A ÁGUA E O FUTURO DA HUMANIDADE Prof. Msc: Magnus de Souza Resumo A água é essencial para a manutenção da vida, sendo usada para os mais diversos fins, mas com o desenvolvimento da espécie humana e suas técnicas de uso do solo e produção de bens de consumo, estão destruindo sua qualidade. Apesar de sua importância, não esta recebendo a atenção devida, aonde a maioria dos países não disponibilizam sistemas de saneamento básico para sua população, as atividades industriais e agrícolas depositam uma infinidade de contaminantes nos mananciais hídricos diariamente. Para a maioria dos autores ligados ao meio ambiente, a crise da água é a dimensão mais difusa e mais severa da problemática ecológica que estamos enfrentando. Devido ao número crescente de países que enfrentam a escassez ou por terem seus cursos de água poluídos. Os problemas relacionados a escassez da água ou sua contaminação, são responsáveis pela maior quantidade de mortes e disseminação de doenças da atualidade, matando mais do que conflitos armados e os acidentes no trânsito. Este artigo visa relatar a situação da água nas diversas regiões do Planeta, buscando destacar o que deve ser feito para diminuir a degradação dos mananciais hídricos. Palavras-chave: Água; Problemática; Escassez; Meio ambiente. 2 O futuro da humanidade depende dos cuidados com a água O planeta Terra, como explica a ciência, surgiu a mais de 4,5 bilhões de anos, passou por diversos períodos até chegar às condições necessárias para o surgimento das primeiras espécies. Os nossos ancestrais foram uma das últimas espécies a habitar o planeta, surgindo na era Cenozóica, há 65 milhões de anos. Sempre sob uma contínua evolução1, foram se adaptando a novos ambientes e moldando as primeiras regras. O primeiro sinal de evolução foi à convivência desses indivíduos em pequenos grupos, passando a formar aldeias e posteriormente cidades. Independente do grau de organização, localização ou sistema de abastecimento alimentício, em todas as épocas, os seres humanos se aglomeravam e fixavam suas habitações junto a mananciais hídricos. Pequenas cidades se tornaram grandes centros econômicos por estarem situadas às margens de rios, tendo como principal exemplo, a capital do Egito, Cairo, as margens do rio Nilo. Tantos outros rios serviram e ainda servem grandes conglomerados urbanos: Ganges, Eufrates, Amarelo, Sena, etc... Não somente áreas urbanizadas, mas, vastas regiões agrícolas evoluíram economicamente usufruindo da água de rios e lagos. Todas as sociedades, independente de sua localização geográfica, ou grau de desenvolvimento econômico, tiveram como base a exploração dos recursos naturais. Essa concepção colocada em prática sem culpa alguma por nossos antepassados proporcionou um grau de destruição difícil de ser contabilizado, que atualmente é o viés das principais discussões acerca do futuro da humanidade. [...] a expressão dominar a natureza só tem sentido a partir da premissa de que o homem é não-natureza... Mas se o homem é também natureza, como falar em dominar a natureza? Teríamos que falar em dominar o homem também... E aqui a contradição fica evidente. Afinal, quem dominaria o homem? [...] (GONÇALVES, 2008, pg 26). A capacidade de regeneração do meio ambiente frente tamanha aceleração do processo de degradação, desencadeado com a primeira revolução industrial, não é suficiente para proporcionar as condições necessárias para o desenvolvimento dos ecossistemas. Assim, depois da visível percepção de que algo 1 Aprimoramento de técnicas de sobrevivência. 3 deveria ser feito para diminuir essa degeneração da fonte geradora de lucros, surgiram conceitos e estudos para conciliar a exploração econômica com a manutenção do meio ambiente, entre elas o desenvolvimento sustentável. A necessidade de cuidar da água é uma questão urgente Entre as teorias mais aceitas para o surgimento de água na Terra, esta a que enfatiza que após vários períodos seguidos de aquecimento e resfriamento, houve uma condensação do vapor, se materializando em forma de chuva, com isso a água foi depositada nas áreas baixas, formando os primeiros lagos e oceanos. Outra se refere ao bombardeio de cometas e asteróides ricos em gelo, que ao chocar-se com a superfície quente mudaram do estado sólido para o líquido. Entretanto, a terceira corrente, direciona os estudos para uma junção das duas primeiras, aonde somente através de vários fatores foi possível ter tanta água no