Conhecendo o rio Macaé de Cima Texto: Rogério Batista (Jamanta) [email protected], Fotos: Rogério Batista (Jamanta), Beto Saldanha e Fausto Edição: Alejandro Antúnez [email protected]. Desde que eu comecei a pescar com mosca, sempre quis conhecer o famoso rio Macaé de Cima (MDC). Depois da Bocaína (1949), foi o segundo rio (1952) a receber trutas na PÁTRIA AMADA BRASIL. Depois que conheci o meu amigo Beto Saldanha, o convite veio por várias vezes. Do Fausto também. Quando pescamos juntos aqui no Sul, em Painel, prometi aos dois e também para o Tunico que subiria ainda em 2012. Promessa é dívida. Principalmente, é um bom motivo para matar a saudade dos amigos. Aliás, a Pesca com Mosca tem me dado no passar dos anos grandes amigos, e viajar hoje não significa mais só pescar, e sim alimentar estas amizades. Rota Galeão – Nova Friburgo Aprox. 150Km Fonte: Goole Pois bem, quarta feira madrugada parti para o Rio de Janeiro. O Beto e Fausto já estavam me aguardando no Galeão, que dupla! Não demoramos muito e saímos rumo ao Rio Macaé, localizado na região serra ao noroeste do Rio de Janeiro próximo de Nova Friburgo. Ficaríamos na pousada “Amantes da Natureza” na beira do rio. Coisa de loco. A viagem como não poderia ser diferente foi DIVERTIDÍSSIMA. A caminho do rio Macaé de Cima (MCD) Chegada na pousada Amantes da Natureza Beto só faltou contar como nasceu o rio Macaé de Cima, pois o conhece como palma de sua mão e testemunhou na introdução das trutas em suas águas. Logo ao chegar, antes mesmo de tirar as coisas do carro, Beto me levou a beira do rio para ver as danadinhas que ficavam ali, em um baita poção chamado de “poço das crianças”. Fácil? NADA! Nem terminei de almoçar, peguei minha varinha de Bambu “by Beto Saldanha” feita especialmente para este tipo de rio, armei com uma linha WF3F floating e fui para o “Poço das Crianças”. Vergonha. Eu via as trutas, conseguia as ver comendo, e não pegava de forma alguma. Depois de quase uma hora passando tudo que é tipo de mosca desisti e fui caminhar. Poço das Crianças Me posicionei perto de uma pequena corredeira, mas que cavava um pequeno poço fundo e ali tentei. Nada. Quando de canto de olho, eu enxerguei rio acima algo. Uma ascensão (rise), PERFEITO, bonito de ver. Fiquei com o olhar fixo e vi novamente o mesmo rise. Água bem baixinha, em frente a um tronco semi-submerso. A truta ficava próxima do tronco submerso Corredeira próxima do Poço das Crianças e comia na sua frente o que derivava. Tentei a melhor posição possível e chutei para o ponto uma Light Cahill #18. A truta foi sem pensar e consegui pegar minha primeira trutinha no MDC. No estilo, como se deve. Recebi os parabéns dos “mestres” que estavam fazendo de tudo para eu pegar a primeira . Mais solto, partimos para subir o rio. Aí vi porque este rio apaixona Minha primeira captura no MDC tanto. É possível ver trutas em todos os trechos do rio. Ela também nos veem e isto torna a pescaria bastante desafiadora. “Vadeando” o rio em companhia do Beto A água é muito, mas muito limpa, com muito cascalho no fundo, pedras grandes nas margens, corredeiras, pequenos poços e muita estrutura. Vistas do MDC- Um rio de águas muito claras e boas estruturas A ponte e o ”Batam” Subindo o rio, perto de uma ponte encontramos algo surpreendente... dois rapazes com roupa de borracha mergulhando e arpoando as trutas. Ou seja, as que ficam em um bom tamanho, são caçadas por estes indivíduos. Fui informado que a legislação não permite que pratique este tipo de pesca em rios de montanha. O BATMAN (todo de roupa preta) trazia uma truta na mão, sangrando, machucada e ainda tentando fugir, escapando de uma mão e sendo juntada por outra como o “Golum” no senhor dos anéis. Mais acima desta parte do rio, encontramos um grande poço, com uns 2 metros ou mais de profundidade, com 4 metros de largura por 15 de cumprimento. Neste