JOSÉ GALDINO CAVALCANTE NETO
POTENCIAL DE GENITORES E HÍBRIDOS
EXPERIMENTAIS DE MELÃO AMARELO AVALIADOS EM
BARAÚNA-RN
MOSSORÓ-RN
2013
JOSÉ GALDINO CAVALCANTE NETO
POTENCIAL DE GENITORES E HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE
MELÃO AMARELO AVALIADOS EM BARAÚNA-RN
Dissertação apresentada à
Universidade Federal Rural
do
Semi-Árido,
para
obtenção do título de
Mestre em Agronomia:
Fitotecnia.
Orientador: D.Sc. GLAUBER HENRIQUE DE SOUSA NUNES
MOSSORÓ-RN
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca Central Orlando Teixeira (BCOT)
Setor de Informação e Referência
C376p Cavalcante Neto, José Galdino.
Potencial de genitores e híbridos experimentais de melão
amarelo avaliados em Baraúna-RN./ Jose Galdino Cavalcante
Neto -- Mossoró, 2014.
54f.: il.
Dissertação (Mestrado Fitotecnia) Área de Concentração:
Melhoramento de Plantas – Universidade Federal Rural do
Semi-Árido.
Orientador: Prof. Dr. Glauber Henrique de Sousa Nunes.
1. Cucumis Melo. 2. Baraúna/RN. 3. Heterose. 4. Melão
amarelo - Híbridos I. Titulo.
RN/UFERSA/BCOT /087-14
CDD: 635.611
Bibliotecária: Vanessa Christiane Alves de Souza Borba
CRB-15/452
JOSÉ GALDINO CAVALCANTE NETO
POTENCIAL DE GENITORES E HÍBRIDOS EXPERIMENTAIS DE
MELÃO AMARELO AVALIADOS EM BARAÚNA-RN
Dissertação apresentada à
Universidade Federal Rural
do
Semi-Árido,
para
obtenção do título de
Mestre em Agronomia:
Fitotecnia.
A minha mãe, meu pai e minha irmã, pelo
exemplo de superação.
DEDICO.
Aos meus dois maravilhosos filhos João
Vitor e Samuel, em especial minha
linda esposa Lena, pelo apoio, incentivo
e
principalmente
OFEREÇO.
paciência.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por todas as bênçãos alcançadas;
À Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), por possibilitar a
realização do meu Mestrado;
À Sakata Seed Sudamérica Ltda, por proporcionar mais uma qualificação
profissional;
Ao Presidente da Sakata Seed Sr. Nelson Tajiri, pelo exemplo de como
fazer gestão, pelos conselhos e sem dúvidas por ser uma pessoa muito atenciosa;
Ao Diretor de Pesquisa da Sakata Seed Dr. Rômulo Kobori, pelo exemplo
de comprometimento, pela motivação em poder conciliar o meu mestrado ao
trabalho, em fim meu muito obrigado pelo apoio;
Ao meu orientador Glauber Henrique de Sousa Nunes pela amizade,
atenção e principalmente pelo exemplo de pai;
Ao pesquisador da EMBRAPA, Cícero, por ter me incentivado a fazer o
mestrado, pelo companheirismo e exemplo de vida;
Ao meu MESTRE Dr. Paulo Della Vecchia, por toda atenção dada, pela
paciência, por todo aprendizado, concelhos profissionais e pessoais, por ser um
exemplo de humildade e sabedoria, obrigado por existir em minha vida;
Ao professor Manoel Abílio de Queiroz, por todos os conselhos e
orientações, por se mostrar sempre disposto ajudar a todos e principalmente pelo
exemplo de humildade;
Ao pesquisador Fernando Aragão, pelo exemplo de competência, amizade e
atenção dada.
A Rafaela Priscila Antônio, minha amiga, professora, orientadora e agora
pesquisadora da Embrapa, que Deus abençoe nessa nova caminhada e que você
continue como sempre essa pessoa dedicada e atenciosa.
Ao meu supervisor José Osvaldo, pela compreensão e por todas as
orientações profissionais;
Aos demais parceiros e amigos de trabalho, Sasa, Sebastião, Josué, Juliano,
Ricardo Lima, José Renato, Aniello, Felipe, Israel, Sr. Massami, Jefferson,
Elzinha, Katia Brunelli e Ricardo Giória;
Aos amigos da Ufersa, Cibele Araújo, Viviane da Silva, Cristhyan, Ítalo
Nunes, Patrícia Liany, Leonardo, Thiago Azevedo, Ravier Medeiros e Vianney
Reinaldo.
RESUMO
CAVALCANTE NETO, José Galdino. Potencial de genitores e híbridos
experimentais de melão amarelo avaliados em Baraúna-RN. 2013. 54p.
Dissertação (Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do
Semiárido (UFERSA), Mossoró-RN, 2013.
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a capacidade de combinação de
linhagens de melão Amarelo com o intuito de identificar as melhores combinações
híbridas. Foi conduzido um ensaio em blocos casualizados com três repetições para
avaliar 24 híbridos gerados pelos cruzamentos entre três linhagens elites utilizadas
como genitores femininos (AF 11265-2, AF 11425-1 e AF 11739) e oito linhagens
utilizadas como genitores masculinos (AF 13068-5; AF 13070-3; AF 13072-4; AF
13077-7; AF 13078-2; AF 13078-4; AF 13084-4 e AF 13090-5) desenvolvidas
pelo programa de melhoramento genético da Sakata Seed Sudamerica Ltda. Foram
avaliadas características relacionadas à produção e a qualidade do fruto. Realizouse a análise dialélica parcial conforme o modelo de Griffing (1956) para estimação
das capacidades geral e específica de combinação. Observou-se efeitos aditivos e
não aditivos para as características peso médio do fruto, diâmetro do fruto,
espessura da polpa e rendimento de polpa. Todas as linhagens avaliadas são
promissoras para obtenção de híbridos simples de melão amarelo. As combinações
híbridas mais promissoras foram AF 11425-1 x AF 13070-3, AF 11425-1 x AF
13072-4, AF 11425-1 x AF 13077-7 e AF 11739 x AF 13078-4.
Palavras-chave: Cucumis melo, híbridos, heterose, dialelo.
ABSTRACT
CAVALCANTE NETO, José Galdino. Potential parental lines and experimental
hybrids of yellow melon evaluated in Baraúna-RN. 2013. 54p. Dissertação
(Mestrado em Agronomia/Fitotecnia) – Universidade Federal Rural do Semiárido
(UFERSA), Mossoró-RN, 2013.
The objective of this study was to evaluate the ability of combining of yellow
melon lines in order to identify the best hybrid combinations. A experiment was
carried out in a randomized block design with three replications to evaluate 24
hybrids generated from crosses between three elite lines used as female parents
(AF 11265-2, AF 11425-1 and AF 11739) and eight lines used as male parents (AF
13068 - 5, AF 13070-3, AF 13072-4, AF 13077-7, AF 13078-2, AF 13078-4, AF
13084-4 and AF 13090-5) developed by the breeding program of Sakata Seed
Sudamerica Ltda. The traits evaluated were related to production and fruit quality.
A partial diallel analysis according to Griffing's (1956) was performed to estimate
the general combining ability and specific combining ability. Observed additive
effects and non-additive for traits average fruit weight, fruit diameter, flesh
thickness and pulp yield. All tested lines are promising for obtaining simple
hybrids of yellow melon. The most promising hybrid combinations were x AF
11425-1 x AF 13070-3, AF 11425-1 x AF 13072-4, AF 11425-1 x AF 13077-7 and
AF 11739 x 13078-4.
Key Words: Cucumis melo, hybrids, heterosis, diallel.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Identificação das linhagens AF 11265-3 (A), AF 11425-1 (B) e AF
11739 (C), utilizadas em um dialelo parcial para obtenção de
híbridos experimentais. Baraúna-RN, 2012....................................... 20
Figura 02 - Identificação das linhagens AF 13068-5 (A); AF 13070-3 (B); AF
13072-4 (C); AF 13077-7 (D), utilizadas em um dialelo parcial
para obtenção de híbridos experimentais. Baraúna-RN. 2012........... 21
Figura 03 - Identificação das linhagens AF 13078-2 (A); AF 13078-4 (B); AF
13084-4 (C) e AF 13090-5 (D), utilizadas em um dialelo parcial
para obtenção de híbridos experimentais. Baraúna-RN.2012............ 22
Figura 04 - Híbridos AF 11425-1 x AF 13070-3 (A), AF 11425-1 x AF 130724 (B), AF 11425-1 x AF 13077-7 (C) e AF 11739 x AF 13078-4
(D). Baraúna-RN, 2012...................................................................... 49
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 - Análise do solo da área experimental. Baraúna-RN, EENe,
2012................................................................................................. 24
Tabela 02 - Valores médios mensais durante o período de condução do
experimento com meloeiro. Baraúna-RN, 2012.............................. 25
Tabela 03 - Esquema da ANAVA em blocos casualizados completos,
apresentando as esperanças dos quadrados médios para cada um
dos caracteres avaliados. Baraúna-RN, 2012.................................. 28
Tabela 04 - Esquema da ANAVA para CGC e CEC, baseados no método 2,
modelo I, de Griffing (1956) .......................................................... 30
Tabela 05 - Resumo da análise de variância para dez características avaliadas
em um dialelo parcial envolvendo dois grupos de linhagens do
tipo Amarelo. Baraúna-RN, 20121.................................................. 33
Tabela 06 - Estimativa dos efeitos da capacidade geral de combinação (CGC)
de progenitores para características de frutos e produtividade de
melão, pelo método de Geraldi e Miranda Filho. Baraúna-RN,
20121................................................................................................ 35
Tabela 07 - Estimativa dos efeitos da capacidade específica de combinação
(CEC) de híbridos para características de frutos e produtividade
de melão, pelo método de Geraldi e Miranda Filho (1988).
Baraúna-RN, 20121.......................................................................... 37
Tabela 08 - Estimativa da heterose, em percentagem, dos híbridos em relação
a média dos seus genitores, para características de frutos e
produtividade de melão. Baraúna-RN, 20121................................. 39
Tabela 09 - Correlação de Spearman (rs) entre a capacidade de combinação e
a heterose em quatro características avaliadas em um dialelo
parcial com linhagens de melão Amarelo. Baraúna-RN,
20121................................................................................................ 42
Tabela 10 - Médias das características de híbridos de melão amarelo: massa
média dos frutos (MMF); diâmetro dos frutos (DF); espessura de
polpa (EP); relação de polpa (RP); comprimento de fruto (CF);
índice de formato (IF); sólido solúveis totais (SST); firmeza de
polpa (FP); número total de frutos por planta (NTF); número total
de frutos comerciais por planta (NTC). Baraúna.