nosso planeta. Devido a grande quantidade, durante séculos a água não foi uma preocupação. Quando faltava, migrava-se para outras regiões. Atualmente, não existem tantas opções de encontrar água em quantidade com qualidade, a população foi multiplicando-se e hoje somos mais de sete bilhões. Não foi somente a população que cresceu, mas, suas exigências e aspirações, como a necessitada cada vez maior de água para proporcionar a higiene, o lazer, às práticas de irrigação e da indústria. “A demanda mundial de água divide-se 54% para a agricultura (dos quais 70% para irrigação), cerca de 38% para uso industrial e pouco menos de 10% para uso doméstico [...] (GIANSSANTI, 1998, pg 68). Mas, não está somente na quantidade de pessoas e suas práticas os problemas relacionados ao acesso a água, e sim, também na ma distribuição da mesma no Planeta. Temos regiões ricas em mananciais superficiais e subterrâneos, muitas vezes pouco habitadas. Já, em outros locais com grande aglomeração, existe a dificuldade de abastecimento, como regiões desérticas e áridas. Segundo CANDESSUS (2005), se tivéssemos cada um, igualmente acesso à grande cisterna mundial, poderia todos guardar 15000 litros por dia. Para lembrar, um europeu utiliza de 300 a 400 litros dessa água diariamente. Sabe-se 4 que o planeta Terra é munido de uma grande quantidade de água, mas a mesma esta concentra em grande parte nos oceanos, ou regiões isoladas. Vinte e seis países estão hoje em situação de penúria, recebendo menos do que 1000m3 por habitante e por ano. Perto de 400 milhões de habitantes conheceriam uma situação de “estresse hídrico” com gastos maiores que do que a renovação natural. Pior ainda: um relatório publicado no inicio de 2003, pela Unesco e a ONU, prevê que de agora a 2050 o número de países em situação de penúria dobrará. As análises mais alarmistas vão até o anuncio de três quartos da população mundial poderiam, daqui a meio século, ser confrontados com o estresse hídrico. (CANDESSUS, 2005, pg 20). Para TUNDISIU (2009), uma das grandes ameaças à sobrevivência da humanidade nos próximos séculos é a contaminação química das águas. A fabricação de produtos químicos iniciada na segunda guerra mundial, que passaram a ser usados nas indústrias, agricultura e até mesmo nas residências, está destruindo os mananciais e o solo. Para a militante da água, a indiana Vandana Schiva (2006), a crise da água é a dimensão mais difusa e mais severa da problemática ecológica que estamos enfrentando. Devido ao número crescente de países que enfrentam a escassez, abrigando uma população que passa dos 800 milhões de pessoas, o fornecimento de água potável é a principal prioridade entre as políticas ambientais, sociais e econômicas. Diz-se que um país enfrenta uma crise de água grave quando a água disponível é menor que mil metros cúbicos por habitante por ano. Abaixo desse ponto, a saúde e o desenvolvimento econômico de uma nação são dificultados consideravelmente. Quando a disponibilidade anual de água por habitante cai abaixo de quinhentos metros cúbicos, compromete-se cruelmente a sobrevivência da população. [..] (SCHIVA, 2006, pg 17) Os piores exemplos em termos do efeito sobre as pessoas são, evidentemente, as áreas do mundo com grandes populações e recursos insuficientes para oferecer saneamento básico. Dois quintos da população mundial não têm acesso ao saneamento básico, o que tem levado a epidemias em massa de doenças transmissíveis pela água. Metade dos leitos de hospitais do mundo está ocupada por pessoas com doenças propagadas pela água, de fácil prevenção, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que a água contaminada é uma das causas de 80% de todas as enfermidades e doenças em todo o mundo. Na última década, o número de crianças mortas por diarréia ultrapassou o número de pessoas mortas em todos os conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial. A cada oito segundos, uma criança morre por beber água suja. (BARLOW, 2009 pg 17). Outro fator que contribui para essa problemática é o crescimento demográfico em regiões que já sofrem com a escassez. “Como a água, é dividida muito desigualmente. A população tende a crescer nos locais onde a água já é rara, 5 lá onde o acesso e os saneamentos mesmo hoje não estão garantidos: nas grandes metrópoles da África, do Oriente Médio e do sul da Ásia. (CANDESSUS , 2005, pg 29). A água contaminada é responsável pela morte de milhões de pessoas a