REDE TEMÁTICA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS UFOP - CETEC - UEMG Pós-Graduação em Engenharia de Materiais UFOP - CETEC - UEMG REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3 AUTOR: JOSÉ GERALDO DA SILVA Orientador: Prof. Antônio Valadão Cardoso Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais Rede Temática em da Engenharia de Materiais, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Materiais, área de concentração: Análise e Seleção de Materiais. BELO HORIZONTE – 2003. A Deus. Aos meus pais. A Mylla, minha filha. “O amor é a força mais poderosa. Nenhum nenhuma discussão argumento, e nenhuma punição poderão convencer o outro; somente o amor poderá fazê-lo. Se ferirmos alguém, seremos também feridos. Se atacarmos com argumentos, seremos rebatidos com argumentos. Porém, se amarmos, certamente, seremos recompensados com o mesmo amor. A mais poderosa força é o amor. Não existe uma pessoa que não se sinta feliz em ser amada”. Masaharu Taniguchi REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ AGRADECIMENTOS À todos que, conscientes ou não, deram sua colaboração para que este trabalho se realizasse Ao Prof. Dr. Antônio Valadão Cardoso, por sua orientação, apoio, amizade e incentivos, sempre. Ao Departamento de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (DEGEO/UFOP) pela realização dos ensaios de microscopia eletrônica de varredura (MEV). Ao Vanderlei e à Ivete pela ajuda na realização das MEVs. Ao Setor de Águas da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC) pela realização dos ensaios de microscopia óptica (MO). Ao Fábio e à Cristiane pela ajuda na realização das MOs. Aos colegas de estudo pelas ajudas diversas durante a parte experimental: Wanderson, Anderson, Wallison, Ana Raquel, Luciana, Renato, Cíntia, Renata, Romeu, Antônio Mendes. Ao Setor de Análises Químicas do CETEC, pelo fornecimento de materiais, equipamentos e laboratórios. À Escola de Engenharia da UFMG e ao Dr. Eliomar, pelos ensaios realizados em seus laboratórios. À Fundação Gorceix, pelo apoio financeiro. À Vânia, por manter o ambiente de trabalho sempre limpo. À REDEMAT e todos os seus professores, por me proporcionar essa oportunidade de chegar até aqui. À Mylla, minha filha e Karly, sua mãe, por terem sido a razão de minha persistência durante todo esse trabalho. ______________________________________________________________________ v REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ RESUMO Produtos cerâmicos provenientes de suspensões concentradas de Al2O3 necessitam que as mesmas sejam estabilizadas para que possam atender às crescentes exigências de performance. As suspensões estudadas neste trabalho são, usualmente, empregadas na obtenção de folhas cerâmicas pelo processo de colagem de folhas cerâmicas (Tape Casting). Partículas, quando em suspensão, desenvolvem cargas superficiais. Quando estas partículas entram em choque umas com as outras pode acontecer o fenômeno da agregação, gerando estruturas floculadas que aprisionam água em seu interior, o que resultaria num produto final poroso e conseqüentemente de baixa resistência mecânica e até mesmo química. Estabilizar uma suspensão concentrada é fazer com que a resultante entre as forças atrativas de van der Waals e as forças repulsivas, entre duplas camadas elétricas igualmente carregadas ou decorrentes da adição de material polimérico na superfície das partículas, seja repulsiva. Os parâmetros de avaliação da estabilidade das suspensões concentradas de Al2O3, aqui utilizados, foram o potencial zeta e a viscosidade. Foram, também, propostos novos parâmetros, a saber: 1) estruturas milimétricas, 2) microestruturas e 3) histerese nas curvas de viscosidades. Neste trabalho foram feitas suspensões concentradas de Al2O3 que variavam de 40% a 70%, em volume de sólidos. Para cada suspensão, variava-se a concentração do dispersante Dispex A40 e, então, realizava-se uma análise da estabilidade da mesma, baseada nos parâmetros citados acima. Em cada amostra de suspensão, uma análise em conjunto de todos os parâmetros, revelava, na média, coerência entre os mesmos. Porém, uma análise baseada num único parâmetro parece ser insuficiente para qualificar a estabilidade de uma suspensão. ______________________________________________________________________ vi REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ ABSTRACT Ceramic products obtained from concentrated suspensions of Al2O3 need to be stabilized to meet the increasing demand for performance. The suspensions studied in this work are, usually, employed in the obtention of ceramic tapes by a ‘Tape Casting’ process. In a suspension, particles develop surface charges. When these particles collide with each other, this could cause aggregation, generating flocculated structures that consequently imprison water inside them, which will result in a higher porosity product with lower mechanical and even chemical resistance. To stabilize a concentrated suspension it is necessary to make the difference of the attractive forces of Van der Waals and repulsive forces between double electric layers equally charged, or produced by the addition of polimeric material on the particle surface to be repulsive. Traditional parameters to evaluate the stability of concentrated suspensions, hereby used are the zeta potential and viscosity. We have proposed new additional parameters 1) suspension millimeter size structures, 2) microstructures, and 3) hysteresis of viscosity curves. Concentrated suspensions of Al2O3 varying from 40 to 70% by volume, were tested. For each suspension, the concentration of the dispersing agent has been varied. Then, the stability of the suspension was evaluated using the parameters described above. To each sample, when we analyzed all parameters together, we perceived coherence among them. With each other however, one analysis based upon only one parameter probably is not sufficient to qualify the degree of stability of the suspension. ______________________________________________________________________ vii REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ SUMÁRIO AGRADECIMENTOS......................................................................................................v RESUMO.........................................................................................................................vi ABSTRACT....................................................................................................................vii CAPÍTULO 1...................................................................................................................1 1.1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................1 1.2 – OBJETIVOS.............................................................................................................2 1.3 – JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA.......................................................................2 CAPÍTULO 2...................................................................................................................4 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................4 2.1 – PROCESSAMENTO FOLHAS CERÂMICAS.......................................................4 2.1.1 – INTRODUÇÃO.....................................................................................................4 2.1.2 – FORMULAÇÃO DA BARBOTINA....................................................................5 2.1.2.1 – SOLVENTES.....................................................................................................6 2.1.2.2 – DISPERSANTES...............................................................................................7 2.1.2.3 – LIGANTES.........................................................................................................7 2.1.2.4 – PLASTIFICANTES............................................................................................8 2.1.3 – O PROCESSO E EQUIPAMENTOS....................................................................8 2.2 – A MATÉRIA-PRIMA - α -ALUMINA................................................................10 2.3 – AS SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE ALUMINA......................................12 2.3.1 – ELETROCINÉTICA DE SUSPENSÕES...........................................................12 2.3.1.1 – TEORIA DA DUPLA CAMADA ELÉTRICA...............................................12 2.3.1.2 – ESPESSURA DA DUPLA CAMADA ELÉTRICA........................................13 2.3.1.3 – POTENCIAL ZETA.........................................................................................14 2.3.1.4 – TEORIA D.L.V.O (DERJAGUIN, LANDAU, VERWEY, OVERBEEK).....16 2.3.2 – ESTABILIDADE DE SUSPENSÕES................................................................16 2.3.2.1 – ESTABILIZAÇÃO ELETROSTÁTICA.........................................................17 2.3.2.2 – ESTABILIZAÇÃO ESTÉRICA.......................................................................17 2.3.2.3 – ESTABILIZAÇÃO ELETROESTÉRICA.......................................................18 ______________________________________________________________________ viii REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ 2.4 – REOLOGIA DE SUSPENSÕES CERÂMICAS...................................................23 2.4.1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................23 2.4.2 – VISCOSIDADE...................................................................................................23 2.4.2.1 – VISCOSIDADE DE SUSPENSÕES................................................................24 2.4.2.2 – VISCOSIDADE INTRÍNSECA.......................................................................26 2.4.2.3 – PRINCIPAIS PARÂMETROS QUE AFETAM A VISCOSIDADE DE SUSPENSÕES.................................................................................................................26 2.4.2.4 – VISCOSIDADE vs CONCENTRAÇÃO.........................................................27 2.4.2.5 – ESTRUTURAS INDUZIDAS PELO FLUXO................................................29 2.4.3 – FRAÇÃO MÁXIMA DE EMPACOTAMENTO...............................................30 2.4.4 – TIPOS DE COMPORTAMENTO REOLÓGICO E SUAS PRINCIPAIS CAUSAS.........................................................................................................................31 2.4.5 – SUSPENSÕES CONCENTRADAS DEFLOCULADAS POR CISALHAMENTO .........................................................................................................34 2.4.6 – MODELOS REOLÓGICOS................................................................................42 2.4.6.1 – MODELO DE BINGHAM...............................................................................43 2.4.6.2 – MODELO DE CASSON..................................................................................43 2.4.6.3 – MODELO DE OSTWALD – LEI DE POTÊNCIA.........................................43 2.4.6.4 – MODELO DE DOUGHERTY E KRIEGER...................................................44 2.4.6.5 – MODELO DE CROSS.....................................................................................44 2.4.6.6 – EQUAÇÃO DE QUEMADA...........................................................................44 CAPÍTULO 3.................................................................................................................46 3 – MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................46 3.1 – A MATÉRIA-PRIMA - α -ALUMINA.................................................................46 3.2 – MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO DA ALUMINA......................................46 3.3 – MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO DAS SUSPENSÕES..............................48 3.4 – CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3................................................................................................50 3.4.1 – MÉTODOS DE MEDIDAS DE POTENCIAL ZETA........................................50 3.4.1.1 – ANALISADOR DE POTENCIAL ZETA DA MICROMERITICS................50 3.4.1.2 – ACUSTOFORÔMETRO ESA-8000 DA MATEC..........................................52 3.5 – MEDIDAS DE VISCOSIDADE............................................................................52 3.6 – ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3.....................53 3.7 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3......................................54 ______________________________________________________________________ ix REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ 3.8 – SINTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3................54 CAPÍTULO 4.................................................................................................................56 4 – RESULTADOS.........................................................................................................56 4.1 – INTRODUÇÃO......................................................................................................56 4.2 – A MATÉRIA-PRIMA - α -ALUMINA.................................................................57 4.2.1 – CARACTERIZAÇÃO DA ALUMINA POR MEV...........................................57 4.3 – O POTENCIAL ZETA DAS SUSPENSÕES........................................................58 4.3.1 – POTENCIAL ZETA RESUMO..........................................................................63 4.4 – MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS..................................................63 4.4.1 – SUSPENSÃO DILUÍDA (5% EM VOLUME DE Al2O3)..................................64 4.4.2 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (40% EM VOLUME DE Al2O3)..................64 4.4.2.1 – HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E DE TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 40%v/v DE Al2O3.........................................66 4.4.3 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (45% EM VOLUME DE Al2O3)..................70 4.4.3.1 – HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DA SUSPENSÃO 45%v/v DE Al2O3.............................................71 4.4.4 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (50% EM VOLUME DE Al2O3)..................73 4.4.4.1 - HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3.............................................73 4.4.5 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (55% EM VOLUME DE Al2O3)..................76 4.4.5.1 - HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DA SUSPENSÃO 55%v/v DE Al2O3.............................................77 4.4.6 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (60% EM VOLUME DE Al2O3)..................78 4.4.6.1 - HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DA SUSPENSÃO 60%v/v DE Al2O3.............................................78 4.4.7 – SUSPENSÕES CONCENTRADAS BIMODAIS..............................................80 4.4.7.1 - HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 40% E 60%v/v DE Al2O3.............................80 4.4.8 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (70% EM VOLUME DE Al2O3)..................81 4.5 – ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3.....................83 4.6 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3......................................89 4.6.1 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (40% EM VOLUME DE Al2O3)..................91 4.6.2 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (45% EM VOLUME DE Al2O3)..................95 4.6.3 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (50% EM VOLUME DE Al2O3)..................96 ______________________________________________________________________ x REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ 4.6.4 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (55% EM VOLUME DE Al2O3)..................99 4.6.5 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (60% EM VOLUME DE Al2O3)................101 4.6.6 – SUSPENSÕES CONCENTRADAS BIMODAIS............................................102 4.7 – PEÇAS CERÂMICAS SINTERIZADAS............................................................103 CAPÍTULO 5...............................................................................................................105 5 – CONCLUSÕES.......................................................................................................105 5.1 – PARÂMETROS PARA A AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3............................................................105 5.1.1 – POTENCIAL ZETA..........................................................................................106 5.1.2 – VISCOSIDADES DINÂMICAS.......................................................................106 5.1.3 – HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADE..........................................106 5.1.4 – ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS E MICROMÉTRICAS..............................107 5.2 – DISCOS SINTERIZADOS..................................................................................108 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.........................................................109 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................110 ______________________________________________________________________ xi REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ ÍNDICE DAS FIGURAS FIGURA 2.1 – FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE COLAGEM DE FOLHAS CERÂMICAS....................................................................................................................6 FIGURA 2.2 – EQUIPAMENTO DE PROCESSO CONTÍNUO DE COLAGEM DE FOLHAS CERÂMICAS...................................................................................................9 FIGURA 2.3 – DISPOSITIVO DE LÂMINAS DUPLAS PARA COLAGEM DE FOLHAS CERÂMICAS...................................................................................................9 FIGURA 2.4 – FLUXOGRAMA DETALHADO DA OBTENÇÃO DA ALUMINA ALFA...............................................................................................................................11 FIGURA 2.5 – DUPLA CAMADA ELÉTRICA...........................................................13 FIGURA 2.6 – VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE ÍONS NA CAMADA DIFUSA..14 FIGURA 2.7 – POTENCIAL ZETA vs POTENCIAL DE SUPERFÍCIE....................15 FIGURA 2.8 – MECANISMO DE ESTABILIZAÇÃO ESTÉRICA............................18 FIGURA 2.9 – ENERGIA POTENCIAL DE INTERAÇÃO ENTRE DUAS PARTÍCULAS (REPULSÃO ELETROESTÉRICA).....................................................19 FIGURA 2.10 – PLACAS PARALELAS, SEPARADAS POR FLUIDO DE VISCOSIDADE η ..........................................................................................................24 FIGURA 2.11 – VISCOSIDADE ( η ) EM FUNÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DE SÓLIDOS (%vol.), DE ACORDO COM A EQUAÇÃO DE EINSTEIN E PARA SUSPENSÕES REAIS....................................................................................................28 FIGURA 2.12 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA CURVA DE FLUXO DE UMA SUSPENSÃO CONCENTRADA.........................................................................29 FIGURA 2.13 – COMPORTAMENTOS REOLÓGICOS EM FUNÇÃO DA TAXA DE CISALHAMENTO APLICADA..............................................................................32 FIGURA 2.14 – COMPORTAMENTO PSEUDOPLÁSTICO.....................................33 FIGURA 2.15 – CLASSIFICAÇÃO GERAL DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DOS FLUIDOS.......................................................................................34 ______________________________________________________________________ xii REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 2.16 – INTERPRETAÇÃO ESTRUTURAL DO COMPORTAMENTO PLÁSTICO E DO AFINAMENTO POR CISALHAMENTO.......................................35 FIGURA 3.1 – ARRANJO DE PARTÍCULAS NO SISTEMA CÚBICO DE FACE CENTRADA (CFC)........................................................................................................48 FIGURA 3.2 – APARELHO MEDIDOR DE POTENCIAL ZETA, EM OPERAÇÃO....................................................................................................................51 FIGURA 3.3 – PARTES COMPONENTES DO RESERVATÓRIO E DA CÉLULA, MOSTRANDO OS ELETRODOS.................................................................................51 FIGURA 3.4 – SISTEMA COMPLETO DE MEDIDA DO VISCOSÍMETRO HAAKE RV 3.................................................................................................................................53 FIGURA 4.1 – AGLOMERADOS ARREDONDADOS DE ALUMINA A-1000SG..57 FIGURA 4.2 – AGLOMERADOS DE ALUMINA A-1000SG....................................58 FIGURA 4.3 – VALORES DE POTENCIAL ZETA EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE DISPERSANTE, PARA AS SUSPENSÕES 40%v/v e 45%v/v DE Al2O3.........................................................................................................................61 FIGURA 4.4 – VALORES DE POTENCIAL ZETA EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE DISPERSANTE, PARA AS SUSPENSÕES 50%v/v, 55%v/v e 60%v/v DE Al2O3.........................................................................................................62 FIGURA 4.5 – POTENCIAIS ZETA EM FUNÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE DISPERSANTE PARA TODAS AS SUSPENSÕES ESTUDADAS............................63 FIGURA 4.6 – (a) MEDIDAS REOLÓGICAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) MEDIDAS DE TENSÃO VERSUS TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS EM UMA SUSPENSÃO DILUÍDA 5%v/v DE Al2O3, ISENTA DE DISPERSANTE...............................................................................................................64 FIGURA 4.7 - (a) MEDIDAS REOLÓGICAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) MEDIDAS DE TENSÃO VERSUS TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS EM UMA SUSPENSÃO DILUÍDA 5%v/v DE Al2O3, COM 1,0%v/v DE DISPEX A40..................................................................................................................................64 FIGURA 4.8 – (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 0,5%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40A..................................................................................................................................67 FIGURA 4.9 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS ______________________________________________________________________ xiii REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 0,6%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40B...................................................................................................................................67 FIGURA 4.10 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 0,7%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40C...................................................................................................................................67 FIGURA 4.11 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 0,8%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40D..................................................................................................................................68 FIGURA 4.12 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 0,9%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40E...................................................................................................................................68 FIGURA 4.13 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 1,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40F...................................................................................................................................68 FIGURA 4.14 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 1,2%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40G..................................................................................................................................69 FIGURA 4.15 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 1,4%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40H..................................................................................................................................69 FIGURA 4.16 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 1,6%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40I....................................................................................................................................69 FIGURA 4.17 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 1,8%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40L...................................................................................................................................70 ______________________________________________________________________ xiv REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 4.18 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 40%v/v DE Al2O3 E 2,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40M..................................................................................................................................70 FIGURA 4.19 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 45%v/v DE Al2O3 E 1,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 45F...................................................................................................................................71 FIGURA 4.20 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 