2012................................................................................................. 48
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 13
2.1 IMPORTÂNCIA DO MELOEIRO .................................................................. 13
2.2 CRUZAMENTOS DIALÉLICOS .................................................................... 14
2.3 HETEROSE ...................................................................................................... 18
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 20
3.1 GERMOPLASMA ............................................................................................ 20
3.1.1 Linhagens genitoras ..................................................................................... 20
3.1.2 Obtenção dos híbridos experimentais ........................................................ 22
3.2 AVALIAÇÃO DIALÉLICA............................................................................. 24
3.2.1 Área experimental ........................................................................................ 24
3.2.2 Condução do experimento ........................................................................... 25
3.2.3 Delineamento experimental ......................................................................... 26
3.2.4 Características avaliadas ............................................................................. 26
3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS ........................................................................... 28
3.3.1 Análise de Variância .................................................................................... 28
3.3.2 Análise dialélica ............................................................................................ 29
3.3.3 Heterose ........................................................................................................ 31
4 RESULTADOS .................................................................................................. 32
4.1. ANÁLISE DE VARIÂNCIA ........................................................................... 32
4.2. CAPACIDADE GERAL DE COMBINAÇÃO (CGC) ................................... 34
4.2.1 Massa média do fruto (MMF) ..................................................................... 34
4.2.2 Diâmetro do fruto (DF) ............................................................................... 34
4.2.3 Espessura da polpa (EP) .............................................................................. 36
4.2.4 Relação de polpa (RP) ................................................................................. 36
4.3 CAPACIDADE ESPECÍFICA DE COMBINAÇÃO (CEC) ........................... 37
4.3.1 Peso médio do fruto (PF) ............................................................................. 37
4.3.2 Diâmetro do fruto (DF) ............................................................................... 38
4.3.3 Espessura da polpa (EP) .............................................................................. 38
4.3.4 Relação de polpa na região equatorial (RP) .............................................. 39
4.4 HETEROSE ...................................................................................................... 39
4.4.1 Peso médio do fruto (PF) ............................................................................. 40
4.4.2 Diâmetro do fruto (DF) ............................................................................... 41
4.4.3 Espessura da polpa (EP) .............................................................................. 41
4.4.4 Relação de Polpa na região equatorial (RP) .............................................. 41
4.5 CORRELAÇÕES .............................................................................................. 42
5 DISCUSSÃO....................................................................................................... 43
6 CONCLUSÕES .................................................................................................. 50
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 51
1 INTRODUÇÃO
O meloeiro (Cucumis melo L.) é uma das mais importantes culturas para o
Brasil, principalmente para a região Nordeste. Os estados do Ceará, Rio Grande do
Norte, Pernambuco e Bahia são os principais estados produtores. Nos principais
pólos produtores de melão no País, Agropolos Mossoró-Assu, no Rio Grande do
Norte, e Vale do Jaguaribe, no Ceará, são produzidos vários tipos de melão. O
melão Amarelo ainda é o mais produzido em razão da sua alta demanda do
mercado europeu.
O sucesso da cultura do meloeiro no Nordeste brasileiro deve-se as
condições climáticas propicias para o seu cultivo, quais sejam, alta temperatura,
elevada luminosidade e baixa precipitação pluviométrica. Além disso, a adoção de
alta tecnologia e a utilização de sementes melhoradas proporciona o aumento da
produtividade e melhoria da qualidade.
Com relação às sementes melhoradas, a utilização de híbridos simples de
linhagens endogâmicas iniciou em meados da década de 80. O cultivo de híbridos
foi rapidamente adotado pelas empresas produtoras em razão da maior
produtividade, uniformidade e qualidade dos frutos. Praticamente toda a produção
nordestina de melão para exportação é decorrente de híbridos simples, com raras
exceções de variedades de polinização aberta de melão Honey Dew, fato também
observado nos Estados Unidos (GUSMINI; WEHNER, 2008).
Por outro lado, o sucesso de um programa de melhoramento para
obtenção de híbridos de linhagens está na fidedigna identificação das linhagens
superiores e na capacidade destas em transmitir características desejáveis aos
híbridos (HALLAUER; MIRANDA FILHO, 1988). Em razão disso, a obtenção e
avaliação das linhagens deve receber muita atenção por parte do melhorista. As
linhagens geralmente são obtidas pelo método genealógico ou SSD (Single Seed
Descendent) (BARDIN et al., 1999). Obtidas as linhagens, é imprescindível a sua
avaliação per se uma vez que para serem utilizadas na obtenção de híbridos, devem
ter um nível alto em produtividade e excelentes características agronômicas. Além
11
da avaliação per se, é imprescindível que as capacidades de combinação das
mesmas sejam avaliadas por meio dos métodos top cross ou cruzamentos
dialélicos. O primeiro método é utilizado quando se tem um grande número de
linhagens, tornando inexequível a obtenção de todas as possíveis combinações
híbridas. Nessa situação as linhagens são cruzadas com genótipos denominados de
testadores. Os cruzamentos dialélicos, por sua vez, correspondem ao cruzamento
das linhagens duas a duas, sendo utilizado, principalmente, quando o número de
linhagens é reduzido. As empresas produtoras de sementes híbridas utilizam como
testadores em top cross ou em cruzamentos dialélicos linhagens elites pertencentes
ao programa. As referidas linhagens são geralmente genitores de maior parte dos
híbridos comercializados no mercado.
Nos estudos de cruzamentos dialélicos é possível estimar as capacidades
geral e específica de combinação. A capacidade geral de combinação permite
identificar os genitores com maior frequência de alelos favoráveis, enquanto que a
capacidade específica de combinação indica a possibilidade de conhecer as
combinações híbridas mais promissoras (LYNCH; WALSH, 1998).
Além
disso, o dialelo permitir estudar a natureza e a magnitude dos efeitos gênicos que
controlam caracteres de importância econômica. Nos dialelos em que se avaliam
genitores e seus respectivos cruzamentos também é possível estimar a heterose em
relação à média dos genitores. As estimativas de heterose podem auxiliar no
processo de seleção dos melhores genitores (BOS; CALIGARI, 2011).
Diante dessas considerações, o objetivo do presente trabalho foi: avaliar o
potencial de genitores de meloeiro do tipo amarelo e seus respectivos híbridos
para as condições de Baraúna-RN.
12
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 IMPORTÂNCIA DO MELOEIRO
Os principais produtores mundiais de melão são China, Turquia e Iran, sendo
o primeiro responsável por uma produção de 11.333.747 toneladas, o segundo com
1.611.700 toneladas e o último por 1.317.600 toneladas. No continente europeu os
países destaque na produção são Espanha, Itália, França e Romênia. Entre os países
Americanos destacam-se os EUA, México, Guatemala, Brasil, Venezuela, Costa
Rica, Honduras e Panamá. No ranque dos países, o Brasil foi apenas o décimo
segundo em produção e área plantada e vigésimo terceiro em produtividade,
destacando-se em segundo nas exportações (FAO, 2011).
Relatos da introdução do meloeiro no Brasil datam meados década de 60,
onde os principais estados que produziam essa hortaliça eram Rio Grande do Sul e
São Paulo. Entretanto, por conta das condições climáticas destes estados a
produtividade e qualidade foram afetadas. Logo, passou-se a procurar novas
regiões com melhores condições para o desenvolvimento do melão, alcançando a
região Nordeste, como própria para o cultivo (ARAUJO; VILELA, 2003). Assim,
com a transferência da área de produção para a região Nordeste, tornou-se possível
a obtenção de pelo menos três safras por ano, com ciclos, para o tipo amarelo, entre
56 e 64 dias, diferente dos ciclos obtidos no estado de São Paulo, entre 85 e 105
dias (NEGREIROS et al., 2005).
As regiões do Mossoró-Assu no Rio Grade do Norte e Baixo Jaguaribe têm
as maiores áreas produtoras de melão no semiárido do Nordeste. No Brasil, a área
plantada passou de 14,3 mil hectares, em 2001, para 19,7 mil hectares, em 2011, e
nesse período houve crescimento de produção e da produtividade. Em 2011, foram
produzidas 499 mil toneladas, com um valor de produção de R$ 365 milhões,
estando a produção brasileira concentrada no Nordeste (84,7%) (IBGE, 2013).
13
O melão ocupou papel de destaque no comércio externo no ano de 2008,
quando o total de frutos exportado ultrapassou o valor da produção. Isto se deveu
ao fato do próprio processo de melhoria do cultivo o que fez com que se agregasse
valor a fruta. Entre os anos de 2006 e 2008, foi uma das frutas mais exportadas do
Brasil, o que apresentou um aumento expressivo em valores da ordem de 62%
(BUENO; BACCARIN, 2012).
No que se refere as exportações acumuladas de frutas frescas para consumo
in natura, entre os anos de 1997 a 2008, o melão destaca-se em segundo lugar, com
um valor de US$ 761.723.139, que corresponde a pouco mais de 20% de toda fruta
exportada (BUENO; BACCARIN, 2012).
2.2 CRUZAMENTOS DIALÉLICOS
O emprego de cruzamentos dialélicos teve origem após Sprague e Tatum
(1942) onde definiu a capacidade combinatória como sendo o comportamento de
linhagens ou cultivares usadas em combinações híbridas em um ou vários sentidos.
Os mesmos definem os conceitos de capacidade geral de combinação (CGC) e
capacidade específica de combinação (CEC). A análise dialélica tem sido
amplamente usada no melhoramento de plantas, com o intuito de se avaliar a
capacidade combinatória e o potencial heterótico de linhagens ou cultivares em
cruzamentos, ou ainda, para estudos básicos de estrutura genética das populações
(GERALDI; MIRANDA FILHO, 1988).
O sistema de cruzamentos dialélicos corresponde ao intercruzamento de
n genótipos, dois a dois, o que produz n 2 combinações possíveis isto corresponde
aos n genótipos, n(n-1)/2 híbridos e n(n-1)/2 recíprocos desses híbridos, o que
perfaz uma tabela dialélica completa. Todavia, a obtenção da tabela dialélica
completa não é o único esquema de cruzamento utilizado. Variações desse
esquema foram introduzidas, com a utilização dos híbridos e seus recíprocos, isto
é, excluindo-se apenas os genitores, totalizando n(n-1) combinações, ou a
14
utilização dos genitores e seus cruzamentos, sem os recíprocos, perfazendo
n(n+1)/2 combinações, e também a utilização apenas dos n(n-1)/2 cruzamentos
em razão da não inclusão dos genitores e dos cruzamentos recíprocos (CRUZ et
al., 2004).
A capacidade combinatória é subdividida, considerando o modo de ação
gênica envolvida, em capacidade geral de combinação (CGC) e capacidade
específica de combinação (CEC) (SPRAGUE; TATUM, 1942), a. A capacidade
geral de combinação refere-se ao comportamento médio de uma linhagem em
uma série de cruzamentos ou combinações híbridas. Por outro lado, a CEC referese, ao comportamento particular de duas linhagens cruzadas entre si, ou seja,
representa o desvio para melhor ou pior, de um determinado cruzamento, tendo
por base a média da CGC dos pais (GRIFFING, 1956 a, b).