cada ano, matando muito mais do que a AIDS, do que as guerras e os acidentes no transito. A cada dia são mais de 10.000 pessoas que morrem de doenças ligadas à água, metade delas crianças. “São três Wold Trade Centers que cotidianamente desaparecem no silencio e no esquecimento. É impossível falar seriamente em desenvolvimento humano e na redução da pobreza se não se mede o tamanho da onda”. (CANDESSUS , 2005, pg 33). A descarga excessiva de águas de esgotos, de insumos agrícolas vem acelerando o processo de enriquecimento natural dos lagos, represas e rios. A eutrofização é um fenômeno mundial, provocando a deterioração dos ecossistemas aquáticos e produzindo impactos ecológicos, econômicos, sociais e na saúde pública. Isso tem gerado um aumento nos custos de tratamento da água para abastecer a população urbana e principalmente para a manutenção da saúde pública. Além dos problemas ambientais, a dificuldade de acesso a água é sinônimo para muitos povos, principalmente para as mulheres e crianças, de humilhação, analfabetismo e medo. É imposto como uma cultura entre os povos africanos e asiáticos, a tarefa de conseguir água ser responsabilidade das mulheres, mesmo que isso represente passar quase que todos os dias de sua vida em função de carregar baldes por longas distâncias. Apesar de ser uma tarefa importante, o serviço de buscar água é altamente prejudicial à saúde das mulheres, que além do peso dos recipientes com o precioso liquido, as mesmas enfrentam as intempéries climáticas, ficam a mercê do ataque de animais selvagens e até mesmo são vítimas de assaltos e estupros. Com as crianças, principalmente as meninas, a problemática da dificuldade de acesso a água é ainda mais acentuada. Por ter que acompanhar as mães nas longas caminhadas diárias, podendo ser superiores a dez quilômetros diários, as crianças não freqüentam com regularidade a escola. Assim como as casas, as escolas não possuem água encanada e muito menos banheiro, obrigando os parcos alunos a fazer suas necessidades em locais improvisados. Para as 6 meninas isso é um contribuinte para a evasão escolar, já que não possuem um local privativo para fazer a higiene e as necessidades fisiológicas. De acordo com BARLOW (2009), existem três cenários que conspiram em direção a calamidade: Cenário um: O mundo está ficando sem água doce. Não é apenas uma questão de encontrar dinheiro para salvar os dois bilhões de pessoas que moram em regiões do mundo que apresentam estresse hídrico. A humanidade está poluindo, desviando e esgotando as fontes finitas de água da Terra, em um ritmo perigoso que aumenta constantemente. O uso excessivo e o deslocamento da água são o equivalente , em terra, às emissões de gases de efeito estufa e, provavelmente, uma das causas mais importantes da mudança climática. Cenário dois: A cada dia, mais e mais pessoas estão vivendo sem acesso à água limpa. À medida que a crise ecológica se aprofunda, a crise humana também o faz. O número de crianças mortas devido à água suja supera o de mortes por guerra, malária, AIDS e acidentes de trânsito. A crise global da água se tornou um símbolo muito poderoso da crescente desigualdade do mundo. Enquanto os ricos bebem água de alto nível de qualidade sempre que desejam, milhares de pessoas pobres têm acesso apenas à água contaminada de rios e de poços locais. Cenário três: um poderoso cartel corporativo da água surgiu para assumir o controle de todos os aspectos da água a fim de obter lucro em beneficio próprio. As corporações fornecem água para beber e recolhem a água residual; colocam enormes quantidades de água em garrafas plásticas e nos vendem a preços exorbitantes; as corporações estão desenvolvendo tecnologias novas e sofisticadas para reciclar nossa água suja e vendê-la de volta para nós; elas extraem e movimentam a água através de enormes dutos, retirando-a de bacias hidrográficas e aqüíferos com o objetivo de vendê-la para grandes cidades e industrias; as corporações [...]. E o mais importante: as corporações querem que os governos desregulamentem o setor hídrico e permitem que o mercado estabeleça uma política para a água. [...]