Jovens cada vez mais jovens no Ensino Superior
XI Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Daniel Dall’Igna Ecker1, Michele Azevedo Ávila Rodrigues A1, Maria Ângela Pauperio Gandolfo 1
(orientadora)
1
Faculdade de Pedagogia, Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Educação Superior, UNIRITTER.
Introdução
A idade é um dos modos mais simples da sociedade definir o que é ser jovem. De fato,
a idade cronológica é um critério importante utilizado na elaboração de políticas públicas,
estudos estatísticos, elaboração de leis e de etapas sociais como, por exemplo, idade para
ingresso na escolarização obrigatória e no mercado de trabalho. Assim, este conceito aparece
na sociedade como um dos organizadores das atividades sociais e, apesar de não ser um
critério universal, define papéis e cria representações sociais acerca do que é ser jovem.
Através destas representações sociais, o conceito de juventude passa a ser carregado de
simbologias e significados que funcionam como mercadorias as quais se compra e se vende
para aqueles que querem ou “deveriam” portar o símbolo da juventude (MARGULIS y
URRESTI, 1994).
Na academia, os jovens voltam a ser tema de pesquisa e investigações principalmente
em discussões sobre os sistemas sociais e instituições presente nas suas vidas. Os estudos, no
geral, abordam temas comuns relacionados a “problemas” sociais: violência, crime,
exploração sexual, dependência química, comportamento desadaptado e medidas de como
resolver e evitar tais conflitos. Uma pequena parcela destas abordagens foca na percepção dos
jovens sobre suas experiências, como ele elabora os desafios do seu cotidiano, a forma que
atua e se socializa com o resto da sociedade (ABRAMO, 1997).
Assim, legitima-se a visão de adolescente “problema”, representação social muito
presente em nossa cultura que identifica está fase da vida como um momento difícil de lidar.
Parece haver uma grande dificuldade em perceber os jovens como sujeitos capazes de
desenvolver ações significativas, formular questões relevantes, construir diálogos, sustentar
esta relação com outros sujeitos e contribuir na solução dos problemas sociais. Os jovens são
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
1268
colocados em uma posição de quem sofre ou ignora os conflitos, quase nunca como sujeitos
capazes de definir, intervir, denunciar e negociar sobre seus direitos (ABRAMO, 1997).
A pesquisa parte de uma perspectiva afirmativa que pretende dar visibilidade à
diversidade/pluralidade das expressões juvenis, em diferentes contextos e experiências e, em
especial, na Universidade, com vista ao estabelecimento de novas relações intergeracionais e
à inovação de práticas pedagógicas que favoreçam as aprendizagens e qualifiquem o ensino.
Reconhecer a multiplicidade das práticas juvenis e compreender como os
comportamentos, os valores e as crenças atuais produzem sentidos para as juventudes e são
expressos pelos próprios jovens, a partir de seus posicionamentos no mundo, é um desafio a
considerar em projetos de formação docente. Entendendo a educação superior como um
espaço socializador inserido nesse coletivo maior da sociedade, espaço de participação social
dos atores juvenis, é importante interrogar acerca das tensões intergeracionais que têm lugar
no processo educativo. O tema da pesquisa faz-se necessário na medida em que pode
contribuir nas análises que apontam conflitos e tensões no cotidiano da sala de aula, também
no meio acadêmico, afetando as aprendizagens e o ensino.
Metodologia
Serão realizadas entrevistas semi-estruturadas compostas de questões específicas
referentes ao relacionamento aluno/professor no espaço universitário. Este instrumento de
avaliação qualitativa será aplicado em alunos do primeiro semestre e em professores atuantes
em cadeiras do mesmo semestre. Primeiramente, entraremos em contato e será feita uma
combinação com os participantes os quais responderão a entrevista semi-estruturada.
Concomitante ao processo de entrevistas será realizada a análise dos dados obtidos no
levantamento institucional, com relação ao aluno ingressante do UniRitter, no período de
2008 a 2010/1. O processo de coleta de dados terminará quando esses procedimentos forem
realizados.
Resultados
A pesquisa está em fase inicial, na qual se busca revisar as produções teóricas sobre o
assunto em questão. A partir do início da coleta de dados espera-se conhecer mais sobre os
conflitos e tensões do cotidiano da sala de aula que ocorrem entre jovens alunos e adultos
professores do Ensino Superior.
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
1269
Conclusão
Através desta pesquisa, espera-se identificar as práticas pedagógicas de professores
universitários que consideram e valorizam as características, interesses e potencialidades dos
alunos jovens e sua relação com as aprendizagens por estes realizadas. Problematizar as
relações intergeracionais estabelecidas no cotidiano da sala de aula, buscando identificar
tensões e conflitos provocados por essas relações. Incluir a temática das culturas juvenis e a
repercussão sobre a ação pedagógica dos professores, em contextos de qualificação docente,
valorizados como campo de investigação. Por fim, refletir sobre os dados da Avaliação
Institucional quanto ao perfil do aluno ingressante, o qual apresenta um público jovem (idade
até 27 anos) em torno de 80%, buscando identificar ações institucionais que valorizam esse
indicador e a relação deste com potencialidades e fragilidades apontadas no processo
acadêmico.
Referências
ABRAMO, H. W. Considerações sobre a tematização social da juventude. Revista Brasileira de Educação. N°
5 (1997), p. 25 – 36.
MARGULIS, M; URRESTI, M. La juventud ES más que uma palabra! Error! Marcador no definido. Ano
1994. Disponível em:
<http://www.observatoriodejuventudcaldas.org/docpublicaciones/margulis_la_juventud.pdf>. Acesso em: 20
abr. 2010
XI Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 09 a 12 de agosto de 2010
1270
Download

Jovens cada vez mais jovens no Ensino Superior