A capacidade combinatória é diferenciada de acordo com o modo de
ação gênica envolvido, sendo que a CGC está associada a genes de efeitos
predominantemente aditivos. Porém, quando o efeito dos locos é apenas aditivo, a
variância genética total é a soma das variâncias genotípicas separadas para cada
loco. Por outro lado, a CEC esta relacionada aos locos com efeitos não aditivos
(dominância e/ou epistasia). Para o uso em programas de melhoramento que
visam à seleção de genótipos superiores, são mais indicados os genitores com
maiores CGC. Entretanto, quando o objetivo é explorar híbridos, a CEC passa a
ter um importante valor, juntamente com CGC de um dos pais (CRUZ;
VENCOVSKY, 1989).
A baixa estimativa dos efeitos da CGC, positiva ou negativa, indica que
o valor médio da CGC do genitor não difere muito da média geral da população
dialélica. Por outro lado, quando os valores estimados são altos, positivos ou
negativos, indica que o genitor é superior ou inferior aos demais genitores
envolvidos no dialelo (RAMALHO et al., 2012).
Existem alguns relatos na literatura sobre cruzamentos dialélicos no
meloeiro. Lippert e Legg (1972) estimaram a CGC e CEC pelo método de
Griffing (Modelo I). Foram utilizados 10 cultivares de melão (Hale’s Best, PMR
45, Campo, Schoon’s, Honey Rock, SR 91, Spartan Rock, Pride of Wise, Tip
15
Top e Delicious 51) e seus 45 híbridos F1 foram avaliados com relação a
características associadas à maturação, dimensões de frutos e produção. A CGC e a
CEC foram significativas para o número de dias para a colheita do primeiro fruto e
massa média dos primeiros três frutos colhidos em todos os cruzamentos dialélicos
realizados.
Kalb e Davis (1984 a) estudaram os efeitos da CGC, CEC e heterose para
características qualitativas dos frutos de melão. Foram utilizadas seis linhagens e
15 híbridos obtidos dos cruzamentos entre estas linhagens. As estimativas da
CGC e CEC foram significativas para todas as características. Foram obtidos
valores altos de heterose em relação à média dos pais, para densidade de
rendilhamento, conteúdo de sólidos solúveis, dimensões de polpa, espessura da
casca, dimensões da cavidade interna e teor de umidade no interior da cavidade.
Kalb e Davis (1984 b) avaliaram a variância genética e determinaram a
herdabilidade da produtividade, maturação e características do melão. Diferenças
significativas foram encontradas para a maior parte das características, exceto para
produção total e número de plantas doentes. A CGC foi altamente significativa
para todas as características e consequentemente maior que a CEC, indicando a
importância do efeito aditivo dos genes. A CEC foi significativa para produção,
peso de fruto, número de colheitas, número de dias para ocorrência da 1ª flor
feminina, frutificação, diâmetro e altura da planta.
Singh e Randhawa (1990) avaliaram heterose, CGC e CEC para
características qualitativas em cruzamentos entre quatro linhagens de melão
silvestres (Hara Madhu, Punjab Sunehri, Pusa Madhuras e Durgapura Madhu) e
duas variedades exóticas (PMR 5 e WMR 29). Diferenças significativas foram
encontradas nos genótipos para todas as características estudas, assim como para
CGC e CEC. Heterose favorável foi observada para massa e formato de
frutos, tamanho de cavidade e espessura de polpa e da casca. Para sólidos solúveis
totais, entretanto, foi observada heterose negativa, o que não é interessante,
pois esta é uma das características mais importantes comercialmente.
Lopes (1991) avaliou cinco cultivares de melão (Eldorado-300,
Fidalgo,
Honey Dew, Hale’s Best Jumbo e Caipira) e seus híbridos.
16
Posteriormente, estimou a heterose, a CGC e CEC pelo método de Griffing
(Modelo 2 e 1). Observou-se que o caráter monoico foi dominante sobre o
andromonoico. O rendilhamento demonstrou dominância parcial. A coloração da
casca verde foi dominante à amarela em cruzamentos entre genótipos do
grupo inodorus. Porém em cruzamentos entre genótipos dos grupos inodorus e
cantalupensis, observou-se o inverso, isto é, a de casca amarela dominou,
enquanto que a de coloração de polpa laranja dominou a branca.
Kitroongruang et al. (1992) avaliaram os mesmos parâmetros para
crescimento de planta e caracteres referentes à qualidade dos frutos de “Thai
melon” (Cucumis melo var. acidulus Naud.). A CGC dos genitores masculinos foi
significativa para o crescimento da haste principal, firmeza da casca, dimensões da
polpa e ocorrência de rendilhamento. Para os genitores femininos, a CGC foi
altamente significativa para firmeza da casca, formato do fruto e número de dias
para a primeira colheita. A CEC foi significativa para a maior parte das
características, exceto para número de frutos por planta, peso de frutos e conteúdo
de sólidos solúveis.
Rizzo (1999) avaliou a divergência genética, a CGC, a CEC, a ocorrência
ou não de efeitos recíprocos e os efeitos da heterose entre cinco genótipos, seus
10 híbridos F1 e 10 recíprocos. Os efeitos da CGC revelaram que os genótipos
JAB-20, JAB-23 e ‘Bônus nº 2’ destacaram-se com relação à produtividade,
enquanto, JAB-22 e jab-23 para o diâmetro longitudinal. A melhor combinação
híbrida foi entre as linhagens JAB-20 x JAB-21 para o maior número de flores
masculinas por planta, menor desprendimento de sementes e aumento na
produtividade.
Barros et al. (2011) avaliando um dialelo composto por seis genitores de
diferentes tipos comerciais, observaram que as características número total de
frutos, produtividade, firmeza de polpa e teor de sólidos solúveis são controladas
por efeitos aditivos e não aditivos, enquanto que as características peso médio do
fruto, diâmetro longitudinal, espessura da polpa e proporção da cavidade interna
são controladas somente por efeitos aditivos.
17
2.3 HETEROSE
A heterose é um termo empregado para descrever a superioridade de uma
combinação híbrida em relação à média dos seus genitores
(BOS;
CALIGARI, 2011). A heterose se manifesta quando a média fenotípica
estimada no híbrido é maior (heterose positiva) ou menor (heterose negativa) do
que a média dos genitores. Convém ressaltar que os pais não necessariamente
precisam ser linhagens. Pode obter híbridos de variedades (híbrido intervarietal),
de híbridos simples (híbrido duplo) entre outros.
A heterose pode ser estimada pelo produto entre o quadrado da divergência
genética e da dominância (FALCONER; MACKAY, 1996), a. Assim, para a
manifestação da heterose é preciso que os pais sejam divergentes nos locos em
dominância. Nesse sentido, a heterose não é manifestada na ausência de
dominância ou se a divergência genética entre os genitores for nula.
A presença de heterose indica a existência de divergência genética entre
os genitores, porém a sua ausência não implica na falta de divergência genética,
pois pode ocorrer dominância gênica não unidirecional (VENCOVSKY, 1987).
Deve existir um nível ótimo de diversidade genética para a maximização da
heterose, uma vez que esta diminui em cruzamentos muitos divergentes.
Em cucurbitáceas têm sido possível explorar a heterose em espécies
alógamas como melancia (FERREIRA, 1996) e abóbora (ANIDO et al., 2004).
No caso do meloeiro alguns trabalhos realizados fora do país têm evidenciado a
presença de heteroses positivas e negativas para características de importância
econômica tais como produtividade, teor de sólidos solúveis, firmeza da polpa, e
espessura da polpa (LIPPERT; LEGG, 1972; KALB; DAVIS, 1984 a, b;
ABADIA et al., 1985; RANDHAWA; SINGH, 1990; MONFORTE et al., 2005;
LUAN et al., 2010; BARROS et al., 2011).
No
Brasil,
Lopes
(1991) observou heteroses positivas para a
produtividade, peso médio do fruto e o teor de sólidos solúveis. Rizzo (1999)
trabalhando com linhagens de melão rendilhado constatou principalmente
18
heteroses negativas para as principais características avaliadas. Paiva (2002)
observou heteroses positivas para a produtividade, teor de sólidos solúveis e
outras características do fruto e da planta, quando trabalhou com linhagens
de vários tipos de melão. Barros et al. (2011) também observaram resultados
semelhantes ao estudar um dialelo composto por genitores de vários tipos de
melão.
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 GERMOPLASMA
3.1.1 Linhagens genitoras
O Grupo I foi constituído pelas linhagens AF 11265-3, AF 11425-1 e AF
11739 (Figura 1). As duas primeiras encontram-se na geração S7, enquanto a
terceira, na geração S11. As referidas linhagens foram utilizadas como genitores
femininos e representam linhagens elites de melão amarelo (C. melo inodorus
Naud.) desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético da Sakata Seed
Sudamerica Ltda. Estas linhagens foram selecionadas pelo método pedigree, a
partir de autofecundações sucessivas de plantas individuais oriundas de cruzamento
biparental
entre
linhagens
geneticamente
não
relacionadas,
selecionadas
anteriormente pelo programa.
AA
B
C
Figura 1 - Identificação das linhagens AF 11265-3 (A), AF 11425-1 (B) e AF
11739 (C), utilizadas em um dialelo parcial para obtenção de híbridos
experimentais. Baraúna-RN.2012.
20
O grupo II foi constituído por linhagens utilizadas como genitores
masculinos. Todas as linhagens são também do tipo Amarelo e encontram-se na
geração S5. Assim como as linhagens do grupo I, essas também foram
desenvolvidas pelo programa de melhoramento genético de melão da Sakata Seed
Sudamerica Ltda via método pedigree, a partir de autofecundações sucessivas de
plantas individuais oriundas do um composto de base genética ampla. As referidas
linhagens são AF 13068-5, AF 13070-3, AF 13072-4, AF 13077-7, AF 13078-2,
AF 13078-4, AF 13084-4 e AF 13090-5 (Figuras 2 e 3).
A
B
C
D
Figura 2 - Identificação das linhagens AF 13068-5 (A); AF 13070-3 (B); AF
13072-4 (C); AF 13077-7 (D), utilizadas em um dialelo parcial para obtenção de
híbridos experimentais. Baraúna-RN.2012.
21
A
B
C
D
Figura 3 - Identificação das linhagens AF 13078-2 (A); AF 13078-4 (B); AF
13084-4 (C) e AF 13090-5 (D), utilizadas em um dialelo parcial para obtenção de
híbridos experimentais. Baraúna-RN.2012.