. Através destas informações é possível perceber que as corporações saíram na frente para conseguir vantagens sobre a água. Sabido que é um produto de suma importância, indispensável para a sobrevivência de todas as espécies e determinante no desenvolvimento da agricultura e da indústria, as grandes empresas investiram pesado para controlar o comércio deste bem. Um exemplo são as usinas de dessalinização que circundam os oceanos, as quais através do uso de tecnologias avançadas como a nanotecnologia, retiram o excesso de salinização da água e a vendem. A privatização da água é algo que assusta a todos que se desenvolvem propostas de universalização deste precioso liquido. Como já citado, as camadas mais pobres, aqueles grupos que vivem distantes dos recursos hídricos e principalmente os grandes conglomerados urbanos periféricos são os que mais sofrem e vão sofrer com os altos custos da água dominada pelo capital econômico. 7 O poder público deve manter o domínio sobre todo o sistema de coleta e distribuição da água, caso contrário poderemos acompanhar um surto de conflitos populares para conseguir água. “Apartheid da água. Os pobres do mundo que estão vivendo sem água concentram-se em áreas que não têm água suficiente desde o inicio (África), onde a água da superfície se tornou intensamente poluída”. (BARLOW, 2009, pg 18). [...] A economia globalizada está mudando a definição da água, de propriedade pública para um bem privado, a ser livremente extraída e comercializada. A ordem econômica global pede a remoção de todos os limites no uso e na regulamentação da água e o estabelecimento de mercados desse recurso. Proponentes do livre comércio da água vêem os direitos da propriedade privada como o único substituto parta a regulamentação burocrática das reservas de água. (SHIVA, 2006, pg 35) Apesar de tantos argumentos, com pessoas se empenhando em disseminar informações em todas as partes do Planeta sobre a necessidade de cuidar da água, muitos líderes de países destacados na economia insistem em abafar o assunto. Foi criado uma preocupação a nível global que os problemas ambientais significativos são decorrentes apenas da queima de combustíveis fosseis e do desmatamento. Mas, quando é passado informações sobre a problemática da água, muitos se sentem surpresos e até ignoram, achando que isso é algo que não merece tanta importância. Se for analisado o quando precisamos de água para expandir os parques industriais, para promover as atividades de turismo e principalmente para produzir alimentos, percebemos que não poderemos continuar avançando economicamente sem termos acesso fácil a água potável. Para a produção de um litro de etanol são necessários cerca de 1700 litros de água, para o abate de um frango é usado 22 litros de água; uma vaca em lactação consome de 90 a 120 litros de água por dia e assim podemos citar tantos outros exemplos da grande quantidade de água empregada nas diversas áreas da economia. Comida e água são nossas necessidades mais básicas. Sem água, a produção de alimentos não é possível. É por isso que a seca e a escassez de água se traduzem em declínio da produção de alimentos e em aumento dos índices de fome. Tradicionalmente, as culturas agrícolas evoluíram em resposta às possibilidades de água que as cercavam. Safras que não exigiam muitos recursos hídricos emergiram em regiões de escassas em água e safras que necessitavam de muita água em regiões ricas em recursos hídricos. (SHIVA, 2006, pg 129). 8 No Brasil a situação não é muito diferente dos demais países O Brasil é um dos países com as maiores reservas de água, aonde temos a maior bacia hidrográfica do Planeta, a bacia amazônica, o aqüífero Guarani, o aqüífero Alter do Chão, o rio São Francisco que abastece parte do nordeste, entre outros. Os nossos recursos hídricos são utilizados para diversos fins, como a navegação, geração de energia, abastecimento de cidades e plantações. Temos exemplos de explorações turísticas como o Pantanal e cataratas do Iguaçu e temos maus exemplos como a poluição do rio Tiete e outros tantos rios. O Brasil concentra em torno de 12% da água doce do mundo disponível em rios e abriga o maior rio em extensão e volume do Planeta, o Amazonas. Além disso, mais de 90% do território brasileiro recebe chuvas abundantes durante o ano e as condições climáticas e geológicas propiciam a formação de uma extensa e densa rede de rios, com exceção do Semi-Árido, onde os rios são pobres e temporários. Essa água, no entanto, é distribuída de forma irregular, apesar da abundância em termos gerais. A Amazônia, onde estão as mais baixas concentrações populacionais, possui 78% da água superficial. Enquanto isso, no Sudeste, essa relação se inverte: a maior concentração populacional do