplitude de 2 anos nas áreas metropolitanas e de 4 anos em áreas não metropolitanas. Outro fato verificado é que filhos adultos entram na força de trabalho, muitas vezes, em idades medianas precoces (de 9 a 14 anos no primeiro quartil, de 12 a 17 anos na idade mediana e de 15 a 19 anos no terceiro quartil da distribuição); 5) é pouco expressiva a proporção de filhos adultos que residem na casa dos pais em companhia de cônjuge, sendo que os percentuais de filhos homens nesta condição superam o das filhas e, por idade, filhos adultos de 18 a 24 anos o fazem em menor quantidade que os com idades superiores; 6) quanto à idade mediana de entrada em primeira união, filhos homens realizam este evento em idades mais avançadas do que filhas: 3 anos a mais na área metropolitana do Sudeste, 6 anos a mais na área metropolitana do Nordeste, 8 anos na área não-metropolitana do Nordeste e 9 anos na área não-metropolitana do Sudeste, sendo que os residentes em áreas não-metropolitanas apresentam idade de entrada em primeira união superior a dos metropolitanos, atingindo, no Sudeste, 32 anos (filhos) e 29 anos (filhas); 7) o contingente de filhas adultas que residem na casa paterna e que já tinham tido filho nascido vivo é bem 23 superior ao daquelas que vivem em companhia de cônjuge. Este fato, que se apresenta mais intenso entre as filhas de 25 anos e mais de idade, retrata duas realidades verificadas no mundo de hoje: o aumento da maternidade solteira entre as filhas mais novas e o retorno à casa dos pais após uniões desfeitas, entre as filhas com idades mais elevadas; 8) em relação à idade mediana de entrada na maternidade, filhas adultas nordestinas realizam este evento com 20 anos, enquanto que, no Sudeste, as metropolitanas com 20 anos e as não metropolitanas com 22 anos. Já a realização de ter filho em idades mais elevadas se dá no Nordeste com diferença de 1 ano entre metropolitanas e não-metropolitanas (24 e 23 anos, respectivamente) e no Sudeste com diferença de 5 anos (29 e 23 anos, respectivamente). Finalmente, cabe ressaltar que, ao investigarmos, ao longo deste trabalho, os filhos adultos brasileiros que moram com os pais, novas demandas foram surgindo e, com isso, a necessidade de outros estudos que possibilitassem um maior entendimento e aprofundamento deste fenômeno. Portanto, torna-se de suma importância a realização de pesquisas quantitativas e qualitativas, que, por meio de questionários e entrevistas, investiguem o comportamento destes filhos, diante dos diversos aspectos sócio-demográficos ligados à vida familiar e à comunidade a que pertencem. Neste sentido, pautado na realidade internacional, que se caracteriza pela abundância de pesquisas específicas sobre a transição para a vida adulta e, principalmente, pela quase inexistência destas pesquisas no Brasil, surge como sendo de extrema urgência o estabelecimento de novos inquéritos específicos que investiguem os eventos ligados à transição para a vida adulta, assim como, suas respectivas idades de ocorrência, ou, então, a inclusão de quesitos relativos a estes eventos em pesquisas já existentes no país. 5 – Referências Bibliográficas AASSVE, Arnstein et al. Leaving Home Ain't Easy: A comparative longitudinal analysis of ECHP data. Rostock (Germany): Max Planck Institute for Demographic Research, Dec. 2001. 32 p. (MPIDR WORKING PAPER WP 2001-038). Disponível em: <http://www.demogr.mpg.de> Acesso em: maio 2004. AQUILLINO, William S. Family Structure and Home Leaving: A Further Specification of the Relationship. 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