3.1.2 Obtenção dos híbridos experimentais
As linhagens genitores foram cultivadas em ambientes protegidos na área
de melhoramento da companhia Sakata Seed Sudamérica Ltda localizada no
município de Bragança Paulista-SP (23º de latitude Sul, 47º de longitude Oeste e
850 metros de altitude) no período de Janeiro a Abril de 2012. As sementes
oriundas do processo de autofecundação foram colocadas em um pré-germinador
22
por dois dias, a uma temperatura de 27,5ºC. Após a emissão da radícula, foram
transferidas para bandejas de polietileno com 128 células, contendo substrato
comercial específico para cucurbitácea. Em seguida foi colocada uma semente por
célula, onde permaneceu por 15 dias. O transplantio foi realizado quando as mudas
apresentavam a primeira folha definitiva expandida.
As linhagens foram transplantadas na proporção de (3:1), ou seja, uma
linhagem materna para cada três paternas. Essas mudas foram transplantadas para
vasos com capacidade de 6L. Usou-se o espaçamento de 1,6 metros entre linha e
0,5 metros entre vasos em uma área útil de 1050m2. As plantas foram conduzidas
em fitilhos amarradas a arames nº14, fixadas em mourões, o que garantiu a
sustentação das plantas durante todo o ciclo. A irrigação foi realizada com uso de
duas fitas gotejadoras de 1,6 L hora-1 de vazão por gotejador. A nutrição foi feita
com base em diferentes concentrações da solução nutritiva proposta por Furlani et
al (1999).
No dia anterior a antese, iniciaram-se os cruzamentos por volta das 16
horas. Primeiramente foi realizada a identificação de flores aptas à polinização no
dia seguinte. No isolamento destas, com auxílio de redinhas de náilons, as flores
masculinas eram protegidas e as flores hermafroditas dos progenitores femininos
eram emasculadas, de forma a evitar a autopolinização.
No dia seguinte, por volta das7 horas, as flores foram descobertas e o pólen
dos genitores masculinos foi levado até as flores receptoras (genitores femininos),
na proporção de três masculinas para uma feminina. A polinização foi feita de
forma a encostar os estames da flor doadora de pólen sobre o estigma da flor
receptora. Depois de polinizadas as flores dos progenitores femininas foram
identificadas com lã de cor vermelha, etiquetadas com a data da polinização e
protegidos com as redinhas novamente, até serem eliminadas naturalmente com o
desenvolvimento do fruto. Dessa forma foram obtidas as 24 combinações híbridas
experimentais.
Quando os frutos atingiram sua maturação, foram colhidos e devidamente
identificados. Os mesmos foram levados para galpões onde as sementes foram
extraídas e lavadas com água corrente com o auxílio de uma peneira com tampa e
23
fundo telados. Em seguida foram colocadas para secar à sombra em condições
ambientais. Após a secagem, as sementes dos 24 híbridos experimentais foram
transferidas para sacos de papel, lacrados com suas respectivas etiquetas de
identificação e acondicionados em câmara fria (15 ± 2 ºC e UR 60 ± 5%) até que as
mesmas fossem utilizadas na Estação Experimental da Sakata Nordeste (EENe).
3.2 AVALIAÇÃO DIALÉLICA
3.2.1 Área experimental
O experimento de avaliação foi conduzido na EENe entre os meses de
setembro e novembro de 2012, em Baraúna-RN (5º de latitude Sul, 37º de
longitude Oeste e 109 metros de altitude).
Conforme a Classificação de Köppen, o clima é do tipo BSwh’, ou seja,
seco e muito quente, com duas estações climáticas bem definidas, a seca que ocorre
de junho a janeiro e a outra chuvosa de fevereiro a maio (CARMO FILHO et al.;
OLI1991).
O solo do local foi classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo
Equivalente Eutrófico (EMBRAPA, 1999). Para análise química (Tabela 2) foram
retiradas amostras simples na profundidade de 0 a 20 centímetros. Destas, formouse a amostra composta, que foi preparada e enviada ao laboratório para análise.
Tabela 1 - Valores médios mensais durante o período de condução do experimento
com meloeiro. Baraúna-RN. 2012.
Mês
Setembro
Outubro
Novembro
TMax.
(ºC)
34
34
33
TMin
(ºC)
23
22
25
UR
(%)
66
63
61
PP
(mm)
0
0
0
TMax: temperatura máxima; TMin: temperatura mínima; UR: Umidade relativa (%); PP:
precipitação pluviométrica.
24
Tabela 2 - Análise do solo da área experimental. Baraúna-RN. 2012.
Ca
Mg
Al
H+Al
K
P
Na
pH
(meq/100ml)
(ppm)
6,40
8,50
2,90
0,10
1,20
0,79
13,60
19,00
M.0
1,20
A dimensão da área experimental foi de 24 x 50 metros, na qual se
trabalhou em 12 linhas, sendo as duas externas desconsiderar para eliminar o efeito
bordadura. Utilizou-se o espaçamento de 2,0 metros entre linhas e com 0,40 metros
entre plantas, o que perfez uma densidade populacional de 1250 plantas.
3.2.2 Condução do experimento
As mudas dos híbridos, genitores e testemunhas foram obtidas em casa de
vegetação na (EENe) e semeada em bandejas de plástico de 200 células. O
preenchimento das células foi feito em 05 de Setembro com substrato comercial a
base de fibra de coco. A irrigação das bandejas foi realizada duas vezes ao dia por
meio de aspersores invertidos até atingir os 9 dias após semeadura (DAS), tempo
hábil para o transplante das mudas no campo experimental.
A área foi preparada com uma gradagem, seguida de uma sub-solagem a
45cm de profundidade e, novamente uma gradagem com discos maiores de 35cm.
Por fim, usou-se uma grade niveladora para quebrar os torrões existentes. Após o
terreno estar bem destorroado e nivelado, utilizou-se um implemento chamado
triple (enxada rotativa) para a adubação, a cobertura e o levantamento do camalhão
a 20cm de altura aproximadamente. A quantidade de adubo distribuído por linha de
plantio foi de 350kg/ha-1 da formulação 06-24-12. Após a mistura do adubo na
linha de plantio foram estendidas manualmente as mangueiras de 16mm com vazão
de 1,6 litros por hora. Por fim, colocou-se o mulching preto/prata com 1,0 metro de
largura.
25
O transplantio das mudas para a área experimental foi realizado no dia 14
de setembro de 2012, com replantio cinco dias após, com intuito de manter a
uniformidade populacional de plantas. As demais práticas culturais como,
aplicações de defensivos agrícolas e capinas foram feitas de acordo com a
necessidade da cultura, obedecendo à recomendação de manejo e práticas culturais.
As colheitas foram realizadas manualmente, nos dias 14 e 15/11/2012. Os
frutos foram retirados das plantas com auxílio de canivetes, identificados com
marcadores permanentes e colocados em sacos de ráfia para serem transportados
até o Galpão da EENe para avaliação das características estudadas.
3.2.3 Delineamento experimental
Foram avaliadas as onze linhagens genitoras descritas no subitem 3.1, 24
híbridos obtidos no esquema dialelo parcial e seis cultivares comerciais usadas
como testemunhas (‘AF 4945’, ‘5107’, ‘AF 6742-1’, ‘13257’, ‘13258’ e ‘13259’),
sob condições de campo aberto.
O delineamento experimental usado foi de blocos completos casualizados
com 41 tratamentos (11 genitores + 24híbridos experimentais + 6 testemunhas
comerciais) em três repetições. Cada uma das parcelas foi constituída de sete
plantas no espaçamento de 2,0 x 0,40m, o que totalizou 861 plantas.
Para obtenção da análise dialélica parcial, foram utilizados apenas as
linhagens e os híbridos, sem os recíprocos. Totalizando 35 tratamentos (11
genitores e 24 híbridos).
3.2.4 Características avaliadas
As características avaliadas foram as seguintes:
26
a) Massa média do fruto (MMF): todos os frutos da parcela foram pesados
com uso de uma balança, expressa em gramas (g);
b) Comprimento de fruto (CF): medido pelo diâmetro longitudinal no
sentido da inserção floral ao pedúnculo com o auxílio de um paquímetro, expresso
em milímetros (mm).
c) Diâmetro do fruto (DF): medido pelo diâmetro transversal do fruto na
região equatorial com auxílio de um paquímetro, expresso em milímetros (mm).
d) Índice de formato (IF): obtida pela relação entre diâmetro longitudinal
(comprimento do fruto) e diâmetro transversal, medido na região equatorial do
fruto.
e) Espessura de polpa (EP): utilizando um paquímetro foi tomada na região
equatorial, a partir dos frutos seccionados transversalmente, a parte do fruto que
contém o início da cavidade placentária até o início da formação da casca. Expressa
em milímetros.
f) Relação de Polpa na região equatorial (RP): foi obtido por meio da
seguinte fórmula: RP = [(2 x EP) / (DF)] x 100.
g) Sólido solúveis totais (SST): foi retirada uma amostra de
aproximadamente 2/3 da espessura da polpa na região equatorial do fruto, no
sentido da cavidade. A amostra foi pressionada manualmente até que uma parte do
suco fosse depositada em um refratômetro digital (Digital Refractometer Palette
100), onde foi determinado o º Brix.
h) Firmeza da polpa (FP): após corte transversal do fruto, foram tomadas
três leituras por fruto em cada lado da polpa, na região equatorial, equidistantes em
relação ao comprimento e à espessura da polpa. Foi utilizado um penetrômetro
Wagner® com pluncher de ponta cônica de 8,0 mm (Fruit Pressure Tester – FT
011. MOD) para medir a resistência na polpa, os resultados foram expressos em
Newton (N).
i) Número total de frutos por planta (NFT): razão entre o número total de
frutos e o número de plantas total na parcela.
27
j) Número de frutos comerciais por planta (NFC): para esse critério foram
distribuídos todos os frutos que se enquadravam nas caixas exigidas pelo mercado
importador (tipos 7, 8, 9, 10 e 12 caixa Eurobox de 13kg).
3.3 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
3.3.1 Análise de Variância
A partir dos dados médios de parcelas para cada tratamento, efetuou-se a
análise de variância (Tabela 3) para os caracteres avaliados de acordo com modelo
estatístico:
Onde:
: observação do genótipos i no bloco j;
: constante associada aos dados (média geral);
: efeito fixo tratamento do i-ésimo genótipo, sendo i = 1, 2, ..., I;
: efeito aleatório do bloco j, sendo j=1, 2, ..., J;
: erro aleatório, sendo
∩ (0, σ2e).
Tabela 3 – Esquema da ANAVA em blocos casualizados completos, apresentando
as esperanças dos quadrados médios para cada um dos caracteres avaliados.
Baraúna-RN, 2012.
FV
GL
QM
F
Blocos
b-1
QMB
-
Genótipo
t-1
QMG
QMG/QMERRO
Erro
(b-1) (t-1)
QMERRO
t: número de tratamentos; b: número de blocos; σ2e = variância do erro experimental;
∑
= média da variação genética dos genótipos.