45%v/v DE Al2O3 E 1,5%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 45J....................................................................................................................................72 FIGURA 4.21 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 45%v/v DE Al2O3 E 2,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 45M..................................................................................................................................72 FIGURA 4.22 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 45%v/v DE Al2O3 E 2,5%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 45P...................................................................................................................................72 FIGURA 4.23 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 1,6%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50I....................................................................................................................................74 FIGURA 4.24 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 1,8%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50L...................................................................................................................................74 FIGURA 4.25 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 2,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50M..................................................................................................................................74 FIGURA 4.26 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS ______________________________________________________________________ xv REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 2,2%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50N..................................................................................................................................75 FIGURA 4.27 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 2,4%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50O..................................................................................................................................75 FIGURA 4.28 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 2,6%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50Q..................................................................................................................................75 FIGURA 4.29 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 2,8%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50R...................................................................................................................................76 FIGURA 4.30 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 50%v/v DE Al2O3 E 3,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 50S...................................................................................................................................76 FIGURA 4.31 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 55%v/v DE Al2O3 E 2,2%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 55N..................................................................................................................................77 FIGURA 4.32 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 55%v/v DE Al2O3 E 2,4%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 55O..................................................................................................................................77 FIGURA 4.33 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 55%v/v DE Al2O3 E 2,6%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 55Q..................................................................................................................................78 FIGURA 4.34 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 60%v/v DE Al2O3 E 3,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 60S...................................................................................................................................79 ______________________________________________________________________ xvi REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 4.35 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 60%v/v DE Al2O3 E 3,5%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 60T...................................................................................................................................79 FIGURA 4.36 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES EM FUNÇÃO DA VARIAÇÃO DE TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NA SUSPENSÃO 60%v/v DE Al2O3 E 5,0%v/v DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 60U..................................................................................................................................79 FIGURA 4.37 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES VERSUS TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NUMA SUSPENSÃO BIMODAL 40% (28% DE ALUMINA A3000FL, Φ m = 2,8 µ m E 12% DE ALUMINA A1000SG, Φ m = 0,4 µ m) E 1,8% EM VOLUME DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 40Ub........................................................................................................81 FIGURA 4.38 - (a) MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS E (b) TENSÕES VERSUS TAXA DE CISALHAMENTO, REALIZADAS NUMA SUSPENSÃO BIMODAL 60% (42% DE ALUMINA A3000FL, Φ m = 2,8 µ m E 18% DE ALUMINA A1000SG, Φ m = 0,4 µ m) E 5,0% EM VOLUME DE DISPERSANTE, SUSPENSÃO 60Ub........................................................................................................81 FIGURA 4.39 - SUSPENSÃO 70% EM VOLUME DE Al2O3 E 5,0% EM VOLUME DE DISPERSANTE, MOSTRANDO SUA VISCOELASTICIDADE..........................82 FIGURA 4.40 - (A) MODELO DE UMA ESTRUTURA MILIMÉTRICA DE UMA SUSPENSÃO ESTÁVEL (DEFLOCULADA); (B) MODELO DE UMA ESTRUTURA MILIMÉTRICA DE UMA SUSPENSÃO POUCO ESTÁVEL; (C) MODELO DE UMA ESTRUTURA MILIMÉTRICA DE UMA SUSPENSÃO FLOCULADA..........83 FIGURA 4.41 - (A) ESTRUTURA MILIMÉTRICA DA SUSPENSÃO DILUÍDA 5%v/v DE Al2O3, SEM DISPEX A40; (B) ESTRUTURA MILIMÉTRICA DA SUSPENSÃO DILUÍDA 5% v/v DE Al2O3, COM 1,0%v/v DE DISPEX A40.............84 FIGURA 4.42 - ESTRUTURA MILIMÉTRICA DE UMA SUSPENSÃO 40%V/V DE AL2O3, COM: (A) 0,5%v/v DE DISPEX A40, ISENTA DE CANALÍCULOS, RICA EM LAGUNAS, MOSTRANDO QUE SE NÃO FOR A MAIS FLOCULADA, ESTÁ PRÓXIMA DELA E (B) 1,6%v/v DE DISPEX A40, RICA EM CANALÍCULOS, MOSTRANDO QUE SE NÃO FOR A MAIS ESTÁVEL, ESTÁ PRÓXIMA DELA...............................................................................................................................84 ______________________________________________________________________ xvii REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 4.43 - ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES 40%v/v DE Al2O3................................................................................................................................85 FIGURA 4.44 - RELAÇÃO DAS ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES COM 45%v/v DE Al2O3........................................................................86 FIGURA 4.45 - ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES COM 50%v/v DE Al2O3.........................................................................................................................87 FIGURA 4.46 - ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES COM 55%v/v DE Al2O3.........................................................................................................................88 FIGURA 4.47 - ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES 60%v/v DE Al2O3................................................................................................................................88 FIGURA 4.48 - ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES BIMODAIS COM 40 E 60%v/v DE Al2O3.........................................................................................89 FIGURA 4.49 - MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 40% EM VOLUME DE Al2O3, COM 0,5%, 0,6 E 0,7% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40.....91 FIGURA 4.50 - MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 40% EM VOLUME DE Al2O3, COM 0,8%, 1,0% E 1,2% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40..................................................................................................................................92 FIGURA 4.51 - MICROESTRUTURAS DA SUSPENSÃO 40% EM VOLUME DE Al2O3, COM 1,4%, 1,6% E 1,8% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40..................................................................................................................................93 FIGURA 4.52 - MICROESTRUTURAS DA SUSPENSÃO 40% EM VOLUME DE Al2O3, COM 2,0% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40.........................94 FIGURA 4.53 - MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 45% EM VOLUME DE Al2O3, COM 1,0%, 2,0% E 2,5% EM VOLUME DE DISPERSANTE.........................95 FIGURA 4.54 - MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 50% EM VOLUME DE Al2O3, COM 1,6% E 1,8% EM VOLUME DE DISPERSANTE...................................96 FIGURA 4.55 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 50% EM VOLUME DE Al2O3, COM 2,0%, 2,2% E 2,4% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40..................................................................................................................................97 FIGURA 4.56 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 50% EM VOLUME DE Al2O3, COM 2,6%, 2,8% E 3,0% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40..................................................................................................................................98 ______________________________________________________________________ xviii REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 4.57 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 55% EM VOLUME DE AL2O3, COM 2,2%, 2,4% E 2,6% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40..................................................................................................................................99 FIGURA 4.58 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES 60% EM VOLUME DE Al2O3, COM 3,0%, 3,5% E 5,0% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40................................................................................................................................101 FIGURA 4.59 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES BIMODAIS 40% E 60% EM VOLUME DE Al203, COM 1,8% E 5,0% EM VOLUME DE DISPERSANTE DISPEX A40, RESPECTIVAMENTE.........................................................................102 FIGURA 4.60 – (A) DISCOS DAS SUSPENSÕES 50%v/v DE AL2O3, COM O SUBSTRATO COMERCIAL PARA SENSORES FOTOELÉTRICOS; (B) E (C) CADINHOS, DISCOS E FOLHA CERÂMICA, RESULTANTES DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 ESTUDAS....................................................................................................103 FIGURA 4.61 – DENSIDADES REAIS DOS DISCOS SINTERIZADOS A 1500ºC POR 1 HORA, ORIUNDOS DAS SUSPENSÕES 50%v/v DE Al2O3 ESCOLHIDAS PARA O ESTUDO DE CASO......................................................................................104 ______________________________________________________________________ xix REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ ÍNDICE DAS FÓRMULAS FÓRMULA 2.1 - .....................................................................................................…..24 FÓRMULA 2.2 - .....................................................................................................…..25 FÓRMULA 2.3 - .....................................................................................................…..28 FÓRMULA 2.4 - .....................................................................................................…..43 FÓRMULA 2.5 - .....................................................................................................…..43 FÓRMULA 2.6 - ...........................................................................................................43 FÓRMULA 2.7 - ...........................................................................................................44 FÓRMULA 2.8 - ...........................................................................................................44 FÓRMULA 2.9 – ...........................................................................................................45 FÓRMULA 2.10 – .........................................................................................................45 FÓRMULA 2.11 – .........................................................................................................45 FÓRMULA 2.12 – .........................................................................................................45 FÓRMULA 2.13 - .........................................................................................................45 ______________________________________________________________________ xx REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. _________________________________________________________________________________________________________ ÍNDICE DAS TABELAS TABELA 2.1 – GRAU DE ESTABILIDADE DAS SUSPENSÕES/SOLUÇÕES EM FUNÇÃO DAS FAIXAS DE VALORES DE POTENCIAL ZETA ( ζ )...................................................................................................................................16 TABELA 2.2 - FRAÇÃO MÁXIMA DE EMPACOTAMENTO PARA VÁRIAS ESFERAS MONODISPERSAS......................................................................................31 TABELA 3.1 – RELAÇÃO DOS MATERIAIS UTILIZADOS NA PREPARAÇÃO DAS SUSPENSÕES CERÂMICAS DE Al2O3..............................................................47 TABELA 3.2 – RELAÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NOS ENSAIOS REALIZADOS NAS SUSPENSÕES DE Al2O3 ESTUDADAS.........47 TABELA 3.3 – RELAÇÃO DAS CONCENTRAÇÕES DO DISPERSANTE DISPEX A40 UTILIZADO NESTE TRABALHO E SUA DENOMINAÇÃO............................49 TABELA 4.1 – CONCENTRAÇÕES DE ALUMINA, DE DISPERSANTE (DISPEX A40) E VALORES DE POTENCIAL ZETA ( ± 5mV), PARA CADA SUSPENSÃO ESTUDADA....................................................................................................................60 ______________________________________________________________________ xxi REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ CAPÍTULO 1 1.1 – INTRODUÇÃO O processamento cerâmico envolve a preparação e manuseio de suspensões cujos produtos são obtidos a partir de variados métodos de conformação. O comportamento reológico destas suspensões depende das propriedades físicas e químicas da superfície das partículas que influenciam o processo de conformação e a qualidade do produto final de forma significativa. Diferentes tipos de propriedades reológicas, tais como, viscosidade, viscoelasticidade, limite de escoamento, etc, podem ser estudados e relacionados ao desempenho da conformação e à microestrutura do material cerâmico. Em qualquer processo é essencial que os pós iniciais sejam bem caracterizados. Isto é especialmente verdade para o processo de colagem de folhas. Os parâmetros mais importantes que devem ser monitorados em qualquer pó são: o tamanho médio da partícula, a forma e a área superficial. A colagem de folhas é um importante processo de conformação de folhas cerâmicas finas, em grandes áreas. A folha é obtida a partir de uma lâmina planificadora, chamada lâmina reguladora que, de maneira uniforme, movimenta-se, superficialmente, sobre a suspensão. A cobertura seca forma uma folha verde que pode ser cortada em diferentes formas. A folha cortada é queimada para formar um corpo cerâmico fino, de superfície regular. A mais importante propriedade física das dispersões é a tendência das partículas se agregarem. Choques entre partículas dispersas num meio líquido ocorrem frequentemente e a estabilidade da dispersão é determinada pela interação entre elas durante estes choques. A principal causa da agregação são as forças atrativas de van der Waals entre as partículas, enquanto que a estabilidade contra a agregação é uma conseqüência da interação repulsiva entre duplas camadas elétricas similarmente carregadas e a afinidade partícula-solvente. A adsorção de material polimérico na superfície das partículas, ______________________________________________________________________ 1 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ normalmente, promoverá estabilidade através do aumento da afinidade partículasolvente e por mecanismos entrópicos. A estabilidade das suspensões contra a floculação pode ser obtida através de três mecanismos básicos: (1) estabilização eletrostática, (2) estabilização estérica e (3) estabilização eletroestérica, que serão detalhados no decorrer deste trabalho. Para o primeiro, é de grande utilidade o conhecimento da mobilidade eletroforética das partículas em suspensão (velocidade com que partículas coloidais se movimentam sob a aplicação de um potencial elétrico). Com isso podemos medir o potencial elétrico no plano de Stern, denominado Potencial Zeta, o qual será de grande utilidade para se avaliar a energia de repulsão entre as partículas, uma vez que medidas precisas do potencial elétrico na superfície das partículas não são possíveis. A viscosidade é a principal propriedade reológica de um fluido, sendo esta uma quantificação da fricção interna do mesmo. Quanto maior essa fricção interna, maior será a energia requerida para movimentar uma camada de fluido em relação à outra. O efeito macroscópico desse fenômeno é verificado como uma maior ou menor viscosidade. 1.2 – OBJETIVOS Este trabalho busca desenvolver metodologia que aprimore a caracterização de suspensões concentradas. Ele versa sobre a estabilização de suspensões concentradas de alumina em água, buscando obter um material de boa qualidade para a confecção de produtos cerâmicos diversos, em especial, substratos para dispositivos eletrônicos e óptico-eletrônicos. 1.3 – JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Um bom produto cerâmico exige suspensões iniciais com concentrações específicas e muito bem estabilizadas. O simples fato de se ter partículas floculadas no meio suspenso, produz grandes quantidades de vazios (poros) no produto final “verde”, o que ocasiona grandes contrações na fase de queima, gerando trincas e reduzindo a sua qualidade final. ______________________________________________________________________ 2 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Hoje em dia, procura-se conhecer e dominar os fatores que afetam a estabilidade de suspensões concentradas para fins supracitados e com isso, uma gama de estudos dos aspectos reológicos de tais suspensões como: propriedades elétricas, viscosidade, viscoelasticidade, etc., vem sendo desenvolvida neste aspecto. Além do mais, este trabalho busca elucidar e desenvolver metodologias de caracterização de suspensões concentradas para fins científicos e tecnológicos cuja importância abrange vários ramos industriais e ainda possibilita um controle maior das atividades, visando uma menor agressão ambiental possível. ______________________________________________________________________ 3 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ CAPÍTULO 2 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 – O PROCESSAMENTO DE FOLHAS CERÂMICAS 2.1.1 – INTRODUÇÃO A colagem de folhas (tape casting) é uma técnica utilizada para a fabricação de peças cerâmicas planas, de espessura fina e grande área superficial, usadas, principalmente na indústria eletrônica, como substratos de circuitos e capacitores de multicamadas. O processo consiste essencialmente na formação de uma barbotina e na colagem desta por meio de uma lâmina niveladora sobre uma superfície, geralmente móvel. Depois da secagem, é produzida uma folha flexível e resistente que pode então ser sinterizada. As principais aplicações incluem capacitores de multicamadas (MLC: multilayered capacitors), substratos para circuitos eletrônicos e pacotes cerâmicos de multicamadas (MLCP: multilayered ceramic packages) de alumina, de nitreto de alumínio e de vitrocerâmica [1,2]. A colagem de folhas foi originalmente desenvolvida nos anos 40 como um método de formar placas finas de materiais piezoelétricos e capacitores. A primeira patente do processo, publicada em 1952, descreve o uso de barbotinas aquosas e nãoaquosas utilizando-se um dispositivo móvel provido de uma lâmina (processamento descontínuo). Esta tecnologia foi melhorada em uma patente publicada em 1961, na qual o processamento contínuo é introduzido. Avanços no processo de colagem de folhas cerâmicas, tanto em formulações quanto em equipamentos têm continuado a partir da década de 70, quando as primeiras revisões sobre o processo foram publicadas [3]. O processo consiste basicamente na preparação de uma barbotina de um pó cerâmico e na colagem dessa barbotina sobre uma superfície. A barbotina é formada por solventes (água ou líquidos orgânicos), dispersantes, ligantes e plastificantes. Depois da evaporação do solvente, resta um filme flexível que é separado da superfície e pode ser enrolado, cortado, perfurado, estampado ou laminado. Posteriormente, o ______________________________________________________________________ 4 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ material é tratado termicamente para eliminação das substâncias orgânicas e sinterizado. A Figura 2.1 apresenta um fluxograma das etapas fundamentais do processo. A colagem de folhas cerâmicas é, em certos aspectos, um processo assemelhado à colagem de barbotina (slip casting). Muitos dos problemas relativos ao processamento de suspensões cerâmicas são comuns a ambos. No entanto, a remoção do solvente durante a consolidação do produto na colagem de barbotina envolve a ação capilar de um molde poroso, enquanto que na colagem de folhas o solvente é evaporado. Também o tamanho e a forma dos produtos manufaturados pelos dois processos diferem consideravelmente. As características da barbotina influenciam o arranjo das partículas no corpo verde, o que, por sua vez, determina o comportamento na sinterização e as propriedades finais da peça fabricada. Assim, a barbotina usada na colagem de folhas cerâmicas tem que ser homogênea e estável e essas características têm que ser preservadas durante todas as etapas do processamento. Portanto, para se obter um produto de boa qualidade, é necessário inicialmente o entendimento dos mecanismos de estabilização e das características reológicas da barbotina. 2.1.2 – FORMULAÇÃO DA BARBOTINA As características da barbotina são naturalmente determinadas pelas propriedades de seus constituintes (matriz cerâmica, solventes, dispersante, ligante e plastificante) e da interação entre eles. Os parâmetros importantes que devem ser controlados num pó cerâmico usado na colagem de folhas são o tamanho médio de partículas e sua distribuição, a área superficial e o nível de impurezas. Em geral, tamanhos de partícula entre 1 e 4 µ m e 2 áreas de superfícies entre 2 e 6 m / g têm sido usados para substratos de alumina [3,4]. ______________________________________________________________________ 5 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Solvente Solvente Dispersante Pó Moagem Plastificante Ligante Mistura Deaeração Colagem Secagem Termólise Sinterização FIGURA 2.1: Fluxograma do processo de colagem de folhas cerâmicas [3]. 2.1.2.1 – SOLVENTES Os solventes são usados na colagem de folhas para dissolver os componentes orgânicos adicionados à barbotina (dispersantes, ligantes e plastificantes). Eles devem ser quimicamente inertes em relação aos pós cerâmicos utilizados, ter um baixo ponto de ebulição (termólise a temperaturas mais baixas) e uma baixa viscosidade (melhor escoamento na colagem). Como solventes podem ser usados água ou líquidos orgânicos, como etanol, isopropanol, acetona e metiletilcetona, em concentrações normalmente de 30 a 50% em massa de suspensão. Devido a considerações ambientais e de saúde, o uso de solventes orgânicos tem sido questionado nos últimos anos e muitas formulações de barbotina em base aquosa têm sido empregadas [3,4 ]. ______________________________________________________________________ 6 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 2.1.2.2 – DISPERSANTES Os dispersantes (defloculantes) cobrem as partículas cerâmicas e as mantêm numa suspensão estável, barbotina. A interação repulsiva entre as partículas é provida por meio de mecanismos eletrostáticos e/ou estéricos, dependendo das características físico-químicas dos dispersantes adicionados. Deve-se usar, tanto quanto possível, o mínimo de dispersante (em torno de 0,5%v/v a 5,0%v/v), já que este tem que ser eliminado na termólise, sem deixar resíduos no corpo sinterizado [3]. Há uma concentração de dispersante que proporciona viscosidade mínima e densidade a verde máxima que pode ser determinada experimentalmente. Essa concentração pode ser obtida não só por medidas de viscosidade, como também por medidas de adsorção ou potencial zeta [3]. Como dispersantes em barbotinas não-aquosas empregam-se comumente éster do ácido fosfórico e óleo de peixe, os quais, em comparação com outras substâncias, têm um efeito de dispersão adequado em quantidades bem inferiores. No caso de barbotinas de base aquosa, têm sido utilizados como meio de dispersão principalmente polieletrólitos do tipo sal de amônio e o sal de sódio de poliácidos carboxílicos. 