ponto, eu e o Beto resolvemos nem pescar, nos dignando apenas a ver as trutinhas que em uma centena passavam de cima para baixo como num aquário. Ao ver o quanto elas estavam sendo castigadas no rio 200 metros abaixo pelos arpoadores não tive coragem de molestar elas com minhas iscas. Houve respeito, cumplicidade, e ficamos batendo papo em cima de uma pedra admirando a beleza deste rio e destes peixes. A chuva apertou e voltamos para pousada. Um bom banho, roupa seca e uma excelente janta. Bom papo, risadas e muita camaradagem. Fausto atando moscas e eu e o Beto fumando cachimbo. Nesta noite saiu uma mosquinha interessante. Copiada de um CD do David McPhil, a Pheasant tail original, que tem o abdômen em cobre, e não pavão. Magra, pesada, um atado ao estilo “Minimalista” como diria meu amigo Thor do RS. Camaradagem e atado no final do primeiro dia de pescaria. Na manhã do dia seguinte o quarteto se completou. Chegou meu amigo Tunico (com sua simpática esposa Jacqueline). Enquanto ele se preparava, eu fui para o “Poço das Crianças” tentar minha sorte. De cara ele me alertou: Jamanta bota um 7X! Não botei... Não peguei. Passei para um tippet o 7X e finalmente entendi porque o lago era das “Crianças”: Pura diversão. Usei ninfas de mayfly bem pequenas, como Pheasant tail #18 e tive êxito. Jamanta... Bota o 7X ! A chuva não parava de nos castigar, comprometendo nossa pescaria. Embora o rio não tivesse muito sujo, as gotas d’água dificultam a leitura, molhavam agente ... atrapalhavam. Outra boa noite para jantar, tomar um bom vinho trazido pelo Tunico, muita conversa boa. No último dia, Tunico acorda cheio de disposição e me convida para descer o rio. Esta altura estava cor de chá com tanta chuva que caiu. Pesquei em uma ponte com excelente produção. Peguei várias trutas na divisão das águas, onde tinha trocava a profundidade da corredeira. Havia uma parte mais escura, e ali ficavam elas muito bem escondidas, uma atrás da outra. Neste ponto utilizei wets como Soft Hackle para atiçá-las. Neste ponto, rompi um tippet 7X após uma fisgada. Não deu para ver se era grande a truta, mas rompeu. Mais abaixo ainda, em outro ponto, novamente. Peguei mais algumas e rompi novamente meu tippet. Mesmo com água suja, ainda continuava usando tippets finos, pois surtia efeito. Quando usava 6X não pegava nada. Tudo indica que era coincidência, pois a água esta suja, Mas... . Tippets muito finos, mesmo na água escura é o que funcionva Neste ponto, pude pegar uma truta que vomitou de stress. A boca estava cheia de larvas de caddis. Caddis “livres”, a meu ver. Mais uma vez a chuva nos castigou ordenando a retirada. Chuva não parou de nos castigar durante todo o final de semana. Aproveitei para fazer o teste drive da maquina GoPro enviada pelo nosso amigo Klaus Lay (http://www.layoutdoors.com.br/). Não tive tempo de estudar todos os recursos, mas grande parte das fotos desta pescaria foram tiradas com ela, bem como, alguns vídeos estão em nosso canal do youtube. Antes de debandar sob as ordens do “General”, o Tunico ainda pegou uma truta muito boa. Creio que a maior de toda a pescaria. Não pude me aproximar para bater a foto. Porem, pescarias como esta são para ficar na memória para o resto da vida. Um rio lindo, trutas sendo pegas de forma inteligente, e GRANDES AMIGOS compartilhando a aventura. Cada rio que pesco em nosso país me faz ficar mais ainda apaixonado pela pescaria de trutas em nossas águas. Uma verdadeira escola de Pesca com Mosca, ordenando o pescador a se superar, ler o rio, e não raro não pegar um peixe sequer. O Macaé me conquistou, e não vejo a hora para voltar. De coração, valeu aos amigos Beto, Fausto, Tunico e Jacqueline pela companhia. ONDE FICAR: Pousada, AMANTES DA NATUREZA: http://www.pousadaamantesdanatureza.com © Mosca N’água www.moscanagua.com.br Porto Alegre, 3 de Maio de 2012