28
Obtendo-se um valor de F significativo para tratamento, seguiu a uma
comparação dos contrastes entre médias pelo teste do Scott-Knott, ao nível de 5%
de probabilidade.
3.3.2 Análise dialélica
A análise dialélica foi realizada conforme o método 2 de Griffing (1956a,
b), que inclui na análise os genitores e o conjunto dos n(n-1)/2, híbridos F1, sem os
recíprocos, o que implicou na desconsideração dos efeitos recíprocos nos híbridos.
Neste caso foi é utilizado o modelo estatístico:
̅
Em que,
: valor médio da combinação híbrida (i ≠ j) ou do progenitor (i = j);
: média geral;
: efeitos da capacidade geral de combinação do i-ésimo e do j-ésimo
progenitor, respectivamente;
: efeito da capacidade específica de combinação para os cruzamentos entre os
progenitores de ordem i e j;
̅ : erro experimental médio.
Geraldi e Miranda Filho (1988), numa adaptação do modelo proposto por
Griffing (1956), apresentaram a decomposição da soma de quadrados de genótipos
em soma de quadrados associados à capacidade combinatória das combinações
híbridas que incluem genitores, dada a seguir:
(
)
29
̅
Em que,
: valor médio da combinação híbrida (i ≠ j) ou do progenitor (i = j);
: média geral;
: contrastes envolvendo médias dos grupos 1 e 2 e a média geral;
: efeitos da capacidade geral de combinação do i-ésimo e do j-ésimo
progenitor, respectivamente;
: efeito da capacidade específica de combinação para os cruzamentos entre os
progenitores de ordem i e j;
̅ : erro experimental médio.
O uso do modelo I, admite que o modelo seja fixo, ou seja, que os efeitos
de cultivares e de blocos sejam constantes, e apenas o erro experimental seja
aleatório, e que, portanto o material experimental constitui a totalidade da
população, a respeito da qual podem ser extraídas as conclusões válidas.
Quando se utiliza o modelo I (fixo), os objetivos na análise são a
comparação, das capacidades de combinação dos progenitores, quando os próprios
progenitores são utilizados como testadores. Desta forma, as estimativas das
diferenças entre os efeitos da capacidade de combinação e obtenção dos errospadrão apropriados para aquelas diferenças são os objetivos de maior interesse
(GRIFFING, 1956).
O esquema da ANAVA, para CGC e CEC, com as respectivas esperanças
dos quadrados médios para as suposição do método 2, modelo I de Griffing (1956)
encontra-se na Tabela 4.
Tabela 4 – Esquema da ANAVA para CGC e CEC, baseados no método 2, modelo
I, de Griffing (1956).
gl
QM
F
pq + p + q -1
QMTRAT
QMTRAT / QMERRO
CGC (1)
p-1
QMCGC (1)
QMCGC (1) / QMERRO
CGC (2)
q-1
QMCGC (2)
QMCGC (2) / QMERRO
pq
QMCEC
QMCEC / QMERRO
FV
Tratamentos
CEC
30
Grupo 1 vs Grupo 2
1
QMG(1) vs QMG(2)
Resíduo
d
QMERRO
p: número de genitores do grupo I; q: número de genitores do grupo II; d: graus de
liberdade do resíduo.
Todas as análises foram processadas pelo aplicativo computacional em
genética e estatística Genes (CRUZ, 2013).
3.3.3 Heterose
A heterose, em relação à média dos genitores, foi calcula de acordo com a
seguinte expressão:
[
(
( )
{
(
̅
̅
̅
̅
)
Em que:
( ): heterose em porcentagem;
̅ : média do cruzamento entre os genitores i e j;
̅
̅ : médias dos genitores i e j.
31
)]
}
4 RESULTADOS
4.1. ANÁLISE DE VARIÂNCIA
Observou-se efeito significativo de genótipo (p < 0,01) para todas as
características avaliadas (Tabela 5). O desdobramento dos graus de liberdade
associado ao efeito de genótipo evidenciou que o efeito de grupos foi significativo
para as características massa média do fruto (MMF), comprimento do fruto (CF),
diâmetro do fruto (DF) e espessura da polpa (EP).
Com relação aos efeitos de capacidades de combinação, seja geral (CGC),
em ambos os grupos, ou específica (CEC), observou-se diferença estatística (p <
0,05) para as características MMF, DF, EP e (RP).
Entretanto, as testemunhas diferiram (p<0,05) para quase todas as
características avaliadas, com exceção do número de frutos por planta (NFP) e
número de frutos comerciais por planta (NCP). O contraste entre os genótipos
associados ao dialelo parcial e testemunhas foi significativo para MMF, CF, DF,
EP, FP e NTF.
32
Tabela 5 - Quadro da análise de variância para dez características avaliadas em um dialelo parcial envolvendo dois grupos de
linhagens de melão Amarelo. Baraúna-RN, 20121.
FV
Quadrados médios (Características)
33
gl
MMF
CF
DF
IF
EP
RP
SS
FP
NTF
NFC
Blocos
2
0,0743
95,4559
51,2042
0,0008
4,6637
2,1362
7,1891
0,0689
0,0522
0,0824
Tratamentos
40
0,4531**
542,009**
503,018**
0,0354**
32,511**
35,503**
1,898**
0,483**
0,612**
0,593**
(População)
(34)
0,397**
551,950**
490,896**
0,0398**
28,575**
37,806**
1,752**
0,468**
0,673**
0,672**
Grupos
1
8937,834**
5,243*
3670,623**
0,0123ns
354,119**
13,154ns
0,1406ns
3,360ns
3,428ns
5,519ns
CGC (Grupo I)
2
72,821**
1,062ns
1774,630**
0,2095ns
39,986**
154,269**
0,7355ns
0,128ns
5,981ns
1,039ns
CGC (Grupo II)
7
185,280**
0,415ns
1039,423**
0,1086ns
31,459**
89,784**
3,474ns
0,677ns
0,422ns
0,581ns
CEC (I x II)
24
349,423**
0,133ns
91,419**
0,0062ns
13,232**
13,969**
1,401ns
0,316ns
0,188ns
0,465ns
Testemunha
5
0,430**
81,774*
327,367**
0,011**
35,550**
23,757**
3,2635**
0,205**
0,188ns
0,108ns
Pop. vs Test.
1
2,450**
2505,193**
1793,432**
0,0024ns
151,164**
15,915ns
0,008ns
2,391**
0,634*
0,334ns
Resíduo
80
0,020
27,953
15,943
0,001
4,762
5,919
0,524
0,053
0,152
0,131
8,316
3,015
2,956
2,660
4,701
3,526
5,735
8,125
21,974
28,319
C.V (%)
Média
1,702
175,333
135,055
1,306
46,411
68,995
12,624
2,831
1,772
1,276
ns, ** e * significam: não significativo, significativo a 1% e significativo a 5% de probabilidade, pelo teste F.
MMF - Massa média do fruto (g); CF - Comprimento de fruto (mm); DF - Diâmetro do fruto (mm); IF – Índice de formato; SST - Sólidos
solúveis totais (%); FP - Firmeza de polpa (N); EP - Espessura de polpa na região equatorial (cm); RP - Relação de polpa na região equatorial;
NTF - Número total de frutos por planta; NFC - Número de frutos comerciais por planta.
1
4.2. CAPACIDADE GERAL DE COMBINAÇÃO (CGC)
Foram estimadas da capacidade geral de combinação das linhagens dos
dois grupos envolvidos no dialelo parcial somente para aquelas características em
que se observou efeito significativo da CGC (Tabela 6).
4.2.1 Massa média do fruto (MMF)
As linhagens AF11425-1 e AF11739, pertencentes ao primeiro grupo,
apresentaram as maiores estimativas de CGC, enquanto que a linhagem AF11265-3
apresentou estimativa negativa.
No segundo grupo, as linhagens AF13072-4, AF13070-3 e AF13090-5
apresentaram as maiores magnitudes para a capacidade geral de combinação,
enquanto que as linhagens AF13078-2 e AF13084-4 os menores valores.
4.2.2 Diâmetro do fruto (DF)
Verificou-se para o primeiro grupo, verificou-se que as linhagens
AF11265-3 e AF11425-1 destacaram-se com estimativas positivas, enquanto que
AF11739 apresentou estimativa negativa. No segundo grupo, destacou-se a
linhagem AF13084-4 com a maior estimativa da CGC seguida pelas linhagens
AF13068-5, AF13070-3 e AF13072-4. As demais possuíram estimativas negativas,
com destaque para a linhagem AF13077-7 que apresentou a menor estimativa
negativa seguida, em ordem crescente, das linhagens AF13090-5, AF13078-4 e
AF13078-2.
34
Tabela 6 - Estimativas dos efeitos da capacidade geral de combinação (CGC) de onze genitores para características de frutos e
produtividade de melão, pelo método de Geraldi e Miranda Filho. Baraúna-RN. 20121.
1
ID - Identificação; MMF - Massa média do fruto (g); CF - Comprimento de fruto (mm); DF - Diâmetro do fruto (mm); IF – Índice de formato;
SST - Sólidos solúveis totais (%); FP - Firmeza de polpa (N); EP - Espessura de polpa na região equatorial (cm); RP - Relação de polpa na região
equatorial; NTF - Número total de frutos por planta; NFC - Número de frutos comerciais por planta.
.
Capacidade Geral de Combinação – CGC (Características)
Populações
ID
MMF
CF
DF
IF
EP
RP
SST
FP
NTF
NFC
AF 11265-3
4
-1,64
0,131
5,161
-0,063
0,606
-1,728
-0,031
-0,068
-0,313
-0,186
AF 11425-1
5
0,895
0,063
2,833
-0,023
0,611
-0,566
-0,125
0,027
-0,148
0,038
AF 11739
6
0,745
-0,194
-7,995
0,085
-1,217
2,294
0,156
0,042
0,461
0,148
0,193
0,136
0,236
0,272
0,296
0,327
0,304
0,333
0,360
0,385
Genitores
35
DP (gi)
AF 13068-5
7
0,463
0,054
4,122
-0,040
1,131
-0,508
0,459
-0,067
-0,046
0,145
AF 13070-3
8
2,080
0,071
4,092
-0,030
0,513
-1,506
-0,008
-0,109
0,001
0,048
AF 13072-4
9
4,993
0,121
3,462
-0,001
1,114
-0,201
0,323
-0,119
-0,126
0,103
AF 13077 7
10
-0,730
-0,197
-9,411
0,094
-1,457
2,875
-0,250
0,396
-0,001
-0,258
AF 13078-2
11
-4,350
-0,084
-2,84
-0,013
-0,364
0,797
-0,616
0,127
-0,006
-0,014
AF 13078-4
12
-0,605
-0,061
-3,887
0,030
-0,258
1,635
-0,216
-0,020
0,157
-0,107
AF 13084-4
13
-3,243
0,223
11,691
-0,127
1,264
-3,892
-0,238
-0,087
-0,211
0,239
AF 13090-5
14
1,392
-0,127
-7,231
0,087
-1,944
0,799
0,545
-0,121
0,231
-0,157
0,289
0,204
0,354
0,408
0,444
0,491
0,456
0,500
0,540
0,577
DP (gi)
4.2.3 Espessura da polpa (EP)
Para o primeiro grupo, as linhagens AF11425-1 e AF11265-3 apresentaram
as maiores estimativas da CGC, enquanto que a linhagem AF11739 teve
estimativa negativa. No segundo grupo, em ordem decrescente, as linhagens
AF13084-4, AF13068-5, AF13072-4 e AF13070-3 apresentaram estimativas
positivas, enquanto que as linhagens AF13090-5, AF13077-7, AF13078-2 e
AF13078-4, foram negativas (Tabela 6).