2.1.2.3 – LIGANTES Os ligantes são adicionados à barbotina para se obter uma folha cerâmica com resistência mecânica a verde suficiente para permitir sua manipulação e armazenamento. O ligante forma pontes orgânicas entre as partículas que resultam numa adesão forte depois da evaporação do solvente. Os ligantes devem ser compatíveis com o sistema, auxiliar a estabilização, atuar como lubrificante entre as partículas, se decompor a baixas temperaturas ( ± 300ºC), sem deixar resíduos e ser efetivos em concentrações mínimas (em torno de 1,0%v/v), [3]. Há muitos tipos de substâncias, naturais ou sintéticas, usadas como ligantes na colagem de folhas. Em geral, em barbotinas aquosas são usados ligantes derivados da celulose, como metilcelulose (MC), hidroxietilcelulose (HEC) e ______________________________________________________________________ 7 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ carboximetilcelulose (CMC), ou ainda ligantes do tipo vinil, como álcool polivinílico (PVA) ou polivinilacetato (PVAc). Outros ligantes do tipo vinil são usados em líquidos não-polares, como polivinilbutiral (PVB) ou polimetilmetacrilato (PMMA) [3]. 2.1.2.4 – PLASTIFICANTES Os plastificantes dissolvem os ligantes e melhoram a distribuição destes na barbotina, o que causa a flexibilidade da folha cerâmica verde. Através da seleção adequada do sistema ligante/plastificante e do ajuste das concentrações relativas é possível variar a flexibilidade da folha. Os plastificantes são, por outro lado, imprescindíveis para se melhorar a trabalhabilidade das folhas a verde, facilitando a separação dessas da superfície em que foram coladas. Os plastificantes mais usados são glicóis, como polietilenoglicol (PEG), glicerina e ftalatos, como dibutilftalato [4]. A razão ótima ligante/plastificante pode ser determinada experimentalmente para cada sistema. Normalmente o conteúdo de plastificante é menor ou igual ao conteúdo de ligante. Por exemplo, no caso de uma barbotina não-aquosa de alumina, a folha a verde exibiu flexibilidade ótima para uma razão ligante/plastificante de 1 a 1,5. Outros resultados experimentais mostram que a adição de plastificante aumenta a deformação sob tensão em detrimento da resistência à ruptura sob tensão [3]. 2.1.3 – O PROCESSO E EQUIPAMENTOS A ordem em que os componentes da barbotina são adicionados é muito importante. Deve-se introduzir o dispersante ao solvente antes dos outros aditivos, de modo a prevenir a competição pela superfície das partículas cerâmicas e, assim, produzir uma barbotina mais uniforme. A adição de plastificantes antes da adição de ligantes auxilia a dissolução do ligante na barbotina. Acredita-se que isso se deve à solubilidade no solvente [3]. A colagem de folhas propriamente dita é efetuada através do movimento relativo entre uma lâmina niveladora (doctor blade) e uma superfície coletora. Duas soluções são possíveis: ou a lâmina se move sobre uma superfície fixa (processo descontínuo), ou a superfície se move sob uma lâmina fixa (processo contínuo). A maior parte da ______________________________________________________________________ 8 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ produção em grande escala é baseada na colagem contínua. Para a manufatura em pequena escala, ou experimentos em laboratórios, o processo descontínuo pode ser usado [4]. Equipamentos de colagem têm sido construídos com câmaras de colagem de 10 a 125 cm de largura e de 2 a 38 m de comprimento. O equipamento padrão industrial (Figura 2.2) consiste de uma superfície móvel de colagem, um sistema de secagem por fluxo de ar quente, um dispositivo com as lâminas e um sistema de separação da folha. Para se prover uma superfície coletora limpa, livre de defeitos são geralmente usados, no processo descontínuo, placas de vidro, ou, no processo contínuo, uma lâmina de aço inox contínua, sobre a qual podem ser adaptados filmes poliméricos de teflon, polietileno ou acetato de celulose [5]. Para se regular precisamente a espessura da folha a ser produzida, a altura da lâmina em relação à superfície é ajustada por meio de micrômetros. Um sistema dual de lâminas tem sido empregado para um controle mais preciso da operação de colagem (Figura 2.3). FIGURA 2.2 – Equipamento de processo contínuo de colagem de folhas cerâmicas [5]. FIGURA 2.3 – Dispositivo de lâminas duplas para colagem de folhas cerâmicas [3]. ______________________________________________________________________ 9 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Outros parâmetros, como a viscosidade da barbotina, a velocidade do dispositivo móvel na colagem e a pressão exercida pela barbotina no reservatório também influenciam a espessura do filme colado. A velocidade de colagem em equipamentos contínuos varia de 5 a 100 cm/min, dependendo das condições de secagem e da velocidade de produção requerida [3]. 2.2 – O MATERIAL – α -ALUMINA A principal fonte de óxido de alumínio alfa é a bauxita. Os principais métodos de preparo do óxido de alumínio alfa são: calcinação dos hidróxidos de alumínio, aluminas de transição e sais de alumínio e solidificação de fundidos. Métodos menos comuns são: síntese hidrotermal em alta pressão, transição em fase vapor e queima de alumínio em atmosfera de oxigênio. A alumina alfa pode ser preparada com inúmeras propriedades, uma vez que elas são afetadas pelo tamanho, hábito e pureza da partícula. Tamanho de partícula dentro de uma faixa de mais ou menos 0,03 µ m a 30mm ou mais são comercialmente aceitáveis [6]. A maioria dos métodos de preparo de alumina alfa para fins cerâmicos, bem como, para metais é a calcinação de alumina Bayer tri-hidratada. O processo Bayer inicia-se com o minério bauxita que é digerido com soda cáustica para dissolver o alumínio na solução. Outros materiais não solúveis são filtrados e a solução é precipitada para produzir o tri-hidrato de alumínio. O tri-hidrato é calcinado para produzir a alumina [7]. Melhoramentos na qualidade das características cerâmicas da alumina foram desenvolvidos ao longo de dois caminhos diferentes: (1) a redução de impurezas em alumina Bayer normal e (2) o desenvolvimento de distribuições de partículas, conferindo melhores propriedades técnicas. Tentativas de reduzir o conteúdo de soda do tri-hidrato de Bayer, por lixiviação em ácidos minerais diluídos, não foram muito compensatórias devido à dispersão do álcali dentro da estrutura do cristal e da baixa taxa de difusão. Acima da calcinação, a alumina Bayer se abre suficientemente para permitir a liberação prática de, mais ou menos, metade da soda contida por lixiviação ácida [8]. ______________________________________________________________________ 10 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ As aluminas especiais são empregadas na indústria cerâmica para a fabricação de refratários, velas de ignição para motores e outros. O processo de produção consiste em tratar a alumina hidratada para convertê-la em alumina alfa. Ele se diferencia do processo de fabricação da alumina comum pela temperatura de calcinação, que alcança até 1500ºC. As aluminas especiais contêm praticamente 100% de α − Al 2 O3 , enquanto que a comum contém em torno de 15%, sendo o restante, hidróxidos, outras fases ( γ Al2O3, β -Al2O3, etc) e impurezas. A Figura 2.4 apresenta um fluxograma detalhado da obtenção da alumina alfa pelo processo Bayer [8]. FIGURA 2.4 – Fluxograma detalhado da obtenção da alumina alfa pelo processo bayer [8]. ______________________________________________________________________ 11 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 2.3 – AS SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE ALUMINA 2.3.1 – ELETROCINÉTICA DE SUSPENSÕES Processos eletrocinéticos derivam de interações entre movimentação de partículas e cargas elétricas próximas das mesmas. A eletroforese é a movimentação de partículas individuais devido a um campo externo. Esta técnica é largamente usada para medir carga de partículas. A condutividade elétrica de uma suspensão também reflete processos eletroforéticos. A teoria de condutividade é baseada no mesmo modelo básico de eletroforese, estendida para cobrir contribuições de muitas partículas. Mobilidade e condutividade são medidas complementares, uma vez que uma reflete eventos em torno de uma partícula individual diretamente, enquanto a outra se refere à média de uma população de partículas [9]. Fenômenos eletrocinéticos são relacionados à natureza da parte móvel da dupla camada elétrica (região difusa) e podem, por conseguinte, ser interpretados em termos do potencial zeta ou a densidade de carga da superfície de cisalhamento. Os íons da camada difusa da dupla camada elétrica mostram uma rede movimentando em sentido oposto àquele das partículas sob a influência do campo elétrico aplicado. Isto cria um movimento local de líquido que se opõe à movimentação da partícula e é conhecido como retardamento eletroforético. O movimento da partícula relativo à região difusa da dupla camada resulta em distorção da mesma, devido a um tempo finito (tempo de relaxação), necessário para a simetria original ser restaurada por difusão e condução. A assimetria resultante da parte móvel da dupla camada exerce uma força restauradora adicional na partícula, conhecida como o efeito relaxação [10]. 2.3.1.1 – TEORIA DA DUPLA CAMADA ELÉTRICA O modelo da dupla camada elétrica visualiza o ambiente iônico na vizinhança de um colóide carregado negativamente e explica como ocorrem as forças repulsivas [11]. Primeiro, veríamos o efeito dos íons positivos sobre o colóide, os quais são chamados de contra-íons. Em princípio, a atração do colóide negativo é o motivo que leva alguns íons positivos a formarem uma camada firmemente unida ao redor de toda a ______________________________________________________________________ 12 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ sua superfície. Esta camada de contra-íons é chamada Camada de Stern. Ela não pode ser cisalhada e se apresenta firmemente aderida à superfície do colóide. Íons positivos adicionais ainda são atraídos pelo colóide negativo, mas agora eles também são repelidos pela camada de Stern, bem como por outros íons positivos próximos que também estão tentando aproximar do colóide. Assim, um equilíbrio dinâmico acontece, formando uma camada difusa de contra íons. De forma oposta, há um “lago” de íons negativos na vizinhança da superfície do colóide, pelo fato deles serem repelidos pelas cargas negativas do mesmo. Os íons negativos são chamados de co-íons por terem a mesma carga do colóide [11]. A Figura 2.5 mostra a mudança na densidade de carga ao redor do colóide, na dupla camada elétrica. FIGURA 2.5 – Dupla Camada Elétrica, mostrando a mudança de densidade de carga ao redor do colóide [11]. 2.3.1.2 - ESPESSURA DA DUPLA CAMADA ELÉTRICA A camada difusa pode ser visualizada como uma atmosfera carregada em torno do colóide. Em qualquer distância da superfície, sua densidade de carga é igual à diferença entre a concentração dos íons positivos e negativos naquele ponto. A maior densidade de carga se encontra próximo do colóide e diminui, em direção a zero, a medida que as concentrações de íons positivos e negativos se equilibram. ______________________________________________________________________ 13 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A espessura da dupla camada elétrica depende da concentração de íons em solução. Uma concentração mais alta de íons significa que mais íons positivos estão disponíveis para neutralizar o colóide. O resultado é uma dupla camada mais fina. Diminuindo-se a concentração iônica (por diluição, por exemplo), reduz-se o número de íons positivos e assim a dupla camada fica mais espessa [11]. O tipo de contra-íon também influenciará na espessura da dupla camada. Ele se refere à valência do contra-íon positivo. Por exemplo, numa mesma concentração, os ( ) ( ) íons de alumínio Al +3 serão mais efetivos que os de sódio Na + na neutralização da carga do colóide e resultará numa dupla camada mais fina. Isto corre porque os íons de maior valência são menores, pois os elétrons estão mais fortemente atraídos pelo núcleo e sua blindagem é mais efetiva, têm mais cargas disponíveis para neutralizar a superfície do colóide. Por serem pequenos, produzem uma dupla camada mais fina. FIGURA 2.6 – Variação da densidade de íons na camada difusa [11]. Um aumento na concentração de íons ou em suas valências resultará na compressão da dupla camada elétrica, Figura 2.6 [11]. ______________________________________________________________________ 14 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 2.3.1.3 – POTENCIAL ZETA O colóide negativo e sua atmosfera carregada positivamente resultam num potencial elétrico através da camada difusa. Este é maior na superfície e cai progressivamente com a distância, aproximando-se de zero no lado externo desta camada. Uma curva de potencial zeta versus distância será útil, pois indica a intensidade da força repulsiva entre colóides e até que distância ela ainda atua. Um ponto de particular interesse na curva é o potencial na interface da camada de Stern com a camada difusa. Este é conhecido como POTENCIAL ZETA. Uma importante característica é que o potencial zeta pode ser medido de maneira simples enquanto o potencial da superfície do colóide, não. Ele é muito útil no controle de coagulação, pois mudanças em seu valor indicam mudanças na força repulsiva entre os colóides. FIGURA 2.7 – Potencial zeta vs potencial da superfície [11]. O quociente entre potencial zeta e potencial de superfície depende da espessura da dupla camada elétrica. Em pequenas quantidades de sólidos dissolvidos em líquidos, a dupla camada elétrica é relativamente larga. Neste caso, o potencial zeta é uma boa aproximação do potencial de superfície. A situação muda quando se trata de concentrações maiores de sólidos, o alto nível de íons comprime a dupla camada elétrica e a curva de potencial, Figura 2.7. ______________________________________________________________________ 15 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A Tabela 2.1 apresenta os graus de estabilidade de suspensões/soluções, no geral, em função das faixas de potencial zeta das mesmas [12]. TABELA 2.1 – grau de estabilidade das suspensões/soluções, no geral, em função das faixas de valores de potencial zeta ( ζ ) [12]. Características de Estabilidade Potencial Zeta médio em mV Aglomeração máxima e precipitação 0 a +3 Faixa de forte aglomeração e precipitação +5 a –5 Limite de aglomeração -10 a –15 Limite de dispersão delicada -16 a –30 Estabilidade moderada -31 a –40 Estabilidade relativamente boa -41 a –60 Estabilidade muito boa -61 a –80 Estabilidade excelente -81 a –100 2.3.1.4 – TEORIA D.L.V.O (Derjaguin, Landau, Verwery e Overbeek) Esta teoria é a explicação clássica de como as partículas se interagem. Ela se baseia no balanço entre duas forças opostas – repulsão eletrostática e atração de van-der-Waals – para explicar porque algumas partículas aglomeram o floculam, enquanto outras não [11]. 2.3.2 – ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES A estabilização de uma suspensão com respeito à floculação é determinada pelas forças de atração e repulsão entre as partículas, o que depende de suas características físicoquímicas e da interface partícula-solvente. A estabilidade da suspensão é atingida quando as forças repulsivas são suficientemente grandes para superar as forças de atração. Para se obter uma suspensão estável são usados dispersantes (defloculantes) que, adsorvidos pelas partículas, aumentam a magnitude da repulsão. ______________________________________________________________________ 16 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A força de atração está sempre presente, devido à tendência das partículas de estarem em contato umas com as outras através da força de van der Waals, que é função basicamente das propriedades dielétricas das partículas e do solvente. A interação repulsiva é fundamentalmente produzida por dois mecanismos diferentes. Um é a repulsão eletrostática, como resultado da formação de uma dupla camada elétrica em torno de cada partícula de pó disperso em um líquido polar. Um outro mecanismo é a estabilização estérica, na qual polímeros de cadeias longas, adicionados à suspensão são adsorvidos sobre a superfície da partícula. 2.3.2.1 – ESTABILIZAÇÃO ELETROSTÁTICA A estabilização eletrostática é conseqüência da presença de uma dupla camada de íons adsorvidos em partículas carregadas eletricamente, dispersas num líquido polar (água ou solvente orgânico). A diferença de potencial entre a camada difusa e a dispersão eletricamente neutra (potencial zeta, ζ ) pode ser determinada experimentalmente. O potencial zeta é um parâmetro importante para a avaliação da estabilidade de uma suspensão (barbotina): se dois sistemas de diferentes valores de ζ forem comparados, permanecendo todos os outros fatores iguais, espera-se que o sistema que apresenta o maior valor absoluto de ζ seja mais estável em relação à floculação [13]. 2.3.2.2 – ESTABILIZAÇÃO ESTÉRICA A estabilização estérica é conseqüência da interação física de substâncias poliméricas de cadeia longa, que são adsorvidas por partículas dispersas em uma barbotina. Com a aproximação das partículas, as camadas adsorvidas se interpenetram e as cadeias poliméricas tendem a se ordenar paralelamente (Fig. 2.8). Desta maneira, no equilíbrio termodinâmico, as partículas permanecem isoladas. O sucesso da estabilização estérica depende das características superficiais da partícula, da configuração do polímero adsorvido e da espessura da camada adsorvida. Na prática, comprova-se que uma estabilização estérica efetiva necessita de um polímero com massa molecular maior que 10.000 g.mol-1 [3]. ______________________________________________________________________ 17 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 2.8 – Mecanismo de estabilização estérica. 2.3.2.3 – ESTABILIZAÇÃO ELETROESTÉRICA A repulsão eletrostática é mais efetiva em água do que em líquidos não-aquosos, por causa da baixa constante dielétrica destes. A repulsão estérica, por sua vez, é efetiva tanto em meios aquosos quanto em não-aquosos. Pós estabilizados estericamente podem ser termodinamicamente estáveis, enquanto que pós estabilizados eletrostaticamente são apenas metaestáveis. Uma combinação dos mecanismos, eletrostático e estérico, pode resultar uma melhor estabilização. Essa combinação se denomina estabilização eletroestérica. O componente eletrostático pode ser originado de uma carga sobre a superfície da partícula dispersa e/ou por cargas associadas ao polímero adsorvido. Tais polímeros, que apresentam grupos ionizáveis repetidos, são chamados polieletrólitos [14]. Na curva de energia potencial para este mecanismo combinado (Fig. 2.9), a dupla camada provê uma barreira de energia potencial alta a longas distâncias (VR) e a estabilização estérica, correspondente à curva VS, previne o contato entre as partículas a curtas distâncias. VA é o potencial atrativo decorrente das forças de van-der-Waals. ______________________________________________________________________ 18 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ VR – potencial repulsivo; VA – potencial atrativo; VS – potencial estérico. FIGURA 2.9 – Energia potencial de interação entre duas partículas (repulsão eletroestérica) [3]. Moreno [4], ressalta a importância de se combinar os mecanismos de estabilização eletrostático e estérico nas suspensões altamente concentradas, como aquelas usadas na colagem de folhas cerâmicas, de partículas micrométricas, para uma melhor estabilização. O componente eletrostático pode resultar de cargas da rede na superfície da partícula e/ou de cargas associadas com o polímero ancorado, isto é, um polieletrólito. Crume e Dinger [15], lembram que para controlar um processo é melhor medir e compreender as variáveis primárias, como reologia, taxa de colagem, plasticidade, resistência a verde, etc, que afetam as propriedades do produto final. Quando as relações de causa e efeito entre a física das partículas e a química da interface, a estrutura de gel e as propriedades do produto final estiverem bem compreendidas, será mais fácil controlar o processo para alcançar os resultados desejados. Assim, modelamentos oferecem métodos rápidos e de baixo custo para investigar fenômenos de colagem e determinar a importância relativa de matérias-primas variáveis na estrutura do produto final. ______________________________________________________________________ 19 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Oliveira, Sepúlveda e Pandolfelli [16], confirmam a grande eficiência dos polieletrólitos na estabilização de suspensões cerâmicas, os quais têm sido uma das alternativas mais utilizadas na indústria cerâmica. Porém, para promover uma estabilização eficiente das suspensões é necessária uma escolha adequada do tipo de polieletrólito (aniônico ou catiônico), bem como, avaliar a quantidade em que este defloculante proporciona melhor dispersão (menor viscosidade da suspensão). Gouveia e Murad [17], chamaram atenção para a distribuição granulométrica e as propriedades físico-químicas da superfície do material como as principais características de um pó cerâmico que influenciam a preparação de uma suspensão. A distribuição granulométrica, principalmente a fração inferior a 0,5 µm, influencia de forma determinante a reologia das suspensões. O estado da superfície é modificado, por exemplo, pela alteração no número de hidroxilas formadas devido à hidratação e, em conseqüência, da modificação no ponto isoelétrico (IEP) e nas isotermas de adsorção dos dispersantes. Uma formulação de suspensões para colagem de folhas cerâmicas essencialmente contém um agente dispersante, um ligante e um plastificante, além do pó cerâmico e o solvente. A adição de um dispersante é necessária a fim de assegurar a estabilidade da suspensão. Por outro lado, a combinação adequada do ligante e plastificante é adicionada para garantir uma folha verde com resistência e flexibilidade necessárias ao manuseio e processamento antes da queima. Para isto, Prabhakaran, Narayanan e Pavithran [18], utilizaram, em suas suspensões, cardanol que quando adicionado em excesso atua como um plastificante para o ligante poly(metil-metacrilato) (PMMA), em suspensões de alumina a base de tolueno, para colagem de folhas cerâmicas. Eles concluíram que a melhor dispersão ocorria numa concentração de 2% em peso de alumina, tendo uma área superficial de 10,4m2/g. Suspensões altamente concentradas (53%v/v) resultam em folhas cerâmicas verdes de boa flexibilidade É possível calcular a carga elétrica das partículas através do potencial zeta, mas, de fato, é o potencial zeta, em vez da carga, que é a quantidade importante na determinação das propriedades da suspensão. O potencial zeta varia no intervalo (0 - ± 200mV) numa suspensão típica. O aparelho “ZetaProbe” mede o potencial zeta em suspensões para quase todas as concentrações maiores 0,5% de sólidos. É comum resultados em suspensões até 60%v/v, por exemplo, de acordo com O’Brien e Mann [19]. ______________________________________________________________________ 20 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Ruys e Sorrell [20], mostraram que certos defloculantes, como o carboxi-metil-celulose de sódio, são capazes de atuar como ligantes também. O Na-CMC é um poderoso ligante. Como observado pelos autores, o Na-CMC pode atuar como um aditivo único para colagem de folhas, fazendo as vezes do dispersante e do ligante, o inconveniente é que adiciona sódio ao produto final. Kamiya, Fukuda, Suzuki e Tsukada [21], estudaram os efeitos de dispersantes polímeros em interações eletroestéricas. Para analisar as propriedades de adsorção do dispersante, eles analisaram a fração de polímero adsorvido nas partículas, medindo a quantidade de polímero não adsorvido. Usaram, para isso, um analisador de carbono orgânico total e um espectrofotômetro de infravermelho (FTIR). Se a quantidade de dispersante polimérico fosse bastante para cobrir completamente a superfície do pó, a viscosidade da suspensão alcançava o seu valor mínimo. A força eletroestérica de um dispersante polimérico dependia de muitos fatores, tais como a estrutura e o peso moleculares do dispersante, a fração adsorvida, o pH e o conteúdo de contra-íons na solução e o tempo de adsorção. O efeito da adição de acetato de magnésio no potencial entre partículas de suspensões aquosas de alumina, diluídas e bem dispersas, foi estudado por Dakskobler, Kocevar e Kosmac [22]. Para isto, eles prepararam suspensões aquosas de alumina com dispersante Dolapix CE64, em pH natural e avaliaram as propriedades reológicas destas suspensões. A fim de estabiliza-las, adicionaram uma solução 0,5M de acetato de magnésio e monitoraram as mudanças no pH e na viscosidade. A neutralização da carga de superfície nas partículas ocorria por causa da formação de ligações entre os íons de magnésio e os grupos carboxílicos das moléculas do dispersante o que é refletido na estabilização da suspensão. Suspensões de alumina fracamente floculadas podem ser obtidas sem a introdução de impurezas indesejáveis à cerâmica sinterizada. Isto pode ser feito pela adição de uma quantidade apropriada de acetato de magnésio a uma suspensão aquosa de alumina bem dispersa em pH natural, com a adição do dispersante aniônico Dolapix CE64. Pastas cerâmicas tendo alta concentração de sólidos são extremamente importantes em processos de extrusão, de moldagem por injeção, etc. Prabhakaran, Ananthakumar e Pavithran [23], prepararam pastas de alumina extrudáveis pela coagulação de suspensões aquosas estabilizadas eletroestericamente. Estas suspensões concentradas (55% em volume) foram preparadas usando dispersante poli(acrilato) e coaguladas por ______________________________________________________________________ 21 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ geração in situ de ácido acético. O anidrido acético