ESTUDO DE CASO Surto de encefalite equina venezuelana na Colômbia Guia para o estudante Para desenvolver este caso é necessário reconhecer o papel do médico veterinário frente às situações de emergência sanitária, causadas por doenças infecciosas que afetam seres humanos e animais (zoonoses), fazendo ênfase na compreensão do problema, a intervenção e a cooperação entre os setores envolvidos (saúde, agricultura e ambiente). O estudante deverá enfatizar os estudos de surtos para desenvolver este caso O caso Os eventos acontecem em países do norte da América do Sul, na costa do mar Caribe e uma extensa zona de fronteira. Na região fronteiriça de um país vizinho (V), os serviços de saúde animal notificaram com uma rápida difusão durante o mês de maio o surgimento de enfermidade febril em equídeos (equinos, asnos e mulas), com rápida difusão até outras localidades. Um grupo indígena que habita essa zona de fronteira relatou casos em seus asnos. Por essas datas os indígenas realizam uma viagem anual ao país vizinho (C), para realizar atividades de colheita de sal marinho. No final do mês de julho, do outro lado da fronteira, as autoridades de saúde animal do país C, notificaram a presença de um surto de enfermidade febril com sinais nervosos em equídeos. Durante esse mês acontecia uma transição entre a temporada de chuvas e a estação seca, persistiam zonas de inundação e forte atividade vetorial: Ochlerotatus (Aedes) taeniorhynchus. Realizaram-se investigações entomológicas para avaliar a densidade populacional de várias espécies de mosquitos, revelando uma alta densidade de adultos e larvas de Ochlerotatus taeniorhynchus, Psorophora confinnis; Culex quinquefasciatus, Anopheles spp, Culex spp y Deinocerites pseudos. Entre 8 e 16 de setembro, os serviços de saúde, notificaram um aumento no número de consultas clínicas por enfermidade febril compatível com dengue clássica. Encontrou-se uma taxa de ataque maior que 60 % (quadro febril). 1. Você acredita que há uma relação entre os casos humanos e os casos nos equídeos? Em que você se basearia para justificar essa relação Leve em conta o período de tempo, os sujeitos envolvidos e as zonas onde os fatos aconteceram. 2. Em que enfermidades você pensaria. Faça uma lista das mesmas e cite as mais prováveis. Cite as mais importantes, tanto em animais quanto no homem, uma vez que tenha os diagnósticos diferenciais, dê atenção ao comportamento epidemiológico das enfermidades listadas e as características climáticas das zonas. Pela taxa de ataque elevada e a ausência de outros sinais como hemorragias, descartou-se dengue e se pensou em EEV. 3. Como você realizaria o diagnóstico? Quais amostras você coletaria e a que instituição levaria? Em condições de campo chegar a um diagnóstico definitivo é complexo, contudo o conhecimento das áreas epizoóticas e enzoóticas, da sintomatologia e os procedimentos diagnósticos, permitem orientar o critério médico até estas entidades, é necessário e fundamental o apoio do laboratório para sua confirmação. Por estar frente a presença de sinais nervosos que põe em perigo a vida dos animais e das pessoas, leve em conta que sua diligência e rapidez nas ações a serem tomadas são fundamentais. 4. Você conhece a definição de caso para animais? Poderia cooperar com a Instituição de saúde humana, se souber a definição do caso em seres humanos? Para definir o caso, é importante ter em conta a descrição clínica, os critérios de laboratório e dentro disso as classificações que existe entre caso provável, caso confirmado, foco, surto, epizootiaze. 5. Qual requisito deve cumprir o laboratório que receber as amostras e quais medidas deve-se tomar durante a coleta e armazenamento das mesmas? Os Níveis de Biossegurança para os organismos infecciosos representam aquelas condições nas quais o agente pode comumente manipular-se de forma segura nos laboratórios. Para os arbovirus, em especial os de EEV e EEE, se recomenda o nível de Biosegurança 2 ou BSL2. As regulamentações sobre o transporte de agentes biológicos apontam a assegurar que o público e as pessoas responsáveis pelo transporte estão protegidos da exposição a qualquer agente que se encontram no material coletado. 