4.2.4 Relação de polpa (RP)
A linhagem AF11739 destacou-se com estimativa positiva, enquanto que
as linhagens AF11265-3 e AF11425-1 apresentaram estimativa negativa. No
segundo grupo, verificou-se que as linhagens, em ordem decrescente, AF13077-7,
AF13078-4, AF13090-5 e AF13078-2, possuíram estimativas positivas, enquanto
as linhagens AF13084-4, AF13070-3, AF13068-5 e AF13072-4, em ordem
crescente, apresentaram estimativas negativas (Tabela 6).
Para as características relação comprimento do fruto (CF), relação
comprimento diâmetro (CD), sólidos solúveis (SS), firmeza da polpa (FP), número
de frutos por planta (NFP) e número de frutos comerciais por planta (NCP) não
observou-se efeito significativo da capacidade geral de combinação (Tabelas 5 e 6).
36
4.3 CAPACIDADE ESPECÍFICA DE COMBINAÇÃO (CEC)
Serão apresentados os resultados das estimativas somente relativas àquelas
características nas quais detectou-se efeito significativo da CEC na análise dialélica
(Tabela 7).
4.3.1 Peso médio do fruto (PF)
Os cruzamentos com maiores estimativas para a CEC foram, em ordem
decrescente, AF 11425-1 x AF 13072-4, AF 11425-1 x AF 13070-3, AF 11425-1 x
AF 13077 7 e AF 11739 x AF 13078-4. A linhagem AF 11425-1 esteve em cinco
dos sete maiores valores da CEC. As menores estimativas foram observadas nos
cruzamentos AF 11265-3 x AF 13068-5, AF 11739 x AF 13090-5, AF 11265-3 x
AF 13078-2 e AF 11739 x AF 13084-4. A linhagem 11265-3 estava entre as seis
das sete menores estimativas de CEC para o peso médio do fruto (Tabela 7).
Tabela 7 - Estimativa dos efeitos da capacidade específica de combinação (CEC)
de híbridos para características de frutos e produtividade de melão, pelo método de
Geraldi e Miranda Filho (1988). Baraúna-RN, 20121.
Híbridos
AF 11265-3 x AF 13068-5
AF 11265-3 x AF 13070-3
AF 11265-3 x AF 13072-4
AF 11265-3 x AF 13077-7
AF 11265-3 x AF 13078-2
AF 11265-3 x AF 13078-4
AF 11265-3 x AF 13084-4
AF 11265-3 x AF 13090-5
AF 11425-1 x AF 13068-5
AF 11425-1 x AF 13070-3
AF 11425-1 x AF 13072-4
AF 11425-1 x AF 13077-7
AF 11425-1 x AF 13078-2
AF 11425-1 x AF 13078-4
AF 11425-1 x AF 13084-4
AF 11425-1 x AF 13090-5
AF 11739 x AF 13068-5
“...continua...”
ID
PF
-7,518
-0,805
-5,520
-4,255
-5,775
1,818
-5,613
-4,118
5,016
11,999
16,814
10,939
7,089
7,883
4,922
5,546
-1,633
4x7
4x8
4x9
4x10
4x11
4x12
4x13
4x14
5x7
5x8
5x9
5x10
5x11
5x12
5x13
5x14
6x7
37
CEC / Características
DF
EP
2,212
-0,104
1,782
-1,685
2,142
-1,086
-2,313
0,685
-5,284
-1,478
1,892
1,286
1,444
-0,377
-5,493
-2,368
5,881
-1,979
6,041
2,038
8,001
2,837
4,875
3,678
3,374
1,786
0,891
0,210
3,312
0,687
-0,905
0,696
-0,291
2,048
RP
-1,115
-3,027
-2,532
1,771
0,380
0,582
-0,901
-1,032
-5,478
0,041
0,045
2,619
0,868
-0,281
-0,504
1,344
3,172
TABELA 7, Cont.”
AF 11739 x AF 13070-3
6x8
1,279
AF 11739 x AF 13072-4
6x9
-2,365
AF 11739 x AF 13077-7
6x10
-0,911
AF 11739 x AF 13078-2
6x11
5,439
AF 11739 x AF 13078-4
6x12
9,233
AF 11739 x AF 13084-4
6x13
3,072
AF 11739 x AF 13090-5
6x14
-7,163
DP (sii)
0,644
DP (sjj)
0,516
DP (sij)
0,725
1
ID - Identificação; PF - Peso médio do fruto (kg); DF - Diâmetro do
região equatorial (cm); RP – Relação de polpa na região equatorial.
1,999
0,997
-2,300
-0,134
-3,556
-2,892
0,802
0,874
6,979
1,308
3,200
1,385
-3,476
-0,006
0,789
0,991
0,633
0,795
0,888
1,116
fruto (mm); EP - Espessura
0,371
0,955
-2,560
1,027
-1,870
0,166
2,274
1,094
0,878
1,232
de polpa na
4.3.2 Diâmetro do fruto (DF)
Os cruzamentos com as maiores estimativas da capacidade especifica de
combinação foram, em ordem decrescente, AF 11425-1 x AF 13072-4, AF 11739 x
AF 13078-4, AF 11425-1 x AF 13070-3 e AF 11425-1 x AF 13068-5, enquanto os
menores valores, em ordem crescente, foram verificados nos cruzamentos AF
11265-3 x AF 13090-5, AF 11265-3 x AF 13078-2, AF 11739 x AF 13077-7 e AF
11739 x AF 13090-5. A linhagem AF 11425-1 esteve presente em seis das oito
maiores estimativas observadas para o diâmetro de fruto (Tabela 7).
4.3.3 Espessura da polpa (EP)
As maiores estimativas da capacidade especifica de combinação (CEC)
foram verificadas nos cruzamentos AF 11425-1 x AF 13077-7, AF 11425-1 x AF
13072-4, AF 11739 x AF 13068-5 e AF 11425-1 x AF 13070-3 (Tabela 7). As
menores estimativas foram observadas nos cruzamentos AF 11739 x AF 13077-7,
AF 11265-3 x AF 13090-5 e AF 11425-1 x AF 13068-5. As linhagens AF 11425-1
e AF 11739 estiverem presentes em quatro das dez maiores estimativas, enquanto a
linhagem AF 11265-3 esteve presente entre as cinco das oito menores estimativas.
38
4.3.4 Relação de polpa na região equatorial (RP)
As maiores estimativas foram observadas nos cruzamentos AF 11739 x AF
13068-5, AF 11425-1 x AF 13077-7, AF 11739 x AF 13090-5 e AF 11265-3 x AF
13077-7. A linhagem AF 11739 esteve presente em quatro dos sete cruzamentos
com as maiores estimativas de CEC. As menores estimativas foram constatadas nos
cruzamentos AF 11425-1 x AF 13068-5, AF 11265-3 x AF 13070-3, AF 11739 x
AF 13077-7 e AF 11265-3 x AF 13072-4. A linhagem AF 11265-3 estava presente
em cinco das oito menores estimativas (Tabela 7).
4.4 HETEROSE
As estimativas da capacidade específica de combinação estão apresentadas
na Tabela 8. Serão apresentados os resultados das estimativas somente relativas
àquelas características nas quais detectou-se efeito significativo da CEC na análise
dialélica.
Tabela 8 - Estimativa da heterose, em percentagem, dos híbridos em relação a
média dos seus genitores, para características de frutos e produtividade de melão.
Baraúna-RN, 20121.
Híbridos
AF 11265-3 x AF 13068-5
AF 11265-3 x AF 13070-3
AF 11265-3 x AF 13072-4
AF 11265-3 x AF 13077-7
AF 11265-3 x AF 13078-2
AF 11265-3 x AF 13078-4
AF 11265-3 x AF 13084-4
AF 11265-3 x AF 13090-5
“...continua...”
ID
PF
-8,98
-3,11
-6,07
-5,98
-6,83
-0,79
-7,27
-7,30
4x7
4x8
4x9
4x10
4x11
4x12
4x13
4x14
39
CEC / Características
DF
EP
2,28
-2,82
2,34
-5,42
2,24
-4,01
-2,63
-0,50
-4,67
-5,17
2,55
1,49
1,68
-2,51
-6,50
-8,70
RP
-4,98
-7,58
-6,36
1,07
-0,75
-1,81
-4,11
-2,69
TABELA 8, Cont.”
AF 11425-1 x AF 13068-5
5x7
13,40
11,88
1,09
-9,64
AF 11425-1 x AF 13070-3
5x8
20,65
12,43
10,88
-1,40
AF 11425-1 x AF 13072-4
5x9
22,59
13,56
12,66
-0,98
AF 11425-1 x AF 13077-7
5x10
19,06
10,34
15,29
3,85
AF 11425-1 x AF 13078-2
5x11
17,19
8,60
10,41
1,59
AF 11425-1 x AF 13078-4
5x12
19,60
9,06
7,80
-1,43
AF 11425-1 x AF 13084-4
5x13
14,85
9,43
7,93
-1,76
AF 11425-1 x AF 13090-5
5x14
13,37
3,59
6,43
2,40
AF 11739 x AF 13068-5
6x7
-0,53
1,95
6,46
4,52
AF 11739 x AF 13070-3
6x8
3,53
4,14
5,01
0,86
AF 11739 x AF 13072-4
6x9
0,90
0,39
2,59
2,06
AF 11739 x AF 13077-7
6x10
1,31
-2,53
-3,84
-1,67
AF 11739 x AF 13078-2
6x11
5,25
1,10
4,73
3,51
AF 11739 x AF 13078-4
6x12
9,26
8,56
6,70
-1,90
AF 11739 x AF 13084-4
6x13
3,16
4,44
5,99
1,11
AF 11739 x AF 13090-5
6x14
-3,86
-4,20
1,10
5,39
Média
4,73
3,75
3,07
-0,86
1
ID - Identificação; PF - Peso médio do fruto (kg); DF - Diâmetro do fruto (mm); EP Espessura de polpa na região equatorial (cm); RP – Relação de polpa na região equatorial.