foi usado para a geração do ácido e a miscibilidade do anidrido em meio aquoso foi aumentada por poli(etileno) glicol. A adição do anidrido acético >0,16 mol/l converte a suspensão numa pasta rígida em 5min. A pasta exibe consistência extrudável. A incorporação de 1% PVA (1300023000Dalton, Aldrich) na suspensão fornece resistência adicional aos tubos extrudados contra deformação e desenvolvimento de trincas na secagem. As características reológicas indicaram que a geração in situ do ácido resultava em baixas viscosidades das pastas de alumina comparadas àquelas onde houve a adição externa do ácido. Os tubos extrudados mostraram densidade verde de 57% da densidade teórica e densidade sinterizado (1500ºC) de 97% da densidade teórica, com microestrutura granulada fina. A influência da temperatura na estabilização de suspensões aquosas de alumina foi estudada por Pagnoux, Serantoni, Laucournet, Chartier e Baunard [24]. Suas suspensões foram dispersas tanto com polimetacrilato de sódio (Dispex N40) quanto com benzenodissulfonato de sódio (Tiron). A forte adsorção dos dois dispersantes na superfície da alumina não foi afetada pela variação da temperatura, mas temperaturas acima de 40ºC influencia fortemente a amplitude do potencial repulsivo criado entre as partículas. Significativas variações na temperatura podem aumentar e até mudar as características da suspensão, por exemplo, durante a moagem e o estágio crítico de secagem que pode conduzir a trincas nos corpos verdes, o que pode ser controlado com a variação da temperatura. Ela influencia muitos parâmetros na química de superfície, tais como pH, viscosidade do solvente, química dos aditivos orgânicos ou dos potenciais de superfície expressos nos modelos teóricos. A evolução do potencial zeta versus pH foi estudada nas temperaturas de 10, 20 e 40ºC em suspensões com aluminas AKP30 e A16SG, preparadas com e sem dispersante. Estudaram, também, o efeito do Tiron (0,2%p/p) na estabilidade de suspensões feitas com as duas aluminas em 10, 20 e 40ºC. A 60ºC e em pH 9, tanto o pH de muitas suspensões concentradas de alumina preparadas com Tiron, quanto valores medidos de potencial zeta mais altos, correspondem aos menores valores de viscosidade, mas vários parâmetros com diferente dependência de temperatura devem influenciar o comportamento reológico de tais suspensões e uma interpretação rigorosa poderia ser feita apenas com estudos complementares. Assim, eles mostraram que a temperatura é benéfica para melhorar a estabilidade das suspensões de alumina e permite concentrá-las. ______________________________________________________________________ 22 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 2.4 – REOLOGIA DE SUSPENSÕES CERÂMICAS 2.4.1 – INTRODUÇÃO A necessidade de se produzir materiais cerâmicos com desempenho cada vez melhor tem exigido um maior desenvolvimento das técnicas de processamento, visando produzir microestruturas mais homogêneas e corpos livres de macro e micro defeitos. As técnicas, para materiais resultantes de suspensões cerâmicas, exigem, em pelo menos uma de suas etapas, a preparação de tais suspensões, fazendo com que o entendimento do comportamento reológico das mesmas adquira importância fundamental. O termo “reologia” foi proposto por Bingham, em 1928, devido à necessidade de se designar uma série de estudos que vinham sendo realizados em diversas áreas, como química, hidrodinâmica, medicina, etc [25]. A palavra “reologia” tem origem grega, sendo constituída pelos radicais reos (fluir) e logos (estudo), ou seja, é a ciência que estuda o fluxo e a deformação de materiais, sob a aplicação de uma determinada tensão [25]. As características reológicas de sistemas partícula-líquido dependem diretamente das propriedades físico-químicas dessas suspensões, que por sua vez, depende de uma série de fatores, como o formato e a distribuição de tamanho de partículas, fração volumétrica de sólidos e forças que atuam entre as partículas. Assim, estudando-se as características reológicas dessas suspensões pode-se obter grande número de informações sobre a estrutura das mesmas, bem como do estado de dispersão em que as partículas se encontram. 2.4.2 – VISCOSIDADE O conceito de viscosidade foi, inicialmente, proposto por Isaac Newton (1687) [26]. Diversas representações deste conceito, foram feitas, mais tarde, uma delas é a que considera duas placas planas de área A, separadas por uma distância x, sendo uma delas fixa e a outra se movendo com velocidade v. O espaço entre as duas placas é preenchido com um fluido, sendo que não ocorre deslizamento do mesmo na interface com as placas. Sobre a placa móvel é aplicada uma força tangencial F, responsável por sua movimentação, como mostra a Figura 2.10. ______________________________________________________________________ 23 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 2.10 – Placas paralelas, separadas por fluido de viscosidade η [25]. Com base neste modelo, foi apresentada a seguinte definição matemática para a viscosidade: F dv =η A dx (2.1) Onde η é a viscosidade do fluido confinado entre as placas. O termo F / A é denominado tensão de cisalhamento e o termo dv / dx , é a taxa de cisalhamento. No sistema internacional, a unidade de viscosidade é dada em Pascal x Segundo (Pa.s). 2.4.2.1 – VISCOSIDADE DE SUSPENSÕES Considerando que a viscosidade de um fluido é uma medida da resistência por ele oferecida ao escoamento, e que o escoamento ocorre através do deslizamento relativo entre camadas infinitesimais do fluido, a adição de partículas sólidas a ele causará perturbação das linhas de fluxo. Consequentemente, será necessária maior quantidade de energia para provocar o escoamento, o que é verificado macroscopicamente como um aumento na viscosidade. Ou seja, para manter a mesma taxa de cisalhamento (taxa de deformação do fluido) é necessária uma tensão de cisalhamento (força aplicada por unidade de área) mais elevada. ______________________________________________________________________ 24 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ O efeito da adição de partículas sólidas a um fluido foi equacionado pela primeira vez por Albert Einstein [25], que relacionou o aumento da viscosidade à fração volumétrica de sólidos de acordo com a equação: η = η 0 (1 + 2,5φ ) (2.2) onde: η = viscosidade da suspensão; η 0 = viscosidade do líquido puro; φ = fração volumétrica de sólidos. Ao deduzir esta equação, Einstein considerou um sistema com estritas condições de contorno: a - Partículas com formato esférico; b - Partículas rígidas; c - Ausência de cargas superficiais nas partículas; d - Fração volumétrica de sólidos suficientemente baixa, de modo que não ocorram interações hidrodinâmicas entre as partículas; e - Partículas muito menores que o recipiente que as contém, tornando os efeitos da parede desprezíveis; f - Partículas grandes se comparadas às moléculas do fluido; g - O fluxo ocorrendo a baixas taxas de cisalhamento, de modo a sempre se caracterizar um regime laminar. Isto restringe a equação de Einstein ao estudo de suspensões diluídas. Sua validade foi verificada em diversos experimentos com suspensões diluídas de esporos de fungos e pequenas esferas de vidro, que apresentam geometria compatível com as condições por ele idealizadas. Na grande maioria das aplicações práticas, porém, essas condições não são obedecidas, já que são utilizadas suspensões bem mais concentradas e com partículas com geometria complexa. A Figura 2.11 mostra o desvio entre o comportamento previsto pela equação de Einstein e os casos reais, em que são utilizadas suspensões com concentração de sólidos mais elevada. ______________________________________________________________________ 25 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 2.4.2.2 – VISCOSIDADE INTRÍNSECA A viscosidade intrínseca [η ] representa a contribuição de uma partícula isolada para a viscosidade da dispersão. Seu valor depende, principalmente, da forma e da deformabilidade da partícula. A viscosidade intrínseca é determinada experimentalmente como a inclinação inicial da curva η r vs φ , sendo η r a viscosidade relativa e φ a fração volumétrica de sólidos em suspensão [27]. 2.4.2.3 – PRINCIPAIS PARÂMETROS QUE AFETAM A VISCOSIDADE DE SUSPENSÕES O que se segue é um resumo das observações feitas por Barnes a cerca da viscosidade de suspensões [28]. Além da fração volumétrica de sólidos em suspensão, a viscosidade de uma suspensão de partículas sólidas pode ser afetada por uma série de outros fatores. Assim, o controle reológico de suspensões cerâmicas depende do controle das características descritas abaixo. ♦ Distribuição de Tamanho de Partícula De um modo geral, distribuições de tamanho de partícula monodispersas proporcionam viscosidades mais elevadas do que distribuições polidispersas, para uma mesma fração volumétrica. Isso ocorre porque pós com distribuições polidispersas ocupam volume menor do que pós com partículas de um único tamanho. Deste modo, a camada de água entre as partículas se torna mais espessa, resultando em viscosidade mais baixa. ♦ Formato das Partículas Partículas esféricas causam uma perturbação relativamente pequena nas linhas de fluxo de uma suspensão, se comparadas com partículas de formato irregular. Partículas em forma de placa ou agulhas provocam turbulência no líquido, ao girarem. Com isso, há maior dissipação de energia, o que é verificado como aumento na viscosidade. ♦ Efeitos de Flocos Quando uma suspensão não se encontra suficientemente defloculada, as partículas primárias permanecem unidas, constituindo flocos com água aprisionada em seu ______________________________________________________________________ 26 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ interior. Esta água aprisionada não está disponível para o fluxo, de modo que a suspensão se comporta como se a fração volumétrica de sólidos fosse maior. Dependendo da força com que as partículas estão unidas e da tensão de cisalhamento aplicada, os flocos podem ser destruídos, liberando a água aprisionada em seu interior. Havendo mais água disponível, a viscosidade da suspensão diminui. Esta pode ser uma das causas do comportamento pseudoplástico. ♦ Efeitos Eletroviscosos A origem dos efeitos eletroviscosos está relacionada à dupla camada elétrica, cuja espessura soma-se ao raio da partícula, proporcionando um aumento efetivo em seu raio hidrodinâmico. A principal conseqüência disso é o aumento da viscosidade. Quanto menores as partículas, maior a contribuição da dupla camada ao raio hidrodinâmico, o que torna esses efeitos particularmente importantes à medida que o tamanho das partículas se aproxima das dimensões coloidais (abaixo de 1 µ m). 2.4.2.4 – VISCOSIDADE VS CONCENTRAÇÃO Em geral, o comportamento reológico da suspensão obedece à equação de Einstein, no caso de suspensões diluídas. À medida que se aumenta o teor de sólidos, entretanto, a viscosidade observada começa a se tornar maior que o previsto. O desvio se torna cada vez maior, à medida que o teor de sólidos aumenta, até atingir um valor que tende ao infinito. Neste ponto as partículas formam um arranjo tridimensional rígido que impede a movimentação relativa entre elas e a suspensão perde a fluidez. A Figura 2.11 mostra o desvio entre o comportamento previsto por Einstein e os casos reais. A inclinação inicial fornece a viscosidade intrínseca e a viscosidade relativa tende ao infinito quando a fração volumétrica tende para a concentração máxima, φm, no qual o sistema ainda flui. ______________________________________________________________________ 27 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 2.11 – Viscosidade (η) em função da fração volumétrica de sólidos (% vol.), de acordo com a equação de Einstein, e para suspensões reais [25, 26]. Para contornar as limitações da equação de Einstein foram desenvolvidos vários modelos relacionando a viscosidade à fração volumétrica de sólidos, em suspensões mais concentradas. De um modo geral, essas equações são baseadas numa série de potência do tipo [27]: η r = 1 + [η ]φ + c 2φ 2 + c3φ 3 + ... (2.3) onde η r é a viscosidade relativa, [η ] é a viscosidade intrínseca, c2 e c3 são constantes, e φ é a fração volumétrica de sólidos. A reologia de suspensões foi o tema de uma série de pesquisas por muitos anos, principalmente por causa de sua importância óbvia numa larga faixa de aplicações industriais. As suspensões incluem concreto, tintas, tintas para impressoras, lamas de carvão, lamas para perfuração e produtos medicinais, líquidos abrasivos de limpeza e pastas de dentes. ______________________________________________________________________ 28 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A curva geral de viscosidade vs taxa de cisalhamento para qualquer suspensão está esquematizada na Figura 2.12. O primeiro platô newtoniano, em baixas taxas de cisalhamento, é seguido pela região de afinamento por cisalhamento, regida por uma lei exponencial, atingindo uma planície newtoniana e posteriormente alcança o segundo platô newtoniano. Às vezes, nesta última região, pode ocorrer um aumento na viscosidade da suspensão em decorrência de condições específicas. Em certas situações, o primeiro platô newtoniano é, às vezes, tão alto que se torna inacessível. Em tais casos, o comportamento em baixas taxas de cisalhamento é normalmente descrito por um limite de escoamento aparente [28]. FIGURA 2.12 – Representação Esquemática da Curva de Fluxo de uma Suspensão Concentrada [27, 28]. 2.4.2.5 – ESTRUTURAS INDUZIDAS PELO FLUXO Devemos considerar, primeiramente, sistemas desagregados em que as forças brownianas sejam dominantes. Quando uma suspensão concentrada deste tipo flui em taxas de cisalhamento muito baixas, as partículas necessariamente têm que se mover umas ao redor das outras ou saltar umas sobre as outras para que o fluxo ocorra. Isto envolve uma grande resistência e a viscosidade resultante é alta. Por outro lado, a distribuição das partículas permanece essencialmente inalterada devido ao efeito do movimento browniano dominar o movimento cisalhante e restaurar a aleatoriedade da distribuição no estado de repouso. A viscosidade permanece essencialmente constante. ______________________________________________________________________ 29 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Em taxas ligeiramente mais altas, o gradiente de velocidade imposto induz uma orientação do arranjo das partículas que não é restaurada pelo movimento browniano. Entretanto, esta orientação permite que partículas se movam, passando umas pelas outras mais livremente que em taxas de cisalhamento muito baixas e, portanto, a viscosidade será menor. Em taxas de cisalhamento muito mais altas, a estrutura é tão grosseiramente orientada que as partículas formam camadas intercaladas por camadas da fase contínua. A viscosidade atinge, então, o seu valor mínimo. A suspensão é afinada por cisalhamento. Quando o cisalhamento cessa, a estrutura em camada, induzida pelo fluxo é gradualmente destruída. Desta maneira, a viscosidade começa a crescer novamente [28]. 2.4.3 – FRAÇÃO MÁXIMA DE EMPACOTAMENTO A influência da concentração de partículas na viscosidade das suspensões concentradas é melhor determinada em relação à fração máxima de empacotamento. À medida que mais e mais partículas são adicionadas, aumenta a dificuldade de movimento relativo entre elas, até que a suspensão sature, gerando um contato tridimensional por toda ela, impossibilitando, assim, o seu fluxo, isto é, a viscosidade tende ao infinito [28]. O volume de fase particular em que isto acontece é chamado fração máxima de empacotamento φ m , e seu valor dependerá do arranjo das partículas. Isto foi mostrado na Figura 2.11, para uma suspensão real. A Tabela 2.2 mostra frações máximas de empacotamento numa faixa de aproximadamente 0,5 a 0,75 mesmo para esferas monodispersas. Distribuições polidispersas de tamanhos de partículas têm valores de φ m maiores, pois as partículas menores se encaixam entre as partículas maiores. Por outro lado, partículas não esféricas conduzem a um menor preenchimento dos espaços, gerando uma menor φ m . A floculação de partículas também pode levar a uma menor fração de empacotamento, pois, em geral, os próprios flocos não são empacotados [28]. ______________________________________________________________________ 30 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ TABELA 2.2 - Fração Máxima de Empacotamento para Várias Esferas Monodispersas [28]. Arranjo Fração Máxima de Empacotamento Cúbico Simples 0,52 Configuração Termodinamicamente Estável 0,548 Empacotamento em Hexagonal Compacto 0,605 Empacotamento Aleatório 0,637 Cúbico de Corpo Centrado 0,68 Cúbico de Face Centrada/Hexagonal Compacto 0,74 2.4.4 – TIPOS DE COMPORTAMENTO REOLÓGICO E SUAS PRINCIPAIS CAUSAS Newton assumiu que o deslocamento do fluido apresentava dependência linear com a tensão aplicada, ou seja, a viscosidade era independente da taxa de cisalhamento. Esse tipo de comportamento é verificado numa série de sistemas como: diversos líquidos puros, soluções diluídas e suspensões diluídas preparadas com líquidos newtonianos. A maioria dos fluidos, entretanto, não se comporta desta maneira e são ditos fluidos não-newtonianos. Nestes fluidos a viscosidade depende da taxa de cisalhamento, podendo aumentar ou diminuir, ou ainda, para uma taxa de cisalhamento constante, variar com o tempo [25]. A Figura 2.13 descreve os tipos de comportamentos reológicos verificados no escoamento de fluidos. O comportamento pseudoplástico é verificado quando a viscosidade do fluido diminui com o aumento da taxa de cisalhamento. Esse comportamento pode ocorrer por diversas razões: • O líquido da suspensão é não-newtoniano; • Podem existir flocos e/ou aglomerados na suspensão, que ao serem submetidos ao cisalhamento, quebram-se, liberando água aprisionada em seu interior; ______________________________________________________________________ 31 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ • A presença de cargas elétricas de mesmo sinal na superfície das partículas pode estar dificultando o movimento relativo entre elas, devido ao aumento do raio hidrodinâmico das mesmas; • As partículas podem ser anisotrópicas, o que, a baixas taxas de cisalhamento, dificulta sua movimentação devido à turbulência que causam no fluido ao girarem. Em altas taxas de cisalhamento, entretanto, estas partículas podem se orientar com as linhas de fluxo, o que torna o escoamento mais fácil, resultando em queda na viscosidade da suspensão. FIGURA 2.13 – Comportamentos reológicos em função da taxa de cisalhamento aplicada [25]. O comportamento tixotrópico é aquele no qual a queda na viscosidade depende não só da taxa de cisalhamento, mas também do tempo. Sua causa está relacionada principalmente à formação de uma rede tridimensional de partículas unidas por forças de van der Waals, enquanto a suspensão estiver em repouso. Ao ser aplicada uma tensão de cisalhamento, esta rede começa a ser destruída, o que provoca a diminuição na viscosidade. Se a suspensão for mantida em repouso, a estrutura se recompõe e a viscosidade volta ao valor original. Este comportamento é típico de sistemas nãodefloculados [25]. Se a viscosidade aumentar com o aumento da taxa de cisalhamento, estaremos diante do comportamento dilatante. Este comportamento é verificado principalmente em suspensões altamente concentradas e com elevada energia de repulsão entre as partículas. Nestes sistemas, as partículas estão bem empacotadas e o espaçamento entre ______________________________________________________________________ 32 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ elas é pequeno, estando preenchido por um fluido. A contribuição de flocos que possam ser quebrados, liberando água, é desprezível e para que as partículas possam movimentar-se, é necessário que ocorra um afastamento entre elas. A fase contínua (líquido) deve escoar por entre os estreitos canais entre as partículas, o que é relativamente fácil a baixas taxas de cisalhamento. Porém, para taxas mais elevadas isso se torna cada vez mais difícil e consequentemente, a viscosidade aumenta. Para taxas de cisalhamento muito elevadas, a viscosidade pode atingir um valor infinito, resultando em fragmentação do sistema [25]. A Figura 2.14 apresenta um esquema do comportamento pseudoplástico para suspensões em repouso e fluindo [29]. FIGURA 2.14 – Comportamento Pseudoplástico [29]. Quando este aumento de viscosidade for dependente do tempo, caracterizamos o comportamento reopético. Em sistemas cerâmicos, o comportamento reopético está geralmente relacionado a reações de hidratação de componentes como as do cimento [25]. Em alguns casos o escoamento ocorre somente após a aplicação de uma certa tensão de cisalhamento, comportando-se como um sólido elástico para valores abaixo desta tensão mínima. Estes materiais são chamados Fluidos de Bingham e a tensão mínima é dita tensão de escoamento. Quando o fluido apresenta uma componente elástica na qual as moléculas retornam à sua forma original e, simultaneamente, uma componente viscosa é chamado visco-elástico. Ao cisalhar, um fluido newtoniano ______________________________________________________________________ 33 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ elástico, este responde apenas com deformação na direção em que a força cisalhante é aplicada. Porém, muitos materiais respondem ao cisalhamento com uma tensão na direção normal ao plano de aplicação da força, também. Essa tensão é conhecida como tensão normal N1 e os fluidos que exibem este comportamento são conhecidos como visco-elásticos [30]. Uma vez iniciado o escoamento, o fluido pode ter qualquer um dos comportamentos anteriormente discutidos [25]. FIGURA 2.15 – Classificação geral do comportamento reológico dos fluidos (alterada) [30]. 2.4.5 – SUSPENSÕES CONCENTRADAS DEFLOCULADAS POR CISALHAMENTO Teorias sobre afinamento por cisalhamento postularam que a dispersão em repouso acontece numa estrutura de curto ou longo alcance (formam flocos ou géis). A estrutura é rompida por forças cisalhantes, de modo que em grandes taxas de cisalhamento o resultado é uma dispersão de partículas individuais. Em cada taxa fixa de cisalhamento, a viscosidade que prevalece é atribuída ao grau de formação da estrutura que expressa o equilíbrio entre as forças atrativas ou repulsivas que produzem a estrutura e as forças cisalhantes que a destroem, Figura 2.16 [28]. Quando uma suspensão afinada por cisalhamento é submetida a uma mudança brusca, transiente, na taxa de cisalhamento, o sistema relaxará até aquele grau de formação da estrutura que corresponde à nova taxa. Se o tempo para esta relaxação for ______________________________________________________________________ 34 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ suficientemente longo, pode ser possível seguir o processo observando-se a dependência da viscosidade com o tempo. O termo tixotropia, apresentado no próximo item, explica esta dependência acima mencionada. A Figura 2.16 mostra uma interpretação esquemática do comportamento e do afinamento por cisalhamento de uma suspensão [31]. FIGURA 2.16 – Interpretação Estrutural do Comportamento plástico e do Afinamento por Cisalhamento [31]. Segundo Quemada [31], os fluidos com os quais convivemos cotidianamente, tais como lamas, lamas de perfuração, tintas e selantes, produtos alimentícios, cosméticos, biofluidos, etc, são, em geral, fluidos complexos que podem ser comparados com dispersões concentradas. Estes fluidos, largamente usados em aplicações industriais, apresentam propriedades reológicas, seja em condições de equilíbrio ou não, muito semelhantes às dispersões concentradas. Estas similaridades decorrem tanto da existência de estruturas internas (microestruturas) quanto das mudanças destas estruturas por cisalhamento. Elas devem ser interpretadas como resultantes de algumas características genéricas destes sistemas, a despeito de suas grandes diferenças. ______________________________________________________________________ 35 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Lyckfeldt [32], mencionou a importância de se avaliar o comportamento reológico de suspensões com diferentes composições antes de usá-las nas operações de colagem. O sistema alumina com pequenas quantidades de MgO, como aditivo de sinterização (até 0,1%v/v MgO), tem uma influência importante nas propriedades coloidais do processamento das suspensões de alumina. Isto resulta no aumento da viscosidade da suspensão e do módulo de rigidez (G’) e num empacotamento menos denso, na colagem de folha. Quando a concentração de partículas numa suspensão aumenta consideravelmente, as partículas se aproximam muito umas das outras e as interações entre elas podem ocasionar uma estrutura tridimensional por toda a suspensão, à medida que a mesma se aproxima do estado de repouso. Conforme explica Tari, Lyckfeldt e Ferreira [33], o grau de formação de estruturas pode ser estudado por medidas de oscilações, a partir de deformações muito pequenas onde as propriedades viscoelásticas possam ser caracterizadas. As propriedades elásticas são caracterizadas pelo módulo de rigidez. Às vezes a máxima estabilização de uma suspensão nem sempre é desejável. Um certo grau de floculação é, em vez disso, mais conveniente, por exemplo, para dar uma colagem mais rápida, no método de colagem de suspensões ou evitar o fenômeno de decantação/segregação. Schilling, Tomasik e Kim [34], procurando responder duas questões - (1) como aumentar a concentração de alumina em níveis, os mais altos possíveis e ainda manter a molhabilidade e (2) como afetaria as propriedades reológicas de pastas concentradas de alumina, a variação na concentração, estrutura e peso molecular do polissacarídeo usado - fizeram uma série de experimentos reológicos nos quais executaram um método de