6. Enquanto não chegam os resultados, quais medidas você tomaria? Como facilitaria a cooperação inter-setorial? Os antecedentes de mortes em equinos nas propriedades afetadas e o isolamento do vírus da EEV confirmaram o diagnóstico. O laboratório central isolou 34 cepas do vírus de EEV em células VERO, a partir de 337 amostras de pacientes humanos com enfermidade aguda, provenientes de diversas zonas da área afetada; os isolamentos foram identificados como EEV subtipo IC. • • • • • • • • Em humanos, o relatório das autoridades sanitárias foi: 22.900 enfermos 1.200 hospitalizações Taxa de disseminação 5 km/Dia Aumento no número de abortos no mês 3000 casos afetados neurologicamente 300 mortos associadas Isolamento de vírus de EEV subtipo 1C Grupo étnico mais afetado: Wayuú Em animais, o relatório foi o seguinte: • • • • 137 propriedades afetadas 38 com diagnóstico de encefalite equina venezuelana (por laboratório) 12 com diagnóstico de encefalite equina do leste (por laboratório) 87 com diagnóstico clínico 7. Frente a esta situação, qual é o teu papel como médico veterinário dentro de saúde pública? Que medidas se devem estabelecer. Discuta. Tenha em conta a cooperação inter-setorial, a comunicação, o controle da movimentação de animais, a imunização, o sistema de vigilância epidemiológica, o controle de vetores, e a participação da comunidade. Agradecimentos Este estudo de caso foi possível graças ao valioso amparo dos Doutores Jaime Cárdenas (Q.E.P.D), ex assessor de saúde pública veterinária da OPS/OMS Colômbia e Fabio Mesa D dos Setores de Riscos da ICA Colômbia. Bibliografia 1. Brito, E. Encefalitis Equina - Relatoría. Simposio Internacional "Salud Pública Veterinaria, Protección Sanitaria y Desarrollo Agropecuario". Bogotá, Colombia. 2002. 2. Brito, E. Situación de la Encefalitis Equina Venezolana en Colombia. Simposio Internacional "Salud Pública Veterinaria, Protección Sanitaria y Desarrollo Agropecuario". Bogotá, Colombia. 2002. 3. Cárdenas, J. Las Encefalitis Equinas causadas por virus transmitidos por artrópodos, esfuerzos para su prevención y control. Simposio Internacional "Salud Pública Veterinaria, Protección Sanitaria y Desarrollo Agropecuario". Bogotá, Colombia. 2002. 4. Centres for disease Control and Prevention, Departamento de salud y servicios humanos, bioseguridad en laboratorios de microbiología y biomedicina, 4th Edition, Ver: http://www.cdc.gov/od/ohs/pdffiles/bmbl4_spanish.pdf 5. Dora, F. Encefalitis Equina en Venezuela. Simposio Internacional "Salud Pública Veterinaria, Protección Sanitaria y Desarrollo Agropecuario". Bogotá, Colombia 2002. 6. Ferro, C.; Boshell, J.; Weaver, S.; et al. Natural Enzootic Vectors of Venezuelan Equine Encephalitis Virus, Magdalena Valley, Colombia. Emerging Infectious Diseases, Vol 9, N° 1, Enero 2003. 7. López, E. Encefalitis Equinas en Centro América. Simposio Internacional "Salud Pública Veterinaria, Protección Sanitaria y Desarrollo Agropecuario". Bogotá, Colombia. 2002. 8. Mejía, F. Epidemiología de la Encefalitis Equina Venezolana en Colombia. Universidad Nacional de Colombia. Bogotá D.C. 2002. 9. Mesa FA., Cárdenas J., Villamil L.C. Las encefalitis equinas en la salud pública. Universidad nacional de Colombia. ISBN 958 701 598 3. 123pp. 2005 10. OPS / OMS. Surto de Encefalitis Equina Venezolana 1995. Epidemiological Bulletin. Vol. 16, No. 4 . Diciembre 1995. 11. Reyes, M., Villamil, LC., De la Hoz, F. La salud pública tanto humana como animal. Cuadernos del doctorado 4, 91pp. 2006 12. Rivas, F; De la Hoz, O.; Boshell, J.; Olano, V; Roselli, D; et al. Epidemic Venezuelan Equine Encephalitis in La Guajira, Colombia, 1995. The Journal of Infectious Diseases, 175: 828-32, 1997. 13. Ruiz, A.; Zúñiga, I.; Álvarez, E. Bases Para la Instrumentación de un Sistema de Información y Vigilancia Epidemiológica de la Encefalitis Equina Venezolana en la Región de las Américas. Organización Panamericana de la Salud. OPS/HCP/HCV/96.24 14. SANINET. Encefalomielitis Equina Venezolana. www.iica.saninet.net Estudo de caso desenvolvido pelos integrantes da RED SPVET e da Facudade de Medicina Veterinaria da Universidade Nacional de Colômbia Contatos: Luis Carlos Villamil, [email protected]. Natalia Cediel, [email protected] Home Page