País tem disponível 6% do total da água. (www.socioambiental.org) Desde o período de colonização, os cursos de água foram fundamentais para delimitar o nosso território, exportar nossos produtos e deslocar pessoas. Grandes sítios arqueológicos foram encontrados as margens de rios e do oceano, as regiões agrícolas demonstraram desenvoltura baseadas no uso dos mananciais hídricos. Não pode ser esquecido também o potencial extrativista dos rios e lagos, fornecendo alimento e minérios para fomentar a economia nacional. Podemos perceber que assim como em outras regiões do mundo, no nosso país a questão da água nunca foi levada a sério. Grandes cidades foram edificadas ao longo de rios ou em cima de nascentes e o uso da água para irrigação e na indústria não é regulamenta. A nossa matriz energética esta baseada quase que exclusivamente no sistema de hidroelétricas, aonde somos um dos países com maior quantidade dessas represas, contribuindo para a destruição de ecossistemas locais, influenciado também nas relações sociais e econômicas de diversas regiões. [...] O especialista brasileiro em mudança climática, Phili Fearnside, estima que as represas hidrelétricas no Amazonas causam muito mais aquecimento global que as usinas modernas de gás natural que geram a mesma quantidade de energia [...]. [...] “os reservatórios tropicais de energia hidrelétrica podem exercer um impacto muito maior sobre o 9 aquecimento global do que suas rivais mais poluentes: as usinas de conbustivel fóssil”. (BARLOW, 2009, pg 35). Não podemos esquecer que a questão social é de suma importância para a manutenção dos recursos hídricos. Não é difícil encontrarmos verdadeiras cidades construídas em palafitas sobre rios e mangues, grandes conglomerados de residências se formando em encostas e o mais preocupante sem sistemas de tratamento de esgoto, despejando seus resíduos diretamente nos cursos de água. A falta de um saneamento adequado reflete diretamente na saúde da população, nas inundações cada vez mais freqüentes e na degradação do meio ambiente. O aumento da população nas cidades agrava ainda mais esta situação, deixando para as gerações futuras um passivo muito alto em decorrência dos efeitos dos impactos ambientais que sofrerão. (LIMA, 2009 ,p 68). Para o homem ter saúde, é necessário atender às suas necessidades de alimentação, habitação, trabalho, saneamento, recreação e prevenção de doenças; quando estas condições são melhores, há redução da incidência de doenças transmissíveis, ocorrendo o contrario quando as mesmas são precárias ou inexistentes [...]. (PIRES, 2009, pg 117). Apesar de tamanho desrespeito sobre o tema, a nossa legislação que já é branda poderá facilitar ainda mais a degradação da água. O ano de 2011, foi marcado pela discussão acerca da reformulação do novo Código Ambiental Brasileiro, existindo um grupo de deputados empenhados em aprovar o código que reduz a área de mata ciliar de as encostas, o que afeta diretamente a qualidade e a quantidade de água dos rios e nascentes. Em vez de evoluir para leis mais rigorosas e protecionistas ao meio ambiente, estão tentando facilitar ainda mais as agressões ambientais. No caso brasileiro, as legislações federal e estaduais de recursos hídricos colocam a racionalização do uso da água como um dos principais objetivos. Todavia, em nenhum momento está mencionada a meta de consecução de objetivos ambientais por cobrança. A cobrança é entendida como um dos instrumentos que contribuem para a melhora da disponibilidade e qualidade dos recursos hídricos. (MOTTA, 2006 Pg 132) A delimitação por bacias hidrográficas para a identificação de problemas e projeção de soluções vem sendo uma das grandes esperanças para a manutenção da nossa água. Através da delimitação destas áreas é possível identificar os principais agentes interventores e projetar ações mais eficazes, inclusive tendo já resultados satisfatórios. 