conformação comum, de compressão, que é tradicionalmente usado apenas em sistemas argilosos. Assim, demonstraram a significância prática dos plastificantes polissacarídeos para moldagem de cerâmicas não-argilosas, aquosas e benéficas ao meio ambiente. Posteriormente, investigaram as propriedades dos corpos verdes e sinterizados, feitos destas pastas moldáveis de alumina. Eles concluíram que suspensões 30% em volume de Al2O3 sem polissacarídeos são tixotrópicas. Estas suspensões exibiam alta fluidez e comportamento plástico de Bingham quando recebiam maltodextrinas e dextranas de baixo peso molecular. Sobre a adição de dextranas de alto peso molecular ou amido, as suspensões foram tixotrópicas e altamente viscosas. A reologia é influenciada pela estrutura e peso molecular do polissacarídeo. Aditivos de polissacarídeos ramificados ______________________________________________________________________ 36 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ não são benéficos para a reologia de suspensões de alumina 30% em volume e pastas filtradas de alumina 52% em volume. Isto se deve ao fenômeno de hidratação dos polissacarídeos que aumenta com o grau de ramificação. Pagnoux e outros[35] concluíram que as suspensões utilizadas na colagem de folhas são um sistema complexo no qual cada componente tem um efeito substancial no comportamento reológico. O principal papel de um solvente é agir como “dispersante” e assegurar a dissolução dos componentes orgânicos (isto é, dispersantes, ligantes e plastificantes) que devem ser inertes em relação ao pó cerâmico (oxidação ou hidrólise). Sistemas à base de água são preferíveis com respeito à toxidez, preservação ambiental e preço e seu uso representa uma alternativa interessante para a difundida colagem nãoaquosa. O processo de colagem de folhas é um método econômico de produzir componentes cerâmicos planos e finos, tais como substratos, capacitores, sensores, etc. Para cada um destes produtos são preparadas suspensões diferentes. O conteúdo de água e aditivos orgânicos no processo de colagem de folhas deve ser o menor possível. Assim, a quantidade de água a ser evaporada durante a secagem e de aditivos a ser queimada será mínima. A viscosidade da suspensão deve ser tal que assegure uma massa fluida homogênea sob a lâmina, durante o processo de colagem. Esta suspensão deve exibir comportamento pseudoplástico. Durante a passagem sob a lâmina, a viscosidade deve diminuir devido às forças cisalhantes e imediatamente após, aumentar rapidamente para suprimir o fluxo incontrolado e prevenir a sedimentação das partículas cerâmicas, conforme citado por Bitterlich, Lutz e Roosen [36]. Michael Schmidt, Münstedt, Svec, Roosen, Betz e Koppe [37], investigaram o comportamento de fluxo local numa máquina de colagem de folhas cerâmicas através de um sistema que encerra um Velocímetro com Efeito Doppler por Laser (VEDL). A característica principal do sistema era sua grande resolução espacial (24 µ m) e temporal (5 µ s). Eles utilizaram um fluido translúcido, newtoniano, como modelo pelo fato do mesmo apresentar comportamento reológico semelhante ao de uma suspensão cerâmica típica, em taxas de cisalhamento mais altas. As medidas de viscosidade da suspensão foram comparadas àquelas realizadas com o fluido através do sistema VEDL. Dois estudos foram realizados (1) análise dinâmica do fluxo sobre a primeira de duas lâminas na máquina de colagem, (2) o fenômeno de fluxo secundário da suspensão entre as duas ______________________________________________________________________ 37 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ lâminas. Fizeram estudos do efeito da velocidade de arraste do leito móvel da máquina e descobriram que, sob a primeira lâmina, atuam efeitos de arraste e pressão. O primeiro é influenciado pela velocidade de arraste do leito, mas o segundo não, e a soma dos dois resulta no perfil de velocidade sob a lâmina que, para fluidos newtonianos, depende apenas da velocidade de arraste. Assim, os resultados, em taxas de cisalhamento mais altas, foram satisfatórios tanto para o fluido padrão quanto para a suspensão utilizada. Quando o sistema VEDL foi aplicado entre as duas lâminas, descobriram uma componente negativa de velocidade no perfil de velocidade. Estas componentes negativas de velocidade resultam de um fluxo reverso dentro de um vórtex circulante (fluxo secundário), que é muito surpreendente e nunca havia sido medido quantitativamente antes. A qualidade e resistência do produto final dependem da microestrutura da camada colada. Conforme Zhang e Binner [38], a estrutura da camada colada, que é refletida pela variação da porosidade, está intimamente ligada ao tamanho e forma da partícula, grau de agregação e concentração da suspensão. A taxa de colagem pode ser aumentada caso se realize a colagem em temperaturas mais altas. Uma alta taxa de colagem seria atingida pelo aquecimento com energia de pulsos de microondas. O movimento da água através do molde depende da fonte de aquecimento e verificou-se que aquecimentos por pulsos de microondas removiam a água da suspensão mais eficientemente. Este aquecimento produzia corpos verdes mais resistentes ao manuseio e não havia diferenças significantes nas microestruturas em relação a corpos verdes colados por outro processo. Inada, Kimura e Yamaguchi [39], estudaram o efeito do pH nas características de corpos compactos verdes. Primeiro, examinaram o comportamento da sinterização e a estrutura destes corpos produzidos por colagem de folhas. Finalmente, o efeito das partículas aglomeradas no comportamento de sinterização. Eles verteram as suspensões em tubos de PVC colocados sobre uma lâmina de gesso para fazer discos de 15mm de diâmetro e 3mm de altura. Estes discos foram secados à temperatura ambiente por 24 horas num recipiente contendo sílica gel. Os discos secos foram quebrados em pequenos pedaços e usados em experimentos de sinterização. Os compactos verdes foram queimados entre 1100 e 1500ºC ao ar, por diferentes tempos. A taxa de aquecimento foi de 30ºC/min. Verificaram que os tamanhos de grão eram dependentes do conteúdo de alumina nas suspensões e das temperaturas de sinterização. ______________________________________________________________________ 38 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ De acordo com Moreno [4], o arranjo e o empacotamento das partículas no corpo verde determina o comportamento na sinterização e as propriedades finais. Pode-se perceber duas correlações básicas: (1) entre a suspensão e a folha verde; (2) entre a folha verde e aquela já sinterizada. A microestrutura é função do sistema a ser consolidado e da técnica de conformação empregada. Na colagem de folhas as partículas estão dispersas numa suspensão cujas características dependem do pó cerâmico e dos componentes orgânicos adicionados a ela. A microestrutura a verde será determinada por dois fatoreschave: (a) o arranjo das partículas durante o processo e a contração na secagem; (b) a tensão de cisalhamento gerada quando a suspensão está passando sob a lâmina niveladora. A contração anisotrópica na colagem de folhas de alumina com ênfase nos parâmetros de processamento e forma das partículas foi estudada por Raj e Cannon [40]. Suspensões aquosas de alumina e de outros pós sem nenhuma anisotropia morfológica visível foram coladas sob diferentes condições para estudar o papel dos parâmetros de processamento e as características da origem de anisotropia de contração nos planos de sinterização. Altas tensões de cisalhamento alinham partículas individuais na colagem de suspensões à medida que elas passam sob a lâmina. O alinhamento das partículas é freqüentemente mencionado como sendo a causa de contração anisotrópica nas direções transversal e de colagem. Eles concluíram que o aumento na concentração de sólidos da suspensão aumenta o grau de alinhamento das partículas por causa do aumento de interações entre elas. Observaram que a microestrutura causada pela orientação da rede das partículas matriz no corpo verde resulta numa microestrutura de grão orientado no corpo sinterizado. Tal transformação de textura verde em textura sinterizada foi observada em colagem, além de outros processos de moldagem. A moldagem de cerâmicas coloidais é uma maneira de reduzir a população de defeitos nos corpos cerâmicos verdes. Wang, Sarkar e Nicholson [41], investigaram as propriedades reológicas de suspensões de alumina em solventes orgânicos polares sem dispersantes. Aumentando a fração volumétrica da suspensão, Φ , causaram variações na resistência iônica do meio suspenso devido ao aumento na concentração de íons necessário para balancear a carga das partículas e a concomitante redução do volume de fluido disponível. A presença de partículas carregadas numa suspensão influencia sua viscosidade. Pode haver uma variação dramática na viscosidade da suspensão de ______________________________________________________________________ 39 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ partículas carregadas com variações na concentração de eletrólitos do meio suspenso. Isto é percebido mais claramente em suspensões concentradas. Medidas reológicas mostraram que a viscosidade das suspensões diminui com o aumento na concentração de sais. O solvente tem uma influência marcante na reologia da suspensão. Kim e Lee [1], prepararam compósitos dentários alumina-vidro através do processo de colagem de folhas e sinterizaram a 1120ºC, seguido por infiltração de vidro a 1100ºC. O objetivo era investigar a resistência e a tenacidade à fratura dos compósitos aluminavidro por colagem e as mudanças dimensionais dos compósitos durante a sinterização e infiltração de vidro. As folhas coladas, depois de secadas apresentavam espessura de 0,5 mm e foram prensadas isostaticamente de 0-15 Mpa e a 80ºC. Foram cortadas em discos de 18 mm de diâmetro e retângulos de 40 mm x 10mm para medir propriedades mecânicas e de contração, respectivamente. Os compósitos foram preparados aplicando uma suspensão aquosa de vidro alumino-silicatado nos espécimes de alumina parcialmente sinterizadas e então infiltrando o vidro nos espécimes por 2h a 1100ºC. Eles concluíram que os compósitos alumina-vidro por colagem possuíam uma resistência à flexão de 508 MPa e uma tenacidade à fratura de 3,1 MPa.m1/2, que são propriedades mecânicas suficientes para coroas dentárias e aplicações ponte, além de fornecer um procedimento de conformação simples para restaurações dentárias. Propriedades reológicas, estruturais e o comportamento na secagem de camadas coladas de Al2O3/látex em base aquosa foram investigadas por Martinez e Lewis [42]. A influência da composição da suspensão no comportamento do fluxo dessas suspensões binárias foi caracterizada através de medidas de tensão, a partir de viscosimetria. Posteriormente, examinaram sua evolução estrutural usando uma combinação de microscopia óptica (MO) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Finalmente, estudaram o comportamento da tensão de secagem das camadas de composições variadas coladas num suporte rígido. As suspensões de pura Al2O3 foram preparadas misturando água deionizada, ácido poliacrílico (PAA) e alumina, seguido de ultrassonificação da suspensão em intervalos de liga/desliga de 1s e agitação magnética por 24 h. As suspensões de puro látex foram preparadas diluindo-se emulsões in situ com água deionizada numa fração volumétrica de 0,40. As suspensões binárias foram preparadas com diferentes taxas volumétricas de Al2O3/látex, variando a fração volumétrica total de sólidos ( Φ total). A observação surpreendente que fizeram foi que as misturas binárias experimentavam algum tipo de instabilidade à medida que sua fração ______________________________________________________________________ 40 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ volumétrica total de sólidos aumentava. Esta instabilidade resultava na formação de aglomerados de partículas que aumentava a viscosidade relativa da suspensão até aquela observada em suspensões formadas pelos constituintes individuais. A formação de aglomerados de partículas também tinha um efeito dramático na microestrutura verde das camadas coladas por colagem de folhas cerâmicas, conduzindo a uma estrutura mais aberta. O desgaste de cerâmicas estruturais vem sendo largamente estudado nas últimas décadas. Novak, Kalin e Kosmac [43], estudaram os aspectos químicos do desgaste de cerâmicas de alumina. Descobertas sugerem que taxas de desgaste e fricção não dependem apenas da composição química das cerâmicas e da microestrutura, mas também são afetadas pelas propriedades químicas do ambiente. Estimativas de desgaste de materiais baseado apenas nas propriedades mecânicas pareceria ser inadequado, pois interações químicas do material com o ambiente também devem ser levadas em conta. A fricção e o desgaste, para vários tipos de cerâmicas, são muito menores na presença de água que a seco. Assim, foi sugerido que reações triboquímicas com água pudesse ajudar a proteger o material contra desgastes severos pela criação de tribocamadas “lubrificantes”. Para realizar os testes eles utilizaram pinos cerâmicos hemisféricos e placas de alumina polida que foram sinterizados a 1640ºC. A carga de superfície para a alumina (Alcoa A16SG) em meio aquoso foi estimada por medidas de potencial zeta de uma suspensão aquosa altamente diluída, de alumina, usada no preparo de amostras para os testes de corrida. Usaram, também, o polieletrólito aniônico Dolapix CE64. Concluíram, a partir dos resultados, que mudanças no tribocontato podem promover uma modificação das forças próximas da superfície, entre as partículas e as superfícies sólidas. As mudanças no pH, bem como, a adição de polieletrólitos afetam significativamente o desgaste de cerâmicas no contato de deslizamento, devido à modificação na carga de superfície. Sob condições onde o potencial zeta é bastante alto, tanto positivo quanto negativo, as partículas desgastadas repelem-se umas às outras e também à superfície sólida da alumina. A perda por desgaste e o coeficiente de fricção são, de preferência, baixos nessas condições. Em contrapartida, onde o potencial zeta é próximo de zero (próximo do IEP), as condições promovem a aglomeração das partículas e a adesão às superfícies sólidos. Sob tais condições a perda por desgaste e o coeficiente de fricção são bem mais altos. ______________________________________________________________________ 41 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Buscando compreender as mudanças estruturais e o comportamento de empacotamento de partículas de alumina compacta ( α -Al2O3) confeccionadas por colagem de barbotina, Takao, Hotta, Naito, Shinohara, Okumiya e Uematsu [44], valendo-se de um microscópio de luz polarizada, no modo de transmissão, examinaram a estrutura do empacotamento das partículas nestes compactos de alumina. A deformação durante a sinterização é um dos mais sérios problemas. Sua possível origem é claramente a estrutura anisotrópica no empacotamento das partículas nos corpos verdes e deve ser inerente deste método de conformação. Entretanto, é muito limitada a compreensão da relevância entre a dispersão de partículas na suspensão, o processo de consolidação de compactos e estruturas anisotrópicas em corpos verdes e sinterizados na colagem de barbotina. Eles produziram uma folha compacta de Al2O3 sobre um molde de gesso a partir de uma suspensão 50% em volume de sólidos, estabilizada com o dispersante poli(acrilato de amônia), 0 – 2% em peso. O fluxo intenso de água durante a colagem da suspensão é claramente responsável pelo desenvolvimento da estrutura anisotrópica no empacotamento das partículas. O desenvolvimento de estrutura anisotrópica não afetou o estado de dispersão das partículas na suspensão. Muitos dos estudos realizados em corpos cerâmicos envolvendo Al2O3 têm se preocupado com os materiais já sinterizados. O presente trabalho é uma busca da compreensão do comportamento, preliminar, das suspensões, base para a obtenção de produtos finais que satisfaçam as necessidades da indústria eletrônica e de auto-peças. Elucidar o comportamento reológico de uma suspensão concentrada de Al2O3 e as propriedades eletrocinéticas das partículas de alumina é o primeiro passo para a realização de sua estabilização. Uma suspensão concentrada estável resulta em corpos cerâmicos compactos, mecanicamente resistentes e de fácil sinterização. Com estas qualidades muitos dos problemas mencionados nos estudos anteriores poderiam ser evitados, poupando tempo e buscando, cada vez mais, aprofundar o conhecimento da “semente” (base) destes corpos cerâmicos, que são as suspensões concentradas de Al2O3 que os gerarão. 2.4.6 – MODELOS REOLÓGICOS ______________________________________________________________________ 42 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ O que se segue é uma apresentação dos modelos reológicos de acordo com Krieger [27]. 2.4.6.1 – MODELO DE BINGHAM A primeira equação não-newtoniana, largamente usada, foi proposta por Bingham, para limites de escoamento σ 0 . Em grandes tensões, a taxa de cisalhamento é linear com a tensão. • γ = (σ − σ 0 ) / η ∞ (2.4) onde: • γ (dγ/dt) - taxa de cisalhamento; σ - tensão de cisalhamento; σ 0 - limite de escoamento ou tensão inicial; η ∞ - viscosidade limite em altas taxas de cisalhamento. 2.4.6.2 – MODELO DE CASSON Para tensões de cisalhamento acima da tensão de escoamento, Casson propôs uma modificação do modelo de Bingham, relacionando linearmente a raiz quadrada da taxa de cisalhamento com a raiz quadrada da tensão de cisalhamento. ⎛•⎞ ⎜γ ⎟ ⎝ ⎠ 1/ 2 ( = σ 1/ 2 − σ 0 1/ 2 )/ η 1/ 2 ∞ (2.5) 2.4.6.3 – MODELO DE OSTWALD – LEI DE POTÊNCIA Krieger e Maron mostraram que o látex da borracha sintética flui até mesmo em tensões muito baixas e que a dependência da taxa com a viscosidade pode ser representada numa faixa de taxa de cisalhamento moderada, atrvés do modelo de Ostwald, “lei de potência”. ______________________________________________________________________ 43 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ • γ = aσ n (2.6) Onde: a – índice de consistência; n – índice de comportamento. 2.4.6.4 – MODELO DE DOUGHERTY E KRIEGER Comportamento semelhante ao anterior é mostrado por uma equação derivada por Dougherty e Krieger. η = η ∞ + (η 0 − η ∞ ) / (1 + σ / σ c ) (2.7) Aqui, σ c é uma tensão de cisalhamento característica. A equação foi ajustada por Papir e Krieger para dados de colóides poliméricos de diferentes tamanhos de partículas dispersos em meios de diferentes viscosidades. 2.4.6.5 – MODELO DE CROSS A equação de Cross é similar à Eq. (2.7) acima, mas contém um parâmetro adicional n. ⎡ ⎛ • • ⎞n ⎤ η = η ∞ + (η 0 − η ∞ ) / ⎢1 + ⎜ γ γ c ⎟ ⎥ ⎠ ⎥⎦ ⎣⎢ ⎝ (2.8) Este parâmetro usualmente aparece com valores entre 2/3 e 1 quando a equação for ajustada para dados experimentais. 2.4.6.6 – EQUAÇÃO DE QUEMADA As equações que se seguem são utilizadas para calcular as tensões e taxas teóricas críticas ( σ c e γ c , respectivamente), pelo método de Quemada [31]. ______________________________________________________________________ 44 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ η = η ∞ (1 + θ χ + θ )2 (2.9) onde: η - é a viscosidade teórica; η ∞ - é a viscosidade final (em altas taxas); χ e θ - são parâmetros da equação. ⎛σ θ = ⎜⎜ ⎝σ c ⎞ ⎟⎟ ⎠ p ≤1 (2.10) onde: σ c - é a tensão teórica crítica; σ - é a tensão de cisalhamento medida; p – é um parâmetro da equação. ⎛η χ = ⎜⎜ ∞ ⎝ η0 ⎞ ⎟⎟ ⎠ 0,5 (2.11) onde: η 0 - é a viscosidade inicial; ⎛ 2 ⎞ ⎟⎟ η c = η ∞ ⎜⎜ ⎝ χ +1⎠ 2 (2.12) onde: η c - é a viscosidade teórica crítica. • γc = σc ηc (2.13) onde: • γ c - é a taxa de cisalhamento teórica crítica. ______________________________________________________________________ 45 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ CAPÍTULO 3 3 – MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 – A MATÉRIA-PRIMA α -Al2O3 A matéria-prima para a preparação das suspensões foi a α -Al2O3 calcinada, produzida pela Alcoa. Neste trabalho foram utilizados dois tipos de alumina. A alumina A-1000SG foi utilizada em todas as suspensões, enquanto que a alumina A-3000FL foi utilizada apenas nas suspensões bimodais, juntamente com a primeira. A Tabela 3.1 relaciona os materiais utilizados na confecção das suspensões cerâmicas de Al2O3, inclusive as aluminas. 3.2 – Métodos de Caracterização da Alumina Ensaios de microscopia eletrônica de varredura (MEV) foram feitos em ambas as aluminas com o objetivo de se caracterizar os pós antes da realização das suspensões que seriam o objeto de estudo deste trabalho. A Tabela 3.2 apresenta os equipamentos que foram utilizados em medidas durante os ensaios, inclusive o microscópio eletrônico no qual foram feitas as micrografias. Tomou-se amostras dos pós cerâmicos de alumina e, após metalização, ambos foram submetidos aos ensaios de MEV para verificação de como os materiais se encontravam aglomerados, da forma e tamanho dos aglomerados e de uma possível visualização do tamanho das partículas. ______________________________________________________________________ 46 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ TABELA 3.1 – relação dos materiais utilizados na preparação das suspensões cerâmicas de Al2O3. MATERIAIS Alumina Calcinada (α ) Alumina Calcinada (α ) Água Deonizada Dispex TIPO TAMANHO ÁREA MÉDIO D50 ( µ m) SUPERFICIAL (m2/g) - ALCOA - ALCOA A1000SG ALCOA 0,4 99,9% < 325 mesh 8,8 A3000FL ALCOA 2,8 99,9% < 325 mesh 2,7 A40 - Magnésia - - Glicerina - - - - COMPOSIÇÃ O % p/p ALCOA SiO2 = 0,02% Fe2O3 = 0,02% Na2O = 0,07% B2O3 = 0,003% CaO = 0,02% MgO = SiO2 = 0,02% Fe2O3 = 0,01% Na2O = 0,07% B2O3 = 0,003% CaO = 0,03% MgO = Poli(metacrilat o) de amônia MgO > 97% MERCK - DENSIDADE (g/cm3) – ALCOA 3,90 3,90 1,16 CIBA 3,58 ALDRICH 1,26 GRUPO QUIMICA TABELA 3.2 – relação dos principais equipamentos utilizados nos ensaios realizados nas suspensões de Al2O3 estudadas. EQUIPAMENTOS Analisador de Potencial Zeta Acustoforômetro Balança Analítica Microscópio Eletrônico (MEV) Microscópio Óptico Viscosímetro Haake pHmetro Estufa de Secagem Forno para Sinterização Scanner Picnômetro Multivolume MODELO ESA 8000 BP 210D JSM - 5510 WILD MPS 52 RV-3 DM20 315 SE AN-1600 ScanJet 4c 1305 FABRICANTE MICROMERITICS MATEC SARTORIUS JEOL LEICA HAAKE DIGIMED FANEM ANALÓGICA I. e CONTROLE HEWLETT PACKARD MICROMERITICS ______________________________________________________________________ 47 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 3.3 – MÉTODOS DE CARACTERIZAÇÃO DAS SUSPENSÕES Inicialmente, objetivando um primeiro contato com as suspensões e até mesmo a título de comparações futuras, foram feitas suspensões diluídas, 5% em volume de Al2O3, com e sem dispersante, medidas de potencial zeta das partículas de Al2O3 em suspensão e suas propriedades reológicas, através de medidas de viscosidades dinâmicas. Nessas suspensões, quando utilizado dispersante, sua concentração foi de 1% em volume de suspensão. Posteriormente foram feitas suspensões concentradas de Al2O3 cujas concentrações variavam de 40 a 70% (em volume) de Al2O3. A Tabela 3.3 apresenta uma relação das variações na concentração do dispersante Dispex A40, utilizado, para cada uma delas. Associou-se uma letra a cada uma, com o objetivo de facilitar a referência à respectiva suspensão. Para um primeiro contato com suspensões concentradas, arbitrou-se a concentração 0,5% em volume de dispersante, variando a mesma de 0,1 a 0,1% até o valor 1% e posteriormente de 0,2 a 0,2% até que o potencial zeta atingisse um “máximo” e voltasse a cair, nas suspensões 40% em volume de Al2O3. Todas as suspensões bimodais foram confeccionadas a partir de 30%v/v de alumina A1000SG e 70%v/v de alumina A-3000FL. Como a relação entre seus diâmetros médios de partículas é, aproximadamente 7, Tabela 3.1, esta composição foi possível de se realizar talvez pelo melhor empacotamento das partículas, pois as partículas de alumina A-1000SG se acomodariam nos interstícios entre as partículas de alumina A-3000FL. Provavelmente, o sistema, se disperso, resulta em um arranjo que se aproximará do cúbico de face centrada (CFC), porque as partículas de A-1000SG ocupariam os interstícios octaédricos da estrutura, Figura 3.1. ______________________________________________________________________ 48 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 3.1 – Arranjo de partículas no sistema cúbico [45]. Após a realização das medidas de potencial zeta e viscosidades para cada suspensão, uma lâmina de vidro, previamente preparada era analisada ao microscópio óptico de transmissão (MO) e uma avaliação da microestrutura da suspensão era registrada, em dois aumentos diferentes. Estas mesmas lâminas também foram “escaneadas” e se pôde obter uma avaliação milimétrica do aspecto da mesma suspensão (estruturas milimétricas). As lâminas, uma vez preparadas, eram deixadas em repouso até que se pudesse observar “retículos” sobre as mesmas, produzidos pela fase líquida (água) por entre a fase sólida (Al2O3), quando aquela, procurando caminhos de drenagem sobre esta, carreava consigo partículas dispersas. TABELA 3.3 – Relação das concentrações do dispersante Dispex A40 utilizado neste trabalho e sua denominação. Dosagem (%v/v) 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 Nome Dosagem da (%v/v) Suspensão A 1,0 B 1,2 C 1,4 D 1,5 E 1,6 Nome da Suspensão F G H I J Dosagem (%v/v) 1,8 2,0 2,2 2,4 2,5 Nome da Suspensão L M N O P Dosagem (%v/v) 2,6 2,8 3,0 3,5 5,0 Nome da Suspensão Q R S T U As viscosidades foram medidas em dois sentidos de variação de taxas de cisalhamento e foi observada a presença de histerese tanto nas curvas de viscosidades quanto nas curvas de tensões de cisalhamento. Notou-se que quanto maior a área de histerese, maior o estado floculado da suspensão e suspensões com áreas de histerese nulas apresentavam-se bem dispersas. Esta avaliação das áreas de histerese foi feita visualmente, sem qualquer cálculo matemático. ______________________________________________________________________ 49 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 3.4 – CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 Foram feitos ensaios de potencial zeta com o objetivo de avaliar a tendência ou não das partículas flocularem em meio à fase contínua. Foi utilizado o aparelho Analisador de Potencial Zeta da Micromeritics, Figura 3.2, cujos primeiros resultados foram comparados com os do aparelho acustoforômetro ESA-8000 pertencente à Escola de Engenharia da UFMG, em idênticas condições, para avaliar a sua confiabilidade. Potenciais zeta entre +20mV e –20mV significam tendência à floculação, enquanto valores absolutos superiores a 20mV indicam tendência à dispersão. 