4.4.1 Peso médio do fruto (PF)
As maiores estimativas de heterose foram observadas nos cruzamentos AF
11425-1 x AF 13072-4, AF 11425-1 x AF 13070-3, AF 11425-1 x AF 13068-5, AF
11425-1 x AF 13077-7 e AF 11425-1 x AF 13078-2. Nas oito maiores estimativas
de heterose estavam envolvida a linhagem AF 11425-1. Por outo lado, nas seis
menores estimavas de heterose, valores negativos, estava envolvida a linhagem AF
11265-3. Os referidos cruzamentos envolvem as seguintes linhagens do grupo II:
AF 13068-5, AF 13072-4, AF 13077-7, AF 13078-2, AF 13084-4 e AF 13090-5
(Tabela 8).
40
4.4.2 Diâmetro do fruto (DF)
Assim como foi observado para o peso médio do fruto, as maiores
estimativas de heterose contemplaram oito cruzamentos envolvendo a linhagem AF
11425-1 com as seguintes linhagens do grupo II: AF 13072-4, AF 13070-3, AF
13078-4, AF 13077-7, AF 13078-2, AF 13084-4 e AF 13068-5 (Tabela 8). As
menores estimativas foram observadas nos cruzamentos: AF 11739 x AF 13077-7,
AF 11265-3 x AF 13077-7, AF 11739 x AF 13090-5, AF 11265-3 x AF 13078-2,
AF 11265-3 x AF 13090-5 (Tabela 9).
4.4.3 Espessura da polpa (EP)
As maiores estimativas foram observadas nos cruzamentos AF 11425-1 x
AF 13077-7, AF 11425-1 x AF 13072-4, AF 11425-1 x AF 13070-3 e AF 11425-1
x AF 13078-2. A linhagem AF 11425-1 esteve nas seis maiores estimativas de
heterose (Tabela 9). As menores estimativas, todas negativas, foram verificadas
nos cruzamentos AF 11265-3 x AF 13090-5, AF 11265-3 x AF 13070-3, AF
11265-3 x AF 13078-2, AF 11265-3 x AF 13072-4 e AF 11739 x AF 13077-7
(Tabela 8).
4.4.4 Relação de Polpa na região equatorial (RP)
As maiores estimativas, em ordem decrescente, foram constatadas nos
seguintes cruzamentos: AF 11739 x AF 13090-5, AF 11739 x AF 13068-5, AF
11425-1 x AF 13077-7, AF 11739 x AF 13078-2, AF 11425-1 x AF 13090-5 e AF
11739 x AF 13072-4 (Tabela 9). As menores estimativas de heterose foram
observados nos cruzamentos AF 11265-3 x AF 13084-4, AF 11265-3 x AF 13068-
41
5, AF 11265-3 x AF 13072-4, AF 11265-3 x AF 13070-3 e AF 11425-1 x AF
13068-5 (Tabela 8). A linhagem AF 11265-3 esteve presente nas menores
heteroses observadas (Tabela 8).
4.5 CORRELAÇÕES
As correlações entre a capacidade especifica de combinação e a heterose
foram elevadas e positivas para as características nas quais se observou efeito
significativo de capacidade específica de combinação na análise dialélica (Tabela
9).
Tabela 09 - Correlação de Spearman (rs) entre a capacidade de combinação e a
heterose em quatro características avaliadas em um dialelo parcial com linhagens
de melão Amarelo. Baraúna-RN, 20121.
Características
Estimativa (rs)
Peso médio do fruto (kg)
0,94**
Diâmetro do fruto (mm)
0,92**
Espessura da polpa (cm)
0,88**
Rendimento de polpa
0,92**
**Significativo pelo teste Mantel (p < 0,01).
42
5 DISCUSSÃO
Em qualquer programa de melhoramento é fundamental que os genótipos
ou populações segregantes sejam avaliadas com a maior precisão possível. O
coeficiente de variação é um dos parâmetros mais utilizados para avaliar a
qualidade experimental. No presente trabalho, considerando-se a classificação
adotada por LIMA et al. (2004), considera-se como médio os CVs para as
características peso médio do fruto, firmeza da polpa, sólidos solúveis e número
total de frutos (Tabela 5). Para as demais características não foi feita
classificação ainda, todavia os valores observados estão dentro da faixa
observada para a cultura em experimentos realizados no Agropólo Mossoró-Assu
(SILVA et al., 2002, NUNES et al., 2004, NUNES et al., 2005).
No estudo do dialelo, a significância das capacidades geral e específica de
combinação indica efeitos aditivos e não aditivos (dominância e epistasia)
envolvidos no controle genético da característica. Esse fato foi verificado paras
as características peso médio do fruto, diâmetro do fruto, espessura da polpa e
rendimento da polpa (Tabela 5). Para as referidas características é possível
explorar heterose nos programas de melhoramento genético.
Para o peso médio do fruto, corroborando com presente trabalho,
Lippert; Legg (1972), Kalb; Davis (1984a), Singh; Randhawa (1990), Lopes
(1991), Barros et al. (2011) verificaram efeitos aditivos e não aditivos para o
peso médio dos frutos.
Para a firmeza da polpa, espessura da polpa e proporção da cavidade
interna existem poucas informações registradas. Para as duas primeiras
característica, Barros et al. (2011) observaram os mesmos resultados no presente
trabalho, quais sejam, efeitos aditivos e não aditivos significativos (Tabela 5).
Nos trabalhos realizados por Kalb; Davis (1984a), Singh; Randhawa (1990) e
Kitroongruang et al. (1992) também não se observou-se efeitos aditivos e não
aditivos significativos para a espessura da polpa e a cavidade interna.
Com relação ao número de frutos por planta, os trabalhos realizados
43
Singh e Randhawa (1990) e Kitroongruang et al. (1992) verificaram que apenas
efeitos aditivos estavam presentes, divergindo, portanto, dos resultados do
presente trabalho em que não foram detectados efeitos significativos tanto para
as capacidades geral e específica de combinação (Tabela 5). Também diferiu do
dialelo realizado por realizado por Barros et al. (2011) em foram detectados
efeito significativos dos efeitos aditivos e não aditivos.
Para sólidos solúveis também não foi detectado efeito das as capacidades
geral e específica de combinação (Tabela 5). Para a referida característica
existem controvérsias em relação ao controle genético das características
mencionadas. Enquanto Cuarteiro et al. (1985), Kalb; Davis (1984a), Singh;
Randhawa (1990), Lopes (1991) e Barros et al. (2011) constataram
predominância de efeitos aditivos e não aditivos; Lippert; Legg (1972), Kalb;
Davis (1984a), Rizzo (1999) e Monforte et al. (2005) não detectaram efeito não
aditivo significativo.
Considerando que as estimativas da CGC (aditivo) e da CEC (não
aditivo) dependem da frequência alélica e do nível de dominância, ressalta-se,
portanto, que os resultados diferentes entre trabalhos são função, principalmente,
do grupo de genitores utilizado nos experimentos. Em adição o efeito do
ambiente e o método de análise também influenciam as estimativas obtidas.
Nos cruzamentos dialélicos também é possível estimar as capacidades
geral e específica de combinação dos genitores e/ou cruzamentos. Essas
estimativas fornecem informações importantes para os melhoristas sobre o
potencial de genitores para o melhoramento intra-populacional e sua utilidade
para programas inter-populacionais, bem como extração de linhagens para
produção de híbridos.
A capacidade geral de combinação (CGC) informar a frequência de
alelos que aumentam a expressão do caráter. Nesse sentido, genitores com maior
ou menor CGC contribuem para obtenção de populações segregantes com maior
média de linhagens derivadas (OLIVEIRA et al., 1996, FERREIRA et al., 2004).
Assim sendo, os genitores com maiores ou menores estimativas da CGC possuem
mais alelos favoráveis para determinada característica. Com efeito, quando o
44
interessante for a maior média para o caráter, então valores elevados e positivos
de CGC indicam maior frequência de alelos favoráveis. Por outro lado, quando
a menor média da característica for benéfica para o genótipo, valores elevados e
negativos também indicam a maior frequência de alelos favoráveis.
Entre as linhagens do primeiro grupo, linhagens elites do programa da
®
Sakata , a linhagem AF 11425-1 possui maior concentração de alelos favoráveis
para as características para peso médio do fruto, diâmetro do fruto e espessura da
polpa, mas menor frequência de alelos favoráveis para a Relação de Polpa na
região equatorial (Tabela 6). Dentre as linhagens em teste (segundo grupo),
destacaram-se as linhagens AF 13070-3 e AF 13072-4 com maior frequência de
alelos favoráveis para peso médio do fruto, diâmetro do fruto e espessura da
polpa, embora possuam baixa frequência de alelos favoráveis para a Relação de
Polpa na região equatorial (Tabela 6).
A magnitude da capacidade específica de combinação indica o grau
de complementação dos genitores de um cruzamento. Sua significância evidencia
desempenho heterogêneo entre os genitores, não sendo possível, portanto, prever
o seu comportamento com base apenas na CGC, pois ocorrem interações entre os
genitores em função da divergência nos locos com dominância.
Considerando todas as características nas quais detectou-se efeito
significativo para a capacidade específica de combinação, verificou-se que o
cruzamento AF 11425-1 x AF 13077-7 esteve entre as quatro maiores
estimativas. Seguem como destaque os cruzamentos AF 11425-1 x AF 13072-4,
AF 11425-1 x AF 13070-3 e AF 11425-1 x AF 13078-2 (Tabela 7).
Concernente à heterose, verificou-se, para todas as características,
estimativas negativas e positivas. O resultado observado reforça o comentário
feito por Monforte et al. (2005) de que a heterose é função do cruzamento e da
característica que está sendo considerada. Os referidos autores, ao cruzar um
híbrido comercial do tipo Pele de Sapo com treze acessos com grande variação,
observaram em meloeiro ausência de heterose em sólidos solúveis e heteroses
positivas, negativas ou nulas para índice de formato e peso médio do fruto.
45
Feyzian et al (2009) também verificaram discrepâncias na heterose para a
produtividade, peso médio do fruto e precocidade em função dos cruzamentos e
das características ao avaliar um dialelo tendo oito landraces iranianas como
genitoras. Luan et al. (2010) também observaram variação nos sinais das
estimativas de heterose para o índice de formato, peso médio do fruto,
florescimento e produtividade em um dialelo formado por uma linhagem
americana e quatro linhagens chinesas.
No Brasil, para peso médio do fruto, Rizzo (1999) observou que 50%
dos valores de heterose foram positivos. Paiva (2002) observou em 40% das
estimativas, valores positivos de heterose, enquanto Lopes (1991) constatou que
80% das heteroses foram positivas. As estimativas obtidas por Rizzo (1999) e
Paiva (2002) foram semelhantes àquelas deste trabalho para a espessura da
polpa Barros et al. (2011) verificaram resultados semelhantes para todas as
características avaliadas no presente trabalho para o peso médio do fruto e
espessura da polpa.