10 O poder público, ou pela ineficácia do sistema ou por falta de recurso tem se mostrado pouco eficiente nos cuidados com essa área, deixando que ONGs desenvolvam projetos em parceria com a iniciativa privada. Entre as atividades mais notórias estão as de conscientização entre as comunidades ribeirinhas, divulgando a problemática relacionada a água e buscando alternativas que visam a diminuição da intervenção humana. Devido o Brasil ser um grande dependente dos recursos hídricos para dar continuidade a produção agrícola, nada mais justo ou inteligente conciliar projetos que promovam a manutenção dos recursos hídricos, assim, possibilitando aumentar a produção agrícola, a qual é altamente consumidora de água. Sobre esse viés, não somente a produção de grãos é altamente consumidora de água, mas a principalmente a criação de animais, que consomem uma grande quantidade de água diariamente. Na região Oeste de Santa Catarina esse fato é bastante visível, onde ao longo do tempo a criação de animais esteve vinculada a grande quantidade de água consumida e principalmente pelo elevado potencial de contaminação. Não é muito difícil encontrar poços abandonados devido a contaminação por dejetos de suínos, além da contaminação do solo e dos córregos. Não podemos esquecer que a produção agrícola é importante para alimentar a população e fomentar a economia de municípios e países. Mas, ainda mais importante é o cuidado em manter a qualidade da água. Do contrário, a população, principalmente os mais carentes, irá sucumbir por fome e sede. Assim, como já temos exemplos em outros países, onde a produção agrícola está extremamente custosa financeiramente, devido ao alto custo de despoluir a água, nós podemos estar caminhando na mesma direção, se nada for feito. 11 Considerações finais A problemática relacionada a água é algo que esta chamando a atenção em todos os continentes, sendo objeto de estudo entre cientistas, ambientalistas, políticos, entre outros. Por ser um recurso de necessidade básica, do qual depende a vida de todas as espécies, se faz necessário juntar todas as forças para garantir a manutenção desse recurso. Como já foi citado, o acesso a água foi determinante para a evolução de todas as sociedades, tanto para o abastecimento da população, quanto para o fomento da economia, como a produção agrícola e a industrialização. Apesar de sua grande importância, capaz de determinar o sucesso ou não de um empreendimento socioeconômico, os mananciais hídricos vem sofrendo ao longo do tempo, todos os tipos de agressão, começando pela contaminação, passando pelo represamento e até pela mudança do curso de rios. Assim como todos os demais problemas ambientais, a degradação dos recursos hídricos somente chamou a atenção quando os problemas se tornaram muito aparentes. Quando começou a chamar a atenção por causa do elevado número de mortes provocadas pelo contato com água contaminada, pelo auto custo do tratamento de purificação, ou pela exposição da mídia em relação aos milhões que não possuem acesso fácil a água, é que esse problema se tornou tão evidente. Através de informações obtidas com pessoas especializadas no assunto, é possível perceber que a degradação dos recursos hídricos é um dos principais problemas da atualidade. Essa deterioração afeta principalmente as camadas menos favorecidas da população, como os africanos e latinos. O alto custo do tratamento, distribuição e o lucro das empresas privadas de água, fazem com que somente uma parcela da população tenha acesso a esse precioso liquido. Além do custo direto da água, a população sofre com o encarecimento dos demais produtos consumidos, já que todos fazem uso da água no processo de produção e na industrialização. 12 Referências BARLOW, Maude. Água, Pacto Azul. A crise global da água e a batalha pelo controle da água potável no mundo. São Paulo: M.Books do Brasil Editora, 2009. CANDESSUS, Michel. [et al]. Água: oito milhões de mortes por ano: um escândalo mundial. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. GIANSANTI, Roberto. O desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Atual, 1998. GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (des) caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 14 ed, 2008. LIMA, Rosimeire Suzuki. Sistemas de gestão ambiental: gestão ambiental. São Paulo: Pearsin Prentice Hall, 2009 MOTTA, Ronaldo Seroa da. Economia Ambiental. Rio de Janeiro: FGV, 2006. PIRES, Ewerton de Oliveira. Poluição do solo, atmosfera e águas continentais: gestão ambiental. São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2009. SHIVA, Vandana. Querras por água: privatização e lucro. Tradução Georges Kormikiaris – São Paulo: Radical Livros, 2006. TUNDISI, José Galizia. Água no século XXI: Enfrentando a escassez. São Carlos: RiMa, IIE, 2003, 2005, 2009 http://www.socioambiental.org. Água doce e limpa: de "dádiva" à raridade acesso em 2 de junho de 2011 http://www.censo2010.ibge.gov.br acesso em 25 de maio de 2011