3.4.1 – MÉTODOS DE MEDIDAS DE POTENCIAL ZETA 3.4.1.1 – ANALISADOR DE POTENCIAL ZETA DA MICROMERITICS O aparelho mede as propriedades eletroforéticas das partículas em suspensões. É composto, basicamente, por uma célula de acrílico, dois eletrodos e um reservatório onde se deposita a maior parte da amostra. Um dos eletrodos se localiza na extremidade esquerda do reservatório (tampa) e o outro no interior da célula, que será acoplada na extremidade direita do reservatório, como mostra a Figura 3.3. Para realizarmos a medida da mobilidade eletroforética e do potencial zeta, devemos encher o reservatório e a célula com a suspensão a ser estudada. A célula é inicialmente pesada, separadamente do reservatório. Quando uma diferença de potencial é aplicada entre os eletrodos, as partículas contendo cargas elétricas migrarão para fora ou para dentro da célula, dependendo da polaridade do eletrodo e das cargas das partículas. Após um certo período de tempo haverá uma diferença na concentração de partículas dentro e fora da célula, devido à migração das mesmas, essa diferença nos permite calcular o potencial zeta e a mobilidade eletroforética da amostra. Este processo só será possível em amostras cuja densidade da fase sólida supera consideravelmente a densidade da fase líquida, como no caso da alumina que tem densidade 3,96 g/cm3, enquanto a água tem densidade 1,0 g/cm3. Sendo assim, a ______________________________________________________________________ 50 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ variação da densidade de partículas na célula pode ser determinada através da diferença de peso desta. FIGURA 3.2 – Aparelho Analisador de Potencial Zeta da Micromeritics, em operação. FIGURA 3.3 – Partes componentes do reservatório e da célula, mostrando os eletrodos. Para suspensões aquosas, concentradas, de alumina verificou-se que valores de tempo em torno de 90s a 120s e correntes em torno de 0,016A a 0,02A produzem resultados satisfatórios de potencial zeta quando comparados com aqueles medidos pelo acustoforômetro ESA-8000 da MATEC. ______________________________________________________________________ 51 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 3.4.1.2 – ACUSTOFORÔMETRO ESA-8000 DA MATEC Este aparelho utiliza os seguintes fenômenos eletroacústicos para a determinação de potenciais zeta e mobilidades eletroforéticas: ESA: Electrokinetic Sonic Amplitude, quando um campo elétrico variável é aplicado a uma suspensão, as partículas irão se mover devido à existência de cargas elétricas em suas superfícies. O movimento das partículas será oscilatório devido à natureza do campo, portanto, a oscilação das partículas fará com que surjam ondas acústicas no líquido, devido à transferência de momento das partículas para o líquido. Esse efeito é chamado de ESA. ESA é a pressão gerada pelo colóide por unidade de campo e é medida, no Sistema Internacional, em unidade de pascal por volt por metro. CVP: Colloid Vibration Potential, quando um campo de pressão alternado é aplicado em uma suspensão, um efeito contrário ao ESA se faz presente e o líquido terá um movimento relativo às partículas, isso fará com que um campo elétrico alternado apareça. Esse efeito é chamado de UVP, Utrasonic Vibration Potential ou CVP. Alguns experimentos de potencial zeta utilizando o ESA-8000 foram realizados na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais. 3.5 – MEDIDAS DE VISCOSIDADE Ensaios de viscosidade isotérmicos (25ºC) e com variação da taxa de cisalhamento, foram realizados em viscosímetro Haake RV3, Figura 3.4. Este viscosímetro estava instalado em uma configuração dotada de forno elétrico com resistência de grafite e equipado de sistema com atmosfera controlada, destinado às medidas de viscosidade de materiais a alta temperatura (até 2000ºC), como vidros inorgânicos, aço, escória, etc, e por isso teve de ser adaptado para fluidos à temperatura ambiente [30]. Primeiramente, as viscosidades foram medidas no sentido decrescente de variação das taxas de cisalhamento. Ajustava-se o viscosímetro para fornecer a maior taxa de cisalhamento possível. Então, a suspensão se encontrava afinada pelo cisalhamento, isto, possivelmente conduzia a valores menores tanto de viscosidades quanto de tensões de cisalhamento em relação aos valores correspondentes no sentido crescente, em que a suspensão se encontrava espessada devido ao baixo cisalhamento. ______________________________________________________________________ 52 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Com isso pôde-se observar o fenômeno da histerese tanto nas curvas de viscosidade quanto nas curvas de tensões de cisalhamento. Percebeu-se, também, que existia uma relação entre o tamanho da área de histerese e o grau de estabilidade de cada suspensão, isto é, quanto maior a área de histerese, menor o grau de estabilidade da suspensão. FIGURA 3.4 – Sistema completo de medida do viscosímetro HAAKE RV 3. 3.6 – ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 De cada suspensão preparada era feita uma lâmina. Sobre uma lâmina de vidro depositava-se três gotas da suspensão igualmente espaçadas e apoiava-se uma lamínula também de vidro sobre elas, pressionando para baixo, em movimento de vaivém. Deixava-se estas lâminas em repouso para secarem. Posteriormente elas eram levadas ao “scanner HP” e obtinha-se um registro digitalizado do que foi observado. Este registro foi chamado de Estrutura Milimétrica uma vez que sua escala de tamanho era da ordem de milímetros. Para analisar as estruturas milimétricas observava-se as formas produzidas, áreas claras (alumina) e áreas escuras (água). Se a lâmina não apresentasse nem canalículos, nem “lagunas” era porque a suspensão original estava muito floculada. Caso apresentasse apenas “lagunas” era um sinal de que a suspensão estava bastante floculada, se apresentasse canalículos e “lagunas”, era porque sua suspensão estava moderadamente ______________________________________________________________________ 53 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ floculada e, finalmente, se apresentasse apenas canalículos abundantes, era porque a suspensão estava estável. 3.7 – MICROESTRUTURA DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 O estudo das microestruturas das suspensões foi desenvolvido com o auxílio do microscópio óptico Leica, com uma câmara fotográfica automática. Aqui, foram utilizadas as mesmas lâminas que deram origem às estruturas milimétricas. Estas foram levadas ao microscópio óptico e observadas em dois aumentos para se ter um maior número de informações possível. No microscópio óptico, procurou-se verificar o comportamento das suspensões dentro dos canalículos ou das “lagunas”, colhendo informações a respeito do estado de dispersão entre as partículas. Após um ajuste satisfatório do aparelho, um registro fotográfico era feito e posteriormente digitalizado, tinha-se uma microestrutura da suspensão. Neste trabalho são apresentadas, para cada suspensão, duas micrografias, sendo que normalmente aquela de maior aumento representa um detalhe da outra. Para analisar as microestruturas foi observado o aspecto da suspensão dentro dos canalículos ou das “lagunas” da seguinte forma: aspectos de partículas drenadas pela água mostravam que o material estava disperso e, portanto, a suspensão estava estável. Isto foi observado somente nas suspensões menos concentradas (40%v/v de Al2O3). Nas suspensões estáveis, com concentração acima de 40%, foram percebidos aspectos de gel. Qualquer outro aspecto mostrava que a suspensão estava instável. 3.8 – SINTERIZAÇÃO DOS PRODUTOS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 Após todos os ensaios com as suspensões, as mesmas foram vertidas em moldes de gesso e delas foram feitos cadinhos, discos e folhas cerâmicas. Os corpos “verdes” permaneceram, por 24 horas em uma estufa, à temperatura de 50ºC, posteriormente ficaram expostos à temperatura ambiente por aproximadamente duas semanas e após este tempo, foram sinterizados no forno AN 1600. Na sinterização, utilizou-se taxa de aquecimento/resfriamento de 4ºC/min até 1500ºC (temperatura da sinterização) em que os corpos permaneceram por 1 hora. ______________________________________________________________________ 54 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Após a sinterização foram feitos ensaios de densidade aparente no picnômetro de hélio. Este aparelho utiliza o gás hélio que, sobre pressão, penetra com facilidade em todos os poros da amostra, permitindo o cálculo do volume da mesma, a partir deste e da massa, obtemos a densidade aparente da amostra. ______________________________________________________________________ 55 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ CAPÍTULO 4 4 – RESULTADOS 4.1 – INTRODUÇÃO A estabilização de suspensões cerâmicas pode ser feita através da variação do pH destas suspensões, porém, nem sempre se consegue resultados eficientes, além das dificuldades de se manter fixo este pH e dos problemas envolvendo desgaste dos equipamentos industriais. Alterando as cargas de superfície das partículas através de reagentes químicos, três processos são capazes de estabilizar suspensões com resultados apreciáveis: (1) eletrostático, (2) estérico e (3) eletroestérico. No presente trabalho e especialmente em suspensões de Al2O3, verificou-se que o processo eletroestérico é o mais eficaz. Assim, adotou-se um dispersante com estas características. Os estudos de estabilidade das suspensões levaram em consideração as propriedades elétricas das partículas do pó cerâmico e as propriedades reológicas das suspensões, além da observação de estruturas milimétricas e micrométricas das mesmas e histerese nas curvas de viscosidade. Logo de início, percebeu-se que os parâmetros adotados para medidas de potencial zeta das suspensões diluídas não se aplicavam, com os mesmos êxitos, às suspensões concentradas. Correntes elétricas, resistência, tempos de ensaio, as próprias frações volumétricas, as concentrações de dispersante, de ligante e/ou plastificante influenciam consideravelmente nos resultados obtidos para uma e outra. Numa mesma concentração de Al2O3, quanto mais estável a suspensão, menores os seus valores de viscosidades e a curva ( η x d γ /dt), dos mesmos, assume posições inferiores. Uma forma de se avaliar a estabilidade da suspensão, baseada nos valores de viscosidade, foi realizar as medidas tanto no sentido crescente de taxas de cisalhamento (d γ /dt), quanto no sentido decrescente das mesmas. Verificou-se que suspensões floculadas apresentavam significativa histerese. O mesmo acontecia quando plotávamos as tensões em função das taxas de cisalhamento ( σ x d γ /dt). À medida que se aproximava da concentração ideal do dispersante, para uma dada suspensão, as curvas ______________________________________________________________________ 56 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ ( η x d γ /dt) apresentavam menores graus de histerese até, praticamente, se sobreporem uma à outra na concentração ideal do dispersante. Isto será mostrado mais adiante, no tópico “Viscosidades Dinâmicas das Suspensões”. 4.2 – A MATÉRIA-PRIMA ( α -Al2O3) 4.2.1 – CARACTERIZAÇÃO DA ALUMINA POR MEV Amostras de pó de alumina foram submetidas a ensaios de MEV, utilizando o equipamento modelo JEOL JSM-5510. As Figuras 4.1 e 4.2 apresentam aglomerados arredondados da alumina A1000SG como resultados dos ensaios. Estas micrografias revelam o estado floculado do pó, em dois aumentos. FIGURA 4.1 – Aglomerados arredondados de alumina A1000SG. ______________________________________________________________________ 57 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ FIGURA 4.2 – Aglomerados de alumina A1000SG. 4.3 – O POTENCIAL ZETA DAS SUSPENSÕES A Tabela 2.1 apresenta graus de estabilidade das suspensões em função das faixas de valores de potencial zeta. A Tabela 4.1 apresenta os valores de potencial zeta e as composições para cada suspensão estudada neste trabalho. A suspensão diluída com 1,0% de dispersante apresentou potencial zeta positivo. A suspensão bimodal 60% em volume de Al2O3 com 5% em volume de dispersante apresentou um valor de potencial zeta relativamente muito próximo de zero, porém, acredita-se que isso seja apenas uma questão de ajuste da concentração de dispersante. A suspensão bimodal 70% em volume de Al2O3 com 5% em volume de dispersante comportou-se como uma pasta, impossibilitando medidas de potencial zeta e viscosidades da mesma ou de se confeccionar lâmina para estudos de microestruturas e estruturas milimétricas. Na Tabela 4.1 pode-se observar os valores de potencial zeta em função da concentração de dispersante para as suspensões diluídas 5%v/v de Al2O3, sem dispersante e com 1,0%v/v de dispersante. ______________________________________________________________________ 58 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ As Figuras de 4.3 e 4.4 apresentam os resultados das medidas de potencial zeta para cada suspensão concentrada, cada concentração de Al2O3, em função das concentrações de dispersante. Conforme a Figura 4.3a, em 1,8% de dispersante, obteve-se o maior valor modular de potencial zeta e posteriormente os valores voltaram a cair. Isto indica que esta seria a suspensão mais estável da concentração 40% de Al2O3. Para as suspensões 45%, foram estimados valores de concentração de dispersante mais próximos do valor ideal, Figura 4.3b. Aqui, o maior valor modular de potencial zeta aconteceu na suspensão com 2,0% de dispersante, que seria a mais estável. Nas suspensões 50%, a concentração ótima de dispersante variou de 2,2 a 2,6%, de acordo com a Figura 4.4a, mostrando um patamar de estabilidade. As suspensões 55% apresentaram concentração ideal em 2,4% de dispersante, Figura 4.4b, mantendo a concentração ótima de dispersante em relação às suspensões anteriores. Nas suspensões 60% a concentração ótima de dispersante foi de 3,5%, Figura 4.4c, bem superior aos das suspensões 50% e 55%. Um resumo dos valores de potencial zeta de todas as suspensões é apresentado na Figura 4.5. ______________________________________________________________________ 59 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ TABELA 4.1 – Concentrações de alumina, de dispersante (Dispex A40), valores de potencial zeta ( ± 5mV) e pH, para cada suspensão estudada. Concentração de Alumina Suspensões A-1000SG (%v/v) Concentração Potencial Zeta (ζ) de pH (mV) Dispex (%v/v) 5 - -37,1 9,48 1,0 90,9 8,85 0,5 -20,7 9,82 0,6 -22,2 10,27 0,7 -39,7 10,08 0,8 -113,9* 9,76 0,9 -39,8 9,75 1,0 -39,4 9,70 1,2 -40,3 9,94 1,4 -41,8 10,06 1,6 -47,1 9,99 1,8 -62,0 9,39 2,0 -55,9 10,05 1,0 -8,0 10,24 1,5 -27,0 10,02 2,0 -31,7 9,94 2,5 -25,5 9,93 1,6 -12,2 10,14 1,8 -14,7 9,95 2,0 -21,0 10,03 2,2 -26,1 9,88 2,4 -25,6 9,92 2,6 -26,3 9,85 2,8 -16,9 10,04 3,0 -16,0 9,90 2,2 -19,2 10,12 2,4 -38,3 10,02 2,6 -18,6 10,01 3,0 -24,3 10,18 3,5 -53,0 9,93 5,0 -10,0 10,01 40 Bimodal (12% A-1000SG e 1,8 -36,6 9,32 -7,7 9,88 - - 40 45 50 55 60 28% A-3000FL, volume/volume) 60 Bimodal (18% A-1000SG e 5,0 42% A-3000FL, volume/volume) 70 Bimodal (21% A-1000SG e 5,0 49% A-3000FL, volume/volume) • valor atípico. ______________________________________________________________________ 60 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 0,4 0,9 1,4 0,5 1,9 -20 ζ (mV) ζ (mV) -30 -40 -50 -60 -70 1 1,5 2 2,5 3 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 -35 DispexA40(%v/v) DispexA40(%v/v) (a) (b) FIGURA 4.3 – Valores de potencial zeta em função da concentração do dispersante para as suspensões (a) 40% e (b) 45% em volume de Al2O3. As suspensões com 40% em volume de Al2O3 foram as que apresentaram os maiores valores de potencial zeta, com relação à estabilização. A Figura 4.3a apresenta um patamar de estabilidade que vai de 0,7% a 1,4% de Dispex A40 com um pico ótimo em 1,8%. Porém sabe-se que quanto maior a concentração de sólidos nas suspensões, melhor é o desempenho do produto final: menor o grau de contração à verde e após sinterização, maior resistência a verde, menores efeitos de empenamento nas folhas coladas, etc. A Figura 4.3b mostra que o pico ótimo de estabilidade da suspensão 45% em volume de Al2O3 aconteceu em 2,0% de Dispex A40. Para a suspensão 50%, o pico ótimo aconteceu em 2,4% do dispersante, repetindo o valor para a suspensão 55%. A suspensão 60% obteve seu valor ótimo em 3,4% do dispersante. Percebe-se que quanto maior a concentração de sólidos na suspensão, maior a quantidade de dispersante necessária para sua estabilização. A Tabela 4.1 apresenta os valores de potencial zeta de todas as suspensões e revela valores significativos para as suspensões com 55% e 60% em volume de Al2O3. As suspensões 60% em volume de sólidos, de um modo geral, apresentaram viscosidades muito altas, comportamento dilatante em mudanças bruscas de taxas de cisalhamento e dificuldade significativa de se molhar o pó da alumina. Estes agravantes limitariam o uso dessa suspensão em processos com colagem de folhas cerâmicas e colagem de barbotinas cerâmicas. As suspensões 55% em volume de sólidos apresentaram bons valores de potencial zeta. ______________________________________________________________________ 61 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Suspensões 50% em volume, de um modo geral, apresentaram valores de potencial zeta relativamente baixos o que dificultaria uma análise de estabilidade dessas suspensões apenas pelas propriedades elétricas. A suspensão bimodal (com 30%v/v de alumina A1000SG e 70%v/v de A3000FL), 70% em volume de sólidos, era uma pasta e não se podia medir tanto potencial zeta quanto viscosidades. Seu comportamento visco-elástico está registrado na Figura 4.39. O objetivo de produzir essa suspensão era verificar os efeitos de empacotamento numa suspensão bastante concentrada, onde partículas da fração fina se acomodariam nos interstícios deixados pelas partículas da fração grossa, assim foram utilizadas as aluminas citadas acima cujos tamanhos médios (Alcoa) são respectivamente 0,4 µ m e 2,8 µ m, diferença considerável para o propósito desejado. Da mesma forma, foram preparadas suspensões 40% e 60% em caráter bimodal, mas seus potenciais zeta, para as concentrações de dispersante utilizadas (1,8 e 5,0%v/v, respectivamente), foram relativamente baixo, justificando um novo ajuste na concentração do dispersante utilizado. 1,4 1,6 1,8 2 2,2 2,4 2,6 2,8 3 2,1 3,2 -10 ζ (mV) ζ (mV) -15 -20 -25 -30 2,2 2,3 (a) 3 3,5 4 2,5 2,6 2,7 Dispex (%v/v) Dispex (%v/v) 2,5 2,4 0 -5 -10 -15 -20 -25 -30 -35 -40 -45 (b) 4,5 5 5,5 -5 FIGURA 4.4 – Medidas de potencial zeta em função da ζ (mV) -15 -25 concentração -35 para as suspensões (a) 50%; (b) -45 55%; e (c) 60% em volume de -55 de dispersante Al2O3. Dispex (%v/v) (c) ______________________________________________________________________ 62 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.3.1 – POTENCIAL ZETA: RESUMO A Figura 4.5 apresenta as curvas de potencial zeta em função da concentração de dispersante para todas as suspensões estudadas, a título de comparação entre elas. A suspensão 60% de Al2O3, embora seja a mais concentrada, apresentou uma média de ζ (mV) valores de potencial zeta razoável, aparentemente. 100 80 60 40 20 0 -20 -40 -60 -80 0 1 2 5% Al2O3 40% Al2O3 45% Al2O3 50% Al2O3 55% Al2O3 60% Al2O3 3 4 5 6 Dispex A40 (% v/v) FIGURA 4.5 – Potenciais zeta em função da concentração de dispersante para todas as suspensões estudadas. O objetivo maior dos fabricantes de peças cerâmicas, a partir de suspensões cerâmicas, é obter uma suspensão mais concentrada possível e ainda assim, dispersa o suficiente para gerar peças com qualidade confiável, de acordo com as exigências de seus usos posteriores. Observando a Figura 4.5, podemos dizer que a suspensão 40%v/v de Al2O3 apresentou valores ótimos de potencial zeta, mas sua concentração de sólidos é baixa para a colagem de folhas. 4.4 – MEDIDAS DE VISCOSIDADES DINÂMICAS As Figuras de 4.6 a 4.38 apresentam as medidas reológicas de viscosidades dinâmicas (a) e tensões de cisalhamento (b), em função da taxa de cisalhamento, realizadas em cada suspensão estudada neste trabalho. As tensões relacionam a quantidade de energia envolvida nos processos, necessária para fazer fluir as suspensões. ______________________________________________________________________ 63 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.4.1 – SUSPENSÃO DILUÍDA (5% EM VOLUME DE Al2O3) 5,0 60 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 50 3,0 σ (Pa) η (Pa.s) 4,0 2,0 40 30 1,0 0,0 20 1 10 -1 100 1000 1 10 dγ/dt (s ) (a) −1 dγ/dt(s ) 100 1000 (b) FIGURA 4.6 – (a) medidas reológicas de viscosidades dinâmicas e (b) medidas de tensão versus taxa de cisalhamento, realizadas numa suspensão diluída 5%v/v de Al2O3, isenta de dispersante. 15 50 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa 40 Sentido crescente de taxa η (Pa.s) σ (Pa) 10 5 30 20 10 0 0 1 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 10 100 1000 −1 dγ/dt(s ) (a) (b) FIGURA 4.7 – (a) medidas reológicas de viscosidades dinâmicas e (b) medidas de tensão versus taxa de cisalhamento, com 1,0%v/v de dispex A40. Tanto na Figura 4.6 quanto na Figura 4.7, ou seja, com ou sem dispersante, podemos observar que as curvas ( η x d γ /dt) praticamente não apresentaram histerese, o que indica que ambas as suspensões estariam satisfatoriamente defloculadas. 