Heterose positiva indica superioridade da combinação híbrida em
relação à média dos genitores. A presença de heterose depende da dominância e
da divergência genética (FALCONER; MCKAY, 1996). Observou-se a
presença desses dois fatores como pode ser observado pelas estimativas e
significância da capacidade específica de combinação (Tabela 7). Aliás, ressaltase que a heterose e a capacidade específica foram estreitamente correlacionadas
(Tabela 9). Fato também observado em meloeiro por Torres (2008), Barros et al.
(2011) e Costa (2012). Do ponto de vista pragmático, a estimativa da capacidade
específica é suficiente para identificar os cruzamentos nos quais a heterose foi
manifestada. Nesse sentido, o destaque dos cruzamentos mais promissores para
heterose segue o mesmo do observado para a capacidade específica de
combinação (Tabelas 7 e 8).
Segundo Cruz e Vencovsky (1989), ao realizar a escolha de genitores ou
híbridos em cruzamentos dialélicos, o melhorista deve escolher o cruzamento
com elevada capacidade específica de combinação e que pelo menos um dos
genitores tenha elevada estimativa da capacidade geral de combinação. A ideia é
46
unir grande variabilidade (divergência genética e heterose) e alta frequência de
alelos favoráveis (LYNCH; WALSH, 1998). Essas características permitem a
obtenção de linhagens com bom desempenho. Além disso, a média do
cruzamento e dos próprios genitores são importantes para a escolha da melhor
combinação híbrida.
Nesse sentido, os melhores cruzamentos, levando-se em conta todos as
características nas quais se observou efeitos dominância (ou efeitos não aditivos),
os cruzamentos que contemplam as condições sugeridas por Cruz e Vencovsky
(1989) são principalmente aqueles que envolvem a linhagem elite AF 11425-1
como genitor, em especial os cruzamentos AF 11425-1 x AF 13070-3, AF 114251 x AF 13072-4 e AF 11425-1 x AF 13077-7. Além do cruzamento AF 11739 x
AF 13078-4. Dentre as linhagens que estavam sendo avaliadas, a de
comportamento de maior destaque para as características com a presença de
dominância foi AF 13072-4 com maior frequência de alelos favoráveis (maior
CGC) para peso médio do fruto, diâmetro do fruto e espessura de polpa (Tabela
6).
Por outro lado, a média do cruzamento é um parâmetro que deve ser
levado em consideração para a escolha da melhor combinação híbrida.
Observando as médias dos híbridos apontados como promissores, verifica-se que
as médias estão dentro da faixa de variação constada nas testemunhas que são
híbridos comerciais cultivados por alguns produtores (Tabela 10).
Por outro lado, sabe-se que no melhoramento do meloeiro muitas
características são levadas em consideração no momento da seleção. Um bom
genótipo deve ter elevada produtividade, tamanho de fruto aceitável pelo mercado,
boa espessura da polpa, pequena cavidade interna, alta firmeza da polpa e
elevado teor de sólidos solúveis (SILVA et al., 2002). Considerando a firmeza da
polpa e o teor de sólidos solúveis, verifica-se que os híbridos apontados como
promissores possuem médias (Tabela 10) com valores acima da média nordestina
(NUNES et al., 2011). O número de frutos por planta e o número de frutos
comerciais estão dentro do padrão aceitável para o mercado exportador (Tabela
10), bem como a coloração de casca e de polpa (Figura 4).
47
Tabela 10 – Médias das características de híbridos de melão amarelo: massa média dos frutos (MMF); diâmetro dos frutos (DF); espessura de polpa (EP);
relação de polpa (RP); comprimento de fruto (CF); índice de formato (IF); sólido solúveis totais (SST); firmeza de polpa (FP); número total de frutos por
planta (NTF); número total de frutos comerciais por planta (NTC). Baraúna. 2012 1.
Híbridos
48
MMF
(g)
1.851
1.926
1.914
1.495
1.534
1.815
2.019
1.545
1.910
2.074
2.275
1.749
1.819
1.782
2.128
1.635
1.567
1.627
1.583
1.193
1.485
1.649
1.856
1.247
DF
(mm)
146,533
146,067
145,800
128,467
132,067
138,200
153,333
127,467
147,867
148,000
149,333
133,333
138,400
134,867
152,867
129,733
130,867
133,133
128,200
114,067
125,000
130,133
141,933
116,333
EP
(mm)
48,07
45,87
47,07
46,27
45,20
48,07
47,93
42,73
46,20
49,60
51,00
49,27
48,47
47,00
49,00
45,80
48,40
46,73
46,20
40,87
45,73
46,27
47,87
43,27
RP
(%)
65,70
62,79
64,59
71,97
68,50
69,54
62,53
67,09
62,51
67,02
68,33
73,98
70,15
69,84
64,09
70,63
74,01
70,21
72,09
71,66
73,17
71,11
67,62
74,42
Médias/características
CF
IF
(mm)
167,20
e
1,14
175,53
d
1,20
173,73
d
1,19
169,27
e
1,32
164,13
e
1,24
175,47
d
1,27
165,40
e
1,08
171,53
e
1,35
182,27
c
1,23
190,87
b
1,29
198,60
a
1,33
187,00
c
1,40
179,53
d
1,30
184,07
c
1,37
178,47
d
1,17
183,73
c
1,42
175,47
d
1,34
180,00
d
1,35
179,27
d
1,40
175,00
d
1,53
177,73
d
1,42
185,27
c
1,42
176,47
d
1,25
170,87
e
1,47
SST
(º Brix)
12,67
13,92
13,97
11,88
11,98
12,73
13,09
13,61
13,26
12,39
12,91
12,32
11,49
11,71
12,37
12,89
12,68
12,53
12,75
12,26
12,55
13,90
12,27
13,01
FP
NTF
NFC
(N)
(Unid.)
(Unid.)
28,24 b 1,24
AF 11265-3 x AF 13068-5
c
c
b
c
g
a
b
1,19
a
24,61 c
AF 11265-3 x AF 13070-3
c
c
c
d
g
a
1,19
b
1,10
b
22,56 c
AF 11265-3 x AF 13072-4
c
c
b
d
g
a
1,33
b
1,29
a
28,54 b 1,33
AF 11265-3 x AF 13077-7
d
f
c
b
d
b
b
1,19
a
29,71 b 1,43
AF 11265-3 x AF 13078-2
d
e
c
c
f
b
b
1,19
a
23,24 c
AF 11265-3 x AF 13078-4
c
d
b
b
e
a
1,29
b
1,24
a
22,46 c
AF 11265-3 x AF 13084-4
c
b
b
d
h
a
1,05
b
1,00
b
28,54 b 1,62
AF 11265-3 x AF 13090-5
d
f
d
c
d
a
b
1,42
a
25,60 c
AF 11425-1 x AF 13068-5
c
c
c
d
f
a
1,62
b
1,52
a
23,44 c
AF 11425-1 x AF 13070-3
c
c
b
c
e
b
1,70
b
1,65
a
27,26 c
AF 11425-1 x AF 13072-4
b
b
a
c
d
a
1,33
b
1,29
a
36,09 a
AF 11425-1 x AF 13077-7
c
e
b
a
c
b
1,52
b
1,52
a
29,13 b 1,57
AF 11425-1 x AF 13078-2
c
d
b
b
e
b
b
1,57
a
25,79 c
AF 11425-1 x AF 13078-4
c
e
b
b
d
b
1,98
a
1,85
a
27,36 c
AF 11425-1 x AF 13084-4
c
b
b
d
g
b
1,62
b
1,57
a
28,34 b 1,57
AF 11425-1 x AF 13090-5
d
f
c
b
c
a
b
1,48
a
29,52 b 2,06
AF 11739 x AF 13068-5
d
e
b
a
d
a
a
1,75
a
25,60 c
AF 11739 x AF 13070-3
d
e
c
b
d
b
2,36
a
1,69
a
30,40 b 2,18
AF 11739 x AF 13072-4
d
f
c
b
c
a
a
1,49
a
30,89 b 2,30
AF 11739 x AF 13077-7
e
g
d
b
a
b
a
0,93
b
34,91 a
AF 11739 x AF 13078-2
d
f
c
a
c
b
2,30
a
1,91
a
24,81 c
AF 11739 x AF 13078-4
d
f
c
b
c
a
2,31
a
1,31
a
29,42 b 2,63
AF 11739 x AF 13084-4
c
d
b
c
f
b
a
2,47
a
24,32 c
AF 11739 x AF 13090-5
e
g
d
a
b
a
2,29
a
0,95
b
0,00
Testemunhas
24,03 c
4945
1.975
c
141,600
d
48,47
b
68,54
c
186,27
c
1,32
d
12,68
a
1,76
b
1,48
a
25,20 c
5107
1.887
c
139,533
d
51,27
a
73,65
a
179,93
d
1,29
e
13,75
a
1,29
b
1,19
a
23,83 c
6742
1.689
d
133,467
e
44,60
c
66,86
c
182,93
c
1,37
d
13,35
a
1,83
a
1,45
a
21,18 c
13257
2.396
b
154,333
b
51,53
a
66,71
c
193,07
b
1,25
f
11,79
b
1,34
b
1,25
a
23,63 c
13258
2.607
a
159,867
a
53,07
a
66,34
c
191,80
b
1,20
g
13,26
a
1,52
b
1,33
a
28,93 b 1,86
13259
1.701
d
136,867
d 45,600
c
66,66
c
183,40
c
1,34
d
11,03
b
a
1,71
a
Média Híbridos
1.714
B 134,933
B 46,756
B
69,545
A
178,59
B
1,33
A 12,59
A
27,85 A 1,81
A 1,476
A
Média Testemunhas
2.043
A 144,278
A 49,089
A
68,126
A
186,23
A
1,29
A 12,64
A
24,42 B 1,59
B 1,402
A
1
Médias seguidas pela mesma letra minúscula pertencem ao mesmo grupo conforme Scott-Knott (1974). Medias seguidas pela mesma letra maiúscula não diferem entre si pelo Teste t (p>0,05).
A
B
C
D
Figura 4 - Híbridos AF 11425-1 x AF 13070-3 (A), AF 11425-1 x AF 13072-4 (B),
AF 11425-1 x AF 13077-7 (C) e AF 11739 x AF 13078-4 (D). Baraúna-RN, 2012.
49
6 CONCLUSÕES
- As linhagens avaliadas são promissoras para obtenção de híbridos simples de
melão amarelo;
- As combinações híbridas mais promissoras foram AF 11425-1 x AF 13070-3, AF
11425-1 x AF 13072-4, AF 11425-1 x AF 13077-7 e AF 11739 x AF 13078-4.
50
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josé galdino cavalcante neto