4.4.2 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (40% EM VOLUME DE Al2O3) As Figuras de 4.8 a 4.18 mostram as curvas de viscosidades dinâmicas e de tensões de cisalhamento para as suspensões 40%. Em todas as suspensões observa-se que os valores de viscosidades e tensões no sentido decrescente são inferiores aos seus correspondentes no sentido crescente. ______________________________________________________________________ 64 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A Figura 4.8a que apresenta as viscosidades dinâmicas da suspensão 40% em volume de Al2O3 com 0,5% em volume de dispersante, suspensão 40A, revela uma suspensão com viscosidade bem inferior àquela da suspensão 40B, Figura 4.9a. Suas tensões de cisalhamento também foram bem inferiores, Figura 4.9b. Na suspensão 40C, a viscosidade resultou em valores intermediários aos ocorridos nas suspensões 40A e 40B, porém as tensões de cisalhamento foram bem inferiores às da suspensão 40A. A suspensão 40D mostrou redução tanto na viscosidade quanto na tensão em relação à suspensão 40C. Houve um ligeiro decréscimo nos valores de viscosidade e de tensões ao passar da suspensão 40D para a suspensão 40E. Da suspensão 40E para a suspensão 40F, podemos observar uma redução significativa nas viscosidades e nas tensões de cisalhamento. Na suspensão 40G, embora as viscosidades tenham aumentado ligeiramente em relação à suspensão 40F, as tensões praticamente se mantiveram constantes. A suspensão 40H teve suas viscosidades ligeiramente aumentadas, porém seus valores de tensões aumentaram significativamente. Ao observarmos a suspensão 40I, em relação à antecedente, 40H, deparamos com uma redução considerável tanto na viscosidade quanto na tensão de cisalhamento. Na primeira, as curvas de viscosidades quase se sobrepõem, enquanto que na segunda, as tensões se mantêm constantes numa larga faixa de taxas de cisalhamento. Podemos observar alguma redução nos valores de viscosidades, embora os valores de tensões de cisalhamento permaneceram praticamente constantes, ao passarmos da suspensão 40I para a 40L. As curvas, tanto de viscosidades quanto de tensões, praticamente coincidiram e por uma larga faixa de valores de taxa de cisalhamento, os valores de tensões permaneceram constantes. A suspensão 40L foi a que apresentou os menores valores de viscosidades. Ao observarmos a suspensão 40M percebemos um aumento nos valores da mesma, em comparação com os valores da 40L e um aumento bem superior nos valores de tensões de uma para a outra. As curvas já não coincidem tanto, quanto na suspensão anterior, 40L. ______________________________________________________________________ 65 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.4.2.1 – HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E DE TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 40% v/v DE Al2O3 Ao se realizar os ensaios de viscosidades dinâmicas nas suspensões de Al2O3 em dois sentidos de variação das taxas de cisalhamento, verificou-se que, na maioria das suspensões, as curvas tanto de viscosidades quanto de tensões de cisalhamento apresentavam histereses, ou seja, os valores num sentido não coincidiam com os seus correspondentes no outro sentido. As histereses se mostraram mais visíveis nas curvas de tensões de cisalhamento do que nas de viscosidades. Tanto a suspensão 40A, quanto a suspensão 40C, apresentaram menor histerese que a suspensão 40B. A suspensão 40D apresentou histerese semelhante àquela da suspensão 40B, ou seja, ligeiramente maior que as histereses das suspensões 40A e 40B. Ao passar para a suspensão 40E, praticamente não se pode observar histerese nas curvas de viscosidade e as curvas de tensões de cisalhamento mostraram redução na área de histerese. A suspensão 40F revela, tanto nas viscosidades quanto nas tensões, aumento nas áreas de histerese que voltam a diminuir na suspensão seguinte, 40G, e cai progressivamente até a suspensão 40L, onde praticamente na pode perceber histereses, as curvas se sobrepõem. Na suspensão 40M alguma histerese começa a surgir novamente. ______________________________________________________________________ 66 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 300 2,5 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 2,0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 250 η( Pa.s) σ(Pa) 200 1,5 150 100 1,0 50 0,5 0 0,0 1 1 10 -1 dγ/dt (s ) 100 10 1000 100 1000 -1 dγ/dt(s ) (a) (b) FIGURA 4.8 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões em função da variação de taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% de Al2O3 e 0,5% 35 440 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 30 25 20 σ (Pa) η (Pa.s) Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 390 15 340 290 10 240 5 190 140 0 1 10 100 1000 1 10 -1 100 1000 -1 dγ/dt (s ) dγ/dt(s ) (a) (b) FIGURA 4.9 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em volume de Al2O3 e 0,6% em volume de dispersante, suspensão 40B. 18 Sentido decrescente de taxa 15 Sentido crescente de taxa 100 σ(Pa) 12 η (Pa.s) Sentido decrescente de taxa 110 Sentido crescente de taxa 9 90 6 80 3 0 70 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1 1000 10 100 1000 -1 dγ/dt(s ) (a) (b) FIGURA 4.10 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função das taxas de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em volume de Al2O3 e 0,7% em volume de dispersante, suspensão 40C. ______________________________________________________________________ 67 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 14 110 Sentido decrescente de taxa 10 Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentidocrescentedetaxa 95 8 σ(Pa) η (Pa.s) 12 6 4 80 65 2 0 50 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 1 10 -1 dγ/dt(s ) 100 1000 (a) (b) FIGURA 4.11 – Variações de (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em volume de Al2O3 e 0,8% de dispersante, suspensão 40D. 100 16 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 14 σ(Pa) η (Pa.s) 12 10 8 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 90 80 70 6 4 60 2 50 0 1 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 10 100 1000 -1 dγ/dt(s ) (a) (b) FIGURA 4.12 – Variações de (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento, medidas na suspensão 40% em volume de Al2O3 e 0,9% em volume de dispersante, suspensão 40E. 60 4,0 η (Pa.s) 3,0 2,0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 50 40 σ (Pa) Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 30 20 1,0 10 0,0 0 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 1 (a) 10 100 dγ/dt(s−1 ) 1000 (b) FIGURA 4.13 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento versus taxa de cisalhamento, para a suspensão 40% em volume de Al2O3 e 1,0% em ______________________________________________________________________ 68 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 55 45 σ (Pa) η (Pa.s) REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 35 25 15 5 1 10 100 dγ /dt (s -1 ) 1 1000 10 dγ/ dt( s -1 ) 100 1000 (a) (b) FIGURA 4.14 – Medidas de (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de 80 5,5 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 70 60 σ (Pa) η (Pa.s) cisalhamento em função das taxas de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% 50 40 30 20 1 10 100 dγ /dt (s -1 ) 1 1000 10 100 1000 dγ /dt( s -1 ) (a) (b) FIGURA 4.15 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa η (Pa.s) 2,0 1,5 1,0 35 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 30 25 σ(Pa) 2,5 0,5 20 15 10 0,0 5 1 10 100 dγ/dt (s-1) 1000 1 (a) 10 -1 dγ/dt(s ) 100 1000 (b) FIGURA 4.16 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em volume de Al2O3 e 1,6% em volume de dispersante, suspensão 40I. ______________________________________________________________________ 69 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa η (Pa.s) 1,0 0,8 0,6 0,4 σ (Pa) 1,2 0,2 0,0 1 10 100 ) dγ/dt (s 35 30 25 20 15 10 5 0 1000 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 1 -1 10 100 dγ/dt(σ −1 ) 1000 (a) (b) FIGURA 4.17 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em volume de 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 145 Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 110 σ(Pa) η (Pa.s) Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 75 40 5 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 1 (a) 10 dγ/dt(s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.18 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento em função da taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 40% em volume de Al2O3 e 2,0% em volume de dispersante, suspensão 40M. 4.4.3 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (45% EM VOLUME DE Al2O3) As Figuras de 4.19 a 4.22 apresentam as curvas de viscosidades dinâmicas e tensões de cisalhamento em função das taxas de cisalhamento e viscosidades e tensões teóricas críticas, para as suspensões 45%. A Figura 4.19, suspensão 45F, revela ser esta, a suspensão mais viscosa, com os maiores valores de viscosidades e tensões. A suspensão seguinte, 45J, mostra uma redução bastante acentuada tanto nos valores de viscosidades quanto nos valores de tensões de cisalhamento. ______________________________________________________________________ 70 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Houve um ínfimo aumento nas viscosidades e tensões que praticamente permaneceram constantes ao passar da suspensão 45J para a suspensão 45M. Pode-se perceber uma redução maior tanto nos valores de viscosidades quanto nos valores de tensão, quando se vai da suspensão 45M para suspensão 45P. 4.4.3.1 – HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 45%v/v DE Al2O3 As curvas de viscosidades da suspensão 45F apresentaram menor área de histerese do que as curvas de viscosidades da suspensão 45J. O mesmo aconteceu com as curvas de tensão de cisalhamento. Houve uma inversão nos valores de tensão relativos às taxas de cisalhamento mais baixas, na suspensão 45F. Tanto nas curvas de viscosidades quanto nas curvas de tensões, as áreas de histerese diminuíram ao passar da suspensão 45J para a suspensão 45M. Enquanto as curvas de tensões praticamente mantiveram constantes seus valores de histerese ao passar da suspensão 45M para a suspensão 45P, as curvas de viscosidades apresentaram aumento em suas áreas de histerese. 240 20 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 10 5 180 σ (Pa) η (Pa.s) 15 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 210 150 120 90 0 60 1 10 100 dγ/dt (s-1) 1000 1 10 100 dγ /dt(s -1 ) 1000 (a) (b) FIGURA 4.19 – (a) medidas de tensões; e de (b) viscosidades dinâmicas versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 45% em volume de Al2O3 e 1,0% em volume de dispersante, suspensão 45F. ______________________________________________________________________ 71 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa σ(Pa) η (Pa.s) Sentidocrescentedetaxa Sentidodecrescentedetaxa 1 10 100 dγ/dt (s-1) 1 1000 10 (a) dγ/dt(s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.20 – (a) medidas de tensões; de (b) viscosidades dinâmicas versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 45% em volume de Al2O3 e 1,5% em 80 70 60 50 6,0 Sentido decrescente de taxa 5,0 Sentido crescente de taxa Sentido crescente de taxa σ(Pa) η (Pa.s) 4,0 Sentido decrescente de taxa 3,0 40 30 20 10 0 2,0 1,0 0,0 1 10 100 -1 dγ/dt (s ) 1000 1 10 -1 100 1000 dγ/dt(s ) (a) (b) FIGURA 4.21 – (a) medidas de tensões; de (b) viscosidades dinâmicas versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 45% em volume de Al2O3 e 2,0% em volume de dispersante, suspensão 45. 1,2 70 η (Pa.s) 0,8 0,6 60 Sentido crescente de taxa 40 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 50 σ(Pa) 1,0 Sentido decrescente de taxa 30 0,4 20 0,2 10 0 0,0 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1 1000 (a) 10 dγ/dt(s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.22 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões de cisalhamento versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 45% em volume de Al2O3 e 2,5% em volume de dispersante, suspensão 45P. ______________________________________________________________________ 72 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.4.4 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (50% EM VOLUME DE Al2O3) As Figuras de 4.23 a 4.30 apresentaram as curvas de viscosidades, tensões de cisalhamento em função das taxas de cisalhamento e viscosidades e tensões teóricas críticas. A Figura 4.23, suspensão 50I, apresentou valores de viscosidades idênticos aos da suspensão seguinte, 50L, porém os valores de tensões foram bem superiores. Da suspensão 50L para a suspensão 50M podemos perceber uma redução visível tanto nas viscosidades quanto nas tensões. Uma nova redução nos valores de viscosidades e de tensões pode também ser observada ao passar da suspensão 50M para a suspensão 50N. Esta última foi a suspensão que obteve os menores valores de viscosidades. As viscosidades da suspensão 50O aumentaram para valores semelhantes àqueles da suspensão 50M e se mantiveram constantes nas suspensões 50Q e 50R, enquanto as tensões tiveram pequenas oscilações até a suspensão 50R. A suspensão 50S teve um aumento visível nos valores de viscosidades em relação à suspensão 50R, mas suas tensões praticamente permaneceram constantes. 4.4.4.1 – HISTERESES NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 50%v/v DE Al2O3 A suspensão 50I apresentou maior área de histerese que a sua sucessora, suspensão 50L, tanto nas curvas de viscosidades quanto nas curvas de tensão. A suspensão 50M mostrou aumento na área de histerese da curva de viscosidades, em relação à suspensão 50L, mas a curva de tensões, ao contrário, mostrou diminuição de histerese. Para a suspensão 50N, a área de histerese das curvas de tensões se manteve constante, em relação à área de histerese das mesmas curvas, na suspensão 50M, mas a área de histerese das curvas de viscosidades reduziu. Estas últimas curvas apresentaram inversão de valores em baixas taxas de cisalhamento. Na suspensão 50O, a área de histerese das curvas de viscosidades reduziu, enquanto a área de histerese das curvas de tensões se manteve constante, em relação à suspensão 50N. Da suspensão 50O para a suspensão 50Q tanto a área de histerese das curvas de viscosidades quanto a área das curvas de tensões permaneceram constantes. Da suspensão 50Q para a 50R pode-se observar ligeiro aumento nas áreas de histerese tanto das curvas de viscosidades quanto ______________________________________________________________________ 73 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ das curvas de tensões, que voltam a cair para valores semelhantes aos da suspensão 50Q, na suspensão 50S. 200 2,5 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de Taxa 160 1,5 σ (Pa) η (Pa.s) Sentido decrescente de Taxa Sentido crescente de taxa 2,0 1,0 120 80 0,5 40 0,0 1 10 100 0 1000 1 -1 dγ/dt (s ) 10 (a) dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.23 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento e (c) tensão crítica, realizadas na suspensão 50% em volume de Al2O3 e 1,6% em volume de dispersante, suspensão 50I. 150 0,8 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa 120 σ (Pa) η (Pa.s) 0,6 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 0,4 90 60 0,2 30 0,0 0 1 10 dγ/dt (s ) -1 100 1000 1 10 -1 100 1000 dγ/dt (s ) (a) (b) FIGURA 4.24 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento e (c) tensão crítica, realizadas na suspensão 50% em volume de Al2O3 e 1,8% em volume de dispersante, suspensão 50L. 2,5 Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 90 σ (Pa) 2,0 η (Pa.s) 120 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 1,5 1,0 60 30 0,5 0 0,0 1 10 -1 dγ/dt (s ) 100 1000 (a) 1 10 -1 100 1000 dγ/dt (s ) (b) FIGURA 4.25 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 50% em volume de Al2O3 e 2,0% em volume de dispersante, suspensão 50M. ______________________________________________________________________ 74 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 90 75 60 45 30 15 0 0,4 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa σ (Pa) η (Pa.s) 0,3 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa 0,2 0,1 0,0 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 1 10 dγ/dt(s-1) 100 1000 (b) (a) FIGURA 4.26 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, para a suspensão 50% em volume de Al2O3 e 2,2% em volume de dispersante, suspensão 50N. 1,0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 60 45 0,6 σ (Pa) η (Pa.s) 0,8 0,4 30 0,2 15 0,0 1 10 100 0 1000 1 dγ/dt (s-1) 10 (a) dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.27 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 50% em volume de Al2O3 e 2,4% em volume de dispersante, suspensão 50O. 1,0 75 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 60 η (Pa.s) 0,8 σ (Pa) 0,6 45 0,4 30 0,2 15 0,0 0 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 (a) 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.28 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, para a suspensão 50% em volume de Al2O3 e 2,6% em volume de dispersante, suspensão 50Q. ______________________________________________________________________ 75 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 1,75 1,50 1,25 1,00 0,75 0,50 0,25 0,00 σ (Pa) η (Pa.s) Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 1 10 100 -1 1000 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 1 dγ/dt (s ) 10 (a) dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.29 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, para a suspensão 50% em volume de Al2O3 e 2,8% em volume de dispersante, suspensão 50R. 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1,0 Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 0,6 Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa σ (Pa) η (Pa.s) 0,8 0,4 0,2 0,0 1 10 dγ/dt (s ) -1 100 1000 1 (a) 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.30 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, para a suspensão 50% em volume de Al2O3 e 3,0% em volume de dispersante, suspensão 50S. 4.4.5 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (55% EM VOLUME DE Al2O3) As Figuras de 4.31 a 4.33 apresentam viscosidades dinâmicas e tensões de cisalhamento em função das taxas de cisalhamento e viscosidades teóricas e tensões teóricas das suspensões 55%v/v de Al2O3. Nesta série de suspensões a suspensão inicial, 55N, teve seus valores de viscosidades e de tensões inferiores aos de sua sucessora, 55O. A última suspensão, 55Q, foi a que obteve os menores valores tanto de viscosidades quanto de tensões. ______________________________________________________________________ 76 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.4.5.1 – HISTERESES NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 55%v/v DE Al2O3 Da primeira para a segunda suspensão, ou seja, da suspensão 55N para a 55O, as áreas de histerese tanto nas curvas de viscosidades quanto nas curvas de tensões tiveram redução de valores. Estes últimos valores aumentaram ao passar da suspensão 55O para a suspensão 55Q, mas não alcançaram os valores da suspensão 55N. 1,2 80 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 60 0,8 σ (Pa) η (Pa.s) 1,0 0,6 40 0,4 20 0,2 0,0 0 1 10 100 1000 1 -1 10 dγ/dt (s ) (a) dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.31 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento para a suspensão 55% em volume de Al2O3 e 2,2% em volume de dispersante, suspensão 55N. 2,8 100 Sentido decrescente de taxa 2,4 Sentido crescente de taxa σ (Pa) η (Pa.s) 2,0 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 80 1,6 1,2 60 40 0,8 20 0,4 0,0 0 1 10 -1 100 1000 dγ/dt (s ) (a) 1 10 dγ/dt (s-1) 100 1000 (b) FIGURA 4.32 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 55% em volume de Al2O3 e 2,4% em volume de dispersante, suspensão 55O. ______________________________________________________________________ 77 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 64 1,2 Sentido decrescente de taxa 54 Sentido crescente de taxa 44 σ (Pa) η (Pa.s) 0,9 0,6 34 0,3 24 Sentido decrescente de taxa 14 0,0 0 100 200 300 400 500 Sentido crescente de taxa 4 0 -1 dγ/dt (s ) 100 (a) 200 300 dγ /dt (s-1) 400 500 (b) Figura 4.33 - (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, medidas na suspensão 55% em volume de Al2O3 e 2,6% em volume de dispersante, suspensão 55Q. 4.4.6 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (60% EM VOLUME DE Al2O3) As Figuras 4.34 a 4.36 apresentam viscosidades dinâmicas e tensões de cisalhamento em função das taxas de cisalhamento e tensões teóricas críticas para as suspensões com 60%v/v de Al2O3. A suspensão 60S, primeira desta série, apresentou valores de viscosidades superiores aos da sua sucessora, 60T, mas seus valores de tensão foram inferiores aos dela. Esta suspensão mostrou algum comportamento dilatante em sua curva de viscosidade no sentido crescente de taxa. A suspensão 60U, última desta série, foi a que apresentou os maiores valores de viscosidades e de tensões. 4.4.6.1 – HISTERESES NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES 60%v/v DE Al2O3 Quanto às histereses, a suspensão 60S, primeira, foi a que apresentou a maior área de histerese, tanto nas curvas de viscosidades quanto nas curvas de tensões, seguida da suspensão 60U e, por último, da suspensão 60T. ______________________________________________________________________ 78 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 50 40 Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa σ (Pa) η (Pa.s) 40 35 30 25 20 15 10 5 30 20 Sentidodecrescente de taxa Sentidocrescente de taxa 0,1 10 1 dγ/dt (s-1) 0,1 10 1 (a) -1 dγ/dt (s ) 10 (b) FIGURA 4.34 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, medidas na suspensão 60% em volume de Al2O3 e 3,0% em volume de dispersante, suspensão 60S. 18 Sentidodecrescentedetaxa 50 Sentidocrescentedetaxa 40 12 30 9 6 20 3 10 0,1 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa σ (Pa) η (Pa.s) 15 1 dγ/dt (s-1) 10 0,1 100 (a) 1 dγ/dt (s-1) 10 100 (b) FIGURA 4.35 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento, realizadas na suspensão 60% em volume de Al2O3 e 3,5% em volume de dispersante, suspensão 60T. 80 70 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa 60 50 50 35 40 20 30 5 0,1 Sentidodecrescentedetaxa Sentidocrescentedetaxa σ (Pa) η (Pa.s) 65 1 dγ/dt (s ) -1 10 1 dγ/dt (s-1) 0,1 (a) 10 (b) FIGURA 4.36 – (a) viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento e (c) tensão crítica, realizadas na suspensão 60% em volume de Al2O3 e 5,0% em volume de dispersante, suspensão 60U. ______________________________________________________________________ 79 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.4.7 – SUSPENSÕES CONCENTRADAS BIMODAIS A Figura 4.37 apresenta os resultados de viscosidades da suspensão 40Ub, suspensão bimodal, nos quais se pode perceber o quanto a viscosidade decaiu com esse processo que acomodou 12%v/v de alumina de φ m = 0,4 µ m (A1000SG) nos interstícios de 28%v/v de alumina de φ m = 2,8 µ m (A3000FL), embora seu potencial zeta (-36,6 mV), tenha resultado num valor absoluto bem mais baixo em relação à suspensão correspondente monomodal (-62,0 mV), Tabela 4.1. A Figura 4.38 apresenta os resultados de viscosidades da suspensão 60Ub, bimodal. Aqui a viscosidade também foi menor que a viscosidade da sua correspondente monomodal, mais o potencial zeta aproximou-se de zero, Tabela 4.1. Pode-se notar, também, uma maior área de histerese na sua curva ( η x d γ /dt), mostrando que ainda é possível alcançar viscosidades menores. 4.4.7.1 - HISTERESES NAS CURVAS DE VISCOSIDADES E TENSÕES DE CISALHAMENTO DAS SUSPENSÕES BIMODAIS 40% E 60%v/v DE Al2O3 A suspensão bimodal 40%v/v de Al2O3 com 1,8%v/v de Dispex A40 apresentou área de histerese em suas curvas de viscosidade e tensão de cisalhamento, ao passo que sua correspondente, monomodal, praticamente não apresentou qualquer histerese. A suspensão bimodal 60%v/v de Al2O3 com 5,0%v/v de Dispex A40, quando comparada à sua correspondente monomodal, apresentou menor área de histerese. ______________________________________________________________________ 80 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 25 0,14 Sent ido decres cent e de t axa Sent ido cres cent e de t axa 0,12 Sen tid o d ecres cen te d e taxa 20 (Pa) (Pa.s) 0,10 0,08 Sen tid o cres cen te d e taxa 15 10 0,06 5 0,04 0 0,02 1 10 -1 d γ /dt (s ) 100 1 1000 10 -1 100 1000 dγ /dt (s ) (a) (b) FIGURA 4.37 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas; (b) tensões versus taxa de cisalhamento; (c) tensão crítica, realizadas numa suspensão bimodal 40% (28% de alumina A3000FL, Φ m = 2,8 µ m e 12% de alumina A1000SG, Φ m = 0,4 µ m) e 1,8%v/v de dispersante, suspensão 40Ub. 4,0 100 Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa Sentido decrescente de taxa Sentido crescente de taxa 80 η (Pa.s) 3,5 σ (Pa) 3,0 2,5 2,0 60 40 20 1,5 0 1 10 dγ/dt (s ) -1 100 (a) 1 10 dγ/dt (s-1) 100 (b) FIGURA 4.38 – (a) medidas de viscosidades dinâmicas e (b) tensões versus taxa de cisalhamento e (c) tensão crítica, realizadas numa suspensão bimodal 60% (42% de alumina A3000FL, Φ m = 2,8 µ m e 18% de alumina A1000SG, Φ m = 0,4 µ m) e 5,0% v/v de dispersante, suspensão 60Ub. 4.4.8 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (70% EM VOLUME DE Al2O3) Uma suspensão concentrada 70% em volume de Al2O3 e 5,0% em volume de dispersante ainda foi possível. Porém, foi impossível medir o potencial zeta, a viscosidade e fazer lâminas com a mesma. A Figura 4.39 mostra seu comportamento visco-elástico. As exposições foram feitas no intervalo de tempo aproximado de 2s. ______________________________________________________________________ 81 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ (a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (i) FIGURA 4.39 – Suspensão 70% em volume de Al2O3 e 5,0% em volume de dispersante, mostrando sua viscoelasticidade. 2s entre cada exposição, aproximadamente. ______________________________________________________________________ 82 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.5 – ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 Após fazer as primeiras lâminas de suspensões diluídas, as mesmas foram deixadas em repouso até que se pudessem realizar os estudos de microscopia óptica. Verificou-se, então, que algumas lâminas apresentavam inúmeros canalículos de água, outras apenas “lagunas” (pontos escuros, arredondados) e outras, nem uma coisa nem outra. Observou-se que quando a lâmina apresentava muitos canalículos a suspensão original tinha partículas dispersas e muita água livre para fluir, carreando estas partículas. Porém, quando a lâmina apresentava apenas “lagunas”, a suspensão original tinha estruturas floculadas, contendo muita água aprisionada nos flocos, e assim, além de poucas partículas dispersas, também apresentava pouca água livre para fluir e formar os canalículos. As lâminas isentas de canalículos e “lagunas”, originavam de suspensões que estavam totalmente floculadas. Daí nasceu a idéia de se fazer registros de varreduras das lâminas com um equipamento scanner (estruturas milimétricas) e utilizálos como um parâmetro de avaliação da estabilidade das suspensões. A Figura 4.40 mostra um esquema de como analisar uma estrutura milimétrica. Na Figura 4.40a a água livre é facilmente drenada para pontos de menor potencial sobre a lâmina, pois as partículas estão dispersas e por isso são facilmente carreadas por ela sem oferecer resistência, como num terreno drenante, suspensão estável. FIGURA 4.40 – (a) modelo de uma estrutura milimétrica de uma suspensão estável (defloculada); (b) modelo de uma estrutura milimétrica de uma suspensão pouco estável; (c) modelo de uma estrutura milimétrica de uma suspensão floculada. Na Figura 4.40b a água livre é muito pouca, e as partículas dispersas também, por isso não há formação de canalículos, pois a maior parte da água está aprisionada nos flocos ______________________________________________________________________ 83 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ abundantes, apenas se pode ver “lagunas” de água com algum material disperso. Na Figura 4.40c toda água está aprisionada em flocos e a suspensão é totalmente floculada, como num terreno impermeável. A Figura 4.41a apresenta uma estrutura milimétrica de uma suspensão diluída (5%v/v de Al2O3). Aqui se pode observar a presença abundante de canalículos, mostrando que embora a suspensão esteja isenta de dispersante, ela está bastante dispersa. A água flui igualmente por todos os pontos da lâmina. Na Figura 4.41b parece ter havido alguma ocorrência de floculação, apesar da adição do dispersante, Dispex A40. (a) (b) FIGURA 4.41 – (a) estrutura milimétrica da suspensão diluída 5%v/v de Al2O3, sem Dispex A40; (b) estrutura milimétrica da suspensão diluída 5% v/v de Al2O3, com 1,0%v/v de Dispex A40. A Figura 4.42 mostra as estruturas milimétricas de uma suspensão com 40%v/v de Al2O3 e (a) 0,5 %v/v de Dispex A40, sem canalículos, apenas lagunas disseminadas, suspensão muito floculada; (b) 1,6%v/v de Dispex A40 que apresentou abundante número de canalículos e, baseado no que foi proposto, seria uma suspensão dispersa. (a) (b) FIGURA 4.42 – estruturas milimétricas de uma suspensão 40%v/v de Al2O3, com: (a) 0,5%v/v de Dispex A40, sem canalículos e (b) 1,6%v/v de Dispex A40, rica em canalículos, mostrando que se não for a mais estável, está próxima dela. ______________________________________________________________________ 84 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A Figura 4.43 apresenta todas as estruturas milimétricas de todas as suspensões com 40%v/v de Al2O3, em função das concentrações de dispersante Dispex A40. 0,5% Dispex A40 0,6% Dispex A40 0,7% Dispex A40 0,8% Dispex A40 1,0% Dispex A40 1,2% Dispex A40 1,4% Dispex A40 1,6% Dispex A40 1,8% Dispex A40 2,0 Dispex A40 FIGURA 4.43 – estruturas milimétricas das suspensões 40%v/v de Al2O3. ______________________________________________________________________ 85 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Ao observarmos a Figura 4.3a, verificamos uma queda repentina nos valores de potencial zeta a partir da dosagem 0,7% de Dispex A40, formando um patamar de valores constantes até a dosagem 1,2% de Dispex A40. Nos limites deste patamar as estruturas milimétricas apresentaram abundância de canalículos, Figura 4.43, o que nos leva a crer que existe uma relação entre variações bruscas nos valores de potencial zeta e número de canalículos. A Figura 4.44 relaciona todas as estruturas milimétricas de todas as suspensões com 45%v/v de Al2O3, em função das concentrações de dispersante Dispex A40. 1,0% Dispex A40 2,0% Dispex A40 FIGURA 4.44 – relação das estruturas milimétricas das suspensões com 45%v/v de Al2O3. 2,5% Dispex A40 Apenas pela análise de estruturas milimétricas, poderíamos afirmar que a suspensão 45% em volume de Al2O3, com 2,0% em volume de Dispex A40 seria a mais estável por apresentar um maior número de canalículos distribuídos sobre sua lâmina. ______________________________________________________________________ 86 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Na Figura 4.45 são apresentadas todas as estruturas milimétricas de todas as suspensões com 50%v/v de Al2O3, em função das concentrações de dispersante Dispex A40. 1,6% Dispex A40 1,8% Dispex A40 2,0% Dispex A40 2,2% Dispex A40 2,4% Dispex A40 2,6% Dispex A40 2,8% Dispex A40 3,0% Dispex A40 FIGURA 4.45 – estruturas milimétricas das suspensões com 50%v/v de Al2O3. As estruturas milimétricas das suspensões 50%v/v de Al2O3 com 2,8 e 3,0%v/v de Dispex A40 apresentaram os maiores números de canalículos, mostrando apreciável estabilidade. ______________________________________________________________________ 87 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A Figura 4.46 revela as estruturas milimétricas de todas as suspensões com 55%v/v de Al2O3, em função das concentrações de dispersante Dispex A40. 2,2% Dispex A40 2,4% Dispex A40 FIGURA 4.46 – estruturas milimétricas das suspensões com 55%v/v de Al2O3. 2,6% Dispex A40 A suspensão 55%v/v de Al2O3 com 2,4%v/v de Dispex A40 foi a que apresentou, embora muito pouco, algum canalículo, mostrando ser talvez, a mais dispersa, seguida da suspensão 55% com 2,6%v/v de Dispex A40, que apresentou um número expressivo de “lagunas”. A Figura 4.47 apresenta as estruturas milimétricas das suspensões com 60%v/v de Al2O3, em função das concentrações de dispersante Dispex A40. 3,0% Dispex A40 3,5% Dispex A40 FIGURA 4.47 – estruturas milimétricas das suspensões 60%v/v de Al2O3. 5,0% Dispex A40 ______________________________________________________________________ 88 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ Nesta série, as lâminas apresentaram carência de canalículos e de “lagunas”, se comparadas com as lâminas das outras séries anteriores. A suspensão com 3,0%v/v de Dispex A40 foi a que mostrou, em sua lâmina, um maior número de “lagunas” e algum canalículo em sua área central. A Figura 4.48 apresenta as estruturas milimétricas das suspensões bimodais com 40 e 60% em volume de Al2O3, com 1,8 e 5,0% de Dispex A40, respectivamente. (40) 1,8% Dispex A40 (60) 5,0% Dispex A40 FIGURA 4.48 – estruturas milimétricas das suspensões bimodais com 40 e 60%v/v de Al2O3. A suspensão bimodal com 40%v/v de Al2O3 e 1,8%v/v de Dispex A40 apresentou muitos canalículos, semelhante à sua correspondente monomodal. A de 60% não apresentou qualquer canalículo e praticamente nenhuma “laguna”, à semelhança de sua correspondente monomodal. 4.6 – MICROESTRUTURAS DAS SUSPENSÕES DE Al2O3 A microscopia óptica das suspensões foi realizada nas mesmas lâminas em que foram estudadas as estruturas milimétricas. Agora, porém, buscou-se analisar os efeitos de fluxo e como as partículas de alumina se encontravam dispersas no meio líquido, dentro dos canalículos e das lagunas, em escala micrométrica. Em algumas micrografias pode-se observar duas regiões de cores distintas, ou seja, uma escura e outra clara. A região clara representa os canalículos ou lagunas de líquidos livres na suspensão enquanto que a escura representa a massa de sólidos sobre a qual ficou apoiada a lamínula, ao contrário das estruturas milimétricas. As figuras a são micrografias feitas num aumento de 40x, enquanto que as figuras b, normalmente, representam detalhes das figuras a, feitos num aumento de 100x. As Figuras 4.49A, a e b, suspensão 40A, ______________________________________________________________________ 89 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ apresentam resultados de canalículos de fluxo de líquidos livres, contendo partículas dispersas sem o aspecto visível de movimento, apenas uma massa sólida. O mesmo se pode dizer das Figuras 4.49B, a e b, suspensão 40B, embora a Figura b apresente bastante canalículos finos. As Figuras 4.49C, a e b, suspensão 40C também não apresentam aspecto de movimento de partículas. A Figura a mostra os mesmos canalículos finos e a Figura b mostra um acúmulo de material escuro na margem esquerda do canal. As Figuras 4.50D e F, a e b, suspensão 40D e 40F, respectivamente, se apresentavam ricas em canalículos finos, porém sem qualquer indício de fluxo de material. Na Figura 4.50Ga, suspensão 40G, observa-se uma massa com aspecto de gel, sem aparência de fluxo, porém, na Figura 4.50Gb já se pode notar algum aspecto de fluxo da direita para a esquerda da micrografia. A Figura 4.51H, suspensão 40H, também revela apenas uma massa semelhante a um gel, sem aspecto de fluxo. A suspensão 40J, Figura 4.51Ja e b, apresentou, em ambos os aumentos uma visão nítida do fluxo de material sólido carreado pela sua fase líquida. Na suspensão 40L, Figura 4.51La e b, esta visão não é tão nítida como na suspensão anterior, porém, apresentou “rastros” visíveis de partículas escuras presentes no fluxo, talvez provenientes de algum aditivo à suspensão. A suspensão da Figura 4.52Ma e b, 40M, além de apresentar o aspecto de fluxo, também apresentou os mesmos “rastros” verificados anteriormente. ______________________________________________________________________ 90 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.6.1 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (40% EM VOLUME DE Al2O3) (a) aumento de 40x (b) aumento 100x (A) 0,5% de Dispex A40 (a) aumento de 40x (b) aumento 100x (B) 0,6% de Dispex A40 (a) aumento de 40x (b) aumento 100x (C) 0,7% de Dispex A40 FIGURA 4.49 – microestruturas das suspensões 40% em volume de Al2O3, com 0,5%, 0,6 e 0,7% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 91 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ (a) aumento 40x (b) aumento 100x (D) 0,8% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (F) 1,0% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100 (G) 1,2% de Dispex A40 FIGURA 4.50 – microestruturas das suspensões 40% em volume de Al2O3, com 0,8%, 1,0% e 1,2% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 92 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ (a) aumento 40x (b) aumento 100x (H) 1,4% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (J) 1,6% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (L) 1,8% de Dispex A40 FIGURA 4.51 – microestruturas da suspensão 40% em volume de Al2O3, com 1,4%, 1,6% e 1,8% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 93 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ (a) aumento 40x (b) aumento 100x (M) 2,0% de Dispex A40 FIGURA 4.52 – microestruturas da suspensão 40% em volume de Al2O3, com 2,0% em volume de dispersante Dispex A40. As suspensões 45% em volume de Al2O3 praticamente não apresentaram aspectos de fluxo de materiais sólidos apenas massas com aspecto de gel dentro dos canalículos de fluxos de líquido. A suspensão da Figura 4.53F, 45F, apresentou apenas canalículos finos difíceis de serem analisadas em qualquer dos dois aumentos. A Figura 4.53M, suspensão 45M, não revelou qualquer aspecto de movimento de massa sólida na Figura a, porém, na Figura b, nota-se algum aparência de arraste da massa com aspecto de gel, como pequenas ondas de deslocamento da massa. Na suspensão 45P, Figura 4.53P, observa-se apenas a massa semelhante a gel presente no canal, em ambos os aumentos. ______________________________________________________________________ 94 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.6.2 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (45% EM VOLUME DE Al2O3) (a) aumento 40x (b) aumento 100x (F) 1,0% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (M) 2,0% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (P) 2,5% de Dispex A FIGURA 4.53 – microestruturas das suspensões 45% em volume de Al2O3, com 1,0%, 2,0% e 2,5% em volume de dispersante. ______________________________________________________________________ 95 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ As suspensões 50% em volume de Al2O3 como um todo, não apresentaram aspectos de fluxo de materiais sólidos dentro dos canalículos. Da Figura 4.54 à Figura 4.56 observou-se apenas uma massa geleificada, rica em manchas escuras, semelhantes a pequenos flocos ou vazios presentes na massa dispersa. 4.6.3 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (50% EM VOLUME DE Al2O3) (a) aumento 40x (b) aumento 100x (J) 1,6% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (L) 1,8% de Dispex A40 FIGURA 4.54 – microestruturas das suspensões 50% em volume de Al2O3, com 1,6% e 1,8% em volume de dispersante. ______________________________________________________________________ 96 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ (a) aumento 40x (b) aumento 100x (M) 2,0% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (N) 2,2% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (O) 2,4% de Dispex A40 FIGURA 4.55 – microestruturas das suspensões 50% em volume de Al2O3, com 2,0%, 2,2% e 2,4% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 97 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ (a) aumento 40x (b) aumento 100x (Q) 2,6% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (R) 2,8% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (S) 3,0% de Dispex A40 FIGURA 4.56 – microestruturas das suspensões 50% em volume de Al2O3, com 2,6%, 2,8% e 3,0% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 98 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.6.4 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (55% EM VOLUME DE Al2O3) (a) aumento 40x (b) aumento 100x (N) 2,2% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (O) 2,4% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (Q) 2,6% de Dispex A40 FIGURA 4.57 – microestruturas das suspensões 55% em volume de Al2O3, com 2,2%, 2,4% e 2,6% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 99 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A suspensão 55N, Figura 4.57N, revela aspectos de partículas soltas, sem indícios de fluxo e com presença de alguns pontos escuros, regiões floculadas na massa dispersa. Na suspensão 55O, Figura 4.57O, pode-se observar, nitidamente, uma matriz de partículas soltas e pontos escuros disseminados nesta, tais como flocos. A Figura 4.57Q, suspensão 55Q, revelou apenas a massa sem indícios de fluxo, recheada de flocos. As duas primeiras suspensões 60% em volume de Al2O3, a despeito das últimas suspensões analisadas, também apresentaram massas sólidas sem indícios de fluxo e pontos escuros (possíveis flocos). A suspensão 60U, Figura 4.58U, apresentou apenas um aspecto turvo sem qualquer possibilidade de análise visual. ______________________________________________________________________ 100 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.6.5 – SUSPENSÃO CONCENTRADA (60% EM VOLUME DE Al2O3) (a) aumento 40x (b) aumento 100x (S) 3,0% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (T) 3,5% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (U) 5,0% de Dispex A40 FIGURA 4.58 – microestruturas das suspensões 60% em volume de Al2O3, com 3,0%, 3,5% e 5,0% em volume de dispersante Dispex A40. ______________________________________________________________________ 101 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ A suspensão bimodal 40L, Figura 4.59L, apresentou, na Figura a, bastante evidência de fluxo de aglomerados de partículas, já na Figura b, revelou um aspecto borbulhante. Finalmente, a suspensão bimodal 60T, Figura 4.59U, apresentou poucos canais claros e embaçados de difícil análise visual. 4.6.6 – SUSPENSÕES CONCENTRADAS BIMODAIS (a) aumento 40x (b) aumento 100x (L) 1,8% de Dispex A40 (a) aumento 40x (b) aumento 100x (U) 5,0% de Dispex A40 FIGURA 4.59 – microestruturas das suspensões bimodais 40% e 60% em volume de Al203, com 1,8% e 5,0% em volume de dispersante Dispex A40, respectivamente. ______________________________________________________________________ 102 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 4.7 – PEÇAS CERÂMICAS SINTERIZADAS Como um estudo de caso, foram sinterizados, a 1500ºC, discos das suspensões da série 50%v/v de Al2O3. Nesses discos foram feitos ensaios de densidade real. A Figura 4.60a apresenta um registro desses discos juntamente com a suspensão de origem, feito no equipamento scanner, ao lado de um substrato comercial de Al2O3 usado em sensores fotoelétricos. As Figuras 4.60b e c apresentam os produtos (cadinhos, discos e folha cerâmica) originados das suspensões de Al2O3 estudadas neste trabalho. Na Figura 4.61 são apresentados os resultados dos ensaios de densidade aparente, realizados nos discos. A densidade dos discos da suspensão 50%v/v de Al2O3, com 2,4% de Dispex A40, alcançou o valor de 92,8% da densidade teórica da alumina que é de 3,9g/cm3. (c) FIGURA 4.60 – (a) discos das suspensões 50%v/v de Al2O3, com o substrato comercial para sensores fotoelétricos; (b) e (c) cadinhos, discos e folha cerâmicos, resultantes das suspensões de Al2O3 estudas. ______________________________________________________________________ 103 3,65 3,6 3 50% (g/cm ) Densidade aparente dos discos REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 3,55 3,5 3,45 Densidade aparente dos discos 3,4 3,35 3,3 1,5 2 2,5 3 3,5 Dispex A40 (%v/v) FIGURA 4.61 – densidades aparentes dos discos sinterizados a 1500ºC por 1 hora, oriundos das suspensões 50%v/v de Al2O3 escolhidas para o estudo de caso. ______________________________________________________________________ 104 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ CAPÍTULO 5 5 – CONCLUSÕES Um dos métodos utilizados para estabilizar suspensões de alumina é através da variação de seu pH. As suspensões concentradas de Al2O3 encerram sistemas complexos, muitas vezes de difícil controle de pH e de comportamento muito variado em função da concentração de sólidos. Neste trabalho buscou-se levantar parâmetros de avaliação da estabilidade de tais suspensões e a primeira conclusão que se percebe é que as suspensões concentradas não podem ser trabalhadas a partir de dados ou parâmetros resultantes de suspensões diluídas. Riddick [12], já havia percebido isto em seus trabalhos. Muitas variáveis utilizadas nos ensaios realizados numa e noutra apresentaram valores bastante discrepantes. Até mesmo ao passar de uma concentração para outra, dentro das suspensões concentradas, observava-se, em menor grau, tais discrepâncias entre elas que aumentavam ainda mais, se comparadas com as suspensões diluídas. Em suspensões concentradas não basta apenas variar o pH ou aumentar a temperatura para se obter comportamentos reológicos ou eletrocinéticos desejáveis. Assim, optou-se pelo uso de aditivos químicos, modificadores de cargas de superfície, para se obter um grau desejável de dispersão das partículas na fase líquida. 5.1 – PARÂMETROS PARA A AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS SUSPENSÕES CONCENTRADAS Os parâmetros novos: Estruturas milimétricas, Microestruturas, Tensão crítica e Histerese se revelaram métodos rápidos e eficazes para se obter informações a respeito do estado da suspensão. De um modo geral, eles confirmavam os resultados obtidos pelo potencial zeta e as viscosidades das suspensões. ______________________________________________________________________ 105 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 5.1.1 – POTENCIAL ZETA O potencial zeta ( ζ ) que indica o grau de dispersão entre as partículas, pode variar de ± 200 mV [19] e quanto maior, em valor absoluto, maior o grau de dispersão. É um parâmetro relativamente eficiente. Porém, em suspensões concentradas, observou-se que seu uso isolado às vezes conduzia a resultados equivocados. Uma suspensão altamente concentrada embora apresente valores de ζ dentro de uma faixa muito boa de estabilidade (-61mV a –80mV) Tabela 2.1, por exemplo, encontra, normalmente dificuldades em fluir por questões de empacotamento de partículas ou excesso de portadores de carga dispersos na mesma, obstruindo o fluxo livre das partículas em suspensão. 5.1.2 – VISCOSIDADES DINÂMICAS As viscosidades dinâmicas ( η ) variaram numa larga faixa de valores, de uma suspensão para a outra, dentro da mesma série, às vezes aumentando quando se esperava redução constante com o aumento da concentração de dispersante. As suspensões 55% tiveram suas viscosidades comportando de forma extremamente anômala, em relação aos seus valores de potencial zeta. Mais uma vez isto vem nos convencer que seria impossível avaliar a estabilidade de uma suspensão concentrada de Al2O3 analisando apenas um parâmetro isoladamente. 5.1.3 – HISTERESE NAS CURVAS DE VISCOSIDADE Percebeu-se, ao realizar ensaios de viscosidades em dois sentidos de variação de taxas de cisalhamento, que quanto mais floculada estava uma suspensão, maior era a área de histerese apresentada em suas curvas de viscosidade e de tensão de cisalhamento. Uma suspensão altamente dispersa, além de resultar em bons produtos finais, por não apresentar estruturas floculadas, não envolve variações nas quantidades de energia (tensão) na fase de agitação. Isto resulta em histerese nula ou quase nula (isenta de tixotropia)[46], ou seja, as curvas, num sentido e noutro se sobrepõe, ou quase. ______________________________________________________________________ 106 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ 5.1.4 – ESTRUTURAS MILIMÉTRICAS E MICROMÉTRICAS As lâminas preparadas com as suspensões, para serem usadas na microscopia óptica, foram deixadas em repouso por certo tempo, aguardando os ensaios. Daí observou-se que em algumas existia um grande número de canalículos, em outras, canalículos e “lagunas”, em outras, somente “lagunas” e em outras ainda, simplesmente a camada sólida de alumina. Isto nos levou a concluir que suspensões cuja lâmina não apresentava nem canalículos, nem “lagunas”, possivelmente eram altamente floculadas, aquelas cuja lâmina possuía apenas “lagunas” eram bastante floculadas, aquelas cuja lâmina possuía canalículos e “lagunas” eram medianamente floculadas e finalmente, aquelas cuja lâmina era rica em canalículos eram as mais dispersas. Assim, nasceu a idéia de digitalizar imagens das lâminas e comparar os resultados com aqueles obtidos a partir de outros parâmetros. Estava caracterizado um novo parâmetro para a avaliação da estabilidade de suspensões concentradas de Al2O3, as Estruturas Milimétricas. De um modo geral, as suspensões diluídas sempre se apresentam ricas em canalículos, independente do uso de dispersante. Isto indica que suspensões diluídas normalmente se apresentam dispersas. Nelas, o contato entre as partículas é mínimo, pois as mesmas estão dispersas num ambiente rico em fase líquida o que dificulta qualquer floculação entre elas. À medida que a concentração de sólidos aumenta, aumenta a probabilidade do contato entre as partículas, facilitando a formação de flocos se as forças atrativas superarem as repulsivas. Finalmente, as lâminas foram submetidas aos ensaios de MO e agora, em escala micrométrica, foi feito um estudo dentro dos canalículos e das “lagunas” com o objetivo de analisar o grau de dispersão do material sólido carreado pela água, nestes locais. A dificuldade maior era conseguir boa focalização quando se tratava de suspensões muito concentradas. Suspensões menos concentradas, como as de 40%v/v de Al2O3, quando dispersas, apresentavam micrografias com aspectos de fluxos de materiais drenados pela água, dentro dos canalículos, é o que se pode perceber nas Figuras 4.51J(a e b) e L(a e b); 4.52M(a e b) e 4.59La. À medida que a concentração de sólidos aumenta, nas suspensões, mesmo estando dispersas, suas micrografias não apresentam aspectos de fluxo de materiais e sim, um aspecto de gel, repleto de flocos. Isto pode ser percebido, ______________________________________________________________________ 107 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ com mais nitidez, nas Figuras 4.53M e P, 4.55O, 4.57O, 4.58T, etc. Observando as viscosidades das suspensões mais dispersas de cada série, percebemos que a suspensão 50%v/v de Al2O3, com 2,2%v/v de dispersante foi a que alcançou os menores valores de viscosidades. Nem por isso suas micrografias apresentaram aspectos de fluxos de materiais dispersos dentro dos canalículos, pode-se concluir que o material com aspecto de gel também desenvolve alta fluidez, mostrando ser um material desagregado. As suspensões 60%v/v de Al2O3 que foram as mais concentradas em que se pôde medir viscosidades e potencial zeta, apresentaram um número mínimo de canalículos e/ou “lagunas” e nestes, a dificuldade de focalizar e analisar as micrografias foi geral, até mesmo na suspensão 60Ub (bimodal), muito embora seu potencial zeta tenha resultado em um valor próximo de zero e suas viscosidades só foram possíveis de ser medidas numa faixa muito estreita de variação da taxa de cisalhamento. De todos os parâmetros estudados neste trabalho, a microestrutura foi, talvez, o mais difícil de ser analisado, porém, também apresentou consistência. No geral, os parâmetros novos se revelaram métodos rápidos e simples de se avaliar a estabilidade das suspensões concentradas de Al2O3, o que, com um aprimoramento da técnica, poderia ser facilmente aplicado pelo profissional da indústria. 5.2 – DISCOS SINTERIZADOS Ensaios de densidades reais foram feitos nos discos cerâmicos resultantes das suspensões mais estáveis da série 50%v/v de Al2O3. Eles foram escolhidos, como um estudo de caso, para se avaliar a qualidade dos produtos finais resultantes das suspensões estudadas neste trabalho. A Figura 4.61 mostra que a suspensão mais dispersa desta série apresentou o maior valor de densidade real, ao passo que as demais apresentaram valores condizentes com seus graus de dispersão, isto revela boa performance dos resultados, uma vez que a densidade da suspensão mais dispersa (d = 3,62g/cm3), alcançou o patamar de 92,8% da densidade da alumina que é de 3,9g/cm3. Folhas cerâmicas e cadinhos em moldes de gesso também foram feitos a partir das suspensões e observou-se que aqueles originados das suspensões consideradas mais dispersas apresentaram trabalhabilidade, espessura constante e fina, isenção de trincas e bolhas de ar, mostrando que os métodos de avaliação da estabilidade das suspensões estavam desempenhando, de maneira satisfatória, o seu papel. ______________________________________________________________________ 108 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 1. Avaliar a presença de ligantes em combinação com outros plastificantes nas suspensões concentradas de Al2O3. 2. Prosseguir os estudos das histereses e suas relações com a estabilidade das suspensões concentradas de fluidos pseudoplásticos. 3. Prosseguir os estudos das estruturas milimétricas e micrométricas e suas relações com a estabilidade das suspensões concentradas de fluidos pseudoplásticos. 4. Prosseguir os estudos das grandezas críticas, nas curvas de viscosidades dinâmicas e de tensões de cisalhamento, através da Equação de Quemada. 5. Avaliar a aplicabilidade de outros modelos nos estudos de viscosidades de suspensões concentradas de fluidos pseudoplásticos. 6. Prosseguir com a avaliação da qualidade dos produtos finais derivados das suspensões estáveis, através da densidade, da porosidade e da análise de desgaste pelo uso e pelas condições ambientais. 7. Estudar a condutividade elétrica dos produtos sinterizados. ______________________________________________________________________ 109 REOLOGIA E MICROESTRUTURA NA ESTABILIZAÇÃO DE SUSPENSÕES CONCENTRADAS DE Al2O3. __________________________________________________________________________________________________________ REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] KIM, D., Lee, M., “Mechanical Properties of Tape-Cast Alumina-Glass Dental Composites”, J. Am. Ceram. Soc., 82, 11, 3167-72, 1999. [2] SCHNEIDER S. J., “Engineered Materials Handbook”,“Ceramics and Glasses”, USA, ASM International, v. 4, 1991, 1107-11. [3] HOTZA, D., “Colagem de Folhas Cerâmicas”, Cerâmica, Technische Universität Hamburg-Harburg Arbeitsbereich Technische Keramik, Hamburg, Alemanha, 159-165, 1997. [4] MORENO, R., “The Role of Slip Additives in Tape-Casting Technology: part I – Solvents and Dispersants”, Am. Ceram. Soc. Bull., 71, 10